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Obs!! O bom controle da placa supragengival afeta o crescimento e a composição da placa subgengival, visto que favorece a
saúde da microbiota e reduz a quantidade de formação de cálculo.
Recomendações
Escovação 2 vezes ao dia e uso do fio dental, ou outro recurso para a higiene interdental, uma vez ao dia;
Escovas manuais com cerdas de náilon macias ou Escovas elétricas para pacientes com pouca coordenação ou que
precisam ser motivados durante um pequeno período para melhorar a higienização oral;
A escovação deve ser feita com as cerdas dirigidas para a margem gengival e utilizadas sem um movimento de esfregar.
É recomendado cerca de 20 movimentos para cada face dentária;
Os pacientes com pontos de contato abertos podem usar escovas interdentais porque são mais fáceis de serem usadas
que o fio dental nesses casos;
As escovas devem ser substituídas a cada 3 a 4 meses ou quando as cerdas se apresentarem emaranhadas,
independente do tempo de uso.
Escova de dente
Nenhum desenho de escova é superior aos outros em termos de remoção de placa
Na recomendação de uma escova de dente, deve-se levar em consideração a facilidade de manipulação pelo paciente.
A efetividade e o potencial de injúria da escova dependem de como ela é utilizada.
As escovas de dente elétricas removem placa e reduzem o sangramento gengival um pouco melhor do que as escovas
manuais. Pacientes que realizam uma escovação precária, crianças e pessoas que escovam os dentes de pacientes
impossibilitados de realizar essa tarefa são os mais beneficiados com o uso das escovas de dente elétricas.
O modo de escovação e a abrasividade do dentifrício afetam mais a ação da limpeza e a abrasão do que o próprio grau de
dureza das cerdas. No entanto, o uso de escovas de cerdas duras é associado a mais retração gengival, e indivíduos que usam
com frequência escovas de cerdas duras apresentam mais retração gengival do que aqueles que usam cerdas macias.
Obs!! As cerdas com bordas arredondadas causam menos injúrias à gengiva do que as cerdas com corte plano e bordas
terminais cortantes.
DENTRIFICIOS
Auxiliam na limpeza e no polimento das superfícies dentárias. Podem ser encontrados na forma de forma de pasta, pós e géis
dentários. São muito úteis para a liberação de agentes terapêuticos nos dentes e na gengiva, como no caso dos fluoretos contra
as lesões cariosas (1.000 a 1.100 ppm).
A característica abrasiva dos dentifrícios é muito mais agressiva em dentes com exposições radiculares (A dentina e o cemento
desgastam-se 25 a 35 vezes mais rápido do que o esmalte, isso pode levar à abrasão e à hipersensibilidade dentária).
Normalmente os dentifrícios abrasivos causam lesões nos tecidos duros, embora as lesões gengivais possam também ser
causadas.
Métodos de escovação
São categorizados basicamente de acordo com o padrão do movimento. A indicação do método deve ser de acordo com a
necessidade do paciente.
Obs!! Qualquer escova de dente, independente do método de escovação usado, não remove por completo a placa interdental.
TÉCNICA DE BASS
Posicionar as cerdas em angulo de 45 graus com relação às superfícies dentárias, voltadas ao ápice da raiz.
O posicionamento ideal pode permitir leve penetração subgengival das pontas das cerdas. Usar vibração,
com movimentos de vai e vêm leves, suaves, sem tirar a escova do lugar. A face oclusal é escovada com
movimentos curtos anteroposteriores, devendo as cerdas esfregar firmemente esta face.
A técnica de Bass é o método mais recomendado, porque ela enfatiza a colocação sulcular das cerdas,
adaptando as extremidades das cerdas à margem gengival com o objetivo de alcançar a placa
supragengival e a placa subgengival.
Obs!! INDICAÇÃO: Principalmente para pacientes com doença periodontal. Indicar com cautela em pacientes que tenham
dificuldades de coordenação motora ou em crianças, pois a técnica requer certa habilidade.
Obs!! Não é indicada para pacientes com retração gengival. Não deve ser
indicado para pacientes de biótipo gengival fino com hábitos enérgicos de
escovação.
TÉCNICA DE SCRUB
Mais comumente utilizada por ser mais simples. A cabeça da escova fica a 90º com relação a superfície dentária, sendo um
movimento horizontal. A oclusal, lingual e palatina são escovadas com a boca aberta e a vestibular com a boca fechada.
TÉCNICA DE LEONARD
Semelhante a horizontal, mas o movimento é aplicado na vertical (baixo pra cima e vice versa).
TÉCNICA DE FONES
Indicado para pacientes em idade pré-escolar, crianças menos hábeis. São realizados movimentos circulares nas faces
vestibulares e linguais ou palatinas de todos os dentes. Na lingual ou palatino dos dentes anteriores a escova deve ser
posicionada verticalmente em relação ao longo eixo do dente. Nas faces oclusais o movimento é no sentido ântero-posterior.
TÉCNICAS DE STILLMAN
A cabeça da escova fica posicionada numa direção oblíqua voltada para o ápice
da raiz com as cerdas parcialmente na genviva e superfície dentária. É realizada
uma pressão leve junto com o movimento vibratório, sem que a escova seja
deslocada da sua posição original.
realize movimentos vibratórios curtos, seguidos de movimento vertical de varredura em direção às pontas dos dentes, em todas
as faces de todos os dentes.
TÉCNICA DE CHARTERS
Aplicar a cabeça da escova sobre o dente em ângulo de 45 graus com a direção das cerdas voltadas para a
superfície oclusal. Pressionar levemente as cerdas, a fim de que penetrem nos espaços interdentais e
realizar movimentos vibratórios curtos.
Indicado para pacientes que apresentam espaço interproximal amplo (retração das papilas), entretanto,
deve-se entender que as superfícies proximais não serão limpas eficazmente com essa técnica.
OBS!! De acordo com os professores, não existe nenhuma técnica de escovação para pacientes com doença periodontal, porque
nenhum método de escovação tem demonstrado ser superior ao outro.
Limpeza interdental
A remoção diária da placa interdental é crucial para aumentar os efeitos da escovação dentária, pois a maioria das doenças
periodontais e dentárias tem origem nas áreas interproximais. Muitas ferramentas estão disponíveis para a limpeza
interproximal e elas devem ser recomendadas de acordo com o tamanho dos espaços interdentários, presença de furcas,
alinhamento dentário e presença de aparelhos ortodônticos e próteses fixas. Além da facilidade de uso e da cooperação do
paciente.
Obs!! O objetivo da limpeza interdental é remover a placa bacteriana e não apenas remover os restos alimentares alojados
entre os dentes.
FIO DENTAL
É o mais recomendado. Se usado corretamente ele remove mais de 80% da placa proximal. A presença ou não de cera não
interfere na eficácia da limpeza, de acordo com estudos. Os fatores que influenciam a escolha do fio dental incluem a
justaposição do contato dentário, a aspereza das superfícies dentárias e a destreza manual do paciente.
Técnica:
Iniciar com um pedaço de fio longo o suficiente para segurar rigidamente. Esticar o fio
entre o polegar e o indicador, ou entre ambos os indicadores, e passar com suavidade
através de cada área de contato com um firme movimento de vai e vem. Envolver o
fio ao redor da superfície proximal de um dente e desliza-lo para a base do sulco
gengival, movendo o fio até penetrar no sulco. Mover o fio até o ponto de contato e
repetir o movimento no dente adjacente.
Obs!! Não se deve forçar o fio com energia ao passar na área de contato, pois se pode lesar a gengiva interdentária. De fato,
forçar com muito entusiasmo o fio através das áreas de contato cria ranhuras proximais na gengiva.
ESCOVAS INTERPROXIMAIS
Os espaços das ameias interproximais variam muito em pacientes com doença periodontal. No geral, as ameias sem retração
gengival são limpas de forma correta com o uso do fio dental, no entanto, espaços mais largos com superfícies radiculares
expostas requerem o uso de uma escova interdental, as escovas de dente unitufo limpam com eficiência os espaços
interproximais com ausência de papila.
Periodontia – Prática
Juliana Guerra 2021
Técnica:
As escovas interdentais são inseridas através dos espaços interproximais e movidas para frente e para trás entre os dentes
com golpes curtos. Para uma maior eficiência clínica, é provável que seja melhor selecionar um diâmetro da escova
ligeiramente maior do que a ameia interproximal a ser limpa.
Obs!! Palitos de borracha e Irrigação bucal também são utilizados como auxiliares na limpeza bucal. Os palitos de borracha
devem ser colocados dentro do espaço da ameia, sob a gengiva, e usados com movimentos circulares. Podem ser usados em
espaços interproximais e outros defeitos na boca e são rapidamente adaptáveis às superfícies linguais. A irrigação bucal
fragmenta e desintoxica a placa subgengival e pode ser útil para liberar agentes antimicrobianos nas bolsas periodontais.
Periodontia
Juliana Guerra 2021
Anatomia do Periodonto
A principal função do periodonto é inserir o dente no tecido ósseo dos maxilares e manter a integridade da superfície da mucosa
mastigatória da cavidade oral.
ORIGEM EMBRIONÁRIA
Obs!! Não há uma linha mucogengival no palato, uma vez que o palato duro e o processo alveolar do maxilar são revestidos pelo
mesmo tipo de mucosa, a mastigatória.
Obs!! A mucosa alveolar apresenta uma ligação frouxa com o osso alveolar subjacente, apresentando uma mobilidade bem
característica.
GENGIVA
Cobre o processo alveolar e circunda a porção cervical dos dentes. Consiste em uma camada epitelial e um tecido conjuntivo
subjacente, chamado de lâmina própria.
LIMITES DA GENGIVA
Coronário: margem gengival;
Apical: Junção mucogengival.
Em direção à coroa termina na margem gengival livre, que possui um contorno festonado e coloração rósea. No sentido apical, a
gengiva é contínua com a mucosa alveolar (mucosa de revestimento), que é frouxa e de cor vermelha mais escura.
Obs!! A mucosa alveolar não tem tecido queratinizado, é um tecido mais sensível e susceptível a lesões traumáticas.
Periodontia
Juliana Guerra 2021
DIVISÃO DA GENGIVA
Livre – Também chamada de gengiva marginal, mede aproximadamente de 0,5 a 1 mm de largura e estende-se a partir
da margem gengival em direção apical até a ranhura gengival livre, que se acha posicionada em um nível
correspondente à junção cemento–esmalte (CEJ). Forma a parede de tecido mole do sulco gengival, podendo ser
separada da superfície dental com uma sonda periodontal. Seus aspectos saudáveis são coloração rósea, superfície
opaca e consistência firme (vestibular e lingual ou palatina dos dentes e papilas interdentais).
Inserida – Ela é firme, resiliente e fortemente ligada ao periósteo do osso alveolar subjacente. Sua largura é medida
entre a junção mucogengival e a projeção do fundo do sulco gengival ou da bolsa periodontal. A gengiva inserida é
demarcada da ranhura gengival livre à junção mucogengival, na direção apical. Possui aspecto pontilhado (casca de
laranja) pela inserção das fibras. Pacientes com ausência da gengiva inserida poderão desenvolver problemas na
escovação, pois haverá um contato maior com a mucosa oral, provocando dor, que pode limitar a higiene bucal pelo
paciente, desencadeando quadros de doenças periodontais. O tratamento consiste na realização de enxertos gengivais.
Interdental – Ocupa a ameia gengival, que é o espaço interproximal abaixo da área de contato dos dentes. Se estende
até a altura da crista óssea alveolar. Apresenta formato piramidal, na qual a ponta da papila está localizada
imediatamente abaixo do ponto de contato, ou em forma de “col”, com uma depressão em forma de vale que conecta
a papila vestibular e lingual. A área de col tem menos queratina que a região da PL e PV, possuindo menos proteção em
casos de agressão.
Obs!! A ranhura gengival livre separa os dois tipos de gengiva e tem a função de proteger contra traumas e imobilizar a gengiva
livre.
Obs!! Em implante não há gengiva, é chamado de mucosa peri-implante.
FIBRAS GENGIVAIS
ANATOMIA MICROSCÓPICA
A gengiva é composta de um epitélio externo escamoso estratificado e tecido conjuntivo central subjacente.
Periodontia
Juliana Guerra 2021
As células epiteliais são compostas por Queratinócitos (90%); Células de Langerhans; Melanócitos; Células de Merkel; Células
inflamatórias; e são metabolicamente ativas, capazes de reagir a estímulos externos por meio da síntese de inúmeras citocinas,
moléculas de adesão, fatores de crescimento e enzimas.
Obs!! A profundidade histológica de um sulco normalmente não é igual à profundidade de sondagem. Sendo assim, a
profundidade de sondagem de um sulco gengival clínico normal em humanos é de 0 a 3 mm.
Ligamento periodontal
Tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e celular, que circunda as raízes dos dentes e une o cemento radicular à
lâmina dura ou ao osso alveolar propriamente dito. A presença do ligamento periodontal permite que forças, produzidas
durante a função mastigatória e outros contatos dentários, sejam distribuídas e absorvidas pelo processo alveolar através do
osso alveolar propriamente dito. O ligamento periodontal também é essencial para a mobilidade dos dentes. A mobilidade
dentária é, em grande parte, determinada pela largura, pela altura e pela qualidade do ligamento periodontal.
O dente é unido ao osso por feixes de fibras colágenas, denominadas fibras de Sharpey,
que podem ser divididas nos seguintes grupos principais, de acordo com as suas formas
de arranjo:
CEMENTO
Tecido conjuntivo mineralizado que recobre a dentina radicular, tendo como principal função a inserção das fibras do ligamento
periodontal na raiz do dente. Não possui vasos sanguíneos, linfáticos, inervação e não é remodelado, mas permanece em
contínua deposição. Sua porção celular é composta por células pelos cementoblastos e cementócitos, sendo as primeiras
precurssoras das segundas, as quais se encontram aprisionadas em lacunas. Os cementócitos comunicam-se através de
Periodontia
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canalículos e através destes, recebem os nutrientes provenientes do ligamento periodontal. A porção cervical do cemento é
acelular, enquanto que o terço apical e a região de furca são celulares.
Cemento acelular de fibras extrínsecas: É encontrado nas porções coronária e média da raiz e contém principalmente
feixes de fibras de Sharpey. Este tipo de cemento é uma parte importante dos tecidos de inserção e conecta o dente ao
osso alveolar propriamente dito.
Cemento celular estratificado misto: Está presente no terço apical das raízes e nas áreas de furca. Ele contém tanto
fibras extrínsecas quanto intrínsecas, assim como cementócitos. É formado durante todo o período funcional do dente.
Cemento celular de fibras intrínsecas: É encontrado principalmente nas lacunas de reabsorção e contém fibras
intrínsecas e cementócitos.
OSSO ALVEOLAR
Partes da maxila e da mandíbula que formam os alvéolos dos dentes e dão suporte a esses alvéolos. Possuem como função
principal a distribuição e absorção das forças geradas, por exemplo, pela mastigação e por outros contatos dentários.
O osso que recobre as paredes dos alvéolos (osso alveolar propriamente dito) frequentemente é contínuo com o osso compacto
ou cortical do processo alveolar. Ele é perfurado por numerosos canais de Volkmann, através dos quais vasos sanguíneos,
linfáticos e fibras nervosas passam do osso alveolar para o ligamento periodontal. Essa camada óssea na qual estão inseridos os
feixes de fibras principais (fibras de Sharpey) é chamada de “osso fasciculado”.
Obs!! Radiograficamente, o osso alveolar aparece como uma linha óssea mais radiopaca que o osso esponjoso adjacente,
recebendo a denominação “lâmina dura” nas descrições radiográficas.
Obs!! A porção de osso trabeculado do processo alveolar é mais pesada que os outros ossos esponjosos do corpo. Isso se deve
ao fato de estar constantemente submetido aos esforços mastigatórios, atuando como corredor para a dissipação destas forças.
REMODELAÇÃO
O osso alveolar renova-se constantemente em resposta às demandas funcionais. Durante a decomposição do osso cortical, são
formados canais de reabsorção por meio de vasos sanguíneos em proliferação. Esses canais, que contêm um vaso sanguíneo no
centro, posteriormente são preenchidos por novo osso pela formação de lamelas dispostas em camadas concêntricas ao redor
do vaso sanguíneo.
A reabsorção do osso está sempre associada com os osteoclastos. A reabsorção ocorre pela liberação de substâncias ácidas
(ácido lático etc.), que formam um ambiente ácido no qual os sais minerais do tecido ósseo são dissolvidos. As substâncias
orgânicas remanescentes são eliminadas por enzimas e fagocitose osteoclástica. São produzidas então lacunas chamadas de
lacunas de Howship. Após um curto período, os osteoblastos começam a depositar novo osso, e, finalmente, uma unidade óssea
Periodontia
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multicelular é formada, claramente delineada por uma linha reversa (A partir da linha reversa, a neoformação óssea se inicia,
apresentando a característica de osteóide).
VASCULARIZAÇÃO DO PERIODONTO
Os ramos dentais penetram o canal da raiz através do forame apical e vascularizam a polpa dental. Os ramos peridentais sobem
por pequenos canais nos septos interalveolares e inter-radiculares. Irrigam além do osso alveolar, o periodonto e parte da
gengiva.
A artéria dentária (a.d.) emite a artéria intra-septal (a.i.) antes de penetrar no alvéolo. Os
ramos terminais da artéria intraseptal (ramos perfurantes, rr.p.) penetram no osso alveolar
propriamente dito pelos canais em todos os níveis do alvéolo. No espaço do ligamento
periodontal, eles se anastomosam com os vasos sanguíneos originários da porção apical do
ligamento periodontal e com os demais ramos terminais da artéria intra-septal (a.i.). Antes de
penetrar no canal radicular, a artéria dentária (a.d.) fornece ramos que suprem a porção
apical do ligamento periodontal.
A gengiva recebe seu suprimento sanguíneo principalmente através dos vasos sanguíneos
supraperiosteais, que são ramos terminais da artéria sublingual, da artéria mentoniana, da
artéria bucal, da artéria facial, da artéria palatina maior, da artéria infra-orbitária e da artéria
alveolar superior posterior.
Os vasos sanguíneos no ligamento periodontal formam uma rede poliédrica que circunda a
raiz. Note que a gengiva livre recebe seu suprimento sanguíneo dos (1) vasos
supraperiosteais, (2) dos vasos sanguíneos do ligamento periodontal e (3) dos vasos
sanguíneos do osso alveolar. O principal suprimento sanguíneo da gengiva livre é derivado
dos vasos sanguíneos supraperiosteais, que se anastomosam na gengiva com os vasos
sanguíneos do osso alveolar e do ligamento periodontal.
Periodontia
Juliana Guerra 2021
SISTEMA LINFÁTICO DO PERIODONTO
Os capilares linfáticos, formam uma rede extensa no tecido conjuntivo. A linfa é absorvida do fluido tecidual através das paredes
delgadas dos capilares linfáticos, passando para os vasos linfáticos maiores. Antes de penetrar na circulação sanguínea, a linfa
passa através de um ou mais nódulos linfáticos, nos quais é filtrada e suprida de linfócitos. A linfa dos tecidos periodontais é
drenada para os nódulos linfáticos da cabeça e do pescoço.
A gengiva vestibular e lingual da região dos incisivos inferiores é drenada para os nódulos linfáticos submentonianos.
A gengiva palatina da maxila é drenada para os nódulos linfáticos cervicais profundos.
A gengiva vestibular da maxila e a gengiva vestibular e lingual da região de pré-molares inferiores drenam para os
nódulos linfáticos submandibulares.
Com exceção dos terceiros molares e incisivos inferiores, todos os dentes, com seus tecidos periodontais adjacentes,
drenam para os nódulos linfáticos submandibulares. Os terceiros molares são drenados pelos nódulos linfáticos
jugulodigástricos, e os incisivos inferiores, pelos nódulos linfáticos submentonianos.
iNERVaçãO DO PERIODONTO
Os nervos que registram dor, tato e pressão têm seu centro trófico no gânglio semilunar e chegam ao periodonto através do
nervo trigêmeo e seus ramos terminais. Devido à presença de receptores no ligamento periodontal, é possível identificar
pequenas forças aplicadas aos dentes.
Obs!! Os receptores do ligamento periodontal, em associação com proprioceptores dos músculos e tendões, desempenham um
papel essencial na regulação dos movimentos e das forças da mastigação.
Diversas regiões da gengiva são inervadas pelos ramos terminais do nervo trigêmeo:
A gengiva do lado vestibular de incisivos, caninos e pré-molares superiores é inervada pelos ramos labiais superiores do
nervo infra-orbitário;
A gengiva vestibular da região de molares superiores é inervada pelos ramos do nervo dentário superior posterior;
A gengiva palatina é inervada pelo nervo palatino maior, exceto na área de incisivos, que é inervada pelo nervo
esfenopalatino grande (n. pterygopalatino). A gengiva lingual inferior é inervada pelo nervo sublingual que é um ramo
terminal do nervo lingual;
A gengiva inferior, no lado vestibular de incisivos e caninos, é inervada pelo nervo mentoniano, enquanto, no lado
vestibular de molares, ela é inervada pelo nervo bucal. As áreas de inervação desses dois nervos frequentemente se
superpõem na região dos pré-molares. Na mandíbula, os dentes e seus ligamentos periodontais são inervados pelo
nervo alveolar inferior, enquanto os dentes da maxila são inervados pelo plexo alveolar superior.
Anatomia e Histofisiologia do Periodonto Bruna Costa
Estruturas que compõem o periodonto: gengiva, ligamento A gengiva é dividida em três estruturas - gengiva livre,
periodontal, osso alveolar propriamente dito e cemento gengiva inserida e gengiva interdental
radicular.
Origem embrionária: é principalmente da parte de capuz A gengiva inserida protege contra traumas (ela é um epitélio
que o periodonto vai ter origem. O órgão dental vai dar estratificado queratinizado) e ela também auxilia na
origem ao esmalte dentário, a papila dentária vai dar origem imobilidade da margem gengival. Se o paciente só
ao complexo dentina-polpa e o folículo dentário é que vai apresenta a gengiva livre direto com a mucosa alveolar,
dar origem ao periodonto de sustentação. pode haver um movimento de tração para apical.
Gengiva: é a parte da mucosa mastigatória que recobre o Gengiva interdental - varia de acordo com o formato do
processo alveolar e circunda a porção cervical dos dentes. dente, pontos ou superfície de contato, largura da superfície
proximal, altura do ponto de contato à crista óssea,
Anatomia macroscópica: anatomia da junção cemento-esmalte (JCE).
Anatomia microscópica:
O epitélio gengival (revestimento contínuo escamoso Bruna Costa
estratificado) vai se dividir em três tipos:
- Epitélio oral
- Epitélio oral do sulco (sulcular) Epitélio oral do suco: é uma região mais sensível e
- Epitélio juncional importante manter sempre limpa
A gengiva livre na sua porção externa é revestida pelo O fluido gengival é representado como transudato ou
epitélio oral e na sua porção interna é revestida por epitélio exsudato, é um biomarcador de diagnóstico ou prognóstico
oral do suco histológico e pelo epitélio juncional (promove do estado biológico do periodonto na saúde e na doença. É
uma adesão). composto por componentes dos tecidos conjuntivos e
epitelial, células inflamatórias, soro e microrganismos que
A gengiva livre corresponde ao sulco clínico, só o suco habitam a margem gengival, sulco gengival ou bolsa
histológico destaca. periodontal.
Diferentes tipos de células: fibroblastos (célula Conjunto de fibras colágenas do LP podem ser dividas de
predominante ~65%), mastócitos, macrofágos e células acordo com suas formas de arranjo:
inflamatórias. O fibroblasto participa na produção de vários
tipos de fibras encontradas no tecido conjuntivo e também
atua na sua síntese da matriz do tecido conjuntivo.
Vascularização do periodonto:
Agentes de destruição
Quando produzidos em excesso:
- Citocinas -> IL-1, IL-6, IL-8, TNF - alfa, IFN-gamma
e RANKL
- Enzimas proteolíticas -> metaloproteinases Padrão de progressão da periodontite
- Prostaglandinas
Uma vez instalada a doença, há uma alternância entre
A resposta imuno celular interage com a humoral e a períodos de relativa estabilidade por períodos de destruição
específica com a não específica. aguda. Os dois padrões também podem acontecer ao longo
do tempo.
Progressão da DP
Determinantes de transição quiescência/destruição
Lesão inicial (semana 1): ativa:
- Gengiva libera mediadores inflamatórios
- Aumento da permeabilidade vascular: aumento do Não se sabe ao certo o que faz o periodonto sair desse
fluido gengival (mas não consegue observar estado de estabilidade para o de destruição ativa, mas de
clinicamente), aumento de neutrófilos, poucos uma forma genérica se diz que é devido a um aumento
macrófagos absoluto (conseguiria produzir mais fatores patogênicos) ou
- Aumento de células inflamatórias relativo (diminuição da capacidade da resposta imune) da
- Ocorrências subclínicas patogenicidade microbiana.
Lesão precoce (semana 2): Tem sido proposto que alguns mecanismos podem ser
- Maior quantidade de placa responsáveis como por exemplo: mudanças
- Infiltrado ocupa área maior quantitativas/qualitativas da microflora, invasão bacteriana
- Aumento no número de macrófagos e dos tecidos, declínio na saúde geral.
predominância de linfócitos T
- Eventos de inflamação aguda continuam Porque certos indivíduos ou sítios da boca são mais
- Lesão de colágeno e proliferação de cristas susceptíveis à presença ou maior severidade de doença
epiteliais periodontal? Não se sabe, mas a partir da desconfiança de
- Primeiros sinais clínicos de inflamação: outros fatores além do acúmulo do biofilme começou-se a
sangramento à sondagem pesquisar os fatores etiológicos secundários.
Extensão:
Localizada - < 30% dos dentes
As doenças e condições periimplantares se subdividem Generalizada >/ 30% dos dentes
em 4 grupos:
Severidade:
Leve - mudanças discretas de cor e textura
Moderada - área com eritema, edema,
Saúde periodontal, doenças e condições gengivais aumento gengival e sangramento à sondagem
Severa - severo eritema e edema e
1. Saúde periodontal e saúde gengival sangramento ao toque
a) Gengivite necrosante
Características clínicas principais:
- Necrose e úlcera na papila
- Sangramento gengival
- Pseudomembrana
- Halitose
- Dor
b) Periodontite necrosante
Características iguais a gengivite necrosante +
destruição óssea e perda de inserção, sequestro ósseo
b) Estomatite necrosante
Características clínicas principais
- Necrose e úlcera na papila
- Sangramento gengival
- Pseudomembrana
- Halitose
- Dor
Sinais clínicos
➔ Inflamação gengival (alteração de cor e textura) -
normalmente se apresenta mais avermelhada e
friável, não tão firme e brilhante como a gengiva
saudável
➔ Sangramento à sondagem – pode ser provocado
pela sondagem em exame clínico, mas é muito
comum o paciente relatar sangramento também
durante a escovação, fio dental, alimentação ou
espontâneo
➔ Aumento na profundidade de sondagem (>3mm)
➔ Perda de inserção clínica (>3mm)
Sinais clínicos variáveis (não estão presentes em todos São 4 estágios, que se baseiam na gravidade da doença
os pacientes) e na complexidade de tratamento necessário.
➔ Hiperplasia gengival
Estágio I: o indivíduo teve uma perda de inserção
➔ Recessão gengival
pequena, a perda de inserção no sítio interdental mais
➔ Lesão de furca
grave varia de 1 a 2mm. É possível observar
➔ Mobilidade dentária - normalmente em casos mais
graves da doença radiograficamente uma reabsorção óssea de no máximo
➔ Migração patológica - quando os dentes mudam 15% do comprimento da raiz e o indivíduo não vai ter
de posição em decorrência da perda de inserção história de perda dental por causa da periodontite. A
profundidade de sondagem na maioria dos casos é
Pode estar associada ou ser modificada por fatores menor ou igual a 4mm, ou seja, bolsas rasas e defeitos
sistêmicos ósseos considerados como horizontais.
● Diabetes
● HIV Estágio II: o indivíduo teve uma perda de inserção
pequena, a perda de inserção no sítio interdental mais
Pode estar associada ou ser modificada por fatores grave varia de 3 a 4 mm. A reabsorção óssea não vai
ambientais exercer 33% ou seja aproximadamente 1/3 da raiz e o
● Tabagismo indivíduo não vai ter história de perda dental por causa da
● Estresse
periodontite. A profundidade de sondagem também é
Para o paciente ser diagnosticado como portador de rasa, de no máximo 5mm e também a reabsorção
periodontite ele precisa ter: costuma ter um padrão horizontal.
Há uma terceira classificação para os pacientes O profissional deve se basear mais nos achados clínicos
que têm um perfil de perda óssea ou perda de do que nos exames laboratoriais, avaliando a história,
inserção clínica que se localiza principalmente exames anteriores e os exames radiográficos.
nos dentes incisivos e molares:
Toda vez que um paciente tem um NIC >3 em dois ou
● Perfil incisivo/molar: apenas incisivos e mais dentes interproximais mas não adjacentes ou
primeiros molares quando o indivíduo tem, mesmo que não em sítios
interproximais, NIC ≥ 2 e bolsas periodontais
Grau: com que facilidade o indivíduo terá uma (profundidade de sondagem >3mm) a gente identifica
progressão rápida da doença, muito lentamente ou uma como portador de periodontite, mas não é suficiente para
progressão bastante rápida? definir a complexidade do tratamento e a necessidade de
retorno. Por isso, sub classificamos em estágios 1,2,3 e
4, definimos a extensão que pode ser localizada,
generalizada ou com perfil incisivo molar e ainda sub
classificamos de acordo com o grau A, B e C.
Casos:
Neoplasias Pré-malignas: leuco e eritroplasia Malignas: carcinoma de células escamosas, leucemia, linfoma.
Doenças endócrinas, Deficiência vitamínica C: o sangramento não some com o controle do biofilme.
nutricionais e
metabólicas
Lesões traumáticas Injúrias físicas: queratose Injúrias químicas (tóxicas): Injúrias térmicas: queimadura da
friccional, úlceras gengivais adesivos, clorexidina, peróxido mucosa
induzidas por escovação. de hidrogênio, ácido
acetilsalicílico.
Pigmentação gengival Melanoplasia Melanose do Induzida por drogas Tatuagem por amálgama
fumante (antimalária, minociclina)
Olímpio Costa 2020.2
Periodontite
Sinais clínicos Inflamação gengival, sangramento à sondagem ou espontâneo, profundidade de sondagem > 3mm, perda do NIC.
Sinais clínicos Hiperplasia gengival, recessão gengival, lesão de furca, mobilidade dentária, migração patológica.
variáveis
• NIC interdental > 3mm é detectável em 2 ou mais dentes não adjacentes
Diagnóstico • NIC > ou = a 3mm com bolsa periodontal > 3mm é detectável em 2 ou mais dentes, mesmo que não
estejam na região interproximal
NÃO é diagnóstico de periodontite quando: existe recessão gengival de origem traumática, cáries que se
estendem à cervical do dente, NIC >3mm na distal do 2ºmolar após exodontia do 3º ou má posição, lesões
endodônticas associadas ao periodonto marginal, fraturas radiculares verticais.
CLASSIFICAÇÃO: Estágio 1: Perda de Estágio 2: Perda de Estágio 3: Perda de Estágio 4: Perda de
inserção no sítio inserção no sítio inserção no sítio inserção no sítio
ESTÁGIOS interdental mais grave (1- interdental mais grave (3- interdental mais grave ( > interdental mais grave ( >
2mm). Radiograficamente: 4mm). Radiograficamente: ou = a 5mm). ou = a 5mm).
perda óssea terço perda óssea terço Radiograficamente: perda Radiograficamente: perda
coronário da raiz (<15%), coronário da raiz (15-33%), óssea até terço médio ou óssea até terço médio ou
maioria dos defeitos são maioria dos defeitos são apical da raiz, perda óssea apical da raiz, perda óssea
horizontais, PS < ou = a horizontais, PS < ou = a vertical > ou = a 3mm . vertical > ou = a 3mm.
4mm. Tratamento por 5mm. Tratamento por Defeito de furca classe 2 Defeito de furca classe 2
terapia periodontal não- terapia periodontal não- ou 3, defeito de rebordo ou 3, defeito de rebordo
cirúrgica; não tem perda cirúrgica; não tem perda moderado. PS > ou = a severo. PS > ou = a 6mm.
dental. dental. 6mm. Perda dental < ou = a Perda dental > ou = a 5
4 dentes. dentes.
CLASSIFICAÇÃO:
Localizada (<30% dos dentes tem Generalizada (> ou = a 30% dos Perfil incisivo-molar: apenas
EXTENSÃO perda de inserção) dentes tem perda de inserção) incisivos e primeiros molares
Grau A – Progressão lenta Grau B – Progressão moderada Grau C – Progressão rápida
CLASSIFICAÇÃO: • Critério primário: • Critério primário: • Critério primário:
✓ E. direta - Perda de inserção < ✓ E. direta - Perda de inserção >
PROGRESSÃO ✓ Evidência direta – sem perda de 2mm em 5 anos; ou = a 2mm em 5 anos;
inserção;
✓ Evidência indireta: % de perda ✓ E. indireta: % de perda óssea / ✓ E. indireta: % de perda óssea /
óssea / idade é < 0,25; fenótipo é idade entre 0,25 e 1,0; idade entre > ou = a 1,0;
de muito biofilme e pouca Destruição compatível com Destruição excessiva;
destruição; biofilme;
• Geralmente não tem fatores de • Fumante < 10 cigarros/dia; • Fumante = ou > 10 cigarros/dia;
risco; • HbA1c < 7% em diabéticos • HbA1c = ou > 7% em diabéticos
• CRP < 1mg/L • CRP 1 a 3mg/L. • CRP > 3mg/L.
Classificação:
Paciente com periodontite: exacerbação aguda em pacientes com DP não tratada, periodontite não é
responsiva à terapia, é necessário o tratamento periodontal de suporte (TPS).
✓ Após o tratamento (terapia não cirúrgica, cirúrgica e antibioticoterapia): surge selamento da bolsa
por conta da fragmentação do cálculo.
Paciente sem periodontite: surge a partir de impacção alimentar, hábitos deletérios, fatores ortodônticos,
aumento gengival, alteração na superfície radicular.
✓ Alterações na superfície radicular: alterações anatômicas severas (dens in dente), pérolas de
esmalte, iatrogenias (perfurações), dano severo à raiz (fratura ou fissura), reabsorção radicular
externa.
Classificação:
Com dano radicular: condições que levam ao dano radicular e por consequência a lesões endo-perio –
fratura radicular, perfuração e reabsorção radicular.
Sem dano radicular:
✓ Pacientes com periodontite:
▪ Grau 1 – bolsa periodontal estreita e profunda em 1 lado da superfície radicular;
▪ Grau 2 – bolsa periodontal larga e profunda em 1 lado da superfície radicular;
▪ Grau 3 – bolsa periodontal larga e profunda em mais de 1 superfície radicular.
EXAME CLÍNICO
Anamnese: Entrevista para coletar o maior número de informações sobre o paciente que possam estar relacionadas com a
doença.
Dados pessoais
Queixa principal: Que motivos o levaram a consulta odontológica. Para periodontia, as queixas mais comuns relatadas
pelos pacientes são Sangramento; Migração dental e abertura de espaços entre os dentes (costuma acontecer pela
perda de inserção); Exposição radicular/recessão gengival; Inchaço ou edemas (referentes a bolsas periodontais)
História médica: Essas informações são importantes porque existem doenças, hábitos, ou mesmo fatores ambientais
que podem estar associados a uma maior progressão das doenças periodontais. Dessa forma, isso deve ser identificado
para avaliarmos o risco do paciente em relação à existência da DP, a velocidade de progressão e as expectativas em
relação a resposta do tratamento periodontal.
História dental: Importante ter conhecimento sobre condições bucais e doenças prévias, se já houve algum tratamento
para essas condições, qual resultado foi obtido (sucesso ou não). Com relação à periodontite propriamente dita é
interessante obtermos histórico familiar sobre a condição, pois isso também nos ajuda no diagnóstico e plano de
tratamento.
Obs!! Obter o máximo de informações possíveis sobre a queixa principal, como por exemplo, a duração da história que foi
relatada, presença de trauma ou gatilho para aquele sintoma, entre outras informações.
HÁBITO DE FUMAR
Fumantes têm de 2 a 7 vezes mais chances de desenvolver doença periodontal do que não fumantes. Aqui a relação é dose-
dependente, indivíduos que fumam mais cigarro possuem maior risco de desenvolver a periodontite e de que ela progrida de
maneira mais rápida. A constrição dos vasos sanguíneos periféricos do tecido gengival gera implicações inflamatória e
possivelmente imunológicas e diminuem a oxigenação e nutrição individual, provocando menor renovação tecidual. Atenção, os
fumantes apresentam redução dos sinais clínicos de inflamação.
PACIENTES HIV
Pacientes HIV positivo com sistema imune comprometido, segundo estudos, apresentam maior propensão à infecção.
Obs!! Pacientes hipertensos e diabéticos não controlados podem ter alguma limitação com relação a quantidade e tipo de
anestésico a ser utilizado, além disso, pode haver interação medicamentosa caso o paciente já use algum medicamento para a
doença sistêmica.
Juliana Guerra 2021
EXAME FISICO
Exame extra bucal: Busca por sinais que podem indicar alguma condição com influência no periodonto. Ex: manchas na
pele em diabéticos; sinais de síndromes que influenciem o periodonto.
Exame intra-oral: Busca primeiramente por alterações em mucosa e tecidos mole (lábios, língua, assoalho bucal,
bochechas, palato duro e mole, e a gengiva do paciente) por meio de avaliação visual e palpação. Após esse exame dos
tecidos moles observa-se a superfície dentaria, se há presença de caries, restaurações, reabilitação protética, e quais
suas situações, oclusão do paciente, presença ou não de raízes periodontais e abcessos.
Exame periodontal: Se inicia pelo exame visual, buscando por alterações inflamatórias (mudança de cor –
vermelhidão/eritema; perda do contorno normal – edema; condição do tecido – fibroso e firme ou friável e brilhante).
Após isso é conduzido um exame periodontal detalhado, no qual se utiliza as sondas periodontais.
Função:
Auxilia na detecção de biofilme dental – indicando o percentual de placa presente na superfície dos dentes (índice de
placa);
Auxilia na identificação do estado inflamatório do tecido gengival – índice gengival e sangramento à sondagem
Presença ou não de bolsa e sua profundidade;
No diagnóstico de perda de inserção
Presença de lesão de furca
ÍNDICE DE PLACA
No exame periodontal, o primeiro passo é identificar a qualidade do controle de biofilme dental feito pelo paciente. Na clínica é
feito o preenchimento de um diagrama que vai dizer quantos % das faces dos dentes tem presença de placa e não conseguem
ser higienizados corretamente. Esse exame pode ser feito com o auxilio de corantes (necessita de profilaxia posteriormente) ou
com o deslizamento das sondas sobre a superfície dentária (com presença do biofilme).
Vamos identificar se existe biofilme em quatro superfícies de cada dente presente na cavidade bucal, a mesial, distal, vestibular
e palatina/lingual. A sonda deve ser deslizada na face de um dente, e se ela sair suja, com presença de biofilme, vai pintar, no
diagrama, a área correspondente a aquela face daquele dente. Após o fim do exame será feito um cálculo: soma de todos as
faces dos dentes que apresentaram biofilme dental x 100 / valor total de faces/superfícies de dentes que possuem na cavidade
bucal desse paciente. Esse valor percentual corresponde a porcentagem dos dentes que apresentam biofilme.
O valor aceitável de índice de placa de até 30%. Acima disso já é considerado que a qualidade de higiene bucal do paciente é
insatisfatória.
Obs!! Sempre é feita a orientação de higiene bucal ao paciente, mesmo que ele apresente baixo índice de placa.
Disto-vestibular
Centro da vestibular
Mesio-vestibular
Disto-palatina/lingual
Centro da lingual/palatina
Juliana Guerra 2021
Mesio-palatina/lingual
O cálculo para o índice de sangramento será feito da mesma forma que o cálculo para o índice de biofilme. Quantidade de
pontos marcados x 100 / valor total de pontos que existem na boca. O valor aceitável para condição de saúde periodontal é de
até 30%.
Para que o paciente seja classificado como portador de periodontite ele precisa ter, além da presença do sangramento, o nível
de inserção >3 mm em sítios interproximais ou faces livres com profundidade de sondagem >3 mm de dentes não adjacentes.
PROFUNDIDADE DE SONDAGEM
A ausência de sangramento e a profundidade de sondagem de até 3mm indica estabilidade periodontal. Ao exame radiográfico,
a condição de saúde periodontal apresenta a distancia da crista óssea alveolar a JCE de até 2mm, mostrando que não houve
reabsorção óssea naquela região.
Obs!! A sondagem sozinha não é capaz de definir se houve reabsorção óssea, pois algumas vezes
pode ser o caso de pseudobolsas. Nesses casos é observados sangramento e profundidade de
sondagem >3 mm. Porém é visto um crescimento gengival/edema com a ponta da papila atingindo
quase a metade da coroa do dente. Nesse caso a profundidade de sondagem fica aumentada pela
falsa bolsa.
RECESSÃO GENGIVAL
O próximo passo do exame periodontal consiste na identificação da altura das recessões
gengivais, caso elas existam. A recessão consiste na migração da margem gengival
apicalmente, que é a medida da distância da junção cemento-esmalte à margem gengival. É
medida com a sonda Carolina do Norte ou Willians.
Quando não há recessão gengival o valor do NIC é muito parecido com o valor da profundidade de sondagem, se não
houver edema.
Quando há recessão gengival o valor do NIC é medido pela soma da recessão gengival com o valor de profundidade de
sondagem.
Obs!! Utiliza-se a sensibilidade tátil com a sonda para identificar a JCE em casos de não recessão. Normalmente a distancia da
margem gengival a JCE, em casos de saúde periodontal costuma ser de 0,5 a 1mm.
Juliana Guerra 2021
Obs!! Apenas o NIC não nos diz sobre a saúde periodontal do paciente. Pode haver situações nas quais os valores do NIC são os
mesmos, mas a condição de saúde é diferente.
Obs!! Esse teste nunca deve ser realizado com os dedos, utiliza-se o cabo de dois instrumentais.
EXAME RADIOGRÁFICO
Uma vez identificada a presença de bolsas periodontais e de NIC> 3 mm, é necessária a solicitação de exames de imagem para
complementar. As mais indicadas são as radiografias periapicais. Elas nos fornecem informações sobre:
Perda de inserção;
Presença de lesões de furca e defeitos ósseos verticais;
Presença de lesões endodônticas;
Presença de sinais de sobrecarga/trauma oclusal (aumento do espaço do ligamento periodontal).
EXAMES LABORATORIAIS
São solicitados em casos de suspeita de alguma doença sistêmica não diagnosticada e de maneira rotineira para avaliação pré-
operatória (Hemograma completo, coagulograma, glicose em jejum).
PLANO DE TRATAMENTO
Nenhuma bolsa > 5mm de estar presente parar considerar um indivíduo com saúde periodontal;
Ausência de lesões de bifurcação classe III;
Ausência de dor;
Satisfação do paciente (ocasionalmente o tratamento periodontal pode resultar em recessão gengival e perda do
contorno da papila, devendo ser avisado ao paciente esse risco).
Obs!! Quando não se consegue reduzir a bolsa periodontal a <5mm é necessário que o paciente retorne em intervalos menores
para a terapia de suporte.
O plano de tratamento periodontal consiste na terapia inicial e na terapia básica, que fazem parte da Terapia Não Cirúrgica.
TERAPIA INICIAL
Consiste em:
Oferecer ao paciente informações sobre a doença;
Orientações sobre o autocontrole de placa;
Raspagem supragengival (remoção do calculo supragengival);
Remoção de fatores de retenção de placa (Coroas e restaurações mal-adaptadas, Cárie, Lesões endodônticas,
Exodontias...)
A necessidade de outros tratamentos que irão permitir um melhor controle de placa para o paciente é fundamental nesse
primeiro momento, pois, se for pulado para a raspagem subgengival ou para o tratamento cirúrgico, por exemplo, sem fazer a
remoção desses fatores, provavelmente não se terá um tratamento eficiente, já que o fator etiológico primário da doença
periodontal (acumulo de biofilme) não vai ser controlado de maneira adequada a médio e longo prazo.
TERAPIA BÁSICA
Consiste em:
Raspagem radicular: remoção de placa e cálculo da superfície radicular.
Alisamento radicular: técnica de instrumentação pela qual o cemento amolecido é removido e a superfície radicular fica
lisa e dura. Hoje se baseia na filosofia mais conservadora, sem uma raspagem tão rigorosa.
DEBRIDAMENTO: remoção de placa e/ou cálculo da superfície radicular sem remoção intencional da estrutura dental.
TERAPIA CIRÚRGICA
Após 30 a 45 dias da terapia não cirúrgica o paciente é reavaliado, e, se houver necessidade, a terapia periodontal cirúrgica é
recomendada (normalmente em casos de periodontite grau III e IV).
Cirurgias conservadoras: envolvem muito pouco a Retalho de Friedman
remoção/alteração da forma do osso alveolar Cirurgias reconstrutivas: correção de defeitos
Retalho de Kirkland como lesões de furca e defeitos verticais.
Retalho de Widman modificado Cirurgias regenerativas
Retalho de takei Substitutos ósseos
Cirurgias ressectivas: oferecem nova morfologia Regeneração tecidual
para o osso Cirurgias mucogengivais
Gegivectomia Recobrimento radicular
Retalho de Widman Defeitos de rebordo
Retalho de Neumann Perda de papila
O plano de tratamento de um paciente com periodontite sempre vai incluir o acompanhamento após a terapia ativa. Ela tem o
objetivo de impedir a recorrência da periodontite.