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Critério da verdade

É verdadeiro aquilo que é evidente, ou seja, aquilo que é claro e distinto. A Clareza diz respeito à
presença da ideia ao entendimento. A distinção significa separação de uma ideia relativamente a outras, de tal
modo que a ela não estejam associados elementos que não lhe pertencem.
Tipos de ideias em Descartes
Inatas – são ideias constitutivas da própria razão, são claras e distintas, por isso, verdadeiras e imutáveis,
completamente independentes da experiência. Exemplo: as ideias de perfeição, pensamento, existência, todas
as ideias da matemática, etc.
Autênticas – são ideias que têm origem na experiência sensível. Exemplo: as ideias de barco, copo, cão,
etc. São particulares e contingentes. E a sua verdade depende da adequação à realidade física.
Factícias – são ideias fabricadas pela imaginação. A elas não corresponde nenhuma realidade física nem
inteligível. Podem ser criadas pela junção de duas ou mais ideias adventícias. Exemplo: centauro = cavalo +
homem; cavalo-alado = cavalo + asas; sereia, etc.
Prova da existência de Deus como ser perfeito
Sei que sou imperfeito porque duvido mas qual a condição necessária para considerar que duvidar é uma
imperfeição? É de que eu saiba em que consiste a perfeição. Só comparando as qualidades que eu possuo com a
perfeição é que posso dizer que eu, porque duvido e não conheço tudo, sou imperfeito. A ideia de um ser
perfeito existe no meu pensamento. Corresponde à ideia de um ser que possui todas as perfeições num grau
infinito. Mas, se esta ideia existe, será que existe um ser perfeito? Se Descartes conseguir estabelecer a
existência deste ser perfeito, terá alcançado uma nova verdade que irá ser de importância decisiva. Trata-se de
saber como, a partir da ideia de um ser perfeito, vai o sujeito pensante estabelecer a existência real de um ser
perfeito. Como só o que é perfeito pode ser a causa da ideia de perfeito (do imperfeito não nasce perfeito, logo
o sujeito pensante não pode ser a causa desta ideia), Descartes conclui que Deus existe uma vez que, faltando-
lhe a existência, faltar-lhe-ia a perfeição.
A teoria do erro e as três substâncias
O erro nasce da vontade e não do entendimento, erramos quando usamos mal a nossa liberdade e
julgamos verdadeiros os juízos que não examinámos.
Tipos de substâncias para Descartes:
- a substância pensante – cujo atributo essencial é o pensamento;
- a substância extensa – cujo atributo essencial é a extensão;
- a substância divina – cujo atributo essencial é a perfeição, a qual se identifica, em virtude da simplicidade divina,
com os vários atributos de Deus: omnipotência, omnisciência, suma bondade, etc.
Conclusões
O conhecimento é possível? A resposta de Descartes é afirmativa. Embora a dúvida pareça conduzir à
descrença na existência da verdade, Descartes não é um céptico. Com efeito, a dúvida propõe separar o
verdadeiro do falso, o que pressupõe a crença na existência de verdades. O cepticismo cartesiano é apenas
metodológico.
A razão dá-nos conhecimentos acerca da realidade independentemente da experiência? Descartes afirma
que sim, rejeitando o empirismo. Para ele os sentidos não são fonte de conhecimento seguro. Descartes rejeita a
ideia de que o conhecimento comece com a experiência porque os sentidos nos enganam.
Qual a extensão do nosso conhecimento? Podemos conhecer a realidade tal como é em si mesma? A
razão, apoiada na veracidade divina (Deus é garantia da clareza e distinção de todas as ideias inatas) pode
conhecer a essência das coisas, constituindo conhecimentos cuja objectividade escapa à dúvida.
Como é justificado o conhecimento? A objectividade do conhecimento, o facto de ser uma crença
verdadeira e não uma opinião, é justificada pela existência de um Deus cuja perfeição garante a verdade de todas
as minhas evidências.
Descartes combate o dogmatismo do realismo ingénuo. Deposita grande confiança na razão e ao
considerar ser possível alcançar a certeza e a verdade, a sua filosofia acaba por se poder adequar no âmbito do
dogmatismo.
David Hume: o empirismo céptico
Hume pensa que a capacidade cognitiva do entendimento humano é limitada, não existindo nenhum
fundamento metafísico para o conhecimento. O conhecimento deriva da experiência, tendo todas as crenças e
ideias uma base empírica, até as mais complexas. O objecto impõe-se ao sujeito.
Elementos do conhecimento
As percepções humanas são classificadas segundo o critério da vivacidade e da força. As percepções que
apresentam maior grau de força e vivacidade designam-se por impressões (sensações, emoções e paixões).
Enquanto vivenciadas e presentes ao espírito (entendimento). A percepção de algo presente aos sentidos é
sempre mais viva do que a sua imaginação ou representação.
As ideias ou pensamentos são as representações das impressões, ou seja, são as imagens enfraquecidas das
impressões, nunca alcançando a vivacidade e força iguais às destas últimas.
As ideias derivam das impressões. Não só cada ideia deriva de determinada impressão, como não podem
existir ideias das quais não tenha havido uma impressão prévia.
As nossas ideias, ou percepções mais fracas, são cópias das nossas impressões ou percepções mais intensas.
Ao analisarmos os nossos pensamentos ou ideias descobrimos que elas se resolvem em ideias tão simples como
se fossem copiadas de uma sensação ou sentimento precedente. Se acontecer que um homem, em virtude de
um defeito dos órgãos, não é susceptível de qualquer espécie de sensação, vemos sempre que ele é igualmente
pouco susceptível das ideias correspondentes.
Toda a realidade se pode reduzir à multiplicidade das impressões e das ideias, bem como das relações
entre elas. O critério usado para distinguir uma ideia verdadeira de uma ficção passa a ser a existência ou não de
uma impressão que lhes corresponda. Não há conhecimento fora dos limites impostos pelas impressões.
Uma consequência desta perspectiva empirista será a negação da ideia abstracta, ou seja, da ideia
desprovida de aspectos particulares e singulares. O que de facto existe são ideias particulares, com as quais
evocamos outras ideias semelhantes.
Impressões: São as percepções que apresentam maior grau de força e vivacidade. Nelas se incluem não
só as sensações, mas também as emoções e as peixões, enquanto vivenciadas e presentes ao espírito.
Ideias ou pensamentos: são, justamente, as representações das impressões, ou seja, são as imagens
enfraquecidas das impressões, nunca alcançando vivacidade e força iguais às destas últimas.

Tipos ou modos de conhecimento


Todos os objectos da razão ou investigação humanas podem naturalmente dividir-se em duas classes:
relações de ideias e questões de facto.
Relações de ideias: geometria, álgebra e aritmética; toda a afirmação que é intuitiva ou demonstrativamente
certa. Proposições deste tipo podem descobrir-se pela simples operação do pensamento, sem dependência do
que existe em alguma parte do universo. O conhecimento das relações que existem entre as ideias.
Questões de facto: o contrário de toda a questão de facto é ainda possível porque jamais pode implicar uma
contradição. Idêntico à realidade. Conhecimento de factos.
Embora estas ideias não deixem de derivar da experiência, a relação entre elas é independente da
experiência.
O conhecimento humano também se refere a factos. É tecer enunciados relativos a factos e cuja justificação
se encontra na experiência sensível, nas impressões. A certeza das proposições relativas a factos não se
fundamenta no princípio de contradição, já que é sempre possível afirmar o contrário de um facto. São por isso
proposições contingentes.
Causalidade e conexão necessária
É justamente na relação de causa e efeito que se baseiam os nossos raciocínios acerca dos factos. O nosso
conhecimento dos factos restringe-se às impressões actuais e às recordações de impressões passadas. Assim,
uma vez que não dispomos de impressões relativas ao que acontecerá no futuro também não possuímos o
conhecimento dos factos futuros.
Apesar disso, há muitos factos que esperamos ver no futuro. Ex: Um papel se queime se o atirarmos ao fogo.
O princípio da causalidade ‘’Todo o efeito tem uma causa’’ é o fundamento de todas as proposições
científicas sobre o mundo. Este princípio diz que há uma conexão ou ligação necessária entre dois
acontecimentos.
Exemplo: ‘’Sempre que há fogo (A) há fumo (B)’’
A ligação causal entre A e B é uma ligação necessária: é sempre assim, sempre foi e sempre será.
Em termos rigorosos a ligação causal entre dois fenómenos, uma vez que é necessária, implica afirmar que o
futuro será sempre como o passado. Assim, afirmar que A é causa de B, isto é, antecipar o que vai suceder com
toda a certeza, o que nos leva a afirmar que, acontecendo A, o fenómeno B não pode deixar de acontecer.
Assim, afirmar que o fogo é a causa do fumo é dizer que sempre que há fogo há fumo. A ideia de causalidade é,
em suma, a ideia de uma conexão necessária entre dois fenómenos.
Hume vai submeter o princípio de causalidade a uma análise crítica e rigorosa:
1. Observação de um facto: duas bolas de bilhar que chocam. Aparece a impressão sensível A, que Hume
descreve assim: ‘’vendo uma bola de bilhar imóvel em cima da mesa e outra bola que rapidamente se
move em direcção a ela’’. De seguida surge a impressão sensível B: ‘’as duas bolas chocam e a que antes
estava imóvel adquire, imediatamente, movimento.’’ Se continuarmos a jogar verificamos uma conjunção
constante entre A e B, em que B sucede a A.
2. Análise do fenómeno: como consequência da conjunção constante ou sucessão regular de A e B nasce na
nossa mente a ideia de relação casual ou conexão necessária. Dizemos então: sempre que se dá A
acontece B. Assim, pensamos que acontecendo A nunca poderá deixar de acontecer B. Ora, quando
dizemos que acontecendo A sempre acontecerá B estamos a falar de um facto futuro, qua ainda não
aconteceu. É aqui que Hume diz que ultrapassamos o que a experiência nos permite. Com efeito, para
Hume o conhecimento dos factos reduz-se às impressões actuais e passadas. Não podemos ter
conhecimento de factos futuros porque não podemos ter qualquer impressão sensível ou experiência do
qua ainda não aconteceu. Logo, a ideia de relação causal, de conexão necessária entre dois fenómenos
(sempre foi assim, sempre será assim) é uma ideia da qual não podemos ter qualquer impressão sensível.
Como o critério de verdade de um conhecimento factual é que a uma ideia corresponda uma impressão
sensível, não temos legitimidade para falar de uma relação casual entre os dados da experiência.

Segundo Hume nos inferimos que uma relação necessária entre causa e efeito pelo facto de estarmos
habituados a constatar uma relação constante entre factos semelhantes ou sucessivos. Contraímos assim o
hábito de dado um facto, esperarmos outro. A razão humana sente-se impelida a criar a ficção de uma
conexão necessária ou causal pela força do hábito e do costume. A constante relação de contiguidade
espacial e de prioridade temporal entre os fenómenos A e B, levam a razão a inventar uma relação que ela
julga necessária, mas da qual nunca teve experiencia e contudo a fixação de uma relação causal é útil, não só
para a nossa vida quotidiana, mas também é nela q se baseiam as ciências naturais ou experimentais.
O principio da causalidade considerado um principio racional e objectivo nada mais é do que uma crença
subjectiva, produto de um habito, desejo de transformação de uma expectativa em realidade.

O eu, o mundo e Deus


A inferência causal apenas se pode aceitar quando é estabelecida entre impressões. As três substâncias que
Descartes concebera clara e distintamente – o eu, o mundo (a realidade exterior) e Deus – deixam de fazer parte
do horizonte do nosso conhecimento.
Eu (um eu que vai sendo, e não é na totalidade)
Se Descartes achara indubitável a existência do eu pensante, Hume considera que não se deve recorrer a
qualquer tipo de intuição para justificar a existência do eu, como sujeito imutável dos vários actos psíquicos,
como substância dotada de realidade permanente. Só dispomos intuição de ideias e impressões, nenhuma delas
apresenta um caracter de permanência. Não sendo possível afirmar que existe o eu como substância distinta em
relação às impressões e às ideias.
Mundo (só temos conhecimento das coisas quando as percepcionamos, só existe nessa altura)
Afirmar a existência de uma realidade que seja a causa das nossas percepções e que seja distinta delas e
exterior a elas é algo desprovido de sentido. Trata-se de uma crença injustificável, já que não temos experiência
ou impressão de tal realidade. Toda a realidade é o que nós vimos, não sabemos se há uma realidade exterior.
São a coerência e a constância de certas percepções que nos levam a acreditar que há coisas externas, dotadas
de uma existência contínua e independente. É coerente que haja fora das percepções, mas não necessário. É
constante porque percepcionamos uma coisa como sendo sempre ela, leva-nos a acreditar que há uma realidade
exterior.
Deus
No que se refere à existência de Deus, reconhecendo que o que concebemos como existente também o
podemos conceber como não existente, Hume conclui que não existe um ser cuja existência esteja à partida
demonstrada. As provas da existência de Deus baseadas no princípio da causalidade são criticadas por Hume,
uma vez que partem das impressões para chegar a Deus; mas Deus não é objecto de qualquer impressão.

Conclusão
O empirismo de Hume traduz-se nas seguintes consequências:
- o fenomenismo: dado que só conhecemos as percepções, a realidade acaba por se reduzir aos fenómenos,
ou seja, àquilo que aparece.
- o cepticismo: a crença na existência de algo para lá dos fenómenos carece de fundamento. A capacidade
cognitiva do entendimento humano limita-se ao âmbito do provável.
Epistemologia
O conhecimento científico foi assumindo-se como a forma privilegiada de conhecer o real. De facto as
sociedades ocidentais foram gradualmente depositando toda a sua confiança e esperança na ciência,
sobretudo no que diz respeito às suas aplicações técnicas e tecnológicas.
Objectivos da epistemologia (examinando a ciência) pretende compreender:
- as suas principais características;
- o seu método ou modo específico de ler o real;
- os seus principais obstáculos;
- os seus critérios de validade;
- o seu valor em função dos seus objectivos.
A epistemologia é a filosofia das ciências, é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados
das diversas ciências, destinado a determinar a sua origem lógica, o seu valor e a sua importância objectiva. A
epistemologia tenta compreender o sentido do conhecimento científico, os seus principais obstáculos e o
modo como os ultrapassa.
Conhecimento vulgar – fonte e características
O conhecimento vulgar não resulta da reflexão. A observação irá dar origem a um conjunto de sensações
organizadas numa percepção. Aquilo que lhe pareceu à primeira vista pode, depois de um olhar mais atento,
ser considerado uma ilusão, uma aparência. Aquilo que percebemos da realidade pode surgir como uma
mera aparência, uma ilusão, um erro ou algo que, embora pareça o que é, efectivamente não é. Alguns
exemplos destas aparências:
- Era aparentemente evidente que a Terra era plana, porque todos podiam facilmente verifica-lo. Não o
aceitar significaria admitir que tem em algum ponto da Terra viveriam, absurdamente, pessoas de cabeça
para baixo!
A fonte destes conhecimentos são as experiências sensitivas, isto é, as experiências associadas aos
nossos órgãos sensoriais. Relacionamo-nos como mundo que nos rodeia, antes de mais, através dos
sentidos. São eles que nos permitem diversos tipos de experiências: o conhecimento vulgar ou senso
comum.
O conhecimento vulgar é o primeiro nível de conhecimento e constitui-se a partir da apreensão sensorial
espontânea e imediata do real. Resulta de nenhuma procura sistemática e metódica, nem exige qualquer
estudo prévio. O senso comum é indisciplinar e imetódico, na medida em que não decorre de nenhum plano
prévio, surge espontaneamente no suceder quotidiano da vida. O senso comum é prático na medida em que
é com base nele que orientamos a nossa vida quotidiana. Aplica-se de imediato quando surge um problema,
é imprescindível.

Principais características:
- espontâneo e imediato, porque não há qualquer estudo.
- superficial, constitui a primeira visão sobre a realidade. Não a aprofunda, não crítica.
- assistemático e desorganizado, acontece de forma desorganizada, aparece conforme os problemas.
- dogmático e acrítico, acredita que os sentidos dão conhecimento do real.
- sensitivo, tem origem nos sentidos.
- subjectivo, não é rigoroso, feito de emoções.
- ametódico e não disciplinar, não segue regras, não segue métodos, não se estuda.
O conhecimento vulgar é o conjunto desorganizado de opiniões subjectivas, suposições,
pressentimentos, preconceitos e ideias feitas que nos conduzem a uma visão superficial e funcional, embora,
por vezes, errónea da realidade.
Sendo o conhecimento mais imediato que podemos retirar da realidade, ele será, assim, e na perspectiva
de Karl Popper, o ponto de partida para qualquer conhecimento mais aprofundado do real – o científico. Mas
o facto de se constituir como ponto de partida não significa que não tenhamos de o corrigir, de o reformular,
numa palavra, de o criticar. É o ponto de partida porque é a partir das ideias que vai começar o estudo.
Gaston Bachelard considera-o como um obstáculo epistemológico, ou seja, como algo que, por si,
impede a produção de conhecimento científico. Por conseguinte, não basta criticar o conhecimento vulgar, é
preciso romper totalmente com ele. É um obstáculo porque como ele é evidente não temos dúvidas e por
isso não resolvemos nada, não há avanços, não há problemas. É evidente porque os sentidos mostram as
coisas e por isso não vou duvidar deles, não vou meter questões.

Conhecimento científico – características e evolução


O conhecimento científico representa um nível de conhecimento mais aprofundado do real do que o
conhecimento vulgar. Distingue-se deste na medida que:
- transforma as qualidades em quantidades (através dos instrumentos de medida)
- unifica racionalmente a diversidade empírica
- estabelece relações entre os fenómenos observados.
A crítica ou ruptura que o conhecimento cientifico estabelece com o conhecimento vulgar resulta de uma
atitude diferente face ao real.

Atitudes face ao real


 Conhecimento vulgar – resulta de uma atitude passiva; é sensitivo; confia nos sentidos; manifesta-se
numa atitude dogmática; é prático; é subjectivo; é imetódico e assistemático.
 Conhecimento científico – resulta de uma atitude activa; é racional; desconfia dos sentidos; manifesta-se
numa atitude crítica; é explicativo; é objectivo; é metódico e sistemático.

Ciência – atitude problematizadora, crítica e planeada.


A ciência antiga ou filosofia procurava as causas primeiras dos fenómenos naturais, a ciência encontrava-
se ainda no seu estado teórico.
A ciência moderna nasce com Galileu e Newton. Autonomiza relativamente à filosofia e torna-se no
conhecimento que procura formular mediante linguagens rigorosas e apropriadas leis por meio das quais se
regem os fenómenos. A matematização, a verificação experimental, a lei científica, a ideia de ordem, de
determinismo são dominantes neste estado de evolução da ciência.
A ciência pós-moderna está associada ao surgimento da teoria da relatividade de Einstein e aos avanços
da física quântica, está marcada pelas ideias de relatividade, incerteza, indeterminismo e probabilidade.
O conhecimento científico caracteriza-se por:
- objectivo, ter em atenção o facto, excluindo as apreciações subjectivas
- resultar de um método específico apoiado na verificação e no controlo experimentais
- resultar da formulação de hipóteses
- ser constituído por um conjunto de teorias
- ser legislador, pois procura as leis que exprimam a invariância e a repetibilidade dos factos (determinismo)
- ser preditivo, na medida em que prevê a ocorrência de novos fenómenos
- ser revisível, pois encontra-se sujeito a correcções
- ser provisório, até surgir outra teoria mais eficaz e mais próxima da verdade.

Ciências naturais e ciências sociais e humanas


Comte, considerado o pai do positivismo – corrente da epistemologia que atribui à ciência empírica o
carácter de modelo perfeito do verdadeiro conhecimento.
A corrente positivista tem como modelo de ciências as ciências naturais. Para ser considerado
conhecimento científico, qualquer saber deveria submeter-se às mesmas regras que estas ciências. Caso
contrário, tratar-se-ia de um conhecimento obscuro, mas não científico.
Excluídos do estatuto de cientificidade, as ciências sociais e humanas. Para os positivistas existiria um só
método e uma única explicação legítima.
As ciências sociais e humanas têm como objecto a condição humana, cujo estudo coloca algumas
dificuldades ao investigador:
- a coincidência entre sujeito e objecto de investigação, o investigador não consegue ser objectivo.
- a não universalidade dos fenómenos sociais, fenómenos contextualizados.
- a dificuldade em produzir previsões fiáveis, pois os fenómenos sociais são histórica e culturalmente
condicionados, não podemos prever com rigor.
Nesta sequência, não é possível que as ciências sociais e humanas, tendo um objecto diferente, se
submetam aos mesmos esquemas causalistas e mecânicos das ciências naturais. Se o modelo das ciências
naturais é explicativo (estabelece relações de causalidade), o modelo das ciências sociais e humanas é
compreensivo (interpreta sentidos culturais, históricos, psicológicos, etc., da realidade humana). É o rigor do
método que lhes assegura o estatuto de cientificidade e não as características do seu objecto.

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