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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

IEPAM - Instituto de Educação Permanente da Amazônia

Enfermagem em Clínica
Médica I

Barcarena-Pará
2013

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Apostila de Enfermagem em Clínica Médica I
www.iepam.com.br
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO:
1. Enfermagem em Clínica Médica............................................................................................4.
2. O Papel da Enfermagem em Clínica Médica...........................................................................4.
UNIDADE I - INTRODUÇÃO À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CLÍNICO
1. Considerações Gerais Sobre Saúde X Doença.........................................................................4.
2. Objetivos Do Serviço De Enfermagem Em Clínica Médica.....................................................5.
3. Direitos Do Paciente.............................................................................................................5.
UNIDADE II - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM AFECÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
1. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).......................................................................7.
2. Bronquite.............................................................................................................................8.
3. Enfisema Pulmonar..............................................................................................................9.
4. Asma...................................................................................................................................9.
5. Pneumonia..........................................................................................................................10.
6. Insuficiência Respiratória.....................................................................................................11.
7. Edema Agudo De Pulmão....................................................................................................12.
8. Derrame Pleural...................................................................................................................12.
9. Embolia Pulmonar...............................................................................................................13.
UNIDADE III - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM AFECÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR
1. Insuficiência Cardíaca Congestiva.........................................................................................14.
2. Angina.................................................................................................................................15.
3. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)....................................................................................17.
4. Infarto Agudo Do Miocárdio................................................................................................. 19.
5. Arritmias Cardíacas...............................................................................................................20.
6. Varizes, Flebite E Trombose..................................................................................................21.
UNIDADE IV - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AFECÇÕES DO SISTEMA HEMATOLÓGICO
1. Anemia.................................................................................................................................21.
2. Hemofilia..............................................................................................................................24.
3. Leucemia..............................................................................................................................25.
4. Transfusão Sanguínea............................................................................................................27.
UNIDADE V - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTIVO
1. Gastrite.................................................................................................................................28.
2. Úlcera Péptica.......................................................................................................................29.
3. Hemorragia Digestiva............................................................................................................31.
4. Pancreatite............................................................................................................................31.
5. Estomatite............................................................................................................................32.
6. Esofagite...............................................................................................................................32.
7. Megaesôfago Ou Acalasia......................................................................................................33.
8. Colelitíase.............................................................................................................................33.
9. Colecistite.............................................................................................................................33.

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10. Considerações Gerais Das Demais Afecções Digestórias..........................................................34.


11. Apendicite.............................................................................................................................36.
12. Colite....................................................................................................................................36.
13. Afecções Hepáticas................................................................................................................37.
14. Hepatites Virais.....................................................................................................................37.
15. Cirrose Hepática....................................................................................................................41.
UNIDADE VI: PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE ENFERMAGEM
1. Admissão de Pacientes...........................................................................................................42.
2. Exame físico..........................................................................................................................43.
3. Posições para Exames.............................................................................................................44.
BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO: obrigatoriamente para outro, e nem a presença


1. Enfermagem em Clínica Médica: de bem-estar significa a ausência de doença.
O que é a Clínica Médica? Deve-se pensar na saúde em uma
É um setor hospitalar onde acontece o escala graduada porque todos possuem algum
atendimento integral do indivíduo com grau de saúde: em excelentes condições,
idade superior a 12 anos que se razoavelmente bem, com alguma perturbação, e
encontra em estado crítico ou semi- enfermos. Portanto, a saúde é um processo
crítico, que não são provenientes de dinâmico em que o homem luta contra as forças
tratamento cirúrgico e ainda àqueles que tendem a alterar o equilíbrio da sua saúde; é
que estão hemodinamicamente o ajustamento dinâmico satisfatório às forças
estáveis, neste setor é prestada que tendem a perturbá-lo. O complexo processo
assistência integral de enfermagem aos de redução da saúde não é provocado por
pacientes de média complexidade. fatores simples ou específicos, mas pelo
2. O papel da Enfermagem em Clínica resultado da ligação contínua entre causas e
Médica: efeitos. Para considerar o indivíduo com saúde,
É propiciar a recuperação dos pacientes é necessário que ele atinja um nível excelente de
para que alcancem o melhor estado de ajustamento e equilíbrio entre o homem, os
saúde física, mental e emocional agentes e o meio ambiente.
possível, e de conservar o sentimento Distingue-se da enfermidade, que é a
de bem-estar espiritual e social dos alteração danosa do organismo. O dano
mesmos, sempre envolvendo e patológico pode ser estrutural ou funcional.
capacitando-os para o auto cuidado Doença (do latim dolentia,
juntamente com os seus familiares, padecimento) é o estado resultante da
prevenindo doenças e danos, visando a consciência da perda da homeostasia de um
recuperação dentro do menor tempo organismo vivo, total ou parcial, causada por
possível ou proporcionar apoio e agentes externos ou não, estado este que pode
conforto aos pacientes em processo de cursar devido à infecções, inflamações,
morrer e aos seus familiares, isquemias, modificações genéticas, seqüelas de
respeitando as suas crenças e valores. trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções
Realizar também todos os cuidados orgânicas.
pertinentes aos profissionais de Daí a definição de doença como
enfermagem. sendo o conjunto de fenômenos desenvolvidos
em organismos, associados a uma característica,
UNIDADE I - INTRODUÇÃO À ou série de características comuns, que
ASSISTÊNCIA DE diferenciam esses organismos dos normais da
ENFERMAGEM AO PACIENTE mesma espécie, e de maneira a situá-los em
CLÍNICO: posição biologicamente desvantajosa em relação
1. Considerações Gerais Sobre Saúde X àqueles.
Doença: A doença é um processo anormal no
Comumente, em nível de organismo qual o funcionamento de uma pessoa está
tem-se por definição de saúde como sendo a do diminuído ou prejudicado em uma ou mais
estado oposto ao da doença e, em decorrência dimensões. É o resultado do desequilíbrio entre
corresponderia a conceito que se subordina à o homem e o meio físico, mental e social.
ausência desta. É importante distinguir os conceitos
As situações ideais têm inspirado conceituações de doença aguda, crônica e crônico-
de saúde. Não obstante, incidem degenerativa:
invariavelmente em deficiências que tendem a a) Doença aguda - É aquela que têm um
se acentuar, à medida que se aprofundam no curso acelerado, terminando com
terreno das da imprecisão dos enunciados. A convalescença ou morte em menos de
mais potente nesse sentido, e talvez a mais três meses. A maioria das doenças
difundida, bem a ser elaborada pela OMS e que agudas caracteriza-se em várias fases.
figura no preâmbulo de sua constituição. Diz ela O inicio dos sintomas pode ser abrupto
que saúde vem a ser “o estado de completo ou insidioso, seguindo-se uma fase de
bem-estar físico, mental e social, e não apenas a deterioração até um máximo de
ausência de doença”. É evidente a falta de sintomas e danos, fase de plateau, com
precisão, em especial no que concerne ao manutenção dos sintomas e
significado da expressão “completo bem-estar”. possivelmente novos picos, uma longa
Certamente, esse pode variar de acordo com o recuperação com desaparecimento
indivíduo, o tempo e o espaço. Em outras gradual dos sintomas, e a
palavras, o que é bom para um não é convalescência, em que já não há

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sintomas específicos da doença, mas o


indivíduo ainda não recuperou  Clínica Médica: É um setor hospitalar
totalmente as suas forças. onde acontece o atendimento integral
Na fase de recuperação pode ocorrer do indivíduo com idade superior a 12
as recrudescências, que são exacerbamentos dos anos que se encontra em estado crítico
sintomas de volta a um máximo ou plateau, e na ou semi-crítico, que não são
fase de convalescência as recaídas, devido à provenientes de tratamento cirúrgico e
presença continuada do fator desencadeante e ainda àqueles que estão
do estado debilitado do indivíduo, além de hemodinamicamente estáveis, neste
(novas) infecções. setor é prestada assistência integral de
As doenças agudas distinguem-se enfermagem aos pacientes de média
dos episódios agudos das doenças crônicas, que complexidade.
são exacerbação de sintomas normalmente CLÍNICA: Vem do grego Kline = leito,
menos intensos nessas condições. acamado.
MÉDICA: Vem do latim medicus = Cuidar de.
b) Doença crônica - é uma doença que A clínica médica compreende um
não é resolvida num tempo curto. As grupo de especialidades médicas desenvolvidas
doenças crônicas são doenças que não dentro de uma unidade hospitalar, organizada
põem em risco a vida da pessoa num segundo um conjunto de requisitos, onde o
prazo curto, logo não são emergências paciente internado é submetido a exames
médicas. No entanto, elas podem ser clínicos (anamnese), físicos, laboratoriais e
extremamente sérias, As doenças especiais com a finalidade de definir um
crônicas incluem também todas as diagnóstico e, a seguir um tratamento
condições em que um sintoma existe específico.
continuamente, e mesmo não pondo em
risco a saúde física da pessoa, são 2. Objetivos Do Serviço De Enfermagem Em
extremamente incomodativas levando à Clínica Médica:
perda da qualidade de vida e atividades  Proporcionar ambiente terapêutico
das pessoas. adequado aos pacientes com patologias
Muitas doenças crônicas são diversificadas, em regime de
assintomáticas ou quase assintomáticas a maior internação;
parte do tempo, mas caracterizam-se por  Manter de um padrão de assistência
episódios agudos perigosos e/ou muito prestada aos pacientes, o que exige a
incomodativos. aplicação de um plano de cuidados de
c) Doença crônico-degenerativa - enfermagem para a patologia específica
predomina na idade adulta, e sua do paciente/cliente.
incidência, prevalência e mortalidade
se elevam à medida que aumenta a vida 3. Direitos Do Paciente:
média da população. São 1. O paciente tem direito a atendimento
caracterizadas por uma evolução lenta humano, atencioso e respeitoso, por
e progressiva, irreversível, por um parte de todos os profissionais de
longo período de latência saúde. Tem direito a um local digno e
assintomático, exigindo constante adequado para seu atendimento.
supervisão, observação e cuidado. 2. O paciente tem direito a ser
Ao realizar as ações de enfermagem identificado pelo nome e sobrenome.
através de uma abordagem holística, o Não deve ser chamado pelo nome da
profissional de enfermagem ajuda o cliente a doença ou do agravo à saúde, ou ainda
adquirir um estado de saúde. No entanto, para de forma genérica ou quaisquer outras
desempenhar efetivamente essas ações, o formas impróprias, desrespeitosas ou
profissional de enfermagem deve identificar preconceituosas.
corretamente as faltas ou as deficiências 3. O paciente tem direito a receber do
relativas à saúde do cliente. funcionário adequado, presente no
Dentre outras, as prioridades local, auxílio imediato e oportuno para
epidemiológicas que hoje demandam assistência a melhoria de seu conforto e bem-estar.
clínica ambulatorial e/ou hospitalar são as 4. O paciente tem direito a identificar o
afecções do aparelho circulatório e respiratório, profissional por crachá preenchido com
gastrointestinal, endócrino, afecções o nome completo, função e cargo.
neurológicas, hematopoiéticas e reumáticas, 5. O paciente tem direito a consultas
além das afecções otorrinolaringológicas, marcadas, antecipadamente, de forma
oftalmológicas, neoplásicas e urinárias.

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que o tempo de espera não ultrapasse a raciocínio clínico, exames, conduta


trinta (30) minutos. terapêutica e demais relatórios e
6. O paciente tem direito de exigir que anotações clínicas.
todo o material utilizado seja 14. O paciente tem direito a ter seu
rigorosamente esterilizado, ou diagnóstico e tratamento por escrito,
descartável e manipulado segundo identificado com o nome do
normas de higiene e prevenção. profissional de saúde e seu registro no
7. O paciente tem direito de receber respectivo Conselho Profissional, de
explicações, claras sobre o exame a forma clara e legível.
que vai ser submetido e para qual 15. O paciente tem direito de receber
finalidade irá ser coletado o material medicamentos básicos, e também
para exame de laboratório. medicamentos e equipamentos de alto
8. O paciente tem direito a informações custo, que mantenham a vida e a saúde.
claras, simples e compreensivas, 16. O paciente tem o direito de receber os
adaptadas à sua condição cultural, medicamentos acompanhados de bula
sobre as ações diagnósticas e impressa de forma compreensível e
terapêuticas, o que pode decorrer delas, clara e com data de fabricação e prazo
a duração do tratamento, a localização, de validade.
a localização de sua patologia, se existe 17. O paciente tem o direito de receber as
necessidade de anestesia, qual o receitas com o nome genérico do
instrumental a ser utilizado e quais medicamento (Lei do Genérico) e não
regiões do corpo serão afetadas pelos em código, datilografadas ou em letras
procedimentos. de forma, ou com caligrafia
9. O paciente tem direito a ser esclarecido perfeitamente legível, e com assinatura
se o tratamento ou o diagnóstico é e carimbo contendo o número do
experimental ou faz parte de pesquisa, registro do respectivo Conselho
e se os benefícios a serem obtidos são Profissional.
proporcionais aos riscos e se existe 18. O paciente tem direito de conhecer a
probabilidade de alteração das procedência e verificar antes de receber
condições de dor, sofrimento e sangue ou hemoderivados para a
desenvolvimento da sua patologia. transfusão, se o mesmo contém
10. O paciente tem direito de consentir ou carimbo nas bolsas de sangue atestando
recusar a ser submetido à as sorologias efetuadas e sua validade.
experimentação ou pesquisas. No caso 19. O paciente tem direito, no caso de estar
de impossibilidade de expressar sua inconsciente, de ter anotado em seu
vontade, o consentimento deve ser prontuário, medicação, sangue ou
dado por escrito por seus familiares ou hemoderivados, com dados sobre a
responsáveis. origem, tipo e prazo de validade.
11. O paciente tem direito a consentir ou 20. O paciente tem direito de saber com
recusar procedimentos, diagnósticos ou segurança e antecipadamente, através
terapêuticas a serem nele realizados. de testes ou exames, que não é
Deve consentir de forma livre, diabético, portador de algum tipo de
voluntária, esclarecida com adequada anemia, ou alérgico a determinados
informação. Quando ocorrerem medicamentos (anestésicos, penicilina,
alterações significantes no estado de sulfas, soro antitetânico, etc.) antes de
saúde inicial ou da causa pela qual o lhe serem administrados.
consentimento foi dado, este deverá ser 21. O paciente tem direito à sua segurança
renovado. e integridade física nos
12. O paciente tem direito de revogar o estabelecimentos de saúde, públicos ou
consentimento anterior, a qualquer privados.
instante, por decisão livre, consciente e 22. O paciente tem direito de ter acesso às
esclarecida, sem que lhe sejam contas detalhadas referentes às
imputadas sanções morais ou legais. despesas de seu tratamento, exames,
13. O paciente tem o direito de ter seu medicação, internação e outros
prontuário médico elaborado de forma procedimentos médicos.
legível e de consultá-lo a qualquer 23. O paciente tem direito de não sofrer
momento. Este prontuário deve conter discriminação nos serviços de saúde
o conjunto de documentos por ser portador de qualquer tipo de
padronizados do histórico do paciente, patologia, principalmente no caso de
princípio e evolução da doença,

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ser portador de HIV / AIDS ou doenças 33. O paciente tem direito à dignidade e
infecto- contagiosas. respeito, mesmo após a morte. Os
24. O paciente tem direito de ser familiares ou responsáveis devem ser
resguardado de seus segredos, através avisados imediatamente após o óbito.
da manutenção do sigilo profissional, 34. O paciente tem o direito de não ter
desde que não acarrete riscos a nenhum órgão retirado de seu corpo
terceiros ou à saúde pública. Os sem sua prévia aprovação.
segredos do paciente correspondem a 35. O paciente tem direito a órgão jurídico
tudo aquilo que, mesmo desconhecido de direito específico da saúde, sem
pelo próprio cliente, possa o ônus e de fácil acesso.
profissional de saúde ter acesso e (Portaria do Ministério da Saúde nº1286 de
compreender através das informações 26/10/93- art.8º e nº74 de 04/05/94).
obtidas no histórico do paciente,
exames laboratoriais e radiológicos.
25. O paciente tem direito a manter sua UNIDADE II - ASSISTÊNCIA DE
privacidade para satisfazer suas ENFERMAGEM EM AFECÇÕES DO
necessidades fisiológicas, inclusive SISTEMA RESPIRATÓRIO:
alimentação adequada e higiênica, quer
quando atendido no leito, ou no
ambiente onde está internado ou
aguardando atendimento.
26. O paciente tem direito a acompanhante,
se desejar, tanto nas consultas, como
nas internações. As visitas de parentes
e amigos devem ser disciplinadas em
horários compatíveis, desde que não
comprometam as atividades
médico/sanitárias. Em caso de parto, a
parturiente poderá solicitar a presença
do pai.
27. O paciente tem direito de exigir que a
maternidade, além dos profissionais
comumente necessários, mantenha a
presença de um neonatologista, por Anatomia: É formado por um conjunto de
ocasião do parto. órgãos responsáveis pela absorção de oxigênio
28. O paciente tem direito de exigir que a do meio ambiente e a eliminação de dióxido
maternidade realize o "teste do de carbono para o meio ambiente.
pezinho" para detectar a fenilcetonúria Órgãos do sistema respiratório:
nos recém- nascidos.  Vias aéreas superiores: fossas
29. O paciente tem direito à indenização nasais, boca, faringe.
pecuniária no caso de qualquer  Vias aéreas inferiores: laringe,
complicação em suas condições de traquéia, brônquios, pulmões.
saúde motivadas por imprudência,
negligência ou imperícia dos
profissionais de saúde. 1. Doença Pulmonar Obstrutiva
30. O paciente tem direito à assistência Crônica (Dpoc):
adequada, mesmo em períodos Estado de doença pulmonar no qual
festivos, feriados ou durante greves o fluxo de ar está obstruído. É constituída pela
profissionais. bronquite crônica, enfisema, asma. Acelera as
31. O paciente tem direito de receber ou alterações fisiológicas da função pulmonar que
recusar assistência moral, psicológica, são causadas pelo envelhecimento. A obstrução
social e religiosa. do ar pode ser reversível ou irreversível.
32. O paciente tem direito a uma morte 1.1 Fisiologia:
digna e serena, podendo optar ele Obstrução aérea que reduz o fluxo de
próprio (desde que lúcido), a família ou ar varia conforme a doença adjacente.
responsável, por local ou  Bronquite crônica: o acúmulo
acompanhamento e ainda se quer ou excessivo de secreções bloqueia as vias
não o uso de tratamentos dolorosos e respiratórias;
extraordinários para prolongar a vida.  Enfisema: a troca gasosa
comprometida (oxigênio, carbono)

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resulta da destruição das paredes do respiratório, cuja função é manter as


alvéolo superestendido; passagens respiratórias livres de
 Asma: as vias aéreas inflamadas e irritantes inalados, bactérias e outras
constritas obstruem o fluxo aéreo. matérias estranhas. O tabagismo
1.2 Manifestações clínicas: também causa um crescente acúmulo
 Dispnéia (em repouso, pode ser grave); de muco, que produz mais irritação,
 Tosse (uso de músculos acessórios); infecção e dano para o pulmão.
 Aumento no trabalho respiratório;  Orientar para vacinação;
 Perda de peso (interferência na  Evitar contato com alta concentração
alimentação); de pólen no ar e poluição ambiental;
 Intolerância os esforços/exercícios;  Evitar exposição a extremos de
 Ruídosadventícios(sibilos,roncos,estert temperatura (elevadas com alto grau de
ores:sons anormais percebidos na umidade ou frio intenso);
ausculta pulmonar)  Resgate da auto-estima e da sensação
 Baqueteamento dos dedos – aumento de limitação e de impotência
do volume das pontas dos dedos das (valorização, esperança, bem-estar);
mãos e perda do ângulo de emergência  Monitorizar ritmo respiratório
da unha. (dispnéia e hipoxemia);
A gravidade da doença é  Atentar para efeitos colaterais da
determinada por exames de avaliação da função medicação;
pulmonar.  Atentar para sinais de infecção
1.3 Fatores de risco: (bacteriana ou virótica), que agravam o
 Exposição à fumaça do fumo (fumante quadro e aumentam os riscos de
tabagista passivo); falência respiratória;
 Poluição do ar ambiente;  Oximetria de pulso;
 Infecções respiratórias;  Cuidados específicos na intubação e
 Exposição ocupacional; ventilação mecânica;
 Anormalidades genéticas.  Em estado grave - alterações
1.4 Complicações: podem variar dependendo cognitivas, dispnéia, taquipnéia e
do distúrbio adjacente: pneumonia; atelectasia; taquicardia.
pneumotórax; enfisema; insuficiência e falência
respiratória; hipertensão pulmonar (cor 2. Bronquite:
pulmonale). 2.1 Conceito: É a inflamação da mucosa
1.5 Tratamento: brônquica, caracterizada por produção excessiva
 Oxigenoterapia (contínua ou de secreção da mucosa na árvore
intermitente); brônquica.Tosse produtiva que dura 3 meses em
 Broncodilatadores (melhorar o fluxo cada 2 anos consecutivos, em paciente que tem
aéreo, prevenir a dispnéia); outras causas excluídas.
 Corticosteróides; 2.2 Fatores de Risco: o fumo é o principal fator
 Reabilitação pulmonar (componentes de risco (o tabagismo deprime a atividade
educacionais, psicossociais, macrófaga das células e afeta o mecanismo
comportamentais e físicos); ciliar de limpeza do trato respiratório, cuja
 Exercícios respiratórios (tosse função é manter as passagens respiratórias livres
assistida, respiração profunda, de irritantes inalados, bactérias e outras matérias
drenagem postural, entre outros); estranhas. O tabagismo também causa um
 Retreinamento/exercícios. crescente acúmulo de muco, que produz mais
 Ensino do paciente e da família; irritação, infecção e dano para o pulmão. Outros
fatores:
 Medidas de enfrentamento do estresse
 Inalação de fumaça de fumo;
 Educação em terapia respiratória
 Poluição do ar;
 Terapia ocupacional para conservação
da energia durante as atividades da  Exposição ocupacional a substâncias
vida diária. perigosa suspensas no ar. Aumenta à
 Pontos importantes para a susceptibilidade a infecção do
assistência:  Trato respiratório inferior. As crises
 Orientar para deixar de fumar são mais freqüentes durante o inverno.
(intervenção terapêutica mais Mais freqüente na 5ª década de vida,
importante). O tabagismo deprime a aliada a história de tabagismo e
atividade macrófaga das células e afeta aumento da freqüência das infecções
o mecanismo ciliar de limpeza do trato respiratórias.

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 Sintomas: tosse, com produção de inflamação é difusa e leva a episódios


catarro, expectoração espessa e recorrentes dos sintomas.
gelatinosa, sibilos e dispnéia. 4.2 Fisiopatologia: Ocorre a diminuição do
2.3 Diagnóstico: Exame clínico, RX e calibre dos brônquios e bronquíolos devido
Espirometria. broncoespasmo, edema e produção de muco
2.4 Tratamento: broncodilatadores, espesso.
antibióticos, corticoesteróides, oxigenioterapia e Difere das outras doenças
inaloterapia. pulmonares obstrutivas por ser um processo
reversível (com tratamento ou
3. Enfisema Pulmonar: espontaneamente). Acontece em qualquer idade,
3.1 Conceito: Distensão anormal dos espaços sendo a doença crônica mais comum na
aéreos distais aos bronquíolos terminais, com infância. Pode ser incapacitante ou levar à
destruição das paredes alveolares. É o estágio morte, nos casos mais graves.
final de um processo que progrediu por muitos Classifica-se em:
anos, onde ocorre a perda da elasticidade  Leve: sintomas discretos e esporádicos.
pulmonar.A função pulmonar, na maioria dos Não prejudica o sono.
casos, está irreversivelmente comprometida. Ao  Moderada: Apresenta dispnéia e tosse;
lado da bronquite obstrutiva crônica é a  Grave: sintomas podem tornar-se
principal causa de incapacidade. diários. Atividades físicas são limitadas
3.2 Causas: (mal asmático).
 O tabagismo é a principal causa;  Sinais e Sintomas: tosse,
 Predisposição familiar – anormalidade enrijecimento do tórax, sibilos,
na proteína plasmática alfa 1- dispnéia, cianose, taquicardia,
antitripsina (inibidor de enzima), sem a sudorese, ansiedade e agitação.
qual certas enzimas destroem o tecido 4.3 Fatores de risco:
pulmonar.  A alergia é o principal fator
 Sensibilidade a fatores ambientais predisponente;
(fumaça do fumo, poluentes aéreos,  Exposição crônica a irritantes aéreos
agentes infecciosos, alérgenos). ou alergênicos, condições ambientais;
3.3 Fisiopatologia: A obstrução aérea é causada  Sinusite;
por inflamação da mucosa brônquica, produção  Desgaste emocional;
excessiva de muco, perda da retração elástica  Tabagismo.
das vias aéreas, colapso dos bronquíolos e Evolui para o estado asmático (crise
redistribuição do ar para os alvéolos funcionais. grave e persistente que não responde à terapia
 Espaço morto (áreas pulmonares onde convencional.
não há troca gasosa); 4.4 Tratamento: O mesmo que os para
 Comprometimento da difusão de bronquite e Enfisema
oxigênio; 4.5 Prevenção e orientação:
 Hipoxemia;  Não fumar;
 Casos graves – eliminação do dióxido  Evitar mudanças bruscas de
de carbono comprometida – aumento temperatura;
da tensão de dióxido de carbono no  Evitar sair de casa com o tempo muito
sangue arterial (hipercapnia) – acidose frio;
respiratória.  Evitar contato com pessoas portadoras
 Sinais e Sintomas: dispnéia lenta e de doenças respiratórias;
progressiva, tosse, anorexia e perda de  Tomar de 6 a 8 copos de água/dia
peso,infecções respiratórias  Controlar-se emocionalmente;
freqüentes,tempo expiratório
 Evitar inalação de inseticidas,
prolongado, tórax em barril.
desodorantes, tintas, etc.
3.4 Tratamento: broncodilatadores,
antibióticos, cortiesteróides, oxigenoterapia,
 Cuidados de enfermagem na
inaloterapia.
Bronquite Crônica, Enfisema
Complicação: Cor pulmonale (insuficiência
Pulmonar e Asma:
cardíaca direita).
 Repouso em ambiente arejado e limpo;
4. Asma:  Incentivar a ingestão de líquidos;
4.1 Conceito: Doença inflamatória crônica das  Manter o ambiente calmo e tranqüilo;
vias aéreas, resultando em hiperatividade dessas  Verificar e anotar a temperatura de 4/4
vias, edema de mucosa e produção de muco. A horas;
 Incentivar o paciente a evitar o fumo;

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 Evitar o ar poluído e atividades físicas; resistência foi alterada, ou é resultante da


 Umidificar o ambiente de repouso com aspiração da flora presente na orofaringe.
H2O fervente; Pode ser conseqüência de
 Usar lenços de papel na eliminação de microorganismos transportados pelo sangue,
secreções; que entram na circulação pulmonar e ficam
 Oferecer uma dieta nutritiva; (dieta
aprisionados no leito capilar pulmonar,
livre);
tronando-se uma fonte potencial de pneumonia.
 Administrar aerosolterapia, distante das
refeições; Progride para uma reação inflamatória nos
 Administrar oxigenoterapia (CPM). alvéolos, produzindo um exsudato que interfere
com a difusão do oxigênio e do dióxido de
5. Pneumonia: carbono.
5.1 Conceito: Inflamação do parênquima Os leucócitos (em sua maioria
pulmonar causada por vários tipos de neutrófila) migram para dentro dos alvéolos e
microorganismos e agentes químicos. preenchem os espaços que normalmente contêm
Microorganismos: bactérias, micobactérias, ar. As áreas do pulmão deixam de ser
clamídia, micoplasma, fungos, parasitas, vírus. adequadamente ventiladas devido ás secreções e
5.2 Etiologia: As principais causas infecciosas ao edema da mucosa que provocam oclusão
de pneumonia incluem: parcial do brônquio ou dos alvéolos, com
 Bactérias: pneumonia bacteriana por diminuição na tensão alveolar de oxigênio.Pode
germes gram-positivos e gram- haver hipoventilação, que causa desequilíbrio na
negativos. ventilação/perfusão da área afetada.
 Vírus: pneumonia viral por vírus da O sangue venoso, entrando na
influenza, parainfluenza e adenovírus. circulação pulmonar, passa através da área
subventilada e para o lado esquerdo do coração
 Fungos: pneumonia fúngica por
precariamente oxigenado. A mistura do sangue
Cândida albicans e aspergillus.
oxigenado, precariamente oxigenado ou
 Protozoários: p. parasitária por
desoxigenado vai resultar em hipoxemia arterial.
Pneumocistis carinii: pacientes de
5.5 Tipos:
AIDS.
1) Lobar - acomete parte de um ou mais
Obs.: fungos e protozoários são considerados
lobos;
germes oportunistas, causam pneumonia após
2) Broncopneumonia - distribuída de
extenso uso de antibióticos, corticóides,
forma macular, originada em uma ou
antineoplásicos, ou em pessoas com AIDS, ou
mais áreas localizadas dentro dos
intensamente debilitadas.
brônquios e estendendo-se para o
A pneumonia também pode resultar
parênquima pulmonar adjacente;
de:
3) Nosocomial- adquirida após 48h de
 Aspiração brônquica de líquidos,
internação.
alimentos, vômitos, etc,
5.6 Fatores de risco:
 Inalação de substâncias tóxicas ou
Defesas comprometidas; infecções
cáusticas, fumaças, poeiras ou gases.
virais; doenças subjacentes – ICC, diabetes,
 Complicação de imobilidade ou de
DPOC, AIDS, câncer, neutropenia; tabagismo;
doenças crônicas
alcoolismo; intoxicação alcoólica; idade
5.3 Classificação:
avançada; reflexo de tosse deprimido;
 Adquirida na comunidade (até 48h);
antibioticoterapia; anestésico geral, sedativo
 Adquirida no hospital (depois de 48h);
(depressão respiratória); broncoaspiração;
 No hospedeiro imunocomprometido;
terapia respiratória com equipamento que não
 Por aspiração.
foi adequadamente limpo.
5.4 Fisiopatologia:
5.7 Manifestações clínicas: febre (40°), dor
As características das vias aéreas
torácica, dispnéia, calafrios, cianose, tosse
superiores impedem que partículas
dolorosa e produtiva, escarro ferruginoso,
potencialmente infecciosas alcancem o trato
cefaléia, náuseas, vômitos, mialgia, artralgia,
inferior (normalmente estéril). Surge a partir da
lábios e língua ressecadas.
flora normal presente em um paciente cuja

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Complicações: derrame pleural, 6.2 Tipos:


abscesso, empiema, hipotensão, 1) Aguda: é a falência respiratória que
bronquite crônica, e ICC. surge nos pacientes cujos pulmões
5.8 Cuidados de enfermagem: eram estrutural e funcionalmente
 Oferecer e encorajar a ingestão de normais, ocorre rapidamente.
líquidos (6 a 8 copos ao dia); 2) Crônica: é a falência respiratória que
 Estimular mudança de decúbito de 2/2 surge nos pacientes com doença
horas, quando o cliente apresentar bom pulmonar crônica, surge em período de
nível de consciência; meses ou anos.
 Encorajar mobilização no leito e 6.3 Causas: ventilação inadequada, obstrução
atividade física conforme tolerado; de vias aéreas superiores, uso de drogas,
 Orientar ou apoiar o tórax do cliente anestésicos, doenças pulmonares pré-existentes,
durante a tosse; complicações pós-operatórias,
 Fazer avaliação respiratória pela politraumatismos, etc.
ausculta; 6.4 Diagnóstico: Exame laboratorial
 Incentivar a prática da respiração (gasometria) ou pelos sinais clínicos
profunda e tosse eficaz. 6.5 Sinais Clínicos:
 Aspirar naso e orofaringe a intervalos  ↑ FC (Freqüência Cardíaca;
curtos;  ↑ FR (Freqüência respiratória)
 Orientar e encorajar o cliente a  Hipóxia (dispnéia, taquipnéia,
repousar o máximo possível; hipotensão, taquicardia, bradicardia,
 Observar alterações na FR, FC, arritmias, cianose);
ocorrência de dispnéia, palidez ou  Desorientação, queda do nível de
cianose e disritmia, durante a atividade; consciência e agitação psicomotora);
 Avaliar o nível de tolerância do cliente  Uso de músculos acessórios da
a qualquer atividade; respiração;
 Programar, junto com o cliente,  Sudorese.
atividades gradativamente aumentadas, 6.6 Tratamento:
com base na tolerância; 1. Cânula orofaríngea (Guedel):
 Manter o paciente em repouso, em dispositivo de borracha para ser
quarto arejado, evitando correntes de introduzido na boca evitando o
ar; deslocamento da língua. Varia de
 Manter o ambiente tranqüilo, calmo e tamanho de acordo com o paciente;
que proporcione conforto ao paciente; 2. Cânula naso-faríngea: dispositivo de
borracha para ser introduzido pelo
 Fazer a higiene oral e corporal,
nariz. O tamanho varia de acordo com
mantendo o paciente limpo;
o paciente.
 Verificar e anotar os sinais vitais (T, R,
3. Monitorização: oxímetro de pulso e
P, PA) de 4/4 h;
monitor cardíaco.
 Oferecer dieta hipercalórica e
4. Oxigenoterapia: administração de
hiperprotéica;
oxigênio quando o paciente está com
 Estimular a ingestão de líquidos;
hipóxia.
 Cuidados com a oxigenoterapia;
 Métodos de administração de
 Orientar o paciente a utilizar lenços de oxigênio:
papel e descartá-los corretamente. a) Catéter nasal simples ou tipo óculos:
introdução de um catéter na narina
6. Insuficiência Respiratória: ligado a um sistema de oxigênio
6.1 Conceito: Ocorre quando o organismo não umidificado – fluxo de 3 a 6 litros/min.
realiza a troca de oxigênio por dióxido de b) Máscaras faciais: (Venturi) máscaras
carbono adequadamente, isto faz com que o que cobrem a boca e o nariz, de
nível de dióxido de carbono (CO2) se eleve e o plástico, com orifício lateral,
de oxigênio (O2) diminua, causando hipóxia transparente e fornecem concentração

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

de oxigênio de acordo com as válvulas transudação alvéolo – intersticial a exemplo da


que as acompanha ligado a um sistema Insuficiência ventricular esquerda aguda ou
de umidificação. crônica descompensada, estenose mitral ou
c) Bolsa auto-inflável: (ambú) máscara hipervolemia. A pressão capilar normal é de 8
que é comprimida na face do paciente, mmHg. No EAP vai a 25 – 30mmHg.
podendo ser conectado ao oxigênio 7.4 Manifestações Clínicas: dispnéia e tosse,
umidificado. produzindo um escarro espumoso e tingido
d) Tenda facial de oxigênio: uso muitas vezes de sangue ( aspecto
limitado pela dificuldade de manuseio, rosado),taquicardia, pele cianótica, fria e úmida,
sendo mais utilizado para crianças; inquietação e ansiedade.
fornecem baixa concentração de 7.5Tratamento: Morfina, diuréticos e
oxigênio. digitálicos
6.7 Cuidados de Enfermagem: 7.6 Cuidados de enfermagem: é fundamental
 Organizar material de acordo com que a equipe de enfermagem mantenha-se ao
método de administração de oxigênio; lado do cliente, demonstrando segurança e
 Manter nível de água no umidificador monitorando os aspectos essenciais para que o
adequado; mesmo saia da crise rapidamente. Esta ação
 Trocar água do umidificador garante a eficiência e eficácia da terapêutica que
diariamente e/ou de acordo com está baseada nos seguintes aspectos:
instruções da CCIH;  Manutenção de seu conforto,
 Explicar o procedimento ao paciente; colocando-o em posição elevada para
 Manter nível de comunicação durante o diminuir o retorno venoso e propiciar
procedimento; uma máxima expansão pulmonar;
 Observar possíveis alterações;  Monitorização dos sinais vitais;
 Observar freqüentemente as condições  Administração de oxigenoterapia e de
de permeabilidade dos cateteres e/ ou medicações (opiáceos, diuréticos e
sondas; digitálicos);
 Realizar troca dos cateteres nasais ou  Manutenção de via venosa pérvia com
máscaras faciais; gotejamento mínimo, evitando
 Descartar e/ou desinfectar material em sobrecarga volêmica;
expurgo.  Monitorização do fluxo urinário.

7. Edema Agudo De Pulmão: 8. Derrame Pleural


7.1 Definição: O Edema Agudo de Pulmão 8.1 Definição: O derrame pleural é o acúmulo
(EAP) é um aumento súbito na pressão dos anormal de líquido no espaço pleural.
capilares pulmonares, levando ao Normalmente, somente uma pequena
extravasamento de líquido para os alvéolos, quantidade de líquido separa as duas
deixando o pulmão menos elástico e com menos membranas da pleura. Pode ocorrer o acúmulo
superfície de contato para troca de gases, de uma quantidade excessiva de líquido por
manifestando-se por dificuldade respiratória. É muitas razões, incluindo a insuficiência
um quadro clínico crítico, decorrente da cardíaca, a cirrose hepática e a pneumonia.
incapacidade do ventrículo esquerdo em Outros tipos de líquido que podem se acumular
bombear o sangue para válvula aórtica, no espaço pleural inclui: sangue, pus, líquido
causando um acúmulo de líquido nos pulmões. leitoso e líquido rico em colesterol. O sangue no
7.2Etiologia: Numerosas patologias espaço pleural (hemotórax) geralmente é
cardiovasculares predispõem o aparecimento do decorrente de uma lesão torácica. Raramente,
EAP, como insuficiência coronariana (angina e um vaso sangüíneo rompe-se e drena para o
IAM), crise hipertensiva, as arritmias cardíacas, interior do espaço pleural, ou uma dilatação de
as infecções, a anemia, a hiper hidratação e a uma porção da aorta (aneurisma da aorta) drena
intoxicação digitálica. sangue para o interior do espaço pleural.O
7.3 Fisiopatologia: A pressão capilar pulmonar líquido pleural acumula-se quando a sua
excede à pressão coloidosmótica do plasma com formação excede a sua absorção.

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8.2 Sintomas e Diagnóstico: os sintomas mais a) Uma boa amostra de escarro é o que
comuns, independente do tipo de líquido provém da árvore brônquica, obtida
presente no espaço pleural ou de sua causa, são após esforço de tosse, e não a que se
a dificuldade respiratória e a dor torácica. No obtém da faringe ou por aspiração de
entanto, muitos indivíduos com derrame pleural secreções nasais, nem tampouco a que
não apresentam qualquer sintoma. Uma contém somente saliva;
radiografia torácica mostrando a presença de b) O volume ideal está compreendido
líquido é geralmente o primeiro passo para o entre 3 a 10ml;
estabelecimento do diagnóstico. A tomografia c) Não é necessário estar em jejum,
computadorizada (TC) mostra mais nitidamente porém é importante que a boca esteja
o pulmão e o líquido, e pode revelar a presença limpa, sem resíduos alimentares.Isto é
de uma pneumonia, de um abscesso pulmonar conseguido através de um simples
ou de tumor. bochecho com água;
8.3 Tratamento: os derrames pleurais pequenos d) Não escovar os dentes nem usar
podem necessitar apenas do tratamento da causa antisséptico oral;
subjacente. Os derrames maiores, especialmente e) Devem ser coletadas pelo menos 2
aqueles que produzem dificuldade respiratória, amostras:
podem exigir a retirada do líquido (drenagem).  Primeira amostra: coletada quanto o
Normalmente, a drenagem alivia paciente sintomático respiratório
significativamente a dificuldade respiratória. procura o atendimento na unidade de
Freqüentemente, o líquido pode ser drenado saúde, para aproveitar a presença dele e
através de uma toracocentese, procedimento no garantir a realização do exame
qual uma pequena agulha (ou um cateter) é laboratorial ou nas buscas ativas
inserida no espaço pleural. Embora ela realizadas nos domicílios, nas
comumente seja realizada com objetivos delegacias de polícia, nos albergues,
diagnósticos, a toracocentese permite a remoção etc, em qualquer momento do dia. Não
de até 1,5 litro de líquido de cada vez. é necessário estar em jejum, a amostra
deve ser coletada em local aberto ao ar
9. Embolia Pulmonar: livre ou em sala bem arejada.
9.1 Definição: é uma complicação das doenças  Segunda Amostra: coletada na manhã
cardiopulmonares. A causa mais freqüente é o do dia seguinte, assim que o paciente
despreendimento de um “trombo” que viaja despertar. Essa amostra, em geral, tem
através da circulação, obstruindo a circulação uma quantidade maior de bacilos
pulmonar. porque é composta da secreção
9.2 Principais Causas: bolhas de ar, gotas de acumulada na árvore brônquica por
gordura e fragmentos de tumor, e ainda toda à noite.
imobilidade no leito estão associados a esta f) Orientações ao paciente:
doença. Forças mecânicas,como movimentos  Recipiente coletor: entregar ao
musculares súbitos,mudanças de velocidade do paciente: pote com tampa rosqueável já
fluxo sanguíneo, podem ocasionar a devidamente identificado ( nome do
desintegração e o desprendimento de trombos paciente no copo do paciente);
das paredes dos vasos sanguíneos.Esses  Procedimento de coleta: orientar o
êmbolos são então, transportados pela corrente paciente para ao despertar de manhã,
sanguínea, atravessam o coração e atingem o lavar a boca, sem escovar os dentes e
leito vascular pulmonar até se alojarem em um escarrar após forçar a tosse. Repetir
vaso que não lhes permite passagem. O efeito essa operação até obter três
final depende do tamanho e do número de eliminações de escarro, evitando que
êmbolos. esse escorra pela parede externa do
pote;
 Orientações A Um Paciente Para  As amostras devem ser coletadas em
Coleta De Escarro: locais abertos e ao ar livre ou salas bem
arejadas;

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Informar que o pote deve ser tampado bombeada pelo coração a cada minuto (débito
e colocado em um saco plástico com a cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas
tampa para cima, cuidando para que normais de oxigênio e de nutrientes do
permaneça nessa posição; organismo.
 Orientar para lavar as mãos após esse 1.2 Causas: A insuficiência cardíaca tem muitas
procedimento. causas, incluindo várias doenças. Ela é muito
mais comum entre os idosos, pelo fato deles
UNIDADE III - ASSISTÊNCIA DE apresentarem maior probabilidade de apresentar
ENFERMAGEM EM AFECÇÕES DO alguma doença que a desencadeie. Apesar de o
SISTEMA CARDIOVASCULAR quadro apresentar um agravamento no decorrer
O coração é um órgão muscular oco do tempo, os indivíduos com insuficiência
localizado no centro do tórax. Os lados direito e cardíaca podem viver muitos anos. Qualquer
esquerdo do coração possuem uma câmara doença que afete o coração e interfira na
superior (átrio), que coleta o sangue, e uma circulação pode levar à insuficiência cardíaca, a
câmara inferior (ventrículo), que o ejeta. Para exemplo da hipertensão arterial, arteriosclerose,
assegurar que o sangue flua em uma só direção, infarto do miocárdio, miocardite, endocardite
os ventrículos possuem uma válvula de entrada reumática, insuficiência aórtica, hipervolemia,
e uma de saída. anemia, deficiência alimentar prolongada e
As principais funções do coração são: insuficiência renal.
o fornecimento de oxigênio ao organismo e a 1.3 Manifestações Clínicas: As pessoas com
eliminação de produtos metabólicos (dióxido de insuficiência cardíaca descompensada
carbono) do organismo. Em resumo, o coração apresentam cansaço e fraqueza aocompensada, a
realiza essas funções através da coleta do adrenalina e a noradrenalina fazem com que o
sangue com baixa concentração de oxigênio do coração trabalhe mais vigorosamente, ajudando-
organismo e do seu bombeamento para os o a aumentar o débito sangüíneo e, até certo
pulmões, onde ele capta oxigênio e elimina o ponto, compensando o problema de
dióxido de carbono. Em seguida, o coração bombeamento. O débito cardíaco pode retornar
recebe o sangue rico em oxigênio dos pulmões e ao normal, embora, geralmente, à custa de um
o bombeia para os tecidos do organismo. aumento da freqüência cardíaca e de um
 Um Olhar Dentro do Coração batimento cardíaco mais forte. Outro
A incidência em secção transversal do coração mecanismo corretivo consiste na retenção de sal
mostra a direção do fluxo sangüíneo normal. (sódio) pelos rins. Para manter constante a
concentração de sódio no sangue, o organismo
retém água concomitantemente. Essa água
adicional aumenta o volume sangüíneo
circulante e, a princípio, melhora o desempenho
cardíaco.
A insuficiência cardíaca direita tende
a produzir acúmulo de sangue que flui para o
lado direito do coração. Esse acúmulo acarreta
edema dos pés, tornozelos, pernas, fígado e
abdômen. A insuficiência cardíaca esquerda
acarreta um acúmulo de líquido nos pulmões
(edema pulmonar), causando uma dificuldade
respiratória intensa. Inicialmente, a falta de ar
ocorre durante a realização de um esforço, mas,
com a evolução da doença, ela também ocorre
em repouso. Algumas vezes, a dificuldade
1. Insuficiência Cardíaca Congestiva: respiratória manifesta-se à noite, quando a
1.1 Definição: A insuficiência cardíaca pessoa está deitada, em decorrência do
(insuficiência cardíaca congestiva) é uma deslocamento do líquido para o interior dos
condição grave na qual a quantidade de sangue pulmões.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

1.4 Diagnóstico: Os sintomas geralmente são  Incentivar e permitir espaços para o


suficientes para o médico diagnosticar uma cliente exprimir medos e preocupações;
insuficiência cardíaca. Os eventos a seguir  Apoiar emocionalmente o cliente e
podem confirmar o diagnóstico inicial: pulso familiares;
fraco e acelerado, hipotensão arterial,  Promover ambiente calmo e tranqüilo;
determinadas anomalias nas bulhas cardíacas,  Estimular e supervisionar a respiração
aumento do coração, dilatação das veias do profunda;
pescoço, acúmulo de líquido nos pulmões,  Executar exercícios ativos e passivos
aumento do fígado, ganho rápido de peso e com os MMII;
acúmulo de líquido no abdome ou nos membros  Pesar o paciente diariamente;
inferiores.
 Realizar balanço hídrico;
Uma radiografia torácica pode
 Oferecer dieta leve, fracionada,
revelar um aumento do coração e o acúmulo de
hipossódica, hipolipídica;
líquido nos pulmões.
 Anotar alterações no funcionamento
Freqüentemente, o desempenho cardíaco é
intestinal;
avaliado através de outros exames, como a
 Administrar medicamentos conforme
ecocardiografia, que utiliza ondas sonoras para
prescrição médica, adotando cuidados
gerar uma imagem do coração, e a
especiais;
eletrocardiografia, a qual examina a atividade
 Observar o aparecimento de sinais e
elétrica do coração. Outros exames podem ser
sintomas de intoxicação
realizados para se determinar a causa subjacente
medicamentosa;
da insuficiência cardíaca.
1.5 Tratamento: Muito pode ser feito para  Transmitir segurança na execução das
tornar a atividade física mais confortável, para atividades;
melhorar a qualidade de vida e para prolongar a → Cuidados na administração de digitálicos:
vida do paciente. No entanto, não existe uma  Verificar pulso e freqüência cardíaca
cura para a maioria das pessoas com antes de administrar cada dose do
insuficiência cardíaca. Os médicos abordam a medicamento. Caso o pulso esteja
terapia através de três ângulos: tratamento da inferior a 60bpm, consultar o médico;
causa subjacente, remoção dos fatores que  Observar sintomas de toxidade digital:
contribuem para o agravamento da insuficiência arritmia, anorexia, náuseas, vômito,
cardíaca e tratamento da insuficiência cardíaca diarréia, bradicardia, cefaléia, mal-estar
em si. O uso de digitálicos é uma alternativa no e alterações comportamentais;
tratamento. → Cuidados com a administração de
1.6 Cuidados de enfermagem: diuréticos:
 Oferecer o medicamento pela manhã;
 Monitorizar a ingesta e a excreta a cada
 Realizar balanço hídrico;
2 horas;
 Pesar o paciente diariamente;
 Manter a posição de Fowler para
 Observar sinais de fraqueza, mal estar,
facilitar a respiração;
câimbras musculares;
 Monitorizar a resposta ao tratamento
 Estimular a ingestão de alimentos ricos
diurético;
em potássio (laranja, limão, tomate),
 Avaliar a distensão venosa jugular,
desde que não aja contra-indicação.
edema periférico;
 Administrar dieta hipossódica;
2. Angina Pectoris:
 Promover restrição hídrica; 2.1 Definição: A angina, também denominada
 Proporcionar conforto ao paciente; dar angina pectoris, é uma dor torácica transitória
apoio emocional; ou uma sensação de pressão que ocorre quando
 Manter o paciente em repouso, o miocárdio não recebe oxigênio suficiente. As
observando o grau de atividade a que necessidades de oxigênio do coração são
ele poderá se submeter; determinadas pelo grau de intensidade de seu
 Explicar antecipadamente os esquemas esforço, isto é, pela rapidez e pela intensidade
de rotina e as estratégias de tratamento; dos batimentos cardíacos.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

O esforço físico e as emoções  Anamnese;


aumentam o trabalho cardíaco e,  Teste de esforço: esteira rolante ou
conseqüentemente, aumentam a demanda de bicicleta;
oxigênio do coração. Quando as artérias  ECG;
apresentam estreitamento ou obstrução de modo  Angiografia coronariana
que o fluxo sangüíneo ao músculo não pode ser 2.6 Tratamento:
aumentado para suprir a maior demanda de O tratamento é iniciado com medidas
oxigênio, pode ocorrer uma isquemia, para se evitar a doença arterial coronariana,
acarretando dor. retardar sua progressão ou revertê-la através do
2.3 Causas: tratamento das causas conhecidas (fatores de
a) Doença arterial coronariana – risco). Os principais fatores de risco, como a
aterosclerose (estreitamento da luz do hipertensão arterial e os elevados níveis de
vaso coronariano), arterite coronariana, colesterol, são tratados imediatamente. O
espasmo arterial; tabagismo é o fator de risco evitável mais
b) Distúrbios circulatórios - estenose importante da doença arterial coronariana.
aórtica, hipotensão (diminui retorno de O tratamento da angina depende em
sangue ao coração), espasmo arterial; parte da gravidade e da estabilidade dos
c) Distúrbios sangüíneos - anemia, sintomas. Quando os sintomas pioram
hipoxemia e policitemia. rapidamente, a hospitalização imediata e o
2.4 Fatores de risco: tratamento medicamentoso são usuais. Se os
 Esforço físico, ingestão de alimentos sintomas não forem substancialmente
aumentada; minimizados com o tratamento medicamentoso,
 Emoções; a dieta e a alteração do estilo de vida, a
 Exposição a baixas temperaturas angiografia pode ser utilizada para determinar a
Sintomas: A isquemia do miocárdio provoca possibilidade de uma cirurgia de
ataques de DOR de gravidade variável, desde a revascularização miocárdica ou de uma
sensação de pressão subesternal, até a dor angioplastia.
agonizante com sensação de morte iminente. 2.7 Cuidados de enfermagem:
Tem as seguintes características:  Avaliar as características da dor no
 Sensação: aperto, queimação, peito e sintomas associados;
esmagamento, enforcamento, “gases”,  Avaliar a respiração, a pressão
etc.; sangüínea e freqüência cardíaca em
 Intensidade: geralmente, discreta ou cada episódio de dor torácica;
moderada. Raramente, forte;  Fazer um ECG, cada vez que a dor
 Localização: retroesternal ou torácica surgir, para evidenciar infarto
discretamente para a esquerda do posterior;
esterno;  Monitorizar a resposta ao tratamento
 Irradiação: ombro esquerdo → braço medicamentoso;
esquerdo → cotovelo → punho →  Avisar o médico se a dor não diminuir;
dedos. Pescoço → braço direito →
 Identificar junto ao cliente as
mandíbula → região epigástrica →
atividades que provoquem dor;
peito;
 Oferecer assistência de maneira calma
 Duração: normalmente, dura 5 minutos
e eficiente de modo a reconfortar o
(em média), podendo durar 15 a 20
cliente até que o desconforto
minutos, em caso de raiva extrema;
desapareça;
 Alívio: repouso e nitroglicerina;
 Prover um ambiente confortável e
 Outros sintomas: dispnéia, palidez,
silencioso para o cliente/família;
sudorese, tonturas, palpitações e
 Ajudar o paciente a identificar seus
distúrbios digestivos (náuseas,
próprios fatores de risco;
vômitos).
 Ajudar o paciente a estabelecer um
2.5 Diagnóstico:
plano para modificações dos fatores de
 Manifestações clínicas da dor;
risco;

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Providenciar orientação nutricional ao 3. Hipertensão Arterial Sistêmica:


cliente/família; 3.1 Definição: A pressão arterial alta
 Esclarecer o cliente/família acerca dos (hipertensão) é geralmente um distúrbio
medicamentos que deverão ser assintomático no qual a elevação anormal da
tomados após a alta hospitalar; pressão nas artérias aumenta o risco de
 Esclarecer o cliente acerca do plano distúrbios como o acidente vascular cerebral,
terapêutico; ruptura de um aneurisma, insuficiência cardíaca,
 Explicar a relação entre a dieta, infarto do miocárdio e lesão renal.
atividades físicas e a doença. A hipertensão tem sido denominada
 Cuidados de enfermagem na de “assassino silencioso”, porque, em geral, ela
administração do nitrato: não produz sintomas durante muitos anos (até
 A nitroglicerina pode causar uma ocorrer lesão de um órgão vital). O problema
sensação de queimadura sob a língua ocorre mais freqüentemente entre os indivíduos
quando dor forte; da raça negra – 38% dos adultos
 Orientar o paciente a não deglutir a (principalmente mulheres) negros apresentam
saliva até que o comprimido esteja hipertensão arterial, em comparação com 29%
totalmente diluído; dos adultos da raça branca. Frente a um
 Para ação mais rápida, orientar o determinado nível de pressão arterial, as
paciente a triturar o comprimido entre conseqüências da hipertensão são piores nos
os dentes (conforme prescrição indivíduos da raça negra.
médica); A hipertensão arterial é definida pela
pressão sistólica média em repouso de 140
 Orientar repouso até o desaparecimento
mmHg ou mais e/ou pela pressão diastólica em
dos sintomas;
repouso média de 90 mmHg ou mais. Nos casos
 Comunicar qualquer alteração ao
de hipertensão arterial, é comum tanto a pressão
médico.
sistólica quanto a pressão diastólica estarem
elevadas.
REVISANDO:
3.2 Classificação da HAS:
a) HAS primária ou essencial:
corresponde a 90% dos casos. Não há
causa específica identificável.
Caracteriza-se por uma lenta
progressão na elevação da PA ao longo
de um período de anos.
b) HAS secundária: corresponde a 10%
dos casos. Decorre de outras doenças
orgânicas definidas. Este tipo de
Pressão arterial: é a pressão do sangue de hipertensão é remitente desde que
encontro às paredes arteriais. afaste a causa.
Pressão sistólica: pressão máxima do sangue
exercida de encontro às paredes arteriais 3.3 Causas:
quando o coração se contrai (100 a 140 a) HAS primária ou essencial: É
mmHg). multifatorial.
Pressão diastólica: força do sangue exercida  Hereditariedade;
de encontro às paredes arteriais durante a  Meio ambiente (mudanças de hábito de
fase de relaxamento do coração (60 a 90 vida e de condições gerais inerentes);
mmHg).  Influências renais;
Pressão sangüínea: é expressa como  Fatores hemodinâmicos (DC, RVP,
sistólica e diastólica (120 x 80 mmHg). hipertrofia e contração muscular dos
vasos);
Pressão de pulso ou pressão diferencial:
 Sistema renina-angiotensina;
diferença entre as pressões sistólica e  Sistema nervoso (hiperatividade);
diastólica (40 a 60 mmHg) - traduz o volume  Substâncias hormonais vasoativas;
sistólico e a elasticidade arterial.
Pressão arterial média: média das pressões
sistólica e diastólica (PAM = PA sistólica + 17
2(PA diastólica) / 3).
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Condições clínicas associadas estabelecimento do diagnóstico. Se a leitura


(obesidade, tabagismo, diabetes inicial apresentar um valor alto, a pressão
mellitus, alcoolismo, etc). arterial deve ser medida novamente e, em
b) HAS secundária: seguida, medida mais duas vezes em pelo
 Origem endócrina: secreção menos dois outros dias, para se asse-gurar o
inapropriada de ADH, hipo ou diagnóstico de hipertensão arterial.
hipertireoidismo, diabetes mellitus, 3.7 Tratamento: A hipertensão arterial
etc.; essencial não tem cura, mas pode ser tratada
 Origem renal: glomerulites agudas, para impedir complicações. Como a hipertensão
glomerulonefrite crônica, pielonefrite arterial em si é assintomática, os médicos
crônica, nefropatias associadas a procuram evitar tratamentos que provoquem
doenças sistêmicas; mal-estar ou que interfiram no estilo de vida do
 Origem vascular: coarctação da aorta, paciente.
aneurisma da artéria renal, As alterações dietéticas dos
arteriosclerose, etc.; indivíduos diabéticos, obesos ou com nível
 Origem neurogênica: pós-trauma sangüíneo de colesterol elevado também são
craniano, pós-acidente vascular importantes para a saúde cardiovascular geral e
cerebral hemorrágico, etc. podem tornar desnecessário o tratamento
 Outras causas: estrógenos, doenças medicamentoso da hipertensão arterial.
hipertensivas específicas da gravidez, A prática moderada de exercícios aeróbios é
etc. útil. Desde que a pressão arterial esteja sob
controle, os indivíduos com hipertensão arterial
3.4 Incidência: essencial não precisam restringir suas
 Mais elevado em mulheres do que em atividades. Os tabagistas devem deixar de
homens; fumar.
 Aumenta após a menopausa;  Terapia Medicamentosa
 Mais incidente na raça negra; Vários tipos de drogas reduzem a
 Mais incidente em pessoas obesas. pressão arterial através mecanismos diferentes.
3.5 Sintomas: Na maioria dos indivíduos, a Ao escolher uma droga, o médico leva em
hipertensão arterial não produz sintomas. consideração fatores como a idade, o sexo e a
 Alterações nas retinas: hemorragia, raça do paciente; a gravidade da hipertensão; a
exsudatos, estreitamento das arteríolas; presença de outros distúrbios, como o diabetes
 Nictúria e azotemia; ou o nível sangüíneo de colesterol elevado; os
 Comprometimento vascular cerebral possíveis efeitos colaterais, os quais variam de
com crise isquêmica: hemiplegia uma droga a outra; e o custo dos medicamentos
temporária, perdas de consciência ou e dos exames necessários para controlar sua
alterações da visão (turvação visual); segurança. São utilizados diuréticos e
 Sintomas cerebrais: dores de cabeça vasodilatadores periféricos.
(mecanismos desconhecidos), tonturas
intensas, etc. 3.8 Cuidados de enfermagem:
 “falta de ar” aos esforços; dores  Avaliar pressão arterial a cada 30
torácicas; minutos ou quando necessário, até
 Sangramentos nasais; estabilização da mesma;
 Claudicação intermitente  Avaliar pulsação periférica;
(comprometimento vascular nos  Observar sinais de insuficiência
MMII). cardíaca (taquicardia, agitação,
Ocasionalmente, os indivíduos com cianose, dispnéia, extremidades frias);
hipertensão arterial grave apresentam  Identificar as características da dor,
sonolência ou mesmo o coma em razão do como localização, tipo, intensidade,
edema cerebral. Esse distúrbio, denominado duração, etc.
encefalopatia hipertensiva, requer um trata-  Orientar o paciente quanto à
mento de emergência. necessidade de repouso durante a dor;
3.6 Diagnóstico: A pressão arterial deve ser  Oferecer ambiente tranqüilo e
mensurada após o paciente permanecer sentado organizar o atendimento, de modo a
ou deitado durante 5 minutos. Uma leitura igual oferecer períodos de descanso;
ou superior a 140/90 mmHg é considerada alta,  Observar a ocorrência de epistaxe e
mas não é possível basear o diagnóstico apenas realizar as medidas de controle;
em uma leitura.  Verificar a PA diariamente nos
Às vezes, mesmo várias leituras com mesmos horários e com o paciente em
valores altos não são suficientes para o repouso;

18
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Evitar excesso de atividade física; A incidência de infarto ainda é maior


 Atentar para sinais de confusão mental, nos homens acima de 40 anos. Porém, mulheres
irritabilidade, desorientação, cefaléia, no climatério que utilizam anticoncepcional e
náuseas e vômito; fumam apresentam uma mortalidade maior ao
 Realizar balanço hídrico; ter infarto. Observa- se que, hoje, há um
 Oferecer dieta leve, fracionada, aumento de pessoas infartadas com faixa etária
hipossódica, hipolipídica; menor, em decorrência do estilo da vida
 Observar o aparecimento de sinais e moderna.
sintomas de intoxicação → Fatores de risco para aterosclerose
medicamentosa; (fatores de risco cardiovascular)
 Transmitir segurança na execução das O risco de ocorrer aterosclerose
atividades; aumenta com a hipertensão arterial, níveis
 Atentar para efeitos colaterais da sangüíneos elevados de “colesterol ruim” (LDL-
farmacoterapia: podem ocorrer colesterol), níveis baixos de “colesterol bom”
hipotensão, sensação de desmaio, (HDL-colesterol), tabagismo, diabetes mellitus,
vertigem ao mudar de posição, perda obesidade (principalmente da cintura para cima
de força, perda do apetite, secura na ou abdominal), sedentarismo, estresse
boca, sonolência; psicossocial, envelhecimento e a
hereditariedade.
 Instruir o cliente sobre a doença e a
4.2 Sintomas: Em geral, a aterosclerose não
importância do tratamento;
causa sintomas até haver produzido um
 Orientar o paciente sobre a importância
estreitamento importante da artéria ou até
da perda de peso corpóreo, até o nível
provocar uma obstrução súbita. Os sintomas
desejado;
dependem do local de desenvolvimento da
 Tomar regularmente o medicamento aterosclerose. Por essa razão, eles podem refletir
prescrito; Descrever os efeitos dos problemas no coração, no cérebro, nos membros
medicamentos ao paciente e os sinais e inferiores ou em praticamente qualquer região
sintomas da superdosagem; do corpo.
 Instruir o paciente para auto * Prevenção e Tratamento da aterosclerose:
verificação da pressão arterial Para evitar a aterosclerose, devem ser
diariamente; eliminados os fatores de risco controláveis:
 Explicar a importância de aderir a um níveis sangüíneos elevados de colesterol,
programa de exercícios; hipertensão arterial, tabagismo, obesidade e
 Orientar o cliente e a família sobre: falta de exercício.
programas educacionais de  Medidas gerais:
aconselhamento;  Reduzir a ingestão de gorduras e
 Importância da consulta médica e de colesterol;
enfermagem;  Parar de fumar;
 Importância da dieta alimentar;  Controle dietético;
 Informar sobre os recursos da  Tratamento de doenças como diabetes
comunidade para o atendimento ao e hipertensão.
hipertenso. O melhor tratamento para a
aterosclerose é a prevenção. Quando a
4. Infarto Agudo Do Miocárdio: aterosclerose torna-se suficiente-mente grave a
4.1 Definição: O infarto agudo do miocárdio ponto de causar complicações, o médico deve
(IAM) é uma situação grave causado pelo tratar as complicações – angina, infarto do
estreitamento de uma artéria coronária pela miocárdio, arritmias cardíacas, insuficiência
aterosclerose, ou pela obstrução total de uma cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular
coronária por êmbolo ou trombo, ocasionando a cerebral ou obstrução de artérias periféricas.
necrose de áreas do miocárdio. 4.3 Manifestações clínicas do IAM:
É a redução do fluxo sangüíneo A dor torácica é o principal sintoma
também pode ser resultante de choque ou associado ao IAM. É descrita como uma dor
hemorragias Pode ser confundida com sintomas súbita, subesternal, constante e constritiva, que
mais corriqueiros, tais como: flatulência, dor pode ou não se irradiar para várias partes do
muscular, tensões, dentre outros. corpo, como a mandíbula, costas, pescoço e
Vale lembrar que na angina o membros superiores (especialmente a face
suprimento de sangue é reduzido interna do membro superior esquerdo). Muitas
temporariamente, provocando a dor, enquanto vezes, a dor é acompanhada de taquipnéia,
no IAM ocorre uma interrupção abrupta do taquisfigmia, palidez, sudorese fria e pegajosa,
fluxo de sangue para o miocárdio. tonteira, confusão mental, náusea e vômito.

19
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

A qualidade, localização e doenças, distúrbios eletrolíticos ou intoxicação


intensidade da dor associada ao IAM pode ser medicamentosa. A freqüência cardíaca normal
semelhante à dor provocada pela angina. As varia de acordo com a idade - quanto menor a
principais diferenças são: a dor do IAM é mais idade, maior a freqüência. No adulto, pode
intensa; não é necessariamente produzida por oscilar entre 60 a 100 batimentos por minuto
esforço físico e não é aliviada por nitroglicerina (bpm). As arritmias de freqüência podem
e repouso. A dor decorrente do IAM quase apresentar-se como taquicardia (acima de 10
sempre vem acompanhada da sensação de bpm), bradicardia (abaixo de 60 bpm),
“morte iminente. fibrilação e flutter atrial (freqüência igual ou
4.4 Diagnóstico: O Geralmente se baseia na acima de 300 bpm).
história da doença atual, no eletrocardiograma e 5.2 Manifestações Clínicas: Dor no peito,
nos níveis séricos (sangüíneos) das enzimas palpitações, falta de ar, desmaio, alteração do
cardíacas. O prognóstico depende da extensão pulso e do eletrocardiograma (ECG),
da lesão miocárdica. O tratamento pode ser hipotensão, insuficiência cardíaca, choque.
clínico ou cirúrgico, dependendo da extensão e 5.3 Diagnósticos:
da área acometida. O eletrocardiograma (ECG) registra a
Os profissionais de saúde precisam atividade elétrica do coração, permitindo
estar atentos para um diagnóstico precoce, tendo diagnosticar uma vasta gama de distúrbios
em vista que esta é uma das maiores causas de cardíacos. Eletrodos são conectados aos pulsos,
mortalidade. O atendimento imediato, ao cliente tornozelos e peito. São ativados 2 eletrodos de
infartado, garante a sua sobrevivência e/ou uma cada vez. Cada registro representa a atividade
recuperação com um mínimo de seqüelas. O elétrica de uma região do coração. Quando
idoso nem sempre apresenta a dor constritiva auxiliar este procedimento, oriente a pessoa a
típica associada ao IAM, em virtude da menor ficar relaxada e imóvel, isto poderá acalmá-la.
resposta dos neurotransmissores, que ocorre no
período de envelhecimento, podendo assim Bradicardia
passar despercebido.
4.5 Assistência de enfermagem deve englobar
os seguintes aspectos:
 Proporcionar um ambiente adequado
para o repouso físico e mental;
 Fornecer oxigênio e administrar
opiáceos (analgésico e sedativo) e
ansiolíticos prescritos para alívio da Fibrilação
dor e diminuição da ansiedade;
 Prevenir complicações, observando
sinais vitais, estado de consciência,
alimentação adequada, eliminações
urinária e intestinal e administração de
trombolíticos prescritos; Sem atividade elétrica PCR
 Auxiliar nos exames complementares,
como eletrocardiograma, dosagem das
enzimas no sangue, eco-cardiograma,
dentre outros;
 Atuar na reabilitação, fornecendo
informações para que o cliente possa
5.4 Tratamento:
dar continuidade ao uso dos
O tratamento é feito com
medicamentos, controlar os fatores de
medicamentos antiarrítmicos, cardioversão
risco, facilitando, assim, o ajuste
elétrica e implantação de marcapasso.
interpessoal, minimizando seus medos
5.5 Ações de enfermagem: devem estar
e ansiedades;
voltadas para:
 Repassar tais informações também à
 Transmitir segurança à pessoa que
família.
apresenta arritmia, estabelecendo
diálogo, possibilitando à mesma expor
5. Arritmias Cardíacas:
seus sentimentos de impotência e
5.1 Definição: As arritmias são distúrbios da
insegurança, a fim de diminuir sua
freqüência e do ritmo cardíacos causados por
ansiedade;
alterações no sistema de condução do coração.
Podem ocorrer em pessoas com o coração
normal ou ainda como resposta a outras

20
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Proporcionar sono e repouso  Fazer caminhada ou outros exercícios


adequados, garantindo ambiente livre físicos;
de ruídos;  Utilizar as meias elásticas de cano
 Monitorizar sinais vitais; longo, especialmente mulheres
 Oferecer oxigênio, se necessário, para grávidas;
reduzir a hipóxia causada pela arritmia;  Avise seu médico se você tem um
 Observar os cuidados com a histórico de varizes, e faz uso de
administração de antiarrítmico estrógenos;
(verificação de pulso antes e após a  Evite fumar;
dosagem prescrita);  Procurar evitar traumatismo no braço
 Orientar a família e a pessoa acometida ou na perna (causado por uma queda)
sobre os procedimentos a serem ou lesões das veias (causadas por
realizados; e, quando a alta for dada, injeções ou agulhas de aceso venoso);
 Destacar a importância do controle do  Se estiver confinado a uma cama ou
estresse, de se evitar o uso do fumo e cadeira, alongue-se com freqüência;
reduzir a ingestão de cafeína (café, chá  Estique os pés como se estivesse
mate, chá preto, refrigerantes a base de pisando em um acelerador e depois
cola). relaxe;
 Faça movimentos com um pé e depois
6. Varizes, Flebite E Trombose: com o outro.
6.1 Definições: 6.4 Tratamento:
Varizes são várias superfícies anormalmente  Farmacológico: anticoagulantes;
dilatadas provocadas por incompetência da  Cirúrgico: fazendo a ligação de veias;
circulação venosa.  Paliativo: que a escleroterapia, uma
A flebite é uma inflamação que ocorre na veia. substância química é introduzida
A trombose é quando se forma um coágulo de dentro da veia.
sangue no interior do vaso sanguíneo.
Quando as duas situações anteriores UNIDADE IV - ASSISTÊNCIA DE
ocorrem simultaneamente, chamamos de ENFERMAGEM AFECÇÕES DO
trombloflebite. SISTEMA HEMATOLÓGICO
6.2 Fatores de Risco: As veias varicosas Relembrando:
afetam as mulheres especialmente grávidas e Elementos Figurados Do Sangue:
pessoas cujas ocupações exijam ficar em pé ou  GlóbulosBrancos:leucócitos,macrófag
sentados por períodos prolongados. os,basófilos,neutrófilos,monócitos,eosi
Ocorre com mais freqüência nos nófilos;
membros inferiores, porém possam acontecer  GlóbulosVermelhos:eritrócitos,hemáci
em outras partes do organismo ( ex: varizes as,hemoglobina,hematócrito;
esofágicas).Também pode ocorrer em pessoas  Plaquetas
com Câncer, obesos, mulheres que fazem uso de  Plasma: parte líquida do sangue.
contraceptivo oral, em coagulopatia, cirurgias.
6.3 Manifestações Clínicas: 1. Anemia:
Quando apenas as veias superficiais 1.1 Definição: Anemia é definida pela
são afetadas, a pessoa pode não apresentar Organização Mundial de Saúde (OMS) como a
sintomas, mas pode ser perturbada pela condição na qual o conteúdo de hemoglobina no
aparência das veias dilatadas. Os sintomas sangue está abaixo do normal como resultado da
quando presentes podem tomar a forma de dor carência de um ou mais nutrientes essenciais,
contínua, câimbras e fadiga muscular seja qual for a causa dessa deficiência. Diz-se
aumentada nas pernas, edema de tornozelo e haver anemia quando a concentração da
sensação de peso. Quando ocorre obstrução hemoglobina sanguínea diminui aquém de
venosa profunda os sinais e sintomas são> níveis arbitrados pela Organização Mundial de
edema, dor, pigmentação e ulcerações, infecção. Saúde em 13 g/dL para homens, 12 g/dL para
* Medidas Preventivas: mulheres, e 11 g/dL para gestantes e crianças
 Evitar meias e cintos apertados; entre 6 meses e 6 anos. As anemias podem ser
 Evitar cruzar as pernas na altura das causadas por deficiência de vários nutrientes
coxas ou sentar ou ficar em pé por como Ferro, Zinco, Vitamina B12 e proteínas.
longos períodos; 1.2 Etiologia: As causas principais de anemia
 Mudar freqüentemente de posição, são: perda excessiva de sangue; deficiências e
especialmente os acamados; anomalias de produção de hemácias, e
 Elevar as pernas quando estiverem destruição excessiva de hemácias.
cansadas;

21
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

1.3 Classificação: As anemias se classificam de absorção é menor. Os cereais de modo


acordo com o tamanho das hemácias: geral, e em particular o feijão e a
a) Microcíticas: anemia ferropriva (a lentilha, são ricos em ferro. Uma dieta
mais comum de todas), equilibrada, portanto, deve suprir a
hemoglobinopatias (talassemia, necessidade diária de ferro, que é de
hemoglobinopatia C, hemoglobinopatia 1mg, para compensar o consumo desse
E), secundárias a algumas doenças mineral, uma vez que a vida média do
crônicas, anemia sideroblástica. glóbulo vermelho e da hemoglobina é
b) Macrocíticas: anemia megaloblástica, de aproximada-mente 120 dias.
anemia perniciosa, alcoolismo, devido 2) Anemia Perniciosa - A vitamina B12,
ao uso de certos medicamentos cujo nome científico é
(Metrotrexato, Zidovudina) cianocobalamina, foi isolada e
c) Normocítica: por perda de sangue, identificada a partir de um extrato de
anemia aplásica, anemia falciforme, fígado, em 1948. É indispensável, na
secundárias a doenças crônicas. espécie humana, para a proliferação
 Algumas anemias: dos glóbulos do sangue e para a
1) Anemia Ferropriva - é muito mais manutenção da integridade das células
comum que as demais (estima-se que nervosas. A vitamina B12 só existe no
90% das anemias sejam causadas por reino animal; os vegetarianos restritos
carência de Ferro). O Ferro é um (que não comem nenhum produto de
nutriente essencial para a vida e atua origem animal), raríssimos no Brasil,
principalmente na sínte-se (fabricação) desenvolvem a carência. A falta de
das células vermelhas do sangue e no vitamina B12 causa anemia e
transporte do Oxigênio para todas as alterações neurológicas, que são
células do corpo. Crianças, gestantes, progressivas e mortais se não houver
lactantes (mulheres que estão tratamento
amamentando), meninas adolescentes e  Sintomas: glossite (língua vermelha e
mulheres adultas em fase de ardente) surge dormências, depois falta
reprodução são os grupos mais de sensibilidade, nas extremidades;
afetados pela doença, muito embora deterioração mental irreversível.
homens -adolescentes e adultos- e os  Diagnóstico: O hemograma mostra
idosos também possam ser afetados por que a anemia é macrocítica, isto é,
ela. caracterizada pela presença de
 Sintomas: Os sinais e sintomas da eritrócitos (glóbulos vermelhos)
carência de ferro são inespecíficos, maiores que o usual. A dosagem de
necessitando-se de exames vitamina B12 no soro sangüíneo é útil
laboratoriais (sangue) para que seja para o diagnóstico.
confirmado o diagnóstico de Anemia  Tratamento: Consiste na reposição
Ferropriva. Os principais sinais e através de injeção intramuscular de
sintomas são: fadiga generalizada, vitamina B12; dois ou três dias após a
anorexia (falta de apetite), palidez de primeira injeção, o paciente sente-se
pele e mucosas (parte interna do olho, eufórico, bem disposto e com apetite.
gengivas), menor disposição para o A anemia cura-se em poucas semanas;
trabalho, dificuldade de aprendizagem os sintomas neurológicos de modo
nas crianças, apatia. mais lento. Como a gastrite atrófica é
 Diagnóstico: O hemograma mostra a uma doença definitiva, o tratamento
anemia, caracterizada pela presença de com uma injeção mensal de B12 deve
glóbulos vermelhos menores que o ser mantido por toda a vida.
normal (microcitose), por faltar-lhes 3) Anemia Aplásica - É uma doença
conteúdo hemoglobínico. A dosagem devido a uma alteração na função da
plasmática da ferritina, forma química medula óssea, onde existe uma falência
de armazenamento do ferro no na produção de células sanguíneas. A
organismo, mostra-a muito baixa ou pancitopenia (número insuficiente de
ausente. eritrócitos, leucócitos e plaquetas),
 Tratamento: A anemia ferropriva afeta clientes de todas as idades e
cura-se em dois a três meses com a ambos os sexos. (Luckmann e
administração de sulfato ferroso oral, Sorensen, 1993). Os agentes
além de uma dieta rica em carne etiológicos fazem com que a medula
vermelha, vegetais de folhas escuras óssea pare de produzir células
também contêm muito ferro, mas sua sanguíneas. O início da anemia

22
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

aplásica pode ser insidioso ou rápido. gene da hemoglobina falciforme e um


Nos casos hereditários, o início gene da hemoglobina normal.Como a
geralmente é gradual. Quando a condição de portador do traço
insuficiência de medula óssea resulta falciforme é um estado benigno, muitas
de uma mielotoxina, o início pode ser pessoas não estão cientes de que o
“explosivo”. Caso a condição não possuem. Quando duas pessoas
reverter, quando o agente agressor é portadoras do traço falciforme
removido, ela pode ser fatal. resolvem ter filhos(s), é importante que
 Sintomas: fraqueza e fadigas leves e saibam que para cada gestação há
progressivas; sangramento costuma ser leve, possibilidade de um para quatro de que
mas em certas ocasiões consiste em a criança tenha doença falciforme; há
hemorragia da retina ou do sistema nervoso possibilidade de uma em duas de que a
central; presença de petéquias ou de criança tenha o traço da falciforme e a
equimose na pele, mucosas, conjuntivas e chance de um em quatro de que tenha a
fundo do olho. hemoglobina normal. A anemia
 Diagnóstico: Hemograma e esfregaço de falciforme é mais freqüente na
sangue periférico: mostram diminuição nos população negra e seus descendentes,
números de eritrócitos e plaquetas. mas ocorre também em brancos. A
Aspiração e biópsia da medula óssea: a anemia falciforme não é contagiosa. As
medula óssea está hipocelular ou vazia, com pessoas portadoras necessitam de
um hematopoiese, bastante reduzido ou cuidados especiais de saúde, desde a
ausente. infância.
 Tratamento: Nos casos de pacientes com  Traço Falciforme: A Anemia
aplasia leve deve-se procurar os possíveis Falciforme não deve ser confundida
agentes etiológicos, na expectativa de uma com o traço falciforme. Traço
recuperação espontânea. O tratamento pode falciforme significa que a pessoa é tão
ajudar a prevenir perigosas complicações. É somente portadora da doença, com vida
utilizado: hemotransfusão, transplante da social normal.
medula óssea, terapia com o  Sinais e sintomas de anemia
imunossupressor e terapia de apoio. falciforme: crises dolorosas: dor em
 Prognóstico: A evolução do processo pode ossos, músculos e juntas associadas ou
ser aguda e conduzir à morte dentro de não a infecções, exposições ao frio,
poucos dias, com o quadro de hemorragias esforços etc.; palidez, cansaço fácil,
repetidas, necrose e septicemia generalizada icterícia (cor amarelada, visível
ou prosseguir durante meses ou mesmo principalmente no branco do olho);
vários anos: vinte e cinco por cento dos úlceras (feridas) nas pernas nas
pacientes morrem antes de três meses e crianças pode haver inchaço muito
cinqüenta por cento sobrevivem até vinte doloroso nas mãos e nos pés; pode
meses. haver também seqüestro do sangue no
4) Anemia Falciforme - A Anemia baço causando palidez muito grande, às
Falciforme é uma doença genética e vezes desmaio e aumento do baço (é
hereditária, causada por anormalidade uma emergência); maior tendência a
de hemoglobina dos glóbulos infecções.
vermelhos do sangue. Esses glóbulos  Tratamento: medicação para dor,
vermelhos perdem a forma discóide, antibióticos, aumento da oferta de
enrijecem-se e deformam-se, tomando líquidos, transfusão sanguínea, repouso
a formato de “foice”. Os glóbulos no leito e cirurgia.
deformados, alongados, nem sempre  Aconselhamento genético: pessoas
conseguem passar através de pequenos que apresentam risco de gerar filhos
vasos, bloqueando-os e impedindo a com hemoglobinopatias graves têm o
circulação do sangue nas áreas ao direito de ser in-formadas, através do
redor. Como resultado causa dano ao aconselhamento genético, a respeito de
tecido circunvizinho e provoca dor. A todas as implicações dessas doenças.
forma comum da Anemia Falciforme  Cuidados de enfermagem
(Hbss) acontece quando uma criança  Incentivar ingestão de alimentos ricos
herda um gene da hemoglobina em vitaminas e minerais 3 vezes ao dia.
falciforme da mãe e outro do pai. É  Proporcionar ambiente adequado a uma
necessário que cada um dos pais tenha melhor aceitação da dieta.
pelo menos um gene falciforme, o que
significa que cada um é portador de um

23
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Informar o paciente da importância da roxas) que se tornam mais evidentes quando a


alimentação para a recuperação da sua criança começa a andar e a cair. No entanto,
saúde. quando acometem a musculatura das costas, não
 Envolver a família na orientação de um costumam exteriorizar-se. Nos quadros leves, o
plano dietético para o pós-alta. sangramento ocorre em situações como
cirurgias, extração de dentes e traumas.
2. Hemofilia: 2.5 Tratamento: O tratamento da hemofilia
evoluiu muito e, basicamente, consiste na
reposição do fator anti-hemofílico. Paciente com
hemofilia A recebe a molécula do fator VIII, e
com hemofilia B, a molécula do fator IX. Os
hemocentros distribuem gratuitamente essa
medicação que é fornecida pelo Ministério da
Saúde.
Quanto mais precoce for o início do
tratamento, menores serão as seqüelas que
deixarão os sangra-mentos. Por isso, o paciente
deve ter em casa a dose de urgência do fator
anti-hemofílico específico para seu caso e ser
treinado para aplicá-la em si mesmo tão logo
2.1 Definição: é uma doença genético- apareçam os primeiros sintomas. Deve também
hereditária que se caracteriza por desordem no fazer também aplicações de gelo, no mínimo,
mecanismo de coagulação do sangue e três vezes por dia, por 15 ou 20 minutos, até que
manifesta-se quase exclusivamente no sexo a hemorragia estanque. Vencida a fase aguda, o
masculino. portador de hemofilia deve ser encaminhado
2.2 Tipos: Existem dois tipos de hemofilia: A e para fisioterapia a fim de reforçar a musculatura
B. A hemofilia A ocorre por deficiência do fator e promover estabilidade articular.
 Recomendações ·
VIII de coagulação do sangue e a hemofilia B,
 Os pais devem procurar
por deficiência do fator IX. A doença pode ser assistência médica se o filho
classificada, ainda, segundo a quantidade do apresentar sangramentos
fator deficitário em três categorias: grave (fator freqüentes e desproporcionais
menor do que 1%), moderada (de 1% a 5%) e ao tamanho do trauma;
leve, acima de 5%. Neste caso, às vezes, a  Manchas roxas que aparecem
enfermidade passa despercebida até a idade no bebê quando bate nas
grades do berço podem ser um
adulta.
sinal de alerta para
2.3 Causa: O gene que causa a hemofilia é diagnóstico da hemofilia;
transmitido pelo par de cromossomos sexuais  Os pais precisam ser
XX. Em geral, as mulheres não desenvolvem a orientados para saber como
doença, mas são portadoras do defeito. O filho lidar com o filho hemofílico e
do sexo masculino é que pode manifestar a devem estimular a criança a
enfermidade. crescer normalmente;
Além dos sinais clínicos, o diagnóstico é feito  A prática regular de exercícios
por meio de um exame de sangue que mede a que fortaleçam a musculatura
dosagem do nível dos fatores VIII e IX de é fundamental para os
coagulação sangüínea. hemofílicos. No entanto,
2.4 Diagnóstico: Nos quadros graves e esportes como judô, rúgbi e
moderados, os sangramentos repetem-se futebol são desaconselhados;
espontaneamente. Em geral, são hemorragias  Episódios de sangramento
intramusculares e intra-articulares que devem receber tratamento o
desgastam primeiro as cartilagens e depois mais depressa possível para
provocam lesões ósseas. Os principais sintomas evitar as seqüelas musculares
são dor forte, aumento da temperatura e e articulares causadas pela
restrição de movimentos e as articulações mais hemorragia.
comprometidas costumam ser joelho, tornozelo 2.6 Cuidados de enfermagem:
e cotovelo.  Aconselhar sobre a importância de
Os episódios de sangramento podem conhecer sobre o tratamento;
ocorrer logo no primeiro ano de vida do
 Aumentar a disposição para aprender
paciente sob a forma de equimoses (manchas
sobre a hemofilia e seu tratamento;

24
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Ensinar o processo da doença; Incidência: Conforme Black & Jacobs (1996), a


 Proporcionar suporte emocional; leucemia representa 8% de todos os cânceres
 Orientar modificação do humanos. É a malignidade mais comum nas
comportamento, adaptando-se as crianças e adultos jovens, 50% das leucemias
limitações impostas pela hemofilia; são classificadas como agudas, as demais,
 Ensinar habilidade psicomotora para classificadas como crônicas. As agudas têm
realizar auto-infusão ou infusão maior incidência em crianças de 02 a 04 anos,
domiciliar; diminuindo com a idade. As crônicas ocorrem
 Administrar fatores de coagulação mais em pessoas com 25 a 60 anos.
conforme prescrição médica; 3.2 Manifestações clínicas: podem incluir:
 Realizar a crioterapia; petéquias (pequenas manchas hemorrágicas);
 Orientar o repouso e imobilização do equimoses (manchas azuladas decorrentes de
membro durante o sangramento. extravasamento de sangue para a pele); epistaxe
(sangramento nasal), sangramento gengival,
 Promover a terapia com atividades
hemorragias na retina ou em qualquer orifício
físicas recomendadas para fortalecer os
corporal; palidez; fadiga; dispnéia; febre;
músculos;
infecção; esplenomegalia (aumento do baço);
 Orientar quanto a prática de esportes
hepatomegalia (aumento do fígado); dor óssea e
recomendados;
nas articulações; efeitos neurológicos
 Orientar a terapia para controle da secundários à infiltração no sistema nervoso
energia e do equilíbrio; central, tais como: desorientação, sonolência,
 Manter cuidados com torpor.
tração/imobilização; 3.3 Etiologia: A causa exata é desconhecida,
 Promover relaxamento muscular e mas, existem vários fatores a ela associados:
alongamento.  Exposição à radiação e substâncias
 Administrar analgésico, conforme químicas (ex. Benzeno);
prescrito;  Anomalias genéticas (ex. Síndrome de
 Informar sobre analgésicos que devem Down);
ser evitados: como aspirina,  Presença de uma deficiência imune
fenilbutazona, dipirona, indometacina; primária
 Monitorar grau e desconforto da dor;  Infecção pelo vírus leucocitário
 Diante de sangramentos instituir humano (HTLV – 1: Vírus que infecta
rapidamente a terapêutica substitutiva as células T);
com o fator de coagulação;  Fator genético.
 Administrar fatores de coagulação Existem quatro categorias dos
preventivamente antes de atividades principais tipos de leucemia: leucemias mielóide
que ofereçam riscos; agudas e crônicas e leucemias linfóides agudas e
 Orientar e ensinar precauções contra crônicas.
sangramentos;  Leucemia aguda é progressiva e afeta
 Controlar comportamento de auto- células primitivas, perdendo a
lesão; capacidade de desempenho das
 Melhorar o enfrentamento nas crises funções. Ocorre o crescimento rápido
hemorrágicas. de células sanguíneas imaturas. Torna a
medula óssea incapaz de produzir
3. Leucemia: células sanguíneas saudáveis.Acomete
3.1 Definição: A leucemia é uma neoplasia maior número de crianças e leva a
maligna dos órgãos formadores de sangue. Ela morte em semanas.
tem como principal característica o acúmulo de  Leucemia crônica progride mais
células jovens (blásticas) anormais na medula lentamente permitindo o crescimento
óssea, que substituem as células sangüineas de maior número de células, já que
normais. A medula é o local de formação das podem ser capazes de exercer algumas
células sangüíneas, ocupa a cavidade dos ossos de suas funções normais.ocorre um
(principalmente esterno e bacia) e é conhecida acúmulo de células sanguíneas
popularmente por tutano. Nela são encontradas relativamente maduras,porém ainda
as células mães ou precursoras, que originam os assim anormais.Acomete idosos e pode
elementos figurados do sangue: glóbulos durar por 15 anos.
brancos, glóbulos vermelhos (hemácias ou  Leucemia Mielóide: caracteriza-se em
eritrócitos) e plaquetas. A quantidade normal de anormalidade genética adquirida.
leucócitos no plasma é de 4 – 11 mil/m³ de Anormalidade nos cromossomos de
sangue. números 0 à 22.

25
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Leucemia Linfóide: leva a um número sintomas, mas raramente a cura. Tão importante
aumentado de células linfóides. quanto o tratamento do câncer em si, é a atenção
Alterações a nível de DNA. dada aos aspectos sociais Do indivíduo, uma
3.4 Diagnóstico: A suspeita do diagnóstico é vez que o paciente deve receber atenção
reforçada pelo exame físico. O paciente pode integral, inseridos no seu contexto familiar. A
apresentar palidez, febre, aumento do baço cura não deve se basear somente na recuperação
(esplenomegalia) e sinais decorrentes da biológica, mas também no bem-estar e na
trombocitopenia, tais como epistaxe qualidade de vida do paciente. Neste sentido,
(sangramento nasal), hemorragias conjuntivais, não deve faltar ao paciente e à sua família,
sangramentos gengivais, petéquias (pontos desde o início do tratamento, o suporte
violáceos na pele) e equimoses (manchas roxas psicossocial necessário, o que envolve o
na pele). Na análise laboratorial, o hemograma comprometimento de uma equipe
estará alterado, porém, o diagnóstico é multiprofissional e a relação com diferentes
confirmado no exame da medula óssea setores da sociedade, envolvidos no apoio às
(mielograma). famílias e à saúde do doente.
3.5 Tratamento: Como geralmente não se 3.6 Cuidados de enfermagem
conhece a causa da leucemia, o tratamento tem  Justificar as técnicas de lavagem das
o objetivo de destruir as células leucêmicas, mãos para qualquer pessoa que entre
para que a medula óssea volte a produzir células em contato com o cliente.
normais. O grande progresso para obter cura  Fazer uso de luvas e anti-sepsia
total da leucemia foi conseguido com a rigorosa da pele para instalar infusões.
associação de medicamentos  Estabelecer uso de máscaras para
(poliquimoterapia), controle das complicações pessoas que prestam cuidados direto ao
infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou cliente.
combate da doença no sistema nervoso central  Fazer e orientar higiene oral cuidadosa
(cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, 3 a 6 vezes ao dia.
é indicado o transplante de medula óssea.  Ajudar o cliente no banho diário,
O tratamento é feito em várias fases. usando sabão bactericida.
A primeira tem a finalidade de atingir a  Colocar o cliente em quarto individual
remissão completa, ou seja, um estado de e orientar para que evite o contato com
aparente normalidade que se obtém após a portadores de doenças contagiosas.
poliquimioterapia. Esse resultado é conseguido  Promover repouso no leito durante
entre um e dois meses após o início do episódios de sangramento.
tratamento (fase de indução de remissão),
 Informar o cliente sobre a terapia,
quando os exames não mais evidenciam células
procedimentos diagnóstico e
leucêmicas. Isso ocorre quando os exames de
terapêutico, explicando a finalidade e
sangue e da medula óssea (remissão
importância de cada um, antecipando
morfológica) e o exame físico (remissão clínica)
possíveis reações e efeitos colaterais.
não demonstram mais anormalidades.
 Informar antecipadamente ao cliente, a
Entretanto, as pesquisas comprovam
possível ocorrência da perda do cabelo
que ainda restam no organismo muitas células
com a quimioterapia. Explicar, que a
leucêmicas (doença residual), o que obriga a
alopécia é temporária;
continuação do tratamento para não haver
recaída da doença. Nas etapas seguintes, o  Procurar incluir familiares e pessoas
tratamento varia de acordo com o tipo de significativas na atenção e cuidados ao
leucemia (linfóide ou mielóide), podendo durar cliente.
mais de dois anos nas linfóides e menos de um  Adotar cuidados especiais, quando for
ano nas mielóides. São três fases: consolidação necessário a administração de
(tratamento intensivo com substâncias não medicamentos por via IM e EV, e
empregadas anteriormente); reindução sondas;
(repetição dos medicamentos usados na fase de  Oferecer dieta hipercalórica e
indução da remissão) e manutenção (o hiperprotéica em intervalos regulares;
tratamento é mais brando e contínuo por vários  Estimular ingesta hídrica;
meses). Por ser uma poliquimioterapia  Adotar cuidados especiais na
agressiva, pode ser necessária a internação do realização de tricotomias, lavagens
paciente nos casos de infecção decorrente da intestinais, aplicação de calor;
queda dos glóbulos brancos normais pelo  Observar e relatar freqüência e
próprio tratamento. características das eliminações
O tratamento para leucemia crônica gastrintestinais e vesicais, atentando
pode freqüentemente controlar a doença e seus para presença de sangue;

26
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

 Observar e registrar os efeitos administração de eritrócitos lavados. A lavagem


colaterais dos quimioterápicos; dos eritrócitos re-move quase todos os traços de
 Administrar medicações prescritas, substâncias que podem causar alergia do plasma
obedecendo rigorosamente o horário; do doador. A trombocitopenia (quantidade
 Realizar controle hídrico. muito pequena de plaquetas) pode acarretar
 Transfusão Sanguínea hemorragia espontânea e grave.
A transfusão de sangue é a
transferência de sangue ou de um
hemocomponente (componente do sangue) de
um indivíduo (doador) a outro (receptor). As
transfusões são realizadas para aumentar a
capacidade do sangue de transportar oxigênio,
para restaurar o volume sangüíneo do
organismo, para melhorar a imunidade ou para
corrigir distúrbios da coagulação.
Dependendo do motivo da transfusão,
o médico pode prescrever sangue total ou um
hemocomponente como, por exemplo,
eritrócitos, plaquetas, fatores da coagulação
sangüínea, plasma (a parte líquida do sangue) A transfusão de plaquetas pode
fresco congelado ou leucócitos. Sempre que restaurar a capacidade de coagulação do sangue.
possível, é realizada a transfusão apenas do Os fatores da coagulação do sangue são
hemocomponente que suprirá a necessidade proteínas plasmáticas que normalmente atuam
específica do paciente, e não de sangue total. em conjunto com as plaquetas para auxiliar na
A administração de um coagulação sangüínea. Sem a coagulação, o
hemocomponente específico é mais segura e sangramento não seria interrompido após uma
evita o desperdício dos demais. Graças às lesão.
melhores técnicas de triagem do sangue, as Os concentrados de fatores da
transfusões atualmente são mais seguras que coagulação podem ser administrados aos
nunca. No entanto, elas ainda apresentam riscos indivíduos que apresentam um distúrbio
para o receptor (p.ex., reações alérgicas e hemorrágico hereditário (p.ex., hemofilia). O
infecções). Apesar da chance de infecção pelo plasma também é uma fonte de fatores da
vírus da AIDS ou da hepatite por transfusão ser coagulação sangüínea. O plasma fresco
remota, os médicos estão bem conscientes desse congelado é utilizado no tratamento de
risco e somente a prescrevem quando não existe distúrbios hemorrágicos quando não se sabe
outra alternativa. qual fator da coagulação está faltando ou
 Sangue e Seus Componentes quando não existe concentrado de reposição
Um indivíduo que necessita disponível. Ele também é utilizado quando a
urgentemente de uma grande quantidade de hemorragia é causada por uma produção
sangue (p.ex., alguém que apresenta um insuficiente de proteínas dos fatores da
sangramento intenso) pode receber sangue total coagulação decorrente de uma insuficiência
para ajudar na restauração da circulação e do hepática. Raramente, é realizada a transfusão de
volume líquido. O sangue total também pode ser leucócitos para tratar infecções potencialmente
administrado quando não existe a letais em indivíduos cuja contagem leucocitária
disponibilidade de um determinado componente encontra-se muito reduzida ou cujos leucócitos
separadamente. O componente do sangue mais funcionam de forma anormal. Nessas condições,
comumente transfundido, o concentrado de antibióticos são comumente prescritos.
eritrócitos (mais comumente denominado Algumas vezes, é realizada a
concentrado de hemácias) consegue restaurar a administração de anticorpos (imunoglobulinas),
capa-cidade de transporte de oxigênio do os componentes do sangue que combatem as
sangue. Esse hemocomponente pode ser infecções, para melhorar a imunidade de
administrado a um indivíduo que apresenta uma indivíduos que foram expostos a uma doença
hemorragia ou uma anemia grave. Muito mais infecciosa (p.ex., varicela ou hepatite) ou que
caras que o concentrado de hemácias, os apresentam concentrações baixas de anticorpos.
eritrócitos congelados normalmente são  Precauções e Reações
reservados para as transfusões de tipos de Para minimizar a possibilidade de uma reação
sangue raros. Alguns indivíduos que necessitam durante uma transfusão, os profissionais de
de sangue são alérgicos a ele. Quando as saúde devem tomar várias precauções. Após
medicações não impedem a ocorrência de verificar duas vezes que o sangue que está para
reações alérgicas, pode ser necessária a ser transfundido é destinado ao indivíduo que

27
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

irá recebê-lo, o sangue é lentamente ------------------------------------------UNIDADE


administrado no receptor, cada unidade de V - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
sangue sendo administrada em 2 horas ou mais. NAS AFECÇÕES DO SISTEMA
Como, a maioria das reações adversas ocorrem DIGESTÓRIO
durante os primeiros quinze minutos da
transfusão, o receptor é rigorosamente
observado durante esse período.
Após esse período, o profissional de
enfermagem pode examinar o receptor a cada
30 a 45 minutos e, no caso do indivíduo
apresentar uma reação adversa, ele deve
interromper a transfusão.
A grande maioria das transfusões é
segura e atinge seu objetivo. Ocasionalmente,
no entanto, ocorrem reações leves. As reações
graves e mesmo fatais são raras. As reações
mais comuns são a febre e as reações alérgicas
(hipersensibilidade), que ocorrem em
aproximadamente 1 a 2% das transfusões. Os
sintomas incluem o prurido, a erupção cutânea, O aparelho digestivo, que se estende
o edema, a tontura, a febre e a cefaléia. desde a boca até ao ânus, encarrega-se de
São sintomas menos comuns: dificuldades receber os alimentos, fracioná-los nos seus
respiratórias, chiados e espasmos musculares.
nutrientes (um processo conhecido como
Raramente a reação alérgica é grave o
bastante para representar perigo. digestão), absorver estes nutrientes para a
Existem tratamentos que permitem corrente sanguínea e eliminar do organismo os
transfusões em pessoas que previamente tiveram restos não digeríveis dos alimentos. O trato
reações alérgicas a esse procedimento. Apesar gastrointestinal é composto pela boca, pela
da tipagem cuidadosa e do teste de garganta, pelo esôfago, pelo estômago, pelo
compatibilidade, ainda existem intestino delgado, pelo intestino grosso, pelo
incompatibilidades que acarretam a destruição
reto e pelo ânus. O aparelho digestivo também
dos eritrócitos transfundidos logo após a
realização do procedimento (reação hemolítica). inclui órgãos que se encontram fora do trato
Geralmente, a reação inicia como um gastrointestinal, como o pâncreas, o fígado e a
mal-estar generalizado ou uma ansiedade vesícula biliar.
durante ou imediatamente após a transfusão. 1. Gastrite
Algumas vezes, o indivíduo pode apresentar 1.1 Definição: É a inflamação do revestimento
dificuldade respiratória, pressão torácica, rubor mucoso do estômago.A mucosa do estômago
e dorsalgia intensa. Muito rara-mente, as oferece resistência à irritação e normalmente
reações tornam-se mais graves e mesmo fatais. pode suportar um elevado conteúdo ácido. No
 Tempo De Transfusão: entanto, pode irritar-se e inflamar-se por
 Concentrado de Hemácias/Sangue diferentes motivos.
Total/Plasma: Não ultrapassar 4h; 1.2 Etiologia:
 Crioprecipitado: Máx de 30‟.  Hábitos dietéticos, como: Ingestão de
quantidade excessiva de alimentos;
Anotações: Rápida mastigação; Ingestão de
---------------------------------------------------------- alimentos condimentados, ácidos,
---------------------------------------------------------- corrosivos, contaminados, com
---------------------------------------------------------- temperatura extrema, álcool, etc.;
----------------------------------------------------------  Refluxo biliar;
----------------------------------------------------------  Uso de certas drogas como a aspirina,
---------------------------------------------------------- drogas antiinflamatórias não-esteróides
---------------------------------------------------------- (DAINE), digital, quimioterápicos, etc.
----------------------------------------------------------  Distúrbios como: uremia, choque,
---------------------------------------------------------- lesões do SNC, cirrose hepática,
---------------------------------------------------------- hipertensão hepática, tensão emocional
---------------------------------------------------------- prolongada, etc.
---------------------------------------------------------- 1.3 Tipos:
---------------------------------------------------------- a) Gastrite bacteriana segue-se
---------------------------------------------------------- normalmente a uma infecção por

28
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

organismos como o Helicobacter  Cólicas, diarréia 5 horas após a


pylori (bactérias que crescem nas ingestão de substâncias ou alimentos
células secretoras de muco do contaminados;
revestimento do estômago). Não se  Hematêmese, às vezes.
conhecem outras bactérias que se 1.4 Diagnóstico: O médico suspeita duma
desenvolvam em ambientes gastrite quando o paciente tem dores na parte
normalmente ácidos, como o do alta do abdome, bem como náuseas ou ardor. Se
estômago, embora muitos tipos possam os sintomas persistirem, muitas vezes não são
fazê-lo no caso de o estômago não necessárias análises e começa-se o tratamento
produzir ácido. Tal crescimento em função da causa mais provável.
bacteriano pode provocar gastrite de Se a gastrite se mantiver ou reaparecer, deve-se
forma transitória ou persistente. procurar a causa, por exemplo, uma infecção,
b) Gastrite aguda por stress, o tipo mais analisa os hábitos dietéticos, o consumo de
grave de gastrite, é provocada por uma medicamentos e a ingestão de álcool. A gastrite
doença ou lesão grave de aparecimento bacteriana pode ser diagnosticada com uma
rápido. A lesão pode não afetar o biopsia.
estômago. Por exemplo, são causas 1.5 Tratamento:
freqüentes as queimaduras extensas e  Farmacológico: anti-heméticos;
as lesões que provocam hemorragias antiácidos, etc.
maciças.  Regime dietético.
c) Gastrite erosiva crônica pode ser Muitos especialistas tratam uma
secundária a substâncias irritantes infecção por Helicobacter pylori se provocar
como os medicamentos, sintomas. Por vezes, pode ser difícil eliminar o
d) Gastrite viral ou por fungos pode Helicobacter pylori do estômago.
desenvolver-se em doentes crônicos ou 1.6 Cuidados de enfermagem
imunodeprimidos.  Proporcionar conforto e segurança, um
e) Gastrite Eosinófila pode resultar ambiente repousante, calmo e
duma reação alérgica a uma infestação tranqüilo;
por certos vermes (nemátodos).  Manter uma ventilação adequada no
f) Gastrite atrófica ocorre quando os ambiente;
anticorpos atacam o revestimento  Dar apoio psicológico, ouvir com
mucoso do estômago, provocando o atenção e anotar as queixas do
seu adelgaçamento e perda de muitas paciente;
ou de todas as células produtoras de  Orientar as visitas e familiares para
ácido e de enzimas. evitar conversas que perturbem o
g) Doença de Ménétrier é um tipo de paciente;
gastrite de causa desconhecida. Nesta,  Diminuir a atividade motora do
as paredes do estômago desenvolvem estômago oferecendo uma dieta branda
pregas grandes e grossas, glândulas e várias vezes ao dia;
volumosas e quistos cheios de líquido.  Higiene oral 3 vezes ao dia com uma
Cerca de 10 % dos afetados solução anti-séptica;
desenvolvem cancro do estômago.  Verificar e anotar os SSVV 4/4 horas;
h) Gastrite de células plasmáticas é
 Administrar a medicação prescrita com
outra forma de gastrite de origem
controle rigoroso do horário.
desconhecida. Nesta doença, as células
plasmáticas (um tipo de glóbulos
2. Úlcera Péptica
brancos) acumulam-se nas paredes do
estômago e noutros órgãos.
A gastrite também pode ser induzida
pela ingestão de agentes corrosivos, como os
produtos de limpeza, ou pelos elevados níveis
de radiação (por exemplo, na radioterapia).
 Sintomas
 Os sintomas variam conforme o tipo de
gastrite.
 Desconforto epigástrico;
 Hipersensibilidade abdominal;
 Eructação, náuseas e vômitos;

29
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

2.1 Definição: É uma ferida bem definida, ingestão de leite, de alimentos ou de antiácidos
circular ou oval, causada por o revestimento do normalmente alivia-a, mas costuma voltar duas
estômago ou do duodeno ter sofrido lesão ou ou três horas depois.
simples erosão pelos ácidos gástricos ou pelos Os sintomas das úlceras gástricas
sucos duodenais. Quando a úlcera é pouco não seguem muitas vezes os mesmos padrões
profunda, denomina-se erosão. que as úlceras duodenais, visto que o comer
A pepsina é uma enzima que trabalha pode desencadear ou aumentar a dor mais do
juntamente com o ácido clorídrico produzido que aliviá-la. As úlceras gástricas são mais
pela mucosa gástrica para digerir os alimentos, propensas a provocar edema da porção do
sobretudo as proteínas. A úlcera péptica forma- estômago que se abre para o duodeno, o que
se no revestimento do trato gastrointestinal pode impedir que a comida saia adequadamente
exposto ao ácido e às enzimas digestivos do estômago. Isto pode provocar distensão do
(principalmente do estômago e do duodeno). Os abdome, náuseas ou vômitos depois das
nomes das úlceras identificam a sua localização refeições.
anatômica ou as circunstâncias em que se Quando surgem complicações das
desenvolvem. úlceras pépticas, como a hemorragia ou a
A úlcera duodenal, o tipo mais perfuração, os sintomas agravam-se.
comum de úlcera péptica, surge no duodeno (os 2.4 Diagnóstico: Deve-se suspeitar da presença
primeiros centímetros de intestino delgado duma úlcera quando a pessoa sente uma dor
imediatamente a seguir ao estômago). As característica no estômago. Pode ser necessário
úlceras gástricas, que são as menos freqüentes, fazer exames para confirmar o diagnóstico, Para
normalmente situam-se na parte alta da facilitar o diagnóstico das úlceras e identificar a
curvatura do estômago. Se for extirpada sua origem, o médico pode fazer uso dum
cirurgicamente parte do estômago, podem endoscópio, requerer radiografias com
desenvolver-se úlceras marginais na zona em contraste, analisar o suco gástrico e fazer
que o estômago remanescente voltou a ligar-se análises ao sangue.
ao intestino. A repetida regurgitação de ácido A endoscopia é um procedimento
procedente do estômago para o segmento ambulatório em que se introduz, através da
inferior do esôfago pode provocar inflamação boca, um tubo flexível de visualização
(esofagite) e úlceras esofágicas. As úlceras que (endoscópio) que permite observar diretamente
aparecem como conseqüência do stress derivado o interior do estômago.Com um endoscópio,
duma doença grave, queimaduras ou pode ser feita uma biopsia (obter uma amostra
traumatismos, denominam-se úlceras de stress. de tecido para ser examinada ao microscópio)
2.2 Causas: Uma úlcera desenvolve-se quando para determinar se uma úlcera gástrica é
se alteram os mecanismos de defesa que cancerosa.
protegem o estômago ou o duodeno do suco 2.5 Tratamento: Um dos aspectos do
gástrico (por exemplo, quando se altera a tratamento das úlceras duodenais ou gástricas é
produção da quantidade de muco). Não se o de neutralizar ou diminuir a acidez. Este
conhecem as causas de tais alterações. processo é iniciado com a eliminação de
Praticamente todas as pessoas produzem ácido possíveis agentes irritantes do estômago, como
no estômago, mas só entre 1 % e 10 % os medicamentos antiinflamatórios não
desenvolvem úlceras. esteróides, o álcool e a nicotina. Embora a dieta
2.3 Sintomas: A úlcera típica tende a curar-se e mole possa ocupar um lugar no tratamento da
a recidivar. Os sintomas podem variar conforme úlcera, não existem evidências definitivas que
a localização e a idade do indivíduo. As crianças apóiem a opinião de que tais dietas acelerem a
e as pessoas de idade avançada podem não cura ou evitem as recidivas. No entanto, deverá
apresentar os sintomas habituais ou até nenhum evitar as comidas que possam piorar a dor e a
tipo de sintoma. Nestas circunstâncias, as distensão.
úlceras descobrem-se só quando surgem 1- Antiácidos: Os antiácidos aliviam os
complicações. sintomas, facilitam a cura e diminuem o número
Apenas cerca de metade dos afetados de recidivas das úlceras. A maioria dos
com úlceras duodenais apresentam sintomas antiácidos pode ser adquirida sem receita
típicos: dor, ardor, corrosão, sensação de vazio e médica.
fome. A dor tende a aparecer quando o 2- Medicamentos antiulcerosos: As úlceras
estômago se encontra vazio. A úlcera são normalmente tratadas durante 6 semanas, no
normalmente não dói ao acordar, mas a dor mínimo, com fármacos que reduzam o meio
normalmente começa pelo meio da manhã. A ácido do estômago e do duodeno. Qualquer dos
dor é constante, de intensidade ligeira ou medicamentos antiulcerosos pode neutralizar ou
moderada e localiza-se numa área definida, reduzir o ácido do estômago e aliviar os
quase sempre mesmo abaixo do esterno. A sintomas, geralmente em poucos dias.

30
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Habitualmente, se estes não forem aliviados por Não raro, o sangramento digestivo
completo ou se reaparecerem quando se suprime alto se expressa através da enterorragia –
o fármaco, fazem-se outros exames. (sangramento “vivo” pelo ânus, isolado ou
3- Cirurgia: Só raramente é necessária a misturado com as fezes). Relacionados
cirurgia para as úlceras, se tiver em conta que o diretamente com a perda sangüínea, destacam-
tratamento médico é muito eficaz. A cirurgia é se: taquicardia, dispnéia, hipotensão, pele fria e
reservada principalmente para tratar as até choque hipovolêmico.
complicações duma úlcera péptica, como uma 3.3 Diagnóstico: O objetivo do diagnóstico é
perfuração, uma obstrução que não responde ao identificar e estancar com rapidez o
tratamento farmacológico ou que recidiva, sangramento. Geralmente é realizado pelo
perante duas ou mais crises significativas de exame de endoscopia. A hemorragia do sistema
hemorragia, ou quando existe a suspeita de que digestório é um sinal de problemas digestivos, e
a úlcera é cancerosa e perante recidivas não uma doença em si. Endoscopia - É o
freqüentes e graves duma úlcera péptica. método de escolha para a avaliação do trato
 Complicações: Penetração, perfuração, digestivo superior. Permite determinar a
sangramento, obstrução. presença de sangramento ativo ou recente.
2.6 Cuidados de enfermagem 3.4 Assistência Clínica:
 O mesmo da gastrite. A cirurgia de urgência é indicada nos
casos em que: a hemorragia é grave e não
3. Hemorragia Digestiva: responde às medidas rápidas de reposição
3.1 Definição: É a perda de sangue maciça e volêmica; não é possível realizar a hemostasia
rápida devido a algum trauma. A maioria das pelo endoscópio, se um novo sangramento
causas relaciona-se a afecções que podem ser ocorrer após o tratamento inicial. É importante
curadas ou controladas, podendo não ser grave, que a equipe de enfermagem: avalie a
mas é importante localizar a fonte do quantidade de perda sangüínea nas fezes e
sangramento que pode ser proveniente de através dos vômitos; realize a lavagem gástrica
qualquer área do trato digestório. com solução fisiológica gelada, objetivando a
 Sangramento do Estômago: hemostasia; administre os medicamentos
O estômago é ponto mais freqüente prescritos e monitorize os sinais vitais.
de hemorragia causada por úlceras. O álcool e
medicamentos contendo ácido acetilsalicílico 4. Pancreatite:
podem desenvolver a úlcera gástrica que, ao 4.1 Definição: A pancreatite aguda é definida
aumentar de volume, faz uma erosão em um como um processo inflamatório agudo do
vaso, levando à hemorragia. Pessoas que sofrem pâncreas. Suas causas são: pedras da vesícula
queimaduras, traumatismos cranianos, ou ainda que se deslocam e impedem o escoamento das
aquelas que são submetidas à cirurgia extensa, substâncias produzidas pelo pâncreas; ingestão
podem desenvolver úlceras de estresse. Isso abusiva de álcool e de alguns medicamentos
acontece, devido ao aumento da produção de como corticóides e imunodepressores; tumores
suco gástrico, alterando as paredes do estômago. que obstruem os canalículos do pâncreas;
No trato digestivo baixo, o intestino grosso e o traumatismo pancreático; níveis elevados de
reto são locais freqüentes de hemorragia colesterol e triglicérides e fatores genéticos.
(sangue vivo). O pâncreas é um dos órgãos
A causa mais comum são as acessórios do sistema digestório. Encontra-se
hemorróidas, mas fissuras anais, inflamações, situado no abdômen, atrás do estômago. Ele é
infecções, tumores ou pólipos podem também responsável pela produção do suco pancreático
ser fatores causadores de hemorragias. A que ajuda na digestão e pela produção de
hemorragia pode ainda ser proveniente de hormônios como insulina e glucagon.
tumores benignos ou câncer. Finalmente, à 4.2 Fisiopatologia: um cálculo impede o fluxo
medida que se fica mais velho, anormalidades da bile e de suco pancreático para o duodeno,
nos vasos do intestino grosso podem ser favorecendo na penetração de elementos
desenvolvidas, resultando em sangramento irritantes para o tecido pancreático, que
recorrente. desenvolve uma resposta inflamatória.
3.2 Manifestações clínicas: dor epigástrica, 4.3 Manifestações clínicas: Primeiramente
náuseas,vômitos, febre, ascite, hematêmese podemos destacar a dor severa que se inicia
(vômito com sangra-mento, podendo ser subitamente na região epigástrica, após excesso
vermelho brilhante ou cor de “borra de café” de ingestão alimentar ou de bebida alcoólica.
(quando a hemoglobina sofreu alteração no Irradia para o rebordo costal, piorando ao andar
estômago); melena ( fezes com sangue, de cor e deitar. Melhora quando o cliente senta ou se
enegrecida e fétida). inclina para frente. Ocorrem vômitos, náuseas,
febre, icterícia, ascite. Os casos mais graves

31
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

podem apresentar manifestações clínicas de parte de uma doença sistêmica, da mucosa oral,
choque: taquicardia, hipotensão, desorientação, podendo afetá-la totalmente ou em parte.
extremidades frias e sudorese. 5.2 Tipos:
4.4 Diagnóstico: É indispensável a realização a) Estomatite herpética: causada pelo
de exames complementares, como o exame de herpes vírus;
sangue, onde é avaliada a dosagem da enzima b) Estomatite aftosa: causa desconhecida
amilase sérica, leucocitose e a glicemia. Os e pode estar associada ao estresse,
exames radiográficos mais solicitados são: RX fadiga, ansiedade, estados febris,
do abdômen e do tórax; ultra-som abdominal; exposição excessiva ao sol, deficiência
tomografias computadorizadas. de vitaminas.
4.5 Tratamento: O tratamento inicial da 5.3 Sinais e Sintomas: queimação, tumefação,
pancreatite aguda é basicamente clínico. É halitose, sensação de ardência, dor durante a
indicada a manutenção do jejum para inibir a alimentação (disfagia), gengivas sensíveis e
estimulação e secreção de enzimas pancreáticas. com sangramento, febre.
Caso seja necessário, o aporte calórico será 5.4 Diagnóstico: Anamnese e exame físico e
mantido pela nutrição parenteral total (NPT). A exame laboratorial ( esfregaço do exsudato e
sonda nasogástrica aberta objetiva aliviar culturas virais).
náuseas e vômitos. Medicamentos, como 5.5 Tratamento: Drogas tranquilizantes, dietas
analgésicos, antibióticos e antiácidos, são leves e pastosas, antibióticos, antifúngicos,
administrados conforme prescrição. Deve-se corticóides tópicos, bochechos.
administrar insulina, caso seja preciso. O 5.6 Cuidados de Enfermagem:
tratamento cirúrgico consiste em remover total  Administrar a medicação prescrita;
ou parcialmente o pâncreas. É indicado, entre  Observar o paciente para detectar
outros, em casos de necrose ou de grave sinais e sintomas de infecção;
infecção bacteriana.  Oferecer ao paciente dieta leve e
A equipe de enfermagem tem um pastosa para reduzir a dor;
papel fundamental no tratamento do cliente com  Fazer higiene oral, para evitar a
pancreatite aguda. A manifestação mais visível halitose;
é através das fezes, que se apresentam  Anotar os cuidados prestados ao
esbranquiçadas, fétidas e volumosas. paciente;
4.6 Assistência de Enfermagem:  Checar as medicações administradas.
 Administrar analgésico, conforme
prescrição, para o alívio da dor; 6. Esofagite:
 Explicar a finalidade e importância do 6.1 Definição: é a inflamação da mucosa do
jejum; esôfago, provocada pela ação de substâncias
 Manter a hidratação hídrica e de irritantes.
eletrólitos, prevenindo a desidratação 6.2 Fisiopatologia: O esôfago é a porção do
decorrente de vômitos ou diarréias; tubo digestivo que conecta a garganta (faringe)
 Manter aberta e pérvia a sonda ao estômago.
nasogástrica; As paredes do esôfago impulsionam
 Realizar higiene oral, mantendo os o alimento até o interior do estômago com
lábios umidificados; ondas rítmicas de contrações musculares
 Orientar a necessidade do repouso no denominadas peristaltismo. Próximo à junção da
leito; garganta com o esôfago, existe uma faixa
 Medir a circunferência abdominal, muscular denominada esfíncter esofágico
atentando para alterações; pesar superior. Logo acima da junção do esôfago com
diariamente; o estômago, existe uma outra faixa muscular
 Monitorizar os sinais vitais; denominada esfíncter esofágico inferior.
 Controlar glicemia capilar; Quando o esôfago está em repouso, esses
 Realizar balanço hídrico; esfíncteres contraem e impedem o refluxo de
 Encaminhar o cliente a um grupo de alimento de alimento e de ácido gástrico do
apoio de alcoólicos anônimos ou de estômago para a boca.
autocuidado para Diabetes Mellitus; Durante a deglutição, os esfíncteres
 Orientar a auto-aplicação de insulina, relaxam e, conseqüentemente, o alimento pode
quando indicada. passar para o interior do estômago. Quando
então o esfíncter esofagiano não está
5. Estomatite: funcionando fisiologicamente bem e há
5.1 Definição: É um processo inflamatório, repetidamente retorno de alimentos de alimentos
comum que pode ocorrer isoladamente ou como e suco gástrico do estômago para o esôfago, o

32
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

mesmo torna-se irritado, inflamado e até mesmo  Disfagia;


ulcerado.  Odinofagia;
6.3 Etiologia: Há alguns fatores que provocam  Regurgitação;
a fraqueza deste músculo: refluxo  Caquexia;
gastroesofágico, nicotina, alimentos fritos ou  Dilatação do esôfago;
gordurosos; alimentos e líquidos gelados ou  Pirose;
quentes, derivados da cafeína: chocolate, café,  Perda de peso (pois o alimento não
Bebidas cítricas e alcoólicas; Instalação de chega ao estômago).
sondas gástricas;Ingestão de substâncias 7.5 Diagnóstico: O estudo radiológico do
corrosivas: soda cáustica. esôfago realizado enquanto o paciente ingere
6.4 Sinais e sintomas: uma solução de bário revela a ausência de
 Azia ou pirose: queimação após as peristaltismo. A esofagoscopia (exame do
refeições; esôfago com auxílio de um tubo de visualização
 Disfagia: sensação de dificuldade de flexível e de uma câmera de vídeo) mostra uma
deglutição (devido à estenose de dilatação, mas não uma obstrução. Utilizando
esôfago); um esofagoscópio (tubo de visualização
 Odinofagia: dor com regurgitação de flexível), o médico realiza uma biópsia (coleta
fluido gastroesofágico; amostras de tecido para exame microscópico)
 Sialorréia: salivação excessiva. para certificar-se de que os sintomas não são
6.5 Diagnóstico: Anamnese, Rx de esôfago com causados por um câncer localizado no esôfago.
contraste, endoscopia de esôfago. 7.6 Tratamento: Sedativos e analgésicos; O
6.6 Tratamento e Orientações de objetivo do tratamento é fazer com que o
enfermagem: esfíncter esofágico inferior abra mais
O tratamento da esofagite é feito a facilmente. A primeira abordagem consiste na
base de antiácidos, com intuito de diminuir a dilatação mecânica do esfíncter (p ex. cirurgia –
acidez gástrica e de proteger a mucosa do esofagomiotomia)
esôfago. 7.7 Cuidados de Enfermagem:
 Orientar dieta;  Supervisionar uso de dieta branda;
 Incentivar deambulação para acelerar o  Orientar quanto a alimentação dos
processo de digestão; pacientes;
 Evitar alimentação 2h antes de dormir.  Deambular após as refeições;
 Controlar peso;
7. Megaesôfago Ou Acalasia:
 Evitar alimentos irritantes.
7.1 Conceito:Consiste na dilatação e
alongamento do esôfago, em que a peristalse
8. Colelitíase:
pode se encontrar ausente ou ineficaz.e
8.1 Definição: vesícula biliar é um pequeno
acompanhada de relaxamento do esfíncter
órgão piriforme (forma de pêra) localizado sob
esofagiano. A acalasia (cardioespasmo,
o fígado. A vesícula biliar armazena bile, um
aperistaltismo esofágico, megaesôfago) é a
líquido digestivo amarelo-esverdeado produzido
ausência de movimentos peristálticos no
pelo fígado, até o sistema digestivo necessitá-lo
esôfago distal.
Os cálculos biliares são acúmulos de cristais que
7.2 Etiologia: Hemorragias digestivas; Doença
se depositam no interior da vesícula biliar ou
de Chagas; Diminuição do peristaltismo; Mau
nas vias biliares (condutos biliares). Quando os
funcionamento dos nervos que envolvem o
cálculos biliares localizam-se na vesícula
esôfago e inervam os seus músculos;
biliar, a condição é denominada colelitíase.
Regurgitação.
Quando eles localizam-se nas vias biliares, a
7.3 Fisiopatologia: A descida dos alimentos da
condição é denominada coledocolitíase. Os
boca até o estômago ocorre a deglutição e início
cálculos biliares são mais comuns em mulheres
do peristaltismo, o que leva os alimentos
e em certos grupos de indivíduos (p.ex., nativos
rapidamente e cima para baixo, provocando a
americanos).
abertura da cárdia e a chegada ao estômago,
8.2 Fisiopatologia: O colesterol é insolúvel em
com a freqüente regurgitação de alimentos e
água e contém em grande quantidade na bile.
fluidos, a cárdia se estreita impedindo a
Quando encontra-se supersaturada de colesterol,
passagem dos alimentos do esôfago para o
precipitará a saída para fora da bile. A bile
estômago e isso consequentemente leva a
acumulada favorece a autólise e edema, pois os
dilatação do esôfago. Como o alimento não
vasos sanguíneos são comprimidos,
chega ao estômago e posteriormente ao
comprometendo o suprimento sanguíneo do
organismo, o paciente começa a emagrecer,
órgão.
sentir fraqueza, ficar caquético.
7.4 Sinais e Sintomas:

33
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

8.3 Sintomas: A maioria dos cálculos biliares 9.2 Causas: Hereditariedade, obesidade e
permanece assintomática durante longos calculose biliar. Pode ocorrer após grandes
períodos, principalmente quando eles procedimentos cirúrgicos, traumatismos,
permanecem na vesícula biliar. Raramente, no queimaduras (porque causam desequilíbrio
entanto, os cálculos biliares grandes podem hidroeletrolítico e queda do suprimento
provocar erosão gradativa da parede da vesícula sanguíneo visceral)
biliar e podem penetrar no intestino delgado ou 9.3 Sinais e Sintomas:
no intestino grosso, onde podem causar uma  Dor em quadrante superior direito;
obstrução intestinal (oclusão ileobiliar ou íleo  Rigidez abdominal;
paralítico por cálculo biliar).  Náuseas;
Muito mais freqüentemente, os  Vômito;
cálculos biliares deixam a vesícula biliar e  Icterícia;
alojam-se nas vias biliares. Eles podem circular  Acolia;
por esses condutos e atingir o intestino delgado  Colúria;
sem qualquer incidente ou podem permanecer  Intolerância a alimentos gordurosos;
nos condutos sem obstruir o fluxo biliar ou  Fezes cinzentas.
causar sintomas. Quando os cálculos biliares 9.4 Tratamento:
causam obstrução parcial ou temporária de um  Medicamentos (dissolvem os cálculos
ducto biliar, o indivíduo apresenta dor. formados pelo colesterol);
A dor tende a aumentar e diminuir de  Litotripsia;
intensidade (cólica). Geralmente, essa dor  Colecistectomia;
aumenta lentamente até atingir um platô e, em  Dieta hipolipídica, hipercalórica e
seguida, diminui gradualmente. A dor pode ser hiperproteica (imediatamente após a
aguda e intermitente, durando até algumas cirurgia).
horas.
8.4 Diagnóstico: A ultra-sonografia é o melhor 10. Considerações Gerais Das Demais
método para se diagnosticar a presença de Afecções Digestórias:
cálculos na vesícula biliar. A colecistografia 10.1 Hemorróidas: São tecidos edemaciados
também é eficaz. que contêm veias e que estão localizados nas
8.5 Tratamento: Quando cálculos na vesícula paredes do reto e do ânus. As hemorróidas
biliar causam episódios recorrentes de dor podem inflamar desenvolver um coágulo
apesar das alterações da dieta, o médico pode sangüíneo (trombo), sangrar ou podem tornar-se
recomendar a remoção da vesícula biliar dilatadas e protuberantes. As hemorróidas que
(colecistectomia). A colecistectomia não permanecem no ânus são denominadas
acarreta deficiências nutricionais e não são hemorróidas internas e aquelas que se projetam
exigidas restrições alimentares após a cirurgia. para fora do ânus são denominadas hemorróidas
Aproximadamente 1 a 5 indivíduos externas. Elas podem ser decorrentes do esforço
em cada 1.000 submetidos à colecistectomia repetido para evacuar e a constipação pode fazer
morrem. Durante a cirurgia, o médico pode com que o esforço seja maior. As hepatopatias
investigar a possibilidade de cálculos nas vias (doenças do fígado) aumentam a pressão
biliares. A colecistectomia laparoscópica foi sangüínea na veia porta e, algumas vezes,
introduzida em 1990 e, em um período acarretam a formação de hemorróidas.
surpreendentemente curto, revolucionou a  Tratamento: Normalmente, as
prática cirúrgica. hemorróidas não exigem tratamento,
8.6 Assistência de Enfermagem: exceto quando produzem sintomas. O
 Proporcionar ambiente calmo e uso de emolientes fecais ou de psílio
tranqüilo; (medicamento homeopático) pode
 Observar, comunicar e anotar aceitação aliviar a constipação e o esforço para
de dieta; evacuar que a acompanha. As
 Observar, comunicar e anotar evolução hemorróidas sangrantes são tratadas
de sinais e sintomas; com uma injeção de uma substância
 Cuidados pré-operatórios, se que produz obstrução das veias com
necessário. tecido cicatricial. Este procedimento é
denominado escleroterapia. As
9. Colecistite: hemorróidas internas de grande volume
9.1 Definição: A colecistite aguda é a e as que não respondem à
inflamação da parede da vesícula biliar, escleroterapia são ligadas com faixas
comumente decorrente de um cálculo biliar elásticas.
localizado no ducto cístico, que causa um 10.2 Doença Pilonidal/Cisto Pilonidal: A
episódio de dor súbita de forte intensidade. doença pilonidal é uma infecção causada por um

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pêlo que lesa a pele da região superior do sulco (exame do cólon sigmóide usando um tubo de
interglúteo (divisão entre as nádegas). O visualização flexível). Algumas vezes, é
abscesso pilonidal é o acúmulo de pus no local necessária a realização de outros exames,
da infecção. O cisto pilonidal é uma ferida com inclusive um exame da função dos nervos e dos
drenagem crônica de pus nesse local. músculos da pelve.
Normalmente, a doença pilonidal ocorre em O primeiro passo na correção da
homens brancos jovens e hirsutos. Para incontinência fecal é a tentativa de estabelecer
diferenciá-la de outras infecções, o médico um padrão regular de evacuações que produza
verifica a presença de depressões (pequenos fezes bem formadas. As alterações dietéticas,
orifícios na área infectada ou próximos a ela). incluindo a adição de uma pequena quantidade
Um cisto pilonidal pode causar dor e edema. de fibras freqüentemente são úteis. Se tais
Geralmente, um abscesso pilonidal deve ser alterações não surtirem efeito, um medicamento
seccionado e drenado por um médico. que retarda a evacuação (p.ex., loperamida)
Normalmente, o cisto pilonidal deve ser pode ser útil. O exercício dos músculos anais
removido cirurgicamente. (esfíncteres) aumenta seu tônus e força e ajuda a
10.3 Prolapso Retal: O prolapso retal é uma evitar a saída do material fecal. Com o uso do
protrusão do reto através do ânus. O prolapso biofeedback, o indivíduo pode re-treinar os
retal produz inversão do reto, de modo que o esfíncteres e aumentar a sensibilidade retal à
revestimento interno torna-se visível como uma presença de fezes. Cerca de 70% dos indivíduos
projeção digitiforme vermelho escura e úmida, com boa motivação são beneficiados pelo
projetando-se através do ânus. Freqüentemente, biofeedback.
lactentes normais apresentam um prolapso 10.5 Obstrução Mecânica Do Intestino: A
temporário somente do revestimento do ânus obstrução mecânica do intestino é a presença de
(mucosa), provavelmente quando ele faz força um bloqueio que interrompe completamente ou
para evacuar e raramente ele é grave. Nos compromete seriamente o trânsito do conteúdo
adultos, o prolapso do revestimento do reto intestinal. A obstrução pode ocorrer em
tende a persistir e pode piorar, de modo que qualquer segmento do intestino. A parte acima
uma maior parte do reto protui. da obstrução continua funcionando. À medida
Ela ocorre mais freqüentemente em que o intestino vai se enchendo de alimento,
mulheres com mais de sessenta anos de idade. líquidos, secreções digestivas e gás, ele dilata
Para determinar a extensão de um prolapso, o progressivamente, como uma mangueira macia.
médico examina a área com o paciente em pé ou Em recém nascidos e lactentes, a obstrução
agachado e enquanto ela faz esforço como se intestinal é comumente causada por um defeito
fosse evacuar. Palpando o esfíncter anal com congênito, por uma massa endurecida de
um dedo enluvado, o médico comumente conteúdo intestinal (mecônio) ou por uma
detecta uma redução do tônus muscular. A torção do próprio intestino (volvo).
sigmoidoscopia e o estudo radiológico do Em adultos, uma obstrução duodenal
intestino grosso com enema baritado podem pode ser causada por um câncer do pâncreas,
revelar a doença subjacente como, por exemplo, por cicatrizes (de uma úlcera, de uma cirurgia
uma doença que afeta os nervos que inervam o prévia ou da doença de Crohn) ou por
esfíncter. aderências, nas quais uma faixa fibrosa de
10.4 Incontinência Fecal: A incontinência tecido conjuntivo encarcera o intestino. Além
fecal é a perda do controle das evacuações. A disso, pode ocorrer uma obstrução quando uma
incontinência fecal pode ocorrer por um curto parte do intestino dilata por meio de uma
período durante episódios de diarréia ou quando abertura anormal (hérnia), como uma área
fezes endurecidas ficam alojadas no reto enfraquecida da musculatura abdominal, e
(impactação fecal). Os indivíduos com lesões torna-se encarcerada. Raramente, a obstrução é
anais ou medulares, prolapso retal (protrusão do causada por um cálculo biliar, uma massa de
revestimento do reto através do ânus), alimento não digerido ou um bolo de vermes.
demência, lesão neurológica causada pelo  Sintomas e Diagnóstico: Os sintomas
diabetes, tumores do ânus ou lesões pélvicas da obstrução intestinal incluem a dor
ocorridas durante o parto podem desenvolver abdominal tipo cólica, acompanhada
uma incontinência fecal persistente. por distensão abdominal. A dor pode
O médico examina o indivíduo, tornar se intensa e constante. Em
verificando a existência de qualquer comparação com a obstrução do
anormalidade estrutural ou neurológica que intestino delgado, o vômito, um
possa estar causando a incontinência fecal. Isto sintoma comum, ocorre mais tarde na
envolve o exame do ânus e do reto, verificando obstrução do intestino grosso. A
a extensão da sensibilidade em torno do ânus. obstrução completa provoca uma
Geralmente, é realizada uma sigmoidoscopia constipação grave, enquanto que a

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

obstrução parcial pode causar diarréia. normalmente é menos intensa e a área é


A febre é comum e pode ocorrer sobre menos sensível. No caso de ruptura do
tudo quando ocorre uma perfuração da apêndice, a dor e a febre podem tornar-se
parede intestinal. A perfuração pode intensas. O agravamento da infecção pode
levar rapidamente à inflamação e à levar ao choque.
infecção graves, causando o choque. 11.2 Diagnóstico e Tratamento: O hemograma
11. Apendicite: revela um aumento moderado dos
A apendicite é inflamação do leucócitos (glóbulos brancos) (leucometria)
apêndice. O apêndice é uma pequena estrutura em resposta à infecção. Normalmente, nas
tubular em forma de dedo, de aproximadamente fases iniciais da apendicite, a maioria dos
10 cm, que se projeta do intestino grosso exames (incluindo as radiografias, a
próximo do ponto onde este une - se ao intestino ultrasonografia e a TC) não é útil.
delgado. Comumente, o médico baseia o diagnóstico
O apêndice pode ter alguma função nos achados do exame físico. A cirurgia é
imune, mas não é um órgão essencial. O imediatamente realizada para evitar a
apêndice enche-se de alimento e esvazia-se ruptura do apêndice, a formação de um
regularmente no ceco, como sua luz é pequena é abscesso ou a peritonite (inflamação do
propenso a tornar-se obstruído. Com exceção revestimento da cavidade abdominal). Em
das hérnias encarceradas, a apendicite é a causa aproximadamente 15% das cirurgias de
mais comum de dor abdominal súbita e intensa apendicite, o apêndice encontra-se normal.
e de cirurgia abdominal nos Estados Unidos. Contudo, postergar a sua
A apendicite é mais comum entre os realização até o médico ter certeza da causa
10 e 30 anos de idade. A causa da apendicite da dor abdominal pode ser fatal. Um
não é totalmente compreendida. Na maioria dos apêndice infectado pode romper em menos
casos, é provável que uma obstrução no interior de 24 horas após o início dos sintomas.
do apêndice, desencadeia um processo no qual Mesmo quando a apendicite não é a causa do
ele torna-se inflamado e infectado. Se a quadro apresentado pelo paciente, o
inflamação persistir sem tratamento, o apêndice apêndice é normalmente retirado. A seguir, o
pode romper. Um apêndice roto permite o médico examina a cavidade abdominal e
extravasamento do conteúdo intestinal rico em tenta determinar a causa real da dor. Com a
bactérias para o interior da cavidade abdominal, cirurgia precoce, a chance de óbito devido a
causando a peritonite, a qual pode acarretar uma uma apendicite é muito pequena. O
infecção potencialmente letal. indivíduo comumente pode deixar o hospital
A ruptura também pode provocará em 2 a 3 dias e a sua recuperação é
formação de um abscesso. Na mulher, podem normalmente rápida e completa. No caso de
ocorrer infecção dos ovários e das tubas uterinas um apêndice roto, o prognóstico é mais
e a conseqüente obstrução das tubas uterinas grave. Há cinqüenta anos, a ruptura era
pode causar infertilidade. O apêndice roto freqüentemente fatal. Os antibióticos
também pode permitir que as bactérias invadam reduziram a taxa de mortalidade para quase
acorrente sangüínea e produzam uma zero, mas, em certos casos, podem ser
septicemia, que também é potencialmente letal. necessárias várias operações e uma longa
11.1 Sintomas: Menos de metade dos convalescença.
indivíduos com apendicite apresenta a 12. Colite: É uma doença inflamatória
combinação de sintomas característicos: recorrente da camada mucosa do cólon
náusea, vômito e dor intensa na fossa ilíaca e reto. O pico de incidência é dos 30
direita (região abdominal inferior direita). aos 50 anos de idade. É uma doença
A dor pode iniciar subitamente na região séria, acompanhada por complicações
abdominal superior ou em torno da cicatriz sistêmicas e com alta taxa de
umbilical. A seguir, o indivíduo apresenta mortalidade. Eventualmente 10% a
náusea e vômito. Após algumas poucas 15% dos pacientes desenvolvem
horas, a náusea cessa e a dor localiza se na carcinoma do cólon.
fossa ilíaca direita. Quando o médico Anotações:
pressiona essa área, ela dói, e quando a ----------------------------------------------------------
pressão é aliviada, a dor aumenta abrupta- ----------------------------------------------------------
mente (sinal da descompressão positivo ou ----------------------------------------------------------
sensibilidade de rebote). Uma febre de 37, ----------------------------------------------------------
7 °C a 38, 3 °C é comum. A dor, ----------------------------------------------------------
particularmente em lactentes e crianças, ----------------------------------------------------------
pode ser generalizada e não restrita à fossa ----------------------------------------------------------
ilíaca direita. Em idosos e gestantes, a dor ------------------------------------.

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

passará direto para a circulação e alcançará o


cérebro, provocando, no início, alterações
neuropsíquicas (mudanças de comportamento,
esquecimento, insônia, sonolência) e, depois,
13. Afecções Hepáticas: pré-coma ou coma.
14. Hepatites Virais:
O fígado, que se localiza As hepatites virais são doenças
do lado direito do infecciosas de evolução aguda ou crônica, que
abdome, é a maior pela alta morbidade universal, constituem
glândula do organismo, é importante problema de saúde pública (KUDO,
constituído por milhões
2000).
de células. Cada célula
desempenha uma função São provocadas por diferentes agentes
etiológicos com tropismo pelo tecido hepático e
específica, essencial para
o equilíbrio do
que apresentam diferentes características
organismo. epidemiológicas, clínicas, imunológicas e
laboratoriais. Podem ser agrupadas segundo o
modo de transmissão em dois grupos:
→ Transmissão parenteral/sexual (hepatite B,
hepatite C e hepatite D)
O fígado é um órgão de funções → Transmissão fecal-oral (hepatite A e
múltiplas e fundamentais para o funcionamento hepatite E).
do organismo. Entre elas, destacam-se: As hepatites A e E são doenças
a) Secretar a bile - A bile é produzida pelo autolimitadas, cuja morbimortalidade depende
fígado em grande quantidade, de 600 ml a 900 da faixa etária acometida e de outras condições.
ml por dia. Num primeiro momento, ela se Podem ocorrer surtos populacionais restritos.
concentra na vesícula e depois é enviada para o As hepatites B, C e D provocam
intestino, onde funciona como detergente e infecções crônicas em percentual variado das
auxilia na dissolução e aproveitamento das pessoas infectadas e podem evoluir para
gorduras. insuficiência hepática (cirrose) e
b) Armazenar glicose – A glicose extraída do hepatocarcinoma.
bolo alimentar é armazenada no fígado sob a As hepatites pelos vírus B e C
forma de glicogênio, que será posto à disposição constituem em grave problema de saúde
do organismo conforme seja necessário. Nesse pública. Segundo estimativas da Organização
caso, as células hepáticas funcionam como um Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente
reservatório de combustível. dois bilhões de pessoas se infectaram em al-gum
c) Produzir proteínas nobres - Entre elas, momento da vida com o vírus da hepatite B
destaca-se a albumina, responsável pela (HBV) e 325 milhões de indivíduos tornaram-se
propriedade osmótica ou oncótica. Além dessa, portadores crônicos.
a albumina serve de meio de transporte, na Entre as pessoas infectadas pelo vírus
corrente sanguínea, para outras substâncias, da hepatite C (HCV), apenas 15% a 20%
como hormônios, pigmentos e drogas. eliminam o vírus do organismo, enquanto cerca
d) Desintoxicar o organismo – O fígado tem a de 80% a 85% evoluem para a infecção crônica,
capacidade de transformar hormônios ou drogas sob diferentes apresentações. Vários estudos
em substâncias não ativas para que o organismo demonstram que 20% dos portadores crônicos
possa excretá-los; da hepatite C evoluem para cirrose e entre 1,0%
e) Sintetizar o colesterol – No fígado, o a 5,0% desenvolvem carcinoma hepatocelular.
colesterol é metabolizado e excretado pela bile; O tempo de evolução para estágio
f) Filtrar microorganismos - Há uma extensa final da doença é de 20 a 30 anos. A hepatite B
rede de defesa imunológica no fígado. apresenta cura espontânea em até 90% dos
g) Transformar amônia em uréia - O fígado é casos, mas a taxa de cronificação varia de
um órgão privilegiado. Tem uma artéria e uma acordo com a idade da infecção, de 85% em
veia de entrada e uma veia de saída. A veia de recém-nascidos e entre 6% a 10% em adultos.
entrada recebe o nome de “veia porta” e é Cerca de 50% dos doentes crônicos
responsável por 75% do sangue que chega ao desenvolvem cirrose hepática ou carcinoma
fígado, levando consigo substâncias hepatocelular. A vigilância epidemiológica
importantes, como as vitaminas e as proteínas. eficaz e o tratamento correto das hepatites
No entanto, por ela chega também a amônia trazem grande benefício à população, sendo
produzida no intestino e derivada especialmente possível diminuir ou mesmo eliminar a
de proteínas animais para ser transformada em evolução para formas mais graves, em médio e
uréia. Se o órgão estiver lesado, a amônia longo prazo (BRASIL, 2005).

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 Sintomas: Durante a doença aguda a


a) Hepatite A: pessoa pode apresentar enjôo, vômitos,
A Hepatite do tipo A é uma infecção dor de cabeça e a icterícia (amarelidão
causada pelo vírus da hepatite A (HAV), um nos olhos e pele que ocorre em apenas
RNA vírus, que tem um período de incubação 10% dos casos). Na maioria das vezes
de 2 a 6 semanas, durante o qual se reproduz no passa como uma gripe.
fígado.  Diagnóstico: Desde o início da década
 Transmissão: A forma de transmissão de 80 foram introduzidos como triagem
mais comum é orofecal, ou de pessoa em Banco de Sangue marca-dores
para pessoa nos contatos sexuais ou sorológicos que identificam as pessoas
intradomiciliares, ou por alimento ou que tiveram contato com o vírus.
água contaminada. Como a viremia Dentre os exames sorológicos
ocorre durante a fase aguda, a realizados nos Bancos de Sangue estão:
transmissão sangüínea raramente HbsAg – determina a presença do vírus
ocorre. Embora o HAV esteja presente da Hepatite B;Anti-HBc – anticorpo
em baixas concentrações na saliva de produzido pelas células de defesa do
pessoas infetadas, não há nenhuma nosso organismo contra a parte central
evidência de transmissão por essa do vírus B. É um marcador de contato
forma. para Hepatite B e fica no sangue da
 Sintomas: Durante a infecção o pessoa para o resto da vida, como uma
paciente pode não apresentar sintomas, cicatriz sorológica no sangue. As vezes
apresentar um quadro inespecífico com é o único teste positivo na infecção
náuseas, vômitos e mal estar geral ou pelo vírus B. Quando o nosso
ficar com uma coloração amarelada organismo entra em contato com o
nos olhos e pele, a urina escura e as vírus da Hepatite B, ele tem um
fezes claras. período de 4 a 6 meses para produzir
 Diagnóstico: É feito pela presença, do células de defesa (Anti-HBs) capazes
anti-HAV IgM no exame de sangue. Já de destruir o vírus, ou seja, esta é a
a detecção do anti-HAV IgG positivo única forma de cura para a Hepatite B.
significa que o paciente está curado.  Tratamento: De modo genérico, o
 Tratamento: Normalmente só o indivíduo com hepatite viral aguda,
repouso é suficiente. Pelo fato da independentemente do tipo viral que o
infecção pelo HAV ser autolimitada e acometeu, deve ser acompanhado
normalmente não se tornar crônica, o ambulatorialmente, na rede de
tratamento deve ser apenas de suporte. assistência médica. Basicamente o
A hospitalização pode ser necessária trata-mento consiste em manter
para pacientes desidratados por causa repouso domiciliar relativo, até que a
de vômitos ou com indícios de falência sensação de bem-estar retorne e os
hepática. Medicamentos que sejam níveis das aminotransferases
metabolizados pelo fígado devem ser (transaminases) voltem aos valores
usados com precaução. Não são normais. Em média, este período dura
necessárias dietas específicas ou quatro semanas. Não há nenhuma
restrições de atividade. É de restrição de alimentos no período de
notificação compulsória. doença. É aconselhável abster-se da
 Prevenção: Saneamento básico, ingestão de bebidas alcoólicas.Os
higiene pessoal, e a imunização são as pacientes com hepatite causada pelo
formas mais efetiva de prevenção da HBV poderão evoluir para estado
infecção pelo HAV. crônico e deverão ser acompanhados
com pesquisa de marcadores
b) Hepatite B: sorológicos (HBsAg e Anti-HBs) por
É um processo inflamatório do um período mínimo de 6 a 12 meses.
fígado, provocado pela presença de um vírus Pode ser necessário o uso de interferon
conhecido como vírus da hepatite B (HBV) (proteína de alto peso molecular que
 Transmissão: tem ação antiviral)
 Transfusão sanguínea (sangue e  Prevenção: Embora os métodos
derivados); empregados para prevenção de outras
 Material cirúrgico contaminado com o DST também sirvam para a infecção
vírus (agulhas de acupuntura, dentista, pelo HBV, a vacinação ainda é o
tatuagens, seringas não descartáveis); método mais eficaz de prevenção desta
 Relação sexual. infecção.

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pedicure • body piercing •


c) Hepatite C: contato social ou familiar com
A Hepatite C é a inflamação do fígado causada material de uso pessoal
pela infecção pelo vírus da hepatite C (VHC ou ( barbeadores, escovas
HCV). Essa inflamação ocorre na maioria das dentais, etc ) • barbeiros e
pessoas que adquire o vírus e, dependendo da cabeleireiros.
intensidade e tempo de duração, pode levar a  Sintomas: Diferentemente das
cirrose e câncer do fígado. hepatites A e B, a maioria das pessoas
Ao contrário dos demais vírus que que adquirem a hepatite C
causam hepatite, o vírus da hepatite C não gera desenvolvem doença crônica e lenta,
uma resposta imunológica adequada no sendo que a maioria (90%) é
organismo, o que faz com que a infecção aguda assintomática ou apresenta sintomas
seja menos sintomática, mas também com que a muito inespecíficos, como letargia,
maioria das pessoas que se infectam se tornem dores musculares e articulares,
portadores de hepatite crônica, com suas cansaço, náuseas ou desconforto no
consequências a longo prazo. hipocôndrio direito. Assim, o
 Epidemiologia: Estima-se que cerca diagnóstico só costuma ser realizado
de 3% da população mundial, 170 através de exames para doação de
milhões de pessoas, sejam portadores sangue, exames de roti-na ou quando
de hepatite C crônica. É atualmente a sintomas de doença hepática surgem, já
principal causa de transplante hepático na fase avançada de cirrose. Além dos
em países desenvolvidos é responsável sintomas relacionados diretamente à
por 60% das hepatopatias crônicas. hepatite, o vírus pode desencadear o
Apesar dos esforços em conter a aparecimento de outras doenças através
epidemia atual, especialmente com a de estimulação do sistema
realização de exames específicos em imunológico.
sangue doado, a hepatite C é uma  Transmissão: A transmissão da
epidemia crescente. hepatite C ocorre após o contato com
 Fatores de maior risco para hepatite sangue contaminado. Apesar de relatos
C: recentes mostrando a presença do vírus
 Usuários de drogas em outras secreções (leite, saliva, urina
endovenosas (risco 80%); e esperma), a quantidade do vírus
 Receptores de fatores de parece ser pequena demais para causar
coagulação antes de 1987 infecção e não há dados que sugiram
(risco 90%); transmissão por essas vias. O vírus da
 Receptores de transfusão hepatite C chega a sobreviver de 16
sangüínea ou transplante de horas a 4 dias em ambientes externos.
órgãos antes de 1992 (risco Mesmo excluídas todos os fatores de
6%); risco anteriores, a transmissão
 Hemodiálise (risco 20%); esporádica, ou sem modo conhecido, é
 Filhos de mães positivas responsável por pelo menos 12% dos
(risco 5%); casos. Não existe vacina contra esse
 Parceiros de portadores do tipo de vacina.
HIV;  Tratamento: O tratamento da hepatite
 Crianças com 12 meses de C constitui-se em um procedimento de
idade com mãe portadora do maior complexidade devendo ser
HCV; realizado em serviços especializados.
 Profissionais da área da saúde Nem todos os pacientes necessitam de
vítimas de acidente com tratamento e a definição dependerá da
sangue contaminado; realização de exames específicos,
 Contatos sexuais promíscuos como biópsia hepática e exames de
ou com parceiros sabidamente biologia molecular. Quando indicado, o
portadores; tratamento poderá ser realizado por
 Exposição a sangue por meio da associação de interferon com
material cortante ou ribavirina. A chance de cura varia de
perfurante de uso coletivo sem 50 a 80% dos casos, a depender do
esterilização adequada: • genótipo do vírus.
procedimentos médicos- d) Hepatite D Crônica:
odontológicos • tatuagem • A infecção crônica delta é semelhante
acupuntura • manicure / às de outras hepatites crônicas. A cirrose é mais

39
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

freqüente neste tipo de hepatite do que nos característico em áreas endêmicas. O


portadores de hepatite B isolada. Só infecta diagnóstico específico pode ser feito
indivíduos que já tenham sido infectados pelo por meio da detecção de anticorpos
HBV. IgM contra o HEV no sangue.
 Transmissão: Os modos de  Tratamento: A maioria dos casos
transmissão são os mesmos do HBV. evolui para a cura, sendo necessária a
 Diagnóstico: A suspeita diagnóstica hospitalização dos casos mais graves,
pode ser guiada por dados clínicos e os quais são mais freqüentes entre
epidemiológicos. A confirmação gestantes.
diagnóstica é laboratorial e realiza-se  Prevenção: Como na hepatite A, a
por meio dos marcadores sorológicos melhor estratégia de prevenção da
do HDV posterior a realização dos hepatite E inclui a melhoria das
exames para o HBV. condições de saneamento básico e
 Tratamento: medidas educacionais de higiene.
 Hepatite aguda: Não existe tratamento f) Outros tipos de Hepatites:
e a conduta é expectante, com →Álcool: uso abusivo de qualquer tipo de
acompanhamento médico. As medidas bebida alcoólica. A quantidade que causa
sintomáticas são semelhantes àquelas doença hepática é variável de pessoa para
para o vírus B. pessoa, sendo necessário, em média, menor dose
 Hepatite crônica: Este tratamento para causar doença em mulheres do que em
deverá ser realizado em ambulatório homens. A dose de alto risco é de 80g de álcool
especializado. por dia, o que equivale a 5-8 doses de uísque
 Prevenção: A melhor maneira de se (240 ml), pouco menos de 1 garrafa e meia de
prevenir a hepatite D é realizar a vinho (800 ml) ou 2 litros de cerveja. Quanto
prevenção contra a hepatite B, pois o maior o tempo de ingestão (anos), maior é o
vírus D necessita da presença do vírus risco de hepatite alcoólica e cirrose. Certas
B para contaminar uma pessoa. pessoas podem adoecer mesmo com doses e
e) Hepatite E tempo bem menores do que a média acima
Doença infecciosa viral, contagiosa, mencionada.
causada pelo vírus E (HEV) do tipo RNA, →Medicamentosa: vários remédios de uso
classificado como pertencente à família clínico podem causar hepatite em indivíduos
caliciviridae. Ainda rara no Brasil. O período suscetíveis. Não se pode prever quem terá
de incubação, intervalo entre a exposição efetiva hepatite por determinada droga, porém,
do hospedeiro suscetível ao vírus e o início dos indivíduos que já têm outras formas de doença
sinais e sintomas clínicos da doença neste do fígado correm maior risco. Alguns
hospedeiro, varia de 15 a 60 dias (média de 40 medicamentos relacionados com hepatite são:
dias). paracetamol (Tylenol®, Dôrico®); antibióticos
 Transmissão: A hepatite pelo HEV e antifúngicos como a eritromicina, tetraciclina,
ocorre tanto sob a forma epidêmica, sulfas, cetoconazol e nitrofurantoína;
como de forma esporádica, em áreas anabolizantes (hormônios usados para melhorar
endêmicas de países em o desempenho físico - dopping); drogas
desenvolvimento. A via de transmissão antipsicóticas e calmantes, como por exemplo, a
fecal-oral favorece a disseminação da clorpromazina (Amplictil®), amiodarona
infecção nos países em (antiarrítmico), metildopa (Aldomet® - anti-
desenvolvimento, onde a contaminação hipertensivo) e antituberculosos.
dos reservatórios de água mantém a Anticoncepcionais orais (pílula) também são
cadeia de transmissão da doença. A ocasionalmente mencionados.
transmissão interpessoal não é comum. →Autoimune: algumas doenças fazem com que
Em alguns casos os fatores de risco não as substâncias de defesa do próprio indivíduo
são identificados. (anticorpos) causem inflamação e dano ao
 Sintomas: Quadro clínico fígado. Não se sabe por que isso acontece.
assintomático é comum especialmente →Hepatites por causas hereditárias: doenças
em crianças. Assim como na hepatite como a hemocromatose e a doença de Wilson
A, admite-se que não existem formas levam ao acúmulo de ferro e cobre,
crônicas de hepatite E. respectivamente, no fígado, causando hepatite.
 Diagnóstico: O diagnóstico clínico da →Esteatohepatite não alcoólica (esteatose
hepatite E aguda não permite hepática, fígado gorduroso): é o acúmulo de
diferenciar de outras formas de gordura no fígado. Ocorre em diversas situações
hepatites virais, apesar de ser possível independentes do consumo de álcool, como
a suspeita em casos com quadro clínico obesidade, desnutrição, nutrição endovenosa

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

prolongada, diabete mellitus, alterações das predominantemente de um ou de outro


gorduras sanguíneas (colesterol ou triglicerídeos grupo de sintomas. As alterações
altos) e alguns remédios. relacionadas aos hormônios são: perda
15. Cirrose Hepática: de interesse sexual; impotência;
esterilidade; parada das
menstruações; aumento das mamas dos
homens; perda de pelos.As alterações
relacionadas à circulação do sangue no
fígado (hipertensão da veia porta) le-
vam a: aumento do baço; varizes do
esôfago e estômago com risco de
hemorragias graves (vômito ou fezes
com sangue).Devido à incapacidade do
trabalho da célula hepática, acumula-se
bile no sangue, surgindo a icterícia
(amarelão), que pode estar associada à
coceira no corpo. Muitas outras
alterações podem ocorrer, tais como:
Definição: A cirrose é uma doença difusa do  Encefalopatia Hepática (EpH) –
fígado, que altera as funções das suas células e dos síndrome com alterações cerebrais
sistemas de canais biliares e sanguíneos. É o
decorrentes da má função hepática,
resultado de diversos processos, entre os quais, a
morte de células do fígado e a produção de um produz: ascite (barriga d'água); inchaço
tecido fibroso não funcionante a medida que o nas pernas; desnutrição
tecido necrótico evolui para fibrose, ocorrerá a (emagrecimento, atrofia muscular,
alteração na estrutura e vascularização normal do unhas quebradiças); facilidade de
fígado e isso prejudica toda a estrutura e o trabalho sangramento (gengiva, nariz, pele);
do fígado. Após períodos variáveis de tempo, escurecimento da pele.A ascite decorre
indivíduos com inflamações crônicas do fígado devido a compressão da veia porta,
estão sujeitos a desenvolverem cirrose. Não é provocando entrave na circulação da
possível prever quais as pessoas com doença de
veia intestinal e derramamento de
fígado que terão cirrose.
líquido seroso na cavidade
 As causas mais comuns são: As abdominal(bloqueio da circulação
hepatites crônicas pelos vírus B e C- O linfática.Pode reter de 10 a 20 l)
alcoolismo.  Diagnóstico : O diagnóstico definitivo
 Outras causas menos comuns são: - de cirrose é feito por biópsia hepática
As hepatites por medicamentos; - (obtida por punção do fígado com
Hepatite Autoimune; - Esteato hepatite agulha especial) e análise microscópica
não-alcoólica (NASH)- Doenças do material obtido nesse exame. Em
genéticas (Hemocromatose, Doença de muitos casos, quando o paciente chega
Wilson); a cirrose biliar primária ou ao médico, seu quadro é típico da
secundária (dificuldade crônica, sem doença e a avaliação complementar
causa definida, do fluxo de bile desde o mais simples, com a ecografia, a
interior do fígado ou, eventualmente, endoscopia digestiva e alguns exames
após cirurgias complicadas da vesícula, de sangue são suficientes para
das vias biliares ou do fígado). Em estabelecer o diagnóstico clínico.
recém-nascidos, a atresia biliar (uma Quando existe uma história de uso
malformação dos canais que conduzem excessivo de bebidas alcoólicas ou
a bile do fígado ao intestino) é exames de sangue positivos para os
importante causa da rápida instalação vírus da hepatite B ou C fica facilitado
de cirrose no bebê, situação curável o diagnóstico da causa da cirrose.
apenas por transplante hepático. Diversos outros exames estão
 Sintomas: A doença se desenvolve disponíveis para investigação das
lentamente e nada pode ser percebido causas menos comuns de cirrose.
por muitos anos. Podem ocorrer  Tratamento: Não há um tratamento
sintomas inespecíficos como: fraqueza específico para a cirrose. É um
e cansaço; perda de peso; alterações processo irreversível. Como
do sono; dores abdominais não conseqüência de diversas patologias
localizadas. Com a evolução, aparecem diferentes, o tratamento visa
diversas manifestações que, interromper a progressão dessas
dependendo do paciente, serão doenças que, em alguns casos, pode

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

levar também a reversão parcial do  Orientar o paciente para escovar os


grau de cirrose e hipertensão portal (a dentes com escovas macias.
fibrose desorganiza o parênquima  Dieta hipercalórica (2.000 a 3.000)
hepático,bloqueando os ramos da diárias e hipossódica.
circulação porta.O sangue retido  Observar e anotar aceitação da dieta;
aumenta a pressão, levando ao  Pesar o paciente em jejum diariamente;
aparecimento de uma circulação  Medir e anotar a circunferência
colateral que desvia o sangue para o abdominal em jejum;
baço provocando esplenomegalia). A  Controlar a diurese e restringir os
suspensão do agente agressor (álcool, líquidos;
drogas) ou a eliminação do vírus da  Conservar as unhas curtas e limpas;
hepatite pode desacelerar ou parar a
 Cuidados especiais com a pele
evolução da doença, evitando as
(prurido);
complicações mais graves. Cada uma
 Verificar e anotar os SSVV de 6/6
das complicações da cirrose exige um
horas.
tratamento específico, geralmente
visando o controle de situações agudas  Encorajar períodos alternados de
como sangramentos, infecções, ascite repouso e atividade.
ou encefalopatia. São utilizadas a dieta  Encorajar e ajudar com período cada
hipossódica, diuréticos e paracentese vez maior de exercícios.
para alívio dos sintomas. O transplante  Evitar atividades estressantes.
de fígado aparece como única opção de  Tentar melhorar sua auto-estima
cura da doença, alcançando bons através de elogios e valorização
resultados. Ainda é um tratamento  Observar as evacuações: cor,
difícil de ser conseguido pela falta de consistência e quantidade.
doadores e pela complexidade da  Pesquisar sangue oculto nas fezes.
cirurgia.  Observar equimoses, epistaxe,
 Diagnóstico: USG, Biópsia, dosagens petéquias e gengivas sangrantes.
séricas (TGO,TGP,Albumina,Uréia e  Alertar para sintomas de ansiedade,
Creatinina). plenitude epigástrica, fraqueza e
 Prevenção: A melhor prevenção das inquietação.
cirroses de origem viral é através da  Administrar vitamina K se prescrito.
vacinação contra Hepatite B e dos  Administrar diuréticos, potássio e
rigorosos critérios de controle do suplementos protéicos, quando
sangue usado em transfusões. O uso de prescrito
preservativos nas relações sexuais e o  Informar o paciente sobre os agravos
uso individualizado de seringas pelos da ingestão alcoólica para usa saúde e
usuários de drogas injetáveis também encorajá-lo a procurar ajuda (alcoólicos
são fundamentais. É necessário o anônimos).
tratamento dos portadores das hepatites
crônicas B e C, antes que evoluam para UNIDADE VI – PROCEDIMENTOS BÁSICOS
cirrose. E nos portadores de cirrose DE ENFERMAGEM:
inicial, para prevenir que cheguem a 1. Admissão de Pacientes:
estágios mais avançados. No caso do  Objetivo: promover a assistência
álcool, deve-se evitar o seu uso ao cliente atendo suas
excessivo. É exigida a parada total do necessidades fisiológicas.
seu consumo em indivíduos com  Competência: compete ao
hepatite B ou C. Apesar de apenas uma enfermeiro treinar e supervisionar
minoria das pessoas que bebem demais a execução da rotina; compete ao
terem cirrose, o risco aumenta profissional de enfermagem
proporcionalmente à quantidade e ao executar a rotina.
tempo de consumo. Sabe-se, também,  Material: Box devidamente
que doses menores de álcool podem montado;
provocar cirrose em mulheres.  Procedimento: lavar as mãos,
 Cuidados de enfermagem calçar as luvas; colocar cliente no
 Oferecer refeições pequenas e leito; observando estado geral e
freqüentes; necessidade de condutas
 Proporcionar higiene oral antes das imediatas; aferir dados vitais com
refeições. TAX, FC, FR; promover conforto
ao cliente deixando o ambiente

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

tranquilo e organizado; lavar as afundamento/enoftalmia; esclerótica =


mãos; realizar anotações de coloração/icterícia, hemorragia;
enfermagem; executar ordens pupilas = isocóricas ou anisocóricas,
médicas e de enfermagem; diâmetro,
 Obs: Ao entrar em contato com fotorreagência), nariz (forma, tamanho,
Pais ou Responsáveis, registrar no movimento das asas do nariz,
prontuário hábitos da criança, tais secreções, lesões, ou epistaxe), seios
como: alimentação, sono, paranasais (realizar palpação =
evacuações, habilidades verbal e hipersensibilidade), ouvidos (forma,
motora, alergia, medicamentos higiene, presença de cerume e
utilizados. Proceder ao exame quantidade, lesões e sinais
físico céfalo-caudal do cliente, flogísticos), boca (coloração da
atentando para lesões, cicatrizes, mucosa oral, hálito, lábios, gengivas,
feridas, sondas, curativo, acesso dente, uso de próteses), língua (deve
venoso, medicações utilizadas. apresentar superfície rugosa, recoberta
2. Exame Físico: por papilas e levemente esbranquiçada
 Aspecto geral: avaliar a resposta do ≠ superfície lisa, hiperemiada e
indivíduo em relação à sua doença, hipertrofia das papilas) avaliar
perda de força muscular ou de peso e o também, a úvula, palato mole,
estado psíquico do paciente. orofaringe e amígdalas (apresentam-se
Classificação = Bom, regular e mal pequenas ou ausentes nos adultos,
estado geral. exceto em casos de
 Nível de consciência: Alerta, confuso, inflamação), pescoço (mobilidade,
sonolento, obnubilado, torporoso e simetria, aumento da tireóide, veias
comatoso (escala de Glasgow). jugulares, pulo carotídeo, palpar
 Estado nutricional: avaliar sinais linfonodos = dor, ou gânglios).
como edema generalizado, turgor  Avaliação cardíaca: pulsos, FC, e PA;
frouxo, cabelos sem brilho, secos e inspeção do precórdio = pulsações
com tons diferentes entre os fios, normais e anormais e avaliação do
palidez, conjuntiva pálida, xerose ictus cordis; palpação do precórdio =
conjuntival, sangramento gengival, quando não visível, o ictus cordis pode
manchas no esmalte dos dentes, ser palpado no 5º espaço intercostal;
alterações psicomotoras e etc. ausculta = avaliação das bulhas
Hidratação: ressecamento de pele cardíacas, auscultando os 4 focos:
(turgor diminuído) e boca, sede foco mitral – ápice do coração (íctus)
ocasional e queda no débito urinário. – 5º espaço intercostal; foco aórtico –
 Pele: coloração (palidez, cianótica, à direita do esterno – 2º espaço
ictérica), umidade (presença de intercostal; foco tricúspide – à
ressecamento, oleosidade e sudorese), esquerda do esterno – 5º espaço
temperatura (calor ou frio intercostal; foco pulmonar – próximo
generalizados ou locais – sinais à esquerda do esterno – 2º espaço
flogísticos), textura (aspereza, intercostal.
enrugada, fina), turgor (prega cutânea),  Avaliação pulmonar: FR, padrão
integridade/lesões (mácula, pápula, respiratório (eupnéico, bradpnéico,
vesícula, bolha, pústula, erosão, úlcera, taquipnéico, apnéia, dispnéia, etc.),
fissura, etc) presença de edema. amplitude da respiração (profunda ou
 Mucosas:integridade/lesões, coloração superficial, ausculta de ápice a base
e hidratação. bilateralmente = murmúrios vesiculares
 Anexos: unhas, pêlos e cabelos. ou ridos adventícios (roncos, sibilos,
 Cabeça e pescoço: crânio (tamanho crepitantes).
do crânio em relação à face, lesões,  Avaliação abdominal: inspeção =
cistos sebáceos, hematomas e nódulos forma abdominal, cicatriz umbilical,
no couro cabeludo, distribuição e etc; palpação = hipersensibilidade/dor,
alteração na cor dos cabelos, higiene e contorno de órgãos (fígado e baço- este
presença de parasitas - realizar ñ palpável em casos normais);
palpação do crânio), face (coloração da percussão = predomínio de sons
pele e presença de timpânicos, exceto em regiões onde
lesões); olhos (pálpebras = ptose tenham órgãos como fígado, baço ou
palpebral, nódulos e lesões, edema; vísceras preenchidas por fezes líquidos;
globo ocular = protuso/exoftalmia ou ausculta: verificar a presença dos

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

ruídos hidroaéreos (de 5 a 35/min), se estiver respirando; tiver uma lesão na


estão aumentados, diminuídos ou se ã cabeça, pescoço ou coluna,tiver
há ruídos (íleo paralítico). um ferimento grave.
 Extremidades: verificação de pulsos 3.2 Decúbito dorsal: Manter
(membros superiores e membros paciente deitado de costas com
inferiores bilateralmente), integridade o abdômen voltado para cima.
da pele (leões, curativos), mobilidade,
perfusão, temperatura, presença de
dispositivos intravenosos (gotejamento
e composição da medicação infundida),
uso de próteses ou órteses.
 Sinais Vitais: estes podem ser
descritos no final ou no início do
documento, também podem estar
distribuídos com seus sistemas
correspondentes. São eles:
Temperatura (T), Pulso (P), Frequência  Finalidades: Utilizada como posição
Cardíaca (FC), Frequência Respiratória de repouso; utilizada em trans e pós
(FR) e Pressão Arterial (PA). operatório e alguns tipos de exames
3. Posições Para Exames (tomografia, raios-X), inserção de
Existem diferentes posições que cateteres.
facilitam a realização de exames físicos e 3.3 Posição supina: Manter paciente deitado de
diagnósticos, cirurgias e tratamentos. Cada uma costas com o abdômen voltado para cima é
delas possui características e finalidades diferente do decúbito dorsal, pois está com a
próprias. Posicionar o cliente de acordo com o cabeça pendida.
exame que será realizado significa expor a área 3.4 Decúbito ventral: manter o paciente em
que será examinada. As mudanças de posições decúbito ventral, com os joelhos levemente
podem ocasionar tonturas, mal-estar, palidez. A flexionados, a cabeça lateralizada e os
enfermagem deve ficar atenta quanto a possíveis braços flexionados, mantendo-se as mãos
queixas do cliente. próximo a cabeça. Posicionando os pés
3.1 Decúbito lateral (esquerdo ou sobre o fim do colchão ou protegidos com
direito): Paciente deitado lateralizado com pranchas de pés para suportar a flexão
os membros inferiores flexionados, o normal.
membro superior que esta em cima do  Finalidades: Serve como posição
corpo protegido com uma almofada alternativa nas manobras de rotação
ombro e cotovelo formam 90º,o outro para os pacientes imobilizados.
membro com uma flexão menor de 90°.
3.5 Fowler:

 Finalidades: Realizar exames Manter a cabeceira da cama elevada


anorretais, anestesias raquidiana em aproximadamente 45 graus.
e peridural, punção lombar para coleta  Finalidades: Usado para descanso,
de líquor e para repouso. A Posição conforto, alimentação e patologias
Lateral, pode ser utilizada em várias situações respiratórias para tratamento
que necessitam de primeiros socorros, em de pacientes com dispnéia após cirurgia de
que a vítima esteja inconsciente, mas a tireóide, abdominal e/ou cardíaca quando se
respirar e com um bom pulso, uma vez que espera que haja drenagem e em alguns casos
esta posição permite uma de pneumonia, uma vez que esta posição
melhor ventilação, libertando as afasta os órgãos abdominais do diafragma
vias aéreas superiores, não deve ser aliviando a pressão sobre a cavidade
realizada quando a pessoa não torácica. Também é usada

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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

como prevenção de aspiração pelas


vias respiratórias de secreções ou vômitos

em pacientes com nível de consciência

rebaixados
3.6 SIMs:
Lado direito: deitar o paciente sobre o lado Paciente se mantém ajoelhado e com o
direito flexionando-lhe as pernas, ficando a direita peito descansando na cama, os joelhos devem
semiflexionada e a esquerda mais flexionada, ficar ligeiramente afastados.
chegando próxima ao abdômen. Para o lado  Finalidades: Posição usada
esquerdo, basta inverter o lado e a posição das para exames vaginais, retais
pernas. .Manter o braço de “baixo” lateralizado na e cirurgias.
porção posterior das costas/dorsal e o braço 3.10 Posição ginecológica:
de “cima” flexionado com a mão próxima Manter a paciente deitada em
a cabeça. decúbito dorsal, membros inferiores flexionados
 Finalidades: Usada como alternativa e afastados, a planta dos pés sobre o colchão.
para pacientes acamados (prevenir  Finalidades:Realização de e
úlceras de pressão), para repouso xames ginecológicos,
e realização de exames e procedimentos sondagem vesical feminina,
toque retal.
(enema, verificação de temperatura retal,
3.11 Litotomia:
lavagem intestinal e toque.)
3.7 Abaixado:
Abaixar ou tocar com as mãos
as pontas dos dedos do pé.
 Finalidades: observar se não há
nenhum desvio muscular, seqüelas de
A paciente é colocada em decúbito dorsal,
queimaduras, ossos mal formados, as coxas são bem afastadas uma das outras e
ossos quebrados, mal ligados, esticar flexionadas sobre o abdôme; para manter
os braços e pernas observando se não as pernas nesta posição usam-se suportes para
há nenhum tipo de lesão.Avaliação as pernas (perneiras).
lombar.  Finalidades: Realização de
3.8 Sentado: exames e cirurgias vaginais
Manter as costas eretas e recostadas e anorretais, parto,
sobre o encosto da cadeira, com os pés apoiados cateterismo vesical feminino
e protegidos e os membros superiores são 3.12 Trendelemburg:
apoiados na altura dos cotovelos.
 Finalidades:Proporcionar c
onforto ao paciente.pode-se
também verificar sinais
vitais como P.A,
temperatura, freqüência
cardíaca e O paciente fica em decúbito dorsal, com as
respiratória.Também para o pernas e pé acima do nível da cabeça.
transporte do paciente.  Finalidades: Usado em
3.9 Genupeitoral: paciente com hipotensão
severa,vasculopatias periféri
cas,edemas de membros
inferiores (para auxiliar o
retorno venoso) e para
a realização de algumas
cirurgias
(abdominais,varizes).
3.13 Ereta ou Ortostática:

45
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

O paciente
permanece em pé com
o chão
forrado com um lenço

 Finalidades:
Posição usada
para exames
neurológicos e
certas
anormalidades
ortopédicas.

BIBLIOGRAFIA

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 MARIA, Vera Lúcia Regina. Exame Clínico de Enfermagem do Adulto.Ed. Iatria.
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