Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Qualidade da água de
hemodiálise
Outubro/2007
Qualidade da água de
hemodiálise
O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos
processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de
pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a
interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.
Dossiê Técnico COIMBRA, Ivete Keiko Shimada; HIGASKINO, Carmen Etsuko;
SANTOS, Eder José dos; YAMADA, Maria Paula Assis;
CORREA, Quelcy Barreiros
Qualidade da água de hemodiálise
Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR
29/10/2007
Resumo A água é a principal matéria-prima do centro de diálise e os
pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) dependem dela
para a sobrevivência e para terem melhor qualidade de vida.
Cabe à sociedade, autoridades, a comunidade científica e aos
prestadores de serviços a responsabilidade de oferecer serviços
de diálise com qualidade, competência, com segurança e acima
de tudo com consciência. Este dossiê é uma compilação de
diversos trabalhos publicados ou veiculados na mídia sobre
implicações, na saúde do paciente, da qualidade da água
utilizada nos centros de diálise, desde sua disposição nos
reservatórios, eficiência no tratamento da água de rede,
tratamento dentro das unidades e ensaios para verificação da
sua adequabilidade ao uso.
Salvo indicação contrária, este conteúdo está licenciado sob a proteção da Licença de Atribuição 3.0 da Creative Commons. É permitida a
cópia, distribuição e execução desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que criem obras não comerciais e
sejam dados os créditos ao autor, com menção ao: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - http://www.respostatecnica.org.br
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
1.1 A insuficiência renal e a hemodiálise ......................................................................... 3
1.2 Histórico ....................................................................................................................... 3
2 DIÁLISE ........................................................................................................................... 3
3 ÁGUA PARA HEMODIÁLISE........................................................................................... 5
3.1 Tratamento da água ..................................................................................................... 5
3.1.1 Pré-tratamento da água .............................................................................................. 6
3.1.2 Osmose reversa.......................................................................................................... 6
3.1.3 Deionização ................................................................................................................ 6
3.2 Principais contaminantes químicos e seus efeitos nos pacientes crônicos de
hemodiálise .................................................................................................................. 6
3.2.1 Cálcio e magnésio ...................................................................................................... 6
3.2.2 Flúor e cloro ................................................................................................................ 7
3.2.3 Alumínio ...................................................................................................................... 7
3.2.4 Chumbo ...................................................................................................................... 7
3.2.5 Cobre .......................................................................................................................... 7
3.2.6 Sódio .......................................................................................................................... 7
3.2.7 Prata ........................................................................................................................... 7
3.2.8 Cádmio ....................................................................................................................... 7
3.2.9 Zinco ........................................................................................................................... 8
3.2.10 Mercúrio .................................................................................................................... 7
3.2.11 Outros elementos...................................................................................................... 7
3.3 Micropoluentes biológicos .......................................................................................... 8
4 MATERIAIS NECESSÁRIOS NO SERVIÇO DE DIÁLISE ............................................... 9
4.1 Água para preparo da solução para diálise ............................................................... 9
5 ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS ...................................................................................... 10
5.1 Contagem de coliformes totais ................................................................................... 11
5.2 Contagem de bactérias heterotróficas ....................................................................... 11
6 ENSAIO DE ENDOTOXINA BACTERIANA ..................................................................... 11
6.1 Patogênese da reação pirogênica (ação das endotoxinas e reações) ..................... 12
6.2 Ensaios para detecção ou quantificação de endotoxina bacterinana presente na
água de hemodiálise .................................................................................................... 12
7 ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS .......................................................................................... 15
7.1 Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado
(ICP OES) ...................................................................................................................... 15
7.2 Geração de vapor frio – determinação analítica do Hg ............................................. 18
7.3 Nebulização ultra-sônica – determinação analítica de Ag, Al, As, Be, Cd, Cr, Pb,
Sb, Se e Ti..................................................................................................................... 18
8 CIANOBACTÉRIAS E CIANOTOXINAS .......................................................................... 20
8.1 Cianobactérias ............................................................................................................. 20
8.2 Cianotoxinas ................................................................................................................ 21
Conclusões e recomendações ......................................................................................... 24
Referências ........................................................................................................................ 24
Conteúdo
1 INTRODUÇÃO
Se os rins estão doentes, deixam de realizar suas funções, o que pode ocasionar risco de
morte do paciente. Nesta situação, o paciente geralmente apresenta sintomas como
fraqueza, perda de apetite, náuseas, vômitos, inchaços, palidez, falta de ar, anemia, e
alterações detectáveis nos exames de sangue (aumento de uréia, creatinina, potássio, entre
outros). É preciso, então, substituir as funções dos rins de alguma maneira, o que pode ser
feito realizando-se um transplante renal, ou através da diálise. A diálise é, portanto, um tipo
de tratamento que visa repor as funções dos rins, retirando as substâncias tóxicas e o
excesso de água e sais minerais do organismo, estabelecendo assim uma nova situação de
equilíbrio. Através da diálise é possível melhorar os sintomas acima citados e reverter a
situação de risco de morte imposta pela insuficiência renal (ROMÃO JUNIOR, 2004).
1.2 Histórico
A primeira diálise bem sucedida da história da medicina foi realizada em 1945, por Wilhem
Kolf, na Holanda. O paciente sobreviveu por mais de 6 anos. No Brasil, a hemodiálise teve
inicio em 1949, quando Dr. Tito Ribeiro de Almeida, do Hospital de Clínicas da USP, dialisou
uma paciente com IRC. Iniciando-se, a partir desse trabalho, o desenvolvimento dessa
técnica no país. Segundo censo de 2004/2005 da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN),
existiam 65.121 pacientes com IRC em diálise no país, distribuídos em 596 unidades de
diálise, dos quais 62,4% dentro dos hospitais. Estima-se que no mundo existam mais de
1.200.000 de pacientes submetidos à diálise (ABREU et al., 2005).
2 DIÁLISE
Tipos de hemodiálise:
Tipos de diálise:
www.respostatecnica.org.br 4
DOSSIÊ TÉCNICO
Este líquido, chamado de banho de diálise, vai entrar em contato com o peritônio e por ele
será feita a retirada das substâncias tóxicas do sangue. Após um período de permanência
do banho de diálise na cavidade abdominal, este fica saturado de substâncias tóxicas e é
então retirado, sendo feita em seguida a infusão de novo banho de diálise. Esse processo é
realizado de uma forma contínua e é conhecido por CAPD, sigla em inglês que significa
diálise peritoneal ambulatorial contínua. A diálise peritoneal é uma forma segura de
tratamento, realizada atualmente em mais de 100.000 pacientes no mundo todo
(PEGORARO, 2005).
Até a década de 70, acreditava-se que a água potável também servisse para a hemodiálise.
Com o aumento do número de pacientes em tratamento dialítico e de sua sobrevida,
acumularam-se evidências que permitiram correlacionar os contaminantes da água com
efeitos adversos do tratamento dialítico (SILVA et al., 1996).
Pacientes em tratamento por hemodiálise são expostos a volumes de água que variam entre
18.000 a 36.000 litros/ano. Portanto, se a água não for corretamente tratada, vários
contaminantes químicos, bacteriológicos e tóxicos poderão ser transferidos para os
pacientes, levando ao aparecimento de efeitos adversos, muitas vezes letais (SILVA et al.,
1996).
Apesar da água de abastecimento público que chega ao hospital ou unidade de saúde ser
potável para consumo humano, ela é inadequada para uso em hemodiálise ou para outros
fins especiais (hemodinâmica, lavagem de cateteres, preparação de dietas enterais, etc),
uma vez que a água potável contém cloro e, dependendo da origem da água ou da rota
percorrida nas tubulações externas, pode conter também material orgânico, sais minerais,
metais pesados, micro-organismos, endotoxinas ou microcistinas produzidas por algas,
devendo esta água passar por novo tratamento antes de sua utilização (PEGORARO,
2005).
Os métodos de tratamento da água para uso em hemodiálise devem ser adequados para
produção de água caracterizada como “água para injetáveis” - água Tipo I – de acordo
com o sistema de obtenção preconizado e estabelecido nas edições vigentes da
Farmacopéia Europeia e da Farmacopeia dos Estados Unidos da América - USP. Os
métodos de tratamento preferenciais são a osmose reversa e a deionização (PEGORARO,
2005; LEME; SILVA, 2003).
Nas sessões de hemodiálise, a água tratada é utilizada para diluir soluções concentradas
contendo íons de sódio, cálcio, potássio, magnésio, glicose, acetato, etc. Essas soluções
concentradas de sais, conhecidas como “concentrado polieletrolítico para uso em
hemodiálise” ou CPHD, depois de diluídas, compõem a solução dialítica ou dialisato,
também conhecido como “fluido de diálise” (PEGORARO, 2005).
O volume de água tratada Tipo I usado em cada sessão de hemodiálise é de cerca de 120
litros por paciente, que necessitará, em média, de 10 a 12 sessões mensais, ou seja,
aproximadamente 17.280 litros por ano, por paciente. Porém, existem casos em que esses
valores podem atingir uma faixa que varia entre 18.000 a 36.000 litros por ano, para cada
paciente (LEME; SILVA, 2003).
Conforme as informações acima relatadas, se a água não for corretamente tratada, vários
contaminantes químicos e bacteriológicos poderão ser transferidos para os pacientes,
levando ao aparecimento de efeitos adversos cumulativos ou clínicos, às vezes letais
(ALIANDRO; PASCUET, 2005).
O pré-tratamento da água potável, antes da osmose reversa, também deve ser eficaz,
composto de filtros de areia e carvão ativado, bem como abrandadores (para remoção de
cálcio, magnésio, ferro e manganês) retendo grande parte de impurezas orgânicas e
químicas, evitando danos às membranas de osmose reversa (LEME; SILVA, 2003).
Como pós-tratamento são recomendados filtros com porosidade igual ou menor que 0,2
micras, que retém bactérias e endotoxinas. A água obtida por osmose reversa é
considerada de ótima qualidade para hemodiálise e até o momento é a mais recomendada.
Como processo final, a água sofre ação da luz ultravioleta com esterilização final, antes de
ser utilizada em soluções (LEME; SILVA, 2003).
3.1.3 Deionização
Embora os dois métodos sejam eficientes quanto ao tratamento da água, a osmose reversa
oferece maior segurança em razão da sua capacidade de retenção de metais pesados e
orgânicos dissolvidos na água (PRISTA; ALVES; MORGADO, 1990; LEME; SILVA, 2003).
www.respostatecnica.org.br 6
DOSSIÊ TÉCNICO
3.2.3 Alumínio
3.2.4 Chumbo
3.2.5 Cobre
Proveniente de tubulações de cobre, poluição das águas naturais por rejeitos industriais e
também de tratamento para algas. Pode causar náusea, dor de cabeça, danos ao fígado e
hemólise fatal (PEGORARO, 2005).
3.2.6 Sódio
Em determinadas regiões, a concentração de sódio na água pode ser elevada. Pode ser
originado dos abrandadores que são utilizados para remover cálcio e magnésio da água.
Essa concentração elevada pode causar hipertensão, convulsão, vômito, taquicardia e
dificuldades para respirar (PEGORARO, 2005).
3.2.7 Prata
A intoxicação crônica por prata leva à argirose cutânea, que se caracteriza por pele
acinzentada e formação de uma linha acinzentada gengival (PEGORARO, 2005).
3.2.8 Cádmio
3.2.9 Zinco
3.2.10 Mercúrio
A água usada nos centros de hemodiálise geralmente é obtida dos reservatórios de água da
comunidade que podem conter altas concentrações de bactérias e endotoxinas. O
tratamento da água reduz o número de bactérias, mas, geralmente não reduz
significativamente a concentração de endotoxinas. Em função do fato do sangue e dialisato
serem separados apenas por uma membrana semipermeável, a qualidade microbiológica da
água da diálise e do dialisato é extremamente importante. Os fluidos não precisam ser
estéreis, mas o número máximo de bactérias e de concentrações de endotoxinas deve ser
controlado, conforme valores da Resolução RDC 154/2004, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - Anvisa, que estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento
dos Serviços de Diálise.
www.respostatecnica.org.br 8
DOSSIÊ TÉCNICO
Durante a sessão de diálise com fluxo de dialisato contínuo, as bactérias não colonizam ou
aderem nas superfícies das tubulações, tornando a desinfecção interturnos desnecessária
se a máquina trabalha ininterruptamente. Como o dialisato não recircula numa única
passagem, as conexões internas não são consideradas fontes importantes de contaminação
entre um paciente e o próximo. Qualquer agente infeccioso presente no sangue do paciente
que passa para o dialisato é drenado, não se constituindo em ameaça para o próximo
paciente (SILVA et al., 1996).
A frequência e a rotina de diálise podem ser ditadas pelas recomendações dos fabricantes e
pelos resultados das quantificações do número de bactérias na água e dialisato (SILVA et
al., 1996).
Existem diversos produtos que poderiam ser utilizados em desinfecção do sistema de
hemodiálise: como solução de formaldeído a 4%, hipoclorito de sódio 500 ppm, germicidas
químicos com glutaraldeído ou peróxido de hidrogênio também estão disponíveis no
comércio. Lembrando sempre que os desinfetantes devem ser efetivos, porém sem causar
efeitos danosos ao paciente, para tanto, devem ser utilizados conforme as instruções do
fabricante. Alguns fabricantes recomendam o uso de água quente com mais de 80° C, como
procedimento excelente para eliminação dos contaminantes bacterianos sem os efeitos
colaterais dos germicidas químicos (SILVA et al., 1996).
5 ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS
Suprimento de água seguro é aquele que, de acordo com a mesma OMS, não representa
qualquer risco significativo à saúde quando consumido por toda a vida, incluindo as
diferenças de sensibilidade, que podem ocorrer nos diversos estágios ao longo da mesma.
www.respostatecnica.org.br 10
DOSSIÊ TÉCNICO
-Escherichia coli - bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e manitol, com
produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2° C em 24 horas, produz indol originário do triptofano,
oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das enzimas ß galactosidase e
ß glucoronidase, sendo considerado o mais específico indicador de contaminação fecal
recente e de eventual presença de organismos patogênicos (STANDARD…, 2005c).
Após a morte, estas bactérias liberam este complexo (endotoxinas) no meio circulante,
contaminando a água e os materiais. As endotoxinas possuem peso molecular de
aproximadamente 5000 daltons, mas suas características lipídicas e hidrofóbicas permitem
a formação de agregados em soluções aquosas; o tamanho do agregado depende do tipo
de solução, podendo atingir vários milhões de daltons, tornando-se particuladas. O peso
molecular também depende da estrutura química que constitui uma determinada endotoxina,
da espécie de bactéria que é oriunda das condições do meio de crescimento da bactéria e
do método de sua extração. Por sua heterogeneidade bioquímica, as endotoxinas
adsorvem-se de modo variado à maioria das superfícies, incluindo carvão ativado, resinas,
vidros, plásticos e substratos de filtros (SANTOS et al., 2000).
A água utilizada no reuso de dialisadores também pode ser fonte de contaminação por
endotoxina, que por adsorção adere às paredes internas das fibras capilares, por onde
circula o sangue. Assim, mesmo com o uso de substâncias bactericidas na solução de
reuso, a endotoxina pode permanecer aderida à membrana de diálise e ser liberada para o
sangue durante a próxima sessão (SANTOS et al., 2000).
A resposta pirogênica é a mais conhecida, mas é apenas um dos vários efeitos produzidos
por endotoxinas; elas também induzem os macrófagos (células da defesa) a liberarem
substancias que determinam, entre muitas conseqüências, a vasodilatação sistêmica e
hipotensão levando ao choque endotóxico. O paciente apresenta hipotensão profunda
(queda da pressão), dificuldades respiratórias, hipóxia tecidual (falta de oxigênio nos
tecidos), acidose sistêmica, que podem levar a óbito em poucas horas (SANTOS et al.,
2000).
www.respostatecnica.org.br 12
DOSSIÊ TÉCNICO
2 - LAL Reagent Water - água apirogênica usada como diluente das amostras a serem
testadas, do reagente LAL e padrão de endotoxina;
10 – Geladeira.
Figura 7 - Tubos com reagente LAL e água para hemodiálise incubados a 37°C 1°C durante o
ensaio
Fonte: (COIMBRA, 2006)
www.respostatecnica.org.br 14
DOSSIÊ TÉCNICO
7 ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS
7.1 Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES)
A espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado, ICP OES (da
nomenclatura inglesa Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectrometry) é uma
técnica analítica que pode ser utilizada para determinação de elementos maiores, menores
e em níveis de traços, baseada nos espectros de emissão dos elementos. Resultados
analíticos favoráveis são obtidos na prática para aproximadamente 70 elementos, com
limites de detecção geralmente alcançando níveis de g L-1, sendo a maioria das amostras
introduzidas na forma líquida como soluções aquosas (SANTOS, 1999; OLIVEIRA, 1996).
Na Figura 8 é possível visualizar uma foto do equipamento de ICP OES.
Figura 8 – Espectrômetro de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado com configuração
axial, modelo Varian – vista pró-axial
Fonte: (VARIAN, 2007)
Um plasma é um gás fortemente ionizado, composto por elétrons, íons e átomos, sendo que
mais de 1% do total de átomos do gás estão ionizados. O plasma com acoplamento indutivo
forma-se numa tocha de quartzo (FIG. 9), constituída por três tubos concêntricos com
entradas de gás independentes. O fluxo de argônio que flui tangencialmente entre o tubo
exterior e o intermediário é o gás refrigerante ou plasma gás, que atua para formar o plasma
e prevenir o aquecimento. O tubo intermediário carrega o fluxo de gás argônio auxiliar, fluxo
este semeado com íons e elétrons por meio de uma bobina tesla. O tubo central conduz a
amostra em forma de aerosol para dentro do plasma, denominado gás de arraste.
www.respostatecnica.org.br 16
DOSSIÊ TÉCNICO
O espectro de emissão contém todas as linhas emitidas pela amostra. A radiação passa
através de uma fenda e incide em um sistema óptico (monocromador ou policromador), que
dispersa a radiação em linhas e as de interesse são enviadas para a foto-multiplicadora (ou
para um detector do estado sólido -CCD), representado na Figura 12 (NOSTOC, 2007;
THOMPSON; COLES, 1984).
7.3 Nebulização ultra-sônica – determinação analítica de Ag, Al, As, Be, Cd, Cr, Pb, Sb,
Se e Ti
Vários tipos de nebulizadores são utilizados, cada um com suas vantagens e desvantagens
dependendo do tipo de aplicação. A maioria dos nebulizadores deve ser conectada a uma
câmara de nebulização que assegura uma faixa limitada e homogênea de tamanho de
gotículas que serão carregadas para o plasma (GINÉ, 1999; NOLTE, 2003).
www.respostatecnica.org.br 18
DOSSIÊ TÉCNICO
13). A aplicação de voltagens de alta frequência aos filmes do transdutor causa ao cristal
experimentar forças de torção, flexão e cisalhamento, conduzindo a vibrações mecânicas do
cristal que está em consorte com a frequência das altas voltagens aplicadas. Estas
oscilações (ondas) dispersam a amostra em um aerossol fino e uniforme, pois a onda é
propagada perpendicularmente a partir da superfície do cristal em direção à interface
líquido-ar, produzindo uma pressão que quebra a superfície em um aerossol, pela formação
de ondas capilares (GREENFIELD, 1987).
Neste tipo particular de nebulização, o tamanho das gotas formadas é bem mais uniforme
independente do fluxo de gás utilizado, o que permite deste modo à utilização de fluxos mais
baixos. Esta potencialidade pode redundar em aumento de sensibilidade e melhora dos
limites de detecção, desde que os analitos tenham um longo tempo de residência no
plasma.
8 CIANOBACTÉRIAS E CIANOTOXINAS
8.1 Cianobactérias
www.respostatecnica.org.br 20
DOSSIÊ TÉCNICO
• Caso Caruaru
Até então, no Brasil, casos de intoxicação por microcistina eram pouco conhecidos, porém,
no mundo ocorreram muito casos de intoxicação por cianobactérias e em países
desenvolvidos já existia o controle. A tragédia do Caruaru alertou os órgãos de Saúde para
o perigo representado pelas cianobactérias presentes na água e para a falta do seu
monitoramento nas águas consumidas pela população (AGECOM, 2003).
8.2 Cianotoxinas
As cianotoxinas são divididas em três grupos, de acordo com seus mecanismos de ação: as
neurotoxinas; as hepatotoxinas e as dermatotoxinas.
Embora a Organização Mundial de Saúde considere que ainda não há dados suficientes
para o estabelecimento de um limite de concentração máxima aceitável para as saxitoxinas
em água potável, uma análise de dados de eventos de intoxicação humana demonstra que
a maioria dos casos esteve associada ao consumo de aproximadamente 200 g de
saxitoxinas por pessoa. Baseado nestes dados, considerando-se 60 kg como peso
corpóreo, 2 L de água como consumo médio diário e fatores de incerteza para variações
entre espécies distintas e entre organismos da mesma espécie, foram propostos 3 g/L
como limite máximo aceitável de saxitoxinas em água para consumo humano. O limite
adotado no Brasil pelo Ministério da Saúde - Portaria 518/2004 para saxitoxinas é de 3 g/L
(FERNANDES et al., 2005).
Hepatotoxinas - a intoxicação por hepatotoxinas apresenta uma ação mais lenta, podendo
causar morte num intervalo de alguns dias. As espécies já identificadas como produtoras
dessas hepatotoxinas estão incluídas nos gêneros Microcystis, Anabaena, Nodularia,
Oscillatoria, Nostoc e Cylindrospermopsis (FARMACOPEIA, 1996). A toxicidade dessas
microcistinas em animais de laboratório apresenta DL50 (i.p.) entre 25 e 150 g/kg de peso
corpóreo e entre 5.000 a 10.900 g/kg de peso corpóreo administração por via oral
(FARMACOPEIA, 1996). As hepatotoxinas chegam aos hepatócitos (células do fígado) por
meio de receptores dos ácidos biliares e promovem desorganização do citoesqueleto (que
mantém a estrutura das células) dos hepatócitos. Como consequência, o fígado perde a sua
arquitetura e desenvolve graves lesões internas. A perda do contato entre as células cria
espaços internos que são preenchidos por sangue, provocando hemorragia intraepática
(FERNANDES et al., 2005).
www.respostatecnica.org.br 22
DOSSIÊ TÉCNICO
Figura 15 - Anabaena sp
Fonte: (INSTITUTO DE BIOQUÍMICA VEGETAL Y FOTOSÍNTESIS, 2007)
Figura 16 - Anabaena sp
Fonte: (NOSTOC, 2007)
Figura 17 - Nostoc sp
Fonte: (INSTITUTO DE BIOQUÍMICA VEGETAL Y FOTOSÍNTESIS, 2007)
Figura 18 - Microcystis sp
Fonte: (NOSTOC, 2007)
Conclusões e recomendações
Diante das evidências acima relatadas, verifica-se os riscos que o usuário final, geralmente
um paciente debilitado, está exposto durante as sessões de hemodiálise. Fica também
evidente aos responsáveis de cada setor a importância da sua atuação eficaz neste
processo, para que os pacientes, no momento da diálise possam estar confiantes no
tratamento, certos de que estão sendo atendidos por profissionais habilitados e com suporte
de matérias-primas e, principalmente, a água de qualidade conforme estabelecido pelas
legislações.
Referências
www.respostatecnica.org.br 24
DOSSIÊ TÉCNICO
LEME, Ivani Lúcia; SILVA, Virgílio Gustavo. Recomendações para garantia da qualidade
da água tratada para uso em unidades de hemodiálise. [S.l.]: Associação Brasileira de
Centros de Diálise e Transplantes, 2003.
NOLTE, J. ICP Emission Spectrometry: a practical guide. Germany, Wiley-VCH, 2003. 266
p.
OLIVEIRA, Elisabeth. Espectrometria de emissão atômica (ICP- AES). São Paulo: USP;
Laboratório de Espectrometria de Emissão Atômica, 1996. (Apostila).
STANDARD methods for the examination of water and wastwater. 21 ed. [S.l.: s.n.], 2005a.
_____: 9221 multiple tube fermentation technique for members of the coliform group. 21 ed.
[S.l.: s.n.], 2005c.
THE UNITED States Pharmacopeia. USP 29. Rockville: United Stated Pharmacopeial
Convention, 2006.
TOLEDO, Adriana Gondim; BORGES, Célia Maria Paes Leme F.; TEIXEIRA JÚNIOR,
Raimundo Glauco A. C. Vigilância sanitária da qualidade da água utilizada no
tratamento hemodialítico. Saúde-Rio, 2001. Disponível em:
<http://www.saude.rio.rj.gov.br/cgi/public/cgilua.exe/web/templates/htm/v2/printerview.htm?e
ditionsectionid=2&infoid=42&user=reader>. Acesso em: 28 set. 2007.
WELZ, B. Atomic absorption spectrometry. 2 ed. New York: VHC, 1985. p. 79-81.
Identificação do Especialista
www.respostatecnica.org.br 26
Qualidade da água de hemodiálise
www.respostatecnica.org.br 28