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O PROCESSO DE FORMAÇÃO INTERSUBJETIVA E

IDENTITÁRIA NO AMBIENTE ESCOLAR – QUANDO A


EDUCAÇÃO SUPERA A PANDEMIA

Autora: Ana Carolina de Sousa Vieira


Universidade Federal de Viçosa
ana.vieira68@ufv.br

Orientador: Icaro Gabriel da Fonseca Engler


Universidade Federal de Viçosa
icaro.engler@ufv.br

Entende-se que a escola como sendo um espaço formativo, possibilita ao


estudante construir não só suas reflexões e críticas sobre a vida, como promove um
espaço de compartilhamento das diferenças. Isso certamente devido ao fato de a
educação ser uma prática social que possibilita o desenvolvimento dos seres humanos.
Observa-se que o período da pandemia provocou mudanças significativas no processo
de ensino e aprendizagem. Assim como distanciou os estudantes de suas interações
sociais e coletivas vivenciadas nas escolas. Buscamos compreender como o ensino à
distância impactou a forma com a qual os estudantes se relacionam com a vida e
consigo mesmos. Refletindo a partir disso os processos sócio-históricos que os
atravessam. Pensando a partir disso como os estudantes da Esedrat - E E Dr Raimundo
Alves Torres, Viçosa, Minas Gerais têm se relacionado com o aprendizado após o
período da pandemia. Além, é claro, de compreender como as interações sociais, a
construção intersubjetiva e identitária dos estudantes foi afetada pelo período
pandêmico no período de retorno às atividades.

Este projeto articula dois campos de problematização, sendo o primeiro deles,


ligado à discussão em torno do impacto da pandemia no processo de aprendizado dos
alunos. De outro lado, mobilizamos o debate do impacto da pandemia na construção
intersubjetiva e identitária dos estudantes, refletindo como o retorno às interações
sociais promoveram o aumento da ansiedade, do desinteresse e da dificuldade de
aprendizado dos alunos, em seus mais variados contextos. Observa-se que os estudantes
que estão inseridos na construção do novo ensino médio, na escola Esedrat de Viçosa,
parecem perder o interesse pelo aprendizado. Tanto pelo esgotamento mental frente a
rotina maçante das aulas e o longo e exaustivo período escolar. Assim como, pelas
exigências depositadas sobre suas vidas quanto ao trabalho, à necessidade de
sobrevivência e as incertezas que estão circunscritas nos caminhos da vida.

Apesar da tentativa incessante de tornar o ensino no período da pandemia


universal, sabe-se que os estudantes foram impactados de formas distintas e profundas.
Ocasionando a formação de sujeitos amedrontados, ansiosos e depressivos, que se
tornam alheios a sua própria vida e reféns das poucas narrativas que lhes sobram. A
pandemia provocou inúmeras mudanças que não dizem respeito apenas às interações
sociais, como a própria construção intersubjetiva dos indivíduos. Isso porque, como
fenômeno social, ela também foi absorvida, experimentada e compreendida de forma
diversa e específica. Desse modo, o contexto sócio-histórico, cultural e econômico dos
indivíduos se tornou responsável por delimitar a forma com a qual a pandemia tenha
sido vivenciada por eles.

Sabe-se que a relação entre aprendizado e ensino envolve outras esferas da vida,
seja em seus aspectos históricos ou sociais, até mesmo pedagógicos e culturais.
Instâncias capazes de redimensionar os indivíduos no mundo, possibilitando o
desenvolvimento de atores sociais capazes de criar e transformar as coisas da vida.
Além disso, essa relação permite que os estudantes tomem consciência de suas ações,
estabelecendo uma visão crítica, autocrítica e reflexiva sobre o mundo. Um processo
que os auxilia a reconhecer suas vidas e contextos históricos ao mesmo tempo que os
auxilia na construção de novas perspectivas.

Entendendo a educação como uma ferramenta capaz de mobilizar novas


perspectivas a sujeitos que estejam marginalizados, é importante repensá-la quanto aos
aspectos sócio psíquicos que a transpassam. De forma a fazer com que esse seja um
espaço formativo do sujeito, não apenas a nível técnico e científico, mas conjuntamente,
a nível social, cultural e ético. Isso porque, as inúmeras demandas trazidas pelos
estudantes são dialogadas nos espaços de sala de aula, exigindo dos educadores uma
relação psicossocial com os docentes. Evidenciando que o ambiente escolar é um
espaço que estabelece relações de trocas contínuas e indispensáveis para formação dos
indivíduos.
Percebe-se que os alunos têm realidades que são constitutivas de sua formação
intersubjetiva, e a escola nesse sentido, é um meio que possibilita aos sujeitos
reelaborarem seus pensamentos e ações. Isso certamente, devido ao fato de que o
conhecimento como promotor de novas possibilidades e reflexões críticas, os auxiliam
no processo de autopercepção de si próprios e suas escolhas. Permitindo- os um espaço
que possibilite uma construção consciente e autônoma de si mesmos. Esse processo nos
faz pensar a importância de as escolas estarem preparadas para acolher a
intersubjetividade, diversidade e complexidade dos alunos, dando a eles espaços
seguros para se conhecerem. De forma a fazer com que o ensino se estenda às questões
sócio-históricas dos alunos, conseguindo compreendê-las e incluí-las.

Permitindo, assim, que o espaço escolar se torne um ambiente que dialogue com
as múltiplas vivências dos indivíduos. Promovendo soluções possíveis para as questões
que os transpassam, tais como gênero, raça e classe. Essa realidade, é claro, exige do
discente uma habilidade extracurricular de não só ensinar esses alunos, como também,
orientá-los no mundo, acolhê-los e capturá-los para o espaço da aprendizagem. Um
processo desafiador quando a educação se torna mecanismo de precarização e baixa
infraestrutura. Isso porque, sem as ferramentas necessárias para um bom ensino,
alimentação de qualidade, psicólogos e assistentes sociais, as demandas dos alunos se
tornam preocupações contínuas dos discentes que se sobrecarregam.

Assim sendo, essa dinâmica exige do discente uma capacidade de redirecionar,


não só a forma como os alunos se relacionam com a escola e a relação
aprendizagem-ensino, mas especialmente, a forma com a qual se reconhecem.
Aproximando-os da educação, e auxiliando-os a perceber nela, um caminho de
superação e transformação da vida. Entendendo, por exemplo, como o processo
sócio-histórico, cultural, econômico e político dos alunos e suas famílias impactam na
sua formação intersubjetiva e identitária de ser, tanto quanto nas suas ações e em seu
próprio aprendizado. Conclui-se que, mediante a uma realidade flexível e mutável,
espera-se que os estudantes consigam interagir com o mundo da vida de forma atenta,
aprendendo sobre seus códigos, padrões e estruturas, para então, conseguirem atravessar
e superar seus próprios desafios.

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