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A triste realidade do preconceito racial

nos esportes
Autor: Fernanda Letícia de Souza*
25 de janeiro de 2021

Casos de atitudes de ódio motivadas pelo preconceito racial são rotina em


muitas localidades. O que historicamente deveria ter ficado no passado,
com a abolição da escravatura, ressurge com força cada vez maior
atualmente. O racismo é um problema estrutural da sociedade brasileira e
se engana quem acha que a educação tem sido suficiente para mitigar o
preconceito. A polarização da vida social brasileira nos últimos tempos
trouxe à tona a manifestação do racismo em sua forma mais cruel.
Até mesmo o esporte, que é constantemente palco de manifestações de
combate ao preconceito racial e fábrica de ídolos de pele negra, tem visto
um crescimento alarmante de casos de racismo. Somente em 2019, os
casos de injúria racial no esporte brasileiro cresceram a ponto de atingir o
maior índice em cinco anos. Estes dados são do futebol, mas sabemos que
as atitudes acontecem em outras modalidades esportivas.
Os atos vão desde ofensas verbais como chamar o outro de macaco,
atitudes depreciativas como atirar bananas para dentro do campo na
direção de jogadores da raça negra e até atos mais graves como a
depredação de bens pessoais em razão da cor da pele. E as atitudes
racistas não ficam restritas às torcidas e às arquibancadas, como muitos
podem pensar, e acontecem também dentro de quadra ou campo, entre
atletas, jogadores e companheiro de equipe.
Há ainda quem minimize o impacto de atitudes como estas nos gramados
brasileiros. Recentemente, isto ficou bem claro na fala do consagrado
técnico Vanderlei Luxemburgo, que alegou não concordar que provocações
como chamar o outro de macaco para desestabilizá-lo emocionalmente
deva ser considerado racismo. E completou dizendo que racismo puro seria
apenas o que ocorreu no polêmico caso de assassinato de George Floyd por
policiais americanos.
Absurdo e talvez irônico que, num país com uma das maiores populações
negras do mundo (ficando atrás somente da Nigéria) e, principalmente, no
campo dos esportes onde o atleta negro se destaca de forma natural,
atitudes como estas ainda aconteçam e sejam toleradas.
Basta analisarmos a genética, que comprova que pessoas da raça negra
possuem um percentual maior de células musculares de contração rápida –
aquelas responsáveis pela velocidade, potência e explosão muscular – para
concluirmos que a raça que se considera tão superior por possuir a pele
branca, é, na verdade, bem inferior na maioria das modalidades esportivas.
Além disso, um rápido levantamento dos maiores atletas do passado e da
atualidade nos traz nomes como Muhamad Ali, Pelé, Michael Jordan, Usain
Bolt e Lebron James, todos, coincidentemente ou não, pertencentes a raça
considerada “inferior” por aqueles que se sentem no direito de praticar
atos de racismo.
Técnicos, torcedores e amantes do esporte devem as maiores conquistas
de seus clubes e times, seja no futebol, no basquete ou em qualquer
modalidade esportiva, a atletas negros. Prova de que a cor da pele não
determina nada, a não ser uma considerável vantagem nos esportes.
* Fernanda Letícia de Souza (foto) é especialista em Fisiologia do exercício
e prescrição do exercício físico, é professora da área de Linguagens Cultural
e Corporal nos cursos de licenciatura e bacharelado em Educação
Física da Uninter.
* Foto principal: jogadores do Liverpool em protesto contra o racismo.
Autor: Fernanda Letícia de Souza*
Créditos do Fotógrafo: Twitter Liverpool/Reprodução

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