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PLANO DE ENSINO

CURSO: Psicologia
SÉRIE: 9º semestre
DISCIPLINA: Psicologia Integrada
CARGA HORÁRIA SEMANAL: 1,5 horas
CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 30 horas

I - EMENTA

Histórico e bases epistemológicas dos processos de investigação psicológica


em Psicologia. Principais conceitos teóricos subjacentes às práticas de
avaliação e investigação psicológica. Testes psicológicos, entrevista,
observação, psicodiagnóstico. Procedimentos de avaliação da personalidade e
de inteligência. Procedimentos para a investigação científica e a prática
profissional.

II - OBJETIVOS

Desenvolver o domínio de instrumentos e processos de avaliação psicológica


utilizados no diagnóstico, intervenção psicológica e psicossocial, e de
investigação científica em Psicologia para selecionar, avaliar e adequar esses
instrumentos a problemas e contextos específicos da prática profissional.

III - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Ao término da disciplina, o aluno deverá ser capaz de:

 Selecionar, relacionar e interpretar dados para tomar decisões sobre


procedimentos de investigação psicológica frente a situações-problema.
 Articular ideias e ordenar pensamentos para a construção de argumentos
consistentes e lógicos.
 Usar corretamente a norma culta da Língua Portuguesa e a linguagem
técnica da Psicologia.

IV - COMPETÊNCIAS

 Compreender os principais conceitos teóricos subjacentes às práticas de


investigação psicológica.
 Reconhecer a importância dos processos de investigação psicológica para
compreender fenômenos e situações profissionais.

V - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. Fundamentos das principais teorias de Avaliação Psicológica


1.1. Fundamentos epistemológicos
1.2. Fundamentos teóricos
2. Testes de Avaliação de Inteligência
2.1. Teorias de Inteligência

1
3. Técnicas de Entrevista e Observação
3.1. A entrevista e a observação no processo psicodiagnóstico e na
clínica
3.2. A entrevista nos processos de anamnese e triagem
3.3. A entrevista realizada em grupo
3.4. A entrevista e a observação na empresa e na escola
3.5. A entrevista e a observação no contexto da pesquisa
4. Técnicas de Investigação da Personalidade
4.1. Principais Teorias da Personalidade
5. Psicologia do Cotidiano
5.1. O cotidiano e sua interpretação
5.2. A observação de fenômenos cotidianos
5.3. Registro da observação: a escrita como construção
6. Técnicas Projetivas
6.1. O conceito de projeção nas técnicas projetivas.
6.2. Fundamentação teórica e características dos testes projetivos.
7. O processo de Psicodiagnóstico Interventivo
8. Plano de Estudos Orientados (Temáticas de Pesquisa em Psicologia e
Projeto de Pesquisa em Psicologia)
8.1. Relevância social de projetos de pesquisas em Psicologia: temas
emergentes que suscitam investigação científica em relação ao
sujeito contemporâneo
8.2. Preocupações éticas ao se elaborar um projeto de pesquisa
8.3. Metodologia de investigação científica em Psicologia: pesquisas
qualitativas e quantitativas
8.4. Produção de textos científicos

VI - ESTRATÉGIA DE TRABALHO

As estratégias de trabalho serão conduzidas de forma a desenvolver as


habilidades que possibilitem o estabelecimento das competências visadas no
Plano de Ensino. Desta forma, privilegiar-se-á a discussão de casos que
apresentem situações de atuação profissional com os alunos e com a correção
pelo professor em exposição dialogada (comentários sobre o enunciado e as
justificativas teóricas da solução).

1) Leitura de capítulos da bibliografia, artigos e ensaios publicados em


revistas especializadas da área para identificação da fundamentação
epistemológica, teórica e prática da Avaliação Psicológica, visando aos
argumentos utilizados por eles e suas conclusões.
2) Apresentação e discussão de casos práticos de investigação e aplicação
de procedimentos propostos para os diferentes campos da Avaliação
Psicológica.
3) Construção e apresentação pelos alunos (em grupo de no máximo 5
alunos) em sala de aula, de casos práticos de investigação e aplicação de
procedimentos propostos para os diferentes campos da Avaliação Psicológica.

VII - AVALIAÇÃO

2
 Provas bimestrais: provas individuais, sem consulta, obedecendo aos
parâmetros definidos pela PPC do Curso de Psicologia.
 Prova individual e sem consulta, avaliada de zero (0,0) a dez (10,0). A
prova deverá ser composta por 12 questões, sendo 10 questões objetivas e 2
questões dissertativas.
 A porcentagem da pontuação das 10 questões objetivas é de 60%, ou
seja, cada uma delas vale 0,6 pontos.
 A porcentagem da pontuação das 2 questões dissertativas é de 40%, ou
seja, cada uma delas vale 2,0 pontos.

A média do semestre será calculada de acordo com o Regimento da IES.

VIII - BIBLIOGRAFIA

BÁSICA

ANCONA-LOPEZ, S. (Org.) Psicodiagnóstico Interventivo: Evolução de uma


prática. São Paulo: Cortez Editora, 2013.

CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005.

ZIMERMAN, D. E. O grupo familiar: normalidade e patologia da função materna


In: Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, Técnica e Clínica. Porto Alegre:
Artmed, 1999.

COMPLEMENTAR

FIGUEIREDO, L. C. Matrizes do Pensamento Psicológico. Petrópolis/RJ:


Editora Vozes, 1991.

MACEDO, M. M. K.; CARRASCO, L. K. (Con)textos de entrevista: olhares


diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

OCAMPO, M. L. S.; ARZENO, M. E.G. O processo psicodiagnóstico e as


técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

MINAYO, M. C. Pesquisa social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis:


Vozes, 2016

SANTI, P. L. R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP: Ed.


Holos, 1998.

OUTRAS INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

- Sobre Técnicas de Entrevista e Observação:

BENJAMIN, A. A entrevista de ajuda. 13ª ed. São Paulo: Martins Fontes,


2011.
BLEGER, J. Temas de Psicologia: entrevista e grupos. 2ª ed. São Paulo:
3
Martins Fontes, 2003.
LOURENÇO, A. S.; ORTIZ, M. C. M.; SHINE, S. Produção de documentos
em Psicologia: prática e reflexões teórico-críticas. São Paulo: Vetor, 2018.
MACEDO, M. M. K.; CARRASCO, L. K. (Con)textos de entrevista: olhares
diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
SZYMANSKI, H. (Org.) A entrevista na pesquisa em educação: a prática
reflexiva. Brasília: Editora Plano, 2002.

- Sobre Psicodiagnóstico:
BARROSO, S. M.; COMIN, F. S.; NASCIMENTO, E. Avaliação Psicológica:
da teoria às aplicações. Petrópolis: Vozes, 2015.
TRINCA, W. Diagnóstico Psicológico – a prática clínica. São Paulo: EPU,
1984.

- Sobre Técnicas de Avaliação da Inteligência:


MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Avaliação Neuropsicológica. 2ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2018.
WEISS, L. G. et al. WISC-IV: interpretação clínica avançada. 1ª ed. São
Paulo: Pearson Clinical Brasil, 2016, 504 p.

- Sobre Psicologia do Cotidiano:

FONSECA, M. A. Michel Foucault e a constituição do sujeito. São Paulo:


Educ, 2003.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2012.
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências
humanas. 10ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nau
Editora, 2013.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 28ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2014.

- Sobre Técnicas de Investigação da Personalidade:

CFP. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 02/2003 sobre a utilização


e comercialização de métodos e técnicas psicológicas. 2003.
VILLEMOR-AMARAL, A. E.; WERLANG, B. S. G. Atualizações em métodos
projetivos para avaliação psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.

- Sobre Técnicas Projetivas:

4
AMBIEL, R. A. M. et al. Avaliação Psicológica: guia de consulta para
estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
NUNES, M. L. T. (Org.) Técnicas projetivas com crianças. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2010.
VILLEMOR-AMARAL, A. E.; WERLANG, B. S. G. Atualizações em métodos
projetivos para avaliação psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.

- Sobre Investigação Científica em Psicologia

BAPTISTA, M. N.; CAMPOS, D. C. Metodologias de pesquisa em ciências:


análises quantitativa e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2007.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais.
Petrópolis: Vozes, 2006.
GUILHEN, D.; DINIZ, D. O que é ética em pesquisa. São Paulo: Brasiliense,
2008.
LUNA, V. S. Planejamento de pesquisa. São Paulo: EDUC, 2002.
SILVERMAN, D. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise
de entrevistas, textos e interações. Porto Alegre: Artmed, 2009.

BASES DIGITAIS DE DADOS

BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES (USP)

BIBLIOTECA VIRTUAL DE CIÊNCIAS HUMANAS – CENTRO EDELSTEIN DE


PESQUISAS SOCIAIS

BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE – BVS

EBSCO RESEARCH DATABASE

PORTAL DA PESQUISA – PERIÓDICOS CAPES

PEPSIC – PERIÓDICOS ELETRÔNICOS EM PSICOLOGIA

PROJETO MAXWELL - TESES E DISSERTAÇÕES ON-LINE

REVISTAS ELETRONICAS DE ACESSO GRATUITO - TEXTO COMPLETO


(UNIFESP)

SCIENTIFIC ELETRONIC LIBRARY ONLINE - SCIELO Brasil

TEXTOS COMPLETOS – TESES ENSP-FIOCRUZ

5
PLANO DE AULAS – PSICOLOGIA INTEGRADA – 2020

1a SEMANA: Apresentação da disciplina

Ementa, objetivos gerais e específicos, conteúdo programático, estratégias de


ensino, instrumentos, critérios de avaliação e bibliografia. Orientações sobre as
estratégias de trabalho por meio de estudos de caso

2a SEMANA: Fundamentos teóricos e epistemológicos das principais teorias de


Avaliação Psicológica.
Apresentação e realização do EXERCÍCIO 1 em sala de aula.

Leituras obrigatórias:
(a) FIGUEIREDO, L. C. A constituição do espaço psicológico. In Matrizes do
Pensamento Psicológico. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 1991, p. 9-23.
(b) BICALHO, Pedro Paulo Gastalho de; VIEIRA, Erick da Silva. Direitos
Humanos e Avaliação Psicológica: Indissociabilidade do Compromisso Ético-
Político Profissional. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 38, n. spe, p. 147-158,
2018.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932018000400147&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 Jan. 2020.
Leituras complementares:
(a) SANTI, P. L. R. A construção do eu na modernidade. Ribeirão Preto/SP:
Ed. Holos, 1998.
(b) ANCONA-LOPEZ, M. A prática psicológica e as estratégias inovadoras. In
RAMOS, C.; SILVA, G.G.; SOUZA, S. Práticas psicológicas em instituições:
uma reflexão sobre os serviços-escola. São Paulo: Vetor, 2006, p.27-34.
(c) AMBIEL, R. A. M. et al. Avaliação Psicológica: guia de consulta para
estudantes e profissionais de psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
Capítulo 7 - A ética no uso de testes no processo de Avaliação Psicológica.
Maria Cristina Barros Maciel Pellini e Irene F. Almeida de Sá Leme (págs. 163
a 180).
(d) PRIMI, Ricardo. Avaliação Psicológica no Século XXI: de Onde Viemos e
para Onde Vamos. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 38, n. spe, p. 87-97, 2018.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932018000400087&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 Jan. 2020.

3a SEMANA: Psicologia do Cotidiano


Apresentação e realização do CASO 1 em sala de aula.

Leitura obrigatória: FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma


arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Leitura complementar: FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1995.

6
4a SEMANA: Técnicas de Entrevista e Observação
Apresentação e realização do CASO 2 em sala de aula.

Leituras obrigatórias: (a) MACEDO, M. M. K.; CARRASCO, L. K. (Con)textos


de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2005.
(b) RAYMUNDO, M. G. B. O contato com o paciente. In: CUNHA, J. A.
Psicodiagnóstico - V. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Leitura complementar: BLEGER, J. A entrevista psicológica. In: BLEGER, J.
Temas de Psicologia: entrevista e grupos. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
2003.

5a SEMANA: Testes de Avaliação de Inteligência


Apresentação e realização do CASO 3 em sala de aula.

Leitura Obrigatória: SCHELINI, P. W. Teoria das inteligências fluida e


cristalizada: início e evolução. Estud. psicol. (Natal) Natal, v. 11, n. 3, 2006.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X2006000300010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 03 jun. 2019.
Leitura Complementar: PRIMI, Ricardo. Inteligência: avanços nos modelos
teóricos e nos instrumentos de medida. Aval. psicol., Porto Alegre, v. 2, n.
1, jun. 2003.
Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1677-04712003000100008&lng=pt&nrm=iso. Acesso
em 03 jun. 2019.

6a SEMANA: Técnicas de Investigação da Personalidade


Apresentação e realização do CASO 4 em sala de aula.

Leitura obrigatória: COELHO, L.M.S.; FALCÃO, M. I. Prova de Rorschach:


diretrizes gerais na interpretação dos resultados, 2006. “Introdução”: p. 09-13;
“Um esboço do modelo teórico de Personalidade”: p. 15-21; “Campos de
Aplicação”: p. 187-188.
Leitura complementar: COELHO, L.M.S. Rorschach Clínico – Manual
Básico. 3ª ed. São Paulo: 3ª Margem, 2007, p. 25-39.

7a SEMANA: Técnicas Projetivas


Apresentação e realização do CASO 5 em sala de aula.

Leitura obrigatória: FONSECA, A. L. B. MARIANO, M. S. S. Desvendando o


Mecanismo da Projeção. Psicologia em foco. Vol.1 (1). Jul./ Dez., 1-8, 2008.
Leitura complementar: CUNHA, J.A. Psicodiagnóstico - V. 5ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2000.

7
8a SEMANA: O processo de Psicodiagnóstico Interventivo
Apresentação e realização do CASO 6 em sala de aula.

Leitura obrigatória: ANCONA-LOPEZ, S. (Org.) Psicodiagnóstico


Interventivo: Evolução de uma prática. São Paulo: Cortez Editora, 2013
Leituras complementares:
(a) EVANGELISTA, P. O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-
existencial grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo. Rev.
abordagem gestalt., Goiânia, v. 22, n. 2, p. 219-224, dez. 2016.
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1809-68672016000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso
em 10 jan. 2020.
(b) MILANI, R.G.; TOMAEL, M.M.; GREINERT, R.B.M. Psicodiagnóstico
interventivo psicanalítico. Estudos Interdisciplinares em Psicologia,
Londrina, v. 5, n. 1, p. 80-95, jun. 2014. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf. Acesso em 10 jan. 2020.

9a SEMANA: Plano de Estudos Orientados (Temáticas de Pesquisa em


Psicologia e Projeto de Pesquisa em Psicologia)
Apresentação e realização do CASO 7 em sala de aula.

Leituras obrigatórias:
(a) BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa olhada para além dos seus
procedimentos. In: _______ (Org.). Pesquisa qualitativa segundo a visão
fenomenológica. 1ªed. São Paulo: Editora Cortez, 2011, p. 11-28.
(b) MINAYO, M. C. S.; DESLANDES, S. F. Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. 22ª ed. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 9-29.
Leitura complementar: LUNA, V. S. Planejamento de pesquisa. São Paulo:
EDUC, 2002.

10a SEMANA: Prova NP1.

11a SEMANA: Devolutiva pedagógica da avaliação NP1.

12a SEMANA: Testes de Avaliação de Inteligência


Apresentação e realização do CASO 8 em sala de aula.

13a SEMANA: Técnicas de Investigação da Personalidade


Apresentação e realização do CASO 9 em sala de aula.

14a SEMANA: Técnicas Projetivas


Apresentação e realização do CASO 10 em sala de aula.

15a SEMANA: O processo de Psicodiagnóstico Interventivo


Apresentação e realização do CASO 11 em sala de aula.

8
16a SEMANA: Plano de Estudos Orientados
Apresentação e realização do CASO 12 em sala de aula.

17a SEMANA: Prova NP2.

18a SEMANA: Devolutiva pedagógica da avaliação NP2.

19ª SEMANA: Prova substitutiva.

20ª SEMANA: Exame.

9
ANEXO: EXERCÍCIO E CASOS PARA TRABALHO EM SALA DE AULA

EXERCÍCIO 11: Avaliação Psicológica

A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com


pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo com cada área do
conhecimento, requer metodologias específicas. Ela é dinâmica e constitui-se
fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos,
com a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes campos de atuação
do psicólogo, tais como, saúde, educação, trabalho e outros setores em que
ela se fizer necessária. Trata-se de um estudo que requer um planejamento
prévio e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins aos quais a avaliação
se destina. (CFP. Conselho Federal de Psicologia. Cartilha sobre Avaliação
Psicológica. 2017. Disponível em http://satepsi.cfp.org.br/docs/cartilha.pdf.
Acesso em 10 jan. 2019)

Com base na definição de avaliação psicológica proposta pelo Conselho


Federal de Psicologia, avalie as afirmações a seguir.

I. A avaliação psicológica permite entender e considerar nuances do


comportamento humano, além de subsidiar a elaboração de parecer
cientificamente fundamentado.
II. A recomendação para o uso específico dos testes deve ser buscada
nos estudos que foram feitos com esse instrumento, principalmente nos
estudos de validade e nos de precisão e de padronização.
III. A avaliação psicológica deve considerar na sua condução e realização
técnico-científica conhecimentos que venham exclusivamente dos
saberes provenientes do campo da psicologia.
IV. O processo de avaliação psicológica é capaz de prover, aos psicólogos,
informações importantes para o desenvolvimento de hipóteses que
levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de
um grupo.

É correto o que se afirma em

A. I e III, apenas.
B. II e IV, apenas.
C. I, II e III apenas.
D. I, II e IV apenas. (CORRETA)
E. II, III e IV, apenas

Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo

1
Questão 31 – Enade 2015 (adaptada).

10
De acordo com a Resolução Nº 009, de 25 de abril de 2018, do CFP,
Avaliação Psicológica é um “processo de investigação de fenômenos
psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de
prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou
institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas”
(CFP, 2018).
Na Cartilha sobre Avaliação Psicológica (CFP, 2013) o Conselho Federal
de Psicologia (CFP) afirma que o processo de avaliação psicológica realizado
junto a pessoas ou grupos é simultaneamente técnico e científico, permitindo
reunir informações sobre fenômenos psicológicos para explicá-los. Os
resultados dessa avaliação podem dar suporte à ação do psicólogo, esteja ele
atuando na área da saúde, da educação, do trabalho, ou outras. Seja qual for a
demanda e a finalidade de determinada avaliação é preciso que o psicólogo a
planeje cuidadosamente.
No exercício aqui proposto o aluno deve, tomando por base essa
formulação do CFP, avaliar três afirmações para, posteriormente, escolher a
alternativa que reúne as afirmações corretas. Na afirmação I é feita referência à
utilidade da avaliação psicológica para o conhecimento de nuances do
comportamento humano, bem como para o subsídio na elaboração de
pareceres com fundamento científico. Na afirmação II é feita referência à
necessidade de se buscar respaldo em estudos realizados com cada
instrumento antes da escolha dos testes a serem utilizados em uma avaliação,
considerando, principalmente, se os instrumentos atendem aos critérios de
validade, precisão e padronização.

Introdução Teórica: avaliação psicológica - possibilidades e limitações


A Cartilha sobre Avaliação Psicológica, lançada pelo Conselho Federal
de Psicologia em junho de 2007 e atualizada em novembro de 2013 tem por
objetivo oferecer informações de natureza ética, teórica e metodológica, para
aprimorar a qualidade dos serviços psicológicos oferecidos à sociedade
brasileira.
Nessa Cartilha encontramos respostas a questões que possibilitam ao
psicólogo compreender a avaliação psicológica em seus múltiplos aspectos:
seus limites, passos mínimos a serem executados, instrumentos que podem
ser utilizados e elaboração de laudos, entre outros. Destaca que reconhece a
pessoa como um ser que se modifica no tempo, com condicionantes históricos
e sociais atuando sobre o seu psiquismo. Além disso, privilegia o indivíduo e
não a sua patologia.
A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração
de informações provenientes de diversas fontes, entre as quais, os testes
psicológicos. A testagem psicológica, que deve ser considerada uma etapa da
avaliação psicológica e que implica na utilização de diferentes tipos de
instrumentos, deve atender aos critérios de validade, precisão e padronização.
A Resolução CFP n° 009/2018 informa que “na realização da Avaliação
Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão,
obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos
reconhecidos cientificamente para uso na prática profissional da psicóloga e do
psicólogo”. Isso significa que a escolha adequada de um instrumento ou
estratégia deve levar em conta critérios científicos aprovados, inclusive pelas
instituições que definem a especificidade das práticas psicológicas.

11
O uso de instrumentos corretos e adequados à demanda da pessoa ou
de um grupo, maximiza a qualidade de uma avaliação e possibilita levantar
hipóteses. O comportamento humano resulta de uma complexa teia de
dimensões inter-relacionais que interagem para produzi-lo e se torna
praticamente impossível entender e considerar todas as nuances e detalhes a
ponto de prevê-lo por completo. Mas, quanto mais fidedignos forem os
resultados obtidos, maior será a possibilidade de diagnosticar corretamente.
Realizado o processo de avaliação, o psicólogo emitirá um
laudo/relatório, levando em consideração a sua finalidade. Esse documento
reunirá dados sobre os procedimentos adotados e as conclusões resultantes.
Deverá estar fundamentado cientificamente e mostrar-se útil à realização do
devido encaminhamento, apresentando recomendações relativas a possíveis
intervenções ou possível necessidade de acompanhamento psicológico.

Análise das afirmações


I. Afirmação correta
A avaliação psicológica permite entender e considerar nuances do
comportamento humano, além de subsidiar a elaboração de parecer
cientificamente fundamentado.
JUSTIFICATIVA. A avaliação psicológica é um processo dinâmico que se
constitui em fonte de informações sobre os fenômenos psicológicos, quer se
trate de demandas individuais ou coletivas. Ao final de sua realização torna-se
possível emitir um laudo/relatório, cientificamente fundamentado, que responde
às questões propostas, com direcionamento adequado.
II. Afirmação correta
A recomendação para o uso específico dos testes deve ser buscada nos
estudos que foram feitos com esse instrumento, principalmente nos
estudos de validade e nos de precisão e de padronização.
JUSTIFICATIVA. Conforme enunciado na Introdução Teórica, todo instrumento
deve ser apropriado ao contexto e aos propósitos de sua utilização. É preciso
verificar sempre se os testes eleitos para a realização de determinado estudo
medem realmente aquilo que se propõem a medir e dentro do período
autorizado (validade), se seus resultados são confiáveis (precisão) e se há
padrões pré-estabelecidos para a comparação dos resultados obtidos
(padronização).

III. Afirmação incorreta:


A avaliação psicológica deve considerar na sua condução e realização
técnico-científica conhecimentos que venham exclusivamente dos
saberes provenientes do campo da psicologia.
JUSTIFICATIVA: A avaliação psicológica durante sua condução e realização
inclui conhecimentos provenientes próprios da Psicologia, mas também utiliza
conhecimentos originalmente elaborados no âmbito de outras ciências, como a
Antropologia, a Sociologia, a Estatística, a Biologia, a Medicina, etc.
IV. Afirmação correta
O processo de avaliação psicológica é capaz de prover, aos psicólogos,
informações importantes para o desenvolvimento de hipóteses que
levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de
um grupo.

12
JUSTIFICATIVA. Conforme enunciado na Introdução Teórica, o processo de
avaliação psicológica, recurso para a obtenção de informações sobre
indivíduos e coletivos, permite a formulação de hipóteses com base nas quais
torna-se possível a compreensão de características psicológicas dos indivíduos
e dos coletivos avaliados.
CASO 1: Psicologia do Cotidiano

A sala de aula, o que acontece ali, entre alunas, entre alunas e professoras, na
apresentação de comportamentos, falas e disposições, é um espaço especial
para um exercício de observação. Alunas e alunos são convidados a realizar a
observação do que se passa na própria sala de aula (preferencialmente, elas e
eles devem estar sentados em roda ou se movendo na sala) e, então, construir
um relatório desta observação, durante 15 minutos. Ao final deste tempo, 5
alunos são sorteados para compartilharem e discutirem seus relatórios com os
outros colegas.

Expectativa de resultados e tarefa: alunas e alunos poderão apresentar


diferentes olhares sobre o que se passa na sala, onde os olhares são
concentrados – pessoas, comportamentos, falas – e o peso dado a cada uma
destas dimensões, assim como a forma dos relatos. A tarefa é oportunidade
para discutir a experiência de observação e marcar as idiossincrasias em meio
a uma prática que implica concentração e acuidade.

CASO 2: Entrevista

A entrevista é bastante utilizada na prática profissional da Psicologia, nas mais


diferentes situações (trabalho, saúde, assistência social, pesquisa, etc.),
individualmente e/ou em grupo. Alunas e alunos são convidados a participar da
dramatização de diferentes entrevistas: a anamnese de uma criança de 10
anos, realizada com a presença de sua mãe; uma adolescente com
dificuldades de aprendizagem, encaminhada pela escola, para
acompanhamento; um grupo de candidatos a uma vaga de emprego em um
equipamento de assistência social. A professora deverá convidar ou escolher
grupos de alunos para produzirem as dramatizações. Cada dramatização deve
durar 15 minutos.

Expectativa de resultados e tarefa: discutir sobre as condições necessárias


para a condução de uma entrevista, tendo em vista diferentes objetivos, se
individual ou em grupo, as questões éticas e os fundamentos de uma prática
voltada a conhecer efetivamente o(s) outro(s).

CASO 32: Avaliação da Inteligência

A análise de prontuários de crianças e de adolescentes que apresentam


dificuldades no processo de escolarização encaminhadas aos serviços indica
que a psicanálise é o referencial hegemônico dos psicodiagnósticos e as

2
Questão 16 – Enade 2009.

13
questões escolares estão pouco presentes nos roteiros de entrevistas
psicológicas.
PORQUE
Os testes são os instrumentos principais de avaliação psicológica, e os
encaminhamentos desconsideram ações no campo educacional. Tais dados
indicam a necessidade de se repensarem as práticas psicológicas frente aos
encaminhamentos por problemas escolares. (SOUZA, 2005) (adaptado).
Com base na leitura dessas frases, é CORRETO afirmar que
A. A primeira afirmativa é falsa e a segunda é verdadeira.
B. A primeira afirmativa é verdadeira e a segunda é falsa.
C. As duas afirmativas são falsas.
D. As duas afirmativas são verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta
da primeira.
E. As duas afirmativas são verdadeiras, mas a segunda não é uma
justificativa correta da primeira. [CORRETA]

Introdução teórica: queixa escolar

A queixa escolar – predominantemente caracterizada por descrições de


comportamento agressivo, dificuldades de aprendizagem e apatia – inclui-se
entre os principais motivos de encaminhamento de crianças e adolescentes
para as clínicas-escola, os consultórios particulares e a rede pública de
atendimento à saúde mental.
Os roteiros de entrevista psicológica e de anamnese utilizados para a
realização do diagnóstico psicológico reúnem tópicos relativos à história de
vida da criança, enfatizando aspectos referentes ao parto, às doenças, aos
processos de desenvolvimento e aos acontecimentos traumáticos. A estrutura
desses roteiros evidencia que os dados considerados relevantes para
compreensão da queixa privilegiam características pessoais da criança e sua
história individual, menosprezando fatores dos contextos sociais por ela
integrados. As possíveis causas sociais e ambientais dos “distúrbios” são
menosprezadas, ou mesmo ignoradas.
As medidas de inteligência e de desenvolvimento psicomotor têm sido
instrumentos privilegiados de avaliação psicodiagnóstica de crianças e
adolescentes com queixa escolar. Esses instrumentos, nem sempre validados
para os segmentos populacionais brasileiros, desconsideram fatores
ambientais, sociais e culturais ao avaliarem a performance do avaliado,
conduzindo, pois, a resultados pouco confiáveis. Nesse contexto de avaliação,
as causas das dificuldades escolares são atribuídas à própria criança e,
quando muito, a seus pais e/ou professores, dado não serem consideradas as
variáveis do sistema educacional e mesmo do sistema sócio-político-
econômico aos quais essa criança pertence.

Análise das alternativas

A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Tanto a primeira quanto a segunda afirmativa são
verdadeiras: (1) a prevalência do enfoque psicanalítico nos psicodiagnósticos,
14
observada por Proença (2010) ao analisar prontuários de crianças
encaminhadas com queixa escolar, hipervaloriza aspectos intrapsíquicos das
crianças em detrimento das condições de seu contexto socioambiental; e (2) os
principais instrumentos de avaliação psicodiagnóstica– testes de inteligência,
de desenvolvimento psicomotor e de personalidade – priorizam Aa identificação
de possíveis dificuldades na intrassubjetividade da criança, minimizando ou
mesmo desconsiderando o contexto escolar.

B. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Essa alternativa, como a anterior, é incorreta, dado serem
verdadeiras as duas afirmativas.

C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Essa alternativa, como as anteriores, é incorreta, dado serem
verdadeiras as duas afirmativas.

D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa, como nas anteriores, temos duas
afirmativas verdadeiras, mas resta perguntar se a segunda afirmativa é uma
justificativa correta da primeira. Sendo inadequados os recursos de avaliação,
podemos considerar que a segunda afirmativa justifica a primeira somente
parcialmente. Não a justifica inteiramente porque os testes são apenas uma
pequena parte do sistema de avaliação de um fenômeno muito complexo.

E. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. Conforme já enunciado nos comentários feitos às alternativas
anteriores, as duas afirmativas são verdadeiras. No entanto, a segunda
assertiva, que pode ser considerada uma consequência da primeira, não a
justifica.

CASO 4: Investigação da Personalidade

Leia o caso clínico descrito a seguir:

RBS, masculino, 39 anos, solteiro, católico praticante. Paciente com história de


sintomas de irritabilidade e heteroagressividade desde o início do quadro aos
20 anos com perda progressiva de contatos afetivos e sociais, ideias de
perseguição, alucinações auditivas de conteúdo religioso (dizia ouvir a “voz de
Deus”) e comportamento bizarro (trazia lixo e objetos velhos que encontrava na
rua para casa). Apresentava uma evolução da doença bastante ruim, tendo
mais de dez internações psiquiátricas devido à intensificação desses sintomas,
principalmente do comportamento heteroagressivo. Foi trazido ao nosso
serviço após automutilação ocular grave (tentou arrancar o olho direito com as
mãos). No momento da avaliação psiquiátrica inicial apresentava-se
francamente psicótico, dizia estar obedecendo “às ordens de Deus”, repetia
palavras isoladas como “salvação” e “paraíso”, além de manifestar alterações
sensoperceptivas compatíveis com alucinações auditivas. (Caso clínico
extraído da Revista Brasileira de Psiquiatria. 2000; 22(2): 80-6. Automutilação

15
ocular: relato de seis casos de enucleação ocular. Marcelo G Nucci e Paulo
Dalgalarrondo)

Se você estivesse fazendo essa entrevista de triagem, qual seria a hipótese


diagnóstica e o encaminhamento mais coerente, de acordo com os critérios
propostos pela CID 10?

Assinale a alternativa correta:

A. Esquizofrenia. Acompanhamento psiquiátrico e psicológico com um projeto


terapêutico singular que atenda às necessidades do paciente e da família.
- CORRETA

B. Transtorno de Personalidade Borderline. Acompanhamento psiquiátrico.


Psicoterapia focada nos sintomas psicóticos.

C. Transtorno de Humor. Episódio atual depressivo. Acompanhamento


psiquiátrico e psicológico.

D. Transtorno Obsessivo Compulsivo. Acompanhamento psicológico.


Construção de um projeto terapêutico singular que leve em conta as
necessidades do paciente e dos familiares.

E. Transtorno de personalidade paranoide. Acompanhamento psiquiátrico e


psicoterapia em grupo.

O processo de investigação da personalidade exige o uso de diferentes


técnicas e estratégias, como, por exemplo, o Método de Rorschach, uma
técnica de investigação da personalidade, especificamente um instrumental
que permite um diagnóstico tanto estrutural quanto psicodinâmico da
personalidade. O uso destes instrumentos deve considerar as condições
técnicas e éticas desta utilização, o que exige a especialização da técnica para
aplicação profissional. Os resultados da avaliação, no caso da questão,
incluem também conhecimentos de psicopatologia e da classificação utilizada
no CID 10.

CASO 5: Técnicas Projetivas

O teste HTP é uma técnica projetiva de fácil aplicação, uma vez que só exige o
uso de um material simples, como folhas de papel e lápis. Dessa forma, pode
ser utilizado como um instrumento muito útil, em vários contextos da avaliação
psicológica. De acordo com a técnica de aplicação do HTP, é possível afirmar
que:

I – Costumeiramente, a fase gráfica é seguida por uma fase verbal.

II – É recomendado ao avaliado que realize os desenhos da melhor maneira


possível, independentemente de qualquer habilidade artística.

16
III – Deve-se anotar a sequência em que cada desenho foi realizado.

IV – O avaliador não deve considerar comentários e expressões não-verbais


durante a aplicação, concentrando a avaliação nos desenhos

Assinale a alternativa CORRETA:

A. Apenas I e II
B. Apenas II e IV
C. Apenas I, II e III [CORRETO]
D. Apenas I, III e IV
E. Apenas II, III e IV

Afirmação IV: incorreta


JUSTIFICATIVA: os comentários e expressões não verbais da pessoa avaliado
compõem os resultados e são informações muito importante na interpretação
produzida pelo profissional de psicologia.

Os testes projetivos são utilizados como instrumentos auxiliares na


investigação diagnóstica da personalidade no contexto da Avaliação
Psicológica e como subsídio importante para o Psicodiagnóstico Infantil. No
trabalho profissional em psicologia, é preciso identificar, selecionar e adequar o
uso dos instrumentos de avaliação da personalidade a problemas e contextos
específicos, baseados em evidências científicas, de acordo com os princípios
da ética profissional.

CASO 6: Psicodiagnóstico Interventivo

Uma escola da rede pública encaminha para uma clínica-escola 30 crianças,


todas elas cursando a primeira série do Ensino Fundamental. A queixa principal
dos professores é que essas crianças não aprendem. A partir disto, considere
as afirmações abaixo:

I. Um psicólogo escolar crítico poderia levantar como hipótese um


problema de ordem sociocultural. A escola poderia não estar adequada na
tarefa de alfabetizar estas crianças que seriam provenientes de realidades
socioculturais diferentes daquela esperada pelo sistema.
II. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para
um psicodiagnóstico interventivo, para que fossem submetidas a testes de
inteligência, porque descartariam possíveis deficiências.
III. Um psicólogo escolar crítico poderia encaminhar todas as crianças para
um diagnóstico psicopedagógico, uma vez que a queixa é de distúrbio de
aprendizagem.
IV. Um psicólogo clínico levantaria como hipótese problema de ordem
institucional. O fracasso escolar poderia ser decorrente de fatores
intraescolares.

17
V. Um psicólogo clínico poderia visitar a escola para entender melhor o
encaminhamento das crianças.

Assinale a alternativa correta:

A. Apenas as afirmações I, II e V estão corretas.


B. Apenas as afirmações I, IV e V estão corretas.
C. Apenas a afirmação I está correta.
D. Apenas as afirmações I e V estão corretas. (CORRETA)
E. Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas.

JUSTIFICATIVA:
De acordo com Milani, Tomael e Greinert (2014), o psicodiagnóstico
interventivo é um processo de investigação que inclui intervenções que podem
trazer mudanças para o paciente desde as consultas iniciais. A aplicação do
psicodiagnóstico interventivo vem sendo utilizada desde a década de 1990.
Marília Ancona-Lopez e Mary Santiago são precursoras do psicodiagnóstico
interventivo no Brasil na abordagem fenomenológico-existencial, ao
perceberem melhoras dos pacientes já durante o processo psicodiagnóstico.
Para Evangelista (2016) o psicodiagnóstico interventivo é muito adequado para
atender à clientela dos serviços-escola de Psicologia, dado seu caráter
investigativo voltado para responder às demandas e necessidades da clientela.
Numa perspectiva fenomenológica-existencial, o psicodiagnóstico interventivo
vai ser compreendido como mais do que uma coleta de dados para que o
psicólogo formule uma compreensão sobre o cliente, já que permite que os
clientes formulem uma compreensão sobre si mesmos, contribuindo para a
superação do sofrimento que motivou a busca por ajuda.
Neste sentido, outra dimensão muito importante presente no psicodiagnóstico
interventivo é a presença da família em todo o processo, assim como o acesso
a outros cenários que contribuam para a construção de hipóteses sobre o que
se passa com os clientes, com, por exemplo, visitas à casa e à escola.

EVANGELISTA, P. O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial


grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo. Rev. abordagem
gestalt., Goiânia, v. 22, n. 2, p. 219-224, dez. 2016. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
68672016000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10 jan. 2020.

MILANI, R.G.; TOMAEL, M.M.; GREINERT, R.B.M. Psicodiagnóstico


interventivo psicanalítico. Estudos Interdisciplinares em Psicologia,
Londrina, v. 5, n. 1, p. 80-95, jun. 2014. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf. Acesso em 10 jan. 2020.

18
CASO 73: Pesquisa em Psicologia

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitos países ainda


discriminam ou simplesmente não reconhecem a existência ou o efeito
prejudicial das doenças mentais em sua população. A OMS afirmou, em 2001,
que, até 2020, as condições clínicas associadas a alterações mentais e
neurológicas incapacitarão quase 15% da população em algum momento. A
depressão responderá pela maior parte deste percentual, acometendo quase o
dobro de mulheres em relação ao número de homens. (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE. Ministerial Round Tables 2001. 54th World Health
Assembly. World Health Organization, Genebra, 2001) (adaptado).
A partir dos dados descritos pela OMS, um pesquisador conduziu um
estudo para compreender o motivo pelo qual a incidência de quadros
depressivos tem aumentado significativamente no Brasil nos últimos anos. Para
a coleta de dados, ele usou escalas de autorrelato (inventários de depressão e
de ansiedade) e entrevistas semiestruturadas, com o intuito de avaliar dois
grupos de trabalhadores com diferentes perfis profissionais. O primeiro grupo
foi avaliado em 2013, e o segundo em 2015. Cada grupo foi composto por uma
amostra de 200 sujeitos. O investigador relacionou os escores brutos das
escalas de autorrelato com categorias de respostas definidas a partir dos
dados obtidos com as entrevistas. Ao interpretar os resultados, constatou que
havia uma relação entre os escores de depressão e a quantidade de tempo
que os profissionais ficavam distantes de seus familiares, o que ocorria em
virtude do aumento da carga de trabalho. Tal relação foi observada em ambas
as amostras.
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo
hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa

A. experimental e quantitativa, sequencial, com diferentes coortes, cuja


variável independente é a depressão.
B. descritiva e correlacional, transversal, com diferentes coortes, cuja variável
independente é a distância dos familiares. [CORRETA]
C. explicativa e quantitativa, longitudinal prospectiva, com mesmo coorte, cuja
variável dependente é a distância dos familiares
D. descritiva e qualitativa, longitudinal, retrospectiva, com diferentes coortes,
na qual a distância dos familiares é uma variável independente.
E. descritiva e explicativa, transversal, com duas coortes, na qual tanto a
depressão quanto a distância dos familiares são variáveis dependentes.

Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo


Esta questão apresenta um problema relativo à metodologia de pesquisa
em psicologia. Discorre sobre um estudo realizado para compreender porque
os quadros depressivos têm aumentado significativamente no Brasil nos
últimos anos. O pesquisador tomou por base dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS) que apontam para a possibilidade de quase 15% da população
mundial apresentar alterações mentais e neurológicas incapacitantes, entre os
anos 2001 e 2002. Nesse conjunto de alterações foi possível prever que o
maior percentual será o da depressão e o número de mulheres comprometidas
3
Questão 16 – Enade 2015.

19
será quase o dobro do número de homens. Baseado nesses dados o
pesquisador adotou o seguinte procedimento: (1) Sua amostra foi composta por
dois grupos de trabalhadores de diferentes perfis, cada grupo com 200
profissionais. (2) Avaliou o primeiro grupo em 2013 e o segundo em 2015
utilizando escalas de autorrelato (inventários de depressão e de ansiedade) e
entrevistas semiestruturadas. (3) Com base nos dados coletados nas
entrevistas o investigador estabeleceu categorias de resposta para, em
seguida, relacioná-las com os escores brutos das escalas de autorrelato. (4) Ao
interpretar resultados obtidos nas duas amostras o pesquisador constatou uma
relação entre escores de depressão e período durante o qual os profissionais
permaneciam distantes de seus familiares devido à excessiva carga de
trabalho.
Considerando o método utilizado e as variáveis presentes no estudo
apresentado, o aluno é convidado a assinalar a alternativa correta entre cinco
afirmações, devendo identificar: (1) o tipo de pesquisa (descritiva ou
explicativa; quantitativa, qualitativa ou correlacional; sequencial, transversal,
longitudinal prospectiva ou retrospectiva); (2) o tipo de coorte utilizado (mesma
coorte, duas coortes ou diferentes coortes); (3) o tipo de variável (dependente
ou independente) e (4) o fenômeno considerado (depressão e distância dos
familiares). No quadro abaixo é possível visualizar melhor a combinação de
elementos em cada uma das cinco afirmações, cabendo assinalar que a
escolha da alternativa correta demanda conhecimento da definição precisa de
cada um desses elementos.

Desenvolviment Tipo de Tipo de Fenômeno


Tipo de pesquisa
o da pesquisa coorte variável considerado

Diferentes
A Experimental Quantitativa Sequencial Independente Depressão
coortes

Diferentes Distância dos


B Descritiva Correlacional Transversal Independente
coortes familiares

Longitudinal Mesmo Distância dos


C Explicativa Quantitativa Dependente
prospectiva coorte familiares

Diferentes Distância dos


D Descritiva Qualitativa Retrospectiva Independente
coortes familiares

Depressão e
Duas
E Descritiva Explicativa Transversal Dependentes distância dos
coortes
familiares

Metodologia de Pesquisa em Psicologia


As pesquisas em Psicologia podem ser classificadas em distintas
categorias, algumas das quais acham-se enunciadas a seguir.
Nas pesquisas experimentais as variáveis são manipuladas em
condições pré-estabelecidas para identificar possíveis relações de causalidade

20
entre elas. As pesquisas descritivas têm por objetivo identificar as variáveis e
suas relações ou descrever as características do fenômeno estudado. As
pesquisas explicativas têm por objetivo identificar as causas de determinados
fenômenos.
As pesquisas quantitativas têm por objetivo enumerar ou medir eventos
e testar hipóteses, submetendo os dados à análise estatística. Seus principais
instrumentos de coleta são os questionários, escalas e testes. Utilizam
linguagem matemática para descrever, representar e interpretar seus objetos
de estudo: o método busca regularidades com vistas a estabelecer relações
causais que possibilitem realizar previsões.
As pesquisas qualitativas têm por objetivo descrever, analisar e
compreender distintos fenômenos. Nessa modalidade de pesquisa as
informações são coletadas por meio de entrevista, observação e investigação
participativa, entre outros. Busca-se compreender os fenômenos a partir da
ótica dos participantes.
Enquanto as ciências naturais utilizam prioritariamente recursos próprios
das pesquisas quantitativas, nas ciências humanas e sociais tais recursos
associam-se a outros, próprios das pesquisas qualitativas. As pesquisas
correlacionais são utilizadas para estudar fenômenos por meio do
reconhecimento de relações estabelecidas entre eles.
As pesquisas são desenvolvidas de modo transversal (seccional) ou
longitudinal (horizontal). Nas pesquisas transversais causas e efeitos são
observados num mesmo momento histórico e nas longitudinais a sequência de
eventos pode ser considerada de modo retrospectivo ou prospectivo: em
pesquisas retrospectivas são estudados fenômenos ou fatos passados que
possam ser considerados causais e nas prospectivas, também conhecidas
como “estudos de coortes”, acompanha-se a evolução de dado fenômeno ou
fato ao longo do tempo. Denomina-se coorte determinado grupo de pessoas
que compartilham os mesmos eventos durante determinado período,
acompanhado prospectivamente. Uma coorte pode ser formada, por exemplo,
de todas as pessoas nascidas em determinada cidade na década de 2000. Nas
pesquisas pode ser utilizada uma única coorte ou mais de uma.
Resumidamente, em estudos longitudinais retrospectivos parte-se do
conhecimento de efeitos em busca de causas, e no prospectivo parte-se do
conhecimento de fatos ou fenômenos, hipoteticamente causas de efeitos
observados no presente.
As variáveis podem ser classificadas de muitos modos. Uma das
classificações possíveis, realizada em função da relação estabelecida entre
variáveis de determinado estudo, considera variável independente a que é fator
determinante para a ocorrência de um resultado, ou seja, aquela que é
condição (ou causa) para a ocorrência de um efeito (consequência) e variável
dependente a que é fator (ou propriedade) resultante, efeito, consequência de
determinada(s) variável(eis) independentes.

Análise das alternativas


A. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo
hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) experimental e

21
quantitativa, sequencial, com diferentes coortes, cuja variável
independente é a depressão.
JUSTIFICATIVA. Trata de uma pesquisa experimental por não haver sido
desenvolvida em condições pré-estabelecidas e por não haver manipulado as
variáveis estudadas, assim como não se caracteriza como pesquisa
quantitativa. Trata-se, sim, de uma pesquisa descritiva, cuja variável
independente é a distância dos familiares e não a depressão.
B. Alternativa correta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo
hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) descritiva e
correlacional, transversal, com diferentes coortes, cuja variável
independente é a distância dos familiares.
JUSTIFICATIVA. Trata de uma pesquisa descritiva (tem por objetivo identificar
variáveis e suas relações); correlacional (investiga possíveis relações entre a
alta incidência de quadros depressivos em trabalhadores - variável dependente
- e fatores da vida familiar dessas pessoas - variável independente); transversal
(as causas e efeitos da incidência de quadros depressivos, que têm aumentado
significativamente no Brasil nos últimos anos, são observados num mesmo
momento histórico); foi realizada com diferentes coortes (dois grupos de
trabalhadores com diferentes perfis profissionais) e definiu como variável
independente a distância entre os trabalhadores e seus familiares. Essa
pesquisa conduziu à conclusão de que a escassez de contato familiar
favoreceu a ocorrência de quadros depressivos.
C. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo
hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) explicativa e
quantitativa, longitudinal prospectiva, com mesmo coorte, cuja variável
dependente é a distância dos familiares.
JUSTIFICATIVA. Trata-se de uma pesquisa descritiva e não explicativa;
pesquisa transversal e não longitudinal; sua variável dependente é a depressão
e não a distância dos familiares.
D. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo
hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) descritiva e
qualitativa, longitudinal, retrospectiva, com diferentes coortes, na qual a
distância dos familiares é uma variável independente.
JUSTIFICATIVA. Trata-se, de fato, de uma pesquisa descritiva com diferentes
coortes sendo a distância entre os trabalhadores e seus familiares a sua
variável independente. No entanto, trata-se de uma pesquisa transversal e não
longitudinal.
E. Alternativa incorreta
Considerando-se a metodologia e as variáveis presentes nesse estudo
hipotético, conclui-se que se trata de uma pesquisa) explicativa,
transversal, com duas coortes, na qual tanto a depressão quanto a
distância dos familiares são variáveis dependentes.
JUSTIFICATIVA. Trata-se, de fato, de uma pesquisa descritiva, transversal,
com duas coortes. No entanto, embora a depressão seja de fato sua variável
dependente, sua variável independente é a distância entre os trabalhadores e
seus familiares.
22
CASO 84: Avaliação de Inteligência

Estabeleceram-se correlações entre os dados referentes a acidentes de


trabalho de 79 funcionários de uma empresa de energia elétrica com os
escores obtidos por esses funcionários nos cinco testes da Bateria de Provas
de Raciocínio BPR-5, padronizada com amostra de sujeitos de 11 a 18 anos.
Os funcionários foram agrupados conforme o tempo de experiência: o Grupo I,
com 1 a 5 anos de trabalho em linha elétrica viva; o Grupo II, com 6 a 24 anos
de experiência na mesma área. O resultado das correlações é apresentado na
tabela:

As análises correlacionais indicam evidências de validade do


instrumento em relação à maior e à menor probabilidade de ocorrerem
acidentes de trabalho. O teste mais válido na correlação com os acidentes de
trabalho é o de

A. Raciocínio Abstrato
B. Raciocínio Verbal [CORRETA]
C. Raciocínio Mecânico
D. Raciocínio Espacial
E. Raciocínio Numérico

Introdução teórica: validade de testes

A validade de um teste evidencia se o instrumento de fato atende à sua


finalidade, ou seja, se ele realmente avalia o que se espera que avalie. Os
estudos correlacionais são importantes para a validação de um teste e sua
validade é tanto maior quanto mais significativos forem os índices de
correlação. Nesta questão, trata-se da validade do teste Bateria de Provas de
Raciocínio BPR-5, um instrumento de avaliação de habilidades cognitivas –
inteligência geral e aptidões. O estudo aqui relatado teve por objetivo avaliar a
capacidade preditiva do teste quanto à provável ocorrência de acidentes de
trabalho em função de capacidades cognitivas dos trabalhadores. Esse

4
Questão 15 – Enade 2009.

23
instrumento é utilizado para medir habilidades relativas ao raciocínio verbal,
abstrato, mecânico, espacial e numérico.
A construção de instrumentos de avaliação deve atender aos seguintes
critérios básicos: ser fundamentado teoricamente e obedecer aos parâmetros
de validade, precisão ou fidedignidade e padronização. Desses critérios, o de
“validade” garante que o instrumento meça efetivamente o que se propõe a
medir. Ao sujeitarmos o próprio critério de “validade” à necessária avaliação é
preciso considerar a “validade de construto”, que indica se o instrumento
produz resultados compatíveis com os obtidos por meio de outros instrumentos
criados para o mesmo fim; a “validade de conteúdo”, que indica se o
instrumento mede efetivamente todos os aspectos do fenômeno em questão –
e somente eles; e a “validade de predição”, que indica se o instrumento pode
predizer com acuidade.
O coeficiente de correlação varia entre menos 1 e mais 1 (-1 e +1). Uma
correlação próxima a zero indica que duas variáveis não estão relacionadas.
Uma correlação positiva indica que duas variáveis movem-se no mesmo
sentido e a relação é tanto mais forte quanto mais a correlação aproxima-se de
mais 1 (+1). Uma correlação negativa indica que duas variáveis movem-se em
sentidos opostos e que a relação também fica tanto mais forte quanto mais
próxima de menos 1 (-1) estiver a correlação. Duas variáveis perfeitamente
correlacionadas positivamente (r=1) movem-se em perfeita proporção no
mesmo sentido, enquanto duas variáveis perfeitamente correlacionadas
negativamente (r=-1) movem-se em perfeita proporção em sentidos opostos. O
coeficiente de correlação varia entre menos 1 e mais 1 (-1 e +1), conforme o
esquema:

-1_______-0,75_______-0,5_______-0,25_______0_______+0,25_______+0.5_______+0,75_______+1
perfeita alta média baixa ausente baixa média alta perfeita
Negativa Positiva

Observa-se na tabela apresentada no enunciado da questão que o


Grupo 1, constituído por trabalhadores com menos experiência (de 1 a 5 anos
de trabalho), apresentou resultados de correlação negativa, o que indica que
quanto maiores as habilidades cognitivas, menor o risco de ocorrência de
acidentes de trabalho. Dentre esses resultados, mostraram-se mais
significativos os obtidos nos testes de Raciocínio Verbal e Raciocínio Espacial,
ambos abaixo de 0,3. Esses dados confirmam a validade preditiva do teste
quando relaciona melhores níveis de habilidades cognitivas dos trabalhadores
iniciantes às menores probabilidades de ocorrência de acidentes.

Análise das alternativas

A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, em que foi utilizada a Bateria de Provas de
Raciocínio BPR-5,O para verificar possíveis correlações entre habilidade para
raciocinar e acidentes de trabalho, o teste de Raciocínio Abstrato teve por
resultados -0,065 (total geral); -0,0398 (acidentes no Grupo 1); e 0,144
(acidentes no Grupo 2). Assim, esse teste apresentou correlação negativa
baixa entre os trabalhadores do Grupo 1, o que indica fraca relação entre essa
aptidão e a ocorrência de acidentes de trabalho entre os funcionários cujo

24
tempo de experiência varia entre 1 e 5 anos de trabalho em linha elétrica viva.
A correlação positiva baixa observada entre os trabalhadores do Grupo 2,
embora também indique fraca relação entre essa aptidão e a ocorrência de
acidentes de trabalho, mostra simultaneamente que, quanto maior a
capacidade de raciocínio abstrato, maior a chance de ocorrência de acidentes
de trabalho entre os funcionários cujo tempo de experiência varia entre 6 e 24
anos.

B. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. O resultado total nas diversas provas evidencia que somente
a prova de Raciocínio Verbal apresentou correlação negativa significativa (-
0,241), revelando que quanto maior a capacidade de raciocínio verbal dos
funcionários, independentemente do tempo de experiência na função, menor a
chance de ocorrerem acidentes de trabalho. Considerando os resultados gerais
(apresentados na coluna “Total Geral”), o teste de Raciocínio Verbal
apresentou correlação significativamente mais alta do que os outros com o total
de acidentes. Isso indica que sua validade sobrepuja a validade dos demais
testes. Assim, as análises correlacionais realizadas evidenciam a validade do
instrumento em relação à maior e à menor probabilidade de ocorrência de
acidentes de trabalho e apontam o teste de Raciocínio Verbal como o mais
válido na correlação com os acidentes de trabalho.

C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, o teste de Raciocínio Mecânico teve por
resultados -0,077 (total geral); -0,297 (acidentes no Grupo 1) e 0,109
(acidentes no Grupo 2). Assim, nesse teste não ocorreram correlações
significativas.

D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, o teste de Raciocínio Espacial teve por
resultados -0,161 (total geral); -0,421 (acidentes no Grupo 1); e 0,087
(acidentes no Grupo 2). Assim, esse teste apresentou um índice de correlação
negativa no Grupo 1 e correlação positiva no Grupo 2, indicando que quanto
maior a capacidade de raciocínio espacial, maior a chance de ocorrência de
acidentes de trabalho entre os funcionários cujo tempo de experiência varia
entre 6 e 24 anos.

E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No caso descrito, o teste de Raciocínio Numérico teve por
resultados -0,068 (total geral); -0,123 (acidentes no Grupo 1); e -0,013
(acidentes no Grupo 2). Assim, não houve ocorrência de correlações
significativas porque o coeficiente de relação encontra-se muito próximo ao
zero.

CASO 95: Investigação da Personalidade

Situação: casal recém-divorciado não consegue entrar em acordo com relação


à guarda dos filhos, um menino de 5 anos e uma menina de 3 anos. A mãe

5
Questão 35 – Enade 2006.

25
quer permanecer com os dois filhos com visitas e fins de semana alternados
com o pai, mas este quer a guarda das crianças, com o mesmo sistema de
visitas e fins de semana alternados, pois julga a mãe negligente com relação às
crianças. Esta acredita que isto se deva ao ressentimento dele por ela ter
solicitado a separação. Várias conversas foram tentadas e não foi possível
chegar a um acordo. O juiz solicita a intervenção de um psicólogo.
O psicodiagnóstico que incluísse entrevistas e métodos projetivos poderia ser
mais útil, neste caso, para

A. traçar um perfil de personalidade da mãe das crianças que permitisse


confirmar ou descartar sua negligência.
B. avaliar a capacidade dos pais de lidar com fatores de sobrecarga
emocional. - [CORRETA]
C. traçar um perfil de personalidade do pai mostrando a possibilidade ou o
impedimento para cuidar de crianças.
D. definir presença de transtornos depressivos, associados aos
comportamentos descritos.
E. relacionar a influência de distúrbios do pensamento sobre a percepção da
realidade.

Introdução teórica: Psicologia Jurídica

De acordo com Lago e Bandeira (2009):

Nos processos de separação ou divórcio é preciso definir


qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos.
Conforme o artigo nº 1.584, do Novo Código Civil, vigente
desde janeiro de 2002, nos casos de separação
consensual, será observado o que os cônjuges acordarem
sobre a guarda dos filhos. Em não havendo acordo, a
guarda será atribuída àquele que reunir melhores
condições para exercê-la, o que não implica melhores
condições econômicas ou materiais (p. 1).

Altoé (2001, p.1) questiona: “E como saber quem tem melhores


condições? Quais os critérios para a avaliação realizada pelos psicólogos?”. A
autora afirma que o trabalho do psicólogo na área jurídica não deve se
restringir à elaboração de pareceres para que o juiz possa aplicar a lei. Deve,
sim, visar à resolução dos conflitos que conduziram a família ao poder
judiciário. Conflitos não resolvidos produzirão a reincidência dos problemas que
conduziram o caso à Justiça, e o processo tende a prolongar-se por anos, sem
redução da dor dos envolvidos.
Ainda de acordo com a autora, antes da década de 1990 a função do
psicólogo judiciário se restringia à realização de perícias e pareceres. Hoje seu
trabalho inclui informação, apoio, acompanhamento e orientação pertinentes
aos atendimentos realizados, dado haver preocupação com a saúde mental
das pessoas envolvidas.
Para Suannes (2008):

26
Refletir sobre o modelo pericial e articulá-lo à ideia de um
trabalho interventivo significa considerar também que o
encontro com a(s) pessoa(s) que faz(em) parte de um
processo de Vara de Família não é mera condição de
aplicação de instrumentos de avaliação que é demandada
por um terceiro. Supõe considerar que essas pessoas
procuram o Judiciário para resolver conflitos de família
porque não encontraram outra forma de lidar com o
sofrimento que advém deles. (p. 29).

Segundo Suannes (2008) a perícia, entendida como uma forma de


avaliação psicológica, deve assumir também um caráter interventivo: “Embora
não seja uma instituição de saúde mental, é o Judiciário o lugar que essas
pessoas escolheram para tratar, viver e falar da dor da separação, dos
rompimentos de vínculos, da desidealização da família e de si mesmas”. (p.36)

Indicações bibliográficas

ALTOÉ, S. E. Atualidade da Psicologia Jurídica. PsiBrasil: Revista de


Pesquisadores da Psicologia no Brasil, Juiz de Fora, v. 1, n. 2, 2001.
Disponível em: <http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/psicologia_juridica.pdf>.
Acesso em: 1 jan. 2020.
LAGO, V. de M.; BANDEIRA, D. R. A Psicologia e as demandas atuais do
direito de família. Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 29, n.2, jun. 2009.
Disponível em: <http://pepsic.bvspsi.org.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-98932009000200007&lng=pt&nrm>. Acesso em:
1 jan. 2020.
SUANNES, C. A. M. A sombra da mãe: um estudo psicanalítico sobre
identificação feminina a partir de casos de Vara de Família. 2008. 125 f.
Dissertação (Mestrado). Departamento de Psicologia Clínica, PUC, São Paulo,
2008. Disponível em:<http://www.caf.org.br/paginas/biblioteca/disserta_claudia
_suannes.pdf>. Acesso em: 1 jan. 2020.

Análise das alternativas


A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A realização de psicodiagnóstico da mãe com o objetivo de
confirmar ou não uma situação de negligência significaria um retrocesso nas
possibilidades de atuação do psicólogo judiciário, ou seja, ele estaria atuando
apenas como parecerista. Nesse caso, sua atividade se restringiria à
elaboração de um documento para que o Juiz aplicasse a lei.
B. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. A avaliação do estado emocional dos pais e de sua
capacidade para suportar a dor causada pelo rompimento é uma atitude
adequada por parte do psicólogo. O procedimento que os inclui no processo
psicodiagnóstico lhes oferece oportunidade de reflexão e de elaboração de
emoções. A proposta é que se procure favorecer a tomada de decisão relativa
à guarda dos filhos por meio de diálogo e consenso, descaracterizando essa

27
decisão como vinculada a umasituação de disputa e privilegiando o bem-estar
das crianças envolvidas.
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Vide justificativa da alternativa A.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Não há, no enunciado da questão, nada que sugira a
existência de transtornos depressivos associados aos comportamentos
descritos.
E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. No enunciado da questão não é feita nenhuma referência a
distúrbios de pensamento que pudessem estar influenciando a percepção da
realidade.

CASO 10: Técnicas Projetivas

Existe uma variedade expressiva de instrumentos de avaliação psicológica


gerados para a exploração de diversas variáveis e processos psicológicos.
Cada tipo de instrumento oferece atributos positivos e limitações que o
psicólogo deve considerar quando o inclui ou exclui de um processo avaliativo.
Portanto:

I – As técnicas projetivas, como instrumentos que geram hipóteses


interpretativas, são importantes ferramentas para a identificação de
características e traços de inteligência.

II – As técnicas projetivas identificam sinais e sintomas relacionados a quadros


psicopatológicos.

III – Qualquer avaliação psicológica tem como objetivo fornecer informações,


para que, a partir destas, sejam tomadas decisões sobre o indivíduo avaliado.

IV - Qualquer técnica projetiva pode ser utilizada para investigação da


personalidade e da inteligência do sujeito.

Portanto, é CORRETO apenas o que se afirma em:

A. I, II, IV
B. II, III e IV
C. I, II e III
D. III e IV
E. II, III [CORRETA]

Afirmativa I: incorreta
JUSTIFICATIVA: embora através da aplicação de uma técnica projetiva seja
possível inferir características e traços de inteligência, estas técnicas não são,
via de regra, suficientes para classificações de inteligência.

28
Afirmativa IV: incorreta
JUSTIFICATIVA: As técnicas projetivas para investigação da personalidade
não são necessariamente apropriadas para avaliação da inteligência.

Os testes projetivos são utilizados como instrumentos auxiliares na


investigação diagnóstica da personalidade no contexto da Avaliação
Psicológica e como subsídio importante para o Psicodiagnóstico Infantil. No
trabalho profissional em psicologia, é preciso identificar, selecionar e adequar o
uso dos instrumentos de avaliação da personalidade a problemas e contextos
específicos, baseados em evidências científicas, de acordo com os princípios
da ética profissional.

CASO 11: Psicodiagnóstico Interventivo

Carolina tem 11 anos e mora com a avó paterna, desde que seus pais se
separaram, há 6 anos. O pai e a mãe, depois da separação tumultuada,
mudaram-se para outros estados e pouco contato tiveram com a menina. O pai
telefona 4/5 vezes no ano e sempre aparece no Natal com muitos presentes
para Carolina. Quando está com ela mantém um relacionamento amigável,
como se fosse um parente muito distante. A mãe nunca mais viu a menina;
apenas conversa por telefone. Passa muito tempo sem ligar, mas às vezes
telefona várias semanas seguidas. Manda, pelo correio, presentes para
Carolina na data de seus aniversários e no Natal. D. Vanda, a avó, cuida de
toda a educação da criança. Recentemente, a mãe voltou e quer ficar com a
criança. O pai quando soube se contrapôs e quer levar Carolina para morar
com ele. A avó não admite que retirem Carolina de sua casa, afinal foi ela
quem praticamente a criou. Neste cenário de brigas, discussões e ameaças,
Carolina não quer mais ir à escola, pois tem medo de ser raptada pelos pais e
está apresentando enurese noturna. A disputa pela guarda da criança vai ser
resolvida na justiça. D. Vanda procura uma psicóloga, sem o conhecimento dos
pais da menina, requisitando um laudo psicológico que a favoreça na disputa,
uma vez que Carolina não quer morar nem com a mãe nem com o pai.
Pretende apresentar o laudo ao juiz, quando for aberto o processo.

Baseados no relato podemos afirmar que:

A. Para que o laudo psicológico seja completo, a psicóloga deve convocar


pessoas que tivessem convivido com o casal e a criança e pudessem emitir
opiniões mais neutras sobre essas relações.
B. A psicóloga deveria realizar um psicodiagnóstico da criança, garantindo a
presença dos pais. (CORRETA)
C. A psicóloga deve elaborar um laudo com todas as informações colhidas,
não só das entrevistas, mas também dos testes aplicados, porque só assim
o juiz pode tomar uma decisão adequada ao caso.
D. Não convocar o pai e a mãe, neste caso, não se constitui em falta ética,
porque o que importa são as imagens parentais internalizadas e não reais.

29
E. A psicóloga deve ouvir a menina e seu laudo deve estar baseado nos
desejos desta.

JUSTIFICATIVA:
De acordo com Milani, Tomael e Greinert (2014), o psicodiagnóstico
interventivo é um processo de investigação que inclui intervenções que podem
trazer mudanças para o paciente desde as consultas iniciais. A aplicação do
psicodiagnóstico interventivo vem sendo utilizada desde a década de 1990.
Marília Ancona-Lopez e Mary Santiago são precursoras do psicodiagnóstico
interventivo no Brasil na abordagem fenomenológico-existencial, ao
perceberem melhoras dos pacientes já durante o processo psicodiagnóstico.
Para Evangelista (2016) o psicodiagnóstico interventivo é muito adequado para
atender à clientela dos serviços-escola de Psicologia, dado seu caráter
investigativo voltado para responder às demandas e necessidades da clientela.
Numa perspectiva fenomenológica-existencial, o psicodiagnóstico interventivo
vai ser compreendido como mais do que uma coleta de dados para que o
psicólogo formule uma compreensão sobre o cliente, já que permite que os
clientes formulem uma compreensão sobre si mesmos, contribuindo para a
superação do sofrimento que motivou a busca por ajuda.
Neste sentido, outra dimensão muito importante presente no psicodiagnóstico
interventivo é a presença da família em todo o processo, assim como o acesso
a outros cenários que contribuam para a construção de hipóteses sobre o que
se passa com os clientes, com, por exemplo, visitas à casa e à escola.

EVANGELISTA, P. O psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial


grupal como possibilidade de ação clínica do psicólogo. Rev. abordagem
gestalt., Goiânia, v. 22, n. 2, p. 219-224, dez. 2016. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
68672016000200014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 10 jan. 2020.

MILANI, R.G.; TOMAEL, M.M.; GREINERT, R.B.M. Psicodiagnóstico


interventivo psicanalítico. Estudos Interdisciplinares em Psicologia,
Londrina, v. 5, n. 1, p. 80-95, jun. 2014. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v5n1/a06.pdf. Acesso em 10 jan. 2020.

CASO 126: Pesquisa em Psicologia

Pesquisa 1: A pesquisa objetivou investigar representações sociais do espaço


prisional entre detentas de uma penitenciária estadual feminina. Optou-se pela
entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados. Foram
entrevistadas dez detentas, utilizando um roteiro focalizando: dados
sociodemográficos; momento do crime; funções da pena; relação familiar antes
e depois do encarceramento; vida antes do encarceramento; dia a dia na
penitenciária; visão do tratamento recebido; maiores dificuldades da prisão e
projetos futuros. (FRINHANI, F.M.D.; SOUZA, L. Mulheres encarceradas e
espaço prisional: uma análise de representações sociais. Psicol. teor. prat.
[online], v. 7, n.1, 2005) (adaptado)

6
Questão 14 – Enade 2015.

30
Pesquisa 2: Os relacionamentos íntimos, dentre eles o namoro, pressupõem a
existência de identidades e representações sociais, que são compartilhadas
através de comportamentos, normas e valores sociais. Objetivou-se identificar
a representação social e a particularização em função da identidade sexual e
experiência com o namoro. Para tal, a amostra foi composta por 183
estudantes universitários, com média de idade de 22 anos. Foi utilizado um
questionário auto aplicado em situação coletiva. (BERTOLDO, R. B.;
BARBARA, A. Representação social do namoro: a intimidade na visão dos
jovens. PsicoUSF [online], v. 11, n.2, 2006 (adaptado).

Estão resumidas, acima, duas pesquisas no campo das representações


sociais. A respeito dos instrumentos usados para a coleta de dados nessas
pesquisas, avalie as afirmações as seguir.

I. A entrevista semiestruturada, utilizada na Pesquisa 1, diferentemente


da entrevista aberta, tem como grande vantagem a possiblidade de se
obterem dados já categorizados, o que facilita o processo de análise
dos resultados.
II. Dado que há uma relação entre o número de participantes da pesquisa
e o tipo de instrumento usado, é correto afirmar que pequenas amostras
permitem, como na Pesquisa 1, o uso de instrumentos abertos que
captam o fenômeno em maior profundidade.
III. Os questionários autoaplicáveis, como o usado na Pesquisa 2, são
comuns nas pesquisas online e permitem a coleta de dados qualitativos
e quantitativos.
É correto o que se afirma em:

A. I, apenas.
B. III, apenas.
C. I e II, apenas.
D. II e III, apenas. [CORRETA]
E. I, II e III.

Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo


Esta questão tem por objetivo principal verificar conhecimentos do aluno
sobre instrumentos de coleta de dados utilizados em pesquisas. A Pesquisa 1
teve por objetivo investigar representações sociais do espaço prisional entre
detentas de uma penitenciária estadual feminina. Nessa pesquisa a coleta de
dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 10 detentas.
O roteiro de entrevista focalizou diversos tópicos. Da Pesquisa 2, que teve por
objetivo investigar representações sociais compartilhadas em relacionamentos
íntimos, particularmente no namoro, participaram 183 estudantes universitários,
com média de idade de 22 anos. Foi utilizado um questionário autoaplicado em
situação coletiva.
Uma vez descritos esses experimentos, é solicitado ao aluno que avalie
três afirmações e assinale a(s) correta(s). Em 1 é afirmado que a entrevista
semiestruturada possibilita obter dados já estruturados, o que facilita a análise;
em 2 é afirmado que pequenas amostras (como as utilizadas na Pesquisa 1)

31
possibilitam utilizar instrumentos abertos, que captam em maior profundidade o
fenômeno estudado e, em 3, é afirmado que os questionários autoaplicáveis
(como os utilizados na Pesquisa 2) são comuns em pesquisas realizadas online
e possibilitam a obtenção de dados quantitativos e qualitativos. Depois de
avaliar as três afirmações, o aluno deverá assinalar a alternativa que contempla
a(s) afirmação(ões) correta(s).

Introdução teórica: coleta de dados em pesquisas sobre representações


sociais
Pesquisas acadêmicas são pautadas por diferentes epistemologias,
ontologias, concepções de ciência e, consequentemente, por diferentes teorias.
Nesta questão são apresentados exemplos do uso de instrumentos de coleta
de dados utilizados para investigar representações sociais uma, desenvolvida
em espaço prisional e a outra desenvolvida junto a estudantes universitários: a
coleta de dados sobre as representações sociais que dez detentas de uma
penitenciária estadual feminina têm do espaço prisional foi realizada por meio
de entrevistas semiestruturadas e a coleta de dados sobre representações
sociais de universitários sobre o namoro foi realizada por meio de um
questionário auto aplicado em situação coletiva, da qual participaram 183
estudantes universitários.
A Teoria das Representações Sociais (TRS), elaborada por Serge
Moscovici, dedica-se à produção de saberes sociais no âmbito do cotidiano.
Sob essa perspectiva, a ‘Representação Social’ é necessariamente uma
representação partilhada socialmente sobre algum(uns) objeto(s) e alguma(s)
pessoa(s). A TRS permite a utilização de variada gama de métodos
investigativos, desde os questionários fechados até os mais diferentes formatos
de entrevistas que possibilitam captar as ideias de determinado grupo de
pessoas acerca de seu cotidiano.
Para realizar pesquisas sobre representações sociais o primeiro passo a
ser dado é formular a questão norteadora e o objetivo da investigação para, a
partir disso, escolher o instrumento a ser utilizado. As particularidades de uma
pesquisa são definidas, também, em função dos conceitos a serem explorados,
da população-alvo, do tamanho da amostra (participantes da pesquisa) e dos
recursos disponíveis. Também é preciso considerar, de um lado, o instrumento
de coleta de dados e, de outro lado, o contexto social onde será utilizado.
Entre os instrumentos de pesquisa utilizados em ciências humanas
incluem-se as entrevistas - estruturadas, semiestruturadas e não estruturadas -
e os questionários - auto aplicados em situação coletiva ou em pesquisas
realizadas online.
Nas entrevistas estruturadas, ou fechadas, utiliza-se um roteiro a ser
rigorosamente obedecido durante o processo de coleta de informações para
garantir homogeneidade no processo de obtenção de dados. É preciso que as
perguntas preservem a redação original, sejam formuladas sempre do mesmo
modo e obedeçam sempre a mesma sequência.
As entrevistas semiestruturadas também são realizadas com base em
roteiros. Embora o roteiro de entrevista ofereça maior margem de liberdade ao
pesquisador para dialogar com o participante, permitindo, inclusive, que ele
auxilie no processo de aprofundamento das ideias que surgem no transcorrer
da entrevista. O pesquisador deverá permanecer atento ao foco de interesse
da pesquisa para evitar desvios do tema proposto.

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Quanto aos questionários auto aplicados em situação coletiva,
comumente utilizados em pesquisas online, cabe lembrar que o questionário é
o principal instrumento de levantamento de dados por amostragem porque
favorece a coleta de todo tipo de informações e reduz a variabilidade das
respostas, dada a padronização das perguntas. Sendo assim, os questionários
favorecem a coleta de informações objetivas, mas reduzem o acesso a
variabilidade e reduzem a complexidade das respostas dos participantes.
Embora o foco desta questão recaia sobre a coleta de dados, é útil fazer
referência a um procedimento de análise de dados coletados. Como os dados
não falam por si, para analisá-los é preciso categorizá-los, ou seja, agrupá-los
em função de significados comuns. A categorização, classificação dos
elementos das mensagens realizada com base em determinados critérios,
possibilita sintetizar as comunicações coletadas dando destaque a seus
aspectos mais importantes. Dessa forma, embora a entrevista semiestruturada
focalize diversos tópicos, estes não constituem categorias de análise. As
categorias são extraídas da análise do conteúdo das entrevistas.
Assim, é somente após a realização do trabalho de campo, em que o
pesquisador tem acesso ao material advindo dos participantes - por meio de
questionários ou entrevistas - torna-se possível realizar a etapa de
categorização do conteúdo. A categorização, classificação dos elementos das
mensagens, realizada com base em determinados critérios, possibilita sintetizar
as comunicações coletadas, dando destaque a seus aspectos mais
importantes.

Análise das afirmações


I. Afirmação incorreta
A entrevista semiestruturada, utilizada na Pesquisa 1, diferentemente da
entrevista aberta, tem como grande vantagem a possibilidade de se
obterem dados já categorizados, o que facilita o processo de análise dos
resultados.
JUSTIFICATIVA. A categorização resultará da análise do material advindo das
entrevistas. Portanto os dados não estão previamente categorizados.
II. Afirmação correta
Dado que há uma relação entre o número de participantes da pesquisa e
o tipo de instrumento usado, é correto afirmar que pequenas amostras
permitem, como na Pesquisa 1, o uso de instrumentos abertos que
captam o fenômeno em maior profundidade.
JUSTIFICATIVA. Por envolver um pequeno número de participantes, a amostra
utilizada na Pesquisa 1 (10 detentas) possibilita tanto o uso de entrevistas
semiestruturadas quanto o de entrevistas abertas, que favorecem uma
compreensão mais profunda do fenômeno estudado.
III. Afirmação correta
Os questionários autoaplicáveis, como o usado na Pesquisa 2, são
comuns nas pesquisas online e permitem a coleta de dados qualitativos
e quantitativos.
JUSTIFICATIVA. Os questionários autoaplicáveis, que na Pesquisa 2 foram
utilizados em situação coletiva, também podem ser utilizados nas pesquisas
realizadas online. Nas duas situações esse instrumento permite a coleta de
dados qualitativos e quantitativos.

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