Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Variantes de puls:
• puls fabata (feita com favas);
• puls punica (que continha queijo,
mel e uma gema de ovo);
• puls iuliana (que
continha mioleiras e carne e
vinho e liquamen). Apício. De re
coq., 5.1.1).
O PÃO
Império.
O PÃO
• O pão mais comum era um pão
redondo, feito de farro (Emmer), um
cereal da família do trigo.
• Com o tempo, os romanos
melhoraram o processo de moagem,
e, como resultado disso, foram os
primeiros a produzir pão branco.
• Anteriormente, faziam-se pães
escuros, de grãos integrais.
• Por volta de 100 a.C., Roma possuía
mais de 200 padarias comerciais.
Ientaculum
• A primeira refeição do dia fazia-se logo que se
levantavam, sendo composta por pão, queijos,
ovos e leite de cabra ou ovelha, nas casas
mais abastadas. O pão era embebido em vinho
ou regado a azeite, e o leite era o de cabra ou
de ovelha.
• Durante o período imperial, devido a preceitos
médicos, o ientaculum caiu em desuso e esta 2 - Pão proveniente de Pompeios
refeição era constituída apenas por pão e
água.
AS REFEIÇÕES EM ROMA
Prandium
• Por volta do meio-dia, tomava-se
uma refeição mais substancial,
geralmente em pé (sine mensa).
• Os alimentos eram as sobras
da cena do dia anterior: carnes frias,
peixe, queijos e frutas e, para bebida,
o chamado mulsum, um vinho
1 - Mosaico com representação de refeição. Século IV.
Uzitta, Henchir El Machceba, Tunísia. Detalhe: um escravo
misturado com mel, pois ela era
serve um visitante consumida durante as horas de
trabalho.
AS REFEIÇÕES EM ROMA
Cena
• Era a principal refeição do dia e iniciava-se entre a nova e a
décima hora, no inverno, que corresponde às três/quatro
horas da tarde, como nos informa Plínio (Ep. III, 1)
e Cícero (Fam. IX 26), prolongando-se pela noite.
• Os mais ricos convidavam os amigos e clientes e, por vezes,
tornavam-se verdadeiros banquetes.
• A cena dividia-se em três partes:
✓gustatio (ou gustus ou promulsio);
✓prima mensa;
✓secunda mensa.
• A gustatio era composta por aperitivos: cogumelos, saladas,
Pintura de Pompeios com representação de um banquete em família, Museo
rábanos, couve, ovos, trufas, atum, ostras e queijo. Archeologico Nazionale (Nápoles).
my scan.Unknown painter before 79 AD - Theodore H. Feder, Great Treasures of Pompeii
and Herculaneum (Abbeville, 1978) pp. 24-25
A IMAGEM DA LUXÚRIA ALIMENTAR:
As Fontes Arqueológicas e Arqueológicas
«O prato seguinte foi pastéis de queijo frios, com uma cobertura de mel
quente, regado por um vinho hispânico de excelente qualidade. Em boa
verdade, aos pastéis nem os provei, mas de mel até me besuntei. À volta
havia grãos-de-bico, tremoços, nozes descascadas à discrição e uma
maçã para cada pessoa. Mesmo assim, eu agarrei em duas e tenho-as
aqui escondidas no guardanapo; é que se não levo algum presente ao
meu escravito, tenho logo algazarra. Mas em boa hora a minha
patroa mo recorda: puseram à nossa disposição uns nacos de carne de
urso; sem pensar, Cintila provou-a e esteve quase a ponto de vomitar as
próprias entranhas. Eu, pelo contrário, despachei mais de uma libra, pois
tinha o mesmo sabor que o javali. No que me toca é assim: se o urso
devora o pobre do homem, muito mais deve o pobre do homem devorar
o urso! No final, tivemos queijo fresco, vinho recozido, um caracol por
pessoa, tripas aos bocados, fígado no prato, ovos embarretados,
rábanos, mostarda e um prato cheio de merda — e pára, Palamedes!
Circularam ainda, numa tina, azeitonas picantes, das quais alguns
descarados sacaram umas boas três punhadas. Ao presunto, deixámo-lo
ir em liberdade.»
Petrónio, Satíricon, Edições Europa América. Livros de Bolso Fresco com cena de Banquete. C. 50 a. C. Herculano.
A IMAGEM DA LUXÚRIA ALIMENTAR:
As Fontes Arqueológicas
Para nos apercebermos bem do
que era a alimentação dos
romanos de condições elevadas,
vejam-se alguns mosaicos, que
espelham a "mesa farta“, como é
o exemplo do Mosaico de um
Triclinium de uma villa da época
de Adriano, no Aventino.
Costuma denominar-se este tema
como “chão sem varrer”.
Mosaico "chão sem varrer" do Triclinium da villa da época de Adriano,
Aventino.
A ALIMENTAÇÃO EM ROMA
• Para a maioria dos romanos, nem
sempre era possível consumir
alimentos frescos, pelo que os
mesmos eram fumados, salgados,
secos ou conservados em vinagre.
• O célebre molho que se misturava
em praticamente todos os
alimentos, o garum, bem como os
condimentos e ervas, ajudavam a
disfarçar o sabor que os menos
frescos pudessem ter. Em território atualmente português são conhecidas inúmeras
unidades fabris de conserva de peixe e de produção de garum, a
exemplo de Lisboa, Setúbal, Troia, Ilha do Pessegueiro e muitas do
Algarve.
ASARÔTOS OÏKOS – Mosaico “Chão sem varrer”
• Segundo o escritor Plínio-o-Velho (23/24-
79), na sua História Natural XXXVI, 184,
terá sido o artista greco Sosos de
Pérgamo, que viveu no século II a.C., que
representou, de forma extremamente
naturalística, um chão com as sobras de
comida que ficou conhecido como
asarôtos oïkos (chão não varrido). O
modelo foi reproduzido no mundo
romano.
• Esse tipo de representação coaduna-se
com a tradição que proibia que se
apanhassem os restos de uma refeição
que tivessem caído no chão, porque os
detritos eram considerados alimentos dos O mosaico da fotografia faz parte do acervo do museu do Chateau de Boudry
(foto copiada do site “http://www.chateaudeboudry.ch”) e é um dos
mortos. mais extraordinários mosaicos romanos que sobreviveram. Data do século V d.C.
e acredita-se que seja originário da Síria.
O PESCADO
• Em época romana, verificou-se uma evolução na
importância dada ao peixe como fonte de
alimentação. Sabemos que o peixe era
componente essencial da gastronomia romana.
• Fresco, ou em conserva, chegava praticamente a
todas casas, sendo também de consumo habitual
entre as classes menos favorecidas.
• A captura massiva dos recursos piscícolas
possibilitava a existência de excedentes, levando à
sua conservação para um posterior consumo.
• A indústria de salga de peixe desenvolveu-se e
tornou-se uma actividade de âmbito económico
mais amplo.
• O pescado era muito apreciado, e alguns tipos de
peixe eram bastante caros no período romano.
• Servir um bom peixe e de grandes dimensões
Mosaico romano da casa do Fauno. Pompeios. Mostra uma enorme variedade
de vida marinha. Museo archeologico Nazionale di Napoli. inteiro era uma manifestação de estatuto.
O PEIXE
• Confirmam a importância do peixe, em
Época Romana, as fontes escritas, as
iconográficas – recordamos, por exemplo
frescos e mosaicos, bem como de
numismas – que ajudam muito à
compreensão sobre as presenças do peixe
no Mundo Romano.
• Conhecidos são também muitos objectos
arqueológicos ligados à pesca: O elevado
número de artefactos relacionados com a
pesca, tais como anzóis, pesos de rede,
chumbadas e agulhas para a confecção de
redes, bem como restos faunísticos.
• A utilização de redes de pesca
generalizou-se por todo o Mediterrâneo
em período clássico.
O PEIXE E A PESCA
https://www.pinterest.pt/pin/435301120229825855/
A Pesca
Imagens:
1 - https://www.pinterest.com/pin/562809284657398791/
1 – Relevo com cena de Taberna e transporte de barris. Detalhe de um monumento funerário. Saint Maximin, França. Século II.
Treviri Museum. Imagem a partir de: https://www.pinterest.com/pin/524669425318490088/
2 - Baixo relevo de embarcação transportando barris. Século I. Rome, Museo della Civiltà Romana
Macellum, o Mercado
• Gradualmente, foram-se
desenvolvendo os grandes
Mercados, onde se podiam
comprar os produtos que os
camponeses traziam às cidades,
bem como carne e peixe.
• Localizavam-se junto do fórum,
para facilitar o seu acesso.
[Símulo] «tinha adentrado a horta; e em primeiro lugar, afundando quatro dedos na terra revolta, retira com
leveza uns alhos e suas fibras espessas. Daí, com uma linha fina, arranca os pequenos ramos do aipo, a arruda
molhada e o coentro que treme. No lugar onde os colheu, sentou-se alegre ao fogo e pediu com voz clara um
pilão à escrava. Então retira uma a uma as folhas de seus ramos, despe as vagens de suas cascas, e as
abandona espalhando os restos ali pelo chão, lava no tanque de pedra os bulbos selecionados, deixando
escorrer, através de uma abertura, a água pela relva; salpica a porção com uma pitada de sal, que se
acrescenta também ao queijo rústico e acaba sobre ditas ervas, e enquanto com a mão esquerda segura sua
veste sob a perna de pelos eriçados, a direita mói com o soquete, primeiro outras ervas, depois mói tudo por
igual na mesma seiva. A mão mantém o giro: aos poucos a mistura perde as próprias características, e dentre
todas resulta uma só cor, nem verde de todo, pois as porções de queijo não o permitem, nem brilhante como
o leite, porque já muito modificada pelas ervas. Às vezes o odor amargo alcança-lhe as narinas e este
condena sua refeição com uma careta, às vezes esfrega com a mão os olhos lacrimejantes e, furioso, insulta o
odor inocente. O trabalho avançava (…) Então finalmente circunda todo o prato com dois dedos e junta as
partes distantes ao conjunto, para que o resultado obtenha a aparência e o nome de moretum (v. 85-116).
Atribuído a Vergílio
AS BOLACHAS DE QUEIJO E MEL
• Os pastéis romanos, assim como
as bolachas, costumavam conter
queijo e mel, como adoçante, e
adquirem o nome de placenta.
• A palavra placenta vem do latim
e significa ‘pastel folhado’.
• Placenta era também uma torta
redonda, constituída com vários
Mosaico procedente de Cartago discos de massa, recheados de
queijo, mel, ervas ou frutas.
ALGUNS ALIMENTOS: o azeite
• Sobre o azeite, existem inúmeras
referências, como as de Plínio - «Há
também azeitonas muito doces que se
secam por si, mais doces que uvas
passas; são bastante raras e produzem-
se na África e próximo de Emérita, na
Lusitânia», Plínio, NH, XV, 17.
Passum
Vindima e prensa das uvas. Mosaico da Igreja de Santa Constança, Roma. Século IV
O VINHO:
as fontes escritas (Apício) e
arqueológicas
Erotes, aqui representados como mercadores de vinho, ilustram Erotes procedendo à degustação do vinho, garantindo desse
a fase final da produção do vinho, verificando se se encontra em modo a qualidade do produto.
condições de ser vendido. Casa de Vettii, Pompeios. Casa de Vettii, Pompeios
A ALIMENTAÇÃO: Fontes Arqueológicas e escritas
“Todos os montanheses são frugais: bebem só
água, dormem no chão….”
“Os montanheses durante dois terços do ano
alimentam-se de lande de carvalho. Secam-nas,
trituram-nas, moem-nas e fazem com elas pão
que pode guardar-se durante muito tempo.
Bebem também cerveja. Vinho, Têm falta dele, e o
pouco que logram, rapidamente o consomem nos
banquetes…”
“Em vez de azeite, usam manteiga.”
(ESTRABÃO, III, 3, 6-7)
Sítula de bronze decorada com Erotes vindimando.
Procede da antiga Nertobriga (Fregenal de la Sierra,
Badajoz).
Museo Arqueológico Provincial de Badajoz.
Fotografia José Manuel Jérez Linde
O VINHO e o serviço de mesa
ANDRADE, Jenny Barros (2016), Corpo e Festa na Antiguidade Tardia: o Convivium nas Saturnais de Macróbio, Cadernos de Clio, Curitiba.
https://historiasderoma.com/2019/05/08/um-banquete-romano/
V.V.A.A. (1984) «À Table avec Cesar», Paris.
BUSTAMANTE, Regina Maria da Cunha, Culinária na Roma Antiga, Além da Alimentação.
http://www.academia.edu/945376/Alimentacao_uma_abordagem_social_e_cultural_do_Egito_Antigo_Food_a_social_and_cultural_approach_of_Ancient_Egypt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/29146/000775928.pdf?sequence=1
Bibliografia Elementar BUSTAMANTE, R. M. da C. (2005) Banquete romano, comensalidade em tempo de Paz. ANAIS SUPLEMENTAR DO XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA. Londrina, 17- 22/7/2005 – História:
https://www.ucm.es/data/cont/docs/106-2017-05-02-10.%20Gomez%20Martin.pdf
ORNELLAS E CASTRO, Inês, Livro de Cozinha de Apício – Um breviário do gosto imperial romano, Inês de. Relógio d'Água, 2015
BARATA, Maria Filomena, O queijo e a alimentação em Roma, Câmara Municipal de Serpa. Colóquio «Queijo em Serpa: 5.000 anos de Tradição» Fevereiro 2018.
https://www.academia.edu/35953174/O_queijo_e_a_alimenta%C3%A7%C3%A3o_em_Roma
BARBOSA, Paulo, «Um pouco sobre a Gastronomia romana»
http://civilizacaoeambiente.blogspot.pt/2011/01/um-pouco-sobre-gastronomia-romana.html
FRAGA DA SILVA, Luís, Preceitos dos agrónomos latinos sobre as villas rurais. Comentários sobre a villa rural romana ideal.
A propósito de uma leitura dos agrónomos e arquitectos latinos
http://imprompto.blogspot.pt/2010/07/preceitos-dos-agronomos-e-arquitectos.html
GUERRA; Amílcar, Plínio-o-Velho e a Lusitânia, Edições Colibri. 1995.
PETRÓNIO, Satiricon. Edições Europa América. Livros de Bolso.
SILVA, Neemias Oliveira da, Comer e Beber no Mundo Antigo: os Rituais da Gastronomia em Apicius.
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1371237049_ARQUIVO_COMEREBEBERNOMUNDOANTIGO-textocompleto_1_.pdf
As suntuosas refeições romanas.
http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=173&value=As%20suntuosas%20refei%C3%A7%C3%B5es%20romanas&civ=Civiliza%C3%A7%C3%A3o%20Roman
a&topico=Cotidiano
RODRIGUES, Marcus Vinícius Macri, BANQUETES ROMANOS: COMENSALIDADE, HIERARQUIA E PODER NA ROMA ANTIGA NEARCO – Revista Eletrônica de Antiguidade
2014, Ano VII, Número II – ISSN 1972-9713 Núcleo de Estudos da Antiguidade Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
http://www.revistanearco.uerj.br/arquivos/numero14/4.pdf
VEYNE, Paul. (2009) O Império Romano. In: VEYNE, P. (Org.). História da vida Privada I: do Império Romano ao ano 1000.
THÉBERT,Yvon. (2009) Arquitetura doméstica na África Romana. In: VEYNE, P. (Org.). História da vida Privada I: do Império Romano ao ano 1000.
VIRGÍLIO, Obras de Virgílio (Trad. Agostinho da Silva) (1997) Temas e Debates.
“Aviarium, consumo y caza de aves en Roma” (2015)
https://villadematernoencarranque.blogspot.com/2015/04/aviarium-consumo-y-caza-de-aves-en-roma.html
https://revistas.ufpr.br/clio/article/view/41733/29309
Bibliografia Elementar: V.V.A.A,, Convivium: el arte de comer en Roma (1993). Associacion de Amigos del Museo – Mérida.
Sobre o Azeite:
FABIÃO, Carlos, O Azeite da Baetica na Lusitania
https://www.academia.edu/5292474/O_AZEITE_DA_BAETICA_NA_LUSITANIA, Conimbriga, 1993-1994.
FUNARI, . Pedro Paulo A. E GARRAFFONI, Renata Senna, Alimentação, História e Arqueologia, consumo de azeite em Roma.
https://www.academia.edu/10493034/Alimenta%C3%A7%C3%A3o_Hist%C3%B3ria_e_Arqueologia_consumo_de_azeite_em_Roma
Sobre o Vinho:
BERNARDES, João Pedro e OLIVEIRA, Luís Filipe, À descoberta do Vinho
2006, CCDRAlgarve.
Disponível em: https://www.ccdr-alg.pt/…/cc…/files/publicacoes/vv_livro.pdf
FABIÃO, Carlos, 1998, O Vinho na Lusitânia: reflexões em torno de um problema arqueológico. Revista Portuguesa de Arqueologia. Volume I, Número 1.
https://www.academia.edu/1922737/O_vinho_na_Lusit%C3%A2nia_reflex%C3%B5es_em_torno_de_um_problema_arqueol%C3%B3gico
LE GUENNEC, Marie-Adeline , 2017, Les femmes et le vin dans la Rome antique. Bilan documentaire et historiographique.
https://hospitam.hypotheses.org/621
GONÇALVES, Carlos; NUNES, Manuel; SOUSA, Luís, O vinho na antiguidade clássica
Alguns apontamentos sobre Lousada. OPPIDUM. Número 1 - 2006
• Sobre o Pão:
• Sobre o Queijo
JOLY, O Moretum, a escravidão e o Principado. Romanitas – Revista de Estudos Grecolatinos, n. 4. 2014: 75-89.
https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/5548/1/ARTIGO_MoretumEscravid%C3%A3oPrincipado.pdf . Acedido a 10.10.2021.
Através de muitos outros escritores da Época Romana como Catão (séculos III – II a.C.), Varrão ( 116 a.C. – 27 a.C.), autor De re rustica; Apício, o célebre