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Âmbito da disciplina de Filosofia- Profª Maria Elisabete Fonseca

TEORIAS DE
DESCARTES E DAVID
HUME

Trabalho realizado por:

Carolina Maria Silveira Lopes nº8


Leonor Teixeira Pinto nº14

Índice
● Introdução
● Biografia de Descartes e de David Hume
● O racionalismo de Descartes

-fundacionalismo

- A dúvida

- Cogito / Cogito cartesiano

- Tipos de crenças

- Deus existe?

- Tipos de ideias

● Teoria explicativa de David Hume

- Empirismo / Perceções da mente

- Associação de ideias - Tipos de conhecimento

- Princípio da causalidade: conexão necessária, conjunção constante

- A ideia de "Eu" e de Deus

- O ceticismo de David Hume: Ceticismo moderado

● Comparação das duas teorias


● Apreciação crítica

Introdução

O conteúdo deste trabalho baseia-se na apresentação das teorias explicativas de


Descartes e David Hume, assim como na comparação das mesmas relativamente ao
problema do conhecimento.
Abordamos ainda a epistemologia, uma parte da filosofia que inclui o estudo do
conhecimento humano, assim como a origem (fonte), a natureza e as possibilidades do
mesmo.

Biografias

René Descartes nasceu em 1596 e morreu em 1650. Foi um filósofo e matemático


francês e criador do pensamento cartesiano. Foi um dos filósofos mais importantes da idade
média, considerado o primeiro filósofo racionalista.

David Hume nasceu em 1711 e morreu em 1776. Foi um filósofo, historiador e


ensaísta britânico nascido na Escócia, que se tornou uma figura célebre pelo seu empirismo
radical e ceticismo filosófico.

O racionalismo de Descartes

Descartes é um fundacionalista racionalista que considera o conhecimento um


fundamento racional e que a razão é a fonte de justificação das nossas crenças. O seu
principal objetivo era demonstrar que há crenças justificadas e que o conhecimento é
possível.

Descartes, comparava o nosso conhecimento a um edifício pois preocupava-se com


a solidez do mesmo, queria ter conhecimentos seguros. Assim, teríamos que destruir os
velhos materiais do edifício do conhecimento e construir um novo para encontrar um ponto
de partida sólido,assim criou a dúvida que consiste em duvidar de todas as crenças onde
existe a mais pequena incerteza e considerar ,provisoriamente, que as crenças são falsas
se não passarem no teste da dúvida com o objetivo de encontrar crenças induvitáveis e
fundacionais.

Depois de colocar tudo em dúvida, Descartes chega a sua primeira conclusão "
Cogito, ergo sum" (penso logo existo). Este fundamento deve-se ao ato de duvidar, se
duvida pensa, se pensa existe, e assim surgiu o cogito cartesiano que é como tal, uma
crença indubitável porque não conseguimos duvidar da sua verdade, uma verdade racional
a priori, foi descoberta através da intuição racional e não da dedução, uma substância
pensante (reg cogitans) distinta e independente da existência do corpo e uma crença
fundacional porque se trata de uma crença básica,autojustificado.

Existem 2 dois tipos de crenças que se sustentam uma à outra estas crenças são
infalíveis, incorrigíveis, indubitáveis e podem resultar da observação ou da análise e as
crenças resultam da observação de factos (realidade empírica), e resultam também da
análise e de conceitos relevantes.

As crenças a posteriori são as que se baseiam nos sentidos do nosso corpo, é


uma experiência sensorial, assim o filósofo começa por aceitar o argumento cético da
ilusão. Estas crenças não passam no teste da dúvida pois Descartes diz que os sentidos já
nos enganaram e já nos fizeram acreditar no que era falso. A hipótese do gênio maligno é
uma experiência mental onde Descartes imagina que existe um Deus enganador que
manipula os nossos pensamentos. As crenças a priori não passam no teste da dúvida pois
o génio maligno pode fazer-nos acreditar em proposições que podem ser falsas.

A existência de Deus comprova-se com o argumento ontológico (a perfeição implica


a existência), a ideia de perfeição tem de vir de um ser perfeito que é Deus, se Deus é
perfeito, então existe. Para ser perfeito, um ser tem de possuir todos os critérios que o torna
perfeito, logo tem de possuir o critério da existência, ou seja, tem de existir.

Existem 3 tipos de ideias que permitem perceber como Descartes recebeu esta ideia
de perfeição de Deus. Primeiro existe a ideia inata que são as ideias que já nascem
connosco por exemplo a ideia da existência, segundo existe a ideia factícia que são as
ideias fabricadas pela a imaginação como por exemplo as sereias e por fim existem as
ideias adventícias que têm origem na experiência sensível como por exemplo sentir fome.

Teoria explicativa de David Hume

A teoria de David Hume responde à questão da origem e à validade do


conhecimento através da experiência sensível do ser humano.
Sendo assim, ele é o principal defensor do empirismo a posteriori, ou seja, David Hume
defende que todo o conhecimento tem por base e limite a experiência.
Segundo o filósofo, o ponto de partida para o conhecimento são as perceções da mente
que são tudo o que há na nossa mente, e que nos faz adquirir toda a informação acerca do
mundo.
Estas perceções estão divididas em dois tipos: impressões e ideias.
As impressões são perceções mais vivas e intensas associadas por exemplo aos sentidos
do ser humano (visão, olfato, audição, tato e paladar) e até mesmo as emoções como a
alegria e o medo. As ideias são menos vivas e menos intensas por serem cópias das
impressões (princípio da cópia). Resultam ainda da combinação de várias ideias simples e
de recordações.

Segundo David Hume, as ideias seguem um determinado princípio de associação.


A associação de ideias rege-se pela: semelhança que consiste na ideia de dois
objetos que se assemelham, então um deles faz referência à ideia do outro objeto
(exemplo: O formato da maçã faz lembrar todas as outras), contiguidade no tempo e
espaço significa quando duas ideias são próximas no tempo e espaço, a consideração de
uma ideia lembra a consideração da outra (exemplo: A escola faz-nos pensar nos alunos,
professores, funcionários, etc) e relação entre causa e efeito demonstra o valor de dois
objetos ou acontecimentos e como ambos estão ligados, tornando um em causa e outro o
efeito. (exemplo: Colocar o dedo na tomada (causa) e levar um choque (efeito)).

Hume considera que podemos obter dois tipos de conhecimento:


Conhecimento a priori cuja sua verdade não depende da experiência, este conhecimento
vai ao encontro das relações de ideias, que consistem num conhecimento dedutivo e
necessário, que nada nos diz sobre o mundo (exemplo:1+1=2)
Conhecimento a posteriori traduz a sua verdade através da experiência sensorial, já este
vai ao encontro das questões de facto, sendo o conhecimento destas indutivo, ou seja,
não passa por uma dedução, e dá-nos conhecimento sobre o mundo (exemplo: A neve é
branca).

Estas questões de facto referidas anteriormente assentam na relação entre causa e


efeito, isto é, a crença da existência de um sentido entre um facto e o que lhe sucede
necessariamente. O princípio de causalidade consiste na conexão necessária de dois
acontecimentos, ou seja, sempre que surge um acontecimento, surgem inevitavelmente as
ideias de causa e efeito.
Mas David Hume apresenta uma perspetiva diferente da ideia de causalidade, este
defende que as, as causas e os efeitos não podem ser conhecidos pela razão.
Tendo por base, a conjunção constante entre os fenómenos e não a conexão necessária
entre causa e efeito pois esta não é resultado de qualquer impressão. Verificando a
conjunção constante entre os acontecimentos leva-nos a considerar que há uma relação de
causalidade, ou seja, o acontecimento A causa o acontecimento B que se torna o efeito.

Enquanto para Descartes, a existência de um eu pensante era indubitável, ou seja,


não pode ser objeto de dúvida. Para David Hume, a ideia de um eu é um conjunto de
impressões particulares que nunca vivenciamos e que não permanecem no nosso
pensamento.

No que diz respeito à ideia de Deus, para Hume, trata-se de uma ideia complexa
que resulta da nossa imaginação. Hume descarta o argumento ontológico de Descartes,
pois não existe nenhum ser cuja existência tenha sido demonstrada, assim,como não existe
qualquer ser cuja não existência implique refutação.

A ideia de Deus parte das impressões que temos, o que faz a imaginação elevar ao
máximo as qualidades das quais tivemos impressões e reuni-las criando uma ideia
complexa, mas a verdade é que não temos qualquer impressão que corresponde à ideia de
Deus, assim não podemos afirmar a sua existência.
Mas o filósofo, acrescenta ainda às suas conclusões céticas, que a crença na existência de
um eu permanente e na existência de Deus é injustificada.

David Hume defende o ceticismo moderado por este não rejeitar a possibilidade de
conhecer a realidade, mas reconhecendo a imperfeição e os limites do entendimento
humano. O conhecimento deste ceticismo apresenta limites como a experiência, limitando
as investigações à nossa capacidade cognitiva. Hume defende também que o seu ceticismo
se reduz a fenómenos, ou seja, àquilo que aparece. E por último, baseia-se na injustificação
das crenças da existência de um eu permanente e das ideias de Deus já referidas.

Comparação das duas teorias

Comparando as duas teorias vimos que o propósito da teoria de Descartes é


encontrar um princípio racional indubitável de modo a justificar o conhecimento, a sua fonte
de conhecimento é a razão ou o pensamento-racionalismo, existem 3 tipos de ideias as
adventícias, as inatas e as factícias, o conhecimento a priori caracteriza-se acerca do
mundo e é este conhecimento o fundamento do conhecimento a posteriori, o conhecimento
é possível sendo um conjunto de verdades indubitáveis e por fim que não há limites mas
pela razão podemos atingir os 3 seguintes atributos de tipos de substâncias: pensante,
divina e extensa.

Quanto a teoria de David Hume o conhecimento é desenvolvido através da


experiência sensorial, a qual está dividida em duas partes: impressões e ideias, a fonte do
seu conhecimento deve-se a experiência, e existem semelhança, contiguidade no tempo e
espaço e relação na causa e efeito, o conhecimento a priori caracteriza-se por um
conhecimento que não é substancial e todo o conhecimento que nos informa sobre o mundo
é a posteriori, só temos conhecimento do que pode ser reconduzido às impressões e por
fim só podemos conhecer o que é reconduzido às impressões, não encontramos
impressões do eu pensante e de Deus.

Apreciação crítica

A propósito de Descartes, podemos dizer que a filosofia de Hume é, precisamente, o


oposto da de Descartes. Se Descartes acreditava em ideias inatas, David Hume nega
rigorosamente tal facto, pois todas as nossas ideias resultam do que percecionamos com os
nossos sentidos.

Significa isto que não podemos ter qualquer certeza da existência de uma alma, e
ainda menos da existência de Deus. Como não temos uma experiência física destas
realidades, não podemos falar na existência de Deus.

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