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Exame clínico

Racionalização do tratamento odontológico

O exame clínico em si é uma parte da racionalização do tratamento


odontológico. Primeiro é importante que façamos um diagnóstico para depois
estabelecermos um plano de tratamento concreto.
A organização do trabalho é importante para reduzirmos o tempo clínico.
O exame do paciente
Finalidade – coleta de dados:

● Elaborar diagnóstico

● Plano de tratamento

● Prognóstico

Leva ao sucesso ou insucesso do tratamento. A etapa de diagnóstico é de


extrema importância.
Um diagnóstico errado, nos leva a um tratamento errado levando ao insucesso
do tratamento.
Primeiro contato com a criança
É importante, não apenas por vínculo e confiança, mas também para irmos
traçando o perfil da criança. Como por exemplo aquela que vem de mãos
dadas conosco, provavelmente será mais colaboradora.
Exame clínico
Começa desde a entrada da criança na clínica.

● Geral

● Extrabucal

● Intrabucal
o Tecidos moles
o Tecidos mineralizados
o Oclusão

Exame clínico geral

● Observação inicial: sala de espera

● Estatura

● Peso

● Proporções corporais

● Postura

● Modo de andar

● Linguagem

● Comportamento

● Movimentos involuntários

● Aspecto da pele

É necessário verificarmos o peso e a altura da criança, não só perguntarmos à


mãe, principalmente para casos de dosagem de medicamentos e anestésicos.
O exame clínico geral dá o indicativo:

● Potencial problema de crescimento

● Distúrbios neuromusculares

● Problemas ortopédicos

● Desnutrição

Se suspeitar de problemas devemos:

● Exame adicional

● Interações com outros profissionais – com o pediatra, ou a fono da


criança.
● Cuidados específicos durante o tratamento.

Exame clínico geral


Devemos prestar atenção nas mãos da criança, sendo que elas são indicativas
se a criança está nervosa, pois as mãozinhas estarão geladas.
Unhas roídas é o indicativo de um hábito causado por ansiedade
Hábitos de chupar o dedo ou chupeta nos dá indicação de coisas que devemos
orientar os pais
Machucados devem nos deixar alerta se é algo de criança, ou se pode ser
indicativo de maus tratos. Faz parte do nosso papel, notificarmos se a criança
estiver sofrendo algum tipo de violência ou abuso. Qualquer suspeita na clínica
deve ser relatada ao professor, já na clínica, devemos averiguar as causas.
Avaliação do padrão de higiene

● Olhos

● Cabelos

● Mãos

● Região nasal

● Orelhas

Nos trás informações se temos ou não um cuidado geral e se não tiver um


cuidado geral, muito menos terá um cuidado bucal. Crianças com piolho não
devemos atender na clínica.
Se notarmos alguma alteração da normalidade do paciente, devemos buscar
saber a história clínica/ médica do paciente. E jamais devemos ignorar os
sinais que estamos percebendo.
É essencial que tomemos conhecimento do histórico do paciente para
podermos tratá-lo.
Não podemos ter vergonha de perguntar aos pais se a criança tem alguma
alteração.
Existem situações onde os pais não falam o diagnóstico de deficiência do filho
e assim precisamos analisar a situação.
O paciente do exemplo tinha a síndrome Artrogripose Múltipla Congênita. – a
síndrome causa problemas articulares e musculares.
Exame extrabucal

● Exame sistemático da região de cabeça e pescoço

75% das anomalias congênitas – manifestação na face

● Síndrome de Down;

● Osteogênese imperfeita;

● Fenda lábio – palatina;


● Disostose cleidocraniana.

Devemos observar:

● O tamanho, forma, simetria acentuadas e paralisia na cabeça.

● Presença de olheiras, estrabismo, alteração de coloração nos olhos


(pode ser indicativo problemas no fígado ou anemia).
● Anatomia (desvios, obstruções), padrão de respiração (teste do
espelho), colocamos o espelho entre o nariz e a boca e vemos onde
embaça.
● Distúrbios auditivos – se a criança tem aparelho auditivo

● Palpação do côndilo – palpação para saber se tem sintomatologia


dolorosa, pedir para o paciente abrir e fechar a boca para analisarmos
se tem desvio do disco.
● Lábios, comissura, coloração. Padrão de deglutição (espelho no lábio
inferior e pedindo para a criança deglutir água, deglutição normal, engole
sem força no lábio inferior, a criança que tem deglutição atípica, força o
lábio).
● Palpação da cadeia ganglionar.

Dependendo do problema sistêmico do paciente, conseguimos detectar de


forma mais precoce e isso ajuda no prognóstico dele.
Exame intrabucal

● Primeiro contato criança 🡪 apresentar instrumentos (falar – mostrar –


fazer)
● Sequência:
o Tecidos moles
o Tecidos mineralizados
o Oclusão
● Halitose:
o Infecções (endodônticas, garganta, estomatites, gengivais,
sinusites crônicas), doenças respiratórias, jejum prolongado e
problemas gastrointestinais.
O hálito cetônico pode indicar que a criança está a muito tempo sem comer.
Lábios
Observação e palpação bidigital – morfologia, textura, cor estrutura e umidade.
Mucosa jugal e alveolar
Procurar a presença de fístulas, inflamações gengivais, feridas, analisar se a
criança tem o hábito de ficar mordendo.
Língua
Repouso/movimento, forma, tamanho, ulcerações, crescimento tumorais,
pigmentações, papilas, higiene, tonalidade.
Quando pedimos para a criança colocar a língua para fora e ela fica em
formato de coração devemos analisar a presença de anquiloglossia (língua
presa).
Assoalho e ventre da língua
Observação e palpação bidigital, freio, cor.
Palato e orofaringe
Cor, textura, consistência, aderência da mucosa, rugosidades palatinas e
lesões. No caso das tonsilas palatinas, podemos ter a presença de Caseum,
que são cavidades que podem levar ao acúmulo de alimento e ao mau hálito.
Exame da região gengival
Cor, aspecto. Embora a doença periodontal não seja comum em criança,
também não é comum o uso de fio dental por elas, então devemos ficar de
olho.
Tecidos mineralizados
Não existe exame de tecido mineralizado sem que seja realizada uma boa
profilaxia previamente. Precisamos remover toda a placa para identificarmos se
tem ou não a presença de cárie. Em casos onde não conseguimos fazer a
profilaxia profissional no paciente, tentamos pelo menos fazer uma escovação.

● Quadrantes

● Cor, forma, tamanho, estrutura e quantidade

Quando estivermos usando a sonda devemos ter cuidado para não causar
cavidades.
Restaurações insatisfatórias
● Ponto de contato

● Falhas na margem

● Fraturas

● Cárie secundária

● Erosão

Atividade de cárie- Ativa

● Superfície irregular porosa

● Branco opaco

● Cervical

Atividade de cárie - Inativa

● Superfície lisa e brilhante

● Afastada cervical, no caso de dentes que tinham a lesão inicial no


começo quando estavam erupcionando e depois ficou inativa e o dente
parou de erupcionar.
Em casos de lesões ativas devemos propor atividades para intercorrer a lesão.
Em caso de atividades inativas é um retrato do que foi no passado mas não é
mais.
Exame da oclusão

● Assimetria facial

● Displasia cleido-craniana.

● Mordidas abertas

● Mordidas cruzadas

Plano de tratamento

● Necessidades e conveniências – se o paciente estiver em um quadro de


urgência, podemos deixar alguns tópicos da ficha para serem
preenchidos depois.
● Urgências – queixa principal; às vezes a urgência do paciente é sobre
um dente que ele precisa que seja restaurado para uma apresentação
escolar.
● Problema sistêmico: consultar o médico.

O plano de tratamento é dinâmico e pode ser alterado ao longo do ano.


Sequência de prioridades
Essa sequência é uma orientação, mas deve ser analisada para o caso de
cada paciente.
1. Eliminação de focos infecciosos
2. Procedimentos restauradores
3. Interceptação das más oclusões – geralmente deixamos quando
terminamos os tratamentos restauradores. Mas se tratar de uma
manutenção do espaço podemos alterar a ordem.
4. Manutenção preventiva
Nesse processo devemos já ir fazendo a instrução de higiene e
acompanharmos se o paciente está melhorando sua higiene, pois essas
medidas fazem parte do tratamento como um todo.
Eliminação de focos infecciosos – Condição para que o paciente modifique
seus hábitos.

● Exodontias

● Endodontias

● Adequação do meio bucal – fazer uma escavação rápida, colocando CIV


nas cavidades para ir realizando:
o Condicionamento psicológico
o Diminuição de microrganismos
● Aplicação tópica de F
o Remineralização de manchas brancas ativas.

Condições para que paciente modifique seus hábitos.


Procedimentos restauradores

● Considerar
o Idade criança 🡪 época de esfoliação do dente
o Grau de acometimento da cárie
o Condição do dente e do osso de suporte
o Necessidades funcionais / estéticas
o Risco de cárie

Manutenção preventiva

● Manter saúde conquistada e prevenir recidiva


o Motivação de higiene oral e dieta
o Profilaxia
o ATF, aplicação tópica de flúor (idade – risco/ atividade)
● Periodicidade do retorno 🡪 risco de cárie
o Baixo 6 meses
o Alto 3 meses
● Erupção dos molares permanentes

● Controle de trauma e terapias pulpares.

O sucesso do tratamento odontológico se dá por uma anamnese correta,


exame clínico completo e plano de tratamento adequado.

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