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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

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UNIDADE 1
REPRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

Disfunção eréctil
A Disfunção Eréctil (DE) ou “Impotência Sexual” é a incapacidade constante ou
recorrente de obter ou manter uma erecção, impedindo a actividade sexual durante
pelo menos 3 meses. A DE pode atingir os homens de qualquer idade, tornando-se
mais frequente com o avançar da idade. Apresenta uma prevalência global de cerca
de 13% em Portugal (Episex-pt, 2006) e continua para muitos um assunto tabú,
sendo o tema abordado com dificuldade, até com o médico de família.
[…]
A erecção resulta de um processo complexo envolvendo o cérebro, as hormonas,
os nervos pélvicos e os vasos sanguíneos que irrigam o pénis. As estruturas penianas
responsáveis pelo mecanismo eréctil são os corpos cavernosos, dois compartimen-
tos cilíndricos envolvidos numa túnica sólida. Em paralelo corre o corpo esponjoso
contendo a uretra. Com a excitação, o aumento do fluxo sanguíneo ao pénis, assim
como a diminuição da drenagem, expande os corpos cavernosos.
Encarada anteriormente como uma patologia de causas primariamente psicoló-
gicas, a DE resulta com maior frequência de uma causa física, geralmente uma doen-
ça crónica sistémica, o efeito secundário de um tratamento instituído ou ainda a
combinação destes factores.
As causas etiológicas mais comuns da DE são a doença coronária, a aterosclerose,
a diabetes, a obesidade, a hipertensão arterial e a síndrome metabólica. Nalguns
casos pode representar o primeiro sinal destas doenças. […]
As causas psicológicas da DE representam 10% a 20% dos casos e incluem
depressão, ansiedade, stresse, cansaço, assim como os problemas relacionais com a
parceira. A imbricação de um problema psicológico numa causa física menor inicial
poderá ser a origem de uma DE grave. […]
Quando justificado, o estudo complementar poderá incluir a realização de
eco-doppler peniano, um estudo neurológico aprofundado, provas de tumescência
e rigidez penianas nocturnas, cavernosometrias e avernosografias, assim como uma
consulta psicológica.
Existe hoje em dia uma plêiade de opções terapêuticas, desde o aconselhamento
sexual até às opções cirúrgicas, mas o tratamento adequado dependerá sempre
da(s) causa(s) e da severidade da DE contrapostas às expectativas do doente. […]
http://www.spandrologia.pt/ (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Mencione as principais causas da disfunção eréctil.
2. De que forma a DE pode interferir com a qualidade de vida do casal?
3. Refira medidas preventivas da DE.
4. Procure informação sobre outras disfunções sexuais masculinas e femi-
t

ninas.
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UNIDADE 1
REPRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

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Um cordão que salva vidas
Poder “guardar um pouco de si que mais tarde nos poderá salvar a vida parece algo

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retirado de um filme de ficção científica, mas não é. É o futuro, que está já aí.” As pala-
vras são de Rui Reis, presidente da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Tera-
pias Celulares e director do Grupo de Investigação 3B’s da Universidade do Minho.

Isabel Araújo concorda com o especialista. E tem razões para isso. Foi graças a um
transplante de células estaminais presentes no sangue do cordão umbilical do filho
mais velho, criopreservadas num banco privado, que Frederico, hoje com dois anos
e três meses, conseguiu trocar as voltas a uma imunodeficiência combinada severa.
A batalha contra um problema que provoca deficiências no sistema imunitário pros-
segue, mas hoje com “outras defesas e outra qualidade de vida”, garante a mãe.

Criopreservar o sangue do cordão umbilical – o mesmo é dizer congelá-lo a vinte


graus negativos – já não é uma prática estranha para os portugueses. No ano passado,
milhares pagaram cerca de mil euros para a recolha, logo após o parto, do sangue do
cordão, assim como a preservação, por um prazo máximo de vinte anos, das células
estaminais dele retiradas. Isto porque, justifica Sílvia Martins, da Bebé Vida, cada vez
mais os pais estão elucidados acerca das potencialidades e aplicações terapêuticas
com células estaminais. A prova dessas potencialidades são as dezenas de transplan-
tes feitos no mundo para combater muitas doenças graves, como as leucemias.

No entanto, mantém-se a discussão sobre se as aplicações actuais justificam ou


não o armazenamento. Rui Reis confirma que são muitas as doenças que podem ser
combatidas com estas células e o leque de aplicações futuras não pára de se alargar.
“Espera-se que um dia seja possível tratar outros tipos de doenças, como Parkinson,
Alzheimer, diabetes crónica, esclerose múltipla, enfartes do miocárdio ou outras que
ainda não têm cura.”

À ESPERA DO PÚBLICO

Portugal não tem um banco público que armazene as células estaminais do cordão
sem custos para os pais. Uma ideia defendida por todos – empresas privadas e espe-
cialistas. “Nos Estados Unidos há mesmo parceiras público-privadas”, refere Luís
Gomes, da Crioestaminal, a primeira empresa em Portugal a oferecer o serviço de crio-
preservação. “São dois conceitos diferentes, mas que se complementam”, acrescenta.

Rui Reis defende as vantagens de ambos. “Num banco público, temos de esperar
que haja disponibilidade e que existam células compatíveis. Se tivermos as células
num banco privado sabemos que são nossas e, por isso, há uma maior probabilida-
de de serem recebidas pelo organismo.” Mas, acrescenta, “é necessário que essas
terapias estejam disponíveis para toda a população e não só para alguns privilegia-
dos”. […]

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UNIDADE 1
REPRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

DOENÇAS TRATÁVEIS

LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA (É a forma mais frequente de cancro nas crianças).


LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA (Representa 50% dos casos de leucemia em jovens e
adultos jovens).
LINFOMAS (Tumores do sistema linfático, dois grupos: Hodgkin ou não Hodgkin).
SÍNDROME DE HURLER (Doença genética que afecta uma em cada 400 mil pes-
soas).
TUMORES SÓLIDOS (Neuroblastoma – sistema nervoso simpático, retinoblastoma
ocular).
ANEMIA DAS CÉLULAS FALCIFORMES (Doença que envolve uma proteína essen-
cial, a hemoglobina).
TALASSÉMIA (Problema de sangue, hereditário, um tipo de anemia).
ANEMIA APLÁSTICA ADQUIRIDA (Surge com a impossibilidade de a medula pro-
duzir células sanguíneas).
SÍNDROME DE WISKOTT ALDRICH (Provocada pela pouca produção de imunoglo-
bina M – IgM).
SÍNDROME DE SHWACHMAN-DIAMOND (Desordem genética rara que afecta
vários órgãos).
Correio da Manhã, 13 de Abril de 2008

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Que qualidade apresentada pelas células estaminais permite o seu uso
na terapêutica de tantas doenças?
2. Faça uma pesquisa sobre a evolução da investigação envolvendo célu-
las estaminais. Esta pesquisa deverá ser o mais abrangente possível, de
forma a permitir uma posterior discussão acerca dos benefícios que se
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podem obter vs. implicações éticas do uso de células estaminais.


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UNIDADE 1
REPRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

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Causas de infertilidade
A infertilidade (masculina ou feminina) pode ter inúmeras causas. Muitas vezes,

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essas causas de infertilidade encontram-se associadas a algumas doenças. Note-se,
porém, que nem sempre é possível determinar as causas de infertilidade.
A lista seguinte, não sendo exaustiva, apresenta algumas das causas mais comuns
para a infertilidade feminina e masculina.

Infertilidade feminina Infertilidade masculina

• Anovulação crónica (associada a): • Disfução eréctil;


– tumores ováricos (tumores de Bren- • Problemas endócrinos:
ner, teratomas císticos, cistadeno- – hipopituitarismo;
mas mucosos, tumores de Kruken- – síndrome de Cushing;
berg); – hiperplasia adrenal congénica;
– tumores hipotalâmicos e hipofisá- – uso de androgénios.
rios (adenoma cromofóbico, prolac- • Problemas testiculares
tinoma); congénitos/estruturais:
– produção excessiva de androgénios; – síndrome de Klinefelter;
– disfunções da tiróide; – síndrome do macho XX;
– hipogonadismo hipogonadotrópico – aplasia das células germinais;
(Síndrome de Kallman). – criptorquidismo;
– anorexia nervosa. – varicocelo.
• Problemas testiculares adquiridos:
• Outras causas:
– orquite viral;
– doença do ovário poliquístico
– traumatismo;
(PCOD);
– infecção por Mycoplasma;
– doença inflamatória pélvica;
– exposição a radiação;
– endometriose;
– exposição a drogas (álcool, heroína,
– disfunção da fase luteal;
marijuana, antineoplásicos, etc.);
– doença obstrutiva tubárica;
– exposição a toxinas ambientais;
– doenças genéticas (exemplo, Sín-
– doença auto-imune;
drome de Turner);
– associação com doenças sistémicas
– atresia folicular acelerada;
(cirrose, insuficiência renal, anemia fal-
– doenças auto-imunes.
ciforme, doença de Hodgkin, cancro,
distrofia miotónica, paraplegia, infarte
do miocárdio, etc.).
• Problemas no transporte de esperma:
– obstrução dos epidídimos ou dos
canais deferentes (ausência congé-
nita, fibrose cística, exposição a cer-
tas drogas, tumores, etc.);
– hiperplasia da próstata;
– cancro da próstata.

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UNIDADE 1
REPRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

A anovulação (ausência de ovulação) pode ter diversas causas, estando frequen-


temente associada a tumores ováricos ou hipotalâmicos ou a disfunções hormonais.

A causa mais comum de disfunção testicular adquirida no adulto é a infecção testi-


cular designada orquite viral. O vírus causador da parotidite (vulgarmente designada
por “papeira”) encontra-se entre os vírus responsáveis pela orquite. De facto, a orquite
é a principal complicação da parotidite, ocorrendo em cerca de 1/4 dos homens adultos
que contraem esta doença.
Os traumatismos testiculares constituem a segunda causa mais comum de atrofia
testicular adquirida. A posição escrotal dos testículos facilita a exposição das góna-
das a traumatismos físicos e térmicos.
Isselbacher et al., Harrison’s Principles of Internal Medicine (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Faça uma pesquisa de forma a obter mais informação sobre infertilidade
e factores associados (por exemplo, obesidade, diabetes, alcoolismo).
2. Comente a seguinte notícia.

Tabaco pode ser devastador para a


fertilidade feminina
reduzir as
O tabaco tem um efeito “devastador” na fertilidade feminina, ao
ão, segundo
hipóteses de gravidez e aumentar as de aborto durante a gestaç
ica “Hu-
um estudo holandês publicado, ontem, na revista científica britân
man fertility”.
significa que
[…] O tabaco acrescenta dez anos à idade reprodutiva, o que
fumadora
uma fumadora de 30 anos tem os mesmos problemas de uma não
de 40.
20 e 40
A investigação foi realizada com 8500 mulheres com idades entre
de fertili-
anos que estavam a ser submetidas, na Holanda, a um tratamento
probabili-
dade, tendo-se descoberto que as fumadoras tinham 28% menos
dades de dar à luz.
Jornal de Notícias, 8 de Abril de 2005 (adaptado)
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UNIDADE 2
PATRIMÓNIO GENÉTICO

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DGPI
O Diagnóstico Genético Pré-Implantação é a vertente mais polémica da reprodu-

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ção medicamente assistida.

PARECER SOBRE O DGPI

“O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) é de parecer que:

1. O DGPI é uma técnica de investigação diagnóstica e, enquanto tal, a sua realiza-


ção não viola princípios éticos fundamentais.

2. As decisões tomadas com base no resultado da aplicação de técnicas de DGPI


podem conduzir a situações de valor ético distinto.

3. O recurso ao DGPI põe em confronto valores éticos que, em determinadas cir-


cunstâncias, podem entrar em conflito. Quando seja possível evitar o desenvol-
vimento de um ser humano que tenha alta probabilidade de nascer ou vir a
desenvolver doença grave, que origine morte prematura e sofrimento prolon-
gado e irreversível, o recurso ao DGPI pode ser positivamente valorizado do
ponto de vista ético.

4. Assim, o recurso ao DGPI pode ser eticamente aceite, a título excepcional


quando, após avaliação médica, se demonstre que pelo menos um dos progeni-
tores é portador de alteração genética hereditária causadora de doença grave.

5. A utilização do DGPI deverá obedecer sempre ao princípio do consentimento


informado, o qual deve ser precedido de aconselhamento genético. Este
deverá fornecer, de modo claro e compreensível, toda a informação necessária
para a tomada de decisão pelos progenitores, nomeadamente sobre os proce-
dimentos, taxas de êxito, consequências e alternativas disponíveis, assim como
de avaliação e acompanhamento psicológico.

6. A utilização de técnicas de DGPI é eticamente inaceitável em doenças de deter-


minação genética complexa, devendo limitar-se a sua utilização para aquelas
cujo diagnóstico tenha um valor preditivo elevado.

7. A utilização do DGPI para a selecção de embriões em função de características


físicas que não estão associadas a qualquer patologia, designadamente para
escolha ou melhoramento de características consideradas normais, é também
eticamente inaceitável, por ser contrário ao princípio da não instrumentalização.

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8. A utilização do DGPI para seleccionar embriões dadores de células estaminais com
o fim de tratar doença fatal de familiar configura um complexo dilema ético em
que se considera poder sobrelevar-se o princípio da solidariedade. A sua resolu-
ção supõe a análise ponderada das possibilidades terapêuticas oferecidas pelas
tecnologias disponíveis, atende à manifestação da vontade dos progenitores e
deve ser sempre sujeita à apreciação positiva, caso a caso, por comissão especiali-
zada.

9. Aos embriões excedentários resultantes do processo de DGPI deverão ser apli-


cadas as disposições constantes do Parecer nº 44/CNECV/2004, nomeadamente
as contidas nos números 19 a 26. “
CNECV, Abril de 2007

Extracção de blastómero para DGPI


.

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Indique as diferentes fases da técnica de DGPI.
2. Segundo o CNECV, em que situações esta técnica é aceitável?
3. Reflicta sobre o nono e último parecer. (Procure mais informação no site
www.cnecv.gov.pt).
4. Num pequeno texto, comente a importância da existência de um con-
t

selho nacional da ética.


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UNIDADE 2
PATRIMÓNIO GENÉTICO

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Fenótipo de Bombaim – um caso Indivíduo com o
genótipo HH ou Hh
de epistasia A

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A A
O fenótipo de Bombaim relaciona-se com uma Hemácia
estranha expressão dos grupos sanguíneos do sis- A A
A Antigénios
tema ABO. Embora muito raramente, verifica-se que, Sangue do tipo A
por exemplo, filhos de um casal em que um dos pro- B
B B
genitores é AB e o outro A surgem com o fenótipo O.
Afastada a hipótese de infidelidade, e considerando o B B
B
modo de transmissão do sistema ABO, o fenótipo dos Sangue do tipo B
descendentes deste casal só poderia ser A ou AB.
A
Como explicar, então, o fenótipo O? B B

A expressão deste fenótipo resulta da interacção A A


de dois genes: o gene I (com os alelos IA, IB e i) e o B
Sangue do tipo AB
gene H (com os alelos H e h). A forma alélica normal
H codifica uma enzima (a fucosil-transferase 1) que
insere um glícido, designado antigénio H, num tipo
de glicoproteínas presentes nas membranas das Sangue do tipo O
hemácias imaturas. O alelo h produz uma forma da Indivíduo com o
enzima que é inactiva, impedindo assim a inserção do genótipo hh
glícido nas hemácias. A
A A IAIAhh
Os indivíduos portadores do genótipo HH ou Hh
expressam o genótipo ABO que possuírem. Contudo, A A IAi hh
A
em indivíduos com genótipo hh não é possível a liga-
Sangue do tipo O
ção dos antigénios A ou B à membrana das hemácias
B
e, assim, apresentarão o fenótipo O, independente- B B IBIBhh
mente do genótipo que possuírem.
B B IBi hh
Os indivíduos com o genótipo hh são muito raros, B
Sangue do tipo O
exceptuando-se os residentes na Ilha da Reunião (locali-
A IAIBhh
zada a Este de Madagáscar). Admite-se que esta elevada B B
frequência do alelo h resulta de um efeito fundador. No
A A
grupo de indivíduos que colonizou esta ilha isolada, B
Sangue do tipo O
deveria existir pelo menos um com o genótipo Hh ou
ii hh
hh. Ao longo das gerações, e devido à consanguinidade
resultante do facto de se tratar de uma população redu-
zida, a frequência deste alelo foi aumentando. Sangue do tipo O
Gene H e expressão do sistema ABO.
R. Lewis, Human Genetics (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Por que razão se afirma que existe uma relação de epistasia entre o
gene H e o gene I?
2. Como justifica a elevada frequência do alelo raro h na população da
Ilha da Reunião?

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UNIDADE 2
PATRIMÓNIO GENÉTICO

Plasmídeos
Os plasmídeos, actualmente utilizados na tecnologia do DNA recombinante, sofreram
uma enorme manipulação laboratorial de forma a incluírem genes úteis no isolamento e
análise de DNA recombinado. Estes plasmídeos são, por vezes, formados a partir de frag-
mentos de DNA isolados de plasmídeos de Escherichia coli e de Saccharomyces cerevisiae.
Entre os genes presentes nos plasmídeos recombinados contam-se:
1. genes que dão início à replicação. Devido à sua dupla origem, estes plasmí-
deos possuem genes que permitem a sua replicação quer em E. coli, quer em
S. cerevisae.
2. uma ou mais zonas de restrição, para que possam ser utilizadas enzimas de
restrição específicas. Na figura, as letras fora do círculo indicam locais nos
quais essas enzimas de restrição específicas podem actuar.
3. alguns genes que permitem que os investigadores seleccionem os organismos
que são portadores destes plasmídeos. Estes genes permitem que as células
geneticamente modificadas cresçam em condições ambientais específicas que
tornariam impossível o crescimento de células não manipuladas. Por exemplo,
uma célula transformada pode conter um plasmídeo que possui um gene que
lhe confere resistência ao antibiótico tetraciclina. Assim, as células portadoras
de plasmídeos recombinantes podem crescer num meio com tetraciclina,
enquanto que as células não manipuladas morrem
nesse meio. Além disso, estão presentes genes
Aatl
(URA-3), com origem na levedura, que per-
Xbal
mitem o crescimento das células porta-
doras do plasmídeo em meios pobres Regiã
a à replic o ini
i açã ci
em uracilo. nc lina o
ad e S.

ici
Am istê

ora cerev
d
p
s

O DNA recombinante pode também ser


Re

de

Hpal
introduzido em células eucarióticas. Têm
Região iniciadora de
sido utilizados vírus como vectores em
isae

replicação de E. coli
células de mamíferos. Estes vírus são trata- Clal
Re

dos de forma a não produzirem infecção Pvull


sis
t

cia
ên

nas células, limitando-se a incorporar o DNA àT 3


etra A-
que transportam no DNA da célula hospedeira. ciclina UR
Solomon et al., Biology (adaptado)

Sall BamHl Smal

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Indique uma vantagem da dupla origem do plasmídeo representado.
2. Por que razão são incluídos locais de restrição nos plasmídeos transfor-
mados?
t

3. Tendo em conta os genes presentes no plasmídeo representado, que


eventuais perigos poderão resultar da sua libertação no meio ambiente?
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UNIDADE 2
PATRIMÓNIO GENÉTICO

t
informação sobre as características patológi-
Base de dados de DNA

©
cas ou hereditárias dos indivíduos".
está pronta a arrancar e […]
Pensada para identificar criminosos, bem
promete diminuir crimes como para reconhecer desaparecidos, a base
por resolver de dados de DNA portuguesa terá vários fi-
cheiros diferentes, para separar as águas en-
Foi dado o passo que faltava para a criação tre os perfis recolhidos para investigação cri-
da base de dados portuguesa de perfis de minal e aqueles que visam a identificação
DNA para identificação civil e criminal. O re- civil. Por outro lado, "os perfis de DNA e os
gulamento e as regras de funcionamento que dados pesso ais ficarã o separ ados fisica -
faltavam para pôr em prática aquele instru- mente", segundo Francisco Corte-Real.
mento foram publicados, anteontem, em Diá- No tocante à identificação civil, a base será
rio da República, pelo que o Instituto Nacio- constituída a partir da recolha de amostras
nal de Medicina Legal (INML) está agora em voluntários que queiram o seu perfil refe-
apto a recolher a informação genética de to- renciado. "Há dois anos, no incêndio da serra
dos os condenados por crimes dolosos com da Estrela, morreram cinco pilotos chilenos e
penas de prisão concreta igual ou superior a o INML conseguiu identificar os cadáveres
três anos de prisão. que tinham registos do seu DNA na base de
[…] dados do respectivo país".
O presidente do INML, Duarte Nuno Vieira, Do mesmo modo, será possível fazer identifi-
também aplaude de pé a criação desta base ge- cações de pessoas desaparecidas (com autori-
nética. "É um instrumento essencial à investi- zação da família) e recolher amostras em ca-
gação criminal, pelo qual nos vínhamos ba- dáveres. "Nos gabinetes do Porto, Coimbra e
tendo há vário s anos. " A inform ação da Lisboa do INML aparecem todas as semanas
primeira base de dados genética portuguesa fi- cadáveres que muitas vezes são enterrados ou
cará instalada na sede do INML em Coimbra e inumados sem chegarem a ser identificados.
ficará sob a direcção de Francisco Corte-Real, Sendo possível cruzar esses perfis genéticos
especialista em genética forense e director da com os pedidos sobre desaparecidos que nos
Delegação do Centro do INML. chegam de famílias e da polícia, haverá me-
nos corpos por identificar", aponta Corte-
Autor do regulamento desta lei, Corte-Real -Real.
garante que a confidencialidade dos dados […]
está assegurada e que "em caso algum os Público, 5 de Dezembro de 2008
marcadores de DNA poderão revelar qualquer

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Discuta as vantagens e as desvantagens da existência de uma base de
dados de DNA.

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UNIDADE 3
IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

Como explicar a enorme diversidade de anticorpos


produzidos pelos linfócitos B?

Um dos problemas iniciais dos imunologistas foi perceber como era possível pro-
duzir tantos anticorpos quantos os antigénios que podem desencadear uma res-
posta imunitária. Apesar de cada célula humana possuir uma enorme quantidade de
DNA, nunca seria suficiente para conter um gene diferente para codificar os milhões
de possíveis anticorpos.

Em 1965, W. J. Dreyer da Universidade de Zurique e J. C. Bennett da Universidade


do Alabama propuseram que as regiões constantes (C) e as regiões variáveis (V) das
imunoglobulinas (Igs) seriam codificadas por dois genes distintos.
Inicialmente, esta hipótese foi rejeitada por contrariar a hipótese então vigente
de “um gene, um polipeptídeo”.

Em 1976, Susumu Tonegawa e outros investigadores do MIT (Massachusetts Insti-


tute of Technology) demonstraram que, de facto, eram genes separados que codifi-
cavam as regiões C e V das imunoglobulinas. Estes investigadores verificaram que
existiam três grupos de genes responsáveis pela codificação das Igs, e cada grupo
destes genes continha segmentos de DNA responsáveis pela codificação das
regiões V. A recombinação destes segmentos de DNA, durante a diferenciação dos
linfócitos B, é responsável pela diversidade de anticorpos existente.

Actualmente, sabe-se que num linfócito B indiferenciado existem vários genes


capazes de codificar diferentes regiões V, um ou mais genes responsáveis pela codifi-
cação de cadeias J (também designadas regiões de junção) e um ou mais genes res-
ponsáveis pela codificação de regiões C. Os rearranjos destes segmentos de DNA
produzem um enorme número de potenciais combinações. Milhões de diferentes
células B (e células T) são produzidas. Por acaso, uma destas células pode ter produ-
zido o anticorpo certo, capaz de se ligar e destruir o agente patogénico que invadiu
o organismo.

Mais recentemente, foram identificadas outras fontes de diversidade dos anticor-


pos. Por exemplo, o DNA dos linfócitos B maturados, que codifica as diferentes
regiões das imunoglobulinas, tem uma elevada taxa de mutação. Estas mutações
somáticas originam ligeiras variações nos anticorpos produzidos.
Mecanismos genéticos semelhantes estão na base da diversidade de receptores
das células T.
t
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8
UNIDADE 3
IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

t
DNA de um linfócito B indiferenciado

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V1 V2 V3 V4 J1 J2 J3 Intrão C

Rearranjo de genes

V1 V2 V3 J3 Intrão C

DNA de um linfócito B

Gene funcional
Transcrição
V3 J3 Intrão C
RNA pré-mensageiro 5’ 3’

RNA
“Splicing”
V3 J3 C
5’ 3’
Tradução
Polipeptídeo
Região Região
variável constante
Anticorpo
Origem da diversidade de anticorpos.

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Por que razão a hipótese que defendia que as regiões constantes e as
regiões variáveis das imunoglobulinas eram codificadas por genes dis-
tintos foi, inicialmente, rejeitada?
2. Com base no texto e no esquema, procure descrever os mecanismos
responsáveis pela enorme diversidade de anticorpos que um orga-
nismo pode produzir.

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UNIDADE 3
IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

Vacina da hepatite B comestível


Em todo o Mundo, existem cerca de 300 milhões de pessoas infectadas por hepa-
tite B, que mata todos os anos cerca de 1 milhão de pessoas.
Existe uma vacina para a hepatite B, cuja produção recorre a leveduras genetica-
mente modificadas. No entanto, esta vacina é cara, tem de ser aplicada em três
doses sucessivas, num intervalo de seis meses e tem de ser mantida em refrigeração
constante. Estes factores dificultam a sua aplicação nos países em vias de desenvol-
vimento.
Por este motivo, está a ser desenvolvida uma vacina recombinante, mais barata e
fácil de administrar. Esta vacina é feita à custa da inserção de DNA extraído do vírus
da hepatite B em células de folhas de plantas como a batateira.
Esta vacina experimental conferiu imunidade a ratos que se alimentaram de
batata crua transgénica. Como isto só ocorreu quando os animais se alimentaram de
batata crua, os investigadores estão a tentar introduzir a vacina em bananas, de
forma a facilitar a sua administração a seres humanos.
Miller, Living in the Environment (adaptado)

1 DNA do vírus da hepatite B 2 Batateira originada das


inserido em células da batateira células modificadas (possui
DNA do vírus da hepatite B)
Vírus da hepatite B

Folha da batateira

Batateira

Batata
Proteína viral

3 As batatas produzem 4 O rato alimenta-se da batata


proteínas semelhantes às geneticamente modificada e
do vírus da hepatite B. adquire imunidade ao vírus
da hepatite B.
Produção da vacina da hepatite B comestível.

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Quais as desvantagens que poderão advir da introdução da vacina da
hepatite B no genoma de plantas utilizadas na alimentação humana?
2. Serão as vantagens do uso deste tipo de vacina superiores às suas des-
t

vantagens? Justifique a sua resposta.


©

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10
UNIDADE 3
IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

t
Alergias
Há, sem dúvida, uma componente hereditária nas alergias. Uma criança com um

©
dos pais asmático tem boas probabilidades de sofrer do problema. Ainda assim, a
expansão das alergias é demasiado rápida para ter uma explicação exclusivamente
genética. “O património genético global”, afirma Donald Y. Leung, alergologista. “Exis-
tem obrigatoriamente factores ambientais e comportamentais.”
Dezenas de teorias atribuem culpas a toda a gente: desde a equipa de paisagistas
urbanos, por favorecerem as plantas-macho (responsáveis pela produção de pólen), às
mulheres que não amamentam os seus filhos. De acordo com esta teoria, o aleitamento
materno proporciona maior protecção contra as alergias. A verdade é que, segundo
parece, ele dá aos bebés maior imunidade contra as constipações e outras infecções.
Outro factor provável: o regime alimentar. “Baixo nível de ingestão de fruta e legumes
frescos, maior quantidade de alimentos transformados, menos antioxidantes e baixo
nível de ingestão de alguns minerais. Está provado que todos estes factores constituem
risco”, diz Harold Nelson, um dos maiores especialistas em alergia e imunologia.
O consumo de antibióticos também pode ser causa do crescimento dos níveis de
alergia. […] Outro culpado fundamental: os poluentes ambientais. […]
Por ironia, não são apenas os poluentes que causam problemas. Talvez eles se
devam também a limpeza em excesso, ou melhor, a determinado tipo de limpeza.
Umas das teorias dominantes entre os alergologistas é conhecida como Hipótese da
Higiene. Caracterizada por complexidades e contradições, a ideia fundamental é a
seguinte: se uma família quiser evitar as alergias do seu filho, deve instalar uma vaca na
sala de estar em casa. As pessoas que vivem com animais de quinta quase nunca têm
alergias. “A hipótese da higiene foi levantada desde as primeiras investigações sobre
alergias”, diz Andrew Liu, professor associado de alergia pediátrica e imunologia clínica.
“John Botock, a primeira pessoa a identificar a rinite alérgica, observou que se tratava
de uma doença das pessoas com alto nível de formação. Não conseguiu documentar
quaisquer casos entre gente pobre”.
Segundo os teorizadores da higiene, embora seja verdade que a industrialização
proporciona melhores cuidados de saúde e menos infecções pediátricas graves, tam-
bém traz uma obsessão pela limpeza. Não somos expostos à sujidade quando ainda
somos novos para dar aos sistemas imunitários um bom treino. Devido ao elevado
custo de energia, um número cada vez maior de casas é construído tendo em vista o
isolamento térmico, que encerra no seu interior fungos e pó, inimigos das pessoas alér-
gicas.
National Geographic Portugal, Maio de 2006 (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Enumere os vários factores prováveis que estão na origem das alergias.
2. Explique a Hipótese da Higiene.
3. Se a sujidade é “positiva”, por que razão as alergias e a asma apresentam
uma incidência tão elevada nos bairros pobres localizados no meio dos
centros urbanos?

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

11
UNIDADE 3
IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

Vacina contra a malária?


É fácil inventariar todas as vacinas capazes de impedir que os seres humanos
contraiam determinada doença parasítica: não há nenhuma. Existem vacinas para
bactérias e vírus, mas são organismos comparativamente simples. Por exemplo, o
vírus da poliomielite é composto exactamente por onze genes. O Plasmodium falci-
parum possui mais de 5 mil. É esta complexidade, associada ao movimento cons-
tante do parasita da malária – escapando-se, como um fugitivo, do mosquito para a
corrente sanguínea humana, para o fígado e para os eritrócitos –, que torna diaboli-
camente difícil a concepção de uma vacina.

Idealmente, uma vacina contra a malária deveria proporcionar protecção para a


vida inteira. Uma redução na transmissão da malária poderia levar muitas pessoas a
perder a imunidade entretanto adquirida contra a doença – até os adultos, em ter-
mos imunológicos, poderiam regredir – tornando-a ainda mais devastadora, em
caso de regresso. É por esse motivo que uma vitória parcial sobre a malária poderia
revelar-se pior do que um fracasso total.

O Plasmodium falciparum apresenta também numerosas estirpes e uma vacina


precisa de ser capaz de inibir todas elas. Evidentemente, a vacina não pode deixar
qualquer oportunidade ao parasita para desenvolver resistências. Criar uma vacina
contra a malária é uma das mais ambiciosas demandas médicas de todos os tempos.

A história recente da malária está cheia de grandes declarações que acabaram


por revelar-se sem fundamento. “VACINA CONTRA MALÁRIA ESTÁ PERTO”, anunciava
um cabeçalho do “New York Times” em 1984. “Tratava-se do último grandes obstá-
culo”, afirmava nesse artigo um cientista norte-americano. “Ninguém duvida agora
de que iremos ter uma vacina. Tudo o mais serão afinações”. Passados sete anos de
afinações, outro cabeçalho do mesmo jornal resumia assim o resultado: “ESFORÇO
DE COMBATE CONTRA MALÁRIA PARECE TER FRACASSADO.” Em finais da década de
1990, o imunologista colombiano Manuel Patarroyo afirmava, no meio de grande
fanfarra dos meios de comunicação social, ter descoberto resposta para a malária
com a sua vacina, SPf-66. Os primeiros resultados foram surpreendentes, mas estu-
dos de acompanhamento posteriormente realizados na Tailândia e na Gâmbia
demonstraram a sua ineficácia.

Por todo o mundo, pelo menos 90 equipas desenvolvem actualmente investigação


sobre determinado aspecto da vacina; o governo britânico, a título de incentivo, com-
prometeu-se a adquirir centenas de milhões de euros de qualquer vacina bem suce-
dida, para a doação a países necessitados. Aquela que mais próxima se encontra de ser
distribuída ao público, desenvolvida pela companhia farmacêutica GlaxoSmithKline
Biologicals, em colaboração com o Exército norte-americano, denomina-se RTS,S. Num
t

ensaio recentemente realizado em Moçambique, proporcionou protecção contra a


forma mais grave de malária a cerca de metade das crianças inoculadas, durante mais
©

de um ano.

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

11
UNIDADE 3
IMUNIDADE E CONTROLO DE DOENÇAS

t
Cinquenta por cento não é mau, mas não é a solução mágica capaz de neutralizar
a doença de uma vez por todas. Muitos investigadores suspeitam não ser possível

©
uma cura abrangente, capaz de tudo resolver. A malária sempre nos afectou e talvez
continue a fazê-lo.

National Geographic Portugal, Julho de 2007

Estratégia Oocisto
de vacinação ete
cin Rup
Bloquear o Oo tur
ad
desenvolvimento oo
do parasita no oc
is
mosquito.

to
Fases no mosquito
Feminino

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Alvo em movimento

po
Os investigadores centram-se
s
eta

r oz
Fertilização nos momentos vulneráveis do ciclo 8
Gâ m

oít
de vida do parasita: a entrada nos humanos,

os
a chegada do fígado e a entrada nos mosquitos Glândulas
O ciclo da vida do parasita salivares
Masculino 1 Um mosquito injecta esporozoítos na corrente sanguínea.9
2 Estes invadem as células do fígado e transformam-se
em esquizontes. 3 Cada célula rompe, libertando dezenas de
milhares de merozoítos. Penetrando em glóbulos vermelhos,
7 os parasitas multiplicam-se. 4 Cada glóbulo vermelho rebenta
e liberta novos merozoítos. 5 Infectam mais glóbulos 1
Pele Pele

ítos
vermelhos e multiplicam-se outra vez. 6 Alguns merozoítos
no

diferenciam-se em células masculinas ou femininas,


huma

rozo
Feminino 6 chamadas gametócitos. 7 Alimentando-se do doente, o
Game

mosquito ingere gametócitos. 8 Eles reproduzem-se e


gad

Masculino
Célula Espo
transformam-se em oocistos, que se rompem
tóci

o fí

e libertam esporozoítos. 9 Os esporozoítos do fígado


sn

5
tos

se

migram para as glândulas salivares,


Fa

Glóbulos prontos a serem injectados 2


vermelhos num hospedeiro humano.
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vermelhos ozo
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Bloquear a
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tremores parasitas nas


ses d as cé

ocorrem células do fígado.


m

durante
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o ciclo.
ea

Estratégia de vacinação la s n
s a n g uí
Prevenir invasão dos
glóbulos vermelhos
ou reduzir a gravidade
da infecção.

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Cite três factores que tornam difícil a concepção de uma vacina contra a
malária.
2. Faça uma pesquisa sobre a evolução da malária nas últimas décadas,
bem como sobre as formas de combate a esta doença.

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

12
UNIDADE 4
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE

Sensibilização aos alergénios alimentares


Para que ocorra uma sensibilização a um composto alimentar, é necessário que o
alergénio, habitualmente uma proteína ou uma glicoproteína, entre em contacto
com as células do sistema imunitário situadas em profundidade na mucosa intestinal.
No entanto, as proteínas são quase completamente degradadas no lúmen do
tubo digestivo, antes da sua absorção pelo epitélio intestinal. Em consequência, os
alergénios alimentares não são susceptíveis de penetrar em quantidade suficiente na
mucosa intestinal para serem reconhecidos pelo sistema imunitário como antigénios
e provocarem a síntese de anticorpos correspondentes. No entanto, é possível que a
sensibilização ocorra no bebé, cujo epitélio digestivo é mais permeável, ou como
resultado de lesões na mucosa após uma gastroenterite. Os linfócitos B, sensibiliza-
dos nesta situação pelo alergénio, poderão, posteriormente, produzir anticorpos IgE
específicos, capazes de se fixarem aos mastócitos.
Determinadas proteínas desempenham, com maior frequência do que outras, o
papel de alergénios, talvez devido a uma maior resistência às enzimas digestivas.
Estudos mostraram que a alimentação do bebé com leite de vaca (exposição precoce
a proteínas alheias e aumento dos riscos de infecção intestinal) e uma predisposição
familiar (pai ou mãe que já sofrem de uma alergia alimentar) são factores que aumen-
tam o risco de desenvolvimento da doença.
Lacasse D., Introdução à Microbiologia Alimentar (adaptado)

Lúmen do intestino
Composto alergénico

Epitélio intestinal

IgE Mastócito
Mastócito não sensibilizado
sensibilizado
Grânulos de histamina
Capilar sanguíneo

Indivíduo não alérgico Indivíduo alérgico

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Qual a natureza química dos alergénios alimentares mais comuns?
2. Por que razão os alergénios alimentares, em condições normais, não
são capazes de provocar sensibilização nos indivíduos adultos?
3. Que grupo de imunoglobulinas estão envolvidas no processo alérgico?
4. Indique dois factores que podem aumentar o risco de desenvolvimento
t

de alergia alimentar.
©

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

13
UNIDADE 4
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE

t
Enzimas e bioluminescência
Os fenómenos de bioluminescência ocorrem, por exemplo, nos pirilampos. Mais

©
de 1900 espécies destes insectos utilizam um repertório particular de sinais lumino-
sos para atrair um parceiro sexual.
A luz é emitida quando um ácido orgânico, a luciferina, reage com ATP, produ-
zindo-se um composto intermediário (adenilato de luciferil). A enzima luciferase
catalisa uma reacção entre este composto intermediário e o oxigénio, libertando-se
oxiluciferina, CO2, AMP (adenosina monofosfato) e energia luminosa. A oxiluciferina
é, então, reduzida a luciferina, reiniciando-se o ciclo.

Adenilato O2
de luciferil

Luciferase Luz
Pi

ATP
CO2 + AMP

Luciferina Oxiluciferina

Reacções de regeneração

Reacções que permitem a bioluminescência em pirilampos.

Actualmente, utiliza-se a luciferina e a luciferase em algumas indústrias alimenta-


res, para detectar a presença de ATP. Quando surge ATP numa substância isso indica
a contaminação por microrganismos. Por exemplo, os produtores de Coca-Cola
recorrem a esta técnica para detectar bactérias nos xaropes que são usados para
produzir as bebidas. Os xaropes contaminados brilham devido ao ATP que é produ-
zido pelas bactérias.
A luciferina e a luciferase foram utilizadas na sonda americana Viking, cujo objec-
tivo era explorar o planeta Marte. Estas substâncias foram utilizadas com o objectivo
de detectar a presença de vida neste planeta.

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Tendo em conta os produtos de reacção, a enzima luciferase catalisa
uma reacção anabólica ou catabólica?
2. Justifique a afirmação: “A utilização de luciferase na detecção de vida
em Marte apresentava uma limitação, não permitindo detectar qual-
quer forma de vida, apenas detectaria formas de vida que tivessem vias
metabólicas semelhantes às dos organismos terrestres.”

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

UNIDADE 4
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE 14
“Armas” enzimáticas
Algumas enzimas apresentam uma capacidade catalítica verdadeiramente
impressionante. Um bom exemplo disso é a catalase, responsável pela desdobra-
mento do peróxido de hidrogénio em água e oxigénio. O peróxido de hidrogénio é
uma substância tóxica que se forma nas células em consequência de determinadas
reacções catabólicas. Se não for eliminada por acção da catalase, esta substância
acumula-se, conduzindo à morte da célula.
O peróxido de hidrogénio, se não sofrer uma acção catalítica, degrada-se muito
lentamente. Contudo, na presença da catalase são decompostas cerca de 40 milhões
de moléculas de H2O2 por segundo. Este biocatalisador apresenta a maior taxa catalí-
tica conhecida para uma enzima.
Esta enorme capacidade catalítica é utilizada por um insecto (Stenaptinus insig-
nis) como um verdadeiro sistema de defesa. O oxigénio produzido, por efeito de
pressão, ejecta água e outros compostos químicos com uma força explosiva. Como a
reacção catalisada pela catalase liberta uma grande quantidade de calor, a água é
ejectada sob a forma de vapor.

A catalase é utilizada como um sistema de defesa por este escaravelho-bombardeiro.

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Que tipo de reacção é mediada pela catalase (síntese ou degradação)?
2. Os produtos de reacção contêm maior ou menor quantidade de ener-
t

gia do que os reagentes? Justifique a sua resposta.


©

AEB12CAP_04 BIOLOGIA 12 | CADERNO DE APOIO AO PROFESSOR |


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UNIDADE 4
15 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE

t
Propriedades antimicrobianas das bactérias lácticas
Um crescimento significativo das bactérias tam bactérias lácticas no começo da fermenta-

©
lácticas num alimento facilita a sua conserva- ção, além das já presentes no produto.
ção porque a sua presença e o seu metabo- Diferentes produtos metabólicos sintetiza-
lismo impedem o desenvolvimento da maioria dos pelas bactérias lácticas têm, também, um
dos microrganismos indesejáveis. Os mecanis- papel importante. Foi evidenciada, por exem-
mos de inibição incluem vários factores como: plo, a acção inibidora do peróxido de hidrogé-
– acidificação do meio; nio produzido por numerosas estirpes e da ni-
– competição nutricional; sina (um antibiótico natural produzido por
– secreção de produtos antimicrobianos. certos lactobacilos, como Lactobacillus lactis).
Os ácidos orgânicos produzidos durante a fer-
A diminuição do pH, como consequência mentação também podem actuar como inibi-
da produção de grandes quantidades de áci- dores. De facto, as bactérias patogénicas e a
dos orgânicos (sobretudo ácido láctico e ácido maioria das bactérias indesejáveis tolera mais
acético), é o factor mais importante. Esta acidez dificilmente a acidez devido aos ácidos orgâni-
impede o crescimento da maioria das bactérias cos do que a provocada por ácidos fortes. As
indesejáveis. Além disso, outras características salmonelas, por exemplo, crescem até um pH
do produto alimentar fermentado (como a pre- de 4,0 com ácido clorídrico, mas são inibidas
sença de sal, a desidratação do produto, a tem- assim que o pH atinge 4,5 com ácido láctico.
peratura de armazenamento) diminuem a tole- As potencialidades inibidoras das bactérias
rância dos microrganismos a valores de pH lácticas permitem vislumbrar a sua utilização
baixos. Por exemplo, o pH dos chouriços secos como agentes de conservação de produtos
é de 4,6 a 5,3 e o do iogurte é de 4,0. Estes valo- frescos, além do seu uso tradicional como
res de pH são, geralmente, suficientes para ini- agentes de fermentação. No entanto, as bacté-
bir a maioria das bactérias contaminantes. rias lácticas, assim como as leveduras, podem
A presença de bactérias lácticas num ali- também contribuir para a deterioração dos ali-
mento é, por si só, um factor de inibição impor- mentos.
tante para o crescimento das outras bactérias. Lacasse, D., Introdução à Microbiologia Alimentar (adaptado)
Esta é uma das razões pelas quais se acrescen-

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Indique os principais fenómenos, resultantes da presença de bactérias
lácticas no meio, que são responsáveis pela inibição do crescimento de
microrganismos indesejáveis.
2. Que características dos produtos alimentares fermentados contribuem
para a diminuição da tolerância dos microrganismos patogénicos à aci-
dificação do meio?
3. Dê dois exemplos de substâncias antimicrobianas produzidas por bac-
térias lácticas.
4. Procure explicar a seguinte constatação: “A maioria das bactérias inde-
sejáveis tolera mais dificilmente a acidez devido aos ácidos orgânicos
do que a provocada por ácidos fortes.”

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

UNIDADE 4
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE 16
A química do pão
O grão de trigo é constituído por três partes:
– o invólucro ou farelo, rico em fibras;
– o embrião, rico em enzimas, principalmente amilases;
– a parte central ou endosperma, que é a única parte presente na farinha
branca.

A farinha branca possui dois constituintes principais: o amido (70% a 80%), um


polissacarídeo formado por longas cadeias ramificadas de glicose e o glúten (aproxi-
madamente, 10%), um conjunto de proteínas que se ligam entre si em presença de
água enquanto se amassa. A elasticidade do glúten ligado faz com que o gás carbó-
nico seja aprisionado durante a fermentação. Os lípidos são pouco abundantes na
farinha (aproximadamente, 2%), mas têm um papel importante na retenção do dió-
xido de carbono.
Além de garantir a produção de CO2 pela fermentação dos açúcares, as leveduras
modificam a textura da massa pela acção de enzimas proteolíticas sobre o glúten e
pela produção de diferentes substâncias orgânicas que conferem um sabor especial.
Durante o cozimento, o calor causa diversas reacções químicas na superfície da
massa e alguns dos compostos formados (furfural, aldeídos, etc.) acrescentam sabor
ao pão. Forma-se uma crosta enquanto o amido se gelifica no interior, originando o
miolo. As proteínas coagulam; as leveduras são destruídas enquanto que o álcool e
outras substâncias voláteis evaporam-se.
Lacasse, D., Introdução à Microbiologia Alimentar (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Tendo em conta que o grão de trigo é uma semente (que contém um
embrião), procure explicar a presença de grande quantidade de amilases
no embrião.
2. Que papel desempenha o glúten na produção de pão?
©Shutterstock.com
3. Que alterações produzem as leveduras sobre a massa utilizada no fabrico
de pão?
4. Descreva as principais alterações provocadas pelo calor, que permitem
t

que a massa fermentada se transforme em pão.


©

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

UNIDADE 4
17 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE

t
Técnicas de conservação de alimentos –
tratamento térmico inovador

©
Há uma nova técnica de conservação da maçã. Trata-se de um tratamento tér-
mico, com base em água aquecida, que se assume como uma real alternativa ao tra-
tamento químico convencional. O seu desenvolvimento experimental e demonstra-
ção estiveram a cargo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), da
Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) e de uma empresa
ligada ao sector das frutas, sediada no distrito de Bragança.
As experiências foram realizadas ao longo dos últimos três anos. O objectivo é
reduzir a incidência de microrganismos nos frutos, reduzir o aparecimento do escal-
dão de superfície e preservar as características qualitativas durante o maior tempo
possível, dentro dos parâmetros normais de comercialização.
As empresas e as cooperativas que armazenam e comercializam maçã utilizam,
actualmente, uma solução química à base de Tiobendazole (anti-fúngico) e de Dife-
nilamina (substância anti-escaldão), que ajuda a preservar as características do fruto,
enquanto ele permanece nas câmaras de frio.
Conscientes da importância do sector e da necessidade de implementar técnicas
de pós-produção amigas do ambiente e saudáveis para o consumidor, as três entida-
des desenvolveram […] este projecto, pioneiro em Portugal, para a área da maçã de
consumo em fresco. […]

Durante o novo processo de conservação, a maçã é imersa em água quente a


temperaturas que podem variar entre os 48 ºC e os 55 ºC, durante um período que
pode oscilar entre 30 segundos e cinco minutos. Segundo os responsáveis pelo pro-
jecto, o tratamento térmico apresenta resultados idênticos e até superiores aos que
eram conseguidos com o tratamento vulgarmente utilizado. Para além disso, per-
mite tornar mais lento o processo de amadurecimento dos frutos e poderá garantir
mais qualidade à maçã que se destina à conservação e comercialização. […]
JN Negócios (suplemento do Jornal de Notícias), Março de 2005 (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Quais os objectivos do tratamento térmico de conservação da maçã?
2. Diga o que entende por “técnicas de pós-produção amigas do ambiente
e saudáveis para o consumidor”.
3. Indique três vantagens do processo de conservação térmico.

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

UNIDADE 4
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE 18
História da apertização
e o aparecimento das conserveiras
A apertização deve o seu nome ao inventor do procedimento origi-
nal da esterilização dos alimentos, Nicolas Appert. Este francês
desenvolveu a sua técnica de conservação por volta de 1809,
aquando de um concurso lançado pelo Imperador Napoleão. O
método de Appert consiste em dispor os alimentos em recipien-
tes de vidro com fecho hermético e mergulhá-los em seguida em
água levada à ebulição. A duração do aquecimento varia segundo
o tipo de alimento que se pretende esterilizar. Appert publicou, em
1810, “O livro de todos os lares: a arte de conservar durante vários
anos todas as substâncias animais ou vegetais”. Neste trabalho, Appert Nicolas Appert
(1749-1841).
descreve minuciosamente todas as etapas a serem seguidas para colocar em
conserva diferentes categorias de alimentos. O seu método marca, assim, o início da
indústria conserveira.
Em 1819, um inglês, Peter Durand, concebe um tipo de recipiente menos one-
roso: uma lata de conserva metálica formada por uma folha de aço dobrada e sol-
dada. A invenção é melhorada, em 1839, pela colocação de uma camada fina de
estanho sobre a folha de aço para reduzir os riscos de corrosão. A lata de conserva
assume o seu aspecto moderno em 1908 quando um engenhoso sistema de fecho
permite eliminar a necessidade de soldadura.
O método de Appert foi utilizado com bastante fidelidade até 1872, ano em que
um americano, A. K. Shiver, desenvolve um aparelho que permite aquecer as latas de
conserva sob uma pressão de vapor. Sendo a temperatura obtida superior a 100 ºC,
a duração do tratamento térmico pode ser reduzida. O autoclave moderno, utilizado
nas indústrias de conservas, é inspirado neste aparelho.
Embora Louis Pasteur tenha demonstrado, em 1860, que os microrganismos
eram responsáveis pelas fermentações, a indústria conserveira só fez a ligação entre
as bactérias e a alteração dos alimentos em 1895, isto é, quase um século depois da
invenção de Nicolas Appert. Nesse mesmo ano, um investigador da Universidade do
Wisconsin, H. L. Russel, demonstrou que as bactérias eram responsáveis pelo azedar
das conservas de ervilhas insuficientemente aquecidas.
Lacasse D., Introdução à Microbiologia Alimentar (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Que fenómenos ocorrem durante o aquecimento dos alimentos que
permitem a sua conservação?
2. Indique as vantagens que terão resultado da modificação do método
de apertização introduzido por Shiver, em 1872?
3. Por que razão as conservas de ervilhas azedavam quando não eram
t

suficientemente aquecidas?
©

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

UNIDADE 4
19 PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE

t
Transgénicos longe de consenso
As posições há muito que se extremaram. Defensores dos organismos genetica-

©
mente modificados (OGM) agarram-se à ciência para provar que os transgénicos não
são nocivos ao ambiente e à saúde. Do outro lado da barricada, movimentos anti-
OGM, na maioria associações ambientalistas, tentam demonstrar que há perigos e
que, na dúvida, o melhor é não arriscar. Enquanto corre a discussão, com avanços e
recuos para os dois lados, no terreno muitos agricultores vão aderindo aos OGM,
convictos de estarem a produzir mais e melhor.
No seio da polémica, para a qual não se vislumbra um consenso próximo, estão
interesses económicos poderosos e grupos de activistas fervorosos. Como os que
invadiram e destruíram um campo de milho em Silves, com o pretexto de colocar o
assunto na agenda mediática portuguesa. Margarida Silva fala em nome da Plata-
forma Transgénicos Fora do Prato, que reúne associações de defesa do ambiente. E,
desta vez, para se congratular com duas notícias recentes. O anúncio do chumbo ao
cultivo de dois novos tipos de milho, feito pelo comissário europeu do Ambiente, e a
intenção do presidente francês de suspender as culturas comerciais de transgénicos
até ao fim de uma avaliação conduzida por uma instância independente. “Pela pri-
meira vez, a Comissão Europeia (CE) assumiu que a inexistência de riscos nos OGM
não é uma questão assim tão linear e que se calhar há impactos no ambiente.”
Mas, apesar de a CE levantar agora reservas aos transgénicos, a política europeia
está longe de ser pacífica entre os 27. Prova disto foi o último conselho do Ambiente,
onde se discutiu o caso da Áustria, que há vários anos impôs um embargo à importa-
ção de milho. Os 27 não chegaram a acordo.
Pedro Fevereiro, do Centro de Informação de Biotecnologia (CIB) e investigador,
não considera as posições políticas actuais um recuo de Bruxelas e atribui-as à “pres-
são crescente dos grupos anti-OGM, que constatam que no terreno as culturas avan-
çam cada vez mais”. Isto porque são cada vez mais os agricultores que aderem. Em
Portugal, só é permitido o cultivo do milho MON 810 e os agricultores que o culti-
vam reconhecem as melhorias produtivas que traz.
O CIB diz que há consenso na comunidade científica que estuda os transgénicos.
“Claro que é preciso ter cuidado, pois a tecnologia pode ser maliciosa. Mas as regras
criadas dão garantias de que o que é aprovado é seguro para a saúde humana e
para o ambiente.”
Diário de Notícias, 28 de Novembro de 2007

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Diga o que entende por OGM.
2. Indique uma vantagem e uma desvantagem do uso de OGM.
3. Faça uma pesquisa no sentido de recolher informação relativa a OGM.
Essa pesquisa deverá ser o mais abrangente possível, de forma a permi-
tir uma posterior discussão acerca do uso de OGM.

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DOCUMENTOS DE AMPLIAÇÃO

UNIDADE 4
PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E SUSTENTABILIDADE 20
Controlo da mosca do Mediterrâneo
através da técnica do insecto esterilizado
A mosca do Mediterrâneo encontra-se estabelecida na Madeira, nos Açores e no
continente Português, com especial incidência no Algarve. Para o combate à praga,
os agricultores recorrem à aplicação de grandes quantidades de insecticidas, com
resultados pouco aceitáveis, em termos de eficácia, de duração dos efeitos e de sal-
vaguarda da biodiversidade. Dadas as limitações associadas à luta química em geral
e à inviabilidade da sua aplicação na Agricultura Biológica, será desejável a utilização
de um meio de combate alternativo que seja eficaz e que respeite o meio ambiente.
Com este objectivo, foi implementada, na Ilha da Madeira, a Técnica do Insecto Este-
rilizado, visando o controlo da mosca do Mediterrâneo.
Esta técnica permite interferir no desenvolvimento normal da população da
praga, funcionando como “controlo da natalidade”, já que os machos esterilizados
produzidos na Biofábrica e largados no campo acasalam com fêmeas selvagens, mas
não dão origem a novas gerações, que no caso desta espécie, podem ser de várias
centenas de novas moscas. Para que este processo seja eficaz, têm de ser produzidos
e largados semanalmente cerca de 30 milhões de machos esterilizados (largadas
inundativas) criando no campo uma população esterilizada capaz de rivalizar com
os machos selvagens na luta pelo acasalamento com as fêmeas selvagens.
Para que a utilização da técnica do insecto esterilizado seja eficaz, é necessário
que o combate à praga seja efectuado contra a população global e não para a pro-
tecção apenas de uma cultura ou de uma parcela de terreno. A dispersão é, normal-
mente, efectuada por via aérea, permitindo uma distribuição bastante uniforme em
toda a zona de trabalho. As largadas por via terrestre são também usadas em vales e
zonas sujeitas a condições meteorológicas adversas. Para verificar a efectividade da
dispersão, os machos esterilizados são marcados com pó fluorescente, sendo efec-
tuada a observação das armadilhas, semanalmente. Desta forma, é avaliada a eficá-
cia da dispersão e conhecida a relação estéril/selvagem que se encontra no campo,
devendo ser de, aproximadamente, 25 machos esterilizados para 1 selvagem. Assim,
a probabilidade de acasalamento de um macho esterilizado com uma fêmea selva-
gem é elevada, garantindo a redução da população da praga.
Revista Jovens Agricultores n.º 61, 2005 (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Indique duas limitações do combate químico às pragas.
2. Cite uma condição fundamental para que o método do insecto esterili-
zado se possa revelar eficaz.
t

3. De que forma se avalia a eficácia das largadas de insectos esterilizados?


©

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UNIDADE 5
21 PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE

t
Como reduzir as emissões de CO2
No mínimo, as actuais emissões de CO2 deveriam ser reduzidas para metade, nos

©
próximos 50 anos, de modo a impedir um desastre futuro.
Robert Socolow e Stephen Pacal descreveram 15 “cunhas de estabilização” para
cumprir esse objectivo com recurso às tecnologias existentes. Cada cunha redutora
de carbono reduzirá as emissões em mil milhões de toneladas por ano em 2057.
Qualquer combinação destas estratégias equivalente a 12 cunhas poderá reduzir
as emissões em 50%.
+ 5 °C
Mais de UMA CUNHA DE Captura em centrais de
800 ppm
Em 2057 CADA VEZ combustível sintético
Estimativa de emissões 16 abastecidas a carvão para
de carbono: Cada uma das produzir 30 milhões de
16 mil milhões de 15 Consequências
depois de estratégias reduzirá as
2057
barris/dia.
toneladas/ano emissões anuais de
Possível
aumento de carbono em mil milhões
14 temperatura e COMBUSTÍVEL COM MENOS
de toneladas em 2057.
13 concentração CARBONO
de CO2
O mesmo atmosférico Substituir 1400 grandes
Ritmo actual EFICIÊNCIA E
12 em partes centrais a carvão por centrais a
de aumento por milhão CONSERVAÇÃO
(ppm) gás natural.
Melhorar a economia do
11 Abandonar o consumo de
Manter combustível dos carros em
A taxa actual carvão e triplicar produção de
2057 de 8 litros/100 km para
de emissões energia nuclear.
Hoje 10 cortando 8 4 litros/100 km.
As emissões cunhas até
Reduzir os quilómetros
globais de carbono 9 2057 e RENOVÁVEIS E
reduzindo percorridos por carro de 16 mil
foram estimadas mais depois
BIOARMAZENAMENTO
para 8 mil km/ano.
em 8 mil milhões 8 Aumentar a energia eólica para
de toneladas/ano 8 + 3 °C Aumentar 25% a eficiência dos
25 vezes a capacidade actual.
525 ppm sistemas de aquecimento,
7 refrigeração, iluminação e dos Aumentar a energia solar para
7 Reduzir
700 vezes a capacidade actual.
Nos últimos Metade das electrodomésticos.
emissões nos
50 anos 6 próximos 50 Melhorar a eficiência das Aumentar 50 vezes a produção
Aumento 6 anos cortando eólica para fabricar hidrogénio
centrais electroprodutoras
crescente mais 4 cunhas para carros alimentados por
5 e reduzindo alimentadas a carvão de 40%
das emissões 5 mais depois para 60%. células de combustível.
4 Aumentar 50 vezes a produção
4 + 2 °C
450 ppm CAPTURA E do biocombustível etanol.
ARMAZENAMENTO (Seriam necessários cerca de
3 um sexto dos terrenos de
Emissões globais Captura e armazenamento de
cultivo mundiais).
de carbono CO2 em 800 centrais
2 Novas alimentadas a carvão ou em Parar a desflorestação por
(mil milhões de toneladas por ano)
tecnologias completo.
Emissões de 3,7 toneladas de CO2 Podem ser
1600 centrais alimentadas a
1 contêm uma tonelada de carbono necessárias gás natural. Estender as técnicas de lavoura
1957 Hoje 2057 depois de conservacionista a todos os
50 anos de Usar sistemas de captura de
emissões mais baixas, de forma a carbono em centrais de terrenos (a lavoura normal
chegar aonível zero (emissões de CO2 produção de hidrogénio liberta carbono ao acelerar a
menos CO2 absorvido naturalmente pelos solos
e oceanos). alimentadas a carvão, decomposição da matéria
produzindo combustível para orgânica).
mil milhões de carros. National Geographic
Portugal, Novembro de 2007

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Quais as principais consequências das emissões de carbono para a
atmosfera?
2. Indique, justificando, qual das estratégias de redução das emissões será
mais fácil de executar.

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UNIDADE 5
PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE 22
Estudo de caso: Fitofiltração de urânio
Seguidamente, des-
N
creve-se um caso prático
Braga
desenvolvido no âmbito o
Dã o
Porto o eg
dos projectos de investiga- Ri nd
o
RioM
ção financiados pela Fun-
da

O
dação para a Ciência e a Coimbra Tábua lha ã

I C
Fa ous
Covilhã L
Tecnologia. O caso aqui

N T
descrito visa a desconta- Avô
A T L Â Portalegre
minação de escorrências
mineiras recorrendo a téc- Lisboa
Arganil
nicas de fitorremediação.
E A N O

Legenda:
Uma parte integrante Beja
Depósitos recentes Ordovícico
deste estudo foi desenvol- Granito Xisto cinzento
O C

vida na região uranífera


Faro
das Beiras (fig. 1). 0 50 km Fig. 1 | Região uranífera das beiras.

Foram analisadas, por métodos fluoriméticos, 43 espécies de plantas aquáticas


da flora autóctone, de forma a avaliar o seu potencial para acumular urânio (U). O
objectivo é gerar fitossistemas capazes de reduzir a contaminação de U libertada
pelas escorrências das antigas minas de U para os cursos de água da região, afluen-
tes do rio Mondego e do rio Dão. Verificou-se que, nas proximidades das minas, a
concentração de U varia entre 30 μg/L a 1000 μg/L, valores muito superiores ao
admissível para as águas de consumo humano (<30 μg/L de acordo com a EPA –
Environmental Protection Agency, EUA).

Com base na representatividade e


na capacidade de acumulação, foram
seleccionadas para integrar um fitossis-
tema as espécies Callitriche stagnalis
Scop (fig. 2), Potamogeton natans L. e
Potamogeton pectinatus L.
Fig. 2 | Callitriche stagnalis Scop.

Para testar as espécies seleccionadas, foi construído um circuito fechado de canais


onde circulava água contaminada com urânio (500 μg/L) e onde se colocaram em cul-
tura as espécies.

Concentração inicial do sistema


500 μmg/L de U
Sentido do fluxo de água
t

Fig. 3 | Esquema do Recirculação de água (bombagem)


protótipo laboratorial
do fitossistema.
©

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UNIDADE 5
22 PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE

t
A eficiência deste sistema foi bastante elevada e, após 24 horas, verificou-se uma
redução de 56% da contaminação inicial. No fim da experiência, após duas semanas,
a contaminação de urânio era de 72,3 μg/L. Os resultados deste sistema são apresen-

©
tados na tabela seguinte. As plantas desempenharam um papel activo na desconta-
minação da água e as concentrações deste metal nas plantas reflectem esse facto.

Concentração de U na água
Início 1 dia 2 dias 7 dias 15 dias
(µg/L)
Água 500 220 162,2 79,44 72,32

Concentração de U nas plantas


Início 1 dia 2 dias 7 dias 15 dias
(mg/kg peso seco)
C. stagnalis 0,98 144,71 256,27 1082,90 1567,08

P. natans 3,46 97,45 205,01 239,79 270,92

P. pectinatus 2,63 675,35 755,79 1132,92 1588,02

Redução de U (%) 0 56 67,56 84,11 85,54

Tabela 1 | Resultados do fitossistema após funcionamento contínuo durante 15 dias.

A utilização das plantas seleccionadas na descontaminação das escorrências


mineiras contaminadas com U pode ser uma alternativa viável aos métodos tradicio-
nais. Com base nos resultados obtidos, perspectiva-se uma futura implementação
de um sistema de fitorremediação in situ. A progressão nesse sentido deverá ser
acompanhada por estudos mais pormenorizados sobre a capacidade de acumula-
ção das plantas, nomeadamente sobre os mecanismos de acumulação, sobre técni-
cas que possam aumentar a eficácia do sistema assim como das combinações de
espécies mais adequadas, de modo a reduzir a competição pelos nutrientes e asse-
gurar o equilíbrio do ecossistema.
Boletim da APPBG, Junho de 2006 (adaptado)

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Que métodos tradicionais são utilizados na descontaminação das escor-
rências minerais contaminadas com urânio?
2. O que é um fotossistema?
3. A fitofiltração é uma forma de biorremediação corrente?

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UNIDADE 5
PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE 23
Poluentes Orgânicos Persistentes: os 12 mais indesejáveis
A comunidade internacional tem vindo a assumir uma preocupação crescente
quanto ao controle dos poluentes orgânicos persistentes (POP). E não é caso para
menos – as suas características tornam-os uma ameaça à saúde mundial.
A 11 de Dezembro de 2000, foi concluído, em Joanesburgo, de acordo com o Pro-
grama das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), um tratado que define um con-
junto de medidas sobre a produção, importação, exportação, uso e eliminação destes
produtos.

Mas o que são, afinal, os POP?


Os POP são compostos orgânicos que resistem à degradação química, fotolítica e
biológica, de origem essencialmente antropogénica, nomeadamente associada ao
fabrico e utilização de compostos químicos. Outros compostos, como as dioxinas e
os furanos, são formados, involuntariamente, a partir de processos de combustão.
São compostos que possuem baixa solubilidade em água, mas alta solubilidade nos
lípidos, o que tem como principal consequência a sua acumulação nos tecidos adi-
posos. Esta característica, aliada à sua persistência (intervalo de tempo que um com-
posto é capaz de permanecer no ambiente antes de ser degradado noutros compos-
tos mais simples), potencia a sua perigosidade ao nível da cadeia alimentar e,
consequentemente, os riscos de exposição dos consumidores de topo, como é o
caso do homem. A sua semi-volatilidade favorece o seu aparecimento em fase
gasosa e a sua adsorção em partículas atmosféricas, o que facilita o transporte aéreo
por longas distâncias.
Os POP podem ser encontrados em todo o mundo, mesmo em regiões onde
nunca foram fabricados ou manipulados. Alguns deles foram sujeitos a restrições,
mas a sua utilização é ainda comum em muitos países. Factores como custos eleva-
dos e fraca divulgação têm contribuído para que as alternativas existentes não
tenham ainda uma utilização generalizada.

Efeitos na saúde
Tal como muitos outros poluentes, é por vezes muito difícil atribuir directamente
a responsabilidade de uma doença a um composto classificado como POP. Este facto
é ainda agravado pelo facto de, na maior parte das vezes, os POP não estarem pre-
sentes como um único composto, mas em associações.
Os seres humanos podem ser expostos aos POP através da alimentação, de aci-
dentes e através da poluição ambiental. A exposição ocupacional ou acidental a
alguns POP revela-se muito preocupante para a saúde humana. Algumas activida-
des de alto risco englobam a agricultura e a manipulação de resíduos perigosos. Por
outro lado, deficientes condições de trabalho, falta de formação e a utilização de
equipamento inadequado, são aspectos que fazem com que o risco de exposição
dos trabalhadores da indústria química seja elevado.
t
©

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UNIDADE 5
23 PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE

t
Nos últimos anos, têm vindo a registar-se casos de exposição a POP, que têm
resultado num grande número de doenças e mortes. Um exemplo, é o caso da expo-

©
sição ao hexaclorobenzeno na Turquia, que entrou na cadeia alimentar humana,
provocando várias doenças do foro urinário e neurológico, para além da cirrose
hepática.
Outro exemplo é o acidente de Seveso, na Itália, com a libertação de elevados
teores de dioxinas, que tiveram como consequência um aumento considerável no
cloroacne (doença de pele) na região.

Os 12 POP prioritários
De acordo com o decidido em Joanesburgo, as medidas de controlo dos POPs
incidem, numa primeira fase, numa lista de 12 compostos químicos, agrupados em
três categorias. A lista inclui oito pesticidas (aldrina, clordano, DDT, dieldrina,
endrina, heptacloro, mirex e toxafeno), dois químicos industriais (PCB e hexacloro-
benzeno, este também usado como pesticida) e dois subprodutos involuntários de
processos industriais de combustão (dioxinas e furanos).
www.naturlink.pt

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Indique duas características dos POP que os tornam perigosos para o
Homem.
2. A reunião de Joanesburgo decorreu já em 2000. Faça uma pesquisa de
informação no sentido de saber que medidas foram tomadas pelo
PNUA desde essa data para o controle do uso destas e de outras subs-
tâncias perigosas.

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UNIDADE 5
PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE 24
Portugal com “notáveis progressos” na redução da mortalidade
A Organização Mundial de Saúde classificou Portugal como um dos cinco países
do Mundo que mais “notáveis progressos” fizeram na redução da taxa de mortali-
dade desde 1970, em especial da mortalidade infantil.

No relatório de “Cuidados de Saúde Primários - Agora mais do que sempre”, Por-


tugal é classificado como um dos cinco países do Mundo – ao lado do Chile, Malásia,
Tailândia e Omã – que “mais notáveis progressos” fizeram na “redução da taxa de
mortalidade”, designadamente “para menos de um quinto desde 1975”.

Esta melhoria deve-se ao “melhoramento no acesso às redes de saúde, que foram


expandidas”, graças a um “compromisso político sustentável” e a um “crescimento
económico que permitiu continuar a investir no sector da saúde”, considera a OMS.

Quanto à melhoria dos indicadores de saúde em Portugal, a OMS destaca que a


“esperança de vida à nascença” é actualmente “9,2 anos superior ao que era há três
décadas”, sublinhando os resultados nacionais alcançados na “redução dos casos
mortais em vários grupos etários”, sobretudo na mortalidade infantil, onde se regista
uma “redução para metade de oito em oito anos”.

“O desempenho de Portugal para reduzir a taxa de mortalidade em várias faixas


etárias é dos mais consistentes e bem sucedidos [do Mundo] nas últimas três déca-
das”, salienta o estudo.

Outros dados avançados pelo relatório da OMS indicam que, entre 1970 e 2008,
Portugal conseguiu reduzir a mortalidade perinatal em 71 por cento, a mortalidade
infantil (óbitos de crianças nascidas vivas que faleceram com menos de um ano) em
86 por cento, a de crianças em 89 por cento e a mortalidade maternal em 96 por
cento.

“Esta performance levou a uma evidente convergência da saúde da população


portuguesa com a de outros países da região”, lê-se no documento.
Jornal de Notícias, 14 de Outubro de 2008

PROPOSTA DE EXPLORAÇÃO
1. Segundo a OMS, a que se deve a redução da Taxa de Mortalidade Infantil
em Portugal?
t

2. Distinga mortalidade perinatal de mortalidade maternal.


©

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UNIDADE 5
25 PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE

t
Calcule a sua pegada ecológica
Escolha as respostas que melhor se adequam ao seu caso. Depois, some os pon-

©
tos. No final, descubra a sua pegada ecológica.
Pontos Seus Pontos
1. ALOJAMENTO
Quantas pessoas moram em sua casa?
a) 1 30
b) 2 25
c) 3 20
d) 4 15
e) 5 ou mais 10
Qual o sistema de aquecimento da sua casa?
a) gás natural 30
b) electricidade 40
c) gasóleo 50
d) fontes renováveis (solar, eólica) 0
Quantas torneiras há em sua casa?
a) menos de 3 5
b) 3 a 5 10
c) 6 a 8 15
d) 8 a 10 20
e) mais de 10 25
Em que tipo de casa vive?
a) apartamento 20
b) moradia 40
2. ALIMENTAÇÃO
Quantas refeições de carne ou de peixe consome por semana?
a) nenhuma 0
b) 1 a 3 10
c) 4 a 6 20
d) 7 a 10 35
e) mais de 10 50
Quantas refeições feitas em casa consome por semana?
a) menos de 10 25
b) 10 a 14 20
c) 15 a 18 15
d) mais de 18 10
Procura comprar alimentos produzidos localmente?
a) sim 25
b) não 125
c) às vezes 50
d) raramente 100
3. TRANSPORTES
Que tipo de automóvel tem (se não tiver, não responda)?
a) motociclo 35
b) baixa cilindrada (até 1200 c.c.) 60
c) média e alta cilindrada (a partir de 1200 c.c.) 75
d) carrinha 100
e) todo-o-terreno 130
Como vai para a escola?
a) carro 60
b) à boleia 30
c) transportes públicos 15
d) bicicleta ou a pé 0
Quantos quilómetros tem de percorrer de carro para chegar à escola (se não tiver carro, não responda)?
a) menos de 10 10
b) entre 10 e 30 20

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UNIDADE 5
PRESERVAR E RECUPERAR O MEIO AMBIENTE 25
c) entre 30 e 50 30
d) entre 50 e 100 60
e) mais de 100 80
Onde foi nas últimas férias?
a) a nenhum lado 0
b) fiquei em Portugal (continente) 10
c) fui a Espanha (continente) 20
d) fiquei pela Europa, países africanos próximos ou fui aos Açores ou Madeira 30
e) saí da Europa, fui para longe 50
Em quantos fins-de-semana por ano viaja de carro (mínimo 20 km de distância)?
a) 0 0
b) 1 a 3 10
c) 4 a 6 20
d) 7 a 9 30
e) mais de 9 40
4. CONSUMO
Quantas compras significativas fez (ou os seus pais…) no último ano? (por exemplo: TV, DVD, computador,
mobílias, etc.)?
a) 0 0
b) 1 a 3 15
c) 4 a 6 30
d) mais de 6 45
Costuma comprar produtos de baixo consumo de energia?
a) sim 0
b) não 25
5. RESÍDUOS
Procura reduzir a produção de resíduos? (por exemplo: evita produtos com muita embalagem, reutiliza o papel,
evita os sacos de plástico, etc.)
a) sempre 0
b) às vezes 10
c) raramente 20
d) nunca 30
Pratica compostagem dos resíduos orgânicos?
a) sempre 0
b) às vezes 10
c) raramente 20
d) nunca 25
Costuma separar o lixo e colocá-lo no ecoponto para ser reciclado?
a) sempre 0
b) às vezes 10
c) raramente 20
d) nunca 25
Quantos sacos de lixo é que produz por semana?
a) 1 10
b) 2 20
c) 3 ou mais 30

COMO INTERPRETAR O RESULTADO?


Total obtido Pegada ecológica

menor do que 150 menor do que 4 ha

entre 150 e 400 entre 4 e 6 ha

entre 400 e 600 entre 6 e 8 ha


t

entre 600 e 800 entre 8 e 10 ha

maior do que 800 maior do que 10 ha


©

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