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O brincar socialmente

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A brincadeira faz parte do repertório social da criança neurotípica e é uma forma de
exercitar e ampliar as habilidades sociais. (SELLA; RIBEIRO, 2018, p. 41) No entanto,
crianças com autismo têm bastante dificuldade no momento das brincadeiras, muitas
vezes ela sabe brincar, mas não de forma funcional. A importância da brincadeira
partilhada reflete em:

“Ao brincar as crianças estão expostas a um ambiente favorável ao desenvolvimento de


um repertório instrucional versátil. As instruções geralmente apresentadas por parceiros
de brincadeira combinam estímulos discriminativos que indicam as propriedades das
respostas pretendidas. As instruções podem indicar, em um pequeno conjunto de frases
ou em uma única, a forma da resposta, às características temporais, a localização, a força
etc”. (DE ALC NTARA GIL; DE KOSE, 2003, p. 386)

E ainda:

“A alternância ao participar de atividades conjuntas aparece como uma propriedade


essencial da comunicação humana e a brincadeira partilhada implica em inúmeros
episódios de comunicação de complexidade variada”. (NOVAK, 1996; BRUNER, 1986 apud
DE ALC NTARA GIL; DE KOSE, 2003, p. 388)

Essa alternância é muito importante para a comunicação humana, pois por meio dela, é
preciso esperar o outro, se atentar ao que está sendo dito e prestar atenção. Porque essa
brincadeira vai ampliar o repertório de comunicação desse indivíduo e ajudará a
desenvolver habilidades sociais, sejam elas, déficits ou excessos.

Para a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), o brincar é um comportamento


operante, sendo sensível às consequências que produz e selecionado por elas (Brito,
2011). Um dos formatos de intervenção, envolvendo esse tipo de repertório em
aprendizes com desenvolvimento atípico, emprega tentativas discretas com práticas
repetidas”. (RUBIM; MATOS, 2020, p. 3)

Um dos formatos de intervenção é o Treino por Tentativas Discretas - Discrete Trial


Training (DTT). Alguns autores chamam DTT como o ensino por tentativas discretas e
outros por treino por tentativas discretas. Ele é ainda caracterizado por ser o ensino de
habilidades maiores por meio de etapas pequenas e gradativas de ensino. Em outras
palavras, ele é “Uma tentativa discreta deve ser estruturada considerando, pelo menos,
cinco elementos: estímulos discriminativos, ajudas e dicas, resposta, consequências e
intervalo entre tentativas” (SMITH, 2001).

Então ela é estruturada por meio de cinco elementos: os estímulos discriminativos, as


ajudas, as dicas, a resposta, a consequência e o intervalo entre as tentativas. Acerca das
pesquisas sobre o brincar funcional,

“Destaca-se na literatura científica pesquisas que manipularam roteiros fotográficos,


representando o passo a passo de várias ações com brinquedos. Nesses estudos, os
efeitos do uso de roteiros, combinados com outros tipos de pistas, foram medidos sobre o
estabelecimento de desempenhos independentes quanto a ações de brincar”. (Akers et
al., 2016; Phillips & Vollmer, 2012; Matos et al., 2018 apud Rubim & Matos, 2020, p. 4).

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O que significa o termo “Behavioral Cusp” ou
“Cúspide comportamental”?
São habilidades-alvo que contribuem e favorecem o desenvolvimento de outras
habilidades.

“[...] são definidas por uma mudança comportamental que resulta na expansão do atual
repertório do sujeito em função da sua exposição a novos ambientes, novas respostas e
novos controles de estímulos”.

"Behavioral cusp" - generalização

Nesse sentido,

"A imitação é considerada uma cúspide comportamental, na medida em que, através


deste repertório, são aprendidas outras habilidades, como o brincar socialmente, dançar,
repetir palavras etc. (BOSCH; FUQUA, 2001; ROSALES-RUIZ; BAER, 1997 apud SELLA;
RIBEIRO, 2018)"

"Cúspide comportamental":

Do mesmo modo, o brincar é uma cúspide comportamental, na medida em que é uma


classe de comportamentos que torna possível a aprendizagem de outras habilidades.

Através do brincar social...

“A consequência do desempenho é, portanto, imediata e depende de um agente


reforçador instável, pois opera em relação ao outro de acordo com circunstâncias fluidas,
que se alteram na medida em que as ações dos participantes se sucedem e dos seus
efeitos no ambiente físico e social”.

Assim, por meio de instruções, modelos, troca de turnos e consequências, a criança


adquire e amplia suas habilidades sociais e linguísticas.

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Referências
ALCÃNTARA GIL, Afaria Stella Coutinho; KOSE, Julio César Coelho. Regras e
contingências sociais na brincadeira de crianças.

ROSE, J. C. C.; GIL, M. S. C. A. Para uma análise do brincar e de sua função educacional–a
função educacional do brincar. Sobre comportamento e cognição: a história e os
avanços, a seleção por consequências em ação, v. 11, p. 373-381, 2003.

RUBIM, Amanda Lima; MATOS, Daniel Carvalho. Comparação de tipos de pistas sobre
brincar funcional em crianças com transtorno do espectro autista. Research, Society
and Development, v. 9, n. 7, p. e465974392-e465974392, 2020.

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