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2023
EMENTA E CRONOGRAMA
OBJETIVOS:
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
Bibliografia básica
Almeida, S.A, Nascimento, E., Lima, A.O.F., Vasconcelos, A.G., Akama, C.T., Santos, M.T. Bateria
de Provas de Raciocínio (BPR5): estudo exploratório em alunos universitários. Avaliação
Psicológica 9 (2), pp.155-162., 2010.
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Revista Diálogos, Especial. Avaliação Psicológica Compulsória. Maio de 2019. Versão on line no
site www.cpf.org.br
Lopes, R.M. F., Wendt, G.W., Rathke, S.M., Senden, D.A., Silva, R.B.F., Argimon, I.L. Reflexões
Teóricas e Práticas sobre a interpretação da Escala Wechsler para Adultos. Acta Colombiana de
Psicologia, 15 (2)109-118, 2012.
Oliveira, G.M., Paschoali, R.A, Oliveira, V. & Camilo, C.C. Inteligências múltiplas e intervenção
Neuropsicopedagógica . Revista Educação em Foco – Edição nº 10 – Ano: 2018
revistaonline@unifia.edu.br
Primi, R. Inteligência: Avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medida. Avaliação
Psicológica, 2003,1, pp.67-77
Bibliografia Complementar
Gardner, H. Estruturas da Mente. A teoria das Inteligências Múltiplas. ED. Artmed. Porto
Alegre, 1994
Silva, M.C.V. História dos Testes Psicológicos: Origens e Transformações – Ed. Vetor. São Paulo,
2011. Resenha por Rosenthal.
1ª. AULA: Apresentação do curso e do trabalho prático. Ética, teoria, trabalho prático e
CFP.
Discussão: O que é inteligência? Descreva uma pessoa “inteligente” (pesquisa junto aos
alunos)
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2ª AULA: Avaliação Psicológica e o CFP. Conhecer é compreender ou mensurar?
3ª. AULA: Apresentação das Escalas Wechsler e sua aplicação em clínica. WISC e WASI
Leitura para a próxima aula: TEXTO 4 PARTE 2: “O WISC como instrumento de avaliação dos
recursos cognitivo-afetivos.”.
Leitura para a próxima aula: TEXTO 5: Escala de Inteligência Wechsler para Adultos: WAIS
III. Lopes, RMF; Wendt, GW; Rathke, SM; Senden, DA; Ferreira, RB. Reflexões teóricas e
práticas sobre a Interpretação da Escala Wechsler par Adultos. Acata Colombiana de
Psicologia 15 (2):109-118 2012.
Leitura para a próxima aula: TEXTO 6 da apostila: “A análise fatorial e suas influências dos
testes de Inteligência e Aptidão”
Leitura para a próxima aula TEXTO 7: - Almeida, S.A, Nascimento, E., Lima, A.O.F.,
Vasconcelos, A.G., Akama, C.T., Santos, M.T. Bateria de Provas de Raciocínio (BPR5): estudo
exploratório em alunos universitários. Avaliação Psicológica 9 (2), pp.155-162., 2010.
7ª. AULA: Teoria multifatorial e BPR5. A questão da orientação profissional. Teoria CHC
Leitura para a próxima aula: Primi, R. Inteligência: Avanços nos modelos teóricos e nos
instrumentos de medida. Avaliação Psicológica, 2003,1, pp.67-77
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Para a próxima aula: Supervisão dos resultados quantitativos do WISC. Correção dos testes
aplicados pelos alunos. Vide modelo de relatório do WISC.
Leituras para a próxima aula: Oliveira, G.M., Paschoali, R.A, Oliveira, V. & Camilo, C.C.
Inteligências múltiplas e intervenção Neuropsicopedagógica. Revista Educação em Foco –
Edição nº 10 – Ano: 2018 revistaonline@unifia.edu.br
Leitura próxima aula: Introdução do artigo: “Bender - Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG):
estudo para versão de rastreio, de Rueda, FJ M; Sousa.; Santos, AAAS.; Noronha, AP.
13ª. AULA: Supervisão dos casos dos alunos. Aspectos qualitativos e relatório final
Nesta aula: entrega da 1ª parte do relatório (entrevista, observação, parte quantitativa)
14ª. AULA: Supervisão dos casos dos alunos: Aspectos qualitativos e relatório final
Nesta aula: início da entrega da parte final dos relatórios
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TEXTO 1
TEXTO RETIRADO DA CARTILHA DA AVALIAÇÂO PSICOLÓGICA – 2013 (adaptado par
fins acadêmicos) CRP, CFP
Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica: Ana Paula Porto Noronha (Conselheira do CFP); Anna Elisa de
Vilemmor Amaral; Bianca Susana Guevara Werlang; Caroline Tozzi Reppold; Elizabeth do Nascimento; Fabiano
Kolch Miguel; José Humberto de Silva Filho; José Maurício Haas Bueno; Ricardo Primi.
INTRODUÇÂO
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impossível entender e considerar todas as nuances e relações a ponto de prevê-lo
deterministicamente.
• ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos da Psicologia, dentre os quais podemos
destacar: desenvolvimento, inteligência, memória, atenção, emoção, dentre outros, construtos
avaliados por diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas;
• ter domínio do campo da Psicopatologia, para poder identificar problemas graves de saúde
mental ao realizar diagnósticos;
8. Quais são os princípios éticos básicos que regem o uso da avaliação psicológica? É
necessário que o psicólogo se mantenha atento aos seguintes princípios:
A Resolução CFP n° 002/2003, em seu Art. 11º, orienta que “as condições de uso dos
instrumentos devem ser consideradas apenas para os contextos e propósitos para os quais os
estudos empíricos indicaram resultados favoráveis”. O artigo quer dizer que a simples
aprovação no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi) não significa que o teste
possa ser usado em qualquer contexto, ou para qualquer propósito. A recomendação para um
uso específico deve ser buscada nos estudos que foram feitos com o instrumento,
principalmente nos estudos de validade e nos de precisão e de padronização. Assim, os
requisitos básicos para uma determinada utilização são os resultados favoráveis de estudos
orientados para os problemas específicos relacionados às exigências de cada área e propósito.
No novo formulário de avaliação dos testes psicológicos, foram descritos cinco propósitos
mais comuns para o uso dos testes: classificação diagnóstica, descrição, predição,
planejamento de intervenções e acompanhamento.
10. Quais testes psicológicos são indicados para utilização em avaliações psicológicas?
10
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TEXTO 2
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TEXTO 3
Em seu livro (2011 Silva, M.C.V. M História dos Testes Psicológicos: Origens e
Transformações) Maria Cecília de Vilhena Moraes Silva analisa criticamente as bases da
tradição psicométrica, por um lado, e, por outro, a tradição clínica e as provas projetivas.
Focaliza basicamente sua discussão a partir de dois autores mais importantes nesse campo
psicológico, analisando suas histórias de vida e o cenário sócio econômico da época. Galton e
Binet são os principais atores desse cenário.
Sob o título “conhecer é medir”, Silva (2011) analisa a produção de Sir Galton e suas
implicações na psicologia atual. Galton, após abandonar a área médica e realizar inúmeras
tentativas de obter reconhecimento profissional, debruça-se sobre a questão da
hereditariedade humana. Monta seu Laboratório Antropométrico, no qual mede aspectos
físicos e fisiológicos dos sujeitos (como o tamanho da cabeça e tempo de reação aos estímulos
e acuidade sensorial), que para ele seriam correlatos com a inteligência. Passa então a usar
tais medidas para aferir diferenças que supõe existir entre raças, classes sociais e gêneros.
Galton foi um pesquisador hábil na aplicação da matemática à pesquisa; não se preocupava
com diferenças individuais. Críticas à posição desse autor podem ser vistas, por exemplo, no
artigo de Marcos Chor Maio1(2017)
Nos EUA, essa linha de pesquisa foi assumida por James Cattell (1860-1994), que cria a
expressão “testes mentais”. Associado a Karl Pearson (criador do coeficiente de correlação)
defende a análise fatorial (estatística) como forma de se estabelecer parâmetros para a
definição e medida da Inteligência.
Silva (2011) contrapõe a Galton a figura do pesquisador francês Alfred Binet (1857-
1911), que inicialmente buscou aprofundar seus conhecimentos na área de psicofisiologia e
da psiquiatria (trabalhando junto a Jean-Martin Charcot). Associou-se a Victor Henri, traçando
bases da denominada Psicologia Individual - buscando descobrir de que forma os processos
psicológicos variam de pessoa a pessoa. Ao contrário de Galton, que focaliza processos
sensoriais, Binet propõe o foco do estudo psicológico nos processos mentais superiores –
1
Maio, OC. A crítica de Otto Klineberg aos testes de inteligência. Varia História, Belo Horizonte, vol.33,
n.61, ´.135-161, jan-março 2017
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funções mentais complexas, como atenção e memória. A abordagem, aqui, é de natureza
compreensiva.
Em 1899, na França, preocupações pedagógicas e fins sociais da educação estão
no primeiro plano de seus interesses. Nessa época, a obrigatoriedade do ensino primário às
crianças traz à luz um problema: crianças que tinham dificuldades acadêmicas e não
acompanhavam o currículo regular. Atendendo à solicitação do Ministério do Ensino Público
na França, Binet associa-se a Théodore Simon e ambos criam a ESCALA BINET-SIMON. Partem
da observação empírica do funcionamento cognitivo de crianças de diversas faixas etárias,
observando as atividades mais típicas de cada faixa e criando itens para cada uma dessas
faixas de idade.
A noção de desenvolvimento e de a inteligência ser uma função que evolui com a
idade/maturidade está implícita em seu trabalho (Perron-Borelli, 1970)2. Os autores
submetem esses itens a amostras de crianças francesas de escolas primárias, identificando
aqueles itens que podem servir de padrão para uma idade específica. Ao longo das pesquisas,
Binet ressalta a perspectiva de a aferição de inteligência estar baseada na ação e na
atividade de resolução de problemas:
2
Perron-Borelli, M. e Perron, R. (1970). O Exame Psicológico da Criança, Edições Manole: Lisboa – p.21
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A escala de Binet-Simon envolve a apreciação do “nível mental” ou “idade mental”
atual das crianças, levando-se em conta a heterogeneidade do perfil de cada uma e as
possibilidades de mudança no processo de desenvolvimento. A Escala BINET-SIMON
imediatamente passou a ser usada por toda a Europa e Estados Unidos.
Sob a influência da perspectiva psicométrica de Galton, a escala foi adaptada nos
Estados Unidos sofrendo alterações que valorizavam apenas o resultado total e a
mensuração. Ao invés do temo “nível mental”, proposto por Binet, passou-se a usar o termo
cunhado pelo alemão William Stern (1981-1957): quociente intelectual (QI), calculado
pela fórmula:
Lewis Terman padronizou a escala e a validou por meio de cálculo da correlação dos
resultados da escala com avaliação de professores; em seu cálculo do QI, para evitar os
decimais, propôs multiplicar resultados do QI de Stern por 100, de modo que a fórmula
original do QI passou a ser:
Idade Mental(IM) x 100 Ex.48 meses (IM) x 100 = Quociente intelectual de 100
Idade Cronológica (IC) 48 meses (IC)
Assim, origem do termo Quociente Intelectual (QI) se deriva justamente desse tipo de
cálculo entre de divisão entre Idade Mental e Cronológica, cujo resultado é um “quociente)
(termo que vem da matemática).
Enfim, a autora, trazendo estes marcos, cenários e personagens históricos, e, sob o ângulo
das duas perspectivas que delineou - compreensão e mensuração, tradição psicométrica e a
clínica- parece sugerir que o mais importante é a abordagem compreensiva e holística.
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TEXTO 4
A INTELIGÊNCIA E O SUJEITO
Autoras: Petroucic, MCMRP, Montagna, ME.
Sob esse pano de fundo, entendemos que a investigação psicológica surge de uma
necessidade ou demanda colocada pelo cliente, delimitando-se a partir dessa escuta um
caminho para se acessar seu problema.
Esse acesso antes de tudo deve ser apropriado ao contexto (hospitalar, clínica,
educacional, trabalho, forense), setting ou enquadre (como local, horário e duração das
sessões), abordagem (psicodinâmica, fenomenológica, comportamental ou outras) e
considerando-se, acima de tudo, o rigor de uma ética pessoal e profissional (Conselho Federal
de Psicologia- CFP). Essa escuta é mediada pela instrumentação do psicólogo criando formas
de acessar o outro e selecionando atividades que o habilitem a construir o tecido dessa
investigação.
Conhecimentos específicos (sobre genética, neurologia, e psicopatologia, por
exemplo), sob a égide da transdisciplinaridade devem se somar ao autoconhecimento e
auto-observação constante do profissional. Dúvidas, inquietações, sentimentos de
impotência/ onipotência estão presentes nas várias etapas do processo de se conhecer o
outro.
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Montagna (2006) relata que os testes de inteligência foram desenvolvidos
separadamente das técnicas projetivas, e suas origens remontam a diferentes perspectivas
da psicologia. Assim, as técnicas projetivas são analisadas segundo um método clínico
qualitativo. Os testes de inteligência basearam-se na metodologia experimental. Todavia,
ambos são utilizados no processo do psicodiagnóstico. Como consequência, na prática clínica
pode observar-se dissociação metodológica caso o profissional da saúde meça o
funcionamento intelectivo exclusivamente por meio de testes objetivos e investigue a
personalidade apenas em abordagem idiográfica. Divorcia-se, nesse caso, o mental do
corporal, a cognição da emoção.
Como escapar dessa armadilha epistemológica? O cuidado no desenvolvimento e
explicitação do raciocínio clínico pode ser um caminho. Esta passa por movimentos de
construção e desconstruções do saber teórico em sua relação com a prática clínica. Fala-se da
exploração contínua dos limites de cada saber, das fronteiras entre as linhas teóricas e as
disciplinares. No raciocínio clínico, o indivíduo, a família, a cultura e o social são níveis do
pensar que tangenciam, misturam-se e se separam, dialeticamente.
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PARTE 2. O WISC e o WASI como instrumentos de avaliação dos recursos cognitivo-
afetivos
A Escala de Inteligência para Crianças (WISC) foi construída por David Wechsler e
destina-se à avaliação da inteligência de crianças de 6 a 16 anos. Baseou-se em escala criada
anteriormente para a população adulta, em 1952, denominada Escala Bellevue de Inteligência
para Adultos. A partir desta foram criados vários instrumentos análogos, como o WAIS
(Wechsler Adult Intelligence Scale), WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children) e o WASI
(Wechsler Abreviated Scale of Intelligence). As escalas foram submetidas a várias revisões, e
nos referiremos aqui à sua última edição, o WISC IV (Rueda FJM, Noronha AP, Sisto FF, Santos
AA e Castro NR, 2013).
Wechsler (1958) considerava fundamental que a escolha dos itens de todos os testes
de inteligência esteja afinada com a definição de inteligência proposta por seu autor. Define
a inteligência como construto hipotético, envolvendo:
“a capacidade conjunta ou global do indivíduo para agir com finalidade, pensar
racionalmente e lidar efetivamente com seu meio. É conjunta ou global porque é
composta de elementos ou habilidades que não são independentes, porém podem ser
diferenciadas entre si qualitativamente. Pela medida destas habilidades através dos
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resultados de um teste, temos à disposição dados objetivos que são importantes na
avaliação da inteligência. Mas a inteligência funcional não se identifica com a mera
soma destas habilidades ou de suas qualidades, mas também pelo modo como são
combinadas, isto é, a sua configuração.”
É importante também ressaltar a importância que Wechsler (1958) conferiu aos “fatores
não intelectivos, como motivação e estímulo” implicados na atitude do sujeito frente à
prova, e que envolvem abrangência teórica mais ampla ao conceito de inteligência. Com este
propósito, Wechsler propõe, por exemplo, o subteste Compreensão, que investiga o modo
como a criança maneja situações-conflito envolvendo relacionamento interpessoal, bem como
percepção e manejo de normas e valores sociais.
Vale ainda mencionar que, para este autor, era importante diferenciar entre processos
mentais permeados pela linguagem e aqueles relacionados a uma inteligência prática.
Coerente com esta proposta, os subtestes do WAIS III formam dois conjuntos de provas: as
consideradas de natureza verbal, e os subtestes que avaliam habilidades viso-motoras
espaciais ou de execução. Calcula-se o QI Verbal, QI de Execução, bem como o QI Total.
Na versão mais atual do WISC IV, considerou-se mais relevante enfatizar os
denominados Índices Fatoriais; manteve-se por outro lado, o cálculo do QI Total. O
raciocínio teórico por trás disso é que as tarefas desenvolvidas no WISC-IV envolvem várias
funções cognitivas distintas (representadas pelos índices), e que, em conjunto, podem refletir
a capacidade global do indivíduo (QI total). Os quatro índices mensurados são:
1) Índice de Compreensão Verbal (IVC);
2) Índice de Organização Perceptual (IOP);
3) Índice de Memória Operacional (IMO);
4) Índice de Velocidade de Processamento (IVP).
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COMPOSIÇÃO DA ESCALA WISC IV: ÍNDICES E SUBTESTES
A escala é composta por 15 subtestes, sendo que 10 deles devem ser aplicados de
modo a se calcular os índices e o QI. Os 5 remanescentes são suplementares (Supl) conforme
tabela abaixo.
Índice de Compreensão Verbal (ICV): envolve tarefas que avaliam habilidades verbais por
meio de raciocínio, abstração e integração de conceitos verbais, compreensão.
Secundariamente, também avalia o conhecimento verbal previamente adquirido e a memória
de longo prazo. O input (a questão proposta) é, sempre, auditivo e o output (resposta do
sujeito) é verbal.
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Índice de Memória Operacional (IMO): envolve tarefas que avaliam a memória de curto
prazo e memória de trabalho (operacional), por meio de estímulos auditivos. Envolve a
atenção a estímulos auditivos e raciocínio. O input é sempre auditivo e o output (a resposta) é
oral.
1. Vocabulário: A prova é constituída por palavras que a criança deve definir, e que estão
apresentadas em ordem crescente de dificuldade. O nível de dificuldade está associado com a
frequência com que a palavra é usada e com a complexidade do conceito representado – ou
grau de abstração. A inclusão dessa prova num teste de inteligência está relacionada ao
pressuposto de que o conhecimento de palavras (número de palavras que a pessoa
conhece) é uma medida de sua habilidade de aprendizagem, de seu repertório lexical e do
modo geral como organiza suas ideias.
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Dar o significado da palavra envolve não só que a criança conheça seu significado,
mas que seja também capaz de abstraí-lo e expressá-lo verbalmente, captando os aspectos
semânticos mais essenciais.
Segundo Glasser e Zimerman (1977), a definição de palavras pressupõe uma
organização de ideias através da manipulação implícita de signos e símbolos verbais, o que é
considerada um critério de inteligência. Por outro lado, deve-se ressaltar que repertório de
ideias e vocabulário da criança é influenciado pelo ambiente educativo e sócio cultural,
sendo exigido que a criança evoque um conteúdo - uma palavra que foi aprendida- a partir de
sua memória de longo prazo. Assim, o subteste permite ao psicólogo explorar a amplitude de
vocabulário da criança, a qualidade de sua expressão verbal, assim como sua habilidade de
abstração dos elementos mais essenciais relativos ao significado de cada palavra. A análise
do aspecto semântico permite examinar possíveis dificuldades no âmbito da linguagem no
que tange ao significado do conceito.
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3. Semelhanças: Nessa prova, solicita-se à criança que diga qual é a semelhança entre
palavras que representam conceitos ou objetos comuns. Requer que o sujeito identifique a
semelhança essencial existente entre os elementos, e a categoria a qual eles pertencem. É
considerado um dos melhores subtestes da bateria dada a sua saturação de fator geral (fator
G) sendo uma boa medida de inteligência fluída, ou seja, da percepção de relações que
dependem menos diretamente da cultura. Avalia a habilidade de classificar os conceitos em
categorias de ordem superior.
A análise das respostas deste subteste propicia que se observem aspectos
qualitativos do processo de pensamento da criança. Parte-se do princípio que a criança capta
fatos e ideias de seu meio e que deve ser capaz de selecionar e verbalizar relações
apropriadas entre objetos ou conceitos aparentemente distintos. O processo de construção
dessas relações e categorias depende da memória verbal remota, da capacidade de
compreensão do significado dos conceitos e de integração entre ideias. Permite assim
avaliar seu nível de raciocínio, sendo que as respostas podem ser classificadas em relação a
três níveis de formação de conceitos: concreto, funcional e abstrato.
1) A freqüência de solicitações de que uma pergunta seja repetida, acima do esperado para a
idade da criança, pode indicar dificuldades de atenção ou de compreensão da linguagem
(linguagem receptiva). Esse comportamento pode indicar aos professores que é necessário
observar a criança em sala de aula e verificar se ela efetivamente compreendeu as instruções
verbais.
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2) Um número elevado de ocorrências de comportamentos em que a criança “Não responde”
ao item (em relação à faixa de idade) pode sugerir que a criança: está se empenhando pouco
ou que o esforço mental necessário para a execução da tarefa a desagrada ou incomoda. Outra
hipótese seria a de a criança estar apresentando uma atitude de oposição; ou ainda, ter
dificuldade em recuperar ou expressar informações verbais.
3) Outro aspecto da tarefa de Informação a ser observado refere-se ao conteúdo dos itens do
subteste. Os itens podem ser agrupados nas seguintes categorias de conteúdo, ou seja, itens a)
que exigem uma resposta qualitativa; b) que envolvem a evocação de informações de
calendário; c) aqueles que refletem conhecimento de ciências; d) que avaliam o conhecimento
de geografia ou direções; e) aqueles que exigem conhecimento de História. Se a criança
fracassa seletivamente em uma ou mais categorias, apesar de se sair bem em itens de
dificuldade igual ou maior das outras categorias, pode-se suspeitar de uma dificuldade de
aprendizagem relacionada à área específica ou à exposição insuficiente a esse tipo de
informação.
Por exemplo, a compreensão insuficiente de geografia ou das direções pode sugerir
a necessidade de avaliação adicional do processamento viso-espacial da criança. O
desempenho em itens de calendário pode refletir dificuldades com sequências, de modo que
este aspecto deve ser investigado.
5. Raciocínio com Palavras: Nessa tarefa é solicitado à criança que identifique conceitos
comuns por meio de uma série de descrições que lhe são fornecidas. Nesta atividade, o
examinador fornece pistas a respeito de um determinado conceito e, a partir do
processamento de tais pistas, deve buscar a palavra correspondente.
Essa tarefa demanda uma grande carga de memória operacional e de decodificação
auditiva para manter em mente 2 ou 3 pistas dadas, até chegar à resposta final. Assim como o
subteste ‘Semelhanças’, está bem relacionada com raciocínio fluído.
Aspectos qualitativos a serem observados são: 1) a reação à frustração e presença de
insegurança. Muitas vezes as crianças precisam “chutar” após as primeiras dicas, pois elas são
muito vagas ou inespecíficas; 2) solicitar repetição de forma frequente.
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1. Raciocíno Matricial: Em cada item desta tarefa é mostrada à pessoa uma matriz
incompleta e ela deve encontrar o estímulo que a completa, escolhendo dentre 5 opções de
respostas que lhe são apresentadas. A prova não é cronometrada, embora a criança deva ser
encorajada a responder depois de 20 segundos.
Avalia a habilidade de a criança captar associações lógicas entre modelos visuais.
Requer muito pouco da linguagem e demanda bastante raciocínio fluído – assim como o
subteste de Semelhanças, tem grande carga de fator G, que envolve a capacidade de
estabelecer relações entre elementos. Também avalia secundariamente a discriminação
visual, atenção a detalhes e escaneamento visual. A presença de respostas impulsivas pode
dificultar seu desempenho, na medida em que a criança pode não se dar o tempo necessário
para percorrer todas as etapas da atividade em curso.
Qualitativamente pode se observar se a criança mantém sua atenção
persistentemente, e se ocorre fadiga intra tarefa.
2. Cubos: O subteste cubos consta de desenhos geométricos que a criança deve reproduzir
concretamente fazendo uma construção com cubos, o mais rápido que conseguir (tarefa
cronometrada). Tem origem nos cubos de Kohs, considerados como uma medida de
inteligência não verbal por não recrutar grande carga de linguagem. Apresenta boa correlação
com outros testes de inteligência, sendo considerado como uma excelente medida desse
conceito.
A prova requer a capacidade de analisar o modelo, abstrair cada cubo do todo,
decodificar as coordenadas visuoespaciais envolvidas e organizá-las formando nova
síntese. Permite assim examinar-se a percepção, a análise e síntese viso-espaciais. O
planejamento (verbalizado ou não pela criança), a presença ou não de perdas do programa
(como quando a criança constrói seu modelo mais fileiras ou cubos do que é previsto) e a
organização das relações espaciais são requeridos para se chegar à resolução do problema,
bem como a coordenação viso-motora.
3. Conceitos Figurativos: Nesta tarefa o aplicador mostra duas ou três fileiras de figuras ao
examinando, que deve escolher uma figura de cada fileira para formar um grupo que tenha
uma característica comum.
A associação entre os objetos é identificada por processos visuais, e nenhuma
resposta verbal é necessária, mas os conceitos que ligam os objetos são semânticos (ou seja,
há influência da linguagem). Exige escaneamento visual adequado, atenção para detalhes
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visuais, discriminação visual, conhecimento semântico adequado e, sobretudo, capacidade de
abstração e síntese para formar as categorias necessárias para se chegar à resposta correta.
1. Dígitos: Essa prova solicita a repetição de números que são lidos para a criança em voz alta
pelo aplicador, tanto na ordem direta, como inversa. É uma que envolve aferição de
fenômenos envolvendo dificuldades na atenção, memória imediata (Ordem Direta), bem
como memória operacional e controle mental (Dígitos Ordem Inversa).
Para Glasser e Zimerman (1977) o fundamento teórico dessa prova tem como
pressuposto que a memória imediata é um pré-requisito para o funcionamento de toda a
atividade intelectual. A prova permite que se examine a habilidade de manter a atenção
enfocada no processo de audição e repetição dos elementos. Observa-se ainda se a criança faz
uso de estratégias como agrupamento dos dígitos, de repetição mental ou visualização dos
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mesmos.
Observamos ainda que a ordem direta exige apenas a repetição, e pode ser afetada por
problemas de atenção, dificuldade de discriminação de sons (dificuldade na compreensão dos
dígitos auditivamente apresentados), pela capacidade de sequenciação temporal ou por
ambos. A ordem inversa, por outro lado, exige a participação da memória operacional ou
controle mental; ou seja, é preciso que a criança mantenha a sequência de dígitos em uma
área de armazenamento temporário de memória de curto prazo enquanto executa a
manipulação mental da sequência de dígitos.
Mesmo a ordem inversa sendo mais difícil, pode ocorrer situações em que a criança
recruta um maior esforço durante a realização da ordem inversa, e com isso consegue reter
um maior número de dígitos do que na ordem direta. Pode também ter percebido a atividade
de dígitos inverso como mais desafiadora.
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O fundamento dessa prova, segundo Glasser e Zimerman (1977), baseia-se no
pressuposto de que a capacidade de manejar conceitos numéricos (raciocínio matemático) é
um indicativo de inteligência. Todavia, é uma prova que recruta múltiplos processos
cognitivos: atenção seletiva e concentrada, memória de curto e longo prazo, raciocínio
matemático e memória operacional.
Estão envolvidas no processo de resolução desses problemas funções como a
atenção e a compreensão verbal do enunciado, o equacionamento do problema, seleção
das operações implicadas, os cálculos, a organização a resposta final ao problema. A
habilidade de sustentação da atenção nas várias etapas desse processo é um aspecto a ser
observado.
Uma das condições para a resolução desses problemas é a aprendizagem das
quatro operações aritméticas (adição, subtração, multiplicação e divisão) e de suas
aplicações, o que depende de conhecimentos acadêmicos específicos sobre essas as operações,
bem como do nível educacional.
1. Código: Solicita-se que a criança copie símbolos, a lápis, no papel, e associe números a
sinais gráficos. A medida de sua habilidade intelectual está associada à exatidão e à velocidade
de seu desempenho nesta prova. A prova requer destreza viso-motora e na manipulação do
lápis, e a habilidade de associar mentalmente elementos visuais, de modo que ambas as
habilidades devem ser analisadas para se compreender o resultado quantitativo final.
A criança pode ter uma dificuldade mais específica de controlar a motricidade fina.
Algumas se preocupam em desenhar os símbolos mais caprichosamente e não se dão conta do
aspecto da instrução que menciona que a atividade deve ser desenvolvida com rapidez. Por
outro lado, a ansiedade em relação ao tempo pode fazer com que a criança acelere
indevidamente seu ritmo e por essa razão cometa imprecisões ou falhas.
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2. Procurar Símbolos: Neste subteste a criança deve comparar dois conjuntos de símbolos
visando indicar se um dos elementos do grupo de estímulo-alvo está presente ou não no
grupo de busca, dentro de um intervalo de tempo estipulado. Requer a comparação visual
entre os estímulos.
Essa prova também avalia a tomada de decisão e a discriminação visual, pois os
símbolos são parecidos e a pessoas tem que decidir se “sim” (se há um elemento igual ao
modelo) ou “não”. Podemos observar como a criança manipula o lápis, a pressão que exerce
sobre o papel e seu movimento de olhos. Sinais de fadiga podem ser observados por meio de
desinteresse na atividade ou desatenção.
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TEXTO 5 Escala de Inteligência Wechsler para Adultos: WAIS III
Lopes, RMF, Wendt, GW, Rathke, SM. Senden, DA, Ferreira, R.B. Reflexões Teóricas e
Práticas sobre a interpretação da Escala Wechsler para Adultos Acta Colombiana de
Psicologia 15 (2): 109-118 2012. Adaptado para fins acadêmicos
Resumo
O uso das Escalas Wechsler de Inteligência está voltado para contextos clínicos,
psicoeducacionais e de pesquisa, possibilitando a avaliação minuciosa das capacidades
cognitivas de crianças, adolescentes e adultos. A inteligência geral deve ser considerada como
uma manifestação da personalidade como um todo. As habilidades intelectuais são medidas
através de instrumentos psicométricos. Para esta pesquisa, com foco na Escala de Inteligência
Wechsler para Adultos (WAIS-III), buscou-se abordar as principais características e
utilizações da escala para a população adulta, bem como se explorou a importância das
informações deste instrumento e suas aplicações, principalmente no que se refere à
interpretação clínica qualitativa. Trata-se de uma revisão da literatura dos autores mais
clássicos sobre o tema. Os autores recorreram a uma revisão crítica de aspectos essenciais que
tangenciam a testagem psicológica e neuropsicológica, abordando os construtos de
inteligência cristalizada, fluída e sua integração com o estudo da personalidade. Finalmente,
os autores discutem a importância dos índices fatoriais e suas implicações na interpretação
clínica.
Palavras-chave: WAIS-III, interpretação clínica subtestes, inteligência fluída, inteligência
cristalizada.
INTRODUÇÃO
33
David Wechsler (2004) ao desenvolver sua bateria de testes considerou a inteligência
como uma entidade global e única ao mesmo tempo e, por essa razão, utilizou o escore
Quociente de Inteligência – QI (Dalgalarrondo, 2000). A concepção de inteligência, de
acordo com Wechsler (2004), relaciona-se à capacidade conjunta ou global do indivíduo para
agir com finalidade, pensar racionalmente e lidar efetivamente com seu meio ambiente.
Conforme Cunha (2000) o WAIS é uma medida do nível atual, sendo que não se
trata de um dado imutável, podendo sofrer influência de fatores ambientais,
emocionais, psicopatológicos e outros. Além de ser usada como medidas da inteligência
geral, Aa escala WAIS tem sido usado também como instrumento de auxílio no diagnóstico
psiquiátrico. Assim, o dano cerebral, a deterioração mental e os comprometimentos
emocionais podem afetar algumas funções intelectuais mais que outras. David Wechsler
confirmou que a análise do desempenho relativo de um sujeito em diferentes subtestes pode
revelar transtornos psiquiátricos específicos (Anastasi & Urbina, 2000).
Assim, as escalas Wechsler são mais que um instrumento de medida da inteligência, pois
são utilizadas, também, como um importante auxílio no processo de diagnóstico total. A partir
desse pressuposto o sujeito torna-se o foco principal de atenção e todo seu comportamento
verbal e não verbal deve ser observado. O psicólogo deve buscar uma compreensão mais ampla e
profunda da organização de pensamento e de conteúdos emocionais, que não podem passar
despercebidos.
Características do WAIS-III
A escala WAIS-III é composta por 14 subtestes e sua indicação é para avaliar pessoas de
16 a 89 anos de idade. O tempo médio de aplicação médio é de 90 minutos. O instrumento se
divide em Escala Verbal, Escala de Execução e Escala Total, além dos Índices Fatoriais: Índice
de Compreensão Verbal, Índice de Organização Perceptual, Índice de Memória Operacional e
Índice de Velocidade de Processamento.
35
Tabela 1
Estrutura do WAIS-III- Subtestes agrupados em escala Verbal e Escala de Execução (adaptação
brasileira)
Nota:
- Procurar Símbolos: Subteste complementar para cálculo de escores QI; pode substituir
apenas Códigos, se este subteste for anulado;
- Armar Objetos: Subteste opcional que pode substituir qualquer subteste de Execução
anulado para pessoas com idade entre 16 e 74 anos (Wechsler, 2004).
Cabe destacar que escala verbal é constituída por subtestes que sofrem influência
de variáveis socioculturais. Sendo assim, pessoas com nível de escolaridade elevado têm
melhor desempenho nesses subtestes. A escala verbal envolve os seguintes fatores: memória,
compreensão, fluência verbal, qualidade da educação formal e capacidade de raciocínio
abstrato.
Segundo Coutinho (2009), apesar da atualização e revisão da WAIS, o seu objetivo e sua
natureza ficaram inalterados. Para o autor, quando se faz referência a essas escalas de
inteligência, dois conceitos se sobressaem: o conceito de inteligência e o conceito de QI.
Relativamente ao primeiro, importa referir que a inteligência é multivariada e
multideterminada, não é sempre adaptativa e, não implica obrigatoriamente um raciocínio
36
abstrato. A inteligência não é apenas uma capacidade particular, mas é uma capacidade ou
competência global, que permite ao indivíduo apreender o mundo e responder às solicitações
do meio. O resultado em QI representa o desempenho atual do indivíduo a partir da
comparação desempenho deste com normas apropriadas para idade e escolaridade.
Normas atuais (2020) Participaram deste estudo de revisão de normas 640 sujeitos,
com idade variando entre 16 e 87 anos (M=40,8; DP=19,84), sendo 53,9% do sexo feminino.
Quanto à distribuição geográfica, a amostra abrangeu todas as regiões do Brasil sendo 2,5%
da região Norte, 13,1% da Sul, 63% da Sudeste, 7% da Centro-Oeste e 14,4% da Nordeste.
Quanto à escolaridade, 32% possuía Fundamental Incompleto, 11,7% Fundamental Completo,
11,9% Ensino Médio Incompleto, 25,3% Ensino Médio Completo, 7,5% Superior Incompleto e
11,6% Superior Completo.
Tabela 2
Nota: Arranjo de Figuras, Compreensão e Armar Objetos não contribuem para os escores de
Índices Fatoriais (Wechsler, 2004).
40
Formas Abreviadas - WASI
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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43
TEXTO 6
44
fator mental responsável pela geração e produção de um novo conhecimento e 2). Abstração:
ou seja, a capacidade de captar uma relação.
45
FIGURA A: Usando o “FATOR G”, o indivíduo tem que abstrair a relação entre os
três primeiros itens, ou seja: o quadrado pequeno preto gira no sentido horário, instalando-se
no quadrado pequeno branco seguinte. Depois abstrai uma co-relação entre o movimento
dos quadrados pretos pequenos e das partes negras dos círculos. Finalmente, abstraídas estas
relações, pode gerar um conhecimento sobre a figura que iria ocupar o espaço em branco.
Louis Leon Thurstone (1938) pode ser considerado como um dos maiores críticos
da proposta de Spearman. Partindo também de estudo em amostras amplas de adultos e da
aplicação de múltiplas provas de inteligência, esse autor também focou seu estudo na
comparação dos resultados de cada indivíduo em diferentes provas. O método também foi de
análise fatorial, porém Thurstone procurou analisar os itens dos testes que tinham baixa
correlação entre si, ou seja, que mediriam habilidades independentes, mais específicas.
Seu argumento era: a realização intelectual é a expressão de certo número de fatores, e não
apenas de um fator geral comum.
46
Diferencial Aptitude Test). Essas baterias são compostas por vários testes, cada um medindo
um tipo de fator mais específico, como espacial, numérico, linguagem, etc. São muito utilizadas
em orientação vocacional, ao lado de entrevistas e outros instrumentos que visam uma
compreensão mais ampla e realista do processo da escolha da profissão de um indivíduo.
47
_____________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
48
deste último autor, referimo-nos às aptidões intelectuais, como Compreensão Verbal (V),
Fluência verbal (W), Numérica (N), Espacial (S), Memória (M), Velocidade Perceptiva (P) e
Raciocínio (I).
Esse modelo teórico propõe que, subjacente a mais de meia centena de fatores
primários ou específicos de realização cognitiva, emerge uma dezena de fatores de segunda
ordem associados a processos básicos de tratamento da informação (percepção, memória de
trabalho, aprendizagem, memória e associação remota, velocidade cognitiva, raciocínio) ou a
conteúdos específicos da informação (visual, quantitativa, auditiva). Na teoria CHC houve,
portanto, uma nova reespecificação do modelo de Cattell (1963), que na década de 1960, Horn
já havia acrescentado mais quatros habilidades gerais a este modelo, ou seja, memória de
curto prazo (Glr), processamento visual (Gv), velocidade de processamento (Gs) e memória de
longo prazo (Glr) (Horn, 1968). A listagem de fatores de segunda ordem viria, no entanto, a
aumentar em pesquisas posteriores, integrando agora outros fatores cognitivos relativamente
gerais, por exemplo, o conhecimento quantitativo (Gq), leitura e escrita (Grw), processamento
auditivo (Ga) e rapidez de decisão (Gt). Por último, os autores da teoria CHC reconhecem um
terceiro patamar nessa estrutura hierárquica propondo o fator g como um fator de terceira
ordem na base das correlações entre os fatores do segundo estrato (Carroll, 1993; Andrés
Pueyo, 2006; Primi, 2003).
A teoria CHC tem emergido como modelo teórico de análise das habilidades cognitivas
encontradas nos vários testes de inteligência disponíveis, contribuindo assim para o estudo da
respectiva validade (Baumgartl & Primi, 2005; Horn, 1991; McGrew, 2009; Primi, 2003).
Procurando a sua aplicação também aos testes usados no presente artigo (Bateria de Provas
de Raciocínio - BPR-5, Primi & Almeida, 2000), diremos que esta bateria procura conciliar
aspectos mais gerais do funcionamento cognitivo, ou seja, apreender e aplicar relações
(raciocínio) e aspectos mais específicos associados ao conteúdo das tarefas ou itens em cada
uma das cinco provas.
49
Fazendo uma breve alusão histórica à BPR-5, importa referir que esta bateria
decorre da Bateria de Provas de Raciocínio Diferencial (BPRD – Almeida, 1986), que por sua
vez estava associada aos Tests de Raisonnement Differentiel (TRD – Meuris, 1969). Os autores
assumiam que os quatro testes da bateria TRD (abstrato, verbal, numérico e espacial) ou os
cinco testes da BPRD (acrescentando o mecânico aos quatro anteriores) avaliavam
habilidades cognitivas diferenciadas. No entanto, análises fatoriais sucessivas vieram a
mostrar que basicamente estamos em face de testes de fator g, acrescentando os conteúdos
mais verbais e numéricos ou perceptivo-espaciais e mecânicos alguma singularidade ao
desempenho cognitivo dos alunos. Uma versão resumida da BPRD, já sem o termo
“diferencial” na sua designação, a BPR-5, veio a ser validada junto dos estudantes brasileiros,
sendo esta versão usada no presente estudo.
Figura 1. Exemplo de itens dos testes de raciocínio abstrato, verbal, espacial, numérico e mecânico.
50
Raciocínio Abstrato (RA) avalia a capacidade de estabelecer relações abstratas em
situações novas para as quais se possui pouco ou nenhum conhecimento previamente
aprendido. Este teste está associado à inteligência fluida (Gf), que é definida como a
capacidade de raciocinar em situações novas, criar conceitos e compreender suas implicações.
MÉTODO
51
Estado de Minas Gerais. Participaram do presente estudo os alunos que autorizaram o uso dos
dados para fins de pesquisa.
Instrumentos
Matrizes Progressivas de Raven – Escala Geral (Raven, 2003): consiste numa medida de
inteligência geral para adolescentes e adultos. É composto por 60 itens apresentados sob a
forma de estímulos não verbais (predominantemente abstratos e geométricos). Os itens estão
organizados em cinco séries. A tarefa do examinando consiste em escolher entre as
alternativas a que melhor completa a matriz, sendo a cotação do teste o somatório de acertos.
Estudo recente atesta a precisão e validade deste teste (Raven, 2003).
Teste G-36 – Teste não verbal de inteligência (Boccalandro, 2003): constitui uma medida
não BPR-5 em alunos universitários 157 Avaliação Psicológica, 2010, 9(2), pp. 155-162 verbal
do fator geral de inteligência. É composto por 36 itens de conteúdo figurativo-abstrato, em
formato de matriz. A cotação do teste considera o somatório de acertos. Diversas análises
conduzidas sobre a precisão e a validade dos resultados apresentaram índices apropriados
(Boccalandro, 2003).
Para a análise dos dados coletados foram considerados os escores brutos em cada uma das
tarefas. Foram realizadas estatísticas descritivas, correlações pelo método produto x
momento de Pearson e Análise Fatorial Exploratória (AFE). Nas AFEs foi adotado o método
dos Componentes Principais. Para identificação da pertinência de se conduzir tais AFEs foram
considerados os critérios KMO, teste de esferecidade de Bartlett e magnitude das correlações.
52
Para definição do número de fatores a extrair e conclusão sobre a melhor solução fatorial
foram analisados: valor-próprio (eigenvalue) maior que 1, inspeção visual do gráfico scree,
percentual da variância explicada por cada fator e significado semântico do fator (Pasquali,
2005). Na AFE com mais de um fator foi utilizado o método de rotação varimax.
RESULTADOS Dado que cada prova tem um número diferente de itens não é possível fazer
uma análise comparativa dos escores nos testes entre si. De qualquer modo, importa apontar
algum efeito de teto dos resultados nos testes Matrizes Progressivas de Raven e G-36, pois não
só alguns participantes acertaram todos os itens, como o valor da média dos resultados nessas
duas provas se aproximou claramente do número máximo de itens. Lógico que este efeito de
teto afetou as análises estatísticas posteriores, podendo constituir-se numa limitação
metodológica do presente estudo que importa acautelar na interpretação dos resultados.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Essa diferenciação de duas formas de inteligência, uma mais como capacidade geral e
outra mais associada às aprendizagens e à experiência, goza de alguma verificação empírica
na psicologia (Ackerman, 1996; Cattell, 1971). Ao mesmo tempo, a emergência desses dois
fatores numa população estudantil do ensino superior, maioritariamente jovem-adulta e
adulta, vai ao sentido da “teoria do investimento” proposta por Cattell (1971), quando afirma
que, a partir da adolescência, fruto das experiências acadêmicas e profissionais mais
diferenciadas e das opções vocacionais que os adolescentes vão assumindo, haveria
uma mudança progressiva de uma habilidade intelectual genérica (g ou Gf) para
habilidades cognitivas mais diferenciadas. Esta diferenciação cognitiva explicaria as
diferenças intra-individuais e inter-individuais no desempenho dos testes de inteligência
consoante os processos cognitivos e os conteúdos dos respectivos itens (Kvist & Gustafsson,
2008).
54
Aprofundando esta pista interpretativa dos resultados obtidos, poder-se-á
rentabilizar a BPR-5 em populações adultas, não apenas para se avaliar uma capacidade
mais básica ou fluida de raciocínio, mas para um diagnóstico diferencial das habilidades mais
práticas (espaciais, mecânicas) e mais acadêmicas (verbais, numéricas).
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56
_________________________________________________________________________________________________________
Primi, R. Inteligência: avanços nos modelos teóricos. Avaliação Psicológica, 2003, 1, pp 67-
77. Adaptação do texto para fins acadêmicos
Resumo
Nos últimos anos a avaliação psicológica tem recebido atenção crescente não só dos
psicólogos, mas também da sociedade em geral. Pode-se citar como exemplo a anulação de
duas questões sobre avaliação psicológica do Provão de 2000 e 2001 por estarem mal
formuladas, uma reportagem da ISTOÉ (Alves Filho, 25/09/2002) trazendo o problema da
validade de avaliações psicológicas em processos seletivos, as medidas do CFP buscando inibir
o uso de instrumentos de má qualidade (dentre elas o processo de avaliação da qualidade dos
instrumentos), e a organização de profissionais e pesquisadores em eventos da área (ver:
www.ibapnet.org.br). Tudo isso faz a avaliação psicológica ocupar uma posição de maior
destaque na psicologia brasileira relativamente àquele que tinha no passado. Este movimento
traz consigo uma série de desafios antigos que precisam ser enfrentados e resolvidos para que
a área efetivamente cresça.
57
contrastando-os com as ideias originadas de pesquisas recentes e com isso contribuir para a
dissolução desses mal entendidos e para um movimento de maior convergência dos discursos
dos cientistas e profissionais.
Esta teoria é muito semelhante à concepção moderna da teoria Gf-Gc de Horn (1991).
Esta semelhança é importante e necessária já que ambos os estudos procuram descrever o
mesmo fenômeno. Por isso em 1998 McGrew e Flanagan (1998) propuseram uma integração
das teorias Gf-Gc e dos Três Estratos criando-se a Teoria de Cattell-Horn-Carroll - CHC das
Habilidades Cognitivas. Este modelo consiste numa visão multidimensional com dez fatores
ligados a áreas amplas do funcionamento cognitivo. Estas capacidades associam-se aos
domínios da linguagem, raciocínio, memória, percepção visual, recepção auditiva, produção
de ideias, velocidade cognitiva, conhecimento e rendimento acadêmico (Carroll, 1997).
A Tabela 1 apresenta uma definição geral dessas dez capacidades (mais informações sobre
este modelo podem ser encontradas em: www.iapsych.com).
Extrato I Fator G
Fatores do Estrato II
59
decodificação em leitura e ortografia até habilidades mais complexas como a compreensão de
textos e a composição de histórias.
Essa análise da WISC ilustra um ponto importante que consiste no uso do termo QI como
se ele significasse sempre a mesma coisa. Mas os QI´s de testes diferentes nem sempre dizem
respeito exatamente às mesmas capacidades das pessoas. As baterias são compostas de
subtestes avaliando vários fatores específicos da inteligência e a partir dos quais se calcula
uma nota global o QI. Entretanto um QI de um teste A não é necessariamente igual ao QI de
um teste B já que as duas baterias podem ser compostas de subtestes diferentes. O QI é
simplesmente uma escala numérica padronizada e seu significado dependerá da combinação
de fatores específicos avaliados pela bateria
Outra confusão que se faz é a distinção testes de inteligência e testes aptidão supondo
que o primeiro mede o fator g, e o os testes de aptidão medem capacidades específicas.
Estritamente falando para medir o fator g deveríamos aplicar uma bateria composta por pelo
uns 60 testes cobrindo todas as capacidades do nível III do modelo CHC. Essa bateria não
existe e talvez nem exista tão cedo. Mesmo os testes de inteligência fluida que estão mais
próximos do fator g (Raven, G36, D48, por exemplo) medem um fator específico do nível III.
Ou seja, não existe a distinção entre testes de inteligência e de aptidão. A rigor todos os testes
medem alguma capacidade específica da inteligência. O conceito de aptidão na verdade refere-
se a uma combinação ótima de fatores específicos procurando prever um determinado
critério como, por exemplo, leitura, desempenho matemático, desempenho no trabalho
(Flanagan, Ortiz, Alfonso, & Mascolo, 2002).
Ainda outra confusão refere-se à nomenclatura testes não verbais. Como foi visto não
existe um fator de inteligência não verbal como a proposição do início do século passado que
aparecia nas primeiras versões das escalas Wechsler. Toda atividade cognitiva envolve o uso
da linguagem com mais ou menos intensidade. Mesmo na resolução de testes de
processamento visual a linguagem faz parte do processamento. Os testes não verbais de
inteligência diferem dos testes puramente verbais (de inteligência cristalizada) por não
exigirem uma língua específica na sua resolução como, por exemplo, inglês, francês ou
espanhol. Já um teste de vocabulário em inglês exigirá o conhecimento de uma língua
61
específica e, portanto, dependerá muito mais das capacidades que a pessoa possui na língua
do país de origem do teste.
De modo geral hoje não existe uma bateria que avalie todos os fatores amplos da
inteligência. Dos testes publicados nos EUA o que mais se aproxima disso é o Woodcock
Jhonson III avaliando equilibradamente sete fatores amplos (Woodcock, McGrew & Mather,
2001). Diante disso foi sugerido um procedimento chamado “Composição ou Cruzamento de
Baterias” (Cross Battery Approach) que propõe a seleção de subtestes de baterias diferentes
guiada pelo modelo CHC, propiciando uma otimização da avaliação dos fatores amplos
(Flanagan & Ortiz, 2001). Este procedimento é interessante, mas só é possível quando existem
testes com padronização nacional. Como no Brasil isto é escasso, este procedimento se torna
difícil de ser implementado.
Este modelo será muito importante para ajudar-nos a entender o que os testes criados
pela psicometria avaliam. Ele consiste em uma taxonomia para os testes de inteligência, um
mapa dos construtos avaliados pelos testes. No entanto ele não esgota a definição de todas as
possíveis maneiras que a inteligência pode se manifestar. Ele pode ser entendido mais como
uma teoria para os testes existentes. Entretanto, a inteligência humana abarca outras
dimensões ainda desconhecidas além daquelas que os testes indicam. Seguramente existem
capacidades ainda mal conhecidas que tem motivado a expansão dos estudos e teorias sobre a
natureza da inteligência como se verá a seguir.
Por muito tempo a psicologia cognitiva adotou um enfoque frio da cognição procurando
entender como ocorre o processamento de informação sem prestar muita atenção nos
aspectos afetivos (Ledoux, 1996). Este enfoque simplifica a análise permitindo a visão
detalhada de uma faceta de cada vez, entretanto implicitamente assume que as funções
cognitivas ocorrem em um vácuo afetivo. De fato, as visões mais antigas encaram as emoções
como fatores desorganizadores da atividade cognitiva trazendo falta de clareza ao raciocínio.
No passado predominou um modelo antitético entre emoção-razão como duas entidades
competindo pelo controle da mente. Segundo esta visão quando as emoções predominam a
lógica desaparece e os pensamentos se tornam irracionais (Greenberg, 2002).
Recentemente, principalmente por causa dos estudos da neurociência, esta visão das
emoções perdeu força. As emoções têm efeitos importantes na adaptação e tem
poderosos efeitos na cognição, tanto nos processos de pensamento, isto é, no como
pensamos, quanto no conteúdo do pensamento, isto é, no quê pensamos (Forgas, 2001).
É óbvio que a psicologia sempre disse isso e, portanto, não há novidade nessas ideias. O que
há de novo, no entanto, são os experimentos sobre a interação cognição e emoção e as
descobertas sobre as bases neurais destes eventos que passaram a ser publicados
principalmente a partir da década de noventa.
Levenson (1999) e Mayer e Salovey (1991) definem emoção como fenômenos psico-
fisiológicos que organizam o comportamento em maneiras eficientes de adaptação às
exigências dinâmicas do ambiente. As emoções consistem em um pacote organizado de
respostas de vários subsistemas do organismo. No nível cognitivo as emoções alteram o foco
da atenção para aspectos mais importantes e ativam lembranças relevantes nas redes neurais
da memória de longo prazo. No nível fisiológico as emoções preparam o organismo criando
um meio ótimo para uma resposta efetiva e condizente com a demanda ambiental. Esta
preparação envolve a organização da expressão facial, tonalidade da voz, tônus muscular, do
sistema nervoso autônomo e do sistema endócrino. No nível comportamental as emoções
produzem comportamentos expressivos veiculando informações às outras pessoas e também
impulsionam comportamentos instrumentais.
2)Um segundo aspecto é que os diferentes tipos emoções estão associados a diferentes temas ou
enredos padrão ligados à sobrevivência. As reações disparadas pelas emoções são condizentes
com enfrentamento destas situações específicas. Por exemplo, nos deprimimos quando
perdemos ou pensamos que perdemos algo importante e valioso, ao contrário sentimos
prazer e felicidade quando ganhamos algo que favoreça nossa sobrevivência. Sentimos raiva
quando nos vemos injustiçados e trapaceados, sentimos medo quando percebemos uma
ameaça, sentimos aversão quando estamos muito próximos de algo aversivo não digerível. As
63
emoções, portanto, estão sempre funcionalmente ligadas a eventos ambientais internos e
externos principalmente às interações sociais.
Esta ideia vem principalmente dos estudos de Joseph Ledoux que estudou o
funcionamento da amídala, estrutura cerebral responsável pelo processamento do medo e
pela produção da resposta luta-ou-fuga (Ledoux, 1996). Ledoux demonstrou que os estímulos
aversivos percorrem um caminho subcortical dos órgãos sensoriais para o tálamo sensorial e
do tálamo diretamente para a amídala ativando seu funcionamento fazendo-a produzir as
respostas ligadas ao medo. Ao mesmo tempo há outra via que vai do tálamo ao córtex que
permite uma análise mais complexa com a participação das funções conscientes. Há também
uma série de conexões entre a amídala e o córtex pré-frontal e o hipocampo que são a base
neural das influências mútuas entre o processamento primitivo e os processos de raciocínio e
memória de longo prazo. Entretanto a via subcortical é duas vezes mais rápida que a via
cortical e predomina no início do processamento de estímulos aversivos e na produção das
respostas corporais do medo.
64
se a nível cortical), e modula posteriormente a reação que foi disparada, sendo que permite
também que também faz um processamento mais complexo do estímulo.
Resumindo as ideias até aqui discutidas, a inteligência pode ser definida como uma
capacidade geral de adaptação. As emoções estão envolvidas na adaptação a um
conjunto de situações fundamentais ligadas à sobrevivência do organismo. As emoções
estão também ligadas às estruturas evolutivamente mais primitivas e não precisam da
intervenção da consciente para ocorrer. Fica claro então o elo entre inteligência e emoção.
Tanto inteligência como emoção são funções adaptativas do organismo associadas a
comportamentos do cérebro que auxiliam o organismo a se adaptar ao meio. Talvez a
principal diferença entre emoção e cognição é que as emoções constituem em uma
inteligência cristalizada pré-programada no cérebro para tratar de problemas existenciais
fundamentais. Entretanto estes programas têm uma relativa flexibilidade e interagem com
capacidades superiores de raciocínio mais flexíveis e abertas às influências ambientais.
Nesse sentido uma ideia importante observada por Gohm e Clore (2002) é a concepção
de afeto-como-informação. Nosso cérebro está continuamente engajado na avaliação do
ambiente. Esta avaliação é feita inconscientemente. Quando nota algo existencialmente
importante (que poder legítimo ou não, dada a natureza grosseira deste processamento
automático) ele dispara uma reação emocional recrutando as funções conscientes superiores
redirecionando a atenção ao aspecto notado. Como diferentes emoções indicam diferentes
situações significativas, a análise do tipo de emoção experienciada pode nos informar
sobre a natureza do evento que foi notado. Estas informações podem então ajudar no
processo adaptativo. Caberá usar ou não esta informação de maneira efetiva. Portanto as
emoções trazem informações potencialmente úteis sobre nosso ambiente (interno ou
externo) que podemos usar para nos adaptar mais ou menos efetivamente a ele. Esta é a ideia
do afeto-como- informação.
2) Segunda capacidade: está ligada ao uso das emoções para facilitar o pensamento. Diz
respeito à utilização da emoção como um sistema de alerta que dirige a atenção e o
pensamento para as informações (internas ou externas) mais importantes. Diz respeito
também à capacidade de gerar sentimentos em si mesmo como uma espécie de ensaio
para ajudar na tomada de decisões nos processos de adaptação.
Os afetos negativos, não muito intensos, contribuem para uma visão mais precisa da
realidade. Alguns fatos corroboram isso. Por exemplo, em mensagens persuasivas pessoas em
estado de humor mais positivo parecem ser mais influenciadas por detalhes superficiais do
comunicador como aparência física e status. Já pessoas em estados mais negativos de humor
tendem a examinar as informações com mais cuidado procurando ver sua qualidade. As
pessoas deprimidas são também geralmente mais realistas (Forgas, 2001). A infusão afetiva
muitas vezes ocorre de maneira automática, espontânea e subconsciente. Portanto a
inteligência emocional envolve a percepção destes efeitos sobre o funcionamento mental para
poder usá-los maneira favorável à nossa adaptação.
O conhecimento emocional é uma parte essencial da Psicologia, mas apesar disso as teorias
clássicas não avançaram muito na definição dos vários tipos de emoções. Por exemplo, a
Psicanálise focalizou muito na ansiedade. Melanie Klein expandiu um pouco mais falando da
raiva e da inveja. Mas muito pouco se falou sobre outras emoções principalmente as emoções
positivas (Greenberg, 2002).
Outro aspecto associa-se à regulação dos humores em relação a outras pessoas. Isto está
ligado ao monitoramento das reações dos outros em relação ao próprio comportamento , o
que nos permite ter ideia de como nossos comportamentos afetam os outros e possibilitando
um maior controle dessas reações. Uma parte do efeito benéfico da psicoterapia tem a ver
com o desenvolvimento de estratégias de manipulação das próprias emoções. Também está
associado ao entendimento das maneiras mais automáticas de regulação efetivadas pelos
mecanismos de defesa de cada um, para eventualmente mudá-los para outros mais
adaptativos (Greenberg, 2002).
67
processos em nosso benefício na adaptação aos desafios impostos pelos eventos de nossa
vida.
As pesquisas mais recentes vêm buscando construir instrumentos para medir estes quatro
componentes. Há uma série de inventários de autorrelato criados para avaliar algumas facetas
da inteligência emocional. Entretanto sabemos pelos estudos sobre a inteligência que a
opinião das pessoas sobre suas capacidades não se correlaciona com a sua capacidade
verdadeira. Se quisermos avaliar a inteligência precisamos de testes de desempenho nos quais
a pessoa demonstre sua capacidade de processar as emoções (Ciarrochi, Chan, Caputi &
Roberts, 2001; Mayer, Caruso, & Salovey, 2002b; Salovey, Mayer, Caruso, & Lopes, no prelo).
Reforçando o que foi dito no início os avanços que a avaliação psicológica traz para a
psicologia não se restringem à instrumentalização da observação, mas também se estendem
às teorias psicológicas sobre a personalidade. Isso faz a avaliação psicológica muito mais
importante do que se considera habitualmente.
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69
____________________________________________________________________________________________________________
Este texto foi adaptado, para fins acadêmicos, do artigo: Oliveira, G.M., Paschoali, R.A,
Oliveira, V. & Camilo, C.C. Inteligências múltiplas e intervenção Neuropsicopedagógica .
Revista Educação em Foco – Edição nº 10 – Ano: 2018 revistaonline@unifia.edu.br
INTRODUÇÃO. A vida humana tem início desde as primeiras ações das células
reprodutoras. O sistema nervoso começa a se formar logo ao décimo oitavo dia de vida
intrauterina. Segundo Domingues (2007), o cérebro é o órgão que sustenta a vida, sua
estrutura possui plasticidade e é modificável, o que significa que os fatores biológicos, sociais
e emocionas e as experiências que as pessoas vivenciam vão estruturando o cérebro durante a
vida e formando o psíquico de cada indivíduo.
Tal plasticidade cerebral tem maior fruição até a fase da adolescência, permanecendo por toda
a vida, porém, com menos intensidade na vida adulta, como confirma Domingues (2007).
Ferreira (2014) vem dissertar que o cérebro se organiza de uma maneira que processa todos
os estímulos que surgem do ambiente ou do meio interno e assim realiza comportamentos em
resposta a esses estímulos e que, mesmo existindo áreas que executam suas específicas
70
funções, é necessária a integração organizada de todas essas partes. Em concordância,
Ferreira (2014, p.31) ainda diz que “as percepções, as emoções, os pensamentos e todo e
qualquer comportamento produzido por nós são resultantes do funcionamento do sistema
nervoso.”
Fonseca (2014) enfatiza em sue artigo que existem várias funções no cérebro que
contribuem para a aprendizagem humana. A primeira é chamada de cognitiva, ela processa
as informações nos indivíduos de modo particular, isso porque cada um possui ligações de
neurônios que se comunicam por meio das sinapses, que são acoplamento de neurônios, a
comunicação entre eles. A segunda é a conativa, que se referem às emoções, motivação,
temperamento e a personalidade do sujeito. A terceira é denominada executiva, denominada
como processos mentais que reúnem as ferramentas essenciais para o aprender a aprender.
Para que o processo formativo da criança seja satisfatório, de acordo com Domingues
(2007) é necessário observar três itens: 1) nutrição, os alimentos são importantes para que
os neurônios sejam saudáveis; a 2) estimulação por meio de estratégias que contribuem para
um aprendizado, por isso a importância das atividades múltiplas no dia a dia dos pequenos; 3)
o afeto, significando as emoções causadas pela afetividade que são indispensáveis para o
desenvolvimento integral.
Piaget (2014 p.32) enfatiza que “os sentimentos ou as formas cognitivas dependem de toda a
história do sujeito ativo” e “a vida afetiva e a cognitiva são, portanto, inseparáveis, embora
distintas.” A inteligência faz parte do desenvolvimento de todo ser humano; ela é construída
através de estímulos, é uma relação entre um sujeito e um objeto. Por sua vez, é um conjunto
que forma todas e quaisquer características de um indivíduo, ou seja, é conhecer,
compreender, interpretar, pensar e raciocinar.
A teoria das inteligências múltiplas desenvolvida por Howard Gardner busca atender a toda
a diversidade humana, visto que cada ser é único e possui suas individualidades, propõe
abordagens de ensino que estão relacionadas com as diversas potencialidades humanas, as
quais ele denomina de múltiplas capacidades.
71
É dividida em oito partes: linguística, naturalista, lógico-matemática, intrapessoal,
interpessoal, corporal-cinestésica.
Espacial permite que o indivíduo perceba imagens externas e internas e pense de maneiras
tridimensionais. É por meio da inteligência espacial que instiga a capacidade para pensar de
maneiras tridimensionais, possibilitando a arte em todas as disciplinas acadêmicas. E uma das
principais características dessa inteligência é o mapa mental: que permite criar símbolos ou
imagens no cérebro para ilustrar seus conceitos e ajudar na organização e recordação de
informações escritas ou verbais.
Assim, cada ser humano é particular, todos podem e devem aprender, mas é necessário um
olhar amplo, valorizar a personalidade de cada pessoa. Por isso a prática da
Neuropsicopedagogia busca intervenções diferenciadas para cada ser.
O ser humano é um indivíduo que executa, tem funções executivas que o permite praticar
fluentemente aquilo que aprende desde que o estímulo oferecido seja aplicado
satisfatoriamente. Pois a aprendizagem envolve sentimentos de competência, fazer aquilo que
tiver confiança, essas questões são observadas por Fonseca (2016) “A aprendizagem ao
ocorrer adequadamente estabelece circuitos neuronais no cérebro do indivíduo,
transformando a sua mente e o sentimento de si próprio”.
Como Fonseca (2016) reforça a respeito dessas funções, que para enriquecer as funções
cognitivas, vistas como o processamento das informações; as conativas, as emoções e
comportamentos de cada ser; e executivas, as ferramentas para aprender, é necessário
interação e mediação, oferecendo uma acessibilidade a todos, por isso o trabalho
neuropsicopedagógico favorecerá as particularidades de cada sujeito.
A resolução SBNPP nº 03/2014 em seu artigo 61º ressalta que o neuropsicopedagogo deve
“considerar tanto possibilidades quanto limitações físicas, mentais e emocionais do cliente,
desenvolvendo objetivos apropriados para o atendimento das suas necessidades e avaliar
constantemente o desenvolvimento do processo neuropsicopedagógico”.
Maia (2017) descreve: “Gardner ressalta que testes e avaliações analisam somente
habilidades tradicionalmente valorizadas, como as capacidades: verbal e lógico-matemática. As
capacidades artísticas e psicomotoras, por exemplo, não são visualizadas nos processos
avaliativos. Desse modo, escola, professores e família deveriam estimular o desenvolvimento
dos diversos tipos de inteligência, aproveitando aquelas que são originalmente mais
evidenciadas no fazer cotidiano dos sujeitos” (MAIA, 2017, p.76).
74
Em concordância com essas informações observa-se que Maia (2017) propõe práticas
interventivas para cada Inteligência Múltipla:
Piaget (2013) relata que a inteligência são operações vivas e atuantes, é o instrumento
essencial para as ligações entre o sujeito e o universo.
Como ponto de partida, deverá ser feita uma avaliação e por isso Maia (2017, p.76)
discorre: “Assim, a avaliação das inteligências múltiplas pode ser realizada por meio da
observação das atividades desenvolvidas diariamente pelo sujeito e de suas inclinações e
interesses.”.
Iennaco (2006) em seu artigo disserta que a neurociência, como contribuição para a
educação, tem como propósito mostrar novas estratégias, de como se trabalhar, melhorar a
qualidade de vida dos discentes em si, e dar suporte para todos os envolvidos: neurologistas,
pais, educadores, psicólogos, etc.; assim entendendo com melhor precisão a organização do
sistema nervoso.
Além disso, Iennaco (2006) ressalta que é de suma importância que educadores e
psicopedagogos tenham conhecimentos dos estudos da neurociência que fomentam o
desenvolvimento do cérebro, atualmente. Instrumentos de neuroimagem auxiliam no
desvendamento de aspectos lesionais ou funcionais cerebrais. Iennaco (2006, p.86) diz que: A
75
Neurociência será capaz, ainda, de instrumentar os profissionais para avaliar o aluno de forma
individual, percebendo as deficiências e capacidades de cada um, determinando os principais
determinantes de suas dificuldades e identificando de forma precoce os tipos de estratégia a
serem utilizadas.
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revistaonline@unifia.edu.br
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Texto adaptado, para fins acadêmicos a partir de Rueda, FJMR; Sousa, V; Angeli dos
Santos, A; Noronha, AP . Bender- Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG): estudo para versão
de rastreio. Psicol. teor. prat. vol.18 no.2 São Paulo ago. 2016.
http://dx.doi.org/10.15348/1980-6906/psicologia.v18n2p117-128
Outras pesquisas verificaram que amostras diagnosticadas com dislexia (Santos &
Jorge, 2007) e deficiência intelectual (Noronha, Santos, & Rueda, 2013) tiveram um pior
desempenho no teste, quando comparadas à amostra normativa.
O B-SPG utiliza os nove cartões originalmente propostos por Bender. Deles são
extraídos 10 escores - no sétimo cartão, são avaliadas as duas imagens que compõem a figura
(7A e 7B) - além da pontuação total. As figuras são constituídas por pontos ou laçadas (figuras
1, 2, 3 e 5), linhas retas e ângulos (A, 7A, 7B e 8) e linhas curvas (4 e 6).
Vale mencionar que a figura A é constituída de duas imagens, sendo elas, um círculo e
um quadrado rotado, no entanto, o B-SPG somente considera para a pontuação, o quadrado.
O mesmo ocorre com a 4, que é composta por dois traçados diferentes, mas somente é
pontuado o traçado em forma de curva, no caso, a campânula. Na Figura 8, também são
atribuídos pontos apenas para o hexágono (Sisto et al., 2005).Para a execução das figuras
angulares, a criança deve realizar traçados em formatos de ângulo e lados retilíneos.
Em relação aos traçados de linhas curvas, observa-se que elas diferem das linhas retas
pelo fato de serem produzidas por meio de movimentos ondulantes. Tais características
podem ser observadas nas figuras 4 e 6. A campânula, avaliada na Figura 4, é constituída por
traçados abertos que formam curvas. A Figura 6 também foi formada por ondas, e a sua
avaliação considera o número de ondas horizontais e inclinadas e o tamanho de cada uma
delas (Kacero, 2005).
Dessa forma, almeja-se, neste estudo, verificar se, com um conjunto de menos figuras,
sendo cada uma representante de um dos tipos de traçados - é possível chegar a uma medida
da avaliação da habilidade perceptomotora equivalente à proposta original do B-SPG.
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ROTEIRO PARA TRABALHO PRÁTICO
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
da PUC-SP. Pedimos a sua colaboração para a realização deste trabalho, no qual os alunos
aprendem a fazer uma entrevista e efetuar atividades que envolvem, por exemplo, atenção,
percepção visual, linguagem e memória. Por exemplo, o aluno apresenta ao colaborador (a)
algumas figuras, e solicita que se aponte qual a parte que falta, em cada uma delas.
Psicológica Ana Maria Poppovic, com datas e horários convenientes para todos.
Como esta é uma situação acadêmica, o(a) aluno(a) não estará habilitado a fornecer os
aprendizagem.
isso.
acordo com o sigilo que faz parte do código de ética profissional. Quaisquer dúvidas podem
ser colocadas ao grupo de alunos, que as encaminhará ao professor (a) e psicólogo (a),
___________________________________________
____________________________________________.
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2. PROCEDIMENTOS PARA O TRABALHO PRÁTICO
Idade do colaborador (a): idade mínima: 6 anos. Idade máxima: 16 anos e 11 meses
• Dados de identificação: INICIAIS, sexo, idade, data nascimento e data atual, ano
escolar e nome da escola (pública ou particular)
• Configuração familiar: pai? Mãe? Irmãos?
• Gestação e parto: descrever gestação e condições de parto
• Dados de desenvolvimento: motor (engatinhar, andar, controle de esfíncteres),
linguagem (início da fala, primeiras palavras, frases)?
• Alfabetização: como foi: facilidade? Dificuldade?
• Vida acadêmica: como foi a adaptação inicial? Teve dificuldade/facilidade ao
longo da escolarização? Em quais matérias? Repetiu algum ano? Necessitou
professor particular?
• Vida acadêmica e a pandemia: como se organizou frente à pandemia? Aulas on
line? Presenciais?
• Método de estudo: a criança faz a lição sozinha? Com ajuda?
• Uso de celular: tem celular desde quando? Quanta hora por dia passa no celular?
E internet?
• Relacionamento social: como se dá com colegas? E amigos?
• Importante: investigar áreas em que o colaborador tem especial facilidade, e
que geralmente não fazem parte do currículo acadêmico. Interesses e
hobbies: Música? Teatro? Dança? Línguas? Esportes? Computador? (Especificar a
atividade)
• História médica: hospitalizações? Cirurgias?
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3. Condições do sujeito: De que forma aceitou o convite para participar? (reticente,
condicional, de bom grado, etc.); Grau de motivação e engajamento na situação de teste:
houve variações? Levante hipótese a respeito.
• Aspectos afetivo-emocionais: como reage ao acerto e erro? (persiste? desiste?);
sinais de insegurança (interferiu no desempenho?); sinais de autoconfiança
(quando?)
• Compreensão das instruções? Havia/não necessidade de repeti-las? Quando?
I. Dados de identificação
Iniciais: A.M. Sexo: feminino
Data de nascimento: 10/7/2016 Idade atual: 8 anos
Escolaridade: 5ª série
Nome da Escola: Escola Emília Fonseca (particular)
Constelação familiar: o colaborador (a) reside com os pais (mãe, engenheira, e pai, artista
plástico). Tem irmã de 15 anos.
Observação geral: Colocar no relatório o termo “colaborador, participante, ou as iniciais. Não usar o
termo “sujeito”.
Nome dos alunos: entrevistador, aplicador e observador.
III Instrumentos: Escuta psicológica, entrevista, Escala Wechsler de Inteligência para crianças,
4ª edição (WISC IV). Foram considerados os resultados quantitativos e também os dados
qualitativos relativos à análise do processo de resposta.
IV Procedimentos: Após a leitura e assinatura do TCLA pelos pais, foi feita a entrevista., hora
lúdica com a crianças e aplicação WISC na Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic no período de
30 de maio a 20 de junho de 2023. Foram feitas 3 sessões de aproximadamente uma hora cada
uma.
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hesita quando tenta achar alguma palavra. Quando pedimos que faça algo, ela às vezes pede que
repita. No geral é bem obediente “mas parece que às vezes fica alheia, como se não entendesse
de imediato o que pedimos” (sic pais).
Foi para a creche quando tinha 2 anos, sendo que às vezes ficava em casa com os avós
maternos, porque os pais trabalham período integral. Sua adaptação foi boa à creche e escola,
embora no início chorasse um pouco. Depois, segundo relata a mãe “foi se acostumando, e até
completar 5 anos gostava muito da vida acadêmica” (sic) “Gostava de desenhar e fazer ‘teatrinho”
(sic) sempre participando das atividades em classe.
Os pais assinalam, ainda, que além de desenhar, gosta muito das aulas de educação física
da escola. Faz aulas de balé desde os 4 anos, e as suas professoras informam que tem facilidade
na área: boa motricidade ampla, boa coordenação motora e memorização dos passos de dança
propostos.
Segunda narram os pais, por volta dos 6-7 anos, alguns problemas acadêmicos se iniciaram;
“começou a reclamar, bater o pé que não queria mais ir para a escola” (sic mãe). Chegava a fingir
que estava doente, e “punha até a mão na testa para mostrar que estava com febre” (sic mãe). Os
pais entraram em contato com a coordenação da escola, e foram informados que sua filha “estava
diferente” (sic), pois ficava afastada dos outros em um canto, e os professores não sabiam dizer o
que estava acontecendo.
Do ponto de vista social, a mãe relata que está começando a frequentar a casa dos amigos
“vai principalmente para a casa da Célia, que é a melhor amiga dela”. Usa seu celular
principalmente para se comunicar com as amigas da escola, mas com restrições, pois, segundo a
mãe “se eu deixar, ela só fica escrevendo as coisas para as amigas e não faz lições de casa”. (sic)
Quanto à rotina, costuma acordar cedo, para ir escola. À tarde, costuma frequentar o clube
com a avó, e tem aulas de natação duas vezes por semana “está bem adiantada... já está com a
touca azul, com ela diz – mudando rapidamente para os grupos mais adiantados. Acho que tem
facilidade”.
Seu sono é tranquilo. A mãe refere que sempre conta história para ela antes de dormir:
“temos quase um ritual: banho, historinha e dormir” (sic mãe)
Com relação a sua história médica, os pais relatam que teve as doenças normais da
infância “resfriados, sempre no inverno”, sendo que nunca houve necessidade de internação
hospitalar. É acompanhada pelo mesmo pediatra, desde bem pequena. Tomou as vacinas
adequadas, mas tem alergia a pó. Os pais negam a presença de quedas ou convulsões.
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VI Observações gerais sobre o comportamento: (EXEMPLO)
A criança dispôs-se a colaborar na aplicação da prova após sua mãe ter lhe explicado que
seriam feitas atividades com alunos da PUCSP, e que essa colaboração seria importante para os
mesmos. O contato inicial ocorreu por meio de uma conversa descontraída inicial, em que se
abordou as atividades preferidas da criança.
Nos subtestes envolvendo a linguagem, às vezes parecia insegura e ansiosa, hesitando,
como por exemplo, em Vocabulário, ou Semelhanças. Observou-se que nem sempre compreendia
claramente as instruções verbais, necessitando de repetição. Em contraste, efetuou os subtestes
de envolvendo execução (como Cubos) rápida e precisamente, denotando bastante facilidade nos
mesmos. Comentou: “esses aqui são brinquedos também, né?”.
As condições relativas ao local de aplicação e instruções estiveram adequadas, embora em
certos momentos a criança tenha dado mostras de fadiga; ao final, perguntava “quanto falta para
terminar?” Eram dados reforços positivos frente a seu esforço, e feitas eventuais interrupções para
descanso.
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bidimensional com cubos. Qualitativamente, verificou-se que tentava analisar cada desenho
cuidadosamente, e na hora de reproduzir as coordenadas espaciais efetuava rapidamente a cópia.
Organizava os cubos por fileiras, acompanhando o modelo, parecendo ter prazer na atividade. Não
se preocupava com a marcação do tempo, dizendo “foi rapidinho, não foi? Você não ia fazer mais
rápido do que eu”. No último deles falou” este é para criança muito maior que eu, não é? Vou
tentar, mas não garanto” (sic). Assim, era rápida e precisa no processo, observando as várias
faces do cubo com cuidado antes de inseri-los em sua montagem
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No subteste complementar de Aritmética, situou-se na faixa média. Esse subteste requer a
capacidade de sustentação da atenção em uma atividade envolvendo múltiplos passos, bem
como habilidade em realizar cálculos mentais e as quatro operações. A.M. parecia um pouco
ansiosa no início da atividade, dizendo “parece escola”. Eventualmente cometia erros, por
exemplo, na finalização de um cálculo, mas logo detectava o ocorrido e buscava corrigir-se.
Qualitativamente, observou-se que, embora requerendo repetição dos enunciados dos problemas,
particularmente os mais longos, efetuava todo o processo de equacionamento e construção das
operações aritméticas sem dificuldade, denotando conhecer bem as quatro operações
matemáticos, de acordo com o esperado para sua idade.
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Os resultados devem ser considerados com cautela dados os objetivos acadêmicos do
estudo.
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