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A Ludicidade e a Contação de História na Educação Infantil

Nauane Cardoso1
Mariana Cardoso2
Claudia Simone de Freitas Munhoz3
Maria Cristina Máximo Almeida4

RESUMO
Esse trabalho de conclusão de curso tem o objetivo de mostrar a importância da
ludicidade e a contação de histórias, sendo de estudo totalmente reflexivo em bases
teóricas. Será realizado uma abordagem sobre os fundamentos na educação infantil,
por qual motivo a ludicidade deve ser incentivada para esse ensino, uma breve
reflexão sobre a visão histórica da sociedade mediante as crianças, quais as
contribuições do ensino lúdico e da literatura para o ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Educação Infantil. Literatura infantil. Contação de Histórias.
Ludicidade. História.

1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho de conclusão de curso tem como objetivo mostrar a importância


da Ludicidade através da literatura no processo de aprendizagem da educação infantil,
trazendo também uma reflexão sobre a influência da contação de histórias no
desenvolvimento dos alunos. Como isso pode afetar positivamente o seu ensino-
aprendizagem, agregando ao seu lado ativo e crítico.

O processo do desenvolvimento através da literatura precisa ser significativo


para se tornar marcante no decorrer da vida do estudante, deve mostrar a ele como o
ato do ler pode agregar valores e ensinamentos, sendo prazeroso ao mesmo tempo.
O professor será um mediador nessa aprendizagem, conduzindo o aluno a se tornar
um leitor ativo.

Também será abordado de forma direta os fundamentos básicos da educação


infantil e o desenvolvimento dos campos de experiências, como pode ser usado a
contação de histórias nesse processo de aprendizado, será conceituado a ludicidade

1 Acadêmico(a) do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera.


2 Orientador(a). Docente do curso de Pedagogia da Faculdade Anhanguera.
3 Orientador(a). Docente do curso de Pedagogia do Centro Universitário Anhanguera de São Paulo –

Unidade Marte/SP.
4 Orientador(a). Docente do curso de Pedagogia do Centro Universitário Anhanguera de São Paulo –

Unidade Marte/SP.
na aprendizagem do ensino infantil, quais métodos poderão ser utilizados dentro da
literatura como um ato lúdico.

A criança por si só tem um lado de interesse na literatura, mas cabe aos


pedagogos e responsáveis estimularem e tornar essa aprendizagem significativa, pois
não é somente na fase adulta que a literatura está presente, ela deve ser introduzida
desde a primeira infância.

A educação infantil é indispensável para o aprendizado e desenvolvimento da


criança, ela é a base da introdução na vida escolar do indivíduo. A BNCC (Base
Nacional Comum Curricular) prevê a importância com 06 direitos básicos de 0 a 5
anos de idade, sendo eles: “conviver, brincar, participar, explorar, expressar e
conhecer-se”. (Brasil, 2018).

Os direitos têm como principal foco garantir a aprendizagem e experiências dos


alunos, eles são previstos para o desenvolvimento da autonomia na criança, seu
preparo para a contribuição na sua sociedade.

Na educação infantil existe um caráter lúdico na aprendizagem, com prioridade


no desenvolvimento pleno e integral das crianças. Através da literatura pode ser
desenvolvido a imaginação, curiosidade, desejos, vivências e tantos outros
sentimentos, com ela pode haver uma opinião ou ideia, informar e educar.

A literatura traz vivências do mundo, independentemente do gênero que


emprega, sempre traz um pouco da realidade e temas relevantes para a sua atual
época ou posteriores, ela instiga a imaginação através das descrições que são
contadas, emoções de medo, ansiedade, afeto ou tristeza, ela desperta a percepção
dos sentidos.

Com o literário é possível trabalhar os questionamentos e fazer com que a


criança reflita sobre temas relevantes do seu cotidiano, com ela pode ser trabalhada
a história, havendo sempre um desenvolvimento.

Este trabalho de TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) é uma revisão


bibliográfica, pois tem como caráter compreender os objetivos da ludicidade e
contação de histórias na Educação Infantil.
Está caracterizada por qualitativa e descritiva, pois será abordado as teorias da
ludicidade, literatura e a contação de histórias por meio de artigos, monografias, sites,
livros e revistas acadêmicas.

A pesquisa tem como foco mostrar quais as contribuições da literatura e a


contação de histórias para o aprendizado e desenvolvimento das crianças na
educação infantil, esse tema foi escolhido por um apresso pela literatura e a
importância deste para o indivíduo, principalmente na primeira infância, onde é a base
da educação escolar.

2. Os fundamentos na educação infantil

Na educação infantil existem seis fundamentos básicos para o aprendizado,


como já foi citado na fundamentação teórica, esses direitos se estabelecem para
promover o desenvolvimento integral e as experiências do dia a dia dos alunos de 0 a
5 anos.

Além desses fundamentos, temos os cinco campos de experiência da BNCC


(Base Nacional Comum Curricular) que trabalham: O eu, o outro e o nós, corpo gesto
e movimentos, traços sons cores e formas, escuta, fala, pensamento e imaginação,
espaço, tempo, quantidades, relações e transformações. Esses campos mostram uma
mudança no currículo da Educação Infantil, onde a criança deixa de ser apenas uma
receptora e passa a ser vista como reprodutora de cultura.

Esses campos juntamente com os fundamentos básicos compõe a estrutura do


desenvolvimento na Educação Infantil, eles ajudam a trabalhar os aspectos da
criança, como por exemplo a exploração de mundo, as bagagens de conhecimentos
prévios, a interação com o próximo e outros conceitos que formam a aprendizagem.

Outro fundamento importante é a elaboração de um plano para o desenvolvimento


do currículo na aprendizagem do aluno, onde deverá conter os objetivos a serem
alcançados e de que maneira será o aprendizado dessa criança.

No livro Fundamentos na Educação Infantil: Ensinando Crianças em Uma


Sociedade Diversificada de Janete Gonzalez Mena afirma que: “Em vez de separar
matérias ensinadas em momentos distintos, o processo de ensino-aprendizagem
ocorre de maneira holística ao longo do dia”. (Mena, 2015, pág. 07).
O currículo holístico se baseia no todo e não somente no aprendizado por partes,
ele foca no ensino interdisciplinar, na exploração dos conhecimentos do indivíduo.
Dentro de uma simples atividade pode estar sendo trabalhado mais de um campo de
experiência.

A educação infantil é a introdução da vida escolar do indivíduo, é onde existe o


contato com o outro além do familiar, trabalhando a cultura, autonomia, o saber ativo,
desenvolvendo a construção do conhecimento, o aluno sendo o centro do seu
aprendizado e o professor sendo o mediador dele.

A escola é fundamental para desenvolver o apreço pelo saber que será adquirido,
as bagagens do ensino infantil devem ser significativas, para que no decorrer da sua
vida escolar ele tenha um desenvolvimento marcante na sua aprendizagem.

O educador deve se atentar ao contexto social em que essa criança está inserida
e fazer com que o aprendizado chegue na vivência desse aluno. Um fator importante
é a união entre escola e família, quanto maior for o laço entre essas duas partes, mais
fácil ficará o aprendizado do educando.

Além disso, não podemos lidar com a criança fora de contexto. A criança
chega a nós vinda de uma família com um passado e um futuro- uma família
que faz parte de um grupo racial, étnico, cultural, linguístico e
socioeconômico. Não recebemos em sala de aula apenas a criança
individualmente, mas também a sua família. (MENA, 2015, p. 17).

Pode ser ressaltado também como um fundamento o profissionalismo desse


pedagogo que deverá estar sempre atualizado, em constante estudo de quais
melhores formas de mediar o aprendizado dessa criança. Mas deve estar atento, nem
sempre os métodos utilizados servirão para todos, afinal cada indivíduo possui sua
forma de adquirir os conhecimentos. No livro Fundamentos na Educação Infantil:
Ensinando Crianças em Uma Sociedade Diversificada de Janete Gonzalez Mena diz
o seguinte: “Podemos planejar uma atividade com objetivos intelectuais em mente,
mas jamais poderemos ignorar como a criança irá responder, física ou
emocionalmente”. (MENA, 2015, p. 6)

Além do professor seguir os fundamentos básicos da educação infantil e os


campos de experiência, ele precisa atuar na aprendizagem desse aluno dentro das
normas da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), dos Parâmetros Nacionais da
educação e as legislações vigentes, tendo ciência que instruirá esses estudantes para
se tornarem cidadãos ativos e que contribuam de forma crítica para a sua sociedade.

2.1 OS CONCEITOS BÁSICOS DOS CINCOS CAMPOS DE EXPERIÊNCIA NA


EDUCAÇÃO INFANTIL

Os campos de experiência foram criados com o intuito de reorganizar o


aprendizado dos alunos da educação infantil, antes havia um olhar para as crianças
pequenas somente sobre o “cuidar”, hoje é visto que vai além, afinal eles estão sendo
introduzidos na base da vida escolar, tendo como objetivo o bom desenvolvimento e
favorecendo o crescimento infantil.

Abaixo será abordado de forma objetiva cada conceito que a BNCC (Base
Nacional Comum Curricular) traz dentro dos campos de experiência para o ensino
infantil e quais são as suas finalidades.

• O eu, o outro e o nós: A criança passa a interagir com meios além do familiar,
criando uma autonomia, independência e o seu jeito próprio de agir, aqui ela
tem a interação com o próximo reconhecendo que existem meios de vida
opostos do seu.

A interação com pessoas fora do seu convívio é extremamente importante, pois


ela aprende a viver em um grupo social, onde existem regras e valores, a partir disso
é fundamental trabalhar a multiculturalidade para que seja apresentado outras culturas
e costumes, modos de pensar e agir, desenvolvendo a empatia e o respeito com aquilo
que está fora do seu dia a dia.

• Corpo, gestos e movimentos: Será apresentado para a criança diferentes


culturas e ampliando os seus conhecimentos com a exploração do mundo,
sentidos e linguagens. Aqui é essencial trabalhar o lúdico, seja através de
dança, música ou teatro,

Nesse campo as brincadeiras tomam conta, mas o professor deve se atentar que
precisa tornar essa aprendizagem significativa, trazendo um objetivo, como exemplo
o faz de conta, onde a criança irá explorar a sua imaginação e autonomia em criar
suas próprias brincadeiras.
• Traços, sons, cores e formas: Nesse campo é fundamental trabalhar
diferentes manifestações artísticas, aqui o aluno deverá desenvolver
preferências sonoras, músicas tanto da sua cultura quanto de outras universais.

O professor pode trabalhar as formas dos objetos, introduzir as cores e suas


misturas, podendo enfatizar as linguagens visuais, desenvolvendo o apresso pela arte
e as próprias manifestações, sua autoria, expressando os seus sentimentos e os
pensamentos através da sua arte e cultura.

• Escuta, fala, pensamento e imaginação: Nesse campo o pedagogo deverá


desenvolver experiências em que a criança poderá falar e ouvir, focando na
cultura oral desse aluno, afinal as crianças começam a ter suas primeiras
interações desde o seu nascimento através da fala, sons, cores e movimentos.

Aqui o professor também deverá enfatizar a imaginação e o pensamento, na


educação infantil é presente a contação de histórias, narrativas e imagens, é essencial
que seja desenvolvido os questionamentos dentro do seu contexto da realidade com
o desenvolvimento de aulas que a literatura se faça presente.

• Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações: Esse campo


de experiência é fundamental para desenvolver a curiosidade das crianças com
relação as manifestações naturais e socioculturais, como por exemplo os
fenômenos que acontecem no mundo físico e o sociocultural que se dá através
das relações sociais entre as pessoas do seu convívio.

É necessário mostrar a essa criança o espaço onde ela está inserida e o seu
contexto social, também é muito importante obter uma introdução das quantidades,
mostrar como a matemática está no seu dia a dia.

Os campos de experiências são fundamentais para lidar com questões da


sociedade onde essa criança está inserida, ela lidará com diversas situações sociais
e relações interpessoais, cabe ao professor mediar esse desenvolvimento, elaborando
aulas lúdicas e bem-preparadas para esse aluno, sendo o seu aprendizado
significativo e abrangendo o seu contexto social.

Uma alternativa que será mostrada no decorrer desse trabalho de conclusão de


curso para o desenvolvimento desses fundamentos na educação infantil é a literatura
e a contação de histórias e quais as contribuições que ela pode trazer no aprendizado
da criança.

Vimos nos campos de experiências o que deve ser desenvolvido nessa faixa
etária e será realizado uma reflexão de qual o papel da literatura nesse contexto, afinal
ler traz vivencias de mundo em que a criança irá despertar a imaginação e criticidade
para a sociedade que ela convive.

3. A Ludicidade e a Aprendizagem na Educação Infantil

A Ludicidade na educação se refere a todo tipo de aprendizagem que seja


desenvolvida de forma significativa e prazerosa. A ludicidade pode ser usada para
qualquer ano de formação do aluno, porém é mais utilizada na educação infantil, afinal
a criança por si só interpreta o mundo e as suas vivências de forma lúdica.
No livro Desafios da Educação na Contemporaneidade, Cabral afirma que: “De
acordo com Almeida (1995, p. 01) “O lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus”
significa “jogo”, mas o sentido vai muito além. Para Santin (2001), ludus significa se
“divertir”. (apud CABRAL, 2022, p. 77).
A aprendizagem na educação infantil pode se tornar marcante com a ludicidade,
afinal essa metodologia traz as vivências da criança para sala de aula, fazendo com
que eles se sintam entusiasmados com o seu aprendizado. A primeira infância é a
base das descobertas, sejam do mundo ou de si próprio, tais conhecimentos precisam
ser adquiridos de forma ativa,
A aprendizagem lúdica faz com que a criança desenvolva o seu cognitivo,
afetivo e social, ela também tem um espaço criativo no aprendizado do aluno, afinal a
sua imaginação será instigada, o lúdico é algo ativo e dinâmico, ele permite que a
criança interaja com outras, proporcionando uma experiência significativa e de trocas.
A ludicidade sempre existiu, afinal o “brincar e o “divertir” faz parte da essência
das crianças, é algo natural e espontâneo no seu desenvolver, elas enxergam o
mundo de forma mais significativa e toda descoberta é uma experiência nova, eles
aguçam sua própria curiosidade, a diferença é que por ela ser uma aprendizagem
dinâmica, pode mudar de acordo com o seu contexto.
A atividade lúdica é muito viva e caracteriza-se sempre pelas transformações,
e não pela preservação, de objetos, papéis ou ações do passado das
sociedades [...]. Como uma atividade dinâmica, o brincar modifica-se de um
contexto para outro, de um grupo para outro. Por isso, a sua riqueza. Essa
qualidade de transformação dos contextos das brincadeiras não pode ser
ignorada. (FRIEDMANN, 2005, p. 20, apud CABRAL, 2022, p. 76).

Antes essa metodologia não carregava uma importância grande, pois o “cuidar”
e o “brincar” não havia valor algum para a aprendizagem, era somente uma simples
característica da criança, como se estivesse em um mundo só seu. Conforme foram
surgindo estudos que mostravam a importância da ludicidade no desenvolvimento e
que cabia ao professor mediar e tornar a “diversão” em aprendizado, ela foi adquirindo
mais credibilidade.
Muitos estudos sobre os vários tipos de brincadeira que as crianças
desenvolvem têm mostrado como, por meio das brincadeiras, as crianças se
constituem como indivíduos, com um tipo de organização e funcionamento
psicológico próprios, utilizando certos meios comportamentais extraídos de
seu registro de competências, em cada período de vida, e das aquisições e
modificações que sua microcultura impõe. (OLIVEIRA, 2012, p. 56).

Ainda assim atualmente existem pedagogos e instituições escolares que não


confiam nessa abordagem, continuam com uma aprendizagem passiva, sem dar valor
ao protagonismo do aluno, não há um estímulo no lúdico, porém eles devem se atentar
que através dessa metodologia o aluno além de descobrir a si mesmo, o professor
também terá uma experiência de saberes.
As atividades lúdicas trazem significados que podem ser compartilhados
entre as crianças, ele faz com que situações do dia a dia sejam trabalhados de forma
descontraída, com elas são ensinados valores sociais, manuseios de objetos, regras,
palavras, criticidade etc.
Com o lúdico uma criança pode usar sua imaginação em uma brincadeira e
realizar uma cena de “teatro” sem se dar conta que está fazendo exatamente isso,
exemplo: fazer falas “espontâneas” de situações que aconteceram com a sua família
e cada colega representa um personagem, como o papai, mamãe e filhinho.
Na educação infantil a criança usa de representações em suas brincadeiras
pessoas, objetos, animais e lugares que fazem parte da sua realidade e convivência,
tudo aquilo que lhe é familiar, onde existe um significado socioemocional e marcante,
podendo também representar situações já vivenciadas.
Através do lúdico também é possível trabalhar a interação entre as crianças,
como já foi citado “compartilhar significados”, ter algo em comum, não sendo
confundido com o comportamento, pois as crianças são seres ativos assim como nós,
cada um possui sua característica própria. O compartilhamento pode ocorrer na
formação das brincadeiras, o ato de pensar juntos em algo lúdico e ali cada um irá
trazer aspectos das suas vivencias para serem representadas.
3.1 CARACTERIZANDO A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO AS HABILIDADES
UTILIZANDO A LUDICIDADE.

Como foi citado a ludicidade trabalha as habilidades cognitivas,


socioemocionais, psicomotoras e sociais, abaixo será caracterizado em três tópicos a
importância de cada uma para o desenvolvimento na educação infantil.

• Habilidades Socioafetiva: Conforme a criança estabelece relações com tudo


aquilo que está ao seu redor ela se depara com desejos, vontades, limitações
e conflitos, essas características constrói habilidades sociais, permitindo com
que a criança tenha diferentes perspectivas sobre o mundo e as suas
personalidades, fazendo com que ela estabeleça suas capacidades
emocionais.

Realizar atividades em grupo, que trabalhe a igualdade, o respeito e a


cooperação são fundamentais, com isso é possível fazer uma reflexão com os alunos
sobre o conhecer a si e o outro, suas características únicas, valores que são
importantes para a convivência em sociedade.

Uma outra atividade lúdica válida para habilidade socioafetiva é através da


literatura, com ela é possível ajudar a criança compreender as suas emoções, afinal
ninguém nasce sabendo que algo que te machuca ou te deixa feliz é chamado de
tristeza ou alegria, ler proporciona conhecer culturas, abranger conhecimentos e
precisa ser incentivado desde a primeira infância.

• Habilidades Cognitivas: O cognitivo é fundamental, pois ele favorece os


processos mentais e diversos conhecimentos sobre o mundo, desenvolvimento
da coordenação motora, compreensão da relação causa e efeito, por exemplo
como os eventos se influenciam, aquisição da linguagem, aumento da
imaginação e criatividade, capacidade de concentração e memorização e entre
outros.

É possível estimular o cognitivo através de atividades em que a criança poderá


utilizar objetos, como por exemplo manusear sucatas para transformar em brinquedos,
trabalhando assim a criatividade, imaginação, consciência em preservar o meio
ambiente e a reutilização de materiais.
• Habilidades Psicomotoras: Conforme a criança vai se desenvolvendo ela
permite que uma nova curiosidade seja estabelecida e assim é com o seu
trabalho corporal. O toque em objetos com formatos diferentes, o sentir a
textura de materiais com relevo, tudo isso faz parte das descobertas, além
desses aspectos o psicomotor possibilita a expressão de sentimentos,
pensamentos e ideologias.

As atividades corporais desenvolvidas nas escolas são de suma importância,


pois pular corda, brincadeira de pega-pega, circuitos, gincanas e esportes em geral
trabalha o físico, equilíbrio e psicológico, desenvolvendo também a concentração e o
raciocínio lógico.
As atividades lúdicas são muito mais que momentos divertidos ou simples
passatempos e, sim, momentos de descoberta, construção e compreensão
de si; estímulos à autonomia, à criatividade, à expressão pessoal. Dessa
forma, possibilitam a aquisição e o desenvolvimento de aspectos importantes
para a construção de aprendizagem. Possibilitam, ainda, que educadores, e
educando se descubram, se interagem e encontrem novas formas de viver a
educação. (PEREIRA, 2005, p. 20, apud CABRAL, 2022, p. 76).
A educação não é algo maçante, ela pode sim se tornar leve e descontraída, a
ludicidade proporciona isso, para o aluno ela poderá ser um aprendizado significativo
e para o professor um “ensinar” de forma que verá resultados gratificantes, também
podendo aprender com as trocas de experiências, não se esquecendo que o aluno é
o protagonista desse saber e o educador o mediador, onde despertará curiosidades
novas a cada aprendizado.

4. Uma Visão Histórica Sobre a Contação de Histórias e suas Contribuições na


Educação Infantil

Nos capítulos anteriores foi relatado a importância da ludicidade na


aprendizagem da criança, foi citado o brincar, a interação e o formato ativo de
atividades significativas para esse ensino, agora será ressaltado o papel da contação
de histórias e como ela pode contribuir no ensino-aprendizagem dos alunos na
educação infantil, mas antes será realizado uma breve reflexão sobre o seu contexto
histórico.
“De acordo com Coelho (2019) a contação de histórias é um dos recursos mais
antigos que existem, foi dessa maneira que a humanidade encontrou para expressar
e repassar experiências, relatos e contos sobre as gerações. A autora relata que o ser
humano se preocupou em deixar registros marcantes, como narração, escrita e
desenhos.” (apud SILVA, 2019, p. 03).

Foram feitas descobertas de 12 a 15 mil anos atrás por arqueólogos de


antepassados que registraram acontecimentos das suas épocas para que ficassem
nas memórias das suas gerações, antigamente a cultura expressava suas histórias
em grupo no formato de uma roda e no centro uma fogueira, hoje ainda usamos
contações dentro de uma sala de aula dessa maneira, menos utilizando a fogueira.

Antes do século XVIII as crianças eram vistas pela sociedade como pequenos
adultos, não havia uma preocupação em construir um meio social voltado para eles,
brinquedos, roupas próprias para a sua idade, integração na educação para essa faixa
etária e em separar literaturas infantis de jovens e adultos.

A partir do século XVIII com a elevação da burguesia a criança começou a ser


reconhecida como um indivíduo diferente do adulto, tendo um crescimento gradual e
por etapas até chegar na adultização. A primeira literatura infantil surgiu no século
XVII com Fénelon. De acordo com Silva (2009) ela veio com o intuito de educar
moralmente as crianças, nesse momento a contação se tornou um gênero em meio
as transformações sociais no mundo artístico.

4.1 O PAPEL DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO DESENVOLVIMENTO DO


ENSINO-APRENDIZAGEM

Atualmente a literatura tem perdido o seu real significado na educação, as


redes sociais, tecnologias e as histórias em vídeos tem tomado conta do ambiente
infantil. O processo de contação de histórias era um meio de distração e descanso
para as crianças em sala de aula, porém ele tem um objetivo além e mais significativo
que esse.

Com a literatura é possível trabalhar a imaginação, criticidade, cultura,


comunicação, pré-alfabetização, sons, cores, emoções e conflitos, é um meio de criar
um ambiente acolhedor e significativo, através da contação a criança pode conhecer
mundos sem sair de onde está, pensamentos diferentes dos seus, lugares
encantadores, um simples livro pode tornar o aprendizado em valores e qualidades.

Além da literatura trabalhar os aspectos da ludicidade, também incentiva o


hábito à leitura, suas narrativas, ampliando o vocabulário dessa criança, onde ela terá
contato com palavras que muitas das vezes nem fazem parte do seu cotidiano,
estimulando também a escrita, com ela é estabelecido contato com a sua cultura, o
desenvolvimento do consciente e subconsciente infantil, formando sua personalidade
e tantos outros aprendizados que ela proporciona.

A contação de histórias propõe ao ser humano valores e conhecimentos, com


ela foi encontrado uma forma de transmitir experiências, críticas, emoções e saberes.
Ela proporciona uma “fuga” do mundo real, mas que traz aspectos do mesmo para o
fictício, ela instiga a imaginação, desperta a curiosidade por sempre querer saber
mais.

Chegaram ao seu coração e à sua mente, na medida exata do seu


entendimento, e de sua capacidade emocional, porque continham esse
elemento que a fascinava, despertava o seu interesse e curiosidade, isto é o
seu encantamento, o fantástico, o maravilho, o faz de conta. (ABRAMOVICH,
1997, P. 37).

O faz de conta mostra cenas, contextos e personagens, porém a emoção


invade o mundo real, toma conta do leitor ou ouvinte, cada pessoa terá uma forma de
reagir aos acontecimentos da contação, e para a criança isso é essencial, afinal
trabalhará as suas emoções, tristeza, alegria, medo e curiosidade, tornando um
momento de aprendizagem mágico e encantador, cheios de significados.

O professor juntamente com a família deve mediar a inserção da criança no


mundo da literatura, sabe-se que nem todo aluno tem um acompanhamento dos
responsáveis no processo de escolarização, mas cabe a escola e ao educador mostrar
a importância do laço entre pais, alunos e instituição.

A criança por si só para e escuta quando algo chama sua atenção e se torna
de seu interesse, o professor como “narrador” deve se atentar a forma mais cativante
em contar uma história, por emoção e entonação em suas falas, mostrar figuras e
emergir o aluno nesse mundo, levando em consideração aquilo que o cativa e o deixa
entusiasmado em ouvir.
Percebe-se que hoje nas salas de aulas os professores realizam cantinhos da
leitura, sala de biblioteca, dia da leitura, projetos em que os educadores elaboram
contações com fantoches, é importante esses investimentos, afinal não é somente ler,
é cativar o leitor, é trazê-lo para a imersão nesse mundo.

A literatura também desenvolve a cognição da criança, afinal ela estimula o


imaginário, fórmula cenas em sua “mente” conforme lê ou escuta uma história, ela
aprende sobre o mundo social, seus conflitos e interesses, partes críticas construtivas
e como já foi muito citado suas emoções, tudo isso tem a ver com o cognitivo, afinal
ela precisa do subconsciente e inconsciente para desenvolvimento dessas etapas.

Muitos de nós fomos influenciados por um livro quando crianças. O livro traz
o conhecimento de mundo, do homem, das coisas, da natureza, do progresso
das ciências e das técnicas. Os livros podemos dizer, auxiliam na
aprendizagem do mundo e formam o leitor no gosto. Formar o gosto,
possibilitar escolhas são coisas fundamentais na vida adulta. (GOÉS 1999, p.
27, apud SILVA, 2019, p. 09).

O mundo da literatura pode se tornar mágico, basta o incentivo certo, a melhor


faixa etária para essa introdução é a educação infantil, afinal nessa fase existem
descobertas fascinantes e significativas, com uma imersão marcante essa criança
hoje, se tornará um leitor amanhã.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com essas reflexões concluímos que a ludicidade e a contação de histórias são de


suma importância e tem o seu valor no aprendizado das crianças na educação infantil,
como foi citado a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) prevê os cincos campos
de experiências, com o lúdico é possível ser trabalhado esses aspectos, como
autonomia, sons, cores, música, imaginação e entre outros.
A ludicidade faz com que a criança se expresse, cria vínculos e promove uma
aprendizagem significativa, assim como também como os seus fundamentos básicos
da educação infantil prevê para o desenvolvimento plenos dos alunos, o professor
deve se atentar e buscar novas formas de aprimorar a sua didática para mediar o
processo de ensino-aprendizagem e as trocas que serão adquiridas nesse período.
O aluno não é um mero receptor de conhecimentos, ele deve ser estimulado a
ser ativo e o protagonista desse desenvolvimento, cativar e tornar essa aprendizagem
prazerosa desde a primeira infância é fundamental, pois é uma fase de extrema
importância para trabalhar vários aspectos que serão alinhados conforme ele for
adquirindo experiências.
A criança necessita da contação de histórias, pois ela tem a capacidade de
transformar o mundo e as situações reais em momentos de imaginação cheios de
significados, o professor deve refletir sobre as maneiras lúdicas e ativas para o
aprendizado dos alunos, a fim de promover uma educação plena e integral, onde
essas crianças um dia se tornarão cidadãos críticos e com experiências cheias de
valores significativos a fim de contribuir para a sua sociedade.

REFERÊNCIAS

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