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UNIFAVENI

EVALDA DE ANDRADE SILVA COSTA

CULTURA DA PAZ (LEI Nº 13.663 DE 2018) COMO UMA ALTERNATIVA PARA A


CONSOLIDAÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

PINDAMONHANGABA
2023

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UNIFAVENI

EVALDA DE ANDRADE SILVA COSTA

CULTURA DA PAZ (LEI Nº 13.663 DE 2018) COMO UMA ALTERNATIVA


PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em Direito
Educacional.

PINDAMONHANGABA
2023

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TÍTULO DO TCC: CULTURA DA PAZ (LEI Nº 13.663 DE 2018) COMO UMA
ALTERNATIVA PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Evalda de Andrade Silva Costa1

RESUMO- A violência cresce vertiginosamente no âmbito escolar, tanto a violência física, quanto a
psicológica/simbólica. O desafio de haver relações interpessoais pautadas no respeito se torna cada vez
maior. Práticas de cancelamento inter-equipes, em que membros que detém capital social sobrepujam
outros que têm menor força também são um fato mesmo no âmbito escolar. Não é exagero afirmarmos
que vivemos atualmente num ambiente hostil e intolerante. As questões de conflitos são as mais
variadas possíveis, desde a cor da bandeira do time de futebol, passando por discussões de política
partidária, até abordagens de questões religiosas. Assim, a base deve ser trabalhada. O profissional da
educação, ou seja, professores e equipes, precisam de assessorias e formações sobre a cultura da paz
e felicidadania para que alcancemos, de fato, uma educação de qualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura da Paz. Educação. Qualidade.

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Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi
por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

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1 INTRODUÇÃO

No mundo pós-pandemia, as relações interpessoais se tornaram foco na


educação. A qualidade de vida influi na qualidade do trabalho. Assim, pensar na
cultura da paz nas escolas que ofertam ensino fundamental é crucial para que a
infância se desenvolva com valores (VIDE Columa). Mas, para tanto, o trabalho com
os docentes e equipes escolares é crucial e se constitui como ação de base.
Não é exagero afirmarmos que vivemos atualmente num ambiente hostil e
intolerante. As questões de conflitos são as mais variadas possíveis, desde a cor da
bandeira do time de futebol, passando por discussões de política partidária, até
abordagens de questões religiosas. Assim, a base deve ser trabalhada. O
profissional da educação, ou seja, professores e equipes, precisam de assessorias e
formações sobre estado de flow, a cultura da paz e felicidadania.
Gerar informações para cursos de formação docente e de equipes escolares
com base na cultura da paz e na felicidadania, com vistas à propositura de práticas e
vivências para obtenção de foco, imersão e ação positiva no âmbito do trabalho são
alguns dos objetivos que perfazem este trabalho. Nosso anseio é que seja
construído, de fato, um ambiente possuidor do status de bem-estar para que seja
promovida a ideia e a prática de ser a escola um epicentro de cultura da paz, onde
os valores construídos podem irradiar/reverberar com e para a comunidade.

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2 DESENVOLVIMENTO

A Agenda 2030 da ONU pontua para a humanidade 17 objetivos de


desenvolvimento sustentável, dentre os quais são destacados, para este trabalho, os
Objetivos 03 (Saúde e Bem-estar), 04 (Educação de qualidade) e 16 (Paz, Justiça
e Instituições eficazes)2.
Sobre a cultura da paz nas escolas, foi publicada a lei nº 13.663, de 14 de
maio de 2018, que alterou o artigo 12 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
para incluir a promoção de medidas de conscientização, de prevenção e de combate
a todos os tipos de violência e a promoção da cultura de paz. Dentre as
incumbências dos estabelecimentos de ensino, são destacadas:

IX - promover medidas de conscientização, de


prevenção e de combate a todos os tipos de
violência, especialmente a intimidação sistemática
(bullying), no âmbito das escolas;

X - estabelecer ações destinadas a promover a


cultura de paz nas escolas.

Mas, como almejar o alcance desse nível de respeito mútuo se o


desenvolvimento pessoal é constantemente ameaçado pelas ondas avassaladoras
da insatisfação? Muitas vezes, projeta-se a satisfação nas coisas externas e no
cumprimento de metas, tanto a criança que ganha algo após certo nível de esforço,
quanto o adulto que consegue o que deseja. Porém, existe a realidade das
contingências e se preparar mentalmente para isso traz não apenas alívio, mas
também satisfação.
O psicólogo de origem croata Mihaly Csikszentmihalyi abordou em sua obra
“Flow: A psicologia do alto desempenho e da felicidade” a questão do estado de flow
no âmbito do trabalho. Ele explica que as pessoas possuem metas e, para alcançá-
las, esquecem-se de desfrutar do percurso, tornando o trabalho um fardo e até
mesmo algo insustentável. As condições para o trabalho docente precisam ser
melhoradas no Brasil. Ainda assim, precisamos lembrar da máxima do prêmio Nobel
da Paz (2014), Malala Yousafzai: “Um livro, uma caneta, uma criança e um professor

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Grifo nosso.

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podem mudar o mundo”. Logo, por mais que as condições sejam adversas, a
vontade de mudar e de melhorar nosso cenário deve persistir; e a mudança começa
dentro do ser humano.
Outro aspecto a ser considerado diz respeito à figura do professor. Jean-
Jacques Rousseau mencionou que o mestre deve ter um caráter incorruptível, em
todas as fases que acompanha, instrui e direciona o estudante. O professor, sendo
ele mesmo sujeito de sua prática, é um agente fundamental na formação de
indivíduos que possam experienciar o estado de flow, seja no âmbito dos estudos,
do trabalho, das relações interpessoais, em qualquer esfera da vida humana, pois
“flow” quer dizer fluir e a ação pode ser revigorante e libertadora. O próprio Currículo
Paulista, à guisa da BNCC, apregoa o autoconhecimento como uma ferramenta para
a educação dos nossos dias. Tanto o autoconhecimento, quanto a felicidadania e o
estado de flow são faces de uma mesma moeda; quanto acionadas adequadamente,
essas ferramentas possibilitam bem-estar, satisfação e, conseguintemente, a cultura
da paz.
Precisamos considerar, no entanto, que as normas, embora bem elaboradas e
coerentes, não possuem validade alguma se não são exequíveis, praticadas. Assim,
é preciso investir na formação e na valorização dos profissionais da educação,
reconhecendo a importância do seu papel na sociedade, para que haja um ambiente
propício à aprendizagem.
Lógico que as questões de ordem material são imprescindíveis. Para que
professores exerçam suas funções de forma adequada, com salários justos e
condições de trabalho dignas, é necessário real investimento. Afinal, como disse
Paulo Freire, "o educador não é apenas um técnico competente, mas um intelectual
comprometido com a transformação social". Com essas condições atendidas,
poderemos garantir uma educação de qualidade e contribuir para a construção de
um futuro melhor. Por outro lado, há também os “condicionantes internos”, como
nosso grau de autoconhecimento. Se não acionarmos estas ferramentas, se não
entendermos que essa seara perfaz, sim, os escopos da educação, um ambiente de
cultura da paz, como postula a Lei 13.663 de 2018, não tem a mínima chance de ser
construído.
A partir do exposto, tem-se como proposta apresentar às equipes da rede
municipal de ensino ferramentas práticas para o cultivo do estado de flow no
trabalho, com vistas à construção da Cultura da Paz e da felicidadania nas escolas.
A paz significa seres humanos trabalhando juntos para resolver conflitos; ela
respeita padrões de justiça, satisfaz necessidades básicas do homem e honra os
direitos humanos (Morrison & Harris, 2003 in Columa).
Foucault, em “Vigiar e punir”, correlaciona as escolas de sua época a prisões.
No atual contexto, entretanto, a realidade ainda guarda semelhanças, afinal o atual

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sinal que marca a transição de horários é geralmente o mesmo utilizado nas
penitenciárias, para darmos um exemplo. E mais: a escola reproduz um ambiente
austero dos mosteiros religiosos: as crianças não podem brincar e se movimentar
pois correm o risco de quedas; devem ficar paradas, sentadas em suas cadeiras.
Para endossar este último contexto, vale lembrar “O nome da rosa” de Umberto Eco,
em que a realidade fria e dura de um mosteiro negava a seus integrantes o direito,
por exemplo, ao riso!

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3 CONCLUSÃO

A promoção da cultura de paz nas escolas desempenha um papel fundamental


na formação de cidadãos responsáveis e na construção de um mundo mais harmonioso
e justo. Esta abordagem não se limita apenas a ensinar a ausência de conflitos, mas
engloba a educação para a compreensão, empatia, resolução de conflitos de maneira
construtiva e valorização da diversidade. Em uma época em que o mundo enfrenta
desafios globais, como desigualdade, intolerância e violência, a cultura de paz nas
escolas é mais importante do que nunca.
Ao incorporar princípios de respeito mútuo, diálogo e solução pacífica de
problemas no currículo escolar, as escolas não apenas contribuem para um ambiente
escolar mais seguro, mas também capacitam os alunos a se tornarem agentes de
mudança positiva em suas comunidades e no mundo. Além disso, ao promover a
cultura de paz desde cedo, as escolas ajudam a prevenir conflitos futuros, promovendo
a aceitação da diversidade cultural e a construção de sociedades mais inclusivas.
Em última análise, a cultura de paz nas escolas não apenas beneficia os
indivíduos, mas também contribui para a construção de uma sociedade global mais
pacífica e justa. É uma base sólida sobre a qual podemos construir um futuro melhor
para as gerações vindouras, onde o entendimento, a cooperação e o respeito pelos
direitos humanos são valores fundamentais que guiam nossa jornada. Portanto, investir
na promoção da cultura de paz nas escolas é um investimento no futuro da humanidade.
Nosso escopo, assim, é colaborar para que na rede municipal de ensino haja
diálogos sobre autoconhecimento, estado de flow, sobre a cultura da paz e felicidadania
entre as equipes, como uma ferramenta para o alcance de satisfação, felicidade e,
consequentemente, acolhimento às crianças e melhorias nos indicadores de
aprendizagem.

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4 REFERÊNCIAS

AGENDA 2030. ONU, 2018.

BOURDIEU, P. O Poder simbólico. Bertrand; Rio de Janeiro. 1998. BRASIL,

BRASIL. LEI Nº 13.663, DE 14 DE MAIO DE 2018.

CABRAL, João Francisco Pereira. "A educação no “Emílio” de Rousseau"; Brasil Escola.
Disponível em
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-educacao-no-emilio-rousseau.htm. Acesso
em 02 de novembro de 2022.

CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow (Edição revista e atualizada): A psicologia do alto


desempenho e da felicidade. Objetiva: Rio de Janeiro. 2020.

CIFUENTES, R. L. Viver na Paz. Quadrante: SP. 2009

COLUMA, E. dos Santos. Como educar para a paz. Disponível em:


https://www.scielo.br/j/pee/a/pmj6dnMGKB7wDRWftgt6pGt/ Acesso em 02/11/2022.

JESUS, R. de Cássia Dias Pereira de; MILANI, Feizi M. (org). Cultura de paz: estratégias,
mapas e bússolas. Salvador: INPAZ, 2003.

NASCIMENTO, M. (2000). Por uma educação pela paz e pela não violência. Revista
Novamerica, (48).

RIOS, T. A. Ética e competência. São Paulo: Cortez, 1993.

ROUSSEAU, J. J. Emílio, ou da Educação. Sérgio Milliet. (trad.) 3º ed. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 1995.
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