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08/11/2023, 13:54 Bipartidarismo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bipartidarismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O bipartidarismo é uma situação política em que apenas dois partidos dividem o poder, ou
constitucionalmente ou de facto, sucedendo-se em vitórias eleitorais em que um deles conquista o
governo do país e o outro ocupa o segundo lugar nas preferências de voto, passando a ser a
oposição oficial e institucionalizada.

Esta situação depende de estes dois partidos atraírem quase exclusivamente a atenção da mídia e
da opinião pública, passando os demais partidos despercebidos pela maior parte da população.

Existem graus sobre o bipartidarismo, sendo alguns sistemas políticos mais bipartidaristas que
outros. Em geral, em certa medida, a maioria dos sistemas favorecem este fenômeno, embora
alguns sejam organizados, desde a raiz, de forma a provocar a polarização do eleitorado.

História
O bipartidarismo tradicional nasce após Revolução Francesa. Com maior ou menor êxito, foram
sendo implantados intermitentemente na Europa parlamentos bipartidaristas nos quais se
apresentaram sempre dois blocos opostos: conservadores e liberais. Os primeiros tentavam sempre
conservar os privilégios da nobreza e da aristocracia, enquanto os segundos pretendiam equiparar
os direitos da burguesia. Houve vários momentos assim, por exemplo, na Inglaterra, na Espanha e
no Brasil.

Em todos esses sistemas, o povo — ainda analfabeto em larga medida — permaneceu incapaz de
influenciar no poder político. Com o advento do marxismo, o bipartidarismo foi rompido na
maioria das democracias europeias, já que uma terceira força social, a massa operária ou
proletariado, passou a exigir representação. O sufrágio feminino, na virada do século XIX para o
XX, também contribuiu para desagregar ainda mais o mapa político europeu. A tendência em
quase todos os países era a de modernizar seus sistemas para levar em conta a nova realidade
social e, sobretudo, para evitar que houvesse mais revoluções proletárias.

Contudo o espectro político, mesmo numa pluripartidarismo, tende a encaminhar-se para uma
partidocracia.

Sistemas bipartidários

No Brasil

Historicamente, o Brasil teve um sistema bipartidário durante a maior parte de sua ditadura
militar (1964-1985), entre 1966 e 1979, quando havia apenas a Aliança Renovadora Nacional
(ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Oficialmente, o Ato Institucional Número
Dois (AI-2), decretado em 1965, permitia a fundação de outros partidos políticos, mas criava pré-
requisitos (como a exigência de 20 senadores e 120 deputados federais para se fundar um novo
partido), o que na prática impedia a existência de mais do que duas agremiações.

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Assim, em 1966 os partidos extintos no ano anterior (UDN, PSD, PTB, PSB, PSP, entre outros)
foram obrigados a se reorganizar em dois grupos: um alinhado com o regime militar (a ARENA) e
outro na oposição consentida (o MDB). Como os políticos mais à esquerda e nacionalistas haviam
sido cassados com os decretos do AI-1 e AI-2, logo após o golpe, sobraram apenas os considerados
mais "dóceis" aos olhos do regime. Os políticos conservadores (a maioria da UDN, mas também
alguns do PSD) formaram a ARENA, enquanto os de centro-esquerda e liberal-democratas se
juntaram ao MDB.

As eleições sob o bipartidarismo foram rigorosamente controladas, para dificultar a vitória da


oposição e garantir a maioria absoluta da ARENA no Senado e na Câmara dos Deputados. Em
1966, a ARENA elegeu 19 dos 22 governadores elegíveis (além de quatro nomeados diretamente
pelo presidente da República). O controle se ampliou com a entrada em vigor do Pacote de Abril,
em 1977, quando o regime, com receio de sofrer uma derrota eleitoral e perder a maioria no
Congresso Nacional, criou a figura do "senador biônico" (nomeado pelo governo, sem a realização
de eleições).

Uma anedota comum na época do bipartidarismo era dizer que no Brasil havia "o partido do sim"
(o MDB) e o "partido do sim, senhor" (a ARENA). A piada sugeria que não havia oposição de fato,
apenas uma posição de consentimento e outra de submissão.

O bipartidarismo foi extinto pela Lei nº 6 767 de 20 de dezembro de 1979.[1] Em 1985, os partidos
autodenominados socialistas e comunistas foram novamente legalizados.

Em 1966, foi instituído o sistema de sublegenda, que permitia aos partidos terem mais de um
candidato em eleições majoritárias.[2] Inspirado na Ley de Lemas, de países como o Uruguai, os
votos dos menos votados eram transferidos depois ao mais votado do mesmo partido, o que
permitia a eleição do menos escolhido no geral. O instituto foi uma forma de mitigar o
artificialismo e heterogeneidade entre as correntes partidárias no pós-bipartidarismo, presente
principalmente na ARENA. Foi revogado em 1986.

No Reino Unido

Claramente bipartidarista no início, com conservadores (tories) e liberais


(whigs) alternando-se no poder, no final do século XIX surgiram os trabalhistas
como terceira força política. Pouco a pouco, ganharam relevância até o ponto de,
nas últimas décadas, terem se alternado no poder com os conservadores. Por
outro lado, atualmente o sistema britânico, ainda que bastante alterado desde
então, mantém suas instituições essencialmente quase intactas. A Câmara dos
Lordes e a Câmara dos Comuns, por exemplo, continuam sendo iguais na
organização e estética que séculos antes. Na realidade, as mudanças nunca
haviam sido nos fundamentos do sistema, apenas retoques para adaptar-se aos
tempos. No século XIX o bipartidarismo inglês formava respectivamente o
partido liberal e conservador. No século XX o bipartidarismo foi mantido seguindo a tradição
política, existido apenas dois partidos políticos de peso no parlamento inglês: o partido trabalhista
e o partido conservador.[3]

Nos Estados Unidos

Se o sistema partidário britânico é um bipartidarismo clássico monárquico já que respeita e se


submete formalmente à instituição da coroa, o sistema norte-americano é um típico exemplo de
bipartidarismo presidencialista com essência republicana. Este sistema permanece ainda mais
intacto em relação a como foi criado pelos fundadores dos EUA (founding fathers). De fato, a
evolução do sistema foi a de acentuar este bipartidarismo já que cada vez são necessárias maiores
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somas de dinheiro para poder fazer política. Na atualidade só existem dois grandes partidos,
conhecidos como Partido Democrata e Partido Republicano que obtenham um respaldo superior a
5% (necessário para obter a subvenção eleitoral do tesouro público). A situação se fez patente nas
eleições do ano 2000, quando o candidato Ralph Nader prejudicou Al Gore contra seu adversário
George W. Bush.[4][5][6] O povo reivindica um terceiro partido, mais entre democratas do que
republicanos e critica a corrupção da cobertura das primárias dos 2 partidos.[7][8][9][10]

Ver também
Unipartidarismo
Totalitarismo
Pluripartidarismo

Referências
1. «Lei nº 6.767 de 20 de dezembro de 1979» (https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-197
9/lei-6767-20-dezembro-1979-357280-norma-pl.html). Câmara dos Deputados do Brasil.
Consultado em 15 de outubro de 2021
2. Ato Complementar nº 26, de 29 de Novembro de 1966. Dispõe sôbre o registro de candidatos
em sublegendas. (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/atocom/1960-1969/atocomplementar-26
-29-novembro-1966-363338-publicacaooriginal-1-pe.html)
3. SERRA, José et al. Parlamentarismo ou Presidencialismo? República ou Monarquia? São
Paulo: Contexto 1993.
4. Democracy and the Policy Preferences of Wealthy Americans (http://journals.cambridge.org/act
ion/displayAbstract?fromPage=online&aid=8864478)
5. College-Educated Republicans Most Skeptical of Global Warming (http://www.gallup.com/poll/1
82159/college-educated-republicans-skeptical-global-warming.aspx?version=print)
6. McMurtry, J. (2002), Value Wars: The Global Market versus the Life Economy, 262pp. London:
Pluto Press
7. Exclusive: Half of Americans think presidential nominating system 'rigged' - poll (https://www.re
uters.com/article/us-usa-election-primaries-poll-idUSKCN0XO0ZR)
8. Trust in Federal Gov't on Domestic Matters Edges to New Low (https://news.gallup.com/poll/18
5876/trust-federal-gov-domestic-matters-edges-new-low.aspx)
9. Americans Renew Call for Third Party (https://news.gallup.com/poll/143051/Americans-Renew-
Call-Third-Party.aspx?utm_source=alert&utm_medium=email&utm_campaign=syndication&utm
_content=morelink&utm_term=Government%20-%20Political%20Parties%20-%20Politics%20-
%20USA)
10. Democratic, Republican Identification Near Historical Lows (https://news.gallup.com/poll/18809
6/democratic-republican-identification-near-historical-lows.aspx)

Ligações externas
Ato Complementar 4 (http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=116094)
(lei que estabeleceu o Bipartidarismo no Brasil, 1965)

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