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Diferente dos adultos, quando vamos fazer a seleção de alguns materiais, temos alguns
complicadores para a tomada de decisão, como:
Comportamento da criança
Em crianças pacientes, com comportamento tranquilo, que ouve o que fazemos, podemos usar
técnicas de maior complexidade, com maior tempo de cadeira. Temos que transformar
pacientes que choram em pacientes colaboradores, para que ouçam e se comuniquem com o
dentista. Existem alguns pacientes, com síndromes ou problemas sistêmicos, que não
conseguem controlar seu comportamento, posicionamento de língua.
Quanto à idade da criança: quanto mais jovem mais difícil é o comportamento da criança.
Nunca tirar a criança do colo da mãe, o desapego físico deve ser feito pelo próprio responsável
e nunca pelo dentista. Nessa situação devemos pensar em materiais que mesmo não sendo os
mais adequados, como a resina composta, devemos pensar em alternativas que ajude tanto
com a questão estética quanto no comportamento da criança.
Conforme a criança vai crescendo, seu comportamento tende a melhorar, de acordo com o
encorajamento do profissional e forma de tratá-lo, isso porque, entende e se comunica melhor
com o profissional.
Algumas condições são específicas, como restauração de dentes anteriores. É indicado resina
composta e não CIV, pois este não possui boas propriedades mecânicas e nem boa estética.
Por ser uma criança pequena, com tempo curto de cadeira, porém colaborativa, podemos
realizar restaurações definitivas com resina composta. Temos que fazer o melhor que
podemos, dentro da situação.
Temos outras ferramentas que podemos lançar mão quando a criança é pequena e não tem
bom tempo de cadeira, como, restaurações diretas, semi-diretas, indiretas. Ambas as técnicas
irão devolver forma e função ao paciente, que é o nosso real objetivo.
Em pacientes que não possuem bom comportamento, tempo de cadeira muito curto, optamos
por não fazer nada quando não temos condição clínica de fazer uma boa restauração, apenas
sepultamos essas raízes, mantendo-as como guia de erupção de dentes permanentes. Outra
opção é se com o passar do tempo, o paciente melhorar seu comportamento, podemos tratá-
lo em duas fases: na primeira fazer a obturação dos condutos radiculares e CIV, e em uma
segunda fase, fazemos a reabilitação estética.
Caso 1: Criança sofreu trauma no elemento 51, com uma pequena fratura de esmalte. Nesse
caso, o material de escolha deve ser a resina composta, mesmo que o paciente não seja
colaborativo, pois deve ser de cunho definitivo. Nesse caso, poderia ser colocado o CIV
modificado por resina, mas a resina composta seria mais bem vinda.
Caso 2: Criança com várias lesões cavitadas de cárie com manchas brancas. Por ser maior em
extensão do que profundidade, com manchas brancas ativas seria indicado o CIV, pois seu
conjunto de propriedades nessa situação é mais indicado que a resina composta. O CIV
promove bioatividade, ação antimicrobiana, efeito remineralizador. A estética não é o que a
criança está precisando no momento, e por serem cavidades pequenas, conseguimos ter uma
boa estética.
Caso 3: Caso esse paciente, do caso 2, fosse um respirador bucal. O CIV sofre sinérese e
embebição, por isso, ocorreria o ressecamento do CIV (sofreria sinérese). Nesse caso
deveríamos usar o CIV modificado por resina (ainda sofre sinérese, porém menos), ou até
mesmo resina composta em último caso.
Caso 4: Paciente com lesões de cárie proximal, com cavidades de classe II, sem margem
cervical em esmalte, mas sim em dentina (está subgengival). Nesses casos podem ser usados
CIV modificado por resina, resina composta (porém tomar cuidado, usar sistema adesivo de
passos separados). Vamos supor que no dente vizinho tenha uma lesão de mancha branca
ativa, sem cavitação, na superfície do segundo molar decíduo, nesse caso o melhor material
seria o CIV, pois libera íons para remineralizar o dente adjacente à restauração. Caso optemos
por resina composta, devemos fazer uma aplicação de flúor na interface para remineralizar a
lesão.
Caso 5: Lesão de cárie grande no segundo molar decíduo, sem dor espontânea. O grau de
rizólise do dente decíduo e o estágio de formação do sucessor permanente devem ser levados
em consideração. Nessa situação o mais indicado é fazer uma escavação, removendo tecido
cariado de forma seletiva, colocando ionômero de vidro químico, antes de fazer a extração
desse dente, deixando que esfolie espontaneamente.
Caso 6: criança jovem, 2º molar decíduo com cárie e extensa destruição coronária. Deve ser
mantido até a erupção do 1º molar permanente ocorrer, para que não tenha perda de espaço
referente ao 2º molar decíduo. O CIV não seria indicado, mas é o mais adequado pensando na
erupção do 1º molar permanente.
Estágios de Nolla
Para ver se vale a pena restaurar um dente decíduo e mantê-lo na cavidade bucal é preciso
saber quanto tempo esse ainda ficará lá. A idade de irrupção pode variar de acordo com a
localização, temperatura, sexo.
● Formação completa da raiz dentária: dentes decíduos 1 ano após irrupção, dentes
permanentes 3 anos após irrupção.
● Início de rizólise em dentes decíduos: 3 a 4 anos antes da irrupção do sucessor
permanente.
Exemplo: ao atendermos uma paciente de 3 anos, com os dentes totalmente destruídos,
devemos tirar uma radiografia e verificar a formação das raízes: raízes completas, e os
sucessores no estágio 5 de nolla. A idade cronológica bate com o desenvolvimento dentário,
logo, se ela tem 3 anos, e o tempo de função na cavidade bucal será de 4 – 5 anos, devemos
manter o dente na cavidade bucal. Por ter um bom comportamento podemos fazer um
procedimento semi direto. Devemos levar em consideração a relação custo/benefício, e
expectativa do responsável.
Devemos sempre escolher o material mais indicado para a situação clínica apresentada pela
criança.
Indicações
● Proporção pó-líquido
● Aglutinação
● Inserção na cavidade: mais difícil pois é pegajoso. A seringa centrix é um bom auxiliar
para inserção na cavidade.
● Proteção de superfície: para não sofrer sinérese e embebição, que causa as perdas das
propriedades mecânicas.
● Exemplos de materiais: CIV convencional de alta viscosidade da 3M, RIVA (vem em
cápsulas pré dosadas).
Outras propriedades:
● Estética: em ordem crescente de estética temos cimento de ionômero de vidro,
cimento de ionômero de vidro modificado por resina, resina composta.
● Bioatividade: resina composta tem menos, enquanto o CIV convencional e modificado
por resina não apresenta diferenças significativas.
● Biocompatibilidade: resina composta tem menos, enquanto o CIV convencional e
modificado por resina não apresenta diferenças significativas.
● Resistência à união: em ordem crescente temos cimento de ionômero de vidro,
cimento de ionômero de vidro modificado por resina, resina composta.
● Sensibilidade técnica: em ordem crescente temos cimento de ionômero de vidro,
cimento de ionômero de vidro modificado por resina, resina composta.
● Longevidade: em ordem crescente temos cimento de ionômero de vidro (1 ano),
cimento de ionômero de vidro modificado por resina, resina composta (7-8 anos).