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Santos CCG, Ferraz MJPC Atuação da

fonoaudiologia na estética facial: relato


de caso clínico, Rev. CEFAC. 2011 Jul-
Ago; 13(4):763-768
Objetivo
 Este estudo tem como objetivo caraterizar as modificações
faciais do ponto de vista qualitativo avaliadas clinicamente
após o tratamento fonoaudiológico, num enfoque etiológico
de caráter biomecânico.
 O estudo compreende a descrição de um caso
clínico, iniciando com a anamnese, que procurou
valorizar o que mais incomodava na face,
qualidade de dieta, tratamento estético realizado
ou não, presença de alergia, hábitos viciosos, e
histórico médico.
 Realizou-se exame clínico subjetivo da musculatura
mastigatória e facial por meio da observação, palpação,
resistência à tração para definição dos graus de flacidez
(leve,moderado e profundo) rugas e marcas de
expressão.
 De acordo com a interpretação da anamnese e exame clínico,
elaborou-se uma sequência de exercícios faciais associada ao
Protocolo de Rejuvenescimento Facial Funcional (PRFF)
baseado no protocolo estabelecido por Negrelli.
 O PRFF consistiu basicamente nas seguintes manobras,
sempre levando em consideração a resposta do paciente:
 Alongamento dos músculos elevadores: inclui os músculos

mastigatórios masseteres, temporais e pterigóideos mediais, com

o alongamento dos músculos mastigatórios pterigóideos laterais

superiores que trabalham em conjunto com os demais em

fechamento. Nesta manobra, o paciente deitado em máxima

intercuspidação, conscientizado de “não poder abrir a boca”, o

profissional exerce uma força leve, no máximo moderada, para

baixo. Ao mesmo tempo gira as mãos para frente, tentando abrir.


 Numa segunda manobra, com a mandíbula em posição postural,
pedir ao paciente para protruir (ativação do músculo pterigóideo
lateral inferior direito e esquerdo e inativação dos feixes
superiores, respectivamente), repetindo os movimentos da
primeira manobra.
 Segue o alongamento dos músculos mastigatórios pterigóideos
laterais inferiores: paciente em posição de repouso mandibular,
pede-se para protruir com a menor força possível. O profissional
atua com força igual no sentido contrário.
Alongamento dos músculos
pterigóideo lateral inferior,
individualmente
(esquerdo e direito),
 Solicita-se ao paciente a posição postural e inicia o desvio da
mandíbula para um lado, em que o profissional exerce força
leve no sentido da linha média, soltando devagar. Repetir a
manobra do lado oposto.
Alongamento dos músculos
abaixadores supra e infra-hióideos
 Consiste em solicitar ao paciente que permaneça com a
língua na região das rugas palatinas, ciente de que não pode
haver movimento, pede-se ao paciente a tentativa de abrir a
boca com pouca força sendo impedida pelas mãos do
profissional que estão apoiadas no corpo da mandíbula. Soltar
lentamente. Cuidado deve ser tomado, pois esta manobra
desloca muita tensão cervical
 paciente para fazer bico e com as duas mãos deleitadas sobre
as bandas superior, média e inferior do músculo bucinador
direito e esquerdo, deslizar no sentido contrário do
movimento.
 Após este, solicitar ao paciente para realizar o sorriso forçado
ao mesmo tempo em que o profissional mantém apoiados os
indicadores em nível de margem orbitária inferior de ambos
os lados.
 Finalmente, solicita-se que o paciente feche os olhos e com os
dedos indicador e polegar do profissional tente abrir os olhos
do paciente, ao mesmo tempo em que o paciente os mantém
fechados.
 Finaliza-se com a pompagem cervical realizada pelo
profissional solicitando ao paciente para permanecer em
posição postural de repouso mandibular:elevar a cabeça dois
centímetros e girá-la para direita , os dedos indicador e
médio percorrem o músculo esternocleidomastóideo( ECM)
do paciente de cima para baixo (repetir do outro lado).
 Com a mão esquerda elevar a cabeça do paciente: com o
dedo indicador e médio em V, percorrer o trapézio de cima
para baixo.
 Preconiza-se cerca de 30 a 40 segundos para cada manobra,
objetivando o alongamento, observando e indagando sobre
desconfortos e dores.
 1. Com a boca fechada, fazer a letra “O”.
 2. Repetir o exercício número 1 com a boca aberta.
 3. Com a boca fechada, ponta da língua na papila, sorrir
levantando o lábio superior alternadamente.
 4. Segurar o hiperboloide 11 na região do músculo bucinador do
lado direito e esquerdo, alternadamente, contanto até 10
mentalmente.
 5. Colocar as duas mãos sobrepostas na testa, comprimir, puxar a
testa para cima, fechar os olhos olhando para baixo.
 6. Abrir os olhos o máximo contando até 5.
 7. Esticar a cabeça para frente, endireitar os ombros, esticar o
lábio inferior para cima, cobrindo o lábio superior fechando a
boca.
 Virar para o lado direito e esquerdo contando até 5.
 8. Alongamento dos músculos de fechamento mandibular
conforme PRFF.
 9. Alongamento dos músculos de abertura mandibular
conforme PRFF.
 10. Girar os ombros para frente e para trás 3 vezes.
 Após o término do tratamento proposto, a voluntária relatou
uma sensação de bem-estar com mudanças das situações
funcionais tais como percepção visual da diminuição das
rugas e marcas de expressão, além de relatar a facilidade de
se exercitar com pouco tempo diário.
 Clinicamente, observou-se uma melhoria na simetria de
sobrancelhas e olhos, na tonicidade das pálpebras, na tonicidade
do filtro, aumento da abertura da narina esquerda, contribuindo
para diminuição da assimetria das narinas. O sulco nasolabial do
lado direito e esquerdo estão menos assimétricos. Atentou-se, do
ponto de vista qualitativo, para uma melhor adequação funcional
na tonicidade e simetria das bochechas, na postura de cabeça e da
tonicidade do pescoço
 O tempo de duração total deste tratamento foi de dois meses
(8 sessões semanais) associados a exercícios isométricos da
face corroborando os tempos de tratamentos propostos na
literatura que variaram de cinco sessões , três meses com 12
sessões , a cinco meses com 20 sessões .
Ferreira TS, Mangilli AD, FC Sassi, T Fortunato-Tavares, SCO
Limongi ,CRFAndrade. Fisiologia do exercício
fonoaudiológico: uma revisão crítica da literatura J
Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):288-96
OBJETIVO

 O objetivo deste trabalho foi analisar a literatura científica na


área da Fonoaudiologia sobre fisiologia e efeitos dos
exercícios utilizados nos tratamentos de alterações da
motricidade orofacial, da fala e da deglutição.
 Para o estabelecimento do método de pesquisa foram seguidos os
preceitos do Cochrane Handbook(2):
 1. Formulação da pergunta: análise dos textos sobre fisiologia de
exercícios fonoaudiológicos aplicados ao tratamento dos
distúrbios da motricidade orofacial, da fala e da deglutição;
 2. Localização e seleção dos estudos: levantamento dos textos
publicados sobre o assunto;
 3. Avaliação crítica dos estudos: análise dos textos quanto aos
seus objetivos; desenho da pesquisa; características do grupo
pesquisa; existência de grupo controle; critérios de avaliação;
terapêutica proposta; resultados encontrados; e verificação da
existência de discussão sobre a fisiologia muscular dos exercícios
 Os artigos foram selecionados por meio da base de dados
PubMed utilizando-se os seguintes descritores: “physiology
exercise AND speech, language and hearing science”,“exercise
physiology AND speech therapy”,“exercise physiology AND
myofunctional therapy”, e “physiology exercise AND swallowing
therapy“. Foram incluídos somente artigos de língua inglesa
publicados no período de 2000 a 2010.
Seleção dos artigos incluídos na
pesquisa
Steele CM. On the plausibility of upper airway
remodeling as an outcome of orofacial
exercise. Am J Respir Crit Care Med.
2009;179(10):858-9.
 A literaturatambém apresenta uma crítica a um trabalho científico que

investigou os efeitos de exercícios fonoaudiológicos em pacientes com


apnéia do sono moderada.
 O autor discorre sobre cada exercício utilizado no programa

proposto, apontando que é importante determinar se o objetivo de um


exercício é fortalecer a musculatura, melhorar a resistência, ou melhorar
velocidade e extensão durante um movimento. Somente após a
determinação clara do objetivo, é que se define a carga e intensidade dos
exercícios e a frequência e a duração.
Conclusão
 Em geral os estudos experimentais descrevem os exercícios utilizados em

programas terapêuticos, referem quantas vezes por semana o programa foi

realizado e por quanto tempo, mas não descrevem o número de repetições de cada

exercício. Além disso, apenas algumas das pesquisas descrevem quais são os

objetivos dos exercícios. Foi observado que os autores não discutem quais

músculos são ativados durante a prática dos exercícios, a fisiologia de ativação, e

sua relação com os objetivos fisiológicos a serem alcançados. Cabe ressaltar, ainda,

que a maior parte dos estudos pesquisados está relacionada à disfagia.


 O objetivo do presente estudo foi verificar, dentro do
período pré-estabelecido, todos os artigos relacionados à
fisiologia do exercício. Dessa forma, estes não foram
categorizados por variáveis como patologia, associação de
exames objetivos, tipo de exercício adotado, etc.
 Em relação ao desenho dos artigos, é possível concluir que
ainda há uma escassez de ensaios clínicos na área da
Fonoaudiologia e as pesquisas experimentais ainda envolvem
um número muito reduzido de participantes. Cerca da
metade dos estudos de caso descreveram dados isolados de
pacientes com alterações fonoaudiológicas que demonstraram
melhora após a terapia fonoaudiológica.
 A maioria destes textos teve como enfoque principal as
modificações observadas nas avaliações pré e pós-tratamento
e não a descrição das técnicas empregadas na terapia
propriamente dita.
 Em relação aos objetivos da presente revisão de literatura, apenas
um dos artigos correspondeu às expectativas, pois discutiu de
maneira mais aprofundada a fisiologia muscular, as variáveis a
serem consideradas na escolha dos exercícios (força/intensidade,
velocidade, duração, dinâmica, frequência e progressão), e as
respostas fisiológicas que devem ser esperadas na realização de
exercícios passivos e ativos, na estimulação térmica e em resposta
a estímulos táteis e elétricos.
 Esta revisão nos permite concluir que o conhecimento sobre os
efeitos musculares dos exercícios empregados pelos clínicos é
pouco aprofundado e ainda não há evidência cientifica suficiente
para determinar a frequência em que estes devem ser realizados.
Em geral, os pesquisadores verificaram a eficácia de programas
terapêuticos, considerando seus efeitos. Contudo, nestes casos,
não é possível saber se os exercícios empregados no programa
são eficazes individualmente e qual a frequência e maneira de
realização que garantem o alcance dos objetivos propostos.
 A partir dos dados levantados nesta revisão, é possível sugerir
que as pesquisas na área da Fonoaudiologia que envolvam a
realização de exercícios miofuncionais orais, devam investigar
primordialmente: a fisiologia dos exercícios a serem utilizados; o
fenômeno de fadiga muscular; a ativação muscular necessária para
a realização precisa de movimentos isotônicos e/ou isométricos,
comumente utilizados na prática fonoaudiológica.

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