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A BAUHAUS

BAUHAUS
A Bauhaus foi o resultado de uma tentativa contínua
de aprimorar a formação nas artes aplicadas na
Alemanha, processo que já havia começado, desde a
virada do século, com a criação da DWB (rever aula
sobre o escritório de Peter Behrens).
Leonardo Benevolo (1994): “...a
experiência coletiva da Bauhaus
está aberta às contribuições que
venham de qualquer parte do
mundo e funciona como centro
ideal do movimento moderno”.
BAUHAUS
Logo após o fim da Primeira Guerra
Mundial, Walter Gropius (1883-1969) –
ex-funcionário de Peter Behrens e
colega de Mies van der Rohe e Le
Corbusier) é chamado a dirigir dois
importantes institutos alemães públicos
ligados à pesquisa e ao ensino da arte e
do design.
Em 1919, ele unifica as duas instituições em uma só: a
Staatliches Bauhaus, uma escola de design, artes
plásticas e arquitetura de vanguarda que, enquanto
durou (1919-1933), representou uma das maisis
importantes expressões do Modernismo.
BAUHAUS
O programa de Gropius alertava para a
“obsolescência” da academia tradicional e para as
graves consequências da falta de contato desses
alunos com “as necessidades de uma nova era”: “O
ensino acadêmico levava à formação de um grande
proletariado artístico destinado à miséria social. Estas
pessoas, embaladas no sonho da genialidade (...) eram
enviadas à “profissão” da arquitetura, da escultura, da
pintura (...) sem a bagagem de uma verdadeira
educação, que seria a única a lhes assegurar a
independência estética e econômica. (...) A falta de
qualquer conexão com a vida da comunidade levava
inevitavelmente à esterilização da atividade artística.”
BAUHAUS
Ele continua: “Na medida em que a academia dirigia
uma miríade de talentos menores para o projeto
arquitetônico (...), entre os quais talvez apenas 1 em
1000 estava destinado a se tornar um genuíno arquiteto
(...) a grande massa destes indivíduos,
(...) providos com uma preparação
acadêmica unilateral, estava
condenada a uma vida artística
estéril. Despreparados para enfrentar
com sucesso a luta pela existência,
viam-se (...) como (...) inúteis para a
vida produtiva da nação em virtude
da educação que tinham tido”.
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Porém, enquanto isso acontecia, Gropius alertava para
a crescente demanda por artistas/arquitetos em
importantes setores da economia alemã
(particularmente nas indústrias): “Surgiu uma
demanda de produtos formalmente atraentes e ao
mesmo tempo tecnicamente corretos e econômicos”.
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Esta demanda, na visão de Gropius, só poderia ser
plenamente atendida pela união dos “técnicos” (das
indústrias) com os “artistas” (formados), cada um
contribuindo com sua expertise para viabilizar a
produção eficiente e economicamente rentável dos
inúmeros produtos consumidos pela nova sociedade.
BAUHAUS
Por conseguinte, esta carência de “artistas
adequadamente instruídos para este trabalho” só
poderia ser suprida por uma nova metodologia
educacional, compromisso que a Bauhaus assumiria a
partir de então: “...uma severa experiência prática e
manual em laboratórios ativamente
empenhados na produção, unida a
uma profunda instrução teórica
sobre as leis formais”, preparando
assim homens e mulheres aptos a
“compreender o mundo em que
vivem e para criar formas que o
simbolizem”.
BAUHAUS
Em resumo: a moderna economia industrial precisava
de profissionais que dominassem não apenas os
aspectos técnicos – e econômicos - da produção de
objetos, com também fossem capazes de lançar,
continuamente, novos designs que atraíssem o
público e estimulassem a compra dos mesmos.
Até então, porém, o mercado tinha dois tipos de
profissionais: (1) aqueles capazes de imaginar (no
papel) objetos “lindos”, mas que eram impossíveis de
serem produzidos em massa e/ou financeiramente
inviáveis ou então (2) aqueles que resolviam todas as
questões técnicas e econômicas, mas que resultavam
em utensílios sem a menor qualidade estética (e apelo
comercial).
BAUHAUS
Gropius (1923): “O ensino dos ofícios pretende preparar o
design para a produção em série. Partindo dos
instrumentos mais simples e das tarefas menos
complicadas, ele (...) vai aos poucos adquirindo a
capacidade de dominar problemas mais complexos e
trabalhar com máquinas, ao mesmo tempo em que se
mantém em contato com todo o processo de produção, do
começo ao fim. (...) Portanto, a Bauhaus está
conscientemente buscando contatos com empresas
industriais existentes, com o objetivo de fomentar um
estímulo mútuo.”
BAUHAUS
Ou seja, e com a produção em série (maior quantidade de
objetos a um custo menor) os recursos economizados
poderiam ser direcionados a uma melhor preparação dos
protótipos, gerando-se então um sistema ininterrupto (e
autofinanciado) de evolução dos objetos e seus
respectivos processos produtivos.
BAUHAUS
A missão dos artistas da Bauhaus, nesse contexto, seria
a de “alimentar e renovar continuamente o patrimônio
de formas” que os laboratórios e as indústrias depois se
encarregariam de
produzir e colocar à
disposição dos clientes.
BAUHAUS
Diante disso, para que a “renovação” contínua das
formas ocorresse sem restrições, estava claro que não
poderia existir qualquer regra (ou estilo) dominante
e/ou preestabelecido nos laboratórios da instituição, o
que fatalmente reduziria o estímulo tanto dos artistas
quanto das indústrias (ambos, neste momento,
procurando fugir exatamente da “passividade” formal).
BAUHAUS
Em resumo: (1) a Bauhaus criou parcerias com diversas
empresas que, por sua vez, financiavam as experiências
que levassem à produção de novos produtos
comerciais; (2) os alunos aprendiam (na teoria e prática)
tudo sobre a produção industrial e com isso seus
trabalhos visavam produzir algo que viesse a servir à
comunidade e às indústrias; (3) os melhores alunos
conseguiam até vender as patentes de suas criações e
ganhar um bom dinheiro enquanto se formavam; (4) a
matriz curricular da Bauhaus garantia que tudo o que
fosse produzido em seus laboratórios e salas de aulas
tivesse uma finalidade prática, resultando no fato de
que muitos alunos se formavam já empregados!
BAUHAUS

Primeira sede da Bauhaus (em Weimar): 1919 a 1924


BAUHAUS – O ENSINO
O programa da Bauhaus, portanto, estava originalmente
dividido da seguinte forma:
1) Um curso preliminar de 6 meses no qual os alunos
passavam a conhecer os diferentes materiais e a lidar
“com problemas formais simples” (com o objetivo de
“libertar a criatividade individual e permitir que cada
aluno pudesse trabalhar com base em sua habilidade
específica”).

Ou seja, algo feito nas


aulas de Plástica: estudo
de cores, formas,
volumes, maquetes etc.
BAUHAUS – O ENSINO
2) Um período de 3 anos de estudos técnicos (nos quais
os alunos tinham que frequentar pelo menos um dos
sete laboratórios de trabalho com: pedra, madeira,
metal, terracota, vidro, cor e textura), estudos
“formais” (a observação dos efeitos formais dos
materiais, estudo dos métodos de representação e a
teoria da composição), tudo isso complementado com
lições teóricas de
contabilidade e
orçamentação. Ao
final, após um exame,
o aluno recebia o
diploma de “artesão”.

Oficina de Cerâmica (1923)


BAUHAUS – O ENSINO
3) Um curso de aperfeiçoamento, de duração variável,
baseado no projeto arquitetônico e no trabalho prático
nos laboratórios da escola. No final, após passar num
exame, o aluno recebia o diploma de “mestre em
artes”.

Oficina de Arquitetura, aula


de Oskar Schlemmer (1927)
BAUHAUS – O ENSINO
Ou seja, Gropius buscou uma formação em que os alunos
tivessem um contato direto com a realidade de suas
respectivas funções/trabalhos: “...toda a organização da
Bauhaus demonstra o valor educativo atribuído aos
problemas práticos (...). Por esta razão, dediquei-me a for-
necer encargos
práticos à Bauhaus,
nos quais professores
e alunos pudessem
pôr à prova sua
capacidade”.

Oficina de Carpintaria
BAUHAUS – O ENSINO
O trabalho nos diferentes laboratórios aproximava os
futuros arquitetos dos artesãos (aqueles que fariam o
mobiliário, os detalhes arquitetônicos, os ornamentos
diversos etc.). Claro que ninguém esperava que os
arquitetos fossem fazer todos os utensílios dentro de
uma casa, mas era importante que eles soubessem
COMO FAZER, de forma a entender principalmente o que
podiam cobrar de seus colaboradores.
Além disso, o trabalho prático permitiu a vários
arquitetos abrir mercado também na área do design
(ainda não havia a profissão de designer de produtos...),
ampliando com isso o seu mercado profissional.
BAUHAUS – O ENSINO
Móveis
projetados por
Lina Bo Bardi
BAUHAUS – O ENSINO
De fato, conforme dissemos, a importância atribuída à
prática fez com que vários objetos produzidos nos
diferentes laboratórios, acabassem atraindo a atenção
das indústrias, resultando em diversos contratos de
patentes (que aumentavam a renda da Bauhaus à
medida em que os trabalhos progrediam e garantia um
sustento melhor àqueles alunos mais talentosos, que
tinham seus projetos “vendidos”).
Atenção: os alunos
vendiam os projetos
(patentes) e NÃO os
produtos em si! A
Bauhaus não era um aloja
de móveis!
BAUHAUS – O ENSINO
Neste espírito, são convidados vários artistas e
arquitetos renomados para compor o quadro docente
da Bauhaus em seus primeiros anos de fundação:
Johannes Itten (pintor), Lyonel Feininger (pintor),
Gerhard Marcks (escultor e gravador), Adolf Meyer
(arquiteto), Paul Klee (pintor), Oskar Schlemmer
(pintor e cenógrafo), Wassily Kandinsky (pintor), Laszlo
Moholy-Nagy (pintor) etc.
BAUHAUS – O ENSINO
Detalhe: A grande quantidade de professores da
Bauhaus em sua fase inicial – e a variedade de seus
ofícios – foi a forma encontrada por Gropius para sanar –
pelo menos provisoriamente – um problema prático da
formação do quadro docente: “...uma vez que não era
possível encontrar nem artistas que possuíssem
suficientes conhecimentos técnicos, nem artesão dotados
de imaginação suficiente para os problemas artísticos,
em cujas mãos colocar a direção dos laboratórios”.
BAUHAUS – O ENSINO
Mais tarde, porém, ex-
alunos (com a formação
completa, na visão de
Gropius), assumiriam a
direção dos diferentes
laboratórios, “de modo
que a separação do corpo
docente em professores da
forma e da técnica
demonstrou-se supérflua”.
BAUHAUS - ARQUITETURA
O programa pedagógico da Bauhaus, por sua vez,
também acarreta uma mudança importante na cultura
arquitetônica do período;
As questões “formais” da arquitetura não são mais
discutidas apenas dentro das universidades, mas pelo
contrário, “passam a integrar as análises e discussões
referentes à própria atividade produtiva”.

Curiosidade: Le Corbusier
e a casa tratada como
uma “Máquina de
Morar”
Gropius:
Meisterhauser
BAUHAUS - ARQUITETURA
Além disso, as experiências em um projeto não são mais
consideradas como ações independentes entre si, “mas
formam uma continuidade também em sentido histórico e
estabelecem uma espécie de colaboração permanente
entre todos os projetistas”;
Ou seja, toda intervenção arquitetônica deve ser
plenamente capaz de ser “transmissível e comunicável aos
outros e servir como precedente para outras
intervenções”, devendo permanecer sempre “em aberto e
verificável por todos”.

Conceito de “obra aberta”!


BAUHAUS - ARQUITETURA

Projeto passa a ser estudado por


novos arquitetos

Novas soluções tornam o


projeto mais funcional e
econômico
A economia obtida reverte-se a
novos estudos sobre o projeto,
num processo quase “infinito”
de evolução
BAUHAUS - ARQUITETURA
E contrariando os “discursos radicais e utópicos de alguns
movimentos de vanguarda”, a arquitetura perde, afinal,
sua posição anterior de “remédio para resolver todos os
males e todos os problemas”, deixando de ser encarada
como “espelho dos ideais da sociedade” ou mesmo como
“a mítica força” capaz de regenerá-la.

Ou seja, desfaz-se a utopia


de movimentos como o da
Cadeia de Cristal...

Gropius e esposa na sala de estar


da Casa do Diretor em Dessau
(1927)
BAUHAUS - ARQUITETURA
Na visão de Gropius, portanto, a tarefa da “nova
arquitetura” seria justamente fazer “a adequada
mediação entre a qualidade (a idealização das formas) e
a quantidade (processos técnicos de execução e
reprodução), descobrindo na própria indústria as novas
vantagens qualitativas”.
BAUHAUS - ARQUITETURA
E por seu caráter de eterna renovação das formas, o
movimento surgido na Bauhaus “não constitui um
enésimo estilo, que se contrapõe aos anteriores, e não se
esgota no repertório formal que eventualmente utiliza,
podendo ampliar-se indefinidamente e pôr-se, em
relação a outras pesquisas semelhantes e paralelas, na
postura de colaboração”. (BENEVOLO, 1994)
Concurso do Chicago Tribune (1922)
BAUHAUS - ARQUITETURA

1º Lugar

Adivinhem a proposta da Bauhaus...


BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Neste período da história alemã (início da década de
1920), uma grave crise financeira desestabilizou a
economia e a vida política do país, acirrando os ânimos
e ameaçando o futuro da Bauhaus.
A população de Weimar, nesse contexto de
instabilidade e insegurança, passou a desconfiar dos
reais objetivos da Bauhaus e pressionou o governo a
fechar a escola, o que de fato ocorreu em 1924.

Nota de 10 milhões
de marcos, lançada
em 25/07/1923
(neste dia, ela
comprava cerca de
5,5 kg de manteiga)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Porém, a convite do prefeito, a escola é transferida para a
cidade de Dessau no início de 1925.
Benevolo: “Este passo revela-se oportuno, e contra as
previsões gerais, (...) Gropius e os seus (...) encontram um
ambiente mais tranquilo, propício à inserção na realidade
econômica e produtiva alemã”.

Sede da Bauhaus em
Dessau (1925-1932)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
A construção dos novos edifícios em Dessau mobilizou
toda a escola que, assim, viu-se diante da oportunidade
de envolver-se numa ampla “realização concreta”.
De fato, a prefeitura de Dessau encomendou a Gropius
não apenas o projeto da nova sede do instituto –
incluindo as residências dos docentes, uma villa para
Gropius e mais 3 edifícios duplos para as oficinas e
laboratórios -, como também os projetos de um bairro
operário inteiro e a sede do órgão municipal do
trabalho.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
O edifício para a Bauhaus foi o único cujo projeto
arquitetônico Gropius reservou para si (embora contasse
com a colaboração de colegas para a sua decoração), e é
também “aquele em que se percebe mais claramente,
além do tema didático e do rigor formal, uma atividade
(...) de participação na vida que deverá se desenrolar entre
aqueles muros”.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
A união entre arte e técnica que Gropius ensinava em
sua escola, “verifica-se no edifício da Bauhaus até um
ponto dificilmente superável”.

Benevolo: “...ele realizou uma


construção representativa e até
mesmo monumental, a seu
modo, sem de modo algum
afastar-se da escala humana e
aderindo rigorosamente às
necessidades utilitárias”.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Além do prédio, foram desenvolvido por professores e


alunos; móveis, cortinas, publicações, cartazes,
luminárias, cortinas etc.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Benevolo: “É uma construção complexa, como
complexa é a vida que dentro dela se desenrola:
abrange um corpo para a escola e um para os
laboratórios, ligados por uma ponte suspensa onde
estão localizados os escritórios administrativos; um
corpo baixo com amplos ambientes para a vida comum
e uma ala com 5 andares de salas-estúdios para os
estudantes”.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Evitando ressaltar demais a “individualidade” dos
diferentes elementos (dispostos de modo assimétrico e
com volumes distintos), Gropius volta a reforçar a noção
do “conjunto” ao optar pelo uso de apenas dois
materiais: o vidro “para os espaços vazios, envolvidos
em metal” e o “reboco branco para os espaços cheios.”
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Casa dos Professores (Klee e Kandinsky)


BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Casa do Professor Lyonel Feininger


BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Casa dos Professores (H. Muche e Oscar Schlemmer)


BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Casa do Diretor (Walter Gropius)


BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Em Dessau, o ensino da Bauhaus “completa-se e
aprofunda-se”, observando-se uma ênfase maior na
“derivação da forma a partir do método de produção, da
sujeição do material e da necessidade programática”.
Neste momento, 5 ex-
estudantes da própria escola
são escolhidos como diretores
dos laboratórios, cumprindo o
desejo de Gropius de reunir
numa mesma pessoa “o ensino
técnico e o formal”, garantindo
assim uma maior Oficina de tear de
homogeneidade e melhores Gunta Stolzl (1927), ex-
aluna que virou
resultados práticos. professora da Bauhaus
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
As novidades mais importantes, porém, concentram-se
nas atividades dos laboratórios de metais e móveis.
No laboratório de metais, desenvolve-se uma pesquisa
maior das aplicações do ferro niquelado ou cromado
(especialmente na produção de luminárias elétricas).

Produtos desenhados pela


aluna Marianne Brandt
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
No laboratório de móveis, Marcel Breuer inventa e constrói
os primeiros móveis em tubos de aço, “práticos, fáceis de
limpar e econômicos” (que inclusive foram usados para
mobiliar os novos prédios da Bauhaus).
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Nos outros laboratórios, de maneira


análoga, mais descobertas e criações:
simplifica-se e racionaliza-se o trabalho do
laboratório tipográfico, surgem novos
tecidos e papéis de parede pintados com
grãos e tessitura variáveis etc..
Como ocorrera em Weimar, parte desses
modelos é adquirida pela indústria e, assim,
novos contratos de patente asseguram à
escola uma crescente contribuição
financeira.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Em 1927, criou-se o departamento de arquitetura, sob a
liderança do arquiteto suíço Hannes Meyer (mais tarde
demitido por suas ligações comunistas); “alguns projetos
de casas pré-fabricadas de Marcel Breuer (1902-1981),
criados mais ou menos nessa mesma época, refletem o
impacto imediato da influência de Meyer”. (Frampton)

Marcel Breuer: Casas BAMBOS (1927)


BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Marcel Breuer:
Casas BAMBOS
(1927)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)

Marcel Breuer:
Casas BAMBOS
(1927)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Em 1928, justamente no auge do
sucesso, Walter Gropius cede o
posto de diretor ao arquiteto
Hannes Meyer e abandona a
escola junto com um grupo de
antigos colaboradores.

Esta decisão “é a obra-prima didática de Gropius”:


depois de dedicar todas as suas energias a este
empreendimento, ele tem a humildade e a coragem
de retirar-se quando julga assegurada a estabilidade
da escola”. (Benevolo)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Contudo, a saída de Gropius “transformou radicalmente
a Bauhaus, e (...) fez com que ela se voltasse ainda mais
para a esquerda,” abrindo espaço para as discussões
políticas interferirem com as questões acadêmcias.
(FRAMPTON, 1997))
Livre da influência de Gropius, Hannes Meyer (de
tendências comunistas), de fato, orientou a obra da
Bauhaus para um programa de design “socialmente
mais responsável”.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
“Simples, desmontável e barato, o mobiliário em
madeira compensada veio para o primeiro plano (...). Os
projetos da Bauhaus estavam sendo mais fabricados do
que nunca, embora a ênfase agora incidisse sobre o
social e não tanto sobre as considerações de natureza
estética” ou potencial de lucros. (FRAMPTON, 1997)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Contudo, essa guinada foi extremamente danosa à
escola, pois coincidiu com a ascensão dos nazistas ao
poder na Alemanha, momento em que os judeus e os
comunistas se transforaram em inimigos do Estado!
Em pouco tempo, justamente em função de sua
orientação política, Meyer acabou sendo demitido por
pressões da direita alemã.
Em seguida, com Hitler firmemente instalado no poder,
tentaram fechar a Bauhaus. Porém, graças aos esforços
de Mies van der Rohe, o governo central “aceitou”
transferir a escola para um prédio em Berlim (1932),
mais próximo dos fiscais e censores do governo.
BAUHAUS: MORTE & RENASCIMENTO

Essa manobra, de fato, inviabilizou a Bauhaus e a escola


veio a fechar em 1933.
BAUHAUS: MORTE & RENASCIMENTO
A sede em Dassau foi simplesmente abandonada e,
durante a Segunda Guerra Mundial, sofreu até com uma
série de bombardeios e tiroteios... Com o fim da guerra,
acabou ficando na Alemanha Oriental, sob o domínio
dos soviéticos, que mantiveram a escola no ostracismo.
BAUHAUS: MORTE & RENASCIMENTO
Hoje em dia, contudo, o prédio principal da Bauhaus em
Dessau (incluindo as Meisterhauser) pertence à Fundação
Bauhaus Dessau (uma instituição pública).
Após ter sido declarado Patrimônio da Humanidade pela
UNESCO em 1996, passou por uma extensa intervenção de
restauro (em 2006), procurando resgatar várias de suas
características originais (incluindo o programa original de
Gropius);
Desde então, funciona como um
dinâmico centro de estudos,
ensino e pesquisas na área do
design, arquitetura e
urbanismo.
BAUHAUS – INFLUÊNCIA NA BAHIA
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que a
Bauhaus não se consistiu em um novo estilo! Podemos
considerar a revolução ocorrida dentro de suas paredes
como um “golpe de ar fresco”, um esforço de renovar
ideias e preconceitos, num período em que mundo,
após a 1ª Guerra Mundial, vivia uma imensa crise social,
econômica e moral.
Assim sendo, iremos testemunhar influências dos
ensinamentos e exemplos da Bauhaus ao redor do
mundo, e o Brasil não seria exceção – principalmente
pela atuação de arquitetos estrangeiros!
BAUHAUS – INFLUÊNCIA NA BAHIA
De acordo com o Prof. Paulo Ormindo de Azevedo, o
principal – e pioneiro - exemplo de aplicação dos
princípios da Bauhaus na Bahia seria, novamente, o
arquiteto alemão Alexander Buddeus (o mesmo do
Instituto do Cacau). De acordo com Paulo Ormindo,
seria de Buddeus o projeto do Instituto Normal da
Bahia (atual ICEIA), construído entre 1936 e 1939.
BAUHAUS – INFLUÊNCIA NA BAHIA
“O mais interessante é que nessa obra ele abandona,
completamente, o tratamento expressionista que
adotara no Instituto de Cacau, com cantos
arredondados e um certo classicismo, expresso na
planta e fachadas simétricas. Prefere trabalhar, agora,
com a articulação de volumes puristas brancos, de
diferentes tamanhos, como a própria sede do Bauhaus
em Dessau, de Gropius.” (AZEVEDO, 2007)
BAUHAUS – INFLUÊNCIA NA BAHIA
“A fenestração é mais livre, com um jogo de grandes
painéis envidraçados verticais e janelas moduladas
dispostas horizontalmente. Apenas um elemento comum
aos dois projetos, o esquema compositivo das fachadas
principais do Instituto de Cacau e do Teatro do Instituto
Normal. Este seria o último projeto de Buddeüs no
Brasil”. (AZEVEDO, 2007)
BAUHAUS – INFLUÊNCIA NA BAHIA
REFERÊNCIAS:
AZEVEDO, Paulo Ormindo de. Alexander S. Buddeus: a passagem do cometa pela
Bahia. In: Vitruvius. Arquitextos, fev. 2007. Disponível em:
<https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.081/268>. Acesso em: 16 abril
2020.

BENEVOLO, Leonardo. Historia da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva,


1994.

COLIN, Sílvio. CIAM. O Movimento Moderno na Academia. In: Coisas da


Arquitetura. 2010. Disponível em:
<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2010/07/28/ciam-o-movimento-
moderno-na-academia/>. Acesso em: 10 abr. 2018.

_______ . O Estilo Internacional. In: Coisas da Arquitetura. 2011. Disponível em:


<https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/09/29/o-estilo-internacional/>.
Acesso em 11 abr. 2018.

FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo:


Martins Fontes, 1997.

GIEDION, Siegfried. Espaço, tempo e arquitetura: o desenvolvimento de uma


nova tradição. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

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