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a) Respostas curtas:

1. Do que se trata a ação original e quem são as partes naquele processo?

- Coisas – Propriedade – Condominio (ação de extinção de condomínio cumulada com


arbitramento de aluguel) – Eduardo Muniz Andrade (Autor) e os Requeridos: Ricardo Muniz
Andrade e Ana Lucia Muniz Andrade (irmãos do autor)

2. Qual foi a sentença proferida e seu fundamento legal?

- A sentença julgou procedente o pedido para determinar a realização de hasta pública e


condenou a ré ao pagamento de aluguel pelo uso exclusivo do imóvel, a ser apurado em
liquidação de sentença, FUNDAMENTADA nos arts. 730, 879 e 903 do CPC/2015 bem como o
art. 1.322 do CC/2002

3. Qual foi o recurso interposto contra a sentença e qual foi o seu fundamento?

O recurso foi de apelação contra arguindo nulidade absoluta em virtude de incompetência do


juízo em razão da matéria, que seria de competência do Juizado de Violência Doméstica pois
havia uma uma medida protetiva de urgência de ação cautelar tramitando naquele juízo

4. Qual foi a decisão no tribunal de justiça no recurso interposto contra a sentença?

- A decisão foi de dar provimento ao recurso do apelante

5. Contra o acórdão proferido em sede de apelação, qual foi o recurso interposto e por qual
fundamento?

Inicialmente foram opostos embargos de declaração e posteriormente o Recurso especial por


EDUARDO MUNIZ ANDRADE, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição Federal

6. Quais os dispositivos legais abordados no recurso especial?

- Arts 884 e 1.319 do CC/2002,

7. Qual o tema de direito material discutido no processo? Faça uma breve pesquisa de
doutrina e jurisprudência.

Cobrança de aluguel pelo uso exclusivo da coisa com fundamento no art 1.319 do CC/2002

Seguem abaixo Doutrina e Jurisprudência do raciocínio


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO.ARBITRAMENTO DE
ALUGUÉIS. EX-CÔNJUGES.IMÓVEL NÃO PARTILHADO. Acórdão que deu parcial
provimento a apelação do autor. Oposição de embargos de declaração pela apelada.
Alegação de omissões e contradições. Acórdão expresso em reconhecer a possibilidade
do arbitramento de aluguéis, mesmo antes de ultimada a partilha. Mancomunhão que
não impede afixação dos aluguéis, pelo artigo 1.319 do Código Civil. Fixação pela
metade ideal do imóvel, que seria a parte presumidamente cabível a cada cônjuge.
Eventual exclusão de parcela da propriedade, por propriedade e exclusiva de um dos
cônjuges, que não inviabiliza afixação dos aluguéis pela parte ideal presumida. Uso pela
filha comum que justificaria pedido de alimentos, não a exclusão da obrigação de
aluguéis pela embargante. Uso exclusivo de outros bens pelo embargado que pode
justificar pedido de aluguéis pela embargante, mas não para desobrigá-la dos aluguéis
ao embargado. Embargos rejeitados. Trata-se de embargos de declaração opostos em
face do acórdão de ps. 128/135, que deu parcial provimento a apelação do autor. A
apelada opõe embargos de declaração, alegando, em síntese, que o imóvel não seria o
único bem comum do casal, de forma que não poderia apenas a embargante ser
obrigada a pagamento pelo uso do imóvel. Aduz que o imóvel seria usado como moradia
pela embargante e pela filha do casal, não sendo, portanto, uso exclusivo da
embargante. Sustenta que não poderia haver delimitação da fração utilizada pelo
embargado, em relação ao patrimônio comum total, para justificar a fixação dos
aluguéis devidos pela embargante. Afirma também que haveria Para conferir o original,
acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do,
informe o processo 1014013-17.2019.8.26.0003 e código 1575D206.Este documento é
cópia do original, assinado digitalmente por CARLOS ALBERTO DE SALLES, liberado
nos autos em 19/07/2021 às 15:35 .fls. 155

Maria Berenice Dias em seu Manual de Direito das Famílias, 4ª Ed., RT, pg.
296:

“Separado o casal, modo frequente, fica o patrimônio na posse de somente um dos


cônjuges. Sendo dois os titulares e estando somente um usufruindo o bem, impositiva a
divisão de lucros ou o pagamento pelo uso, posse e gozo. Reconhecer que a
mancomunhão gera um comodato gratuito é chancelar o enriquecimento injustificado.
Assim, mesmo antes da separação judicial e independentemente da propositura da ação
de partilha, cabe impor o pagamento pelo uso exclusivo do bem comum.”

8. Pergunta problema: é lícito à mulher, vítima de violência doméstica, permanecer


residindo sozinha na posse do imóvel comum sem contraprestação ao agressor afastado
do lar por medida protetiva? Quais os argumentos de cada parte e qual foi a decisão no
STJ? Você concorda com ela juridicamente? Apresente argumentos de autoridade em sua
análise.

Entendo que para o caso não é lícito, pois o bem imóvel foi adquirido pelos dois mesmo
que, na hipótese de divórcio litigioso, com o fim do casamento terminando todas as
obrigações conjugais judicialmente, a contraprestação pecuniária é devida pelo possuidor
do bem

A apelante corré Ana Lucia aduz que o próprio autor (Eduardo) teria dado causa à
habitação exclusiva não teria cabimento receber prestação pecuniária em face da vítima
de violência doméstica.

Já o autor (Eduardo) alegava que o não recebimento dos aluguéis infringia seu direito a
propriedade que mesmo com o afastamento em razão da medida protetiva não se
confundia com o que lhe era de direito sobre o imóvel

O STJ decidiu em favor da apelante e e com o acórdão que reformou a sentença de 1º


grau negando o arbitramento de aluguéis em desfavor do autor/recorrente (Eduardo)

Juridicamente falando concordo com a decisão do STJ, pois se torna plausível o gozo do
bem a todos os proprietários não afastando o direito que cada um tinha sobre o imóvel,
apenas restringindo o uso em razão de medida protetiva. Fato é que em sua decisão o
Tribunal confirmou o direito de alienação em hasta pública ao autor da ação, sendo tal
medida não reformada pela corte superior.

Portanto, é a medida justa que se impõem no caso em epígrafe com suporte no art 226 §
8º da CRF/88 QUE DIZ: O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de
cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de
suas relações.

A decisão do STJ foi de simplesmente manter a integridade da família ora já realizada


pela medida protetiva concedida em razão de violência doméstica

b) Resposta dissertativa:

1. Faça uma dissertação sobre o tema do acórdão debatido concluindo com uma análise
crítica pessoal sobre a respectiva decisão. Para tanto, na dissertação o aluno deve
apresentar:

a) uma introdução (1 parágrafo) sobre o tema contendo o tema discutido na origem e os


possíveis fundamentos da petição inicial;

b) um desenvolvimento (entre 3 a 4 parágrafos) contendo a sentença e os recursos interpostos,


conceito, pressupostos processuais e os efeitos do recurso que deu origem ao acórdão proferido,
bem como doutrina e dados estatísticos sobre o tema de direito
material debatido (argumento de autoridade);

c) uma conclusão (até 2 parágrafos) contendo uma análise crítica do tema e da solução dada
pelo Superior Tribunal de Justiça. Mínimo de 10 e máximo de 30 linhas.

Nota-se que em sede de juízo de primeira instância o autor ingressou com uma
ação de extinção de condomínio cumulada com arbitramento de aluguel. Possivelmente o
autor (Eduardo) fundamentou sua petição em síntese no cerceamento do direito de posse
em razão da concessão de medida protetiva concedida contra ele que tramitava pela Vara
Doméstica e Familiar.
De início, a ação foi julgada parcialmente procedente pelo juízo de primeira
instância concedente ao autor o direito de alienar o imóvel em hasta pública e condenar a
ré ocupante do imóvel a pagar aluguel em favor do autor.
Na sequência foi a corré, Ana, interpôs apelação a qual teve provimento em negar
a condenação de pagar alugueres ao autor, em seguida o autor opôs embargos de
declaração e posteriormente recurso especial.
Na mesma esteira, tem a parte autora capacidade para ingressar com ação por ser
detentora do imóvel, porém foi discutido na ação a competência do juízo de julgar a ação
em razão da medida cautelar que tramitou na Vara de Violência Doméstica e Familiar, o
que fora afastada de plano em sede de apelação.
Por fim, o recurso de apelação teve efeito suspensivo e devolutivo, porém
imediato encontrando suporte no art. 1012 do CPC/2015 reformando a sentença.
Outrossim, segue o que diz a doutrina sobre o tema: "a qualquer tempo os condôminos
podem pretender a extinção do condomínio, com a consequente alienação do bem havido em
copropriedade, caso o bem seja indivisível e os consortes não concordarem em adjudicá-la a um
só, indenizando os outros." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código
Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017. Versão ebook, Art. 1.322 CC/2002)

Em suma, o STJ seguiu o acórdão que reformou a sentença em negar o


pagamento de alugueres em favor do autor, fato esse que se mostra razoável, pois o autor
deu azo a seu afastamento do imóvel com comportamento inadequado para com sua
própria irmã. Pode se alegar o direito que ele tem de propriedade, todavia não há espaço
para coibir a segurança e integridade da ré.

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