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BAUHAUS
A Bauhaus foi o resultado de uma tentativa contínua
de aprimorar a formação nas artes aplicadas na
Alemanha, processo que já havia começado, desde a
virada do século, com a criação da DWB (rever aula
sobre o escritório de Peter Behrens).
Leonardo Benevolo (1994): “...a
experiência coletiva da Bauhaus
está aberta às contribuições que
venham de qualquer parte do
mundo e funciona como centro
ideal do movimento moderno”.
BAUHAUS
Logo após o fim da Primeira Guerra
Mundial, Walter Gropius (1883-1969) –
ex-funcionário de Peter Behrens e
colega de Mies van der Rohe e Le
Corbusier) é chamado a dirigir dois
importantes institutos alemães públicos
ligados à pesquisa e ao ensino da arte e
do design.
Em 1919, ele unifica as duas instituições em uma só: a
Staatliches Bauhaus, uma escola de design, artes
plásticas e arquitetura de vanguarda que, enquanto
durou (1919-1933), representou uma das maisis
importantes expressões do Modernismo.
BAUHAUS
O programa de Gropius alertava para a
“obsolescência” da academia tradicional e para as
graves consequências da falta de contato desses
alunos com “as necessidades de uma nova era”: “O
ensino acadêmico levava à formação de um grande
proletariado artístico destinado à miséria social. Estas
pessoas, embaladas no sonho da genialidade (...) eram
enviadas à “profissão” da arquitetura, da escultura, da
pintura (...) sem a bagagem de uma verdadeira
educação, que seria a única a lhes assegurar a
independência estética e econômica. (...) A falta de
qualquer conexão com a vida da comunidade levava
inevitavelmente à esterilização da atividade artística.”
BAUHAUS
Ele continua: “Na medida em que a academia dirigia
uma miríade de talentos menores para o projeto
arquitetônico (...), entre os quais talvez apenas 1 em
1000 estava destinado a se tornar um genuíno arquiteto
(...) a grande massa destes indivíduos,
(...) providos com uma preparação
acadêmica unilateral, estava
condenada a uma vida artística
estéril. Despreparados para enfrentar
com sucesso a luta pela existência,
viam-se (...) como (...) inúteis para a
vida produtiva da nação em virtude
da educação que tinham tido”.
BAUHAUS
Porém, enquanto isso acontecia, Gropius alertava para
a crescente demanda por artistas/arquitetos em
importantes setores da economia alemã
(particularmente nas indústrias): “Surgiu uma
demanda de produtos formalmente atraentes e ao
mesmo tempo tecnicamente corretos e econômicos”.
BAUHAUS
Esta demanda, na visão de Gropius, só poderia ser
plenamente atendida pela união dos “técnicos” (das
indústrias) com os “artistas” (formados), cada um
contribuindo com sua expertise para viabilizar a
produção eficiente e economicamente rentável dos
inúmeros produtos consumidos pela nova sociedade.
BAUHAUS
Por conseguinte, esta carência de “artistas
adequadamente instruídos para este trabalho” só
poderia ser suprida por uma nova metodologia
educacional, compromisso que a Bauhaus assumiria a
partir de então: “...uma severa experiência prática e
manual em laboratórios ativamente
empenhados na produção, unida a
uma profunda instrução teórica
sobre as leis formais”, preparando
assim homens e mulheres aptos a
“compreender o mundo em que
vivem e para criar formas que o
simbolizem”.
BAUHAUS
Em resumo: a moderna economia industrial precisava
de profissionais que dominassem não apenas os
aspectos técnicos – e econômicos - da produção de
objetos, com também fossem capazes de lançar,
continuamente, novos designs que atraíssem o
público e estimulassem a compra dos mesmos.
Até então, porém, o mercado tinha dois tipos de
profissionais: (1) aqueles capazes de imaginar (no
papel) objetos “lindos”, mas que eram impossíveis de
serem produzidos em massa e/ou financeiramente
inviáveis ou então (2) aqueles que resolviam todas as
questões técnicas e econômicas, mas que resultavam
em utensílios sem a menor qualidade estética (e apelo
comercial).
BAUHAUS
Gropius (1923): “O ensino dos ofícios pretende preparar o
design para a produção em série. Partindo dos
instrumentos mais simples e das tarefas menos
complicadas, ele (...) vai aos poucos adquirindo a
capacidade de dominar problemas mais complexos e
trabalhar com máquinas, ao mesmo tempo em que se
mantém em contato com todo o processo de produção, do
começo ao fim. (...) Portanto, a Bauhaus está
conscientemente buscando contatos com empresas
industriais existentes, com o objetivo de fomentar um
estímulo mútuo.”
BAUHAUS
Ou seja, e com a produção em série (maior quantidade de
objetos a um custo menor) os recursos economizados
poderiam ser direcionados a uma melhor preparação dos
protótipos, gerando-se então um sistema ininterrupto (e
autofinanciado) de evolução dos objetos e seus
respectivos processos produtivos.
BAUHAUS
A missão dos artistas da Bauhaus, nesse contexto, seria
a de “alimentar e renovar continuamente o patrimônio
de formas” que os laboratórios e as indústrias depois se
encarregariam de
produzir e colocar à
disposição dos clientes.
BAUHAUS
Diante disso, para que a “renovação” contínua das
formas ocorresse sem restrições, estava claro que não
poderia existir qualquer regra (ou estilo) dominante
e/ou preestabelecido nos laboratórios da instituição, o
que fatalmente reduziria o estímulo tanto dos artistas
quanto das indústrias (ambos, neste momento,
procurando fugir exatamente da “passividade” formal).
BAUHAUS
Em resumo: (1) a Bauhaus criou parcerias com diversas
empresas que, por sua vez, financiavam as experiências
que levassem à produção de novos produtos
comerciais; (2) os alunos aprendiam (na teoria e prática)
tudo sobre a produção industrial e com isso seus
trabalhos visavam produzir algo que viesse a servir à
comunidade e às indústrias; (3) os melhores alunos
conseguiam até vender as patentes de suas criações e
ganhar um bom dinheiro enquanto se formavam; (4) a
matriz curricular da Bauhaus garantia que tudo o que
fosse produzido em seus laboratórios e salas de aulas
tivesse uma finalidade prática, resultando no fato de
que muitos alunos se formavam já empregados!
BAUHAUS
Oficina de Carpintaria
BAUHAUS – O ENSINO
O trabalho nos diferentes laboratórios aproximava os
futuros arquitetos dos artesãos (aqueles que fariam o
mobiliário, os detalhes arquitetônicos, os ornamentos
diversos etc.). Claro que ninguém esperava que os
arquitetos fossem fazer todos os utensílios dentro de
uma casa, mas era importante que eles soubessem
COMO FAZER, de forma a entender principalmente o que
podiam cobrar de seus colaboradores.
Além disso, o trabalho prático permitiu a vários
arquitetos abrir mercado também na área do design
(ainda não havia a profissão de designer de produtos...),
ampliando com isso o seu mercado profissional.
BAUHAUS – O ENSINO
Móveis
projetados por
Lina Bo Bardi
BAUHAUS – O ENSINO
De fato, conforme dissemos, a importância atribuída à
prática fez com que vários objetos produzidos nos
diferentes laboratórios, acabassem atraindo a atenção
das indústrias, resultando em diversos contratos de
patentes (que aumentavam a renda da Bauhaus à
medida em que os trabalhos progrediam e garantia um
sustento melhor àqueles alunos mais talentosos, que
tinham seus projetos “vendidos”).
Atenção: os alunos
vendiam os projetos
(patentes) e NÃO os
produtos em si! A
Bauhaus não era um aloja
de móveis!
BAUHAUS – O ENSINO
Neste espírito, são convidados vários artistas e
arquitetos renomados para compor o quadro docente
da Bauhaus em seus primeiros anos de fundação:
Johannes Itten (pintor), Lyonel Feininger (pintor),
Gerhard Marcks (escultor e gravador), Adolf Meyer
(arquiteto), Paul Klee (pintor), Oskar Schlemmer
(pintor e cenógrafo), Wassily Kandinsky (pintor), Laszlo
Moholy-Nagy (pintor) etc.
BAUHAUS – O ENSINO
Detalhe: A grande quantidade de professores da
Bauhaus em sua fase inicial – e a variedade de seus
ofícios – foi a forma encontrada por Gropius para sanar –
pelo menos provisoriamente – um problema prático da
formação do quadro docente: “...uma vez que não era
possível encontrar nem artistas que possuíssem
suficientes conhecimentos técnicos, nem artesão dotados
de imaginação suficiente para os problemas artísticos,
em cujas mãos colocar a direção dos laboratórios”.
BAUHAUS – O ENSINO
Mais tarde, porém, ex-
alunos (com a formação
completa, na visão de
Gropius), assumiriam a
direção dos diferentes
laboratórios, “de modo
que a separação do corpo
docente em professores da
forma e da técnica
demonstrou-se supérflua”.
BAUHAUS - ARQUITETURA
O programa pedagógico da Bauhaus, por sua vez,
também acarreta uma mudança importante na cultura
arquitetônica do período;
As questões “formais” da arquitetura não são mais
discutidas apenas dentro das universidades, mas pelo
contrário, “passam a integrar as análises e discussões
referentes à própria atividade produtiva”.
Curiosidade: Le Corbusier
e a casa tratada como
uma “Máquina de
Morar”
Gropius:
Meisterhauser
BAUHAUS - ARQUITETURA
Além disso, as experiências em um projeto não são mais
consideradas como ações independentes entre si, “mas
formam uma continuidade também em sentido histórico e
estabelecem uma espécie de colaboração permanente
entre todos os projetistas”;
Ou seja, toda intervenção arquitetônica deve ser
plenamente capaz de ser “transmissível e comunicável aos
outros e servir como precedente para outras
intervenções”, devendo permanecer sempre “em aberto e
verificável por todos”.
1º Lugar
Nota de 10 milhões
de marcos, lançada
em 25/07/1923
(neste dia, ela
comprava cerca de
5,5 kg de manteiga)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Porém, a convite do prefeito, a escola é transferida para a
cidade de Dessau no início de 1925.
Benevolo: “Este passo revela-se oportuno, e contra as
previsões gerais, (...) Gropius e os seus (...) encontram um
ambiente mais tranquilo, propício à inserção na realidade
econômica e produtiva alemã”.
Sede da Bauhaus em
Dessau (1925-1932)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
A construção dos novos edifícios em Dessau mobilizou
toda a escola que, assim, viu-se diante da oportunidade
de envolver-se numa ampla “realização concreta”.
De fato, a prefeitura de Dessau encomendou a Gropius
não apenas o projeto da nova sede do instituto –
incluindo as residências dos docentes, uma villa para
Gropius e mais 3 edifícios duplos para as oficinas e
laboratórios -, como também os projetos de um bairro
operário inteiro e a sede do órgão municipal do
trabalho.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
O edifício para a Bauhaus foi o único cujo projeto
arquitetônico Gropius reservou para si (embora contasse
com a colaboração de colegas para a sua decoração), e é
também “aquele em que se percebe mais claramente,
além do tema didático e do rigor formal, uma atividade
(...) de participação na vida que deverá se desenrolar entre
aqueles muros”.
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
A união entre arte e técnica que Gropius ensinava em
sua escola, “verifica-se no edifício da Bauhaus até um
ponto dificilmente superável”.
Marcel Breuer:
Casas BAMBOS
(1927)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Marcel Breuer:
Casas BAMBOS
(1927)
BAUHAUS – 1925-1933 (DESSAU)
Em 1928, justamente no auge do
sucesso, Walter Gropius cede o
posto de diretor ao arquiteto
Hannes Meyer e abandona a
escola junto com um grupo de
antigos colaboradores.