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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO


CURSO DE FISIOTERAPIA

RAILA DO NASCIMENTO PINTO

NATALIA AGUIAR MORAES VITORIANO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO FISIOTERAPÊUTICO SUPERVISIONADO NA


ATENÇÃO TERCIÁRIA A SAÚDE

FORTALEZA
2023
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3
2 DESENVOLVIMENTO 5
2.1 Caso Clínico I 5
2.2 Caso Clínico II 7
3 CONCLUSÃO 9
REFERÊNCIAS 10
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1 INTRODUÇÃO

O Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns (Hospital da Mulher), localizado


na Rua George Rocha, 50 – Demócrito Rocha, é a maior rede de Atenção Secundária

e Terciária para atendimento e assistência a mulher da Cidade de Fortaleza. O hospital


oferta atendimentos em 15 especialidades: ginecologia, obstetrícia, ortopedia,
endocrinologia, mastologia, hebiatria (consultas para adolescentes), psiquiatria,
neurologia, cardiologia, traumatologia, reumatologia, urologia, uroginecologia,
proctologia e infectologia. Além de atendimentos nas áreas de Nutrição, Psicologia e
Serviço Social (PREFEITURA DE FORTALEZA, 2018).

Para ter acesso aos serviços ofertados, o paciente deve inicialmente


procurar um posto de saúde para conseguir um encaminhamento, porém a unidade
também funciona como uma rede de retaguarda para as áreas de traumatologia e
obstetrícia, recebendo pacientes que tenham necessidade de alguma intervenção
cirúrgica na área de trauma, ou pacientes que estão com alto risco obstétrico
(PREFEITURA DE FORTALEZA, 2018).

A unidade possui uma ampla recepção, vários consultórios, e alguns


anexos, como o Centro de Estudos, Aperfeiçoamento e Pesquisa, voltado para
auxiliar na formação dos internos, residentes e técnicos do hospital. E o Centro
Ecumênico Ricardo César Xavier Nogueira Santiago, que foi pensado como estratégia
de humanização do ambiente hospitalar, proporcionando um local de paz e união das
pessoas independente de sua crença (PREFEITURA DE FORTALEZA, 2020).

O hospital possui uma Unidade de Terapia Intensiva adulto, com 10 leitos


disponíveis, centro cirúrgico onde são feitos cesáreas e demais cirurgias como
artroplastia de quadril, colecistectomia, rinoplastia, 4 salas para parto normal e UTI
neonatal, sendo 10 leitos para classificação alto risco e 15 para médio risco. A
enfermaria é composta por 5 postos, sendo os postos 1 e 2 voltados para o setor
obstetrício, com acolhimento das gestantes, de suas famílias, e as puérperas com seus
bebês.

O posto 3 é a área de traumatologia, onde se encontram pacientes de


todas as idades, de pré e pós-operatório. Comumente dentro do posto 3 as
patologias mais frequentes são: fratura do platô tibial, fratura de úmero, tornozelo,
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tíbia, fíbula. O acometimento dessas lesões, é de grande parte causada por


acidentes automobilísticos, e acidentes com quedas mais frequente em idosos. No
posto 4 é a área de cirurgia geral, das mais variadas patologias: Colecistectomia,
cirurgia para pancreatite, hérnias. O 5° e último posto é o de clínica médica, onde
estão pacientes com patologias variadas, no geral, de todos os sistemas como:
DPOC, ITU, HAS, DM.
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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Caso Clínico I

O processo de envelhecimento causa diversas alterações em todos os


sistemas do corpo humano, como resultado dessas mudanças o indivíduo idoso
pode sofrer perda de equilíbrio, diminuição de massa muscular e óssea, déficits
cognitivos que resultam em uma perca funcional, propiciando os riscos de doenças e
quedas e aumentando os índices de internação hospitalar, morbidades e
mortalidades como consequências de fraturas ósseas (ALMEIDA et al., 2012;
SOUZA et al., 2017).

Segundo Souza et al., os autos índices de quedas na população idosa, se


dar pela perca do equilíbrio postural, seguido de idade avançada, alterações
fisiológicas devido a patologias, consequência do uso de medicamentos, função
neuromuscular prejudicada, prejuízos psicocognitivos, ambiente externo
inadequado, além de ser mais frequente no sexo feminino.

Paciente A. M. F. S., 56 anos, leito 63, relata que durante a realização de


tarefas domésticas, sofreu uma queda da própria altura, que ocasionou uma fratura
do planalto tibial direito. Encontrava-se no posto 3 aguardando pela cirurgia de
correção da fratura.

As fraturas do planalto tibial representam aproximadamente 8% das


fraturas que acometem os idosos, e estão entre 1% e 2% de todas as fraturas.
Acontece devido a uma força compressiva axial externa, podendo ter ou não
estresse em valgo ou em varo. É uma lesão que compromete a funcionalidade da
articulação do joelho, e possui um tempo considerável de consolidação óssea,
variando de 10 semanas a 10 meses, além de uma taxa elevada de não
consolidação (BATISTA; MENDES; CUNHA, 2020).

O diagnóstico desse tipo de lesão nem sempre é imediato, não é


incomum que os pacientes procurem assistência médica somente após dias de
dores no joelho, isso depende do tipo de fratura, do mecanismo do trauma, idade do
paciente e estrutura óssea (JÚNIOR et al., 2009).
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Ana Maria também foi diagnosticada com início de Alzheimer, durante o


atendimento o Glasgow da paciente foi avaliado em 13, apesar de estar bastante
cooperativa, notou-se que a mesma repetia a mesma frase e palavras diversas
vezes, sem perceber.

A doença de Alzheimer é uma patologia neurodegenerativa que


representa a forma mais comum de demência em idosos, de forma progressiva
causa incapacidades e percas de variadas funções. Caracteriza-se pela destruição
irreversível dos neurônios, o que compromete o cognitivo do paciente, afeta a
memória, causa repetição das mesmas palavras, assuntos ou frases, esquecimento
de eventos, alterações de humor, desinteresse, apatia ou desinibição, agitação
(ALBUQUERQUE et al., 2012).

Foi realizado apenas um atendimento com a paciente, que se encontrava


acordada, cooperativa e contactuante, com uma FC de 64bpm, SpO2 94%,
normocardica e normotensa com ausculta pulmonar som pulmonar presente, SRA.
O membro acometido estava imobilizado com tala, e a paciente não se queixava de
dor. O membro saudável e membros superiores, possuíam força, tônus, mobilidade
e trofismo preservados.

Em decúbito dorsal, no MIE, foi realizado cinesioterapia ativo-assistido,


mobilização articular e exercícios ativo-resistido para dorso flexão e flexão plantar.
No membro acometido, foi realizado mobilização articular, e exercício ativo livre em
extremidade do membro. Para finalizar em MMSS, a paciente realizou exercícios
ativo-assistido e ativo-livre associado a exercícios respiratórios para expansão
pulmonar.
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2.1 Caso Clínico II

A paralisia cerebral (PC) é uma lesão no encéfalo que ocorre durante a


formação do cérebro, sendo a causa mais comum de disfunção motora em crianças.
Sua prevalência é de 2,11 a cada mil nascidos vivos, e os principais fatores de risco
são anormalidades placentárias, malformações congênitas, aspiração de mecônio e
cesariana de emergência (PEIXOTO, et al., 2020).

Afeta diretamente a postura e os movimentos, causando distúrbios do


tônus, da sensação, percepção e cognição, além de epilepsia e problemas
musculoesqueléticos, trazendo como consequência redução da independência
funcional (LIMA, et al., 2021).

Jovens e crianças com PC possuem condições de saúde piores, se


comparado a outros grupos, devido ao desafio de atendimento ás necessidades
dessas pessoas em situação de vulnerabilidade e baixos recursos. É necessário um
alto investimento de tempo e recursos financeiros, por parte da família ou
cuidadores, para garantir o bem-estar de pacientes com PC. (SILVA, LOURENÇO
2022).

Paciente F.I.A.S, leito 111, 19 anos, com diagnóstico de Paralisia


Cerebral, acompanhado dos pais, que revezam em turnos os cuidados com o filho.
Deu entrada na unidade com um quadro de tosse, febre, sonolência, purulência na
garganta e desconforto respiratório, de acordo com a mãe, o quadro de tosse
produtiva é característico do paciente há bastante tempo. As hipóteses de
pneumonia e plaquetopenia foram levantas, porém logo descartas após exames
laboratoriais.

Durante o atendimento o paciente encontrava-se acordado, não


contactuante e sem resposta verbal com Glasgow 9. Alimentava-se por uma sonda
GTT (gastrostomia), e possuía um AVC (acesso venoso central) administrando
antibióticos. A avaliação musculoesquelética constatou uma hipertonia,
espasticidade, flexão anormal em MMSS, bastante rigidez articular, e sem presença
de edemas, tendo o MRC=18.
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Foram encontrados durante a ausculta pulmonar roncos em hemitórax


direito, o paciente estava em ar ambiente, com uma Sp02 de 88%, 120bpm, com
tosse produtiva e algo secretivo tendo necessidade de aspiração.

A conduta utilizada foi iniciada com exercícios respiratórios para higiene


brônquica e desobstrução pulmonar. As manobras de higiene brônquica são
utilizadas com o objetivo de desobstrução das vias aéreas, tem a capacidade de
movimentar o muco, prevenindo seu acúmulo e complicações decorrentes
(MATILDE, et al., 2018). Em seguida foi realizado mobilização articular,
cinesioterapia passiva em MMSS e MMII, e finalizado com aspiração de VAS (vias
aéreas superiores) com secreção espessa de aspecto mucoide em pouca
quantidade.

Foi possível realizar apenas um atendimento com o paciente, que não


tardou na enfermaria, recebeu alta logo em seguida e segue em casa aos cuidados
da família.
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3 CONCLUSÃO

A vivência no campo do estágio terciário é diferente de todas as outras já


vivenciadas, começando pelo campo onde estamos inseridos. O hospital é um local
em que a configuração dos pacientes é diferente dos postos, ou da clínica, são
pacientes mais fragilizados, restritos ao leito, com incapacitações moderadas e
graves, conectados a diferentes dispositivos, sondas, acessos, cateter, tubos, que
demandam um cuidado redobrado.

No início é desafiador pensar na atuação da Fisioterapia dentro de um


ambiente assim, a pergunta que vem à mente “O que eu vou fazer”, é inevitável.
Porém após o primeiro atendimento, tudo clareia, a sensação é de que tudo faz
sentido, quando temos que usar de todos os conhecimentos vividos na faculdade
para entender o caso de cada paciente, e montar um plano de tratamento, pois são
patologias que abrangem um todo. Apesar do desafio, tem sido enriquecedor a
experiência, nos faz perceber o quanto somos capazes e o quão importante é o
papel da fisioterapia dentro desse cenário, que a cada mínimo movimento, o olhar
de gratidão do paciente, e ações simples, como sentar na cama, ou caminhar do
leito até o banheiro, já fazem grande diferença no dia e na vida das pessoas.
10

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Rodrigo Pires. et al. Estudo epidemiológico das fraturas do


planalto tibial em Hospital de Trauma Nível I. Acta Ortopédica Brasileira. 2013; v.
21, n. 2, p. 109-15.
ALMEIDA, Sionara Tamanini. et al. Análise de fatores extrínsecos e intrínsecos que
predispõem a quedas em idosos. Revista da Associação Médica Brasileira. 2012;
v. 58, n. 4, p. 427-433.
BATISTA, Thayze Lima; MENDES, Jáder Luís Coêlho Fernandes; CUNHA,
Francisco Valmor Macedo. Prevalência de fraturas de platô tibial em pacientes de
um hospital público do Piauí. Revista Pesquisav em Fisioterapia. 2020; v. 10, n. 2,
p. 182-187.
FROTA, Norberto Anízio Ferreira. et al. Critérios para o diagnóstico de doença de
Alzheimer. Dementia & Neuropsychologia. vol. 5, n. 1, 2011, p. 5-10.
Hospital Dra. Zilda Arns Neumann completa seis anos de atividade. Prefeitura de
Fortaleza. 16 agosto, 2018. Saúde. Disponível em:
https://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/hospital-dra-zilda-arns-neumann-completa-
seis-anos-de-atividade. Acesso em: 28 março 2023.
Hospital e maternidade Zilda Arns (Hospital da Mulher). Prefeitura de Fortaleza.
Disponível em:
https://catalogodeservicos.fortaleza.ce.gov.br/categoria/saude/servico/291. Acesso
em: 28 março 2023.
JÚNIOR, Maurício Kfuri. et al. Fraturas do planalto tibial. Revista Brasileira de
Ortopedia. 2009; v. 44, n. 6, p. 468-74.
LIMA, Mayara Barbosa Sindeaux. et al. Paralisia Cerebral: Estresse dos Pais dos
Cuidadores. Psico-USF. Bragança Paulista, v. 26, n. 2, p. 357-368, abr./jun. 2021
MATILDE, Isabela Naiara Evangelista. et al. Manobras de higiene brônquica em
pacientes em ventilação mecânica: quais e por que são usadas?. einstein (São
Paulo). 2018;16(1):1-7.
PEIXOTO, Marcus Valerius da Silva. et al. Características epidemiológicas da
paralisia cerebral em crianças e adolescentes em uma capital do nordeste brasileiro.
Fisioterapia e Pesquisa. 2020;27(4):405-412.
SILVA, Letícia Thays Bessa Silva, LOURENÇO, Gerusa Ferreira. Análise de
Habilidades Sociais e Características Funcionais de Adolescentes com Paralisia
Cerebral. Paidéia. 2022, Vol. 32, e. 3211.
SOUZA, Luiz Humberto Rodrigues. et al. Queda em idosos e fatores de risco
associados. Revista de Atenção à Saúde. São Caetano do Sul, v. 15, n. 54, p. 55-
60, out./dez., 2017.

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