Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Trab - Doc
Trab - Doc
Adailton Ramos
2023
1. INTRODUÇÃO
Estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP aponta que 47,2% das pessoas idosas
negras avaliam sua saúde de maneira negativa, bem como 45,5% das pessoas idosas
pardas. Já entre as pessoas idosas brancas, o índice é de 33%.
Em relação ao acesso aos serviços de saúde, segundo o mesmo estudo, na cidade de São
Paulo, os equipamentos de saúde são acessados por: 63,3% brancos, 21,4% pardos e
7,3% pretos/negros.
Embora tenham sido criadas leis e politicas publicas que trouxesse inclusão e proteção
aos negros, na pratica elas não possuem eficácia ao ponto de reduzir de forma
considerável a discriminação racial.
3. RACISMO NA INFÂNCIA
O racismo nem sempre se revela de forma explícita, em grande parte dos casos ele
ocorre de forma velada, mas os efeitos negativos causados ao indivíduo são os
mesmos. E entre as crianças os impactos são maiores, uma vez que irá carregar traumas
por toda a vida.
Uma prática comum é elogiar os cabelos lisos de uma criança branca e dizer que o
cabelo crespo de uma criança negra é cheio demais, difícil de lidar e de pentear. Ou
dizer frases como: “ela é uma negra bonita”, como se as demais não fossem.
As crianças negras são negligenciadas, conforme revelou um teste social exibido pela
Tv Record em 2015, no qual foram deixadas duas crianças em momentos distintos, no
mesmo local, com a mesma roupa, a diferença era que uma criança era negra e a outra
branca/loira. A primeira criança a realizar o experimento foi a negra e após passar uma
hora em pé no local, ninguém procurou saber pela mãe dela, se ela estava perdida ou se
precisava de ajuda. Posteriormente surge um homem (negro) e questiona onde estaria a
mãe dela, oferecendo ajuda.
Esse teste social demonstra que a cor da pele ainda influencia a forma como o
indivíduo será tratado, ainda que seja uma criança. A falta de empatia exibida no teste é
uma dura realidade na vida de milhares de crianças que se tornam invisíveis ao olhar
da população racista.
Esse tipo de tratamento dado aos infantes gera problemas físicos e psicológicos. De
acordo com Centro de Liderança Pública:
“ o estresse tóxico, isto é, a vivência uma dificuldade forte,
frequente e prolongada, sem apoio adequado de um adulto,
gera riscos à construção da arquitetura cerebral das crianças.
O que pode acarretar várias consequências a curto prazo,
como transtornos do sono, irritabilidade, desenvolvimento de
medos e piora da imunidade. E no médio e longo prazo, pode
potencializar atrasos no desenvolvimento, transtorno de
ansiedade, depressão, queda no rendimento escolar e
propensão a um estilo de vida pouco saudável na vida adulta.”
[3]
Outrossim, as crianças pretas correm maiores riscos de sofrerem violência, uma vez que
seus pais ao receberem salários menores, necessitam passar boa parte do tempo
trabalhando para que assim possam sustentar a família. Na ausência dos seus genitores,
essas crianças ficam em casa com a supervisão de um parente, vizinho ou sem nenhuma
supervisão. Tornando-os mais vulneráveis e suscetíveis a sofrerem agressões, bem como
ao recrutamento ao tráfico de drogas.
Para tanto, esses jovens ao viver em lares pobres nem sempre tem a chance de concluir no
mínimo o ensino médio, tal pouco chegam a cursar ensino superior. Muitos são obrigados a
escolher entre o estudo e o trabalho, isso explica a grande evasão que tem ocorrido nas
escolas. Pois acabam optando por trabalhar e ajudar a manter as despesas da casa.
Por outro lado, existem outras parcelas que acabam sendo seduzidos pelo crime organizado
buscando dinheiro rápido e poder. Demonstrando a omissão do Estado em oferecer
qualidade de vida a esses jovens, assim como acesso a educação e emprego digno.
Nas abordagens policiais, são os maiores alvos dos agentes de segurança. Todos os dias em
diversas partes do Brasil, jovens pretos são mortos. A ação do Estado nas comunidades tem
se tornado cada vez mais violenta, gerando vítimas mortais e levando medo à comunidade.
Todavia, uma pequena parcela desses jovens que conseguem romper as barreiras para
completar o ensino médio e buscam ingressar em uma universidade e obter um bom
emprego, sofrem com a desigualdade racial, recebendo salários menores que os de pessoas
brancas.
Essa frase revela com clareza o quão triste e real é a perspectiva de vida dos negros.
A jornada de uma vida lutando contra o racismo e desigualdade, os altos índices de
mortalidade, bem como o sofrimento com a ausência de políticas públicas eficazes,
impactam diretamente na saúde do idoso negro. Chegar à velhice é uma vitória,
porém ter saúde é outra batalha a ser enfrentada.
De acordo com Maria Letícia Machado e Nayara de Souza Araujo que são Master
em Liderança e Gestão Pública e membros da Rede Negritude Pública e da Rede
MLG de Apoio à Primeira Infância:
“Os especialistas apontam que o enfrentamento
constante do racismo sistêmico e da
discriminação cotidiana é um potente ativador
da resposta ao estresse. O que pode nos ajustar
a compreender os fatores de origem, mas não
determinantes, das disparidades raciais na
incidência de doenças crônicas não
transmissíveis na população. No Brasil,
segundo dados do Ministério da Saúde, a
população negra costuma apresentar uma maior
incidência de diabetes mellitus (tipo II) — 9%
mais prevalente em homens negros do que em
brancos; 50% mais prevalente em mulheres
negras do que em brancas — e, de maneira
geral, possuem quadros de hipertensão arterial
mais complicados.”
Portanto há que comparar a velhice e saúde de pretos e brancos, uma vez que ambos
não têm acesso a serviços de saúde, trabalho, educação, moradia, de forma
igualitária.