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RAFAELA CHARONE MUNIZ

Ginecologia e obstetrícia

Roteiro 2 e 3

Crescimento celular uterino na gestação


fctj

Durante a gestação iremos observar alguns aspectos específicos que ocorrem:

ÚTERO GRAVÍDICO

Quando falamos de útero gravídico, sabemos eu ele é extremamente diferente de um útero não gravídico. A
gravidez estimula um crescimento impressionante do útero as custas
de mudanças nas fibras musculares uterinas (miométrio). Algumas
características de um útero gravídica são:

1. Sairemos de um útero que pesa menos de 70 gramas para


aproximadamente 1kg
2. Teremos um aumento de volume
3. O fundo uterino fica em formato de cúpula
4. Os ligamentos irão se modificar, onde o ligamento redondo
parece estar se juntando com o terço médio e o terço superior
do útero.
5. As tubas uterinas se alongam
6. Os ovários não sofrem tantas alterações

Todos esses fatores se dão devido a esse aumento de volume uterino.


Essas mudanças podem ser proporcionadas por alguns fenômenos que iremos discutir, são eles: HIPERPLASIA E
HIPERTROFIA.

1. HIPERPLASIA: Aumento do número de células a partir do estímulo mitótico delas ou através da interrupção
do processo de apoptose. A hiperplasia irá ocorrer em órgãos que contêm células com capacidade
replicativa, onde o órgão irá aumentar de volume e tamanho. O que estimula esse processo é a liberação de
fatores de crescimento e estímulos a divisão celular. Esse mecanismo é reversível se a causa for eliminada.
Entretanto, para que as células respondam a esses estímulos, são necessárias algumas condições, como o
suprimento sanguíneo, já que vamos aumentar o número de células, sendo necessário aumentar a
vascularização.
2. HIPERTROFIA: é o aumento dos constituintes estruturais e das funções celulares, o que resulta em aumento
volumétrico das células e dos órgãos afetados. Forma de adaptação a maior exigência de trabalho. Algumas
condições para que ocorra hipertrofia são fornecimento de O2 e de nutrientes que devem suprir o aumento
de exigência das células, as células devem ter organelas e sistemas enzimáticos íntegros, células lesadas não
conseguem hipertrofiar-se como as células normais, estímulo nervoso, no caso das células musculares, sem
inervação a musculatura não se hipertrofia adequadamente. A hipertrofia induzida pelos fatores de
crescimento produzidos em resposta ao estresse mecânico ou a outros estímulos. Aumentará o tamanho
geral do órgão também.

Placenta
Componente muto importante pois possibilita toda troca nutricional entre mãe e feto, possibilita que o sistema
imune da mãe não o ataque e faz a interface entre mãe e concepto.

FUNÇÕES

A placenta, junto com outras membranas fetais que veremos adiante possuem várias funções, dentre elas:
→ Proporcionam proteção
→ Nutrição do concepto
→ Respiração do concepto
→ Excreção de resíduos
→ Produção hormonal

Quando falamos dessa função hormonal podemos observar hormônios proteicos, que serão produzidos pelo
componente fetal trofoblasto, são eles: HCG, Somatomatropina coriônica humana, tirotropina coriônica humana e
corticotropina coriônica humana.

HORMÔNIOS
PLACENTÁRIOS

Trofoblasto da placenta

GONADOTROPINA CORIÔNICA SOMATOMATROPINA TIROTROPINA CORIÔNICA CORTICOTROPINA CORIÔNICA


HUMANA (hCG) CORIÔNICA HUMANA HUMANA HUMANA

Produzido a partir da segunda semana,


serve para manter o corpo lúteo em
funcionamento, produzindo a
progesterona

Além dos hormônios proteicos, teremos também hormônios esteroides, como progesterona e estrogênio.

COMPOSIÇÃO MATERNOFETAL

Uma característica da placenta é a sua composição tanto de origem


materna quanto de origem fetal:

→ PARTE MATERNA: derivada do próprio endométrio.


→ PARTE FETAL: se desenvolve a partir do saco coriônico (córion)
PARTE MATERNA

Quando falamos da parte materna, precisamos conhecer a


decídua. A DECÍDUA SERÃO AS CÉLULAS ENDOMETRIAIS DE
UMA MULHER GRÁVIDA. No momento da gestação, as
células endometriais sofrem uma mudança chamada de
REAÇÃO DECIDUAL, por isso elas se transformam,
respondendo a um aumento progressivo de progesterona, se
transformando em células bem mais volumosas, com
citoplasma mais claro e com aspecto mucoso, onde será
conservado glicogênio e lipídeo. A importância dessa reação
decidual se dá pois, durante o processo de nidação, o
embrião irá “destruir” várias células endometriais e então,
essas células que se tornaram um reservatório de glicogênio
e de lipídios irão servir de alimento para o embrião.

É importante ressaltar que a decídua terá algumas regiões que, dependendo do contato com o concepto, ela recebe
uma nomenclatura diferente:

→ DECÍDUA BASAL: Parte em que o concepto está penetrando o endométrio, a decídua basal + a parte fetal =
placenta. (região endometrial que fica em contato com a placenta)
→ DECÍDUA CAPSULAR: Cobertura, parte que passa por cima do embrião, que recobre ele
→ DECÍDUA PARIETAL: Restante do endométrio que não está sobre a placenta e que não recobre o endométrio

DESENVOLVIMENTO DA PLACENTA

A parte fetal da placenta irá se desenvolver a partir da segunda semana


de gestação de uma estrutura chamada de trofoblasto, que se divide em
citotrofoblasto (que posteriormente forma o córion) e sinciciotrofoblasto
(massa celular responsável por cavar o buraco na parede endometrial). A
partir do trofoblasto teremos o desenvolvimento do córion e das
vilosidades coriônicas.
A partir da terceira semana de gestação começaremos a ter a formação de algumas estruturas importantes como as
VILOSIDADES CORIÔNICAS, que são uma proliferação células do trofoblasto (que será o córion) para a porção
externa dele, elas são importantes para que ocorra o desenvolvimento do sistema circulatório do feto. No final da
quarta semana, já teremos uma rede vascular toda formada dentro das vilosidades coriônicas, permitindo troca de
nutrientes e oxigênio da mãe para o concepto e a devolução de metabolitos celulares do concepto para a mãe.

Vilosidades
coriônicas

Na imagem acima podemos observar uma gravidez de


aproximadamente 8 semanas, onde as vilosidades cobrem
completamente o córion embrionário. Na oitava semana já
teremos todo desenvolvimento de órgãos internos e o
crescimento do feto, por isso ele irá aumentar de tamanho e,
com o crescimento do feto, em um dado momento uma
parte do córion irá entrar em contato com o endométrio.
Quando ele entra em contato com a decídua parietal, as
vilosidades passam a ficar comprimadas com a parede do
restante do útero, e com esse processo, as artérias e veias
que formam as vilosidades começam a ficar não funcionais,
causando um aspecto liso, denominando uma região
chamada de CÓRION LISO. Com a desintegração das
vilosidades coriônicas da porção do córion liso, teremos a
estimulação para que aumente o número de vilosidades coriônicas em contato com a decídua basal, fazendo com
que elas fiquem com um aspecto frondoso.

 São nessas vilosidades coriônicas que teremos as trocas maternofetais:

É importante ressaltar que a imagem que observamos à direita, nada mais é do que uma pequena parte da região da
placenta.

Importante para a excreção de metabólitos e trocas


sanguíneas

Localizado entre os espaços intervilosos

Além das vilosidades coriônicas, teremos outra estrutura que será muito importante para a composição
maternofetal, desenvolvida já na segunda semana, chamada de CAVIDADE AMNIÓTICA. Essa membrana irá envolver
todo embrião, cresce junto com ele e com esse crescimento, entra em contato com o córion, fazendo com que elas
se tornem praticamente uma única coisa, as quais denominamos de membranas fetais OU MEMBRANA
AMNIOCORIÔNICA.
Pelve
 A pelve é uma estrutura que irá acomodar várias outras estruturas.
 Será composta por ossos e tecidos moles
 Iremos encontrar no ser humano, 4 tipos de pelve. Isso será essencial para direcionar o parto como cesárea ou
normal.
 As 4 variações de pelve serão:

Visão axial Osso púbis Visão lateral,


(de cima), formando Visão inferior onde devemos
vamos ângulo da pelve, observar a
observar a púbico, como se a posição do
pelve menor quanto maior mulher sacro. Quanto
(parte branca o ângulo, estivesse na mais
apresentada maior a posição de anteriorizado,
que vai variar capacidade de litotomia. mais difícil será
a angulação . parto vaginal. o parto
É importante que os estreitos sejam simétricos e do mesmo tamanho, como pode ser observado nas duas últimas
colunas, onde os dois únicos tipos que possuem o estreito simétrico são ginecoide e antropoide, que
consequentemente são os dois únicos tipos de pelve favoráveis para um parto vaginal.
ACIDENTES ANATÔMICOS DA PELVE

A PELVE

Quando visualizamos uma pelve, precisamos saber identificar 3 pontos:

→ Linha terminal: linha imaginária traçada entre a abertura superior da pelve e a abertura inferior.
→ Pelve verdadeira ou menor: localizada abaixo da linha terminal
→ Pelve falsa ou maior: localizada acima da linha terminal
PELVE FALSA OU MAIOR

 Superior à entra pélvica


 Delimitada:
→ Pósterolateralmente: asa ilíaca
→ Posteriormente: sacro
→ Anteriormente: músculos abdominais
 Ocupada por vísceras abdominais: íleo e colo sigmoide

OBS: De espinha ilíaca até espinha ilíaca


temos pelve maior ou falsa

PELVE VERDADEIRA OU MENOR

 Fica entre a entrada e a saída pélvica


 Delimitada pelo sacro e pelo cóccix
 Cavidade pélvica verdadeira
 Partes profundas do períneo

OBS: De espinha isquiática até espinha


isquiática temos pelve menor ou
verdadeira

ESTREITOS DA PELVE

Os estreitos da pelve devem ser simétricos para que possa ocorrer um parto normal, teremos 3 tipos de estreito:
DIÂMETROS DA PELVE

Serão 3 linhas imaginárias que podem ser observadas principalmente por uma visão axial:

PELVE FEMININA X PELVE MASCULINA

Algumas diferenças podem ser observadas entre uma pelve feminina e o uma pelve masculina:

FEMININA MASCULINA
 Ângulo púbico mais aberto (letra  Ângulo púbico mais fechado (letra
“V” invertida) “U” invertida)
 Pelve menor possui um ângulo  Pelve menor possui um ângulo
mais arredondado mais triangular
 Asa do ilíaco mais aberta  Asa do ilíaco mais fechada
Assoalho pélvico

Musculatura profunda: não é possível Musculatura superficial: é possível


visualizar visualizar

O assoalho pélvico são músculos que irão forrar a pelve, que precisam ser trabalhados durantes a gravidez, durante
a vida para evitar a flacidez e a diminuição do tónus muscular. Pode ser feito um procedimento chamado de
episiotomia importante na hora do parto vaginal que estará relacionado a músculos do assoalho pélvico.

MUSCULATURA PROFUNDA

Na musculatura profunda teremos 3 músculos formando um conjunto muscular chamado de MÚSCULO


LEVANTADOR DO ÂNUS:

Os 3 músculos supracitados serão:


1. MÚSCULO PUBORETAL:

2. MÚSCULO ÍLIOCOCCÍGEO: fixação no osso ilíaco e no cóccix

3. MÚSCULO PUBOCOCCÍGEO: Começa no púbis até a direção do cóccix

Além disso, esse músculo pode ser dividido em PUBOPERINEAL, PUBOVAGINAL E PUBOANAL.
Além do levantador do ânus, teremos também outros 3 tipos de músculos profundos, são eles:

1. MÚSCULO COCCÍGEO:

2. MÚSCULO PIRIFORME:

3. MÚSCULO OBTURADOR INTERNO:


MUSCULATURA SUPERFICIAL

Abaixo conseguimos observar o vestíbulo da vagina, onde teremos o hostil da uretra e da vagina, e temos o
ânus. Observaremos alguns músculos importantes, são eles:

1. MÚSCULO ÍSQUIOCAVERNOSO: lateralmente


2. MÚSCULO BULBOESPONJOSO: medialmente, em volta do vestíbulo da vagina
3. MÚSCULO TRANSVERO DO PERÍNEO: ao centro entre os músculos
4. MÚSCULO TRANSVERSO SUPERFICIAL DO PERÍNEO: localizado fechando o triângulo
5. MÚSCULO ESFÍNCTER EXTERNO DO ÂNUS: localizado em volta do ânus.

OBS: Corte de episiotomia deve ser feito lateral, nunca reto!!!


TRÍGONOS DO ASSOALHO PÉLVICO

Serão dois, chamados de TRÍGONO UROGENITAL e TRÍGONO ANAL, eles irão servir apenas de pontos de referência.

INERVAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO

A inervação do assoalho pélvico será extremamente rica. Ela irá iniciar em um plexo chamado de PLEXO SACRAL,
onde teremos o NERVO PUDENDO (tem origem entre S2 e S3), teremos alguns RAMOS DIRETOS saindo de S4, que
serão responsáveis pela inervação do assoalho pélvico.

VASCULARIZAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO

Ela começa na ARTÉRIA ILÍACA INTERNA, tendo vários ramos terminais, sendo 3 os principais:
DRENAGEM VENOSA DO ASSOALHO PÉLVICO

VEIA ILÍACA INTERNA

VEIA PUDENDA

VEIA GLÚTEA INFERIOR

VEIA VESICAL INFERIOR


circulação fetal e neonatal
A circulação fetal e a circulação do adulto diferem, pois, na fetal, teremos alguns vaso e orifícios que se fecham no
momento do nascimento, por isso são ausentes na circulação do adulto.

CIRCULAÇÃO FETAL

Se inicia na placenta, a placenta emite 1 veia e recebe duas artérias.

CANAL
ARTERIAL

VEIA CAVA
INFERIOR

ARTÉRIA AORTA

CICATRIZ
UMBILICAL
VEIA UMBILICAL
VEIA
PULMONAR

ARTÉRIAS
UMBILICAIS
CORDÃO
UMBILICAL

O CORDÃO UMBILICAL será composto por uma veia e 2 artérias que estarão juntas fora do corpo. Dentro do corpo,
teremos essas estruturas separadas, podendo visualizar:

→ Tudo se inicia com a VEIA UMBILICAL que leva sangue oxigenado da placenta para o coração por dentro do
fígado, adentrando a VEIA CAVA INFERIOR direto para o átrio direito, onde a maior parte do sangue será
desviado direto do átrio direito para o átrio esquerdo através de uma estrutura chamada de forame oval. A
parte do sangue que não vai para o átrio esquerdo desce para o ventrículo esquerdo e é ejetado de maneira
normal através da ARTÉRIA PULMONAR, que normalmente manda sangue para dentro dos pulmões,
entretanto, o pulmão do feto estará cheio de líquido, por isso, os vasos sanguíneos estarão fechados, por
isso a resistência vascular pulmonar será muito alta, impedindo que o sangue entre em grande quantidade.
Por isso teremos um canal chamado de CANAL ARTERIAL (comunicação do tronco da artéria pulmonar e
artéria aorta). Quando todo esse sangue chega na ARTÉRIA AORTA, ele irriga todo o corpo e retorna para a
placenta através das duas ARTÉRIAS UMBILICAIS.

CIRCUALAÇÃO NEONATAL

Quando o bebê nasce, o líquido presente nos pulmões será expulso pela boca, deixando os alvéolos mais livres para
respirar. Além disso, o tórax é espremido pelo canal de parto vaginal e isso ajuda ainda mais a eliminar o resto de
líquido presente lá. Quando ela puxa o ar para respirar, o pulmão se enche de ar, quando isso acontece, os vasos em
volta dos alvéolos se dilatam, portanto, a resistência vascular pulmonar que era alta caí. Já que ela cai, o sangue que
estava chegando no ventrículo direito vai ser ejetado pelo tronco da artéria pulmonar para dentro dos pulmões e
retornará para o átrio esquerdo. Forame oval fechado e com isso o fluxo seguirá o sentido normal, com maior
pressão na aorta e menor pressão na artéria pulmonar, o sangue fluirá da aorta para a artéria pulmonar. Isolamento
do coração direito e do coração esquerdo, fechando a circulação.

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