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TRABALHO DE DIREITO EMPRESARIAL III

CONTRATOS BANCÁRIOS E CARTÕES DE


CRÉDITO
1 - Introdução dos contratos bancários
1.1 - Depósito bancário
Operação bancária que consiste na entrega de determinada importância em dinheiro a um banco
por uma pessoa física ou jurídica, onde o banco se obrigará aguardar e restituir o dinheiro quando
for exigida no prazo e condições ajustadas.
Modalidades de depósito
- à vista: contrato que permite a livre movimentação pelo depositante
- depósito de pré-aviso: o levantamento exige prévia comunicação do banco
- prazo fixo: onde é a retirada do dinheiro se submetem a certos termos
1.2 - Mútuo o bancário
Contrato pelo qual banco empresta certa quantia de dinheiro ao cliente e esse obriga-se a pagar a
da quantia com os devidos acréscimos.
Importante: qualquer pessoa física ou jurídica que, não estando autorizada a operar atividade
bancária realiza contratos de intermediação de dinheiro em correm conduta ilícita.
essa atividade é privativa dos bancos autorizados por isso a participação de um banco é elemento
essencial na formação dos contratos.
As operações exclusivas dos bancos:
- passivas: são aquelas onde a captação de dinheiro correspondente as operações em que o banco
é devedor;
- ativas: estão relacionadas ao fornecimento de recursos monetários e correspondem às operações
onde o banco é credor
1.3 - Contratos bancários
Atividade bancária consiste na intermediação de recursos monetários
A captação de recursos onde há superávit e disponibiliza para onde adestra
Previsão jurídica
Artigo 192 da constituição federal e lei 4595/64
Contratos Bancários São aqueles que viabilizam a função em um intermediador do banco
Por tantos são os veículos jurídicos da atividade econômica de intermediação monetária

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2 - Garantias bancárias
Em muitas situações, antes de se conseguir um crédito é preciso comprovar que existem condições
de pagar a dívida. Essa garantia diminui o risco da operação, e é uma forma de criar proteção dos
interesses do credor, em caso de não pagamento do devedor. Essas garantias são chamadas pelo
Direito de garantias reais e podem ser de quatro tipos:
- Penhor: no penhor se entrega um objeto móvel para garantia da dívida ao credor. Em alguns casos,
o objeto é mantido na posse do devedor, mas um documento é emitido indicando a posse exclusiva
do credor. Caso a dívida não seja quitada no prazo previsto, o credor - instituição financeira - recebe
a posse definitiva.
O termo penhor é diferente de penhora. O primeiro é a garantia entregue e o segundo é o ato
judicial em que se apreende os bens do devedor do apreendidos até a dívida ser quitada.
- Hipoteca: na hipoteca, o credor tem um direito real sobre um bem imóvel (casas, residências,
apartamentos, terrenos, salas comerciais) Nessa modalidade, o devedor se mantém na posse do
bem, mas só readquire a propriedade definitiva após o pagamento integral da dívida. A quitação
parcial da dívida não garante a exoneração do bem hipotecado e a hipoteca só terá validade ser
estiver validada no Cartório de Registro de Bem e Imóveis.
- Alienação fiduciária: normalmente nos financiamentos de bens móveis é exigida a transferência
da propriedade de um bem móvel à instituição credora, apesar da posse ser mantida com o
devedor. A propriedade desse bem é devolvida automaticamente quando a dívida for paga
integralmente.
- Anticrese: apesar de ser um instituto pouco utilizado, o credor tem um direito limitado sobre um
bem do devedor. Durante a existência da dívida o credor usufrui do bem, ao final, abate do valor
da dívida. O credor não tem nem a posse nem a propriedade do bem, mas dos rendimentos dele.
Em qualquer um dos casos, a garantia é apenas uma obrigação acessória à principal, que é a dívida,
portanto, com o pagamento, os bens deverão ser devolvidos aos antigos devedores.

3 - Cartão de crédito - introdução, parte histórica e conceito


3.1 - Introdução / Conceito
O cartão de crédito é um meio que possibilita o pagamento à vista ou parcelado de produtos e
serviços, obedecidos requisitos pré-determinados, tais como, validade, abrangência, limite do cartão,

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etc. Foi criado com a finalidade de promover o mercado de consumo, facilitando as operações de
compra.
Em outras palavras...
O cartão de crédito pode ser usado como meio de pagamento para comprar um bem ou contratar
um serviço. O titular recebe mensalmente no endereço indicado a fatura para pagamento e pode
escolher pagar o total cobrado, somente o mínimo ou algum valor intermediário, postergando o
pagamento do restante para o mês seguinte mediante cobrança de juros.
Toda conta de cartão de crédito possui um limite de compras definido pelo banco emissor. As
compras efetuadas reduzem o limite disponível até que, quando insuficiente, novas compras são
negadas. O pagamento da fatura libera o limite para ser utilizado novamente.
3.2 - Parte Histórica
O cartão de crédito surgiu na década de 1920, nos Estados Unidos. Inicialmente, os cartões de
créditos eram dados somente aos clientes mais fiéis, que o dono do estabelecimento acreditava
serem confiáveis por pagarem suas compras em dia.
Mas foi na década de 1950, quando Frank MacNamara estava com executivos financeiros em um
restaurante na cidade de Nova York e percebeu que tinha esquecido seu dinheiro e seu talão de
cheques para pagar a conta, que teve a ideia de criar um cartão em que contivesse o nome do dono,
e que após um tempo, o dono do cartão pudesse pagar a conta.
Então, naquele mesmo ano, ele criou o The Diners Club que era feito de papel-cartão. O cartão era
aceito em apenas 27 restaurantes e era usado apenas por pessoas importantes na época
(aproximadamente 200 pessoas que eram amigos de Frank). Em 1952, o cartão começou a ganhar
milhares de adeptos e já era aceito por vários estabelecimentos. E neste mesmo ano foi criado o
primeiro cartão de crédito internacional. Em 1955, o cartão passou a ser feito de plástico. O The
Diners Club existe até hoje, com o nome Diners Club International.
Em 1958, foi a vez de a American Express criar o seu cartão, mas foi em 1966 que o BankAmerican
Service Corporation, criou o cartão BankAmericard com um sucesso, já que era aceito em mais de 12
milhões de estabelecimentos e, pouco tempo depois, o cartão passou a se chamar a atual Visa. No
mesmo ano, foi criado o Master Charge que originou a bandeira MasterCard. Em 1975, a Diners,
lançou o "Corporate Card", que se tratava do primeiro cartão de crédito corporativo do mundo, e em
1981 a Citicorp (atual Citibank) comprou a Diners Club da Continental Insurance Corporation.[2]

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No Brasil, o empresário tcheco Hanus Tauber (precursor dos cartões no Brasil), em 1954, comprou
nos Estados Unidos uma franquia da Diners, propondo sociedade no cartão com o
empresário Horácio Klabin. Em 1956, o Diners chegou ao Brasil, sendo inicialmente um cartão de
compra e não um cartão de crédito. Em 1968, foi lançado o primeiro cartão de crédito de banco,
o Credicard, e em 1971 foi fundada no Rio de Janeiro a Associação Brasileira das Empresas de Cartões
de Crédito e Serviços - ABECS. Posteriormente, em 1974, a sede da ABECS foi transferida para São
Paulo. Em 1984, a Credicard comprou a Diners Club do Brasil, mas foi na década de 1990 que ocorreu
o lançamento do cartão de crédito internacional e em 1994, com a chegada do Plano Real, ele só faz
aumentar o crescimento do produto.
Em outras perspectivas...
Na década de 1920 era comum que hotéis, bares e outros comércios oferecessem crédito a seus
clientes mais assíduos, mas a reinterpretação dessa prática em forma de um cartão que faz transações
monetárias de forma eletrônica teve o início de sua história em 1950, ganhando vida nos Estados
Unidos da América, graças a um restaurante nova-iorquino.
O “Diners Club Card”, primeiro cartão de crédito do mundo, teve sua origem a partir de um
imprevisto. Depois de um jantar na cidade, o empresário Frank MacNamara notou que tinha
esquecido seus talões de cheque e não trazia consigo dinheiro vivo, assim como seus convidados. O
dono do restaurante, sem outra opção, topou que a conta fosse paga no dia seguinte desde que Frank
desse sua assinatura na fatura em que constavam as despesas. O empresário teve então um “insight”,
percebendo o poder daquela nova forma de pagamento.
No mesmo ano, a história e a sorte dos envolvidos na criação dessa ferramenta poderosa já começava
a mudar o “Diners” já era aceito em 27 restaurantes dos EUA, com 200 adeptos- a maioria amigos de
MacNamara. Dois anos mais tarde, nasce o primeiro cartão internacional, sendo aceito em
restaurantes e hotéis. Em 1955 o material passou de papel cartão para plástico, forma padrão pela
qual ainda é conhecido até os dias atuais. Em 1960, mais de 50 países ao redor do globo já efetuavam
e recebiam pagamentos através do cartão de crédito, que já não era exclusividade de apenas uma
empresa, ganhando concorrentes do calibre da “American Express” e “BankAmericard” (que mais
tarde se tornaria uma das bandeiras mais famosas do planeta: a “Visa”).
O início da história do cartão de crédito no Brasil se deu pelas mãos do executivo tcheco Hanus
Tauber. Juntamente com seu sócio Horácio Klabin, foi o responsável por introduzir, em 1956, o cartão

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de crédito no Brasil, após adquirir uma franquia da “Diners”, que, no começo, não era um cartão de
crédito, mas de compra. O “Credicard” foi o primeiro cartão proveniente de um banco, que mais
tarde, em 1984 comprou sua concorrente. Seis anos depois, o primeiro cartão de crédito
internacional foi lançado no país, e após uma década, em vista do Plano Real em vigor no governo
FHC, o sucesso do negócio se consolidou de uma vez por todas.
3.3 - Questões relativas
O SERASA fez um compilado de perguntas e respostas mais comuns sobre o cartão de crédito e elas
são:
3.3.1 – O que é?
O cartão de crédito é uma forma de empréstimo com prazo de pagamento de até 40 dias, e
disponibilizado por bancos e instituições financeiras. Quando você pede o cartão, recebe um
limite de crédito para fazer compras de bens e serviços.
3.3.2 – Como funciona o cartão?
Com o cartão, é possível fazer parcelamento de compras. Além disso, você também pode
participar de programas de relacionamento da bandeira, ou da própria instituição financeira.
O cartão de crédito já chega para você com taxa de juros e limite estabelecidos pelo banco. As
taxas normalmente são padrão, mas o limite é definido com base na sua renda.
3.3.3 – Como funciona o limite de crédito?
O limite é o máximo de crédito disponibilizado para você utilizar. Você só pode fazer compras
com valores que caibam no limite do cartão de crédito. Se for uma compra parcelada, o valor da
parcela tem que caber dentro do limite total que você tem. Em parcelamentos, seu lim ite fica
comprometido com a quantidade de parcelas.
Por exemplo: Se você tem um limite de R$ 1.000 e faz uma compra de R$ 1.000 parcelado em 4
parcelas de R$ 250, por 4 meses o total ficará comprometido com o parcelamento. E a cada
fatura paga, aumenta a parte do limite.
3.3.4 – Quais as tarifas
- Anuidade: É uma taxa anual para o uso do cartão de crédito. As instituições normalmente
cobram o valor de forma mensal;
- Pagamento de boletos: Quando você usa o cartão de crédito para pagar um boleto bancário;

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- Avaliação emergencial de crédito: Cobrança de gastos acima do limite disponível. Sabe quando
você está lá na loja, o cartão não tem limite e você solicita que aumente ali na hora, então é isso.
Em média, os principais bancos cobram até R$ 20 por solicitação de aumento de limite;
- Saque: Caso você utilize o cartão de crédito para sacar dinheiro no Brasil ou exterior;
- Segunda via do cartão: Emissão de um novo cartão em caso de perda, roubo ou furto.
3.3.5 – E a fatura, como funciona?
Todo mês você recebe uma fatura referente ao gasto do mês anterior. Deve ser paga até a data
de vencimento, para ter seu limite restabelecido. Se você atrasar o pagamento, serão cobrados
juros, além de correr o risco de ser negativado.
Existem as opções de pagamento do mínimo da fatura ou parcelamento em caso de não ter
dinheiro para pagar o valor inteiro. Essa é uma alternativa arriscada, pois a chance de você se
enrolar e acabar se endividando é muito grande.

4 - Natureza Jurídica e espécies de cartão de crédito


Por se tratar de um negocio jurídico complexo, onde envolvem vários tipos de contrato, a doutrina e
jurisprudência tiveram dificuldades de explicar a natureza jurídica deste instituto.
Três teorias tentaram explicar a natureza jurídica do contrato de cartão de credito, quais sejam titulo
de crédito, mandato ou cessão de crédito, que nada mais é do que uma comparação com institutos
jurídicos pré-existentes.
4.1 - Titulo de crédito
A primeira das teorias entende que o contrato de cartão é um tipo de título de crédito. O equívoco
de definir o cartão de crédito dessa forma se deve ao fato de o mesmo não possuir os requisitos dos
títulos de crédito: literalidade, legitimidade, cartularidade e autonomia.
O cartão de crédito não realiza as funções de legitimação e circulação típicas dos títulos de crédito.
Sendo mero documento de identificação do titular, comprovando que o mesmo possui crédito
perante a administradora.
Assim, pelas razões acima expostas, não há como sustentar a posição de que o cartão seria um título
de crédito, não sendo essa teoria acolhida pela doutrina e jurisprudência.

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4.2 - Mandato
A segunda teoria busca explicar o instituto do cartão de crédito com um mandato e, da mesma forma
que a anterior, falta-lhe embasamento legal para se enquadra o cartão de crédito nessa espécie de
contrato.
No mandato, alguém recebe poderes de outrem, para, em seu nome, praticar atos, ou administrar
interesses. O mandante é obrigado a satisfazer as obrigações contraídas pelo mandatário, na
conformidade do mandato conferido.
Nesse ponto, já está clara a divergência entre o mandato e o cartão de crédito. Nas operações deste
último, a administradora assumiria os riscos, como se a divida contraída pelo usuário fosse sua,
cabendo a ela o pagamento ao fornecedor. Assim o conflito de conceitos está claro, sendo óbvia a
inaplicabilidade do contrato de mandato ao cartão de crédito.
4.3 - Cessão de crédito
Aqui se aborda a classificação do contrato de cartão de crédito enfocando o lado ativo do sistema,
afirmando que no mesmo ocorre uma cessão de crédito. Toda a análise se dá sobre a administradora
que substitui tanto o titular quanto o fornecedor. Faz às vezes daquele quando paga o débito ao
fornecedor e deste, ao cobrar a dívida daquele.
Dentre todas as teorias, essa é a que mais aproxima a ideia do instituto cartão de crédito, mas ainda
assim não há uma equivalência total entre as cláusulas do mesmo e as da cessão de crédito que estão
abordadas nos artigos 286 a 298 do Código Civil. No de cartão de crédito, há determinação expressa
que veda a oponibilidade de exceções entre o titular e administradora. Portanto, essa teoria também
não explica as peculiaridades do cartão de crédito.
Analisando essas três teorias, é possível verificar que não abordam todos os aspectos particulares
inerentes ao referido instituto. Assim, desenvolveu-se uma quarta teoria cuja ideia centraliza-se em
suas propriedades, ou seja, o fato de o mesmo tratar-se não de um contrato comum, tipificado e
regulamentado, e sim de um sistema contratual no qual há uma interdependência de vários
contratos.

5. Sistema Contratual do Cartão de Crédito


O cartão de crédito não é uma operação econômica unitária. Não é formada por apenas um contrato.
Sua estrutura se baseia em um sistema contratual, constituída por uma conexão de contratos

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individuais e interdependentes, celebrados entre as partes que compõe tal ordenação: usuário e
administradora; usuário e estabelecimento comercial; administradora e instituição financeira
(quando se trata de cartão de crédito bancário).
É o encadeamento sucessivo desses contratos, analisado de forma individual, não têm uma finalidade
em si mesmo, sendo necessária sua integração com os outros para se alcançar à finalidade comum
do instituto.
Assim, o sistema cartão de crédito avoca para si características peculiares, formando um tipo de
organização contratual particular e atípica. Particular por compor-se de contratos formados em
épocas e por partes diferentes, que posteriormente se interagem para atingir sua finalidade: esculpir
o corpo do instituto cartão de crédito. Atípico por não possuir nenhuma regulamentação, regendo-
se por cláusulas contratuais firmadas entre as partes, pela doutrina e jurisprudência.
Deste modo, o sistema contratual do cartão de crédito, diz respeito a um negócio jurídico complexo,
plurilateral, visto que integram-se a eles partes distintas possuidoras de obrigações também distintas.
É um contrato atípico, pois ainda não há legislação que estabeleça as diretrizes para sua
concretização. E é, ainda, um contrato de crédito, de adesão, e de consumo. Contrato de crédito, pois
a administradora coloca à disposição do titular crédito em moeda corrente; contrato de adesão, pois
tanto o titular, quanto o fornecedor aderem a um contrato pré-estabelecido, unilateralmente, pela
entidade emissora; contrato de consumo, eis que a administradora é considerada fornecedora e
prestadora de serviços, enquanto os titulares dos cartões são considerados destinatários finais.

6 - Espécies de cartão de crédito


Os tipos de cartões de crédito variam de acordo com o enfoque dado para se classificá-los, podendo
ser bancário ou não bancário ou de credenciamento; doméstico ou internacional; para pagamento
imediato ou cartões de crédito stricto sensu e limitado ou ilimitado. Explicar-se-á a seguir as
características de cada um deles.
6.1 - Bancário, não bancário ou de credenciamento.
Os cartões não bancários são emitidos por uma instituição privada que tem por finalidade ser a
intermediária entre compradores e vendedores. Estes últimos devem ser filiados ao sistema da
empresa emissora. O crédito que o usuário possui é mantido pela empresa emissora, com seus
próprios recursos. Nesse tipo de cartão de crédito, não pode haver pagamento diferido, ou seja, o

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titular deve pagar suas despesas ao final de trinta dias, no vencimento da fatura mensal. Às empresas
mantenedoras dos cartões de crédito não é permitida a concessão de crédito para o usuário. Apenas
os cartões de crédito bancários possuem tal forma de pagamento.
Os cartões bancários são emitidos por uma instituição financeira ou por empresas administradoras
de cartões, devendo ser subsidiárias ou associadas àquela. A citada instituição defere o crédito ao
titular sendo, inclusive, a responsável pelo pagamento da dívida contraída pelo usuário ao
fornecedor. Nesse tipo de cartão pode haver o chamado pagamento diferido, ou seja, o usuário,
quando do pagamento da fatura mensal, pode optar por dividir o montante das despesas,
parcelando-as em vários meses. Sobre a prestação decorrente do parcelamento da dívida incidem
juros cobrados pelo banco que podem ser lançados nas faturas mensais subsequentes do usuário.
Cartões de credenciamento, também conhecidos como de bom pagador, são aqueles emitidos por
uma empresa comercial em favor do seu cliente. Assim, forma-se uma relação bilateral entre usuário
e empresa, não havendo intermediação de administradora e nem de instituição financeira. Trata-se
apenas de um contrato de compra e venda a prazo, podendo o consumidor oferecer ao vendedor as
exceções que tiver. Esse tipo de cartão foge à ideia atual do instituto que visa possibilitar que o
usuário faça compras em diversos estabelecimentos comercias que aceitem o cartão emitido pela
administradora e não em apenas um.
6.2 - Doméstico ou internacional
Os cartões de crédito domésticos, também chamados de nacionais, são aqueles que têm seu uso
restrito, só podendo ser utilizados dentro do território em que se localiza a empresa emitente do
cartão.
Já os internacionais são aqueles que podem ser utilizados em estabelecimentos de qualquer
localidade, independente do país de origem da empresa e do usuário.
6.3 - Pagamento imediato ou cartões de crédito stricto sensu
Os cartões de pagamento imediato se caracterizam pela possibilidade que tem o usuário de adquirir
o produto e somente pagar por ele posteriormente. Entretanto, esse tipo de cartão não possui crédito
em si, não havendo limite de consumo. A fatura, em seu vencimento, deve ser paga totalmente pelo
usuário, não podendo o usuário parcelar ou postergar sua liquidação total.
Os cartões de crédito stricto sensu são aqueles em que o usuário realmente possui um crédito, não
sendo necessário o pagamento total da fatura em seu vencimento. É permitido o parcelamento da

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mesma, em prestações mensais, não necessariamente do mesmo valor, abrindo-se, dessa forma, um
crédito rotativo para o usuário do serviço. Rotativo porque à medida que vão ocorrendo os
pagamentos, há a reabertura do crédito antes utilizado. Quando se faz a opção pelo parcelamento,
há juros sobre o montante a ser dividido, sendo o valor repassado à instituição financeira.
6.4 - Limitado ou ilimitado
Nos cartões limitados, há um prazo de validade do mesmo, devendo, no vencimento, o usuário
renová-lo caso queira continuar usufruindo o serviço.
Os cartões ilimitados se caracterizam pela ausência de prazo de duração pré-determinado, não
havendo vencimento previsto para seu término.

7 - Partes e relações jurídicas (do cartão de crédito)


7.1 - Titular do Cartão de Crédito
São pessoas físicas ou jurídicas a quem a emissora fornece os cartões para adquirir produtos ou
prestações de serviços. Quando o cartão for de pessoa jurídica, deve conter também o nome de uma
pessoa física identificada e nomeada para ser a responsável por sua utilização.
7.2 - Estabelecimento Comercial Filiado
É o fornecedor ou vendedor de bens e serviços que se obriga a não recusar, honrar um cartão de
crédito e a conceder o mesmo preço ao portador do cartão que oferece aos consumidores que
adquirem à vista.
7.3 - Emissora do Cartão de Crédito
Os cartões podem ser emitidos por administradoras de cartão de crédito, por empresas industriais
e comerciais ou por instituições financeiras.

8- Relações Jurídicas
8.1 - Emissora e Estabelecimentos Filiados
A relação entre a emissora e o estabelecimento que fornece produtos ou serviços é estabelecida por
um contrato de filiação típico e de adesão. Ele traz obrigações para ambas às partes.
Ao contrário das relações típicas de consumo entre titular e a emissora e o titular e os
estabelecimentos, a relação entre a emissora e os estabelecimentos filiados possuem um caráter
comercial.

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8.2 - Titular e Estabelecimento Comercial
A relação existente entre o titular e o fornecedor, em uma rápida análise, seria um contrato típico de
compra e venda ou de prestação de serviços, ou seja, um contrato típico de consumo regido pelo
Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor.
No tocante às obrigações existentes entre titular e fornecedor, este cede o crédito que tem para com
o portador do cartão à emissora, em troca da promessa que este lhe faz de pagar os débitos daquele.
A relação existente entre usuário e fornecedor se extingue no momento da assinatura da fatura e a
entrega da mercadoria ou da prestação de serviço.
8.3 - Titular e Emissora
A relação entre a emissora e o titular do cartão ocorre através da formalização de um contrato de
adesão. Porém, antes desse contrato, as informações fornecidas pelo pretenso titular, devem ser
aceitas pela emissora, só então o contrato será pactuado entre as partes.
Art. 54 do Código de Defesa do Consumidor:
“Os contratos de adesão vêm hoje previstos, no tocante a seu conteúdo e regras de interpretação no
Código de Proteção e Defesa do Consumidor, que ficou assim redigido: „Contrato de adesão é aquele
cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente
pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo”.[12]
Nesse contrato também ocorre uma abertura de crédito, até um certo limite a favor do titular,
concedida pela emissora, possibilitando que ele use o cartão para adquirir produtos e serviços nos
estabelecimentos credenciados. O titular, não paga diretamente ao estabelecimento, ele assina uma
nota que dá direito ao estabelecimento cobrar da emissora o valor devido, isso, em decorrência ao
contrato celebrado entre o estabelecimento e a emissora. O titular efetua o pagamento à emissora,
numa data convencionada entre a emissora e o titular.
8.4 - Instituições Financeiras
Nos cartões bancários também há essa quarta figura nas relações entre as partes do sistema
contratual do cartão, funcionando como fornecedora de crédito ao usuário. Sua origem é a cláusula-
mandato outorgada pelo consumidor para a administradora para que essa contrate, em nome
daquele, concessão de crédito bancário.

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Dessa forma, os bancos possibilitam que o consumidor saque em moeda corrente dentro do limite
disponível para tanto em seu cartão, além de parcelar seus débitos, constituindo, assim, o chamado
crédito rotativo. Essa referida cláusula-mandato permite que a administradora emita títulos de
crédito em nome do consumidor, a favor do banco.
Portanto, assim que o titular realiza despesa com o cartão de crédito, a emissora terá o valor pago
imediatamente pelo banco, que passará a ser o novo credor do consumido.

9 - O Código de defesa do consumidor e os cartões de crédito


O artigo 170, V da Constituição Federal diz que: “A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V – defesa do consumidor.”
Reconhece-se, assim, a fragilidade do consumidor em face ao fornecedor de serviços, incluindo-se as
instituições financeiras, conforme preconizado na Súmula 297 do STJ.
A da Lei nº. 8078/90 (código de defesa do consumidor) também assim o reconhece, em seu artigo 4º,
I: “A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades
dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações
de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.”
O referido código dispõe acerca dos direitos básicos do consumidor, dentre os quais, a proteção
quanto a: “proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços” (art. 6º, IV). Essas condutas estão definidas no artigo 39, em um rol meramente
exemplificativo e não taxativo.
Dentre essas práticas abusivas, pode-se exemplificar o envio de cartões de crédito não solicitados. O
artigo 39 do CDC trata sobre a caracterização prática abusiva, conforme o inciso III: “enviar ou
entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço.”
Entretanto, houve necessidade de aperfeiçoamento do CDC em questões divergentes, como é o caso
da diferenciação de preços de bens e serviços oferecido ao público segundo o instrumento de

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pagamento utilizado. A dei 13455/17 disciplina o assunto, definindo a possibilidade dessa
diferenciação em seu artigo 1º: “Fica autorizada a diferenciação de preços de bens e serviços
oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado”.
Mesmo na relação de contratos bancários com empresas, segundo o STJ, é admitida a admitiu a
ampliação do conceito de consumidor a uma pessoa que utilize determinado produto para fins de
trabalho e não apenas para consumo direto. Esse entendimento foi explicitado no recurso especial
nº 1.010.834 - GO (2007/0283503-8) impetrado por Marbor Máquinas Ltda. Em seu voto, a relatora
Ministra Nancy Andrighi admite a aplicação das normas do CDC a determinados consumidores
profissionais, "desde que seja demonstrada a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica" da
pessoa.

10 - Cláusulas Abusivas
Cláusulas abusivas são aquelas que se encontram no corpo do contrato e que causam uma situação
de desequilíbrio entre as partes, ou potencializado a força do contratante mais privilegiado ou por
minimizar a do naturalmente mais fraco. Assim, torna-se necessária à interferência do Estado em
busca da harmonia contratual inexistente, protegendo, nesse caso, a parte desfavorecida.
Em geral, o que diz respeito a abusividade no contrato de cartão de crédito, é a cláusula-mandato,
a cláusula de transferência de riscos e a que permite a alteração unilateral do contrato.

10.1 - Cláusula-Mandato
Essa cláusula, no sistema contratual do cartão de crédito, consiste na outorga pelo usuário, titular
do cartão, de um mandato especial à administradora com poderes especiais para agir contra o
próprio outorgante.
Normalmente, o conteúdo da cláusula obriga o titular a um mútuo bancário; a negociar prazos,
juros, comissões e encargos; a assinar títulos representativos do mútuo bancário; a liquidar e
confirmar o valor da conta das despesas, aceitando a correição dessa, substabelecer os poderes de
aceitar letras de câmbio para outra empresa associada à instituição financeira e à administradora.
As soluções encontradas, quando se questionava a licitude de tal cláusula, mudaram com a
publicação do Código de Defesa do Consumidor.

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Antes do Código do Consumidor, eventuais desavenças eram resolvidas à luz do Código Civil,
havendo duas correntes com posições divergentes. Uma delas sustentava que tal cláusula era
inválida, pois, o mandatário sempre deveria agir em beneficio do mandante, não podendo lhe
prejudicar. A segunda posição, defendida pelo Supremo Tribunal Federal, sustentava a idéia de que
haveria de ser invalidada somente se houvesse abuso no desempenho do mandato. Essa última
interpretação era a majoritária. Fácil observar a dificuldade do usuário em provar tais condutas.
Depois do Código do Consumidor reconheceu-se o princípio da boa-fé e abusividade de certas
cláusulas contratuais, entre elas a cláusula-mandato.
Abaixo, segue decisão que demonstra claramente o entendimento da abusividade da cláusula –
mandato pela jurisprudência.
“CIVIL. NULIDADE. NOTA PROMISSÓRIA CONSTIRUÍDA A PARTIR DE
AMNDATO INSERIDO EM CLÁUSULA. CONFLITO ENTRE OS INTERESSES DO
REPRESENTNATE E DO REPRESENTADO. PRECEDENTES. Não tem validade a
cambial emitida a partir de mandato outorgado pelo devedor, no bojo do
contrato com titular de cartão, em favor da empresa credora. (É nula a
obrigação cambial assumida por procurador do mutua’rio vinculado ao
mutuante, no exclusivo interesse deste – verbete n. 60 da Súmula desta
Corte). Recurso conhecido e provido. Por unanimidade, conhecer do recurso
e dar-lhe provimento”. (STJ – Recurso Especial n. 144375/SP – Relator
Ministro César Asfor Rocha)
Nessa decisão fica claro o entendimento de que a nota promissória foi considerada nula porque se
verificou o conflito de interesses do representante, administradora e do representado, consumidor.
Atualmente, tal entendimento é pacífico tanto na doutrina quanto na jurisprudência, devendo a
administradora prestar contas ao titular, quando age na qualidade de mandatária do mesmo.
10.2 - Extravio, Furto ou Roubo de Cartão de Crédito
Regra geral há nos contratos de cartão de crédito cláusulas que transfere para o titular a
responsabilidade pelo uso do cartão, na eventualidade de se ocorrer furto, roubo ou extravio do
mesmo, até a comunicação do ocorrido à administradora. Os julgados atuais divergem sobre a
legalidade de tal cláusula, havendo entendimento diverso no tocante a tal assunto.

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A cláusula em questão é nitidamente contrária ao art. 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor
que protege o princípio da boa-fé nas relações contratuais, uma vez que atribui ao titular toda a
responsabilidade de um negócio que não foi realizado pelo mesmo. É uma típica transferência de
riscos sendo que os mesmos são conseqüências naturais da atividade de administrar o sistema
contratual cartão de crédito, não sendo razoável repassar tal responsabilidade para o usuário.
O cartão, em si, não passa de uma forma auxiliar de identificação do usuário, devendo o fornecedor,
no ato da compra, conferir a titularidade, o vencimento do cartão e o limite disponível para compra.
Dessa maneira, o risco é de quem tem o dever de identificar o consumidor, assim como a emissora
tem de viabilizar, aos seus fornecedores credenciados, informações e condições para se concretizar
tal confirmação de titularidade.
O entendimento predominante, jurisprudência e doutrina, é que, comprovada a comunicação, o
titular fica isento de qualquer responsabilidade pelo uso indevido.
10.3 - Indisponibilidade de Exceções á Administradora do Cartão de Crédito
Segundo Fran Martins[15] o princípio da inoponibilidade das exceções é “aquele que não permite
que uma pessoa deixe de cumprir sua obrigação, opondo exceções pessoais com qualquer obrigado
anterior”.
Normalmente, os contratos de cartão de crédito contêm uma cláusula específica que impede o
titular de reter o pagamento das despesas caso ocorra um eventual desentendimento ou
descumprimento de obrigação do fornecedor. A conseqüência direta de tal norma é um duplo
prejuízo para o consumidor porque além de suportar o inadimplemento do fornecedor, acaba por
arcar com as despesas contraídas, pagando sua fatura, cumprindo seu compromisso no contrato,
sem, ter satisfeita sua contra-prestação.
E, além disso, caso o usuário faça o referido bloqueio, pode ser executado pela administradora por
inadimplemento de obrigação. Esse tipo de disposição rompe com as ligações internas do sistema
contratual do cartão de crédito, isolando as relações particulares como se as mesmas fossem
autônomas e não interligadas. Tal cláusula de inoponibilidade de exceções à administradora é
contrária ao ideal de proteção ao consumidor, contrariando expressamente o art. 51, I, do Código
do Consumidor, que assim dispõe: “São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas relativas
ao fornecimento de produtos e serviços que: impossibilitem, exonerem ou atenuem a

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responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços que
impliquem renúncia ou disposição de direitos [...] “.
Assim, esse artigo impede que o fornecedor se exonere de sua obrigação, estando o titular
protegido contra tal arbitrariedade inserida nos contratos de cartão de crédito, lhe sendo possível
argüir suas despesas pessoais face à administradora, ao pagar a fatura de compras.
10.5 - Alteração Unilateral do Contrato
Os contratos de adesão dos cartões de crédito entre usuários e administradoras possuem cláusulas
que permitem a alteração unilateral do contrato, com simples aviso ao usuário, como informações
lançadas na fatura mensal ou redação de um novo contrato sendo registrado no cartório.
Elas definem a manifestação de vontade do usuário, quanto às alterações posteriores, estipulando
seu consentimento de maneira expressa ou tácita.
O art. 51, XIII do Código de Defesa do Consumidor que dispõe serem nulas as cláusulas que
“autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou qualidade do contrato, após
sua celebração”. Entretanto, deve-se ressalta que a alteração pode ser válida caso ocorra prejuízo
para o usuário.
Pode a administradora realizar alterações funcionais, relacionadas com a administradora do
sistema, mas jamais serão válidas as alterações cuja conseqüência sejam novas obrigações ou
restrições a direitos adquiridos pelo titular do cartão.
10.6 - Juros, Multa e Encargos Contratuais
Os juros são os frutos do capital empregado. Eles representam a compensação do capital, o tempo
e o risco do reembolso. Quanto aos juros moratórios eles decorrem da mora, eles indenizam o
credor pelo não cumprimento da obrigação no tempo e lugar convencionado, eles são impostos
pela lei.
Multa moratória, segundo de Plácido e Silva[16] “Também dita de pena moratória é a que se fixa
para pagamento, quando ocorre retardamento na execução da obrigação contratada.”
Assim, Álcio Manoel de Souza Figueiredo[17] diz que juros e multa moratória no sistema contratual
do cartão de crédito são: ”os débitos lançados pela administradora na fatura mensal, em
decorrência do atraso, falta ou pagamento inferior ao valor mínimo na data de vencimento.”

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Assim, os juros seriam os frutos dos débitos que os consumidores contraíram com as
administradoras, sendo contados, aumentando o valor da dívida, à medida que a mora persiste, já
que não foi cumprida a obrigação no tempo e lugar convencionado.
E a multa, é a pena pelo atraso ou não pagamento de, pelo menos o valor mínimo da fatura.
Geralmente este valor corresponde a 20% do total da fatura, e quando paga pelo consumidor, a
administradora entende que foi financiamento do débito da fatura. Os juros e multas foram
limitados para que não se ocorra abusos e se evitar a usura.
Em relação aos juros moratórios no cartão de crédito, não ocorre abusividade segundo a doutrina
e a jurisprudência. Eles são convencionados em 1% ao mês, sobre o saldo devedor, pro rata dia. O
mesmo acontece para com as multas moratórias, que foram estabelecidas e 2 %, perfeitamente de
acordo com o § 1º do art. 52 do Código do Consumidor.
Porém, haverá abusividade se os contratos além dos juros e multas moratórios, incluírem a multa
convencional, e, honorários advocatícios em fase amigável. Há abusividade por contrariar o artigo
citado acima, quanto à multa e o § 3º do art. 20 do Código de Processo Civil por cobrar honorários
que não prestados em juízo.
Mas a prestação mais onerosa e abusiva para o usuário são os encargos contratuais, que são
elevadíssimos, girando em torno de 10% sobre o valor do débito. A melhor doutrina defende o
limite constitucional de 12% ao ano para os juros reais, aplicação do § 3º do art. 192 da Constituição
Federal, porém, o STF não entende da mesma forma como discorre Cláudia Lima Marques[18]:
“O art. 192, § 3º, da Constituição federal expressamente prevê um limite de
12 % para juros reais, mas a jurisprudência da Corte Constitucional brasileira,
o Supremo Tribunal Federal interpretou a norma de forma restritiva,
considerando que lhe faltava regulamentação específica. A solução
encontrada pelo STF, porém, não alcançou unanimidade nas jurisdições
inferiores; algumas cortes estaduais e juízes de primeiro grau continuam a
considerar – em minha opinião corretamente – inconstitucional juros reais
superiores a 12 % previstos e envolvendo crédito.”
No sentido de limitação dos juros praticados pelas administradoras de cartões de crédito, seguem
decisões ilustrativas:

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“Cartão de crédito – Juros – Limitação – Administradora não
integrante do sistema financeiro – Lei da Usura – Submissão. Pagamentos
efetuados – Repetição não devida. Tratando-se a Ad ministradora de cartão
de crédito de pessoa jurídica não integrante do sistema financeiro, portanto
se autorização para como tal funcionar, submete-se ao limite de juros de 12
% ao ano (lei da usura), não podendo ainda capitalizar os juros (art. 10 e 4º
do Dec. 22.626). Os pagamentos efetuados voluntariamente não devem ser
repetidos (art. 965 do CC) se não foram feitos por erro nem houve qualquer
vício de vontade, não se equiparando à quantia indevida referida no art. 42
do Codecon aquela cobrada com base em cláusula contratual clara, mesmo
que se trate de parcela convencionada contra legem, considerando-se, a
partir do pagamento, justificada a cobrança, em face da aceitação de quem
pagou.” (TAMG – Apelação Cível 0339776-0 – relatora Vanessa Verdolim
Andrade).
Nessa decisão, os juros foram limitados pela Lei de Usura, por entender que a administradora não
é instituição financeira. Assim, ficou entendido que as instituições financeiras podem ser superiores
a 12%, mas as administradoras não.
CARTÃO DE CRÉDITO – CLÁUSULA POTESTATIVA – JUROS –
LIMITAÇÃO – Considera-se potestativa e, portanto, afrontosa do art. 51, X
do CDC, cláusula que, em contrato-padrão de cartão de crédito, autoriza o
cálculo dos encargos financeiros pelas “taxas de mercado”. – A
administradora de cartão de crédito não está ao abrigo da Súmula 596 STF,
pelo que se lhe aplicam as disposições do Dec. 22.626/33.” (TAMG –
Apelação Cível 0351925-7 – Relator Dárcio Lopardi Mendes).
O dispositivo utilizado na decisão acima proíbe a variação do preço de maneira unilateral praticada
pelo fornecedor e a súmula referida diz que as administradoras estão sujeitas ao limite da Lei da
Usura.
Como se vê as administradoras têm que respeitar os juros de 12% ao ano, caso contrário a
administradora responderá nos termos do Código do Consumidor.

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