Você está na página 1de 6

Rev B ras Anest

1986; 36: 5: 417-422 Artigo de Revisão

- Bloqueadores de Canais de Cálcio e Anestesia


J R Nocite, TSA 1

Nocite J R - Calcium entry blockers and anesthesia

The calcium entry blockers are valuable drugs in the treatment of many cardiovascular diseases.
Anesthesiologists anesthesize more a.nd more patients maintained on calcium antagonists and will have to
- administer them to some patients under their care. Myocardial ischemia, supraventricular arrhythmias
and systemic arterial hypertension are good indications for the use of this class of drugs. There is no
final statement regarding whether or not the calcium entry blockers need to be discontinued before
anesthesia. However, clinicai experience indicates that they may be continued safely right up to the
moment of surgery. Yet the anesthesiologist must know about the potential risks for interactions with
.r anesthetics: especially those related to myocardial depression, A-V block and decreased systemic vascular
resista nce.

Key - Words: ANESTHESIA; ANTAGONISTS: calcium, entry blocker; INTERACTIONS (DRUGS);


PHARMACOLOGY

evolução da fase de investigações básicas e Em particular, começam a ser melhor estudadas


- A clínicas para a de uso prático generalizado as interações com outras classes de drogas,
em doenças cardiovasculares foi muito rápida com especialmente os anestésicos gerais e drogas coad-
os bloqueadores de canais de cá1cio (BCC). Após juvantes da anestesia.
a introdução do maleato de perhexilina na tera-
pêutica da angina vasoespástica em 1975, assisti- Conceitos básicos
mos à liberação para uso cl(nico de outros três
fármacos similares, ou seja, verapamil, nifedipina
e diltiazem'. 2 • Todos estão sendo amplamente O (on ca++ desempenha papel importante na
utilizados no tratamento de pacientes com as regulação da atividade elétrica do músculo cardi'a-
formas obstrutiva e vasoespástica de angina pecto- co e do tecido de condução especializado. Quan-
ris bem como em outros distúrbios cardiovascula- do uma oélula muscular é estimulada, ocorre um
res. 1nú meras outras drogas congêneres estão em potencial de ação que é o resultado de múltiplos
diferentes estágios de investigação. fluxos iônicos através da membrana 3 . Este poten-
À medida que se expande a experiência clínica cial tem quatro fases.
com os BCC, alguns conceitos farmacológicos A fase O, ou fase ascendente de potencial de
iniciais tendem a ser reformulados bem como ação, é devida à despolarização rápida da célula,
começam a aparecer alguns efeitos colaterais oriunda do influxo de (ons Na+ através das
inesperados, modificando o entusiasmo inicial e cadeias rápidas da membrana.
determinando as indicações ótimas para seu uso. Durante as Fases 1 e 2, (ons ca++ e, em
menor extensão, i'ons Na+ fluem através das
cadeias lentas para o interior da oélula.
1. Chefe do Serviço de Anestesia e Responsável pelo·CETISBA da
Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto, SP
A Fase 3 é a de repolarização e resulta do
movimento de (ons K + para o exterior da célula,
Correspondência para José Roberto Nocite devido ao gradiente de concentração.
Caixa Postal 707
14100- Ribeir6o Preto, SP
A Fase 4 representa o potencial de repouso e
decorre do mecanismo ativo de ''bomba de
Recebido em 23 de maio de 1986
Aceito para publicação em 2 de julho de 1986 sódio'', que coloca íons Na+ fora da célula
© 1986, Sociedade Brasileira de Anestesiologia trocando-os por i'ons K +_
Revista Brasileira de Anestesiologia
Vai. 36: N~ 5, Setembro • Outubro, 1 ga5 417
NOCITE

Durante as Fases 1 e 2 do potencial de ação, a vascular sistêmica e a pós-carga, do que decorre


corrente de cálcio transmembrana induz a libera- .queda adicional do trabalho miocárdico.
ção de quantidades adicionais de ians ca+ arma- Os BCC atuam sobre os nódulos sinusal e A-V,
zenados no retículo sarcoplásmico. Quando a deprimindo de maneira dose-dependente a fre-
concentração citoplasmática de ians Ca ++ alcan- qüência de descargas do primeiro e diminuindo a
ça o valor crítico de 10- 7 M, o cálcio combina-se velocidade de condução no segundo 6 .
com a proteína reguladora Troponina, neutrali- A intensidade destes efeitos farmacológicos
zando a ação inibitória da Tropomiosina: A varia de uma droga para outra e pode ser
interação subseqüente entre Actina e Miosina modificada ''in vivo'' por diversos fatores como:
provoca contração. i'ons Ca + + 1ivres são então suscetibilidade individual, estado funcional do
bombeados de volta para o reticulo sarcoplásmico miocárdio, administração concomitante de dro-
e quando a concentração citoplasmática diminui a gas' 1 .
valores abaixo de 10- 7 M, o músculo entra em O Verapamil deprime mais intensamente a
relaxamento•. contratilidade do miocárdio, a atividade do nódu-
O cálcio pode originar-se de fontes extracelula- lo sinusal e a condução A-V, exibindo efeito
res ou de depósitos intracelulares. No músculo menos potente sobre a resistência vascular sistêm i-
cardíaco, ao contrário do que ocorre no músculo ca. Já a Nifedipina possui o maior efeito vasodila-
esquelético, o retículo sarcoplásmico é menos rico tador, pouco ou nada afetando a contrati I idade
e o cálcio extracelular que atravessa a membrana miocárdica e a condução A-V. O Diltiazem
durante o potencial de ação, desempenha papel deprime moderadamente a contratilidade miocár-
ma is i mportante 5 . Este cálcio pode desempenhar dica e a condução A-V (menos que o verapamil),
papel mais importante ainda na contração e na bem como a resistência vascular sistêmica (menos
manutenção do tono da musculatura lisa vascu- que a nifedipina). Há evidências de que o diltia-
lar. zem possui efeito vasodilatador mais pronunciado
Nos nódulos sinusal e A-V, as cadeias de sódio e especifico sobre a circulação coronariana.
são ausentes e a despolarização depende da Depreende-se do exposto que a nifedipina
corrente de cálcio para o interior da membrana. possui o menor efeito sobre a performance do
Tendo em vista esta dependência do cálcio, as miocárdio, apresentondo portanto o menor risco
células nodais são extremamente sensíveis aos de desencadear insuficiência card iaca congestiva e
scc•. constituindo a melhor opção para uso concomi-
tante com bloqueadores beta-adrenérgicos.

Farmacologia Indicações

Os BCC influenciam a função cardiovascular 1. Angina de Prinzmetal


atuando em três setores: miocárdio, musculatura
lisa vascular e tecido especializado de condução O efeito vasodilatador coronariano direto dos
-
no coraçao. BCC tem sido aproveitado no tratamento da
O bloqueio do. processo excitação-contração, angina de Prinzmetal ou angina do tipo vasoespás-
cálcio-dependente, inibe a contratilidade miocár- tica, independentemente da presença ou não de
dica e diminui o trabalho miocárdico e portanto o lesões oclusivas arterioscleróticas 1 2 ' 1 3 . Alguns
consumo de oxigênio pelo órgão (Mí/0 2 ); estes pacientes podem mostrar pequena ou nenhuma
efeitos podem ser revertidos pela administração resposta a um determinado BCC e responder
de cloreto de cálcio 7 , 8 . favoravelmente a outro, razão pela qual eles
Reduzindo o tono da musculatura lisa nas devem ser utilizados consecutivamente até se
artérias coronárias, estas drogas diminuem a resis- encontrar a melhor opção.
tência vascular coronariana e aumentam o fluxo O espasmo coronariano que ocorre no intra e
sangüineo coronariano. Há também evidências no pós-operatório também pode ser tratado com
experimentais de que elas promovem aumento do estas drogas.
fluxo através de vasos colaterais para áreas isquê-
micas do miocárdio. O efeito vasodilatador está 2. Angina pectoris tipica
presente ainda em outros territórios arteriais,
como o renal, o mesentérico, o hepático, o O verapamil, a nifedipina e o diltiazem tên,
cerebral, o femoral e o pulmonar ' 7 9
, 'º' 11
. sido utilizados com sucesso no tratamento profilá-
Esta vasodilatação generalizada reduz a resistência tico da angina estável bem como no tratamento
• Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 36: N~ 5, Setembro - Outubro, 1986
418
B LOOUEA DORES DE CANAI S DE CÁLC IO E ANESTES IA

crônico da angina instável .1 4 ' 1 5 . O mecanismo de dios de isquemia global , o que os t orna promisso-
ação destas drogas na cardiopat ia isquêmica é res em ci rurgia card (aca com circulação extra cor-
uma combinação de vasodilatação (coro nariana e pórea2 4 . Este efe ito benéf ico parece ser devido
sistémi ca) e depressão direta do miocárdio. Elas ao f ato de estas drogas su prim irem a atividade
parecem ser pelo m enos tão ef icazes como os miocárdica num per(odo em que os fosfatos com
bloqueado res beta -adrenérg icos na capacidade de al ta energia e os substratos d iversos são necessá-
aumentar a tolerân c ia aos exerc(cios e de reduzir rio s para manter a integr idade estrutura l das
a freqüência e a gravidade das crises angLnosas. membranas celu lares e das mitocôndrias.
Assim, em pacientes com contra-indi cações aos
bloqueadores beta-ad renérg icos (co mo asma e 6. Vasoespasmo arteria l cerebra l
efeitos adversos intoleráve is) , estas drogas co nst i-
t uem uma boa alternat iva . Os BCC são potentes vasodi latadores cerebrajs
e há estudos experimentais mostrando que eles
3 . D isritmias su praventricu lares conseguem b loquear o espasmo arterial cerebral
de diversas origens 101 2 5 . Assim , existe a possi-
O verapami I é uma d roga bastante úti I no bil idade de uso cli'nico destas drogas em neuroci-
trata mento de taqu iarritm ia s su praventricu lares; o rurgia. Sabe-se que a mortalidade pós-opera tória
mesmo não ocorre com a nifedipina 161 1 7 . O em pacientes neurocirú rg icos é significativa mente
verapamil pode prevenir ou interromper episód ios ma is elevada na presença de hipertensão do que de
de taqui cardia supraventricu_lar parox (st ica , pro- normotensão. Dois efeitos destas drogas - o
longando o per(odo de condução do nódulo A -V anti-hipertensivo e a prevenção do espasmo arterial
e/ ou o per(o d o refratário nodal 1 ª . É ta mbém cerebral - podem contribui r para baixar esta
bastante eficaz na redução da freqüência ventri - morta I idad e.
19
cular em casos de ''flutter '' e fibrilacão

atriais .
A fibrilação atria I é ocorrência com um no pós- 1nterações com an·estésicos
operatór io de pacientes submetidos a cirurgia
card (aca : nestes casos, pode-se obter bom co ntro- Grande número de pacientes encaminhados à
le da freqüência ventri cular co m a. administração anestesia estão em uso de BCC, razão pela q ual é
venosa de 0,075 mg.kg - 1 de vera pam i1 2 0 . mu ito importante que o anestesio logista conheça
É preciso cu idada, entretant o, com certas as interações destas drogas com os anestés icos e
interações fa r macológicas. Ad mi n ístrado a pacien- drogas coadjuvantes da anestesia.
tes em uso d e bloqueadorf,S. be1a-adrenérg icos, o Os anestésicos gerais são depressores cardiovas-
verapami 1 (e não a r. i redi pína) pode ocasionar culares e a dep ressão miocárdica bem como a
bloqueio A-V de 3<? grau e assistolia 21 . vasodilatação q ue eles p roduzem estã0 re laciona-
Os BCC são inef icazes no tratamento de arrit- das, pelo menos em par te, à interferência com o
mias ven t r iculares 1 • fluxo de (ons ca++ através de membranas 26 1 2 7 .
Enflurano e halota no prolongam a condução A-V,
4. Hipertensão arteria 1 sendo que o halotano em parte por bloqueio das
cadeias de cálcio 2 ª ' 2 9 . Segundo Jones 3 0 , halota-
Em bora não se tenha detectado superioridade no, enflurano e isoflurano podem ser
em re lação a outras drogas de uso corrente, a considerados como antagonistas de cálcio inespe-
- eficácia dos BCC na terapêutica da hipertensão c(f icos e, portanto, podem ocorrer interações
arterial sistêmica está comprovada 2 2 . A base entre eles e os BCC na prát ica cl (nica.
desta terapêutica reside na redução da resistência Em 198 1 Kapur e cais. 3 1 demonstrara m ex per i-
vascula r sistêmica . bem como do débito ca rd (aco . menta I mente quedas transitór ias mas significativas
A nifedipina na dose diária de 10-20 mg por via da resistên cia vascular sistêmica e da p ressão
oral é particularmente efetiva. Como ocorre com arteria I bem como elevações da pressão no ventri'-
os bloqueadores beta-adrenérg icos, estas drogas cu lo esq uerdo em final de diástole, do débito
não se acompanham de aumen to na liberação de card (aco e do espaço P-R em cães anestesiad os
ren ina durante o tra t amento 2 3 • com halota no e q ue receberam verapami I na dose
de 0,2 mg.kg - 1 por via venosa no per (odo de
5. Proteção do miocárdio 30 s. Verificaram que estas alterações podem ser
m inimizadas pro largand o-se o t em p o de injeção
Há evidências experimentais de que os BCC da mesma dose de verapamil . A s alterações
oferecem proteção ao miocárd io durante episó- hemodinâmicas acima ocorr em também na presen-

Revista Brasileira de Anestesio logia


Vai. 36: N ~ 5, Setembro - O utubro, 198 6
419
N OCIT E

ça de enfluran o e isoflu rano , sendo que com sobre a junção neuromuscular, como antibióticos,
menos intensidade na presença do ú ltimo 3 2 . bloqueadores neuromusculares, etc.
A experiência cl ínica com o tra t amento de Repete-se hoje co m os BCC a questão por
arritmias por verapami I em pacientes anestesiados mu itos levantada em relação aos bloqueadores
com • halotano mostrou que ambas as drogas beta-adrenérgicos: deve o uso crônico destas ser
podem ser utilizadas co m segurança, embora interrompido em pacie ntes encami nhados à anes-
tenham ocorrido queda da pressão arteria l com tesia? Da mesma maneira co m o ocorreu com os
duração de até 5 min e aumento do espaço P-R bloqueadores beta-ad renérg icos, a r esposta parece
em 4% dos casos 3 3 . ser negativa. Casson e cols. 3 8 , estudando pacientes
em uso crô nico de nifedipina e submetidos a
Dos três BCC mais co muns, a nifedipina é o
ci rurg ia de revascular ização d o miocárdio, con-
que possui efeitos menos pronunc iados sobre a
c luíram recentemen te que, apesar da necessidade
con t ra tili dade miocárdica e a condução A -V ;
de ma ior suporte i notróp ico farmacológico, o
porém reduz intensamente a resistênc ia vas-
BCC não deve ser interrompido antes da c irurg ia,
cular sistêmica. A nitedi p ina possui assim
prin ci palmente tendo em vista os relatos de
efeitos hemodinâm icos muito parecidos com os
''fen ômenos de rebote" subseqüentes à retirada
d o isoflurano, sendo de se esperar redução aditiva
abrupta d o medicamento. Da mesma fo r ma, Re-
da resi stên cia vascular sistêm ica e da pressão
ves e cols 3 9 adm inistrara m halotano e enf lurano
arteria I pelo uso co nco m itante de ambas as
de modo r otinei ro a pacientes submetidos a
drogas 3 4 . No outro extremo, o verapami I produz
ciru rgia de revascular ização do miocário em uso
intensa depressão da co ntrati Iidade miocárd ica e
crônico de n ifed ip ina, observando notável estabi I i-
da co ndução A -V , com pequena ação sobre a
dade hemodinâmica durante e após o proced imen-
resistênc ia vascu Iar sistêm ica. O paralelismo com
to.
o halot ano é óbvio, sendo de se esperar efeitos
A experiência cl (nica acumula da até o presen te
aditivos sobre a contrati I idade e a condução A-V
indica que não se deve interromper o uso desta s
pelo uso concomitan te de am bos os agen tes:
drogas em pacientes encaminhados à anestesia: a
parece lógico portanto uti I izar o isofl u rano de
retirada súbita da terapêutica pode expô-los a
preferênci a ao halotano em pacientes em u so
ep isód ios de isquem ia miocárd ica e arritmias
crônico de verapamil 35 . Po r fim, o diltiazem
possui efeitos menos pronunciados em relação ao -
cardíacas exatamente numa situação on de estes
, .
eventos sao cr 1t 1co s.
ha lo ta no sobre a contrati I idade m iocárd ica e a
condução A -V , e menos intensos que os do COi~~I USÃO
isoflu rano sobre a res istência vascular sistêmica :
este perf i I de p ropriedades cardiovasculares é Os BCC estão hoje incorporados à terapêut ica
paralelo ao do enflurano e, pelo menos do ponto de várias doenças card iovascu lares, de tal modo
de vista teórico, o d i_ltiazem é compat (vel com que o anestesíolog ista deve anestesiar co m fre-
qualquer dos t rês halogenados. Com efeito, em qüên cia cada vez maior pacientes em uso crôr1ico
recente estudo experimental em cães, Kapur e dest as drogas, bem co mo sa ber administrá-las a
cols. 36 verificaram que a adm inistração de doses determinados pacientes sob seus cu idadas. O
moderadas de dilt iazem por via venosa na v igênc ia verapam i I é parti cu larmente efi caz no contro le de
de anestesia pelo isoflurano não se acompanha de arritmias su pravent r icu lares e a nifedipina no
alterações hemodinãmicas importantes; obser- -
tra tamento do espasmo coronar ia no e da hiper-
vou-se apenas depressão da condução intracard (a- t ensão arter ial. O uso do diltiazem tem sido
ca, considerada benéfica pelos au tores uma vez considerave lmente ampliado, co br indo to das as
que pode traduzir-se por efeito antiarri'tm ico em ind icações cl (n icas d os BCC. Embo ra não se tenha
cond ições cl (nicas. uma posição definitiva sobre a questão, a expe-
Outra interação poss(ve l dos BCC durante r iênci a cl (nica acumulada ind ica que estas drogas
anestesia é co m os bloqueadores neuromusculares. não devem ser interro mp idas no paciente e·n cam i-
Há· evidência experimental de bloqueio da trans- nhad o à anestesia. De qualquer modo, o aneste-
missão neuromuscular pelo verapamil 3 7 . O meca- siologista deve estar preparado para tratar os
nismo não é claro e pode envolver outras p roprie- efeitos de possi'veis interações dos BCC com
dades da droga não-relacio nadas ao bloqueio dos anestésicos gerais, especial men te os relat ivos a
ca nais de cálcio. De qualquer ma neira, deve-se dep ressão m iocárd ica, bloqueio da condu ção intra-
, . . -
esta r preparado para poss1ve1s 1nteraçoes entre card (aca e queda acentuada da resistência vascular
. ,. .
verapami I e fármacos de uso cl (nico com ação s1stem 1ca.

Revista Brasileira de Anestesiologia


420 V ol. 36: N ~ 5 , Setembro - O utubro, 1986.
BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO E ANESTESIA

Nocite JR - Bloqueadores de canais de cálcio e Nocite JR - Bloqueadores de canales de calcio y


anestesia. anestesia.

Os bloqueadores de canais de cálcio fazem parte Los bloqueadores de canales de calcio hacen parte
da terapêutica de diversas doenças cardiovascula- de la terapéutica de diversas enfermedades cardio-
res, de tal maneira que são boas as probabilidades vasculares, de tal forma de que son buenas las
de o anestesiologista cuidar de pacientes em uso probabilidades de el anestesiologista cuidar de
crônico destas drogas. A insuficiência coronariana, pacientes en uso crónico de estas drogas. La
as arritmias supraventriculares e a hipertensão insuficiencia coronariana, las arritmias supraventri-
arterial são indicações particularmente precisas culares y la hipertensión arterial son indicaciones
para o emprego de antagonistas do cálcio. A particularmente precisas para el emple0 de anta-
experiência clinica acumulada fala a favor da gonistas dei calcio. La experiencia quimica acu-
não-interrupção destas drogas no paciente que mulada habla a favor de la no interrupción de
será submetido a anestesia. O anestesiologista estas drogas en el paciente que será sometido a
deve conhecer o risco potencial de interações das anestesia. EI anestesiologista debe conocer el
mesmas com anestésicos gerais, com efeitos espe- riesgo potencial de interaciones de las mismas con
cialmente sobre a contratilidade miocárdica, a anestésicos generales, con efectos especialmente
freqüência cardlaca e a resistência vascular sistê· sobre la contratilidad miocárdica, la frecuencia

mica. card(aca y la resistencia vascular sistémica .
Unitermos: ANESTESIA; ANTAGONISTAS: cál-

CIO"
' FARMACOLOGIA; INTERA-
ÇAO

REFERlNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Reves J G, Kissin 1, Lell W A, Tosone S - Calei um entry blockers: uses and 1mp!icat1ons for anesthesiologists, Anesthes1ology
1982; 57, 504-518.
2. Mizgala H F - The calcium channe! blockers: pharmaco!ogy and clinicai applications. Can Anaesth Soe J 1983; 30: S 5 - S 10.
3. Mason E E - Fluid, electrolyte and nutrient therapy in surgery. Philadelphia, Lea B, Febiger, 1974; 88·92.
4. Fleckenstein A - Spec1fic pharmacolooy of caiei um 1n myocardium, cardiac pacemakers, and vasculc1r smooth muscle. Annu Rev
Pharmaco I Tox1col ~ 977; 1 7: 149· 166.
5. Adams R J, Schwartz A - Compar~'.1ve rnechan1sms for contract1on ot cardiac and skeletal muscle. Chest 1980; 78: 123-139.
6. Zipes D P, Fischer J C - Effect~ of agents which 1nhibit the slow channel on sinus nade automaticity and atrioventricular
conduction in the dog. C:irc ~es 1974; 34: 189-192,
7. Singh B N, Rache AH G - Effects of 1ntravenous verapamil on hemodynam1cs in patients with heart disease. Am Heart J 1977;
94: 593.599_
8. Hariman A J, Mangiardi L M, McAllister A G - Reversai ot the cardiovascular effects of verapamil by calcium and sod1urn:
differences between electrophysiolog1c and hemodynam1c responses. C1rculat1on 1979; 59: 797-804.
9. 1\1\atsumoto S, lto T, Sacia T - Hemodynamic effects of nifedip1ne in congestive heart failure. Am J Card1ol 1980; 46: 476-480.
10. Sh1mitzu K, Ohta T, Toda N - Evidence for greater suscept1b1l1ty of isolated dog cerebral 11rteries to Ca antagonists than
peripheral arteries. Stroke 1980; 11: 261-266.
11. Henry PD - Comparative pharmacology of calc1um antagonists: nifedip1ne, verapamii and d1ltiazem. Am J Cardiol 1980; 46:
1047-1058.
12. Bertrand ME, Lablanche J M, Tilmant PY - Treatment of Prinzrnetal's variant angina. Role of medical treatment with n1fedipine
and surg1cal ooronary revascularization combined w1th plexectomy. Am J C'.ardio1 1981; 47: 174-178.
13. Johnson S M, Mauritson DR, Wdlerson J T - A contro!led triai of verapamil for Pr1nzmetal's var1ant angina, N Engl J Med
1981; 304: 862-866.
14. Fenil1nz J.Turbow ME - Antianginal and myocard1al metabol1c propert1es of verapamil 1n coronary artery d1sease. Am J Cardiol
1980; 46. 1019-1026.
15. Freedman B, Dunn R F, Richmond DR - Coronary artery soasm during exercise: treatment with verapamil. Circulation 1981;
64, 68- 75.
16. Rowland E, Evans T, Krikler D Effect of nifedipine on atrioventricular conduct1on as compareci with verapamil. Br Heart J
1979; 42: 124-127.
17. Singh B N, Ellrod G, Peter C T Verapamil: a rev1ew of its pharmacolog1cal propert1es and therapeutic use. Drugs 1978; 15:
169-197.
18. Sung RJ, Elser B, McAllister R G Jr. - Intravenosa verr1pamil for term1nation of re-entrant supraventricular tachyc;ard1as Ann
lntern Med 1980; 93: 682-689.
19. Smith W J, Wenger T L, Grant A O - The ant1arrhythmic spectrum of verapamil. Drug Therapy 1981; 11: 44-61.
20. Plumb V J. Karp R B, Kouchoukos N T - Verapamil therapy of atr1al fibrillation and atrial flutter followrng open heart surgery.
J Thorac Cardiovasc Surg 1982; 83: 590-596.
2~. Packer M P, Mel ler J, Medina N - Hernodynam1c consequences of comb1ned beta-adrenergic and slow calc1um channel blockade
in man. Circulation 1982; 65: 660-668.
22. Ol1var1 M T, Bartorelli C, Polese A - Treatment of hypertension with nifedipine, a calcium antagonist agent. C1rculation 1979;
59: 1056-1062.

Rev,sta Brasileira de Anestesiologia


Vot. 36: N': 5, Setembro - Outubro, 1986
421
NOCITE

23. Anavekar S N, Chistophidis N, Louis W J - Verapamil in the treatment of hypertension, J Cardiovasc Pharmacol 1981; 3:
287-292.
24. Pinsky W W, Lewis R M, McMillin-Wood J B - Myocardial protection from ischemic arrest: potassium and verapamil cardioplegia.
Am J Physiol 1981; 240 H 326 - H 335.
25. Allen G S, Bahr A L - Cerebral arterial spasm: Part 10: Reversai of acute and chronic spasm in dogs with orally administered
nifedipine. J Neurosurg 1979; 4: 43-47.
26. Komai H, Rusy B F Effect of halothane on rested-state and potentiated-state contraction in rabbit papillary muscle:
relationsh ,p to negative i notropic action. Anest Analg ( Cleve) 1982; 61: 403-409.
27. Altura B M, Altura BT, Carella A - Vascular smooth muscle and general anesthetics. Fed Proc 1980; 39: 1584-1591.
28. Atlee J L 111, Rusy S F - Atrioventricular conduction times and atrioventricular nodal conductivity during enflurane anesthesia in
dogs. Anesthesiology 1977; 47: 498-503.
29. Lynch C, Vogel S, Sperelakis N - Halothane depresses cardiac slow action potentials. Anesthesiology 1980; 53: S 420.
30. Jones R M - Calcium antagonists. ln: Recent Advances in Anaesthesia and Analgesia, 15th ed (Eds RS Atkinson & AP Adams).
Edinburgh, Churchill Livingstone, 1984.
31. Kapur P A, Flacke W E - Epinephrine induced arrhythmias and cardiovascular function after verapamil during halothane
anesthesia ,n the dog. Anesthesiology 1981; 55: 218-225.
32. Kapur P A, Flacke W E, Olewine SK - Comparison of effects of isoflurane versus enflurane on cardiovascular and catecholamine
responses to verapamil in dogs. Anesth Analg ( Cleve) 1982; 61: 193-194.
33. Brichard G, Zimmermann P E - Verapamil in cardiac dysrhythmias during anaesthesia. Br_ J Anaesth 1970; 42: 1005-1012.
34. Jones R M - Clinicai comparison of inhalation anaesthetic agents. Br J Anaesth 1984; 56: 57 S - 69 S.
35. Zaggy A P, Kates R A, Norfleet E A, Mueller R A, Heath K R - The comparative cardiovascular effects of verapamil, nifedipine
and diltiazem during halothane anesthesia. Anesthesiology 1983; 59: A 44.
36. Kapur P A, Campos J H, Tippit SE - lnfluence of diltiazem on cardiovascular function and coronary hemodynamics during
isoflurane anesthesia in the dog: correlation with plasma diltiazem leveis. Anesth Analg ( Cleve) 1986; 65: 81-87,
37. Kraynack B J, Lawson N W - Neuromuscular blocking action of verapamil in cats. Can Anaesth Soe J 1983; 30: 242-247
38. Casson W R, Jones R M, Parso ns R S - Nifedipine and cardiopulmonary bypass. Anaesthesia 1984; 39: 1197-1201.
39. Reves J G, Samuelsen P N, Lell W A - Myocardial damage in coronary artery bypass surgical patients anaesthetized with two
anaesthetic techniques. A random comparison of halothane and enflurane. Can Anaesth Soe J 1980; 27: 238-247.

-Revista Brasileira de Anestesiologia


422 Vol. 36: Nº 5, Setembro - Outubro, 1986

Você também pode gostar