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RESUMO DOS CAPÍTULOS 4, 5 E 6 DO LIVRO SEMÂNTICA (UFSC)

RIBEIRO DOS SANTOS, Julia – Licenciatura em Letras Português/Espanhol – Disciplina de


Semântica e Pragmática – Prof.º Dr.º Álvaro Kasuaki Fujihara – 2023.

O capítulo 4 do livro Semântica é intitulado de "Pressuposição" e aborda os aspectos semânticos


da pressuposição, apresentando uma definição e testes para identificá-la com precisão. Também
discute a relação entre Semântica e Pragmática, destacando a visão de Paul Grice de que a
Semântica lida com o significado literal da sentença, enquanto a Pragmática se concentra no
significado do falante. No entanto, a distinção entre essas duas disciplinas nem sempre é clara,
especialmente no caso da pressuposição.

Conforme o apresentado no texto, a pressuposição é definida como uma forma de ligar a


determinação do valor de verdade de uma sentença a informações presentes no contexto,
conhecidas como fundo conversacional (um conjunto de informações consideradas verdadeiras
pelos falantes e ouvintes em um determinado contexto). Em outras palavras, a pressuposição é a
crença implícita de que algo é verdadeiro, mesmo que não seja afirmado explicitamente na
sentença.

A pressuposição é caracterizada como uma condição de felicidade para o proferimento de certas


sentenças, que só são adequadas se o falante e o ouvinte assumirem como verdadeira a
pressuposição subjacente. Isso é ilustrado por meio da família pressuposicional (ou P-família), que
envolve diferentes tipos de estruturas linguísticas, como negação, pergunta, dúvida e condicional,
todas compartilhando uma pressuposição comum.

A pressuposição pode ser dividida em dois aspectos: projeção e acomodação. A projeção se refere
à capacidade da pressuposição de ser transmitida para outras sentenças em um discurso. Por
exemplo, se uma sentença com pressuposição é seguida por outra sentença, a pressuposição é
projetada para a segunda sentença. A acomodação, por outro lado, se refere à capacidade do
ouvinte de ajustar seu conhecimento prévio para acomodar a pressuposição. Por exemplo, se uma
sentença com pressuposição é dita em um contexto em que o ouvinte não tem conhecimento prévio
da informação pressuposta, o ouvinte pode ajustar seu conhecimento para acomodar a
pressuposição.

Para explorar a projeção da pressuposição, o texto identifica "gatilhos" linguísticos, como verbos e
advérbios aspectuais, que disparam pressuposições quando usados em uma sentença. Além disso,
são discutidos casos em que as pressuposições podem ser acomodadas no fundo conversacional,
mesmo que inicialmente não existam.
O texto também reconhece que a questão do valor de verdade de sentenças cujas pressuposições
são falsas é complexa e controversa, com algumas abordagens argumentando que tais sentenças
não têm um valor de verdade definido.

Segundo o texto, a pressuposição é importante na comunicação porque permite que os falantes


transmitam informações de forma mais eficiente e precisa. Ao usar a pressuposição, os falantes
podem evitar repetir informações que já são conhecidas pelo ouvinte, tornando a comunicação mais
concisa e eficaz.

Em resumo, o capítulo 4, "Pressuposição", aborda a natureza da pressuposição na linguagem, sua


relação com o contexto, os testes para identificá-la e a complexidade de lidar com pressuposições
em diferentes contextos linguísticos.

Já no capítulo 5, " As descrições definidas", o livro discute sobre as descrições definidas (DDs) e
explora seus problemas na análise sob uma perspectiva quantificacional e pressuposicional, bem
como suas propriedades textuais. As DDs são sintagmas encabeçados por artigos definidos (como
"o" e "a") seguidos de substantivos (por exemplo, "o gato" ou "a cerveja").

Inicialmente, o texto destaca que as DDs podem ocupar várias posições em uma sentença, como
objeto direto, sujeito ou objeto indireto, e que apesar de sua estrutura aparentemente simples,
desencadeiam debates importantes. Além disso, compara as DDs às descrições indefinidas (DIs),
enfatizando que as DDs se referem a referentes conhecidos, enquanto as DIs introduzem novos
referentes.

Esse capítulo também explora a semântica das DDs, discutindo o papel das condições de uso e as
reações às DDs em diferentes contextos. Como as DDs são usadas para se referir a objetos
específicos, elas pressupõem que o objeto referido existe e é conhecido pelo falante e pelo ouvinte.
Isso pode levar a problemas quando a DD é usada em um contexto em que o objeto referido não
existe ou não é conhecido pelo ouvinte.

Uma teoria quantificacional considera que uma DD é falsa nos contextos em que não há referente
ou onde há mais de um referente possível. Uma teoria pressuposicional sugere que as DDs não
são nem verdadeiras nem falsas nos contextos em que suas pressuposições não são preenchidas.

Além disso, o texto enfatiza a função anafórica das DDs, destacando que elas indicam a
continuidade da referência a um referente já mencionado no discurso. As DDs também têm a
capacidade de qualificar referentes de maneiras distintas, o que pode ser explorado de acordo com
o contexto e a intenção do falante.
O texto ressalta que o debate sobre o status das DDs continua em evolução, e há discussões sobre
se as DDs são asserções ou pressuposições. Conclui enfatizando que as DDs desempenham um
importante papel textual na manutenção do fluxo de informação e na qualificação dos referentes.

No capítulo 6, intitulado como "Negação", o texto aborda a negação no contexto da língua


portuguesa, destacando diversos aspectos relacionados a esse fenômeno linguístico. Ele começa
introduzindo o conceito de negação e suas principais características no Português Brasileiro (PB).

A negação é um fenômeno linguístico que envolve a expressão de uma ideia oposta ou contrária a
uma ideia anteriormente expressa. Em outras palavras, a negação é usada para indicar que algo
não é verdadeiro ou não aconteceu. A negação é um aspecto fundamental da linguagem e é usada
em uma ampla variedade de contextos, desde a negação de fatos simples até a negação de
crenças e valores mais complexos.

Uma das formas mais comuns de negação na língua portuguesa é o advérbio "não". No entanto,
existem muitas outras maneiras de expressar negação na língua portuguesa, como o uso de
palavras como "nem", "sem", "deixar de", "ninguém", "nenhum" e "nada" ou palavras com o prefixo
-IN.

Neste capítulo, também são exploradas as diferentes maneiras de negar e como cada uma delas
pode afetar o sentido de uma sentença. Por exemplo, o uso do advérbio "não" como negador
principal é comparado com outras expressões de negação, como o advérbio "nem" e o prefixo "in-
".

A noção de escopo é discutida, mostrando como a negação pode ter diferentes alcances em uma
sentença, afetando a interpretação de constituintes específicos. A prosódia é mencionada como
uma ferramenta que ajuda a indicar o escopo da negação em situações de ambiguidade.

O texto também explora o conceito de negações escalares, onde adjetivos ou expressões estão
relacionados a escalas semânticas, e como a negação pode atuar nesse contexto. Além disso, são
destacados os indefinidos negativos, como "nada" e "ninguém", e como eles exigem a presença de
negação explícita em uma sentença.

Outro tópico abordado é a negação metalinguística, na qual a negação não se refere ao conteúdo
da sentença, mas sim à adequação de termos utilizados para descrever algo. O texto destaca
exemplos de expressões como "Ela não é bonita, é linda" e como elas expressam uma correção
ou refinamento na escolha de palavras.

Por fim, o texto ressalta a complexidade da negação na língua portuguesa, destacando a


importância de entender as nuances semânticas e os diferentes contextos em que a negação pode
ocorrer.

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