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de Praças - CFAP

• Divisão de Ensino

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS

Apostila de Policiamento Ostensivo de Trânsito – Módulo I

Salvador / Bahia - Brasil, 28 de Junho de 2021


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Direitos desta edição reservados ao

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS - CFAP ©


ESTABELECIMENTO CEL PM JOSÉ IZIDRO DE SOUZA NETO
Criado em 06/03/1922, com missão de formar exclusivamente Graduados instituída
através de publicação do Estado da BAHIA, Lei nº 20.508 de 19/12/1967.

Direção do CFAP
Diretor - Cel PM Alfredo José Souza Nascimento
Diretor Adjunto -Ten Cel PM Lucas Miguez Palma

Equipe Pedagógica
Chefe da Divisão de Ensino: Maj PM Helena Carolina Jones da Cunha
Coordenadora dos Batalhões-Escola: Maj PM Karina Silva Seixas
Instrutor–Chefe: Cap PM Guttemberg Loiola de Carvalho dos Santos
Seção Técnica Pedagógica e Design: Sub Ten PM Karina da Hora Farias
Seção Técnica Pedagógica: Sub Ten PM Lindinalva Brito da Silva

Créditos de Autoria e Atualização


Apostila atualizada e revisada pelo 1º Ten PM Adelmo de Jesus Santana. Criada pelo Sub Ten PM RR
Paulo César Nascimento dos Santos - Colaboradores do Esquadrão de Motociclistas Águia.

VENDA PROIBIDA. A reprodução e divulgação do material é permitida mediante citação da fonte;nenhuma


parte desta obra poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida por meios eletrônicos ou
gravações, para fins não educacionais, comerciais ou íicitos. Os infratores serão punidos com base na Lei nº
9.610/98.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil


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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO........................................................................................................................04

1 - ASPECTOS JURÍDICOS DO TRÂNSITO...............................................................................05

2 - HISTÓRICO E CONCEITO DE TRÂNSITO ..........................................................................09

3 - NORMAS LEGAIS QUE REGEM O TRÂNSITO ................................................................. 10

4 - SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO - (SNT) ................................................................... 12


5 - NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA ........................................................ 17

6 - POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO ................................................................ 20

7 - SINAIS DE TRÂNSITO ............................................................................................................. 27

8 - CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS ....................................................................................... 36

9 - PESOS E DIMENSÕES DOS VEÍCULOS .............................................................................. 37

10 - PLACAS DOS VEÍCULOS ....................................................................................................... 37

11 - DOCUMENTOS DE PORTE OBRIGATÓRIO.................................................................... 39

12 - EQUIPAMENTOS OBRIGATÓRIOS DOS VEÍCULOS ................................................... 42

13- RESOLUÇÕES RELEVANTES DO CONTRAN ...................................................................43


14-ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS ..........................................................................................47

MATERIAL COMPLEMENTAR .................................................................................................... 49

a)AUTORIDADE DE TRÂNSITO X AGENTE DE TRÂNSITO ............................................. 49

b)INFRAÇÃO DE TRÂNSITO ....................................................................................................... 51

c)DOS CRIMES DE TRÂNSITO EM ESPÉCIE ............................................................................54

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................57
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APRESENTAÇÃO

Aos Discentes do Curso de Formação de Soldados da PMBA,

Este é o início de uma nova vida profissional nesta quase bicentenária corporação de
Polícia, e como tal, imperioso se faz adquirirmos conhecimento e capacitação, para exercer as
funções de segurança pública em plena conformidade com os ditames da Lei, de acordo com
os meios e formas por ela estabelecidos, buscando sempre atender os anseios do interesse
público.

Com mais esse passo, cresce junto, a responsabilidade de manter um trânsito tranquilo
e seguro, garantindo o direito de ir e vir de cada cidadão com os seus bens, de modo a
respeitar a liberdade da coletividade na sua mais plena essência, e para tal, o conhecimento
sobre as regras e normas especificas é o fator mais importante para o cumprimento desta
missão de policiamento.

Para tanto, este manual foi elaborado para utilização no Curso de Formação de
Soldados da Polícia Militar da Bahia, pelo
Subten PM RR Paulo César Nascimento
dos Santos (à época, 1º Sargento PM),
tendo sido revisto e atualizado pelo 1.º
Ten PM Adelmo de Jesus Santana.

Para elaboração desta apostila, foram


utilizadas as seguintes fontes de pesquisa: Manual de Policiamento e Legislação de Trânsito
da autoria do Maj PM Marcelo Jorge Franco Pires, da PMBA podendo ser consultada no site
https://www.transitobr.com.br; coletânea de legislação de trânsito da autoria de Sérgio de
Bona Portão; Código de Trânsito Brasileiro (CTB) anotado e comentado da autoria do Maj
PM RR Julyver Modesto de Araujo, da PMESP; Resoluções e Deliberações do CONTRAN,
bem como, as Portarias do DENATRAN, dispostas no site www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/denatran.
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1 - ASPECTOS JURÍDICOS DO TRÂNSITO

É indispensável para quem exerce a atividade de Policiamento de Trânsito, fazê-lo de


maneira concatenada com o conjunto de princípios e normas que compõem o ordenamento
jurídico brasileiro, envolvendo diversos ramos do direito, tais como, constitucional,
administrativo, cível e penal.

1.1- DIREITO CONSTITUCIONAL

O bom administrador, obrigatoriamente, deve observar permanentemente cinco


Princípios básicos que regem a Administração Pública, estatuídos no art. 37 da Constituição
Federal, quais sejam: LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE,
PUBLICIDADE e EFICIÊNCIA.

 LEGALIDADE: Nos informa que em toda sua atividade funcional, o administrador


público está sujeito aos mandamentos da Lei e às exigências do interesse público,
deles não podendo se afastar ou se desviar, sob pena de praticar ato ilegal e
inválido, sujeitando-se às responsabilidades disciplinar, civil e criminal, conforme o
caso. Na administração pública, não há liberdade nem vontade pessoal, ressalvados
os atos discricionários, conforme explicado abaixo.

Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a Lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a Lei autoriza e da forma nela
prevista. Para o particular, a Lei significa “PODE fazer assim”. Para o administrador
público significa “DEVE fazer assim”.
Portanto, o policial militar deve sempre pautar sua conduta em conformidade com
as normas jurídicas!
 IMPESSOALIDADE: Estabelece o dever da imparcialidade em prol do interesse
público. Tem o propósito de reprimir a prática de atos que tenham objetivo de
atingir fins pessoais, devendo, repise-se, atentar-se às finalidades públicas. Tal
princípio proíbe que o agente público adote atos e decisões administrativas
motivadas por represálias, favorecimentos, relações de amizade ou inimizade,
nepotismo, entre outros sentimentos pessoais que não estejam relacionados com o
interesse público, de modo a beneficiar ou prejudicar alguém. Tais atos somente
devem ser voltado para à coletividade.

 MORALIDADE: A moralidade administrativa constitui hoje em dia, pressuposto


da validade de todo ato da Administração Pública. Ao atuar, o agente público não
poderá desprezar o elemento ético da sua conduta. Exige-se que seja pautada de
acordo com os padrões éticos, com o decoro, com a boa-fé, com a honestidade e com
a probidade. Assim, quando atuar, além de analisar os aspectos de legalidade,
justiça, conveniência e oportunidade, o agente público também deverá observar se
suas ações, de maneira objetiva, estão de acordo com tais elementos éticos.

 PUBLICIDADE: Tal princípio visa permitir o controle social dos atos


administrativos, evidenciando que a Administração Pública deve agir de maneira
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mais transparente possível, evidenciando para a sociedade os comportamentos e as


decisões tomadas pelos seus agentes. Os atos administrativos devem ser divulgados
oficialmente, através do órgão oficial da Administração, como ocorre, por exemplo,
através dos Diários Oficiais das entidades públicas, sob pena de nulidade, só se
admitindo sigilo nos casos previstos em Lei (segurança nacional, investigações
policiais etc.).

 EFICIÊNCIA: Nos ensina que durante suas atribuições, os agentes públicos devem
agir com vistas à obtenção do melhor desempenho possível, produzindo resultados
positivos e satisfatórios na prestação do serviço público. Para tanto, a
Administração Pública deve se organizar, se estruturar, se disciplinar, no sentido de
obter os melhores resultados, da maneira mais racional possível.

1.2 - DIREITO ADMINISTRATIVO - ATO ADMINISTRATIVO

A Administração Pública desempenha sua função executiva por meio de atos jurídicos
denominados atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e forma se
diferenciam dos que emanam do legislativo (leis) e do judiciário (decisões judiciais) quando
desempenham suas atribuições específicas de legislação e de jurisdição.

Temos, assim, na atividade pública geral, três categorias de atos inconfundíveis entre
si: atos legislativos, atos judiciais e atos administrativos.
Conceito: Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da
Administração Pública, que agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.

1.2.1 - Poder de Polícia


Dentre os poderes administrativos, figura, com especial destaque, o poder de polícia
administrativa, que a Administração Pública exerce sobre todas as atividades e bens que
afetam ou possam afetar a coletividade.

Conceito: Poder de Polícia é faculdade de que dispõe a Administração Pública para


condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício
da coletividade ou do próprio Estado.

Podemos dizer que o Poder de Polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a


Administração Pública, para conter os abusos do direito individual. Seu conceito legal está
expressamente previsto no art. 78 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional):
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.
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Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do


poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de atividade
que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio
de poder. (grifos nossos)

1.2.2 - Atributos do Poder de Polícia

O Poder de Polícia administrativa tem atributos específicos e peculiares ao seu


exercício, quais sejam: a DISCRICIONARIEDADE, a AUTO-EXECUTORIEDADE e a
COERCIBILIDADE.

 Discricionariedade: A discricionariedade no exercício do poder de polícia


significa que a Administração Pública atua com certa liberdade, ficando a
cargo do agente apreciador do respectivo caso concreto, decidir qual a melhor
forma de agir, valorando a oportunidade e a conveniência, seguindo as
diretrizes da legislação e o interesse público, limitando-se com base na
razoabilidade e proporcionalidade. Não se confunde com arbitrariedade, a
qual consiste na ação fora ou exorbitando os limites da Lei, com abuso ou
desvio de poder. O ato discricionário, quando se atém aos critérios legais, é
legítimo e válido. Já o ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido, portanto,
nulo;
 Auto executoriedade: É a possibilidade que tem a Administração Pública de,
com seus próprios meios, executar suas decisões, sem necessidade de
autorização prévia do Poder Judiciário;
 Coercibilidade: é atributo pelo qual a Administração impõe ao administrado
as medidas adotadas, sem necessidade de autorização judicial, podendo até
mesmo utilizar-se de força física para o seu cumprimento, quando resistido
pelo administrado.

1.2.3 - Objetivo e Finalidade

O objeto do poder de polícia administrativa é todo bem, direito ou atividade individual


que possa afetar a coletividade ou pôr em risco a segurança nacional. A finalidade do poder
de polícia é a proteção ao interesse público no seu sentido mais amplo.

1.3 - DIREITO CIVIL

O aspecto mais relevante do Direito Civil, relacionado ao Trânsito, consiste no instituto


da responsabilidade civil, eis que discussões dessa natureza sempre surgem diante dos
diversos acidentes que ocorrem no trânsito. A responsabilidade civil figura como importante
papel na sociedade e estabelece o dever de indenizar os danos causado pelo sujeito que deixa
de observa as normas jurídicas.

1.3.1- Responsabilidade Civil


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O magistério de Cavalieri Filho resta-se bastante didático acerca do tema (2008, p.2):
Em seu sentido etimológico, responsabilidade exprime a
ideia de obrigação, encargo, contraprestação. Em
sentido jurídico, o vocábulo não foge dessa ideia.
Designa o dever que alguém tem de reparar o prejuízo
decorrente da violação de outro dever jurídico. Em
apertada síntese, responsabilidade civil é um dever
jurídico sucessivo que surge para recompor o dano
decorrente da violação de um dever jurídico originário.
Destaca-se que quando o servidor público, no desempenho de suas funções, com culpa
ou dolo, pratica um ato ilícito e gera dano à Administração Pública ou a terceiros, a exemplo,
o policial militar que, ao conduzir uma viatura, se envolve em acidente de trânsito, causando
danos ao bem de um particular, surge a obrigação de reparar tais prejuízos. Essa
responsabilidade não se confunde com a objetiva, a qual independe de dolo ou culpa. Para
que seja responsabilizado, a culpa ou o dolo do agente público deverá ser comprovada, por
meio de ação regressiva movida pelo ente público.
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento, consagrando a teoria da "dupla
garantia", segundo a qual não poderia o servidor público ser diretamente acionado pelo
particular por ato relacionado ao exercício de suas funções, cabendo, se houver dolo ou
culpa, à própria Administração cobrar-lhe através de ação regressiva os prejuízos causados.
Tal teoria consagra a dupla garantia: uma, em favor do particular, possibilitando-lhe ação
indenizatória contra o ente público, com maior possibilidade de ver seu prejuízo ser
reparado. A outra garantia é em favor do servidor estatal, que somente responde
administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincula.
Nesse mesmo sentido a Lei nº 7.990/01 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado da
Bahia) preceitua em seu art. 50, §1º:

Art. 50 - O policial militar responde civil, penal e


administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições.
§ 1º - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo do
erário ou de terceiros, na seguinte forma:
• a indenização de prejuízos causados ao erário será
feita por intermédio de imposição legal ou mandado
judicial, sendo descontada em parcelas mensais não
excedentes à terça parte da remuneração ou dos
proventos do policial militar;
b) tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
policial militar perante a Fazenda Pública, em ação
regressiva, de iniciativa da Procuradoria Geral do Estado.

1.4 - DIREITO PENAL

No desempenho de sua missão punitiva, o Estado, para salvaguardar a ordem social e


proteger os interesses jurídicos, traça normas de conduta, as quais, no campo do direito
penal, indicam o comportamento considerando desfavorável à convivência social.

Essa conduta, penalmente considerada, constitui o que se denomina genericamente, de


infração penal. No Brasil as infrações penais dividem-se em crimes ou delitos e
contravenções.
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1.4.1 - Crimes de Trânsito

É a infração penal praticada culposa ou dolosamente pelo usuário de via terrestre,


aberta à livre circulação, enquanto se locomove num veículo, individualmente ou para
transporte de pessoas ou cargas. Os crimes em espécie, estão definidos nos artigos 302 ao 312
do CTB.

2 - HISTÓRICO E CONCEITO DE TRÂNSITO


Nesse cenário, para que possamos entender melhor o atual Código de Trânsito
Brasileiro, após tomar conhecimento acerca dos aspectos jurídicos que envolvem o trânsito,
necessário se faz realizar uma breve análise histórica da referida norma:
 21 de setembro de 1966: Lei nº 5.108 - Instituiu o segundo Código Nacional de
Trânsito;
 23 de fevereiro de 1967: Decreto-lei n.º 237 - Modificou o Código Nacional de
Trânsito e criou o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN,
integrante do Ministério da Justiça e Negócios Interiores;
 16 de janeiro de 1968: Decreto-lei nº 62.127 – Aprovou o Regulamento do
Código Nacional de Trânsito;
 13 de maio de 1980: Decreto Legislativo nº 33 - Aprovou o texto da Convenção
sobre Trânsito Viário, firmado entre o Brasil e outros países em Viena;
 10 de dezembro de 1981: Decreto n.º 86.714 - Promulgou a Convenção sobre
Trânsito Viário;
 23 de setembro de 1997: Lei n.º 9.503 - Instituiu o atual Código de Trânsito
Brasileiro, que estudaremos minuciosamente, juntamente com as normas
legais que regem o trânsito.

2.1-Conceito de trânsito e suas implicações

Para facilitar o entendimento da amplitude das normas legais que regem o trânsito,
conceituamos trânsito conforme disposto no art.1º, § 1º do atual CTB:
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres
do território nacional, abertas à circulação, rege-se por
este Código.
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por
pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos,
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
estacionamento e operação de carga ou descarga. (grifo
nosso)

Para entendermos quais são as vias terrestres abertas à circulação, o legislador fixou no
art. 2º do CTB o seguinte:

Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as


avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as
estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado
pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de
acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias
especiais.
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Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são


consideradas vias terrestres as praias abertas à
circulação pública, as vias internas pertencentes aos
condomínios constituídos por unidades autônomas e as
vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos
privados de uso coletivo. (grifo nosso)

Desta forma, nota-se quais são as áreas passíveis de controle e fiscalização dos órgãos
componentes do Sistema Nacional de Trânsito.

3 - NORMAS LEGAIS QUE REGEM O TRÂNSITO

Como todo ramo do Direito, as normas jurídicas que disciplinam o trânsito brasileiro
também estão ordenadas de forma hierarquizada:
 Constituição Federal;
 Emendas constitucionais;
 Leis complementares;
 Convenção sobre trânsito viário de Viena;
 Regulamentação Básica Unificada de Trânsito (1993);
 Código de Trânsito Brasileiro (1997);
 Leis incorporáveis ao CTB;
 Leis e Decretos não incorporáveis ao CTB;
 Resoluções e Deliberações do CONTRAN;
 Portarias do DENATRAN.

3.1 - Constituição da República Federativa do Brasil


É de competência da União, legislar sobre trânsito e transportes (art. 22, XI CRFB/88).
Tal regulamentação não impõe que os Estados Federados e os Municípios legislem sobre
matéria correlata, que venha a ter direta ou indireta relação com o trânsito. Importante
salientar a possibilidade da existência de Emendas e Leis complementares que tratem sobre a
matéria trânsito Ex.: Transportes coletivos urbanos e Transporte individual de passageiros
(táxi e mototáxi).
Por ser da União a competência privativa para legislar sobre trânsito e transporte, o
Supremo Tribunal Federal (STF) tem considerado inconstitucional, leis estaduais e
municipais que transgredem e invadem esta competência privativa, tais como as que tentam
impedir a realização de determinado tipo de fiscalização dos órgãos de trânsito, as que visam
anistiar multas de trânsito, as tentativas dos legisladores municipais, no sentido de criar
código municipal de trânsito, buscando reconhecimento legal.
Este dispositivo constitucional não afasta a competência concorrente da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com base no (artigo 23, VI), de protegerem o
meio ambiente e combater à poluição, de estabelecerem e implantarem a política de
educação para segurança do trânsito (artigo 23, XII) e de promoverem, no que lhes couber,
adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo (artigo 30, VIII).
Pode-se dizer que à união compete legislar sobre os assuntos nacionais de trânsito e
transporte, aos Estados, compete regular e prover os aspectos regionais e a circulação
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intermunicipal em seu território, e aos municípios, compete a ordenação do trânsito urbano,


que é de seu interesse local (CFRFB art. 30, I e V).

3.2 - Convenção sobre trânsito viário de Viena (CTV)


Trata-se de um Tratado internacional assinado pelo Brasil, na cidade de Viena
(Áustria). Buscou uniformizar padrões de conteúdo nas legislações específicas de cada país
membro. Foi aprovado através do Decreto Legislativo nº. 033, de13 de maio de 1980, e
promulgado pelo Decreto nº. 86.714, de 19 de dezembro de 1981, do executivo federal.
A CTV introduziu diversas inovações:

 Definição especifica de termos técnicos;


 Introdução de novos equipamentos obrigatórios;
 Prevalência entre sinais de trânsito etc.;
 Obrigatoriedade e unificação de procedimentos e normas de segurança no
trânsito;
 Normas de circulação e conduta

Obs.: Prevalece sobre o CTB, naquilo que com ele for conflitante.

A CTV visa facilitar o trânsito viário internacional e aumentar a segurança nas


rodovias, mediante a adoção de regras uniformes atinentes ao trânsito. De acordo com a
citada Convenção, um veículo está em “circulação internacional” em território de outro país
quando pertencer a uma pessoa física ou jurídica que tem sua residência normal fora desse
país.

3.3 - Regulamentação Básica Unificada de Trânsito - RBUT


Surgiu como uma necessidade, face às diferenças existentes entre as normas de trânsito
dos países integrantes do MERCOSUL. Foi aprovada através do Decreto nº 3, de agosto de
1993 e dispõe sobre a execução do Acordo sobre a Regulamentação Básica Unificada de
Trânsito, entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai e acreditados.
Tal acordo unifica procedimentos para o trânsito nestes países, inclusive quanto à
obrigatoriedade recíproca de se reconhecer os documentos originais de habilitação dos
condutores oriundos dos países signatários, bem como as licenças dos seus respectivos
veículos. É importante observar que os condutores estrangeiros, oriundos dos citados países,
estão obrigados a cumprir as leis e regulamentos vigentes no país que se encontrarem.
3.4 - Código de Trânsito Brasileiro (CTB)

E o instituto basilar sobre trânsito no país, substituindo o antigo CNT (Código


Nacional de Trânsito), trazendo uma série de novidades no seu bojo, como por exemplo, os
crimes de trânsito. Diga-se que ainda carece de adequações e regulamentações, de forma que
possa atender às necessidades do trânsito existentes.
Foi instituído pela Lei nº. 9.503, de 23 de setembro de 1997 e alterado por diversas
outras Leis, tais como: Lei nº. 9.602/98; Lei nº. 10.517/02 (semirreboques em motocicletas e
motonetas); Lei nº.11.275/06 (embriaguez); Lei nº. 11.334/06 (velocidade); Lei nº 11.705/08
(Lei seca - Alcoolemia); Lei nº. 12.009/09 (mototáxi e moto-frete); Lei nº 13.281/16, Lei
nº14.071/20( Ministros membros do CONTRAN, infração para exame toxicologia).
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3.5 - Leis incorporáveis ao CTB


Como o próprio nome já sugere, são Leis e Decretos que se incorporaram ao CTB,
modificando diretamente seu texto original. Como exemplos, note-se as normas citadas no
item anterior.
3.6 - Leis e Decretos não incorporáveis ao CTB
Dada a explicação no item anterior, dispensam-se delongas.
Dentre os Decretos, estão:
 O Decreto nº 79134/77, que dispõe sobre a regulagem de motor a óleo
diesel;
 O Decreto nº 96.044/88, que aprova o Regulamento para Transporte de
Produtos Perigosos;
 O Decreto nº 2.521/98, que regulamenta os serviços rodoviários interestaduais
de transporte coletivo de passageiros.
 A que permite a remoção de vítimas e veículos do local em casos de acidentes
(Lei n.º 5.970, 1973 e 6.174, 1974);
3.7 - Resoluções e Deliberações do CONTRAN

Compete ao CONTRAN estabelecer as normas regulamentares referidas no CTB,


conforme disposto em seu art. 12, I. Essas normas são editadas através de Resoluções e
Decisões, com o intuito de complementar, minudenciar o CTB, naquilo que for
expressamente determinado pelo próprio Código. Tais Resoluções versam sobre os mais
variados assuntos. Ademais, existem aquelas que alteram, acrescentam ou revogam
parcialmente outras Resoluções, tornando complexo e difícil o estudo da legislação de
trânsito.
Além das Resoluções do CONTRAN, existem as Resoluções dos Conselhos Estaduais
de Trânsito (CETRAN) e do Conselho de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDIFE), as
quais também são publicadas e visam atender às peculiaridades locais, complementares ou
supletivas da lei federal (art. 14, II do CTB).
De mais a mais, existem as Deliberações do CONTRAN, que consistem nas decisões
monocráticas adotadas pelo presidente do CONTRAN, as quais deverão ser referendadas ou
não pelos demais componentes do órgão.
3.8 - Portarias do DENATRAN
Tais Portarias são editadas pelo DENATRAN, e têm o papel de fornecer e delinear
aspectos técnico-administrativos para a melhor execução das atividades inerentes à cada
órgão de trânsito.

4 - SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO – (SNT)


Segundo o art. 5º do CTB, o Sistema Nacional de Trânsito é:
[...] o conjunto de órgãos e entidades da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem
por finalidade o exercício das atividades de
planejamento, administração, normatização, pesquisa,
registro e licenciamento de veículos, formação,
habilitação e reciclagem de condutores, educação,
engenharia, operação do sistema viário, policiamento,
fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e
aplicação de penalidades.
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4.1 - OBJETIVOS BÁSICOS DO SNT

Segundo o art. 6º do CTB, são objetivos básicos do SNT:

[...]
I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito,
com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa
ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu
cumprimento;
II - fixar, mediante normas e procedimentos, a
padronização de critérios técnicos, financeiros e
administrativos para a execução das atividades de
trânsito;
III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de
informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a
fim de facilitar o processo decisório e a integração do
Sistema

4.2 - COMPOSIÇÃO DO SNT

A composição do STN está elencada no art. 7º do CTB:


Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os
seguintes órgãos e entidades:
I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN,
coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e
consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o
Conselho de Trânsito do Distrito Federal -
CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e
coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal;
e
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações -
JARI.

4.2.1 - Do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN)


Ao Conselho Nacional de Trânsito deu-se a característica de coordenador e órgão
máximo normativo e consultivo do SNT, competindo-lhe coordenar a política de trânsito
mediante a colaboração de 10 (Dez) ministros de Estado, sendo ministro da infraestrutura,
que o presidirá, da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Educação, da Defesa, de meio
ambiente, da Saúde, da Justiça e Segurança Pública, das Relações Exteriores, da Economia,
da agricultura, pecuária e abastecimento e podendo na ausência dos ministros serem
representados por servidores de alto escalão com símbolo DAS ou, no caso do ministério da
defesa, alternativamente, Oficial-General.
O órgão tem sede no Distrito Federal e é vinculado diretamente ao Ministério da
Infraestrutura, sendo presidido pelo próprio ministro da infraestrutura. O quórum de
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aprovação do CONTRAN é o de maioria absoluta (Alterações estabelecidas pela medida


provisória 882 de 03/05/201, Lei 14.071/2020). Segundo o art. 12 do CTB, compete ao
CONTRAN:
[...]
I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste
Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito,
objetivando a integração de suas atividades;
III - (VETADO)
IV - criar Câmaras Temáticas;
V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para
o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE;
VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;
VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das normas
contidas neste Código e nas resoluções complementares;
VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para
enquadramento das condutas expressa no Código de
Trânsito Brasileiro, a fiscalização e aplicação das medidas
administrativas e penalidades por infrações, a
arrecadação das multas aplicadas e o repasse dos valores
arrecadados;
IX - responder às consultas que lhe forem formuladas,
relativas à aplicação da legislação de trânsito;
X - normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem,
habilitação, expedição de documentos de condutores, e
registro e licenciamento de veículos;
XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de
sinalização e os dispositivos e equipamentos de trânsito;
XII - apreciar os recursos interpostos contra as decisões
das instâncias inferiores, na forma deste Código;
(Revogado pela Lei 14.071/2020)
XIII - avocar, para análise e soluções, processos sobre
conflitos de competência ou circunscrição, ou, quando
necessário, unificar as decisões administrativas; e
XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência
de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Distrito
Federal.
XV - normatizar o processo de formação do candidato à
obtenção da Carteira Nacional de Habilitação,
estabelecendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga
horária, avaliações, exames, execução e fiscalização.

4.2.2 - Conselhos de Trânsito dos Estados e do Distrito Federal (CETRAN e


CONTRANDIFE)
São os órgãos normativos, consultivos e coordenadores do Sistema Nacional de
Trânsito, na área do respectivo Estado ou Distrito Federal. Serão compostos por membros de
reconhecida experiência em matéria de trânsito, nomeados pelo governador do Estado, com
um mandato de 02 (dois) anos, admitida a recondução. Dentre suas atribuições, elencadas no
art. 14 do CTB, destacamos a de julgar os recursos interpostos contra decisões das JARI, em
2ª instância;

4.2.3 - Órgão máximo executivo de trânsito da União (DENATRAN)


CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 15

É o órgão máximo executivo do Sistema Nacional de Trânsito em todo território


nacional, integrante da estrutura do Ministério da Infraestrutura, com autonomia
administrativa e técnica. É dirigido pelo Secretário Executivo, nomeado em comissão, pelo
Presidente da República, dentre especialistas em trânsito e portadores de diplomas de nível
universitário. Suas competências estão previstas no art. 19 do CTB, destacando-se que tal
órgão é responsável pela parte técnica, científica, estatística nacional de trânsito, elaboração
de manuais e projetos diversos na referida área.
4.2.4 - Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF)
O DPRF integra o Sistema Nacional de Trânsito, exercendo com exclusividade o
patrulhamento ostensivo nas rodovias federais do País, sem mais qualquer vinculação
operacional com o DNER. Suas competências estão definidas no art. 20 do CTB.

4.2.5 - Órgão Executivo de Trânsito dos Estados e Distrito Federal (DETRAN)

O Departamento Estadual de Trânsito, integrante do Sistema Nacional de Trânsito, é o


órgão máximo executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, que cumpre e faz
cumprir a Legislação de Trânsito, nos limites de sua jurisdição. Suas competências estão
dispostas no art. 22 do CTB:
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de
sua circunscrição:
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;
II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação,
aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores,
expedir e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão
para Dirigir e Carteira Nacional de Habilitação, mediante
delegação do órgão máximo executivo de trânsito da
união;
III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de
segurança veicular, registrar, emplacar e licenciar
veículos, expedindo o Certificado de Registro e o
Licenciamento Anual, mediante delegação do órgão
máximo executivo da união;
IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares, as
diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;
V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as
medidas administrativas cabíveis pelas infrações
previstas neste Código, excetuadas aquelas relacionadas
nos incisos VI e VIII do art. 24, no exercício regular do
Poder de Polícia de Trânsito;
VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste
Código, com exceção daquelas relacionadas nos incisos
VII e VIII do art. 24, notificando os infratores e
arrecadando as multas que aplicar;
[...]

4.2.6 - Órgãos Rodoviários


Os Órgãos Rodoviários (da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal),
executarão a fiscalização de trânsito sobre as vias de seu domínio, autuando, aplicando as
penalidades de advertência por escrito, as multas e as medidas administrativas, notificando
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os infratores e arrecadando as multas que aplicar. No art. 21 do CTB estão suas


competências.
4.2.7 - Órgãos Executivos de Trânsito Municipais
No art. 24 do CTB, pode-se observar as competências dos órgãos executivos
municipais, tais como: implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os
dispositivos e os equipamentos de controle viário; planejar, projetar, regulamentar e operar o
trânsito de veículo, pedestres e de animais e promover o desenvolvimento da circulação de
ciclistas; executar a fiscalização de trânsito em vias terrestres, edificações de uso público e
edificações privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis e
as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação,
estacionamento e parada previstas neste Código, no exercício regular do poder de polícia de
trânsito, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar, exercendo iguais
atribuições no âmbito de edificações privadas de uso coletivo, somente para infrações de uso
de vagas reservadas em estacionamentos; aplicar as penalidades de advertência por escrito e
multa por infrações de circulação, parada, estacionamento e arrecadando as multas que
aplicar.

4.2.8 - Das Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal

Com o novo CTB, as Polícias Militares perderam bastante espaço, uma vez que tal
norma estabeleceu em seu art. 23, como única competência, a de “executar a fiscalização de
trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou entidade executivos de
trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes credenciados”.
Nota-se que para que os policiais militares possam executar a fiscalização de trânsito,
atuando como agente da autoridade de trânsito, isto é, lavrar autos de infração, aplicar
medidas administrativas etc., necessário se faz a existência de convênio firmado com o órgão
de trânsito competente, com jurisdição sobre a via.
Na Bahia, quanto à fiscalização estadual, tem-se o DETRAN-BA e a Superintendência
de Infraestrutura e Transporte (SIT), antigo DER-BA, vinculada à Secretaria de
Infraestrutura (SEINFRA), nas atribuições de fiscalização de trânsito e rodoviária,
respectivamente.
Neste Estado existe um convênio firmado entre o DETRAN-Ba e o Estado, através da
Secretaria de Segurança Pública, com interveniência da Polícia Militar, para execução das
atividades de fiscalização, policiamento e controle nas vias públicas urbanas do Estado, no
limite da competência estadual. Por oportuno, cite-se a cláusula primeira do instrumento
deste
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convênio:
Somente por força deste convênio, os policiais militares realizam a execução das
atividades de fiscalização, policiamento e controle nas vias públicas urbanas do Estado, no
limite da competência estadual. Portanto, isso mostra que não somente os policiais militares
que servem no Esquadrão de Motociclistas Águia têm competência para tal atividade.
O mesmo ocorre com a fiscalização, policiamento e controle de trânsito nas rodovias do
Estado e do Distrito Federal, de modo que para que os policiais militares possam exercer tais
atividades, imperioso é que exista convênio firmado com os órgãos executivos rodoviários
dos respectivos entes federativos.
Todavia, para atuar na fiscalização das infrações de competência municipal, da mesma
forma, necessário se faz que seja firmado um convênio entre o órgão executivo de trânsito ou
rodoviário da cidade e o Estado, através da Secretaria de Segurança Pública, com
interveniência da Polícia Militar.
Quanto à competência para exercer o policiamento ostensivo de trânsito, cumpre
destacar que, ao responder consulta formulada pelo presidente do CETRAN/SC, o
CONTRAN, através do parecer nº 119/89, não deixa dúvidas, consignando que trata-se de
atribuição exclusiva das Polícias Militares, fundamentando seu entendimento no art. 3º do
Decreto-Lei nº 667/79, o qual atribuiu tal exclusividade às Policias Militares. No mesmo
sentido, dispõe o Anexo I do CTB:
POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO - função
exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de prevenir
e reprimir atos relacionados com a segurança pública e de
garantir obediência às normas relativas à segurança de
trânsito, assegurando a livre circulação e evitando
acidentes.

4.2.9 - Junta Administrativa de Recursos de Infrações-JARI

Junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário, funcionarão


Juntas Administrativas de Recursos de Infrações, conhecidas como JARI. Trata-se de órgãos
colegiados responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades por
eles impostas. Elas têm regimento próprio e apoio administrativo e financeiro do órgão ou
entidade junto ao qual funcionem. Suas competências estão elencadas no art. 17 do CTB,
destacando-se a de julgar os recursos interpostos pelos infratores; solicitar aos órgãos e
entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações complementares
relativas aos recursos, objetivando uma melhor análise da situação recorrida e encaminhar
aos órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviários informações sobre
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problemas observados nas autuações e apontados em recursos, e que se repitam


sistematicamente.

5 - NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA

A partir do art. 26, o CTB disciplina as normas gerais de circulação e conduta dos
usuários do trânsito, sejam eles condutores de veículos ou pedestres. Tais normas traduzem
comportamentos essenciais para se preservar um trânsito seguro, e na condição de policial
militar, devemos redobrar a atenção para a sua fiel observância, estando na condição de
pedestre ou de condutor de veículo de urgência (viaturas). Visando facilitar o magistério,
citemos alguns dos principais artigos do CTB acerca do tema:

Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:


I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou
obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas
ou privadas;
II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso,
atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou
substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.

Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias


públicas, o condutor deverá verificar a existência e as
boas condições de funcionamento dos equipamentos de
uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de
combustível suficiente para chegar ao local de destino.

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio


de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito.

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à


circulação obedecerá às seguintes normas:
[...]
VI - os veículos precedidos de batedores terão
prioridade de passagem, respeitadas as demais normas
de circulação;
[...]
VII - os veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e
parada, quando em serviço de urgência, de
policiamento ostensivo ou de preservação da ordem
pública, observadas as seguintes disposições:
a) quando os dispositivos regulamentares de alarme
sonoro e iluminação intermitente estiverem acionados,
indicando a proximidade dos veículos, todos os
condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da
esquerda, indo para a direita da via e parando, se
necessário;
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou
avistarem a luz intermitente, deverão aguardar no
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passeio e somente atravessar a via quando o veículo já


tiver passado pelo local;
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação
vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da
efetiva prestação de serviço de urgência;
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento
deverá se dar com velocidade reduzida e com os devidos
cuidados de segurança, obedecidas as demais normas
deste Código; (grifo nosso)
e) as prerrogativas de livre circulação e de parada serão
aplicadas somente quando os veículos estiverem
identificados por dispositivos regulamentares de alarme
sonoro e iluminação intermitente;
f) a prerrogativa de livre estacionamento será aplicada
somente quando os veículos estiverem identificados por
dispositivos regulamentares de iluminação intermitente;

Sobre o tema, vejamos o que nos informa a Resolução 268/08 do Contran:

Art. 1º Somente os veículos mencionados no inciso VII do


art. 29 do Código de Trânsito Brasileiro poderão utilizar
luz vermelha intermitente e dispositivo de alarme
sonoro.
§1º A condução dos veículos referidos no caput, somente
se dará sob circunstâncias que permitam o uso das
prerrogativas de prioridade de trânsito e de livre
circulação, estacionamento e parada, quando em efetiva
prestação de serviço de urgência que os caracterizem
como veículos de emergência, estando neles acionados o
sistema de iluminação vermelha intermitente e alarme
sonoro.
§2º Entende-se por prestação de serviço de urgência os
deslocamentos realizados pelos veículos de emergência,
em circunstâncias que necessitem de brevidade para o
atendimento, sem a qual haverá grande prejuízo à
incolumidade pública. (grifo nosso)
§3º Entende-se por veículos de emergência aqueles já
tipificados no inciso VII do art. 29 do Código de
Trânsito Brasileiro, inclusive os de salvamento difuso
“destinados a serviços de emergência decorrentes de
acidentes ambientais”.

Art. 2º Considera-se veículo destinado a socorro de


salvamento difuso aquele empregado em serviço de
urgência relativo a acidentes ambientais.

Art. 3º Os veículos prestadores de serviços de utilidade


pública, referidos no inciso VIII do art. 29 do Código de
Trânsito Brasileiro, identificam-se pela instalação de
dispositivo, não removível, de iluminação intermitente
ou rotativa, e somente com luz amarelo-âmbar.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, são considerados
veículos prestadores de serviço de utilidade pública:
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I - os destinados à manutenção e reparo de redes de


energia elétrica, de água e esgotos, de gás combustível
canalizado e de comunicações;
II - os que se destinam à conservação, manutenção e
sinalização viária, quando a serviço de órgão executivo
de trânsito ou executivo rodoviário;
III - os destinados ao socorro mecânico de emergência
nas vias abertas à circulação pública;
IV - os veículos especiais destinados ao transporte de
valores;
V - os veículos destinados ao serviço de escolta, quando
registrados em órgão rodoviário para tal finalidade;
VI - os veículos especiais destinados ao recolhimento de
lixo a serviço da Administração Pública;
VII- os veículos destinados à manutenção e
restabelecimento dos sistemas das linhas e estações metro
ferroviárias.
[...]
Art. 4º Os veículos de que trata o artigo anterior gozarão
de livre parada e estacionamento, independentemente
de proibições ou restrições estabelecidas na legislação
de trânsito ou através de sinalização regulamentar,
quando se encontrarem:
I - em efetiva operação no local de prestação dos
serviços a que se destinarem;
II - devidamente identificados pela energização ou
acionamento do dispositivo luminoso e utilizando
dispositivo de sinalização auxiliar que permita aos
outros usuários da via enxergarem em tempo hábil o
veículo prestador de serviço de utilidade pública.
Parágrafo único. Fica proibido o acionamento ou
energização do dispositivo luminoso durante o
deslocamento do veículo, exceto nos casos previstos nos
incisos III, V e VI do § 1º do artigo anterior.

Art. 5º Pela inobservância dos dispositivos desta


Resolução será aplicada a multa prevista nos incisos XII
ou XIII do art. 230 do Código de Trânsito Brasileiro.
(grifos nossos)

Deixar de manter ligados, nas situações de atendimento de emergência, o sistema de


iluminação vermelha intermitente dos veículos de polícia, de socorro de incêndio e
salvamento, de fiscalização de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados, constitui
infração de trânsito de natureza média, com penalidade de multa, nos termos do art. 222 do
CTB.

Quanto à classificação das vias, e as respectivas


velocidades regulamentares, releva citar o disposto nos
artigos 60, 61 e 62 do CTB:

Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua


utilização, classificam-se em:
I - vias urbanas:
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 21

a) via de trânsito rápido;


b) via arterial;
c) via coletora;
d) via local;
II - vias rurais:
a) rodovias;
b) estradas.

Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será


indicada por meio de sinalização, obedecidas suas
características técnicas e as condições de trânsito.
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a
velocidade máxima será de:
I - nas vias urbanas:
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito
rápido:
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
II - nas vias rurais:
a) nas rodovias de pista dupla:
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para
automóveis, camionetas e motocicletas
Rodovia 2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os
demais veículos;
3. (revogado);
b) nas rodovias de pista simples:
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para
automóveis, camionetas e motocicletas;
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os
demais veículos;
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por hora).
§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio
Estrada de sinalização, velocidades superiores ou inferiores
àquelas estabelecidas no parágrafo anterior.

Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à


metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas
as condições operacionais de trânsito e da via. (grifos
nossos)

6 - POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO


Os efeitos causados pelos acidentes de trânsito geram o entendimento de que trata-se
de uma questão de saúde pública, de modo que a condição de policiais militares nos impõe a
necessidade de garantir o direito de ir e vir dos cidadão com segurança, nos termos do art. 1º,
§§ 2º e 3º do CTB:
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de
todos e dever dos órgãos e entidades componentes do
Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no
âmbito das respectivas competências, adotar as medidas
destinadas a assegurar esse direito.
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§ 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema


Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das
respectivas competências, objetivamente, por danos
causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou
erro na execução e manutenção de programas, projetos e
serviços que garantam o exercício do direito do trânsito
seguro.
6.1 - CONCEITO
Função exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de prevenir e reprimir atos
relacionados com a segurança pública e de garantir obediência às normas relativas à
segurança de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes (anexo I do CTB).
Como apresentado no item 4.2.8 acima disposto, o art. 3º do Decreto-Lei nº 667/79 e o Anexo
I do CTB tratam expressamente acerca do Policiamento Ostensivo de Trânsito, consignando
que tal atribuição compete, exclusividade, às Policias Militares.
6.2 - OBJETIVO

Segundo o Anexo I do CTB, o objetivo do Policiamento Ostensivo de Trânsito consiste


em “prevenir e reprimir atos relacionados com a segurança pública e de garantir obediência às normas
relativas à segurança de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes”.

6.3 - FATORES ADVERSOS À SEGURANÇA E À CIRCULAÇÃO NO TRÂNSITO

Qualquer obstáculo à livre circulação ou à segurança dos condutores de veículos e dos


pedestres, existentes no leito da via ou calçadas, devem ser imediatamente removidos ou
sinalizados (art. 94 do CTB). Para tanto, o PM poderá usar os meios de fortuna (meios de
improvisação) ao seu alcance, a fim de prevenir acidentes, e acionar os órgãos competentes
para dar tratamento às demais situações eventualmente existentes.

Em caso de acidente de trânsito, a primeira providência a ser adotada pelo PM será


sempre sinalizar a via, visando evitar novos eventos, prestar os primeiros socorros às
eventuais vítimas, acionando SAMU e/ou SALVAR para prestação de atendimento técnico.

É prioridade promover os meios necessários para que os veículos envolvidos no


acidente sejam removidos da via, a fim de proporcionar fluidez ao trânsito, realizando as
necessárias intervenções (bloqueios/desvios), orientando os condutores e pedestres, acionar
os órgãos competentes para dar tratamento às demais situações porventura existentes e
impedir o acesso de curiosos ao local. Além disso, se houver vítima fatal, o policial de deverá
isolar o local e acionar a polícia judiciária para adoção dos procedimentos correspondentes.

Sobre o tema, citemos o art. 1º da Lei nº 5.970/73:


Art. 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou
agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato
poderá autorizar, independentemente de exame do local,
a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido
lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se
estiverem no leito da via pública e prejudicarem o
tráfego.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 23

Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade


ou agente policial lavrará boletim da ocorrência, nele
consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e
todas as demais circunstâncias necessárias ao
esclarecimento da verdade.
Ao se deparar com obras na via, o PM deverá observar sua correta sinalização e se a
sua execução está causando interferência no tráfego. Cumpre lembrar que o órgão ou
entidade que executar obras na via, é responsável pela adequada sinalização no local. Tais
obras só podem iniciar após autorização prévia do órgão ou entidade de trânsito com
circunscrição sobre a via (art. 95 do CTB).
Constatando a presença de carga na pista (óleo, materiais, etc.), o policial militar
deverá sinalizar a via e identificar o causador do derramamento, para que este providencie
sua remoção. Tratando-se de material inflamável, explosivo ou tóxico, deve-se afastar as
pessoas do local, informando a situação à central de polícia e acionar o órgão competente.
Incêndios, desabamentos e inundações também são eventos com os quais o policial
militar pode se deparar durante o exercício da sua atividade profissional, os quais podem
gerar transtornos ao trânsito. Nesses casos, também deverá adotar, no que couber, os
procedimentos dispostos no parágrafo anterior, que trata dos acidentes de trânsito, e solicitar
a retirada de veículos e obstáculos do local, a fim de facilitar o acesso e trabalho das equipes
de socorros.
Se o PM aplicar corretamente as atividades relacionadas ao Policiamento Ostensivo de
Trânsito, observando as orientações acima apresentadas, certamente estará cumprindo o seu
dever como integrante do Sistema Nacional de Trânsito e contribuindo para a preservação
do ordenamento e da segurança do trânsito.

6.4 - PROCESSOS DE POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO

O policiamento Ostensivo de Trânsito pode ser executado por meio dos seguintes
processos: a pé, motorizado (duas ou quatro rodas), aéreo e
montado.
6.4.1 - Policiamento Ostensivo de Trânsito a pé
O processo a pé é o mais empregado dentro do policiamento Ostensivo de Trânsito
Urbano, e consiste em empregar o agente em um local determinado, onde será o seu posto de
serviço.
O local ou ponto da via terrestre onde o agente de trânsito ou PM é escalado para
trabalhar é chamado de Posto de Controle de Trânsito (PCTRAN). Nele, através de
sinalização sonora e de gestos, o PM ou agente exercerá o controle do trânsito e executará as
ordens recebidas pelos respectivos Chefes. Pontue-se que no PCTRAN o PM deve postar-se
da seguinte forma:
 Em local que ofereça destaque;
 De maneira que lhe permita boa visualização das vias e que seja bem visualizado
por todos;
 Que permita o melhor domínio do fluxo;
 Que lhe ofereça segurança.

6.4.1.1 - Emprego:
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 24

 Em locais não sinalizados ou de travessia de pedestres (escolas, hospitais, etc.);


 Em postos de fiscalização de trânsito (PFTRAN);
 Em locais com alto índice de acidentes de trânsito;
 Em locais com elevado fluxo de veículos e pedestres;
 Em locais que seja difícil o estacionamento para realização de Ponto Base (PB) com
viaturas;
 Em eventos que sejam polos atrativos de veículos e pedestres, tais como shows,
jogos, etc.;
 Em situações que seja necessária a presença do homem a pé.

6.4.1.2 - Vantagens:

 Familiarização do homem com a comunidade local;


 O homem passa a ser fator de inibição de infrações de trânsito e delitos em geral;
 Ação imediata diante de uma ocorrência de trânsito;
 Maior conhecimento e melhor identificação dos problemas peculiares existentes no
local;
 Ação disciplinar constante em face dos infratores de trânsito;

6.4.1.3 - Desvantagens:
 O homem está sujeito às intempéries e ao Stress;
 Pouca mobilidade em uma pequena área de abrangência:
 Dificuldade e impossibilidade de utilização de vários equipamentos e materiais de
trânsito;
 Pouca capacidade de visualização;
 Sinalização limitada, basicamente, aos sons e gestos;
 Dificuldade para carregar aparelho de comunicação.

6.4.2 - Policiamento Ostensivo de Trânsito motorizado (com veículos)


O processo de Policiamento Ostensivo de Trânsito motorizado tem vantagens sobre o
processo a pé, pois a mobilidade aumenta significativamente, podendo cobrir uma área de
atuação muito maior e chegar às causas dos problemas com maior agilidade.
Pode ser realizado utilizando-se de veículos de duas ou quatro rodas (motocicletas,
automóveis, camionetas), devendo ser escolhido o emprego do tipo de veículo de acordo
com as peculiaridades do local.
6.4.2.1 - Com motocicletas

As motocicletas possuem grande facilidade e mobilidade de


circulação, podendo facilmente transitar entre os veículos que estão presos em
congestionamentos, permitindo, dessa forma, que o agente ou PM chegue rapidamente aos
locais das ocorrências.
O ideal é que seja escalada sempre uma dupla de motociclistas para trabalharem
juntos, pois, além da questão de segurança pessoal, dois homens conseguem interceder e agir
com mais eficiência em eventuais ocorrências.
Pela sua agilidade no tráfego e baixo consumo de combustível, a motocicleta, além de
poder realizar a fiscalização de modo estático, poderá realizar varreduras constantes na via,
massificando a fiscalização e identificando possíveis problemas.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 25

Durante o deslocamento, a velocidade desenvolvida pelo motociclista deverá ser


menor que a velocidade média desenvolvida pelos outros veículos na via. Os motociclistas,
quando em dupla, deverão andar em fila pelo lado direito da via e dentro da faixa, próximo
ao seu bordo, dessa forma, o PM ou agente terá condições de visualizar as ruas, cruzamentos,
sinalização existente, veículos estacionados irregularmente, etc.
6.4.2.1.1 - Emprego:

 Em postos de fiscalização e controle de trânsito (PFTRAN, PCTRAN e Blitz);


 Em regiões consideradas críticas ou que tenham elevados índices de acidentes;
 Em apoio ao policiamento a pé;
 Em locais onde o policiamento for insuficiente
 Em cumprimento de cartão programa;
 Em escolta de dignitários, de bens e valores.

6.4.2.1.2 - Vantagens:
 Maior mobilidade e fácil deslocamento por locais de difícil acesso, inclusive, nos
congestionamentos, permitindo chegar rapidamente às causas dos problemas;
 Possibilidade de utilização e guarda de alguns equipamentos, tais como, radares
móveis, etilômetros, rádios comunicadores, sirene, luzes intermitentes (giroflex) etc.;
 Facilidade de estacionamento;
 Essencial no serviço de escoltas;
 Menor custo com combustível e manutenção.

6.4.2.1.3 - Desvantagens:
 Maior necessidade de qualificação do policial para a pilotagem;
 Maior vulnerabilidade a acidentes;
 Maior exposição do policial às intempéries climáticas;
 Oferece pouco conforto ao policial;

6.4.2.2 - Com automóveis

O Policiamento Ostensivo de Trânsito com automóvel permite a formação da patrulha


de trânsito, que é o emprego de mais de um policial no veículo, para realização de
fiscalização, controle, apoio, atendimento de emergência e observação do tráfego.
O emprego da viatura 4 rodas, permite a instalação e utilização de praticamente todos
os equipamentos disponíveis, desde sirenes, luzes intermitentes (giroflex), luzes auxiliares,
rádios comunicadores, até o transporte de cones e cavaletes no seu interior, além de outros
materiais julgados necessários à atividade.
O tamanho do automóvel permite maior visibilidade do policiamento aos condutores e
demais usuários da via, proporcionando maior eficiência à prevenção de infrações e delitos.
Para tanto, é necessário que a viatura, quando parada, se posicione em local de destaque,
permitindo que seus ocupantes vejam e sejam vistos pelos condutores.
Durante o patrulhamento, a velocidade desenvolvida pela viatura deverá ser menor
que a média desenvolvida pelos demais veículos na via, não podendo ser muito lenta, de
modo a evitar congestionamentos. Dessa forma, o comandante da guarnição terá condições
de visualizar as ruas, cruzamentos, sinalizações existentes, os veículos estacionados
irregularmente, etc.

6.4.2.2.1 - Emprego:
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 26

 Em postos de fiscalização e controle de trânsito (PFTRAN, PCTRAN e Blitz);


 Em regiões consideradas críticas ou que tenham elevados índices de acidentes;
 Em apoio ao policiamento a pé;
 Em locais onde o policiamento for insuficiente;
 Em cumprimento de cartão programa;
 Atendimentos de ocorrências;
 Apoio aos demais processos de policiamento;

6.4.2.2.2 - Vantagens (exceto quadriciclos):

 Grande mobilidade e autonomia;


 Possibilidade de utilização e guarda de equipamentos, tais como, radares,
etilômetros, rádios comunicadores, sirene, luzes intermitentes (giroflex), cones,
cavaletes etc.;
 Maior visibilidade do policiamento aos condutores e demais usuários da via;
 Capacidade de transportar maior número de policiais;
 Menor vulnerabilidade a acidentes;
 Proporcionar maior conforto aos seus ocupantes;
 Menor exposição dos policiais às intempéries climáticas;
 Capacidade para transportar vítimas de acidentes, bem como pessoas presas em
flagrante delito.

6.4.2.2.3 - Desvantagens (exceto quadriciclos):

 Maior custo com combustível e manutenção;


 Dificuldade com estacionamento;
 Dificuldade de circulação em congestionamentos.

6.4.2.3 - Aéreo

A utilização de helicópteros no patrulhamento de


trânsito ganhou destaque dentro dos Processos de
Policiamento Ostensivo de Trânsito. Esse tipo de
aeronave se caracteriza pela grande facilidade de deslocamento e execução de manobras de
pouso e decolagem em qualquer local (desde que tenha espaço). Além disso, esse veículo
possibilita a execução de diversas manobras aéreas (deslocamento lateral, de ré, parado no
mesmo local), podendo acompanhar qualquer situação de perto, com grande facilidade de
visualização, identificação dos problemas, rapidez e agilidade para chegar aos destinos.
Durante operações ou ocorrências policiais, é importante atentar-se aos cuidados com a
comunicação entre o policiamento aéreo e o terrestre, principalmente, quando os tripulantes
da aeronave estiverem efetuando disparos de arma de fogo.

Recomenda-se que o policial que estiver em terra, ao utilizar o rádio comunicador,


tentando indicar sua localização em relação à aeronave, verbalize como se estivesse
observando um relógio, no qual a sua localização seria a do ponteiro de indicação da hora,
conforme exemplos abaixo:

 Se estiver à frente da aeronave, informe: Estou ao meio dia ou às12 horas;


 Se estiver no lado esquerdo da aeronave, informe: Estou às nove horas;
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 27

 Se estiver no lado direito da aeronave, informe: Estou às três horas;


 Se estiver no fundo da aeronave, informe: Estou às seis horas.

6.4.2.3.1 - Emprego:
 Apoio às demais modalidades de Policiamento;
 Utilização em operações de busca, salvamento, socorro e transporte das vítimas de
acidentes de trânsito;
 Para transporte rápido de patrulheiros para locais de acidentes;
 Em locais que apresentam pontos críticos de congestionamentos;
 Em locais que necessitam de um acompanhamento mais detalhado e amplo.
 Para monitorar o trânsito de maneira mais eficiente.

6.4.2.3.2 - Vantagens:
 Possibilita grande mobilidade e rapidez nos deslocamentos, com capacidade para
cobrir grandes áreas em um curto espaço de tempo, monitorando o trânsito com
maior eficiência, permitindo identificar situações com maior rapidez e precisão;
 Amplitude de visualização dos locais, áreas e regiões;
 Possibilita acompanhar a movimentação dos fluxos de trânsito mais rapidamente;
 Possibilita coordenar e transmitir informações aos outros tipos de policiamento;
 Permite o acompanhamento de veículos infratores com segurança e precisão.

6.4.2.3.3 - Desvantagens:
 Alto custo com combustível e manutenção;
 Dificuldades de patrulhamento em dias de chuva e à noite;
 Necessidade de alto grau de especialização e habilidade do piloto e tripulação;
 Restrições quanto aos locais para pouso (necessidade de espaço adequado);
 Restrições quanto ao voo noturno.

6.4.2.4 - Montado (equino)

Trata-se de um tipo de policiamento não muito


comum, mas pode ser realizado em locais que
possibilitem o emprego de cavalos. Eventualmente, é
utilizado em locais de pouco fluxo de trânsito e para
travessia de pedestres, podendo ser empregado na
fiscalização. Nesses casos, tanto o policial como o animal, devem usar equipamentos ou
materiais dotados de cores vivas e que seja refletivo, favorecendo sua visibilidade.

6.4.2.4.1 - Emprego:
 Em eventos de médio e grande porte;
 Em grandes áreas de estacionamento de veículos, com a missão principal de
orientação do tráfego.
 Em locais em que seja permitido e que disponha de condições para o animal circular;

6.4.2.4.2 - Vantagens:
 Montado, o patamar em que o policial se encontra lhe proporciona uma melhor visão
no ambiente de trabalho;
 Maior visibilidade do policiamento aos condutores e demais usuários da via;
 O animal causado impacto psicológico, inibindo o cometimento de infrações;
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 28

 Vantagem em relação ao policiamento a pé, abrangendo maior área de cobertura.

6.4.2.4.3 - Desvantagens:
 Dificuldades para o transporte dos animais;
 Possibilidade de se perder o controle do animal e se envolver em acidentes;
 Sujeira (fezes) deixada pelo animal nas ruas;
 Desconfortável para o policial;
 Impossibilidade ou dificuldade para o transporte de equipamentos;
 Maior exposição do policial às intempéries climáticas;
 Algumas pessoas sentem receio de solicitar apoio ao policial, em razão do impacto
visual causado pelo animal;
 Limitações quanto ao emprego em todos os tipos de ocorrências;
 Menor mobilidade que o policiamento motorizado;
 Pode se deparar com obstáculos típicos de áreas urbanas (pavimento escorregadio,
concentração de pessoas, etc.) dificultando a movimentação do animal;
 Necessidade de se dispensar cuidados peculiares ao animal.

6.5 - EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO POLICIAMENTO DE TRÂNSITO

Para a boa execução do policiamento ostensivo de trânsito, faz-se necessário a


utilização de equipamentos que facilitam essa atividade e são indispensáveis à fiscalização e
à segurança. A possibilidade do surgimento de fatos não rotineiros durante a execução desse
tipo de serviço, reforçam essa ideia.

6.5.1 - Materiais básicos:

Para escrituração:
 Caneta;
 Talonário de Auto de Infração de Trânsito (AIT) físico ou eletrônico;
 Formulário de Registro de Acidente de Trânsito (RAT);
 Prancheta para anotações (plástica ou de madeira) com papel rascunho;
 Formulário de Relatório de Serviço;
 Codificação das infrações ou um CTB de bolso, para enquadramento correto das
infrações constatadas;
 Formulários de Recibo de Recolhimento de Documentos (RRD);
 Formulário de Termo de Remoção / Retenção / Apreensão de veículo (TRAV).
Para utilização pelo policial:
 Coletes ou suspensórios refletivos;
 Apito com cordão (fiel);
 Lanterna;
 Rádio comunicador portátil (Hand-Talk);
 Giz de cera ou tinta spray para marcação de veículos;

Para utilização na viatura:


 Rádios transceptores;
 Luz intermitente (giroflex);
 Sirene;
 Cones (mínimo de 10);
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 Equipamentos básicos para primeiros socorros;


 Refletor manual (cabo com no mínimo15 metros);
 Fitas coloridas para isolamento.

7 - SINAIS DE TRÂNSITO
Dentro do Policiamento Ostensivo de Trânsito, este é um assunto de extrema
relevância. Quando o policial militar pretende transmitir alguma informação aos usuários da
via, deve fazer uso das diversas formas de comunicação regulamentares, tais como, gestos,
sons, figuras, formas convencionadas, sinais, ícones etc., conforme previsto no CTB e
resoluções do CONTRAN. Da mesma forma, quando a autoridade de trânsito pretende
regulamentar o uso da via, utiliza como fontes o quanto disposto nas mesmas normas acima
mencionadas.

7.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TRÂNSITO

Os sinais de trânsito classificam-se em (art.87 CTB):

[...]
I - verticais;
II - horizontais;
III - dispositivos de sinalização auxiliar;
IV - luminosos;
V - sonoros;
VI - gestos do agente de trânsito e do condutor.

7.2 - SINALIZAÇÃO VERTICAL

A sinalização vertical é um subsistema da sinalização viária, que se utiliza de sinais


apostos sobre placas fixadas na posição vertical, ao lado ou suspensas sobre a pista,
transmitindo mensagens de caráter permanente ou, eventualmente, variável, mediante
símbolos e/ou legendas preestabelecidas e legalmente instituídas.

A sinalização vertical tem a finalidade de fornecer informações que permitam aos


usuários das vias adotar comportamentos adequados, de modo a aumentar a segurança,
ordenar os fluxos de tráfego e orientar os usuários da via.
As placas, de acordo com sua função, podem ser:
a) De regulamentação
Têm por finalidade informar aos usuários as condições, obrigações, permissões, proibições
ou restrições no uso da via, cujo desrespeito constituirá infração de trânsito.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 30

Obs.: A placa de proibição de estacionamento tem um perímetro de abrangência de 80m. Em face de


quadra, a abrangência é de 60m, conforme previsto no manual de sinalização, resolução 180/07 do
CONTRAN.
b) De advertência
Destinam-se a avisar aos usuários acerca da existência e natureza de perigo na via, o qual
encontrar à sua frente, requerendo maior atenção.

c) De indicação

Visam fornecer aos usuários das vias, informações úteis aos seus deslocamentos, conforme
exemplos abaixo:
 Placas indicativas de direção;
 Placas de identificação, sentidos e distâncias, de via interrompida;
 Placas de localização;
 Placas indicativas da existência de serviços auxiliares;
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 31

 Placas educativas;
 Placas de informação de atrativos turísticos.

7.3 - SINALIZAÇÃO HORIZONTAL

A sinalização horizontal é um subsistema da sinalização viária composto por marcas,


símbolos e legendas apostos sobre o pavimento das pistas de rolamento. Sua finalidade é
transmitir e orientar os usuários sobre as condições de utilização adequada da via, compreendendo as
proibições, restrições e informações que lhes permitam adotar comportamento adequado, de forma a
aumentar a segurança e ordenar os fluxos de tráfego. Em face do seu forte poder de comunicação,
a sinalização horizontal deve ser reconhecida e compreendida por todos os usuários,
independentemente de sua origem ou da frequência com que utiliza a via.
7.3.1 - Classificação da sinalização horizontal

A sinalização horizontal é classificada segundo sua função:

 Ordenar e canalizar o fluxo de veículos;


 Orientar o fluxo de pedestres;
 Orientar os deslocamentos de veículos em função das condições físicas da via, tais
como, geometria, topografia e obstáculos;
 Complementar os sinais verticais de regulamentação, advertência ou indicação,
visando enfatizar a mensagem que o sinal transmite;
 Regulamentar os casos previstos no CTB e no Manual Brasileiro de Sinalização de
Trânsito Vol. IV.

Em alguns casos, esse tipo de sinalização atua, por si só, como controladora de fluxos.
Pode ser utilizada como forma de reforço da sinalização vertical, bem como ser
complementada com dispositivos auxiliares.
A sinalização horizontal é classificada em:

 Marcas Longitudinais – separam e ordenam as correntes de tráfego;

 Marcas Transversais – ordenam os deslocamentos frontais dos veículos e disciplinam


os deslocamentos de pedestres; Marcas de Canalização – orientam os fluxos de
tráfego em uma via;
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 Marcas de Delimitação e Controle de Parada e/ou Estacionamento – delimitam e


propiciam o controle das áreas onde é proibido ou regulamentado o estacionamento
e/ou a parada de veículos na via;

 Inscrições no Pavimento – melhoram a percepção do condutor quanto as


características de utilização da via.

7.3.2 - Padrão de cores utilizadas na sinalização horizontal

Este tipo de sinalização é formado por combinações de traçado e cores que definem os
diversos tipos de marcas viárias. Tais cores se definem, conforme se segue:

 Amarela - utilizada para separar movimentos veiculares de fluxos opostos;


regulamentar ultrapassagem e deslocamento lateral; delimitar espaços proibidos para
estacionamento e/ou parada; demarcar obstáculos transversais à pista (lombada);

 Branca - utilizada para separar movimentos veiculares de mesmo sentido; delimitar


áreas de circulação; delimitar trechos de pistas destinados ao estacionamento
regulamentado de veículos em condições especiais; regulamentar faixas de travessias
de pedestres; regulamentar linha de transposição e ultrapassagem; demarcar linha de
retenção e linha de “Dê a preferência”; inscrever setas, símbolos e legendas;

 Vermelha - utilizada para demarcar ciclovias ou ciclofaixas e inscrever símbolo


(cruz);

 Azul - utilizada como base para inscrever símbolo em áreas especiais de


estacionamento ou de parada para embarque e desembarque para pessoas portadoras
de deficiência física;

 Preta - utilizada para proporcionar contraste entre a marca viária/inscrição e o


pavimento (utilizada principalmente em pavimento de concreto), não constituindo
propriamente uma cor de sinalização.

OBS: Cumpre registrar que as marcas podem ser refletivas.

Para melhor compreensão, seguem algumas fotos de sinalização horizontal:


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7.4 - SINALIZAÇÃO SEMAFÓRICA (LUMINOSA)

A sinalização semafórica é um subsistema da sinalização viária que se compõe de indicações


luminosas acionadas alternada ou intermitentemente por meio de sistema eletromecânico ou
eletrônico. Tem a finalidade de transmitir diferentes mensagens aos usuários da via pública,
regulamentando o direito de passagem ou advertindo sobre situações especiais nas vias.
A sinalização semafórica é classificada segundo sua função, que pode ser de:

 Regulamentar o direito de passagem dos vários fluxos de veículos (motorizados e


não motorizados) e/ou pedestres numa interseção ou seção de via;

 Advertir condutores, de veículos motorizados ou não motorizados, e/ou pedestres


sobre a existência de obstáculo ou situação perigosa na via.

O subsistema de sinalização semafórica é composto, basicamente, de um conjunto de indicações


luminosas (semáforo ou grupo focal), fixado ao lado da via ou suspenso sobre ela, e dispositivo
eletromecânico ou eletrônico (controlador) responsável pelo acionamento dessas indicações luminosas.
Em situações específicas, tais como uso de dispositivos de detecção do tráfego, equipamentos de
fiscalização não metrológicos e centrais de controle em área, podem ser associados à sinalização
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semafórica de regulamentação. A operação da sinalização semafórica deve ser contínua e


criteriosamente avaliada quanto à sua real necessidade e adequação de sua programação1.
7.4.1 - Funções básicas do semáforo (conforme Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito,
Vol. V):
 Controle do fluxo de veículos;
 Controle da travessia de pedestres.

7.5 -GESTOS E SONS DO AGENTE DE TRÂNSITO

Abaixo se verificam os únicos gestos regulamentares do agente de trânsito previstos no


CTB. Qualquer outro utilizado, por mais que seja facilmente entendido, não poderá ser
considerado como um sinal de trânsito.
Normalmente, os condutores não sabem ou não mais se recordam dos significados dos
gestos e sons de apito emitidos pelo agente de trânsito. Portanto, ao executá-los, deve-se ter
atenção quanto aos condutores que poderão não os obedecer, de modo que podem dar
ensejo a situações de risco, como, por exemplo, ao se interditar temporariamente uma
travessia de pedestres. Nesse contexto, alguns condutores poderão frear seus veículos
bruscamente e outros podem desobedecer ao sinal, causando acidente. Portanto, antes de
executar um gesto, deve-se escolher o momento mais oportuno e conveniente para tanto.
Tem-se como exemplo, a situação em que, ao pretender parar o fluxo, o agente trata de
observar, cautelosamente, a velocidade dos veículos e o momento em que existir um
intervalo maior entre eles, a fim de evitar possíveis colisões traseiras.

1
Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito Vol. IV/2007. Disponível em
<https://www.denatran.gov.br/images/Educacao/Publicacoes/Manual_VOL_IV_2.pdf>. Acesso em 28/05/19.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 35

7.6-GESTOS DOS CONDUTORES


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7.7 - SINAIS SONOROS

7.8 - DISPOSITIVOS DE SINALIZAÇÃO AUXILIAR


CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 37

Dispositivos auxiliares são elementos aplicados ao pavimento da via, junto a ela, ou nos
obstáculos próximos, de forma a tornar mais eficiente e segura a operação da via.

7.9 - IMPORTÂNCIA DA SINALIZAÇÃO

É através da sinalização de trânsito, que a Autoridade de trânsito com jurisdição sobre


via regulamenta o seu uso, indicando as restrições, proibições, permissões, condições de
utilização da via, etc., sendo através dela (sinalização) que os usuários (condutores e
pedestres) são informados dessa regulamentação.
Dessa forma, os condutores e pedestres são munidos de diversas informações que os
auxiliarão durante a circulação, tais como, sua localização, sentido a ser tomado, distância
entre pontos, advertências de perigos existentes, localização de serviços úteis, etc.
Sempre que a sinalização for necessária, será obrigatória, e deve ser disposta em
posição e condição que a torne visível e legível durante o dia e a noite (art. 80 do CTB). O
órgão ou entidade com jurisdição sobre a via é responsável pela implantação da sinalização,
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta colocação.
Qualquer obstáculo à livre circulação e à segurança de veículos e pedestres, tanto no
leito da via como nas calçadas, deve ser imediata e devidamente sinalizada (art. 94 CTB).
Nenhuma via poderá ser entregue ao trânsito sem que esteja devidamente sinalizada (art.88
do CTB).
Conforme já relatado acima, a realização de obras ou eventos no leito da via, só poderá
ser feito após a autorização do órgão de trânsito com jurisdição sobre a via, ficando o
responsável pela obra ou evento, com a obrigação de sinalizar o local (art. 95 do CTB).
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 38

Na falta, insuficiência ou incorreta colocação de sinalização específica, não se aplicarão


sanções aos usuários, pela inobservância dos deveres e proibições, cuja observância seja
indispensável à sinalização (art. 90 CTB). Este artigo também se aplica aos sinais emanados
pelos agentes de trânsito (gestos e sons), os quais, se forem executados de maneira incorreta
ou se não estiverem previstos no CTB, não serão capazes de impor obrigações aos usuários
da via, em homenagem ao princípio da legalidade.
7.10 - PREVALÊNCIA ENTRE OS SINAIS DE TRÂNSITO

De acordo com o art. 89 do CTB, os sinais de trânsito, entre si, têm a seguinte
prevalência:
 As ordens dos agentes de trânsito sobre as normas de circulação e outros sinais,
 As indicações do semáforo, sobre os demais sinais;
 As indicações dos sinais sobre as demais normas de trânsito.

8 CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS


O CTB, em seu art. 96, classifica os veículos de acordo com a tração, a espécie e a
categoria.
8.1 QUANTO À TRAÇÃO:

Refere-se ao modo de propulsão do veículo ou seu tipo de locomoção. Seria algo sobre qual a
força que o faz se movimentar.
 Automotor: Possui seu próprio motor;

 Elétrico: A força elétrica o faz movimentar;

 De propulsão humana: A força do homem que o movimenta;

 De tração animal: A força do animal movimenta o veículo;

 Reboque e semirreboque.

8.2 QUANTO À ESPÉCIE:

Refere-se à sua finalidade e utilização. Podem ser:


 De passageiros: Bicicleta, ciclomotor, motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo,
automóvel, micro-ônibus, ônibus, bonde, reboque, semirreboque e charrete;

 De carga: Motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo, caminhonete, caminhão,


reboque, semirreboque, carroça e carro de mão;

 Misto: Camioneta; utilitário; outros.

 De competição: kart, stock car, motocross, etc.

 De tração: Caminhão-trator, trator de rodas, trator de esteiras e trator misto;

 Especial: São aqueles que não se enquadram em nenhuma espécie aqui descrita. Ex:
Ambulância, trio elétrico;

 Coleção: São os veículos antigos, com características conservadas há 30 anos.

8.3 QUANTO À CATEGORIA:

Refere-se à sua classe, e pode ser:


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 Oficial (Veículos de propriedade dos Municípios, dos Estados, da União);

 De representação diplomática, de repartições consulares de carreira ou


organismos internacionais acreditados junto ao Governo brasileiro;

 Particular;

 De aluguel (Táxi, ônibus coletivo urbano e mototáxi);

 De aprendizagem (Veículos de autoescola - CFC).

9 - PESOS E DIMENSÕES DOS VEÍCULOS

Vide Resolução do CONTRAN nº 210/06 e suas alterações.

10 - PLACAS DOS VEÍCULOS

Vide resoluções do Contran nº 32 e 56/98, bem como a de nº 231/07 e suas alterações,


que serão revogadas a partir de 31/12/2023, pela resolução nº 729/18, caso não haja
nenhuma alteração até a data prevista.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 40

Resolução 231/98

Resolução 729/18

11 - DOCUMENTOS DE PORTE OBRIGATÓRIO

Sobre o tema, o CTB e Resoluções do Contran estabelecem os seguintes documentos


como de porte obrigatório pelo condutor do veículo:

11.1 CERTIFICADO DE LICENCIAMENTO ANUAL (CRLV)

O CRLV é documento de porte obrigatório, conforme dispõe o art. 133 do CTB:

Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de


Licenciamento Anual.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 41

Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no


momento da fiscalização, for possível ter acesso ao
devido sistema informatizado para verificar se o veículo
está licenciado.
Em 2016, a Lei 13.281 introduziu o parágrafo único ao art. 133 do CTB, consignando
que o porte do CRLV será dispensado QUANDO, no momento da fiscalização, FOR
POSSÍVEL ter acesso ao devido sistema informatizado para verificar se o veículo está
licenciado. Sedo assim, caso o policial não disponha de meios para ter acesso ao devido
sistema, o CRLV deverá ser exigido, pois ainda constitui documento de porte obrigatório.

 Resolução CONTRAN 720/17 - Institui o Certificado de Registro e


Licenciamento de Veículo Eletrônico (CRLVe).

11.2 - CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO (CNH)

Da mesma forma, em seu art. 159, o CTB firma que a CNH é de porte
obrigatório:

Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida


em modelo único e de acordo com as especificações do
CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos
neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF do
condutor, terá fé pública e equivalerá a documento de
identidade em todo o território nacional.
§ 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou
da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor
estiver à direção do veículo.

 Resolução CONTRAN 598/16 - Regulamenta a produção e a expedição da CNH,


com novo leiaute e requisitos de segurança.

 Resolução CONTRAN 718/17 - Regulamenta as especificações, a produção e a


expedição da CNH e cria a CNH eletrônica e revogará a resolução 598/16 a partir de
31 de dezembro de 2022, pela Resolução 718/17, com redação dada pela
Resolução 747/18, caso não haja nenhuma mudança até a data prevista.

11.3 - AUTORIZAÇÃO PARA CONDUÇÃO DE CICLOMOTORES (ACC)

A Resolução 205/06 do Contran, que dispõe sobre os documentos de porte


obrigatório e dá outras providências, em seu art. 1º, estabelece que:

Art. 1º. Os documentos de porte obrigatório do condutor


do veículo são:
I – Autorização para Conduzir Ciclomotor - ACC,
Permissão para Dirigir ou Carteira Nacional de
Habilitação - CNH, no original;
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 42

II – Certificado de Registro e Licenciamento Anual -


CRLV, no original;
Cumpre dizer que o MBFT Vol. II (Resolução nº 561/15 Contran), na ficha individual de
enquadramento relacionada à infração prevista no art. 232, também cita a ACC como
documento de porte obrigatório.

12 - EQUIPAMENTOS OBRIGATÓRIOS VEICULARES

Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar
a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório (art.
27, CTB). Por questões de segurança, alguns equipamentos, definidos pelo legislador, devem
fazer parte, obrigatoriamente, do veículo, para que possa circular nas vias terrestres. Por
serem obrigatórios, os veículos já saem de fábrica com eles equipados (obrigação do
fabricante). Contudo, trata-se de um dever imposto aos proprietários e condutores, no
sentido de mantê-los em condições eficientes e operantes.

Tais equipamentos estão dispostos na Resolução 14/98 do Contran, com suas


alterações e acréscimos, bem como no Anexo A do MBFT Vol. II - Resolução nº 561/15
Contran.

12.1 - CONSIDERAÇÕES

Para efeito da lavratura do auto de infração de trânsito, quando o veículo for alvo de
fiscalização e for flagrado com a ausência de mais de um equipamento obrigatório ou
estando mais de um, ineficiente ou inoperante, deverá ser lavrado apenas um AIT, autuando
o infrator nos termos do art. 230, IX do CTB, registrando no campo de observação as demais
alterações constatadas (vide ficha do MBFT Vol. II - Res.561/15 do Contran. Ver anexo, os
principais equipamentos obrigatórios.

O art. 3º da Resolução 273 do Contran, que regulamenta a utilização de semi-


reboquestracionados por motocicletas e motonetas, exige, as seguintes características para
circular:

Art.3º Os semirreboques tracionados por motocicletas e


motonetas devem ter as seguintes características:

§ 1º Elementos de Identificação:
I) Número de identificação veicular - VIN gravado na
estrutura do semirreboque
II) Ano de fabricação do veículo gravado em 4 dígitos
III) Plaqueta com os dados de identificação do fabricante,
Tara, Lotação, PBT e dimensões (altura, comprimento e
largura).
§ 2° Equipamentos Obrigatórios:
I) Para-choque traseiro;
II) Lanternas de posição traseira, de cor vermelha; III)
Protetores das rodas traseiras;
IV) Freio de serviço;
V) Lanternas de freio, de cor vermelha;
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 43

VI) Iluminação da placa traseira;


VII) Lanternas indicativas de direção traseira, de cor
âmbar ou vermelha;
VIII) Pneu que ofereça condições de segurança. IX)
Elementos retro refletivos aplicados nas laterais e
traseira, conforme anexo.
§ 3º Dimensões, com ou sem carga:
I) Largura máxima: 1,15 m;
II) Altura máxima: 0,90m;
III) Comprimento total máximo (incluindo a lança de
acoplamento): 2,15 m;
[...]
Art.5º O descumprimento das disposições desta
Resolução sujeitará ao infrator às penalidades do artigo
244 do Código de Trânsito Brasileiro.
Parágrafo único. Dirigir ou conduzir veículo fora das
especificações contidas no anexo desta resolução, incidirá
o condutor nas penalidades do inciso X do art. 230 do
Código de Trânsito Brasileiro.

13. RESOLUÇÕES RELEVANTES DO CONTRAN

13.1 RESOLUÇÃO CONTRAN Nº 710, de 25 de outubro de 2017

Regulamenta os procedimentos para a imposição da


PENALIDADE DE MULTA à pessoa jurídica proprietária do
veículo por não identificação do condutor infrator (multa
NIC), nos termos do art. 257, § 8º do Código de Trânsito
Brasileiro.

O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN), no uso das


atribuições que lhe conferem o art. 7º, inciso I e o art. 12, incisos I e VIII, da Lei
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 44

nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito


Brasileiro (CTB) e,
Considerando o disposto no § 8º do art.257 do CTB, que atribui penalidade de
MULTA À PESSOA JURÍDICA proprietária de veículo por NÃO IDENTIFICAÇÃO de
condutor infrator;
Considerando a importância de unificar os procedimentos adotados pelos órgãos e
entidades executivos de trânsito e rodoviários da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios [...];
Considerando que a omissão da pessoa jurídica, além de descumprir dispositivo
expresso do CTB, contribui para o aumento da impunidade, comprometendo a finalidade
primordial do Código de Trânsito Brasileiro, que é a de garantir ao cidadão o direito a um
trânsito seguro; [...]

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES


Art. 1º A penalidade de multa por não identificação do condutor infrator (multa NIC),
prevista no § 8º do art. 257 do Código de Trânsito Brasileiro(CTB), SERÁ APLICADA À
PESSOA JURÍDICA proprietária do veículo pela autoridade de trânsito responsável pela
lavratura do auto da infração originária para a qual não houve regular identificação do
condutor infrator.
Parágrafo único. A aplicação da penalidade de multa NIC dispensa lavratura de auto
de infração e expedição de notificação da autuação.
[...]
CAPÍTULO II - DA NOTIFICAÇÃO DA PENALIDADE

Art. 4º A notificação de penalidade de multa NIC deverá conter, no mínimo:


I - identificação do órgão ou entidade executivo de trânsito ou rodoviário que aplicou
a penalidade;
II - nome da pessoa jurídica proprietária do veículo;
III - os dados do auto de infração para o qual não houve a regular indicação do
condutor infrator, quais sejam: [...];

CAPÍTULO III - DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 6º A falta de pagamento da multa NIC impedirá a transferência de propriedade e


o licenciamento do veículo, nos termos do art. 124, VIII, combinado com o art. 128 e com o
art. 131, § 2º, todos do CTB.
Art. 7º Da imposição da penalidade de multa NIC caberá recurso, na forma dos arts.
285 e seguintes do CTB.
[...]
Art. 9º Esta Resolução não afasta a observância, no que couber, da Resolução nº 619,
de 6 de setembro de 2016, e suas sucedâneas.
Art. 10. Ficam revogadas as Resoluções CONTRAN nº 151, de 8 de outubro de 2003, nº
162, de 26 de maio de 2004, e nº 393, de 25 de outubro de 2011.
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RESOLUÇÃO CONTRAN Nº 619, DE 6 DE SETEMBRO DE 2016


Seção II
Responsabilidade do Proprietário

Art. 6º - O proprietário do veículo será considerado responsável pela infração cometida,


respeitado o disposto no § 2º do art. 5º, nas seguintes situações:

I - caso não haja identificação do condutor infrator até o término do prazo fixado na
Notificação da Autuação;
II - caso a identificação seja feita em desacordo com o estabelecido no artigo anterior; e
III - caso não haja registro de comunicação de venda à época da infração.

Obs.: O Policial Militar condutor de viaturas que infringir às regras de trânsito e,


não possuir as justificativas, definidas nas exceções de urgência, com os requisitos
obrigatórios, serão responsabilizados pela multa de trânsito, na forma da lei.

13.2 RESOLUÇÃO CONTRAN Nº 360, DE 29 DE SETEMBRO DE 2010

Dispõe sobre a HABILITAÇÃO DO CANDIDATO OU


CONDUTOR ESTRANGEIRO para direção de veículos em
território nacional.

O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN, no uso das atribuições que


lhe são conferidas pelo Art. 12, inciso I e X, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que
instituiu o Código de Trânsito Brasileiro e, conforme o Decreto nº 4.711, de 29 de maio de
2003, que dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito e, [...]
CONSIDERANDO a necessidade de compatibilizar as normas de direito internacional de
com as diretrizes da legislação de trânsito brasileira em vigor, resolve:

Art. 1º. O condutor de veículo automotor, oriundo de país estrangeiro e


nele habilitado, desde que penalmente imputável no Brasil, poderá dirigir
no Território Nacional quando amparado por convenções ou acordos
internacionais, ratificados e aprovados pela República Federativa do Brasil
e, igualmente, pela adoção do Princípio da Reciprocidade, NO PRAZO
MÁXIMO DE 180 (CENTO E OITENTA) DIAS, respeitada a validade da
habilitação de origem.
§ 1° O prazo a que se refere o caput deste artigo iniciar-se-á a partir da data
de entrada no âmbito territorial brasileiro.
§ 2º O órgão máximo Executivo de Trânsito da União informará aos demais
órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito a que países se aplica
o disposto neste artigo.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 46

§ 3° O condutor de que trata o caput deste artigo deverá portar a carteira de


habilitação estrangeira, dentro do prazo de validade, acompanhada do seu
documento de identificação.
§ 4° O condutor estrangeiro, após o prazo de 180 (cento e oitenta) dias de
estada regular no Brasil, pretendendo continuar a dirigir veículo automotor
no âmbito territorial brasileiro, deverá submeter-se aos Exames de aptidão
Física e Mental e Avaliação Psicológica, nos termos do artigo 147 do CTB,
respeitada a sua categoria, com vistas à obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação.
[...]
Art. 2º. O condutor de veículo automotor, oriundo de país estrangeiro e
nele habilitado, em estada regular, desde que penalmente imputável no
Brasil, detentor de habilitação não reconhecida pelo Governo brasileiro,
poderá dirigir no Território Nacional mediante a troca da sua habilitação
de origem pela equivalente nacional junto ao órgão ou entidade executiva
de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal e ser aprovado nos Exames
de Aptidão Física e Mental, Avaliação Psicológica e de Direção Veicular,
respeitada a sua categoria, com vistas à obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação.
[...]
Art. 5°. Quando o condutor habilitado em país estrangeiro cometer infração
de trânsito, cuja penalidade implique na proibição do direito de dirigir, a
autoridade de trânsito competente tomará as seguintes providências com
base no artigo 42 da Convenção sobre Trânsito Viário, celebrada em Viena
e promulgada pelo Decreto n° 86.714, de 10 de dezembro de 1981:
I – recolher e reter o documento de habilitação, até que expire o prazo da
suspensão do direito de usá-la, ou até que o condutor saia do território
nacional, se a saída ocorrer antes de expirar o prazo;
II – comunicar à autoridade que expediu ou em cujo nome foi expedido o
documento de habilitação, a suspensão do direito de usá-la, solicitando que
notifique ao interessado da decisão tomada;
III – indicar no documento de habilitação, que o mesmo não é válido no
território nacional, quando se tratar de documento de habilitação com
validade internacional. Parágrafo único. Quando se tratar de missão
diplomática, consular ou a elas equiparadas, as medidas cabíveis deverão
ser tomadas pelo Ministério das Relações Exteriores.
Art.6°. O condutor com Habilitação Internacional para Dirigir, expedida no
Brasil, que cometer infração de trânsito cuja penalidade implique na
suspensão ou cassação do direito de dirigir, terá o recolhimento e
apreensão desta, juntamente com o documento de habilitação nacional,
ou pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito
Federal.
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Parágrafo único. A Carteira Internacional expedida pelo órgão ou entidade


executiva de trânsito do Estado ou do Distrito Federal não poderá
substituir a CNH. (BRASIL, 2010)

13.3 RESOLUÇÃO Nº 671, DE 21 DE JUNHO DE 2017

Acrescenta o parágrafo único ao artigo 3º da Resolução CONTRAN nº 360, de 29 de


setembro de 2010, [...] nos termos do disposto no Decreto nº 4.711, de 29 de maio de 2003.
CONSIDERANDO o constante dos autos do Processo Administrativo nº 80000.004218/2015-
67, RESOLVE: Art. 1° Acrescentar o parágrafo único ao artigo 3º, com a seguinte redação:
Art.3º..........................
Parágrafo único. A comprovação de residência mencionada no 'caput'
deste artigo, para habilitações oriundas de países fronteiriços
(Uruguai, Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru, Bolívia, Venezuela,
Guiana, Guiana Francesa, Suriname), Chile e Equador, se dará com a
apresentação de Atestado, Declaração ou Certidão da autoridade
consular do Brasil no respectivo país.”

Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

14. PRINCIPAIS MUDANÇAS DA LEI 14.071 DE 13 DE OUTUBRO DE 2020, QUE


ALTEROU O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, VIGORANDO EM
12/04/2021

Diversas foram as mudanças relativo a competências dos órgãos que compõem o


Sistema Nacional de Trânsito, nos processos de obtenção e renovação da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) e em prazos administrativos, entre outros.

Passaram a vigorar novas regras quanto à suspensão do direito de dirigir, modifica a


natureza de algumas infrações e torna obrigatória a aplicação da advertência.

Nova penalidade relativa ao exame toxicológico e as regras para o transporte de


crianças;

Na obtenção da cnh, a nova lei revogou a obrigatoriedade de realização de aulas


práticas de direção veicular durante o período da noite;
mudanças quanto ao prazo para o reexame em caso de reprovação na prova escrita
sobre legislação de trânsito ou na prática de direção veicular, antes era de até quinze
dias da divulgação do resultado, agora não terá mais prazo para repetir a avaliação;

Anteriormente a avaliação era renovável a cada cinco anos, com exceção dos
condutores com mais de 65 anos, cujo prazo era de três anos. Segundo a nova lei
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 48

14.071, a renovação ocorrerá a cada dez anos para os condutores com idade até 49
anos, a cada cinco anos para aqueles com idade entre 50 e 69 anos e a cada três para
os condutores com idade igual ou superior a 70 anos.

Na renovação do documento de habilitação os departamentos de trânsito passarão a


enviar, com 30 dias de antecedência, um aviso de vencimento da validade da cnh. A
comunicação ocorrerá por meio eletrônico.

Suspensão do direito de dirigir - O CTB previa antes que a aplicação da penalidade


de suspensão cabia aos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal. Com a nova lei, o processo de suspensão deverá ser instaurado
concomitantemente ao processo da penalidade pecuniária pelo órgão responsável
pela aplicação da multa. Dessa forma, a Polícia Rodoviária Federal, os órgãos
executivos rodoviários e os municipais também poderão aplicar a suspensão nos
casos em que essa for a penalidade atribuída para a infração. No entanto, no caso da
suspensão por atingir o limite de pontos, o processo continua sendo realizado apenas
pelos órgãos executivos estaduais.

Quanto a suspensão do direito de dirigir por excesso de pontuação com as alterações


da Lei 14.071, passa a existir três limites de pontos, estabelecidos a partir da
quantidade de infrações gravíssimas cometidas pelo condutor. Assim, a penalidade
de suspensão passa a ser imposta quando, no período de 12 meses, o infrator atingir:
20 pontos, caso constem na pontuação duas ou mais infrações gravíssimas; 30 pontos,
se existir uma infração gravíssima, e 40 pontos, caso não tenha nenhuma infração
gravíssima. A exceção será para o condutor que exerce atividade remunerada. O
limite de pontuação, nesse caso, passa a ser de 40 pontos.

Infrações, recursos e penalidades


A nova lei alterou a natureza de algumas infrações, como no caso de conduzir
motocicleta com o farol apagado, que deixou de ser gravíssima e passou a ser
infração média. Além disso, há condutas que se tornaram infrações, por exemplo, a
falta de comprovação de resultado negativo em exame toxicológico para os
motoristas habilitados nas categorias C, D ou E. Conduzir veículo sem realizar o
referido exame, no período exigido, passou a ser considerada infração gravíssima,
com penalidade de multa de R$ 1.467,35 e suspensão do direito de dirigir por três
meses.

E por falar em multa de trânsito, os motoristas terão novos prazos para a indicação
do condutor responsável pela infração e para a apresentação da defesa prévia. Em
ambas as situações o prazo era de 15 dias. Com a mudança no CTB, esse tempo foi
ampliado para 30 dias, a contar do recebimento da notificação de autuação.

-conversão da penalidade de multa em advertência por escrito. Anteriormente, a


medida dependia da avaliação da autoridade de trânsito. A partir de hoje, na
hipótese de ocorrência de infração de natureza leve ou média, desde que o infrator
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 49

não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos 12 meses, ao invés da
multa, deverá ser aplicada a advertência.

- criação de prazo para os órgãos de trânsito aplicarem a penalidade de multa. A


partir de agora, o CTB define duas situações: caso a defesa prévia seja indeferida ou
não seja apresentada pelo infrator, a aplicação da penalidade deve ser realizada em
até 180 dias, contados da data do cometimento da infração. Já na hipótese de
apresentação da defesa prévia em tempo hábil, esse prazo para o órgão autuador
aplicar a multa passa a ser de 360 dias.

No transporte de crianças de crianças menores de 10 anos. Aquelas que não tenham


atingido 1,45 m (um metro e quarenta e cinco centímetros) de estatura devem ser
transportadas no banco traseiro com o equipamento de retenção adequado para a
idade, peso e altura. Além disso, em motocicletas passa a ser proibido o transporte de
crianças menores de 10 anos, ou que não tenham condições de cuidar da própria
segurança. Nesse último caso, a legislação anterior permitia crianças a partir dos sete
anos.

passa a ser prevista no CTB a possibilidade do cidadão optar pela emissão do


Certificado de Licenciamento Anual (CLA) e da Carteira Nacional de Habilitação
(CNH) em meio físico ou digital.

Destaca-se a ampliação do prazo para a comunicação de venda de veículos junto ao


Detran. Caso o novo proprietário não tome, em 30 dias, as providências necessárias
para a emissão do Certificado de Registro do Veículo (CRV), ao fim desse período, o
antigo dono terá 60 dias para comunicar a transferência de propriedade ao órgão de
trânsito.

Texto extraído do Detran /DF, disponível em https:www.detran.df.gov.br/mudancas-no-


codigo-de-transito-entram-em-vigor-nesta-segunda-feira-12/

_________________________MATERIAL COMPLEMENTAR __________________________

Apesar de ser assunto do Módulo II, para fins de conhecimento e possibilitar a atividade de
Policiamento de Trânsito – PCTRAN prático, a serem desenvolvidos na disciplina, segue
abaixo conteúdo sobre infração de trânsito que poderá ser retomado no próximo módulo.

a) AUTORIDADE DE TRÂNSITO X AGENTE DE TRÂNSITO

O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração


de trânsito (AIT) poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial
militar designado pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via no
âmbito de sua competência (art. 280, §4º do CTB).
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 50

Ao atuar, o agente de trânsito deve priorizar suas ações no sentido de coibir a prática
das infrações de trânsito, devendo tratar a todos com urbanidade e respeito, sem, contudo,
omitir-se das providências que a lei determina. Os artigos 256 e 269 e Anexo I do CTB tratam
do tema:

AUTORIDADE DE TRÂNSITO - dirigente máximo de órgão ou entidade


executivo integrante do Sistema Nacional de Trânsito ou pessoa por ele
expressamente credenciada.

Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências estabelecidas


neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele
previstas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - apreensão do veículo; (Revogado)
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir;
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.
§ 1º A aplicação das penalidades previstas neste Código não elide as
punições originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito,
conforme disposições de lei.
§ 2º (VETADO)
§ 3º A imposição da penalidade será comunicada aos órgãos ou entidades
executivos de trânsito responsáveis pelo licenciamento do veículo e
habilitação do condutor.
AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO - pessoa, civil ou policial
militar, credenciada pela autoridade de trânsito para o exercício das
atividades de fiscalização, operação, policiamento ostensivo de trânsito ou
patrulhamento.

Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das


competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição,
deverá adotar as seguintes medidas administrativas:
I - retenção do veículo;
II - remoção do veículo;
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
V - recolhimento do Certificado de Registro;
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;
VII - (VETADO)
VIII - transbordo do excesso de carga;
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de
domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o
pagamento de multas e encargos devidos.
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legislação, de prática
de primeiros socorros e de direção veicular.
[...]§ 9º Não caberá remoção nos casos em que a irregularidade for sanada
no local da infração.
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Obs.: O policial jamais deverá dizer ao condutor que vai multá-lo, uma vez que multa
é uma penalidade que compete, exclusivamente, à Autoridade de trânsito aplicar.

b) INFRAÇÃO DE TRÂNSITO

Constitui infração de trânsito a inobservância de qualquer preceito do CTB, da


legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às
penalidades e medidas administrativas indicadas em cada artigo, além das punições
previstas no Capítulo XIX (art. 161 do CTB).
O MBFT Vol. II (Res.561/15 do Contran) determina que o agente de trânsito, ao
constatar o cometimento da infração, deverá lavrar o respectivo auto e aplicar as
medidas administrativas cabíveis. Estabelece, também, que o AIT traduz um ato
vinculado na forma da Lei, e que não há discricionariedade com relação a sua
lavratura, conforme dispõe o artigo 280 do CTB. Note que trata-se de um ato
obrigatório, que deve ser realizado da forma prevista na Lei, sob pena de nulidade e
eventual cometimento do crime de prevaricação (art. 319 do código Penal)!

É bom lembrar que se o funcionário público pratica, deixa de praticar ou


retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, CEDENDO A PEDIDO OU
INFLUÊNCIA DE OUTREM, estará incorrendo no crime previsto no parágrafo
segundo do art. 317 do Código Penal, conduta esta considerada como corrupção
passiva privilegiada, com pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Para que possa exercer suas atribuições como agente da autoridade de trânsito, o
policial militar deverá estar devidamente uniformizado e no exercício regular de suas
funções. Jamais poderá lavrar AIT ou aplicar medidas administrativas quando estiver na
folga.

O veículo utilizado na fiscalização de trânsito deverá estar caracterizado como tal.

É proibida a lavratura do AIT por solicitação de terceiros, excetuando-se o caso em que


o órgão ou entidade de trânsito realize operação de fiscalização de normas de circulação e
conduta, em que um agente de trânsito constate a infração e informe ao agente que esteja na
abordagem. Neste caso, o agente que constatou a infração deverá convalidar a autuação no
próprio auto de infração ou na planilha da operação, a qual deverá ser arquivada para
controle e consulta.

O AIT não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivo, ou qualquer tipo de
adulteração. O seu preenchimento se dará com letra legível, preferencialmente, com caneta
esferográfica de tinta azul.
Poderá ser utilizado o talão eletrônico para o registro da infração, conforme
regulamentação específica.

O policial militar só poderá registrar uma infração por auto e, no caso da constatação
de infrações em que os códigos infracionais possuam a mesma raiz (os três primeiros
dígitos), considerar-se-á apenas uma infração.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 52

Exemplo: veículo sem equipamento obrigatório e com equipamento obrigatório


ineficiente/inoperante. Deve-se utilizar o código 663-71e descrever no campo de
observações do AIT a situação constatada (ex: sem o estepe e com o extintor de incêndio
vazio).
Sempre que possível, o agente de trânsito deverá abordar o condutor do veículo
para constatar a infração, ressalvados os casos nos quais a infração puder ser
comprovada sem a abordagem. Para esse fim, o MBFT Vol. II - Res. 561/15 do
Contran estabelece as seguintes situações:

 Caso 1: “possível sem abordagem” - significa que a infração pode ser


constatada sem a abordagem do condutor.
 Caso 2: “mediante abordagem” - significa que a infração só pode ser
constatada se houver a abordagem do condutor.
 Caso 3: “vide procedimentos” - significa que, em alguns casos, há situações
específicas para abordagem do condutor.

Uma via do AIT será utilizada pelo órgão ou entidade de trânsito para os
procedimentos administrativos e a outra deverá ser entregue ao condutor, quando se tratar
de autuação com abordagem, ainda que este se recuse a assiná-lo.

Nas infrações cometidas com combinação de veículos, preferencialmente será autuada


a unidade tratora. Na impossibilidade desta, a unidade tracionada.

Para que possa realizar o preenchimento regular do AIT, o policial militar precisa ter
conhecimento do que dispõem as Portarias nº 59/07 e 03/16 (alterou o Anexo IV - Tabela de
Enquadramentos da Portaria nº 59/07) do Denatran, que também tratam do preenchimento
dos campos do AIT, trazendo uma tabela de enquadramentos e de codificação das infrações.
Tal recurso também está disponível em alguns aplicativos que podem ser utilizados em
aparelhos celulares.

Convém nessa análise, citar o art. 280 do CTB:

Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de


infração, do qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infração;
III - caracteres da placa de identificação do veículo, sua marca e espécie, e outros
elementos julgados necessários à sua identificação;
IV - o prontuário do condutor, sempre que possível;
V - identificação do órgão ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou
equipamento que comprovar a infração;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificação do
cometimento da infração.
§ 1º (VETADO)
§ 2º A infração deverá ser comprovada por declaração da autoridade ou do agente
da autoridade de trânsito, por aparelho eletrônico ou por equipamento
audiovisual, reações químicas ou qualquer outro meio tecnologicamente
disponível, previamente regulamentado pelo CONTRAN.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 53

§ 3º Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o


fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do
veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no
artigo seguinte.
§ 4º O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração
poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar
designado pela autoridade de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua
competência.
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c) DOS CRIMES DE TRÂNSITO EM ESPÉCIE


Os crimes de trânsito em espécie estão previstos nos artigos 302 ao 312-A do CTB,
conforme citados abaixo:

Art. 302. praticar HOMICÍDIO CULPOSO na direção de veículo


automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo
automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o
agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo
veículo de transporte de passageiros.
§2º (Revogado)
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool
ou de qualquer outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do
direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.

Art. 303. Praticar LESÃO CORPORAL culposa na direção de veículo


automotor:
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer
qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302.
§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos,
sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente
conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima.

Art. 304. DEIXAR o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de


PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA, ou, não podendo
fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da
autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não
constituir elemento de crime mais grave.
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Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor


do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que
se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.

Art. 305. AFASTAR-SE o condutor do veículo do LOCAL DO


ACIDENTE, PARA FUGIR à responsabilidade penal ou civil que lhe
possa ser atribuída:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com CAPACIDADE


PSICOMOTORA ALTERADA em razão da INFLUÊNCIA DE
ÁLCOOL OU DE OUTRA SUBSTÂNCIA PSICOATIVA que
determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor.

§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:


I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro
de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de
ar alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran,
alteração da capacidade psicomotora.
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida
mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia,
vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova.
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes
de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime
tipificado neste artigo.

Art. 307. VIOLAR A SUSPENSÃO OU A PROIBIÇÃO DE SE


OBTER A PERMISSÃO OU A HABILITAÇÃO para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa
de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão
para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.

Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública,


de corrida, DISPUTA OU COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA ou
ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando
situação de risco à incolumidade pública ou privada:

Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão


ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigirveículo automotor.
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§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal


de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente
não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de
reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo.

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, SEM A DEVIDA


PERMISSÃO PARA DIRIGIR OU HABILITAÇÃO ou, ainda, se
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 310. PERMITIR, CONFIAR OU ENTREGAR A DIREÇÃO de


veículo automotor a PESSOA NÃO HABILITADA, com habilitação
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por
seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja
em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 310-A. (VETADO)

Art. 311. Trafegar em VELOCIDADE INCOMPATÍVEL com a


segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de
embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou
onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas,
gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 312. INOVAR ARTIFICIOSAMENTE, em caso de acidente


automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo
penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a
erro o agente policial, o perito, ou juiz:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não


iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o
inquérito ou o processo aos quais se refere.

Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste
Código, nas situações em que o juiz aplicar a SUBSTITUIÇÃO DE
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA RESTRITIVA DE
DIREITOS, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou
a entidades públicas, em uma das seguintes atividades:
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 57

I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de


bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no
atendimento a vítimas de trânsito;

II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede


pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e
politraumatizados;

III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação


de acidentados de trânsito;

IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e


recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Julyver Modesto de. Código de Trânsito Brasileiro: legislação de trânsito anotada. 6 ed. ver e
atual. / Julyver Modesto de Araujo. – 6 ed. São Paulo: Letras jurídicas, 2016.
https://www.google.com/search?q=imagem+opera%C3%A7%C3%A3o+blitz+detran+ba+e+PM

BRASIL. Lei n.º 9.503 de 23/09/1997 (Código de Trânsito Brasileiro). Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 19/06/2021.

BRASIL. Coletânea de legislação de trânsito. Organizadores Sérgio de Bona Portão, Vilma Pereira de Bona
Portão. 14 ed. Tubarão. Ed. do autor 2011.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO (DENATRAN). Resoluções, Portarias e Deliberações.


Disponível em <https://www.denatran.gov.br/>. Acesso em: 30 de maio de 2021.

DETRAN/DF. Principais mudanças da lei 14.071 de 13 de outubro de 2020. Disponível em


https:www.detran.df.gov.br/mudancas-no-codigo-de-transito-entram-em-vigor-nesta-segunda-
feira-12/ acesso em 21/06/2021

TRÂNSITOBR. O Portal do Trânsito Brasileiro. Disponível em <http://www.transitobr.com.br/>. Acesso


em 25 de abr. 2021.

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