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Luana Amaro – 2014.

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Odontologia UERJ
Periodontia I – Bloco 02

CONTROLE MECÂNICO DA PLACA


Aula 09
Placa Bacteriana  fator primário da gengivite
Agregado bacteriano que se forma nas superfícies dentais ou outras estruturas bucais sólidas; trata-se de
complexos bacterianos envoltos por uma matriz de polissacarídeos extracelulares que confere uma resistência tanto
a fagocitose quanto aos agentes antimicrobianos.

O controle da doença passa pelo controlo do fator etiológico e pela motivação do paciente
 IHO
 Evidenciação de placa
 Técnicas de higiene bucal
Mas isso exige uma mudança de comportamento, o que é algo difícil.

TÉCNICA DA CONSULTA MOTIVACIONAL


Técnica criada para atingir alcoólatras, mas que foi modificada para a odontologia.
Ela está conectada a algum valor do indivíduo. Os indivíduos possuem suas próprias razões para ter mudança.
Portanto se ele quer ter saúde, ele tem que mudar. A motivação deve vir de dentro do paciente.

PRINCÍPIOS-CHAVE DA CONSULTA MOTIVACIONAL


1) Profissional deve expressar simpatia pela mudança do Além dos princípios
comportamento do paciente - Fazer perguntas abertas na anamnese
2) Desenvolver a discrepância entre o comportamento atual e o ideal (não dicotômicas)
do paciente Errado: Você passa fio dental todo dia?
Sim ou não
a. Mostrar como deveria ser seu comportamento para ser
Certo: Quando é que você passa fio dental?
coerente com seus objetivos e valores
3) Trabalhar a resistência do paciente quanto a argumentos contra - Elogiar a melhora do paciente
mudanças (motivação ativa, não passiva)
a. Exemplo: quando o paciente diz que “escova 10x ao dia e - Refletir sobre o que o paciente fala
não adianta”; - No final, concluir e sumarizar
i. Ele não está fazendo de maneira eficiente. Qual a doença, melhoras, falhas e pontos a melhorar

4) Apoiar a auto eficácia


- Correlacionar doença e fator etiológico
a. Apoio a confiança do paciente em suas próprias Explicar o que ele tem
atribuições para fazer a diferença Como a doença se desenvolve
b. Ex: chegou com 95% de índice de placa na primeira Qual o comprometimento que ela tem
Como ele deve se controlar e tratar
consulta.
i. Na seguinte chegou com 60%, o que ainda não é - Trabalhar a resistência de cada
bom. Porém ele melhorou 30%. paciente
ii. Mostrar as áreas onde ele melhorou e mostrar as - Esclarecer duvidas
outras regiões que ele precisa melhorar mais para - Conversar com o paciente sentado,
conseguir o mesmo efeito. olho no olho
iii. Demonstrar a técnica para que ele faça isso. - Dividir responsabilidade com paciente
c. Elogiar antes e depois mostrar onde está defeituoso.

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Periodontia I – Bloco 02

SEQUÊNCIA CLÍNICA
Começa mostrando a arcada dentária em um modelo, para o paciente conhecer as regiões e os dentes.
1) Explicação do caso
a. Mostrar ao paciente os problemas da sua escovação
2) Evidenciação de placa
3) Pedir a ele que escove o dente
a. Observar técnica, força, tipo de escova
4) Corrigir ou ensinar uma nova técnica
5) Pedir que ele reproduza o que acabou de aprender
6) Observar limitações
a. Físicas e psicológicas
b. Podem ser temporárias ou definitivas

 Escova dura ou média  não flexibilidade das cerdas, alcança apenas as áreas mais convexas dos dentes, não
penetrando nas mais profundas, provocando trauma. Se tiver força na escovação, uma escovação horizontal,
promove desgaste.

CONTROLE MECÂNICO
LIMPEZA INTERDENTÁRIA + ESCOVAÇÃO
Limpeza Interdentária
 Fio dental
o Atrito contra a superfície dentaria na proximal, colocando entre os dentes, envolvendo a superfície e ir
até embaixo da área gengival (sulco gengival) sem forçar. Seguir sequência.
o O fio ideal não existe. O que importa é que desagregue a placa.
 Palito
o Deve ser usado somente em locais onde houver retração da papila, pois há muita chance de
traumatismo da gengiva.
o De madeira, triangular e flexível
o Usado no sentido VL
o Não é usado para controlar placa, mas para retirar alimentos
 Escova interdental
o Locais com retração da papila, no espaço interdentário.
o As cerdas devem atingir as duas superfícies dentárias (dos dentes adjacentes)
 Nunca o arame! Se o arame atritar com a superfície, irá desgastar! Apenas as cerdas devem
atingir!
o Não entra no sulco gengival

 Nem palito nem escova interdental substituem o fio, pois não penetram no sulco
 Escovas com tufos altos traumatizam a gengiva em casos de escovação com força
 A gengiva não precisa ser escovada, pois descama naturalmente
 Escovas macias ou extra-macias devem ser usadas para ter flexibilidade para atingir áreas mais profundas e não
traumatizar a gengiva
 Escova deve ter cabeça pequena para atingir todas as regiões da arcada, principalmente em arcadas pequenas
 Escova deve ser trocada sempre que as cerdas começarem a abrir
 Cerdas de diferentes alturas  fazem diferentes preções na gengiva (não é bom), artificio para vender.
 Borrachas na escova  para massagear a gengiva, o que não é necessário. Trata-se de um artificio para vender
mais.
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 Temos cerdas arredondadas e afiladas.


o As arredondadas reduzem a abrasão
o As cerdas afiladas possuem maior flexibilidade, mas guardam por mais tempo dentifrício e quem causa
o desgaste da superfície dentária é o abrasivo da pasta denta.  Aumenta potencial de abrasividade da
pasta dental.
 Tempo de escovação é muito importante
 Paciente deve escovar diante do espelho

TÉCNICAS
Aquela que permite maior remoção de placa no menor tempo possível sem causar danos aos tecidos.
Se o paciente remove placa corretamente sem nenhuma técnica, mas que não causa traumatismo, não é necessário
trocar a técnica.
1) Horizontal
a. Traumatiza
b. Usamos apenas para escovar superfícies oclusais
2) Vertical
a. Traumatiza
3) Circular
a. Movimento circular amplo
b. Se forçar, traumatiza a gengiva
4) Varredura
a. Simples e não muito traumático
b. Escova colocada em ângulo de 45° na margem gengival com cerdas voltadas para gengiva, fazendo
rotação no sentido oclusal ou incisal, deve ser feito 10x em cada grupo de dentes.
5) Bass ou sulcular
a. Mais indicada para pacientes com doença periodontal, atinge região do sulco gengival.
b. Mais difícil de ser executada
c. Escovava colocada em 45° com cerdas voltadas para gengiva fazendo pequena vibração no sentido MD.
d. O perigo dessa técnica é começar a fazer no sentido horizontal, traumatizando a gengiva.
6) Bass modificada
a. Além da vibração, é feita uma rotação como na varredura
7) Charters
a. Paciente já com recessão da papila, penetração parcial na interproximal
b. Ângulo de 45° voltada para coroa, em direção oclusal, descer vibrando até incisal
8) Rotacional
a. Rotacional, movimento menor que o circular
9) Stilman ou vibratória
a. Começa escovando gengiva e dente
b. Pode causar trauma na gengiva e retração

ESCOVAS
 Escova elétrica
o Usadas em pacientes com deficiência manual ou que exercem muita força
o Como motivação
o Algumas apresentaram vantagem sob a manual na remoção da placa
 Escova Uni-tufo
o Indicadas para regiões de furca, cervical de dentes e áreas de difícil acesso.

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 Escovas Special Care


o Após cirurgia periodontal (muito macia)


 Fio Super Floss
o Com ponta encerada, uma área mais espessa e depois o fio normal
o Regiões com dificuldades em passar fio (próteses fixas)
o Dentes unidos ou esplintados
 Limpador de língua
o Região posterior e traciona para remover saburra
 Dedeiras ou gaze
o Grandes áreas desdentadas

 Em relação à doença periodontal, a saúde está mais relacionada a QUALIDADE da remoção da placa do que a
FREQUÊNCIA.
o Se dedicar a escovação 1 vez ao dia
 Pessoas que escovam demais são propicias há retração gengival
 Importante que a gente passe a técnica mais simples promovendo uma motivação ao paciente para que ele
consiga controlar o fator etiológico e consiga entender o papel dele nesse processo para que tenha saúde.

CONCLUSÃO
Gengivite e periodontite são doentes prevalentes e a prevenção da ocorrência ou recorrência depende do controle
de placa (fator etiológico local).
A IHO deve ser adequada para cada paciente individualmente com base em suas necessidades pessoais e outros
fatores.
A limpeza dos dentes é altamente influenciada pela eficiência e destreza do indivíduo e pouco influenciada pelo
desenho dos instrumentos e aparelhos de higiene oral.
O paciente deve estar envolvido nesse processo de instrução.
O conceito de controle químico da placa pode ser justificado como forma de superar as inadequações da limpeza
mecânica dos dentes.

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