Você está na página 1de 2

Além dos inúmeros benefícios que os exercícios físicos podem proporcionar a

saúde física e mental do idosos, esse também é capaz de contribuir com a


saúde social. Segundo Wachs e Fraga (2009), o exercício físico pode ser
usado na busca de diferentes propósitos como, oferecer continência ao
sofrimento, contribuir na (re)inserção em grupos locais, como também para
potencializar novas redes de pertença. Benedetti, et al. (2008), afirma que o
exercício físico amplia o convívio social, além disso, de acordo com os autores,
é possível inferir que o exercício é capaz de reduzir e/ou atrasar os riscos da
demência, doença que por si só é capaz de gerar um impacto social negativo.
Somado a isso, o exercício é capaz de manter, no idoso, as suas habilidades
físicas preservadas, para realizar as atividades de vida diária, resultando
nitidamente em respostas positivas para características socioeconômicas e
garantia de melhor qualidade de vida tanto a nível pessoal, quanto social.

De acordo com Kalache (2008), no Brasil, tem-se procurado cada vez mais por
alternativas para manter seus idosos economicamente e socialmente
integrados e independentes. A capacidade funcional está diretamente ligada à
manutenção da independência e da autonomia do idoso, e a prática regular da
atividade física com a melhoria e manutenção deste fator. Os idosos podem
acabar mantendo um afastamento tanto social, quanto dos exercícios físicos
por uma falta de autonomia, como também por medo dos riscos que essa
exposição possa acarretar. O risco de queda é um desses transtornos que os
idosos buscam evitar. Porém, a esquiva dos exercícios é um comportamento
contraproducente para esse fim. De acordo com os achados em estudo de
Guimarães et al (2004), idosos sedentários possuem menor mobilidade e maior
propensão a quedas em relação a idosos que praticam atividade física
regularmente. O estudo citado contou com amostra formada por 20 idosos que
praticavam atividades físicas e 20 idosos sedentários com idade entre 65 a 75
anos. Foi observada, através de resultados de testes de mobilidade funcional,
uma menor propensão de quedas nos idosos que praticam atividade física.
Por isso é possível afirmar que a percepção de saúde e de qualidade de vida
está ligada não só a saúde física, mas também a saúde social e mental do
idoso, como também a sua autonomia. É o que afirma Silva et al. (2012),
segundo os autores o motivo para os idosos que praticam exercícios físicos
sentirem ter uma qualidade de vida melhor, se comparados aos indivíduos que
não praticam exercícios físicos é o fato de os idosos ativos conviverem mais
tempo em grupo e de sentirem-se capacitados e independentes. Além disso,
segundo Jacob filho (2006), nas atividades em grupo há o “ganho secundário”,
que inclui o equilíbrio emocional, a autoestima e a integração social, benefícios
menos ressaltados na prática clínica cotidiana, porém extremamente
vantajosos para idosos.
Contudo o período de distanciamento físico por conta da pandemia de covid-
19 trouxe prejuizo, talvez irreparaveis, principalmente para os idosos. Pois de
acordo com Ferreira et al. (2020) em um período de distanciamento físico a
população tende a adotar uma rotina sedentária, o que favorecer a um ganho
de peso corporal e surgimento de comorbidades associadas a risco
cardiovascular, além dos transtornos psicossociais como ansiedade e
depressão. O impacto desse período foi maior ou menor de acordo com o traço
de personalidade do indivíduo. Carvalho, Pianowski, Gonçalves (2020) em
estudo com 715 participantes, investigaram as associações entre dois traços
de personalidade e o envolvimento com medidas de isolamento, seus achados
indicaram que pessoas que apresentam maiores traços de extroversão tem um
maior dificuldade em um envolvimento com a reclusão. Já Bezerra et al (2020)
em estudo transversal realizado a partir de um questionário no formato de
pesquisa de opinião com 16.440 participantes de todo Brasil. Encontraram um
percentual de 73% entre os que relataram que o distanciamento físico gerou
um pouco ou muito estresse.
Outro ponto interessante dessa mesma pesquisa foi que 60% dos participantes
relataram não ter feito nenhum tipo de exercício físico durante o isolamento
social. Segundo Botero (2021), após a incidência da pandemia causada pelo
novo corona vírus 2019 (COVID-19), as recomendações de distanciamento
social para evitar a disseminação do vírus e o isolamento resultaram em
comportamentos pouco saudáveis, como a redução da prática de atividade
física e o aumento do uso de equipamentos eletrônicos. Porém, durante o
período de contingência, decorrente da pandemia da covid-19, se aumentaram
os desafios para motivação do público idoso. Uma solução, para evitar a
esquiva dos exercícios físicos por parte dos idosos, foi a prática de exercícios
físicos em casa. principalmente, ministrada, exatamente, via ferramentas
tecnológicas digitais. Para Maciel (2010), recursos digitais e mídias sociais são
ferramentas que poderiam viabilizar o contato de profissionais e praticantes,
por ser um método viável para o acompanhamento e regulação destas
atividades de maneira mais segura e constante. Contudo foi um grande desafio
para boa parte dos idosos aderir, subitamente, a esses recursos, já que não
estavam habituados com essas tecnologias.
O pior é que o impacto negativo em relação ao sedentarismo do período de
distanciamento físico parece ainda reverberar mesmo após o período de
distanciamento físico. Isso é um reflexo, ainda segundo Botero (2021), das
falhas ocorridas no combate do comportamento sedentário e na retomada das
atividades físicas de maneira segura após o epicentro da doença no país.
Para a busca de possíveis maneiras de reverter esse quadro, de fuga dos
exercícios físicos, segundo Bavoso et al. (2018), deve-se reconhecer os fatores
motivacionais que levam a procura do exercício físico por este público em
específico. Ainda de acordo com esse, alguns desses fatores são a melhoria
da qualidade de vida e manutenção da saúde, melhoria da aparência física que
auxilia no aumento da autoestima.

Você também pode gostar