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Serviço Social – Conhecimentos Específicos - EBSERH

Aula 8.2 A Família e o Serviço Social


Professora Conceição Costa

Serviço Social – Conhecimentos Específicos - EBSERH

Aula 8.2

A Família e o Serviço Social

Professora: Conceição Costa

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SUMÁRIO
A FAMÍLIA E O SERVIÇO SOCIAL ................................................................ 3
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3
2. METODOLOGIAS NA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
NO TRABALHO COM FAMÍLIAS .................................................................... 8
2.1. SERVIÇO SOCIAL E PROCESSO DE TRABALHO COM FAMÍLIAS ................ 8
3. REVISANDO: A FAMÍLIA E A PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA ......................... 17
4. CUIDADOS COM A FAMÍLIA E GRUPOS VULNERÁVEIS ............................. 23
5. TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS: ELEMENTOS PARA SUA RECONSTRUÇÃO
EM BASES CRÍTICAS ............................................................................... 29
QUESTÕES DE PROVAS COMENTADAS ...................................................... 36
QUESTÕES DE PROVAS EBSERH ............................................................... 46
GABARITOS ........................................................................................... 50
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 51

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A FAMÍLIA E O SERVIÇO SOCIAL

1. INTRODUÇÃO

Analisando a história do Serviço Social vê-se, que o trabalho com famílias


sempre foi uma preocupação do profissional.

De acordo com SILVA (1987):

“Já Mary Richmond, em seu Diagnóstico Social, mostrava a importância de se


considerar o cliente em suas múltiplas relações sociais, em especial com sua
família de origem, considerando este, ‘muitas vezes’ o único caminho para obter
resultados completos e duradouros. Enfatizava também a necessidade de
proceder a um estudo da família, de suas características básicas, de sua
importância na gênese e no desenvolvimento dos problemas apresentados pelo
cliente e das interferências do meio social sobre esta família caracterizada como
‘unidade integradora’. A partir dessa época, toda a literatura do Serviço Social
reafirma a necessidade de não se isolar o indivíduo de seu contexto familiar. ”
(SILVA, 1987. p.84).

A família era tomada como unidade a partir das disfunções sociais apresentadas.
A proposta de intervenção baseava-se no ajustamento social, e este foi o enfoque
dado ao universo familiar, para ajustar a família aos princípios propostos pelas
classes sociais dominantes e manter assim a ordem social vigente.

Nessa perspectiva, o Estado foi fundamental, apresentando o papel de trabalhar


as famílias, especialmente às oriundas das classes empobrecidas. A ação do
Estado e de muitos profissionais que estavam a seu serviço, partia do pressuposto
de que algumas famílias eram incapazes de educar as crianças e os adolescentes,
em função de sua estrutura considerada inadequada para permitir o bom
desenvolvimento destes.

Até o Movimento de Reconceituação, a questão da família foi tratada de maneira


relativa, em função da atuação junto a comunidades e movimentos sociais.

A partir de 1965, o Serviço Social passou pelo Movimento de Reconceituação,


que se desdobrou em várias tendências; dentre elas, sobretudo, a modernização

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(funcionalista, fenomenológica e eclética) das correntes marxistas e socialistas


de vários matizes.

O Serviço Social tem seu surgimento marcado pela consolidação do sistema


capitalista no momento de sua manifestação como monopólios, momento este
marcado pelo afloramento da “questão social”.

Entendida aqui como afirma IAMAMOTO (2007):

“[...] conjunto das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista


madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter
coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade
humana – o trabalho -, das condições necessárias à sua realização, assim como
de seus frutos. É indissociável da emergência do ‘trabalhador livre’, que depende
de venda de sua força de trabalho com meio de satisfação de suas necessidades
vitais. A questão social expressa, portanto, disparidades econômicas, políticas e
culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características
étnico-raciais e formações regionais, colocando e, causa as relações entre amplos
segmentos da sociedade cível e o poder estatal”. (IAMAMOTO, 2007. p.16,17).

A “questão social”, objeto do Serviço Social tem uma relação com o Serviço Social
desde sua gênese como profissão, ela sustenta sua base de intervenção. Todavia,
não se coloca de imediato nesta relação, pois “as conexões genéticas do Serviço
Social profissional não se entretecem com a questão social, mas com suas
peculiaridades no âmbito da sociedade burguesa fundada na organização
monopólica” (NETTO, 2000:18).

Essa forma de conceber o Serviço Social é entender que o mesmo se constitui a


partir de um momento histórico determinado, assim, a profissão é determinada
sócio historicamente, a mesma se constrói sustentada pela contradição. Seu
significado social se dá, segundo IAMAMOTO (1992) na vinculação concreta que
esta profissão vai ter na sociedade capitalista, ou seja, na contradição entre quem
paga e quem demanda seus serviços.

É importante destacar que a profissão não se dá de forma aleatória. O que ocorre


é um reordenamento interno do capitalismo evidenciando um espaço concreto
para institucionalização da profissão. Desta forma, entende-se que esse processo
se constitui em um processo de ruptura, conforme analisa NETTO (1992), devido
à condição de assalariamento que este profissional assume, tornando-se este
momento fundamental para que posteriormente este sujeito se compreenda

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enquanto membro da classe trabalhadora. Isto provoca um avanço na construção


da categoria profissional, ou seja, na sua trajetória histórica.

Os assistentes sociais no final da década de 70 e início dos anos 80 construíram


aliança com as classes trabalhadoras, tentando dar à prática uma nova direção.
Esse posicionamento permitiu perceber a família no interior da questão mais
ampla, contraditória e complexa do conflito de classes, sujeitando o
entendimento da realidade social a todas as determinações, condicionamentos e
influências decorrentes do novo enfoque.

Mas essa mudança de percepção não atingiu as políticas sociais, que deveriam
voltar para o atendimento familiar. Essa trajetória histórica delineada a partir das
lutas sociais desenvolvidas em torno das questões da família, não favoreceu a
construção de uma política especifica de atenção, na época.

Para TAKASHIMA (1994), a família brasileira sempre foi tratada através de


políticas sociais de atendimento centradas nas figuras da “maternidade e
infância”, “menor abandonado; delinquente”, “menino de rua”, “excepcional” e
“idoso”. Para a autora, a agravante disso, é que todos esses foram vistos de
forma isolada e descontextualizada até mesmo de seus valores socioculturais.

Embora não exista política especifica de atenção à família, esta, se insere, ainda
que de forma fragmentada, nas distintas políticas públicas de áreas como saúde,
educação e habitação, por exemplo, através dos diferentes segmentos que
compõem, tais como, mulher, criança, adolescente e idoso.

Estas transformações societárias vêm implicando, não só a emergência de novas


demandas para o Serviço Social, como na necessidade premente de
redimensionar a formação profissional a partir de procedimentos investigativos
que tomem como objeto as mudanças do espaço ocupacional do Assistente
Social.

Esta contradição, que dá materialidade ao significado social da profissão e marca


sua identidade profissional, é concebida como parte integrante de sua
organização como profissão, isto é “não se revela de imediato, não se revela no
próprio relato do fazer profissional, das dificuldades que vivenciamos
cotidianamente” (IAMAMOTO, 1992:120). Ela é compreendida e adquire sentido
no espaço das relações sociais concretas da sociedade da qual é parte.

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Ao compreender esse movimento, pode-se dizer que a profissão avançou. No


sentido de romper com antigas concepções da mesma, deslocadas da realidade,
numa visão endógena do Serviço Social (IAMAMOTO, 1999) que não compreendia
essa forma histórica de reconhecer a profissão no rol de profissões que surgem
a partir de um determinante histórico que é a questão social.

Conforme NETTO (2000):

“[...] a base própria da sua profissionalidade, as políticas sociais, conformam um


terreno de conflitos – e este é o aspecto decisivo- constituídas como respostas
tanto às exigências da ordem monopólica como ao protagonismo proletário, elas
se mostram como territórios de confrontos nos quais a atividade profissional é
tensionada pelas contradições e antagonismos que as atravessam enquanto
respostas”. (NETTO, 2000:78).

A profissão ao defender os interesses da classe trabalhadora, ao buscar


fundamentação teórica para compreender essa realidade contraditória onde se
insere, passou a produzir novos conhecimentos e dar novas respostas para seu
exercício profissional no sentido de atender as demandas postas pela questão
social, tanto as já existentes como as novas, requerendo.

Segundo IAMAMOTO (2007):

“[...] no seu enfrentamento, as prevalências das necessidades da coletividade


dos trabalhadores, o chamamento à responsabilidade do Estado e a afirmação de
políticas sociais de caráter universal, voltadas aos interesses das grandes
maiorias, condensando um processo histórico de lutas pela democratização da
economia, da política, da cultura na construção de uma esfera pública”.
(IAMAMOTO, 2007: 10,11).

Assim compreender a questão social a partir das transformações


societárias pós-setenta é, como expõe IAMAMOTO (2007):

“Uma sociedade em que a igualdade jurídica dos cidadãos convive


contraditoriamente, com a realização da desigualdade. Assim dar conta da
questão social, hoje, é decifrar as desigualdades sociais - de classes - em seus
recortes de gênero, raça, etnia, religião, nacionalidade, meio-ambiente, etc. Mas
decifrar, também, as formas de resistência e rebeldia com que são vivenciadas
pelos sujeitos sociais” (IAMAMOTO, 2007. p. 114).

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Essas novas expressões da questão social apresentam uma demanda por serviços
anteriormente inexistentes e que precisam receber respostas eficientes, seja via
ações públicas ou privadas.

Para responder a essas demandas apresentadas pela família, exige-se


um profissional que, nos dizeres de IAMAMOTO (2007), seja:

“Exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua competência


crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade.
Alimentado por uma atitude investigativa, o exercício profissional cotidiano tem
ampliadas as possibilidades de vislumbrar novas alternativas de trabalho nesse
momento de profundas alterações na vida em sociedade. O novo perfil que se
busca construir é de um profissional afinado com a análise dos processos sociais,
tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações
quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender “o tempo
presente, os homens presentes, a vida presente” e nela atuar, contribuindo,
também para moldar os rumos de sua história” (IAMAMOTO, 2007. p. 49).

O Assistente Social é um profissional solicitado para atuar em diversas áreas,


onde se apresenta as expressões da questão social, tais como: Conselhos
Tutelares, CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), Empresas,
Prefeituras (Secretaria de Assistência Social), INSS (Instituto Nacional da
Seguridade Social), Escolas, Área Judiciária, APAE (Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais), PSF (Programa Saúde da Família), Programa Sentinela, CAPS
(Centro de Atenção Psicossocial), Unidades Hospitalares, dentre outras.

Em todas essas áreas, o Assistente Social reporta grande parte da sua


intervenção ao trabalho com famílias, pois a está presente nas diferentes
demandas apresentadas nas instituições que atendem as questões
sociais.

O Assistente Social analisa, investiga a realidade nos aspectos sociocultural e


econômico, fundamentado no seu projeto ético-político, e se apropria como
referência às técnicas participativas, em oposição às práticas que articulam as
questões sociais. Para tanto, o desenvolvimento de uma metodologia no processo
de trabalho com famílias é necessário, bem como a análise desta.

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2. Metodologias na Intervenção Profissional do Assistente Social no Trabalho


com Famílias

2.1. Serviço Social e processo de trabalho com famílias

A profissão do Assistente Social é regulamentada pela Lei n. 8.662, de


07/06/93. Esta Lei tem o objetivo de reger os procedimentos e a natureza dos
serviços profissionais, por meio dos quais se realizam os princípios constitucionais
da assistência social; assim como da saúde, previdência social e demais
atividades sociais.

Para isso institui a profissão de Assistente Social, de um lado exigindo-lhe


determinados deveres e, de outro, assegurando-lhe certas competências e
atribuições privativas em conformidade com o Código de Ética da Profissão,
que reafirma os seus valores fundantes – a liberdade e a justiça social. O projeto
profissional do Serviço Social, pensa a ética como um pressuposto teórico-político
que remete para o enfrentamento das contradições postas à profissão, a partir
de uma visão crítica, e fundamentada teoricamente, das derivações ético-
políticas do agir profissional.

O reconhecimento da importância da família no contexto da vida social


está explícito no artigo 226, da Constituição Federal do Brasil, quando
declara que:

“a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”, endossando


assim, o artigo 16, da Declaração dos Direitos Humanos, que traduz a família
como sendo o núcleo natural e fundamental da sociedade, e com direito a
proteção da sociedade e do Estado. No Brasil, tal reconhecimento se reafirma nas
legislações especificas da Assistência Social – Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), Estatuto do Idoso e na própria Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS), entre outras.

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Para MIOTO (1997):

“A família é uma instituição Social historicamente condicionada e


dialeticamente articulada com a sociedade na qual está inserida. Isto pressupõe
compreender as diferentes formas de famílias em diferentes espaços de tempo,
em diferentes lugares, além de percebê-las como diferentes dentro de um mesmo
espaço social e num mesmo espaço de tempo. Esta percepção leva a pensar as
famílias sempre numa perspectiva de mudança, dentro da qual se descarta a
ideia dos modelos cristalizados para se refletir as possibilidades em relação ao
futuro”. (MIOTO, 1997, p.128).

Sabe-se que não só para o Serviço Social, mas que em todas as profissões o
tema “FAMÍLIA” não é desconhecido, intervém-se nesta dinâmica a todo instante.
Porém poucos profissionais são preparados para trabalhar as relações familiares
e as mudanças ocorridas na estrutura familiar ao longo da história.

Atualmente os processos de intervenção com as famílias são pensados apenas no


âmbito do atendimento direto. Não são vislumbradas, no universo das ações
profissionais, outras possibilidades de se trabalhar com famílias; não são
considerados especialmente os espaços da proposição, articulação e avaliação
das Políticas Sociais, nem a organização e articulação de serviços como campos
fundamentais de intervenção na área da família.

Abordar a problemática familiar constitui-se em uma tarefa difícil e complexa, já


que a família contemporânea pode ser vista como um desafio, que envolve
problemas de ordem cultural, ética, econômica, política e social.

A miséria e a falta de oportunidades de vida digna impedem as famílias de


expressarem suas opiniões próprias e faz com que elas sejam submissas e não
ocupem seus espaços de cidadãos. Gerando uma ausência de protagonismo que
por sua vez colabora para que esta situação de exclusão se perdure por toda
vida. Na maioria das vezes a cultura apreendida era apenas de proibições,
cumprimento de ordens e obediência, nunca a cidadania ou criatividade. Muitas
vezes ao dizer o que se pensava, retaliações e punições eram geradas,
demonstrando a política do clientelismo, - ainda presente nos dias atuais.

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A organização familiar atua como ressonância, vítima e reprodutora de


todo esse sistema de cultura o que se reverte nas seguintes demandas:

O trabalho infantil deixa de ser problema e passar a ser solução uma vez que os
pais educam seus filhos com o pensamento de que “criança que não trabalha
cresce vagabundo”, não visualizando a escola de forma necessária para o
enfrentamento da vida, e a criança não é vista com o respectivo direito de
estudar, e brincar. As pessoas vêm se objetos e não sujeitos da história, das
políticas, dos projetos e programas públicos, a mentalidade já estar determinada
a pensar assim o que os impede de lutar para mudar tal situação.

Em decorrência disso, as diversas expressões da questão social colocam


limites e desafios de intervenção para o Assistente Social, exigindo um
exame atento no mundo do trabalho, particularmente, em instituições que lidam
com o binômio saúde-doença, onde as contradições e mazelas de uma sociedade
com elevados níveis de exclusão social emergem com força.

É de extrema importância que o profissional, ao trabalhar com famílias,


adote uma postura socioeducativa, de trocas, numa relação horizontal,
tendo sempre em mente que a realidade social e a dinâmica familiar
requerem que o profissional respeite a individualidade de cada família,
procurando não fazer julgamento de valor. A dimensão técnica não
autoriza a tomada de decisões ou escolha de condutas: isto cabe à
família.

Os conhecimentos científicos ou os valores moralistas não podem servir de


pretexto para o julgamento das famílias, mas de base para ações
socioeducativas, cultura da tutela e as atitudes paternalistas fortalecem a
exclusão das mesmas, a democratização das informações, o saber ouvir, a
divulgação dos critérios de atendimento, o esclarecimento quanto ao papel dos
familiares no processo são atitudes necessárias e éticas.

É necessário que o profissional utilize uma linguagem clara, criando atmosfera


aberta e informal que permita aos usuários se sentirem à vontade para se
colocarem, fazer perguntas, esclarecer dúvidas. O diálogo de discussão de

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alternativas com as famílias estará contribuindo para desenvolver


mecanismos de reflexão e assumindo um papel mais de ajudá-la a refletir do que
pensar nela, mais de questionar do que discursar. Como um mediador, é
importante que o profissional se questione sempre sobre a sua prática, de que
forma ela está sendo efetivada.

O desafio está em o Assistente Social aprender a lidar com as dramáticas


respostas que as famílias vêm apresentando e assim estabelecer
processos de atenção, à família, que as auxiliem a enfrentar desafios e
que proponham novas articulações visando uma condição humana
melhor.

Segundo SILVA “a prática profissional, volta-se para orientações e prestação


de serviço ou implantação de programas que beneficiem o grupo familiar” (SILVA,
1987, p.145). A organização institucional trabalha com o modelo assistencial
cuja preocupação central está na resolução de problemas do indivíduo fragilizado
(ex: criança violentada ou portadora de necessidades especiais, etc.) e não na
perspectiva da intervenção familiar. Sabe-se que este modelo, embora tenha
cada vez mais recursos disponíveis, tem uma leitura limitada das demandas que
lhe são colocadas.

Assim, muitos profissionais trabalham com as famílias no sentido de atender o


objetivo da instituição, tentando resolver o caso do usuário. Sem contar que
muitas vezes são as mesmas famílias que circulam por diferentes instituições,
levando para elas o mesmo usuário. E a trajetória se repete, a instituição se
preocupa em dar um atendimento específico não conseguindo perceber que é a
família como um todo e não apenas um membro dela que necessita de atenção.

Se o profissional tornar o usuário fragilizado como expressão de um contexto


familiar comprometido, o eixo da atenção profissional estará alterado. Esta
alteração se dará tanto no nível da compreensão do problema como no nível da
ação profissional. Desenvolve-se o sentido de ajudar a família a identificar as
duas dificuldades e realizar mudanças para que possam alterar esta situação.

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“Assim torna-se prioritário que a família perceba que a mudança de sua


vida depende muito da sua participação em movimentos reivindicatórios
organizados, em busca de melhores condições de vida” (MIOTO, 1997,
p.125).

Conforme TAKASHIMA (1994):

“A setorização das políticas sociais e a existência de canais de integração


entre elas têm gerado uma inoperância em relação às famílias. Dentro delas, a
família é sempre vista pelo retrovisor, e não como foco de atenção” (TAKASHIMA
1994).

Já para MIOTO (1997):

“A família enquanto unidade nos remete basicamente a duas ponderações sobre


as inter-relações entre políticas sociais e família. A primeira relaciona-se ao fato
de que, como estão organizadas, as políticas sociais não incluem a ideia da família
como uma totalidade: ao contrário, são implementadas em função de indivíduos.
Elas não incluem nenhuma previsão dos impactos que terão sobre as famílias e
nas suas avaliações também não são considerados indicadores de análise sobre
os efeitos que as políticas têm na vida familiar” (BARROS, 1995; MIOTO 1997).

Tendo em conta a fragmentação dentro da qual a família é retratada, é necessário


esforço no sentido de articular e integrar as políticas setoriais, para que
possam facilitar e melhorar a qualidade de vida das famílias.

A reafirmação da importância que as políticas sociais, particularmente as


públicas, têm no cotidiano da vida familiar. São elas que, num contexto de
pobreza como o brasileiro, pode garantir condições objetivas de sobrevivência.

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Como se sabe, as condições externas dadas pela política econômica vigente


constituem-se numa fonte importante do estresse familiar. Por isso, a viabilização
de políticas assistenciais tem de ser priorizada.

Nessa perspectiva assinala-se a responsabilidade que os profissionais que


trabalham diretamente com as famílias têm no direcionamento das políticas
sociais. Ou seja, se o objetivo é ter políticas sociais integradas que atendam
as reais necessidades das famílias usuárias do serviço social, é necessária
prática profissional competente, não só no sentido de atender as famílias
dentro de suas especificidades, mas também no sentido de fazer da prática
cotidiana uma prática de natureza investigativa. Esta poderá subsidiar a
implementação e a avaliação de políticas e programas sociais que atendam aos
ideais já propostos na formulação de algumas políticas sociais e que sejam
adequadas à realidade. Além disso, tais estudos e análises poderão ser elementos
importantes para a contraposição de propostas incongruentes com as
necessidades das famílias e ou que firmam a autonomia delas.

Segundo IAMAMOTO (2007):

“Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é


desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas
emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só
executivo. (...) Requer, pois, ir além das rotinas institucionais e buscar apreender
o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela
presentes passíveis de serem impulsionadas pelo profissional” (IAMAMOTO,
2007, p. 20-21).

A família sempre esteve inserida na área de atuação do Serviço Social, porém na


maioria dos serviços, ela vem sendo contemplada de maneira fragmentada, ou
seja, cada integrante da unidade familiar é visto de forma individualizada,
descontextualizada e portador de um problema. Em vista disso, um dos desafios
da profissão é a busca de metodologias para trabalhar a família como um grupo
com necessidades próprias e únicas.

Para IAMAMOTO (2004), a prática profissional permite a oportunidade de


pensar em si e no seu fazer profissional. Isto requer disposição para analisar e
refletir, de forma aberta e transparente, suas ações, seus dilemas e falsos
dilemas, imbuídos pelo interesse em desenvolver uma ação planejada, resultante
daquela reflexão, permitindo o enfrentamento de suas questões operativas

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principais. A intenção de desvelar as práticas ocultas do cotidiano só pode


efetivar-se a partir da e na ação profissional. Este momento caracteriza-se pelo
encontro com o desconhecido. Isto significa ir além do discurso parcial,
fragmentado, pela simples reprodução do já produzido, mas descobrir algo que
ainda não foi partilhado na construção do saber. Deste modo, a ultrapassagem
da totalidade parcial para totalidade mais complexa no interior da prática se faz
pela relação pensamento/realidade.

É na própria ação cotidiana dos profissionais que se busca resgatar as


categorias particulares, empíricas que dão movimento à sua intervenção, que
antes parecia descontínuo, dando-lhe uma dimensão histórica.

Assim, a categoria da mediação é apreendida como expressão concreta do


processo de passagem que o profissional realiza na medida em que supera a
leitura do aparente imediato para imprimir uma direção crítica ao conjunto de
suas práticas cotidianas.

Segundo GOMES (1999), a família é um grupo de pessoas com


características distintas formando um sistema social, baseado numa
proposta de ligação efetiva duradoura, estabelecendo relação de cuidado
dentro de um processo histórico de vida.

O Assistente Social auxilia e estimula a família a adquirir o controle da situação,


através da busca das suas próprias demandas e desafios em cada etapa do
processo. Assim, a família pode se tornar mais bem adaptada e competente para
cuidar do doente e conseguir administrar a situação, que toda a família vivencia,
com um sofrimento menos intenso.

É importante ressaltar, que o Assistente Social, enquanto partícipe da divisão


social e técnica do trabalho, é um profissional especializado que está inserido no
mercado de trabalho para realizar a prestação de serviços sociais, principalmente,
através das políticas implementadas pelo Estado.

Trabalhar com as famílias é uma fonte de preocupação para os profissionais


que militam nesta área, dado a complexidade do tema que envolve vários

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aspectos, dentre os quais estão as diferentes configurações familiares, as


relações que esta estabelece com outras esferas da sociedade, como o Estado,
Sociedade Civil e Mercado, e também os processos familiares.

Já no âmbito do Serviço Social, os processos de atenção às famílias fazem parte


da história da profissão. Os assistentes sociais são profissionais que tem a família
como objeto de intervenção durante toda sua trajetória histórica.

Ainda hoje as ações dos assistentes sociais, são movidas por lógicas arcaicas e
enraizadas culturalmente, e não pela lógica da racionalidade dada pelo arcabouço
teórico-metodológico da profissão pós-reconceituação. Por isso, o exercício
profissional com famílias ainda é pautado nos padrões de normatividade e
estabilidade.

Como assinala MIOTO (2004):

“Na perspectiva da análise do discurso dos assistentes sociais no


cotidiano profissional, Guimarães (1996) observou a existência de
quatro construções discursivas.

 A primeira, denominada de pré-construída, refere-se ao discurso pautado


na suposição do senso comum.
 A segunda, que é a linha de pensamento umbilicado, caracteriza-se pela
permanência de um pensamento pré-estabelecido do início ao final da
intervenção.
 A terceira, que a autora chamou de kit-discurso, considera que o assistente
social realiza a sua prática a partir dos dois procedimentos anteriores,
tornando a intervenção um ato altamente mecânico.
 Finalmente, a quarta construção discursiva se caracteriza pela dicotomia
entre ação e fala. Ao discursarem sobre suas respectivas práticas, os
assistentes sociais apresentam tal distância entre ação e fala que muitas
vezes se apresentam como contraditórias, sem que geralmente as
contradições sejam percebidas. Esse tipo de análise demonstra a
fragilidade do processo de intervenção. ”

Estas reflexões, fortalecem as discussões efetuadas a partir das análises sobre a


construção sócio histórica do Serviço Social na divisão sociotécnica do trabalho

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onde o assistente social aparece como o profissional da coerção e do


consenso.

Para MIOTO (2004):

“O desafio da superação dessa situação, considerando a urgência de consolidação


do projeto ético-político da profissão, que só poderá acontecer através de uma
prática profissional crítica e altamente qualificada em áreas de intervenção
profissional consolidadas historicamente e da expansão do mercado de trabalho
para os assistentes sociais. Além disso, não pode ser esquecido o projeto de
formação profissional que, através das diretrizes curriculares, coloca como um de
seus eixos os fundamentos do trabalho profissional”.

MIOTO (2004) ainda afirma que:

“É justamente este desafio que nos conduz a recolocar algumas questões que
acreditamos estarem contribuindo para a perpetuação do conservadorismo nas
intervenções com famílias, numa tentativa de resgatar da própria ação
profissional os elementos necessários para sua reconstrução. Como afirma
GUERRA (2000), é necessário resgatar a dimensão emancipatória da
instrumentalidade do exercício profissional, pois é através dela que a profissão
poderá superar o seu caráter eminentemente operativo e manipulatório dado pela
condição histórica do surgimento da profissão. ”

A transformação dos processos de intervenção com famílias implica mais


do que a crítica feita pelos profissionais sobre a realidade, mas a
consciência que a solução das demandas não está nos limites dos
serviços. A contradição entre conhecimento e ação, pode estar
relacionada às formas de capacitação profissional para intervenção com
famílias.

Quando as famílias procuram projetos ou atendimentos, já tem os seus


processos relacionais comprometidos. Partindo desta demanda, os
profissionais têm que incluir ações direcionadas à formulação e
implementação de políticas sociais que ofereçam o mínimo de condições
para a sobrevivência do grupo familiar.

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Conforme MIOTO (2000):

“Os serviços também desenvolvem suas ações sob a lógica da


incapacidade e da falência das famílias em seus papéis sociais,
atendendo às situações limites e às solicitações mais emergentes
trazidas pelas mesmas, ao invés de atuar no sentido de prevenir os
conflitos e as crises. Essa forma de atendimento é fruto do contexto
político-econômico vigente, no qual as políticas públicas sociais são
pontuais e visam, prioritariamente, à resolução do problema aparente, e
não das questões que o motivaram” (MIOTO, 2000, p. 43).

As características desse reordenamento das políticas sociais negam os


princípios do direito à saúde, esses contrapõem com a veemência ao
Projeto Ético Político Profissional do Serviço Social, de defesa da
Democracia e dos Direitos das Políticas Sociais transmutam a lógica do
direito, na “lógica do favor”, do bem de consumo ou simplesmente na
exclusão propriamente dita.

Como afirma IAMAMOTO (1998) e NETTO (1996):

“Diante dos desafios é imprescindível que o profissional do Serviço Social tenha


competência teórico crítica, coragem cívica e intelectual”. Tendo essa convicção
os profissionais do Serviço Social, apresentaram uma prática autêntica e plena
de cidadania, perante os usuários.

3. Revisando: A Família e a Proteção Social Básica

O CRAS atua com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário,


visando a orientação e o convívio sociofamiliar e comunitário. Neste
sentido é responsável pela oferta do Programa de Atenção Integral às
Famílias. Na proteção básica, o trabalho com famílias deve considerar novas
referências para a compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o
reconhecimento de um modelo único baseado na família nuclear, e partindo do
suposto de que são funções básicas das famílias:

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* Prover a proteção e a socialização dos seus membros;


* Constituir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais;
* De identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus
membros com outras instituições sociais e com o Estado.

O grupo familiar pode ou não se mostrar capaz de desempenhar suas funções


básicas. O importante é notar que esta capacidade resulta não de uma forma
ideal e sim de sua relação com a sociedade, sua organização interna, seu universo
de valores, entre outros fatores, enfim, do estatuto mesmo da família como grupo
cidadão. Em consequência, qualquer forma de atenção e, ou, de intervenção no
grupo familiar precisa levar em conta sua singularidade, sua vulnerabilidade
no contexto social, além de seus recursos simbólicos e afetivos, bem como sua
disponibilidade para se transformar e dar conta de suas atribuições.

Além de ser responsável pelo desenvolvimento do Programa de Atenção


Integral às Famílias – com referência territorializada, que valorize as
heterogeneidades, as particularidades de cada grupo familiar, a
diversidade de culturas e que promova o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários –, a equipe do CRAS deve prestar informação
e orientação para a população de sua área de abrangência, bem como se
articular com a rede de proteção social local no que se refere aos direitos
de cidadania, mantendo ativo um serviço de vigilância da exclusão social
na produção, sistematização e divulgação de indicadores da área de
abrangência do CRAS, em conexão com outros territórios.

Realiza, ainda, sob orientação do gestor municipal de Assistência Social,


o mapeamento e a organização da rede socioassistencial de proteção
básica e promove a inserção das famílias nos serviços de assistência
social local.

Promove também o encaminhamento da população local para as demais


políticas públicas e sociais, possibilitando o desenvolvimento de ações
Inter setoriais que visem a sustentabilidade, de forma a romper com o
ciclo de reprodução Inter geracional do processo de exclusão social, e
evitar que estas famílias e indivíduos tenham seus direitos violados,
recaindo em situações de vulnerabilidades e riscos.

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São considerados serviços de proteção básica de assistência social


aqueles que potencializam a família como unidade de referência,
fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidariedade, através do
protagonismo de seus membros e da oferta de um conjunto de serviços locais
que visam à convivência, a socialização e o acolhimento, em famílias cujos
vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, bem como a promoção da
integração ao mercado de trabalho, tais como:

 Programa de Atenção Integral às Famílias.


 Programa de inclusão produtiva e projetos de enfrentamento da
pobreza.
 Centros de Convivência para Idosos.
 Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento dos
vínculos familiares, o direito de brincar, ações de socialização e de
sensibilização para a defesa dos direitos das crianças.
 Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens na
faixa etária de 6 a 24 anos, visando sua proteção, socialização e o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
 Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, e de fortalecimento
dos vínculos familiares e comunitários.
 Centros de informação e de educação para o trabalho, voltados para
jovens e adultos.

Proteção Social Especial

Além de privações e diferenciais de acesso a bens e serviços, a pobreza associada


à desigualdade social e a perversa concentração de renda, revela-se numa
dimensão mais complexa: a exclusão social. O termo exclusão social
confunde-se, comumente, com desigualdade, miséria, indigência,
pobreza (relativa ou absoluta), apartação social, dentre outras.

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Naturalmente existem diferenças e semelhanças entre alguns desses conceitos,


embora não exista consenso entre os diversos autores que se dedicam ao tema.
Entretanto, diferentemente de pobreza, miséria, desigualdade e indigência, que
são situações, a exclusão social é um processo que pode levar ao
acirramento da desigualdade e da pobreza e, enquanto tal apresenta-se
heterogênea no tempo e no espaço.

A realidade brasileira nos mostra que existem famílias com as mais diversas
situações socioeconômicas que induzem à violação dos direitos de seus membros,
em especial, de suas crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas com
deficiência, além da geração de outros fenômenos como, por exemplo, pessoas
em situação de rua, migrantes, idosos abandonados que estão nesta condição
não pela ausência de renda, mas por outras variáveis da exclusão social. Percebe-
se que estas situações se agravam justamente nas parcelas da população onde
há maiores índices de desemprego e de baixa renda dos adultos.

As dificuldades em cumprir com funções de proteção básica, socialização


e mediação, fragilizam, também, a identidade do grupo familiar,
tornando mais vulneráveis seus vínculos simbólicos e afetivos. A vida
dessas famílias não é regida apenas pela pressão dos fatores socioeconômicos e
necessidade de sobrevivência. Elas precisam ser compreendidas em seu contexto
cultural, inclusive ao se tratar da análise das origens e dos resultados de sua
situação de risco e de suas dificuldades de auto-organização e de participação
social.

Assim, as linhas de atuação com as famílias em situação de risco devem


abranger desde o provimento de seu acesso a serviços de apoio e
sobrevivência, até sua inclusão em redes sociais de atendimento e de
solidariedade.

As situações de risco demandarão intervenções em problemas específicos e,


ou, abrangentes. Nesse sentido, é preciso desencadear estratégias de
atenção sociofamiliar que visem à reestruturação do grupo familiar e a
elaboração de novas referências morais e afetivas, no sentido de fortalecê-
lo para o exercício de suas funções de proteção básica ao lado de sua auto-
organização e conquista de autonomia. Longe de significar um retorno à visão
tradicional, e considerando a família como uma instituição em transformação, a
ética da atenção da proteção especial pressupõe o respeito à cidadania, o
reconhecimento do grupo familiar como referência afetiva e moral e a
reestruturação das redes de reciprocidade social.

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A ênfase da proteção social especial deve priorizar a reestruturação dos


serviços de abrigamento dos indivíduos que, por uma série de fatores,
não contam mais com a proteção e o cuidado de suas famílias, para as
novas modalidades de atendimento. A história dos abrigos e asilos é antiga
no Brasil. A colocação de crianças, adolescentes, pessoas com deficiência e idosos
em instituições para protegê-los ou afastá-los do convívio social e familiar foi,
durante muito tempo, materializada em grandes instituições de longa
permanência, ou seja, espaços que atendiam a um grande número de pessoas,
que lá permaneciam por longo período – às vezes a vida toda. São os chamados,
popularmente, como orfanatos, internatos, educandários, asilos, entre outros.

São destinados, por exemplo, às crianças, aos adolescentes, aos jovens, aos
idosos, às pessoas com deficiência e às pessoas em situação de rua que tiverem
seus direitos violados e, ou, ameaçados e cuja convivência com a família de
origem seja considerada a sua proteção e ao seu desenvolvimento. No caso da
proteção social especial, à população em situação de rua serão priorizados os
serviços que possibilitem a organização de um novo projeto de vida, visando criar
condições para adquirirem referências na sociedade brasileira, enquanto sujeitos
de direito.

A proteção social especial é a modalidade de atendimento assistencial


destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal
e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso
sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas
socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras.

São serviços que requerem acompanhamento individual e maior flexibilidade nas


soluções protetivas. Da mesma forma, comportam encaminhamentos
monitorados, apoios e processos que assegurem qualidade na atenção protetiva
e efetividade na reinserção almejada.

Os serviços de proteção especial têm estreita interface com o sistema de garantia


de direito exigindo, muitas vezes, uma gestão mais complexa e compartilhada
com o Poder Judiciário, Ministério Público e outros órgãos e ações do Executivo.

Vale destacar programas que, pactuados e assumidos pelos três entes


federados, surtiram efeitos concretos na sociedade brasileira, como o
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI e o Programa de
Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

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Proteção Social Especial de Média Complexidade

São considerados serviços de média complexidade aqueles que oferecem


atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas
cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos. Neste sentido,
requerem maior estruturação técnica operacional e atenção
especializada e mais individualizada, e, ou, de acompanhamento
sistemático e monitorado, tais como:

 Serviço de orientação e apoio sociofamiliar.


 Plantão Social.
 Abordagem de Rua.
 Cuidado no Domicílio.
 Serviço de Habilitação e Reabilitação na comunidade das pessoas com
deficiência.
 Medidas socioeducativas em meio-aberto (Prestação de Serviços à
Comunidade-PSC e Liberdade Assistida – LA).

A proteção especial de média complexidade envolve também o Centro de


Referência Especializado da Assistência Social, visando a orientação e o
convívio sociofamiliar e comunitário. Difere-se da proteção básica por se tratar
de um atendimento dirigido às situações de violação de direitos.

Proteção Social Especial de Alta Complexidade

Os serviços de proteção social especial de alta complexidade são aqueles


que garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e
trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem
referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados de
seu núcleo familiar e, ou, comunitário. Tais como:

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 Atendimento Integral Institucional.


 Casa Lar.
 República.
 Casa de Passagem.
 Albergue.
 Família Substituta.
 Família Acolhedora.
 Medidas socioeducativas restritivas e privativas de liberdade
(semiliberdade, internação provisória e sentenciada).
 Trabalho protegido.

4. Cuidados com a Família e Grupos Vulneráveis

Segundo Mioto (2000), o cuidado com famílias e grupos vulneráveis necessita de


propostas e ações interdependentes e com comunicação contínua.

Há três níveis de atuação/ação propostas:

 Proposição, articulação e avaliação de políticas sociais;


 Organização e articulação de serviços;
 Intervenção em situações familiares.

A proposição, articulação e avaliação das políticas sociais têm o objetivo de dar


sustentabilidade às famílias. Envolve propostas de políticas sociais, não apenas
compensatórias, para possibilitar a convivência familiar em patamares
condizentes com as expectativas que a sociedade tem em relação às famílias.

Aponta a necessidade não eleger um modelo de família, uma vez que poderá
estereotipar e provocar discriminação com outros grupos familiares (MIOTO,
2000).

A organização e a articulação de serviços são fundamentais para a


sustentabilidade das famílias e, por isso, é urgente estabelecer novas pautas de

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relacionamento entre famílias e serviços. O objetivo institucional é o de estar a


serviço das famílias (MIOTO, 2000).

A intervenção em situações familiares refere-se às ações dos assistentes


sociais diretamente com as famílias, o objetivo principal é identificar as
fontes de mudanças e todos os recursos (tanto das famílias como os do meio
social) que contribuam para que as famílias consigam articularem respostas
compatíveis com uma melhor qualidade de vida (MIOTO, 2000).

O pressuposto ou fundamento do trabalho social com famílias, previsto na


legislação da assistência social, como PNAS, SUAS, e, em especial, no principal
programa desenvolvido nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS),
Programas de Atenção Integral à Família (PAIF) é a concepção de família.

Quanto ao arcabouço conceitual da PNAS e SUAS, é visível, ao lado da


modernização conceitual, no que diz respeito à concepção, composição e
estruturação das famílias, o conservadorismo nas expectativas em relação às
funções da família.

A PNAS (BRASIL, 2004, p. 28), tendo como referência o PAIF, destaca a


concepção de família que o rege e à política, definindo-a do seguinte
modo:

“estamos diante de uma família, quando encontramos um conjunto de pessoas


que se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade”;
portanto, partem de uma visão ampliada de família. Reconhece, ainda, que “não
existe família enquanto modelo idealizado, e sim família resultante de uma
pluralidade de arranjos e rearranjos estabelecidos pelos integrantes dessa
família”.

Pode-se, então, afirmar que a política (e o Estado) assume uma posição que
contribui para enfraquecer os estigmas associados à maternidade sem
casamento, às famílias reconstituídas, às vezes, sem vínculos formais, às uniões
consensuais, ao divórcio, assumindo todos esses grupos como unidade familiar e
sujeitos à proteção social da assistência social, desde que dela necessitem.

Mas também se observa no desenho da política que a proteção oferecida exige


contrapartidas; qual seja, que a família cumpra suas clássicas funções,
sobrecarregando de responsabilizações à família e reproduzindo estereótipos
acerca dos papéis familiares.

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Isso porque, apesar de a PNAS reconhecer teoricamente e assim superar o


modelo único baseado na família nuclear, ainda tem expectativas quanto às
funções básicas da família desse modelo: “prover a proteção e a socialização dos
seus membros, constituir-se como referências morais, de vínculos afetivos e
sociais; de identidade grupal, além de mediadora das relações dos seus membros
com outras instituições sociais e com o Estado” (BRASIL, 2004, p. 35).

Embora essa concepção supere o conceito de família como unidade econômica


(NOB/SUAS), mera referência de cálculo de rendimento per capita, e parta de
uma visão ampliada de família, com formato plural, historicamente situada, e
inclua a ideia de que esta deve ser apoiada, o objetivo, na verdade, é apoiar para
que esta possa desempenhar o seu papel de sustento, na guarda, na socialização
e na educação de suas crianças, adolescentes, no cuidado de seus idosos e
portadores de deficiência.

Logo, a noção de matricialidade sociofamiliar desvela seu verdadeiro significado,


de ampliar e contar – mediante estratégias de racionalização e orientação – com
a proteção da família, reforçando a tendência familista da política social brasileira.

Assim, apesar de o reconhecimento da pluralidade de formas familiares, as


homogeneízam em suas funções, papéis e relações internas, trata-a, a priori,
como os lócus da felicidade, do refúgio da vida desumana do mercado, da
proteção social.

O PAIF tem como pressuposto que a família é o núcleo básico de afetividade,


acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e referência no processo de
desenvolvimento e reconhecimento do cidadão; e, de outro, que o Estado tem o
dever de prover proteção social respeitada à autonomia dos arranjos familiares
(BRASIL, 2006, p. 28).

Portanto, reconhece os diferentes arranjos familiares e o papel integrador da


família, apostando nessa capacidade das famílias para maximizar a proteção
oferecida.

É essa ambiguidade de reforço das funções protetivas da família de um lado; e,


de outro, como alvo de proteção social que denota a dimensão da parceria
público/privada na proteção social, e sua dimensão estratégica em contexto de
redução de gastos sociais, posto que se possa contar com a parceria da família
para potencializar a proteção social oferecida, mesmo quando não ocorre em

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quantidade nem qualidade suficiente para suprir todas as atenções necessárias e


demandadas.

Essa concepção de família direciona e tem impactos nas indicações e


recomendações do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome (MDS) para
o trabalho social com famílias a ser desenvolvido na proteção social básica, sendo
seus lócus principal os CRAS.

O trabalho socioassistencial desenvolvido nos CRAS, que se relaciona a toda a


ação de provimento e de sustentação para o atendimento das famílias usuárias,
é acompanhado das ações de acolhimento, escuta qualificada e encaminhamento,
e também de ações socioeducativas, que, segundo Mioto (2004b, p.10), “estão
relacionadas àquelas que, através da informação, da reflexão, ou mesmo da
relação, visam provocar mudanças (valores, modo de vida) ”.

Esse trabalho, denominado de “núcleos socioeducativos” com famílias ou seus


representantes, está previsto e é financiado pelo piso fixo básico, seja efetivado
no CRAS seja em outras unidades operacionais da assistência social do município,
onde também são ofertados outros serviços complementares de proteção social
básica, nos quais se trabalham com as famílias dos segmentos atendidos ou em
grupos de famílias.

As normas técnicas (BRASIL, 2006, p. 42) definem os núcleos socioeducativos


como espaço de discussão, vivências e reflexões, e há indicação para a
abordagem de questões relacionadas às etapas dos ciclos de vida familiar.

Sugere-se:

 Criar situações em que as famílias possam expressar coletivamente suas


dúvidas e conflitos, construindo soluções para os problemas cotidianos,
relacionados ao cuidado de suas crianças, adolescentes, jovens, adultos,
idosos e pessoas com deficiência.
 Refletir com a família sobre as mudanças em sua dinâmica e redistribuição
de papéis, a partir do desenvolvimento de seus filhos.
 Desenvolver habilidades de cuidado, orientação e acompanhamento das
crianças. Debater aspectos relacionados ao desenvolvimento infantil, às
necessidades de estimulação nessa fase da vida, à importância de
proporcionar espaços e oportunidades voltadas e orientadas pelas
necessidades infantis e desafiadoras [...]. Debater temas relacionados ao

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desenvolvimento da criança, do adolescente e do jovem, características e


interesses.
 Refletir sobre a necessidade de proteção aos seus membros idosos e de
valorização do seu saber.
 Discutir as estratégias para o desenvolvimento das competências da pessoa
com deficiência, destacando o papel fundamental das famílias e da
comunidade no processo de reabilitação e inclusão das pessoas com
deficiências.

Estas sugestões dão a nítida dimensão do trabalho socioeducativo; ele se


volta majoritariamente para a discussão de questões internas à família, no
sentido de gerar habilidades para o cuidado doméstico, para o reforço das
responsabilidades familiares, a partir dos novos conhecimentos adquiridos e da
discussão e reflexão do seu cotidiano.

Portanto, tais práticas são herdeiras da educação disciplinadora e normatizadora


da família, que assumem versões modernizadoras que escamoteiam sua
dimensão normativa, em nome de processos educativos que visam aquisição,
junto à família, de novos conhecimentos, atitudes, posturas e poder de decisão,
ou seja, sua “autonomia”.

Essas recomendações materializam a noção de matricialidade sociofamiliar


definidas na política e nas orientações de sua implementação e vice-versa, esta
orienta o trabalho social com famílias; ambos não poderão superar, pelas suas
limitações conceituais e práticas, as históricas tendências do modo de trabalhar
com famílias, como a perspectiva psicologizante individual.

Assim, a grande inovação do conceito de família subjacente à legislação não


encontra formas de materialização. Admite-se a pluralidade de arranjos
familiares, mas os trata como homogêneos em necessidades e em funções.

Apesar de essas recomendações incorrerem em uma dimensão conservadora do


trabalho com famílias, verifica-se a potencialidade do trabalho social nos CRAS,
em especial, com grupos, como antídoto à sua transformação em serviço
cartorial, de cadastramento, recadastramento, acesso a benefícios, mas de oferta
de serviços de suporte à família, que envolve a família e seus representantes com
serviços de orientação, informação, conscientização sobre direitos, modos de
acessá-los e garanti-los, e reflexão sobre suas dificuldades cotidianas.

Podem-se destacar também como inovadores os objetivos do trabalho social na


proteção social básica, de fortalecer os vínculos familiares antes de sua
dissolução, trabalhar de forma preventiva para evitar riscos e violação de direitos,
por meio dos benefícios, programas e trabalho socioeducativo, que visam a

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autonomia e o protagonismo desses sujeitos. Esses termos – autonomia,


empoderamento, protagonismo, emancipação – são ainda trabalhados de
forma muito abstrata, e dificilmente são alcançados nos marcos de programas
específicos.

É preciso superar a noção de autonomia, protagonismo social,


empoderamento e outras expressões tomadas no aspecto individual, que se
constroem pelo aconselhamento individual ou grupal, centradas na mudança da
subjetividade individual ou do grupo, como forma de libertá-lo da dependência
dos benefícios sociais, de ensiná-lo a “andar com as próprias pernas”, mediante
processos profissionais que fortalecem a autoestima, a capacidade produtiva,
dando-lhe condições de empregabilidade, como se a ausência de trabalho se
devesse apenas a não capacitação ou falta de vontade, de crença nas suas
potencialidades.

A noção de autonomia como a capacidade de cada sujeito dar conta de sua vida,
dos cuidados necessários para que ele caminhe sem a necessidade de benefícios
sociais, de aconselhamento e acompanhamentos pode induzi-lo a buscar saídas
nele mesmo, em suas capacidades, potencialidades, inclusive do reforço de suas
responsabilidades familiares e individuais, e não na luta pelo benefício como um
direito, inclusive, universal, como dever do Estado de prover certo padrão digno
de vida a todo cidadão, cujas condições são reflexos das desigualdades e que
afetam as relações familiares.

É preciso direcionar o trabalho socioeducativo com famílias para além


dessa dimensão liberal, individual e subjetivista de autonomia, no
sentido de articular significados e práticas; ou seja, partir da compreensão
de que as subjetividades se alteram pelas práticas sociais e não por simples
conscientização. Daí ser fundamental o acesso a condições objetivas, fornecidas
pelas políticas públicas como direitos. Nisso se incluem a apropriação e produção
de novos sentidos pessoais e a inserção da pessoa no engajamento coletivo por
melhores condições de vida (KAHHALE, 2004), de modo que é indispensável o
processo de informação, reflexão, mas também de organização dos diferentes
grupos que compõem o território para que seus direitos sejam garantidos e novas
conquistas sejam inseridas nas políticas públicas, a partir de suas demandas.
Assim, a constituição de sujeitos de direitos se dá no processo de compreensão
das determinações sociais de suas condições de vida, material e afetiva; no
reconhecimento da força do coletivo; e nas possibilidades concretas de acesso
aos bens e serviços produzidos socialmente.

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5. Trabalho Social com Famílias: elementos para sua reconstrução em bases


críticas

Entre os novos pressupostos para o trabalho social com família, destaca-


se a concepção de família. Para a compreensão ampla do termo e que dê conta
da variedade de organizações familiares, é preciso analisá-la não como uma
instituição natural, mas social e histórica, podendo assumir configurações
diversificadas em sociedades ou no interior de uma mesma sociedade, conforme
as classes e grupos sociais heterogêneos.

Para Mioto (1997, p. 116), essa compreensão “se contrapõe ao entendimento de


que a família é um grupo natural, limitado à essência biológica do homem e à
sua continuidade através da consanguinidade e da filiação”, assim como da
naturalização da divisão sexual do trabalho, dos papéis, da identificação do grupo
conjugal como forma básica elementar de toda família, dentre outras.

O segundo passo é romper com as concepções que tratam a família como


interiormente homogênea e apreciável em qualquer contexto social e histórico
(SARACENO, 1992). Os estudos antropológicos têm apontado uma variedade de
experiências familiares ao longo da história e na contemporaneidade, modos de
organizações plurais, assim como modos diferentes de atribuir significados aos
agrupamentos familiares. Conforme destaca Saraceno (1992, p. 210), “as
famílias realmente existentes não são de modo nenhum homogêneas entre si no
que diz respeito a recursos, fase do ciclo de vida, mas também modelos culturais
e organizativos”.

Também internamente, a família não é homogênea, as relações entre seus


membros são assimétricas, conservam diferenciações de gênero e de geração, e
são hierarquizadas. Não se trata de um bloco homogêneo nem necessariamente
harmonioso (SARACENO, 1992; CAMPOS, 2008).

O termo unitário família alude a uma forte unidade e homogeneidade, porém


oculta uma realidade marcada por interesses divergentes, modelos hierárquicos,

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relações de poder e força, mas também processos de negociação, de cooperação


e de solidariedade.

Saraceno (1992, p. 14) afirma que a família também é o espaço histórico e


simbólico no qual e a partir do qual se desenvolve a divisão do trabalho, dos
espaços, das competências, dos valores, dos destinos de homens e mulheres,
ainda que isso assuma formas diversas nas várias sociedades.

Considerando essa diversidade, a família pode ser definida “como um núcleo


de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo
mais ou menos longo e que se acham unidas, ou não, por laços consanguíneos”
(MIOTO, 1997, p.120); ou ainda, como destaca a autora: “estamos diante de
uma família quando encontramos um espaço constituído de pessoas que se
empenhem umas com as outras, de modo contínuo, estável e não casual [...]
quando subsiste um empenho real entre as diversas gerações” (MIOTO, 2004a,
p. 14-15).

Trata-se de uma visão ampliada e atual de família, posto que as pessoas que
convivem em uma ligação afetiva duradoura podem ser um homem e uma mulher
e seus filhos biológicos; mas também um casal do mesmo sexo, ou apenas a
mulher com seus filhos legítimos ou adotados, e outra infinidade de arranjos.

O que dá unidade a essa síntese de múltiplas determinações que permite usar o


termo família, apesar da diversidade que a comporta, da pluralidade de formas,
experiências e significados é o fato de esta ser (MIOTO, 2000, p. 1) o espaço
privilegiado da história da humanidade, no qual aprendemos a ser e a
conviver; ou seja, ela é a matriz da identidade individual e social, portanto,
geradora de formas comunitárias de vida e espaços de proteção primária aos
seus membros.

Essa concepção, portanto, contrapõe-se àquelas concepções que: - tratam a


família a partir de uma determinada estrutura, tomada como ideal (casal com
seus filhos) e com papéis predefinidos; - tomam a família como a principal
responsável pelo bem-estar de seus membros, desconsiderando em grande
medida as mudanças ocorridas na sociedade (MIOTO, 2010).

A partir desse eixo alternativo, as necessidades trazidas por sujeitos singulares


não mais são compreendidas como problemas individuais/familiares, ou tratados
como casos de famílias.

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Segundo Mioto (2004b, p.12), as “condutas, dificuldades e problemas expressos


pelas famílias são interpretados como expressão de conflitos instaurados no
contexto de uma dinâmica familiar [...] profundamente marcada pelas
contradições de uma sociedade em um determinado momento histórico”.

Nessa perspectiva, o trabalho socioeducativo com famílias ultrapassa a


indução de reflexões internas e o uso do grupo como troca de
experiências e ajuda mútua, para se transformar em instrumento de
construção de um novo conhecimento, partilhado e crítico, que os leva a
sair do imediatismo de suas necessidades, para entendê-las enquanto
coletivas, enquanto necessidades sociais de classe, que devem ser
atendidas pelo poder público, como condição fundamental para a
garantia de direitos e de qualidade de vida.

O que não significa que os temas relacionados às vivências, sofrimentos,


violências, decorrentes da situação de vulnerabilidade ou risco social que
compartilham não sejam debatidos, refletidos, mas deve-se evitar o que Sawaya
(2004) denomina “ditadura da intimidade” ou “ditadura da privacidade”, que
expressa o fortalecimento da família apartheid, pois isola seus membros de
outras formas de associação e grupos, fechando temas de interesse no espaço
doméstico e a cargo das famílias.

Esse fechamento da família em si mesma e nas soluções domésticas aumentaria


o sofrimento de não poder cumprir os papéis sociais exigidos por ela, como, por
exemplo, tirar os filhos da rua, da criminalidade, da delinquência, das drogas,
além de dar sustentabilidade material, afetiva, proteção e cuidados a seus
membros, sem compreender o porquê da redução de seu poder e autoridade
perante as gerações mais jovens, da redução do tempo dedicado ao lar, do
endurecimento das relações afetivas e até da violência no seio familiar.

Nessa perspectiva, o foco das ações socioassistenciais e socioeducativas


deve ser as necessidades das famílias e a garantia dos direitos de
cidadania, cujas propostas e ações perpassam o âmbito específico de
uma política, para uma perspectiva intersetorial, integrada e articulada.
No âmbito específico da assistência social, essas ações devem ser

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guiadas pela efetivação de direitos e da responsabilidade pública, que


deve ser o norte do trabalho social com famílias ou grupos de famílias.

Os objetivos do trabalho social com famílias devem ser a autonomia e o


protagonismo, compreendidos na perspectiva de participação social e do
coletivo. Assim, é essencial superar a visão liberal de autonomia, do “ensinar a
pescar”, do “andar com suas próprias pernas” sem que seja garantido como
direito o acesso às condições materiais e subjetivas necessárias para tal.

Para superar essa dimensão individualista do conceito de autonomia, Kahhale


(2004, p. 105) sugere a sua complementação com o conceito de cidadania, que
indica acesso a direito e participação ativa nos rumos da sociedade, utilizando o
conceito de Sposati (2004, p. 04), que considera cidadania como:

O reconhecimento de acesso a um conjunto de condições básicas para que a


identidade do morador de um lugar se construa pela dignidade, solidariedade
[...]. Esta dignidade supõe não só o usufruto de um padrão básico de vida, com
a condição de presença, interferência e decisão na esfera pública da vida coletiva.

Nessa perspectiva, o trabalho socioeducativo em grupo se encaminha


para o reconhecimento das famílias e seus membros como sujeitos de
direitos. A pessoa participante do grupo de famílias é levada a ver-se como
representante de uma família, cujos problemas vivenciados são comuns a muitas
outras famílias que sofrem as mesmas determinações, e que participa de um
grupo maior com situações semelhantes. O grupo deve se enxergar enquanto tal,
identificar e encaminhar demandas e visualizar suas possíveis soluções, como
ainda superar a responsabilização individual pelo bem-estar social, para incluir a
dimensão pública e social destas, mediante articulação de serviços e políticas que
promovam a proteção social.

Acredita-se que, com essa perspectiva, se ultrapasse a noção de subjetividade


individual para a dimensão coletiva, e se promova a organização social, a
participação popular, e a passagem da necessidade ao direito, como
possibilidades concretas de construção de novos significados e práticas, inclusive
a de sujeitos de direitos.

Assim, a autonomia como capacidade de decidir, optar, eleger objetivos,


metas, crenças é condição fundamental para que se alcancem objetivos
de participação social, principalmente, para o reconhecimento da força
do grupo, da organização e lutas coletivas.

A noção de autonomia das famílias não se deve restringir à busca de


respostas e soluções dos problemas por si mesmas, em especial, mediante
recursos internos; antes, implica o desenvolvimento da capacidade de discernir

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as mudanças possíveis de serem realizadas no âmbito dos grupos familiares e de


suas redes daquelas que exigem o engajamento deles, organizados em coletivos,
em processos sociais mais amplos para que ocorram transformações mais gerais
e a efetivação de direitos. Assim, envolve capacidade de opinar, escolher, decidir
e agir intencionalmente, mediante suportes oferecidos, construídas, situações
refletidas, informadas, debatidas, devendo ser esses os objetivos da educação
que visa à emancipação.

Para efetivar essas potencialidades, é preciso ainda superar o trabalho


socioeducativo em grupo como espaço terapêutico, clínico, de tratamento pela
troca de experiências comuns.

O trabalho socioeducativo com grupos de famílias, ou grupos de


segmentos atendidos, que algumas vezes envolve suas famílias,
funciona como espaço de reflexão e troca de experiências, utilizado em
muitas situações como um recurso terapêutico, cuja direção do que é
discutido e refletido se encaminha, predominantemente, para questões
internas às famílias, seus conflitos, como exercer seus papéis, ou
empregado para prestar informações.

Esse reducionismo das funções socioeducativas pode fortalecer práticas


normativas e disciplinadoras que se dirigem a ensinar as famílias a gerir recursos,
a disciplinar os filhos, a exercer as funções de cuidado, proteção e educação, sem
alterar as situações que as impedem de exercê-las como há cinquenta anos.

É preciso compreender as mudanças, inclusive de valores, culturais e


sociais sobre a família, e buscar estratégias de como conviver com elas,
a partir, principalmente, do apoio do poder público, da rede social com
acesso igualitário de oportunidades e aos recursos públicos e privados.

Apesar das mudanças que o termo terapia tem passado, ainda significa
“tratamento de doença, desordem, defeito etc., por algum tipo de processo
curativo ou que remedie” (PENGUIN apud CAMPOS; REIS, 2009, p. 60); seu uso
é, portanto, inapropriado para a proteção social básica, seja individual ou
coletiva.

Sem dúvida, o grupo é um espaço de potencialidades, em que se realizam a


escuta, a reflexão, o diálogo e a troca de experiências; um espaço de
comunicação e aprendizagem (Cf. GUIMARÃES; ALMEIDA, 2007, p. 132).

Todavia, não deve ser utilizado como instrumento de busca de enfrentamento


das situações de carência de modo individualizado nem por meio dos recursos da
família e da comunidade, eximindo o poder público da responsabilidade pelo
enfrentamento da questão social, nem responsabilizando as famílias pela busca

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de soluções de problemas que extrapolam suas possibilidades de respostas, nem


com fins terapêuticos e subjetivistas.

O trabalho socioeducativo é cada vez mais necessário, visto que, na expressão


de Mioto (2004b), a cidadania não se restringe ao acesso a benefício monetário,
embora sua inclusão como beneficiário seja uma das condições para sua
realização, mas a cidadania envolve também ações em direção à informação, à
educação, à cultura, entre outras, implicando o desenvolvimento da capacidade
de refletir, de analisar, de decidir, de mobilizar-se e de participar pelo bem
comum.

Contudo, para cumprir essa dimensão educativa em uma perspectiva


emancipatória, não se deve restringir a responsabilizar as famílias, ou a ensiná-
las a gerir seus conflitos, seus parcos recursos, sua vida, como se tudo
dependesse de um processo de racionalização e planejamento, de cumprimento
de papéis e normas e não de carências coletivas.

Logo, deve-se evitar essa dimensão disciplinadora e levar as famílias a refletirem


sobre sua realidade, conhecer serviços e recursos do território, mobilizar-se e
incluir-se em processos organizativos, coletivos, na busca de garantia dos seus
direitos.

Os objetivos do trabalho socioeducativo devem ser:

 Fortalecimento do processo organizativo dos usuários, do coletivo;


 Desenvolvimento do sentimento comum na família, nos grupos de família,
naquele território;
 Necessidade da participação e do controle social.
 Educação que visa à emancipação social.

Logo, o oposto às recomendações do MDS e as dimensões da noção de


matricialidade sociofamiliar, incapazes de superar a subalternidade histórica dos
usuários da assistência social.

Os processos de escuta qualificada, de acolhimento, de acompanhamento não


devem ser compreendidos como terapêuticos nem domínios da Psicologia, mas
modos de trato do usuário como cidadão, como sujeito de direito, o direito a
ter atendimento respeitoso, atencioso, que informa, orienta, acolhe e escuta.

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As alternativas metodológicas devem ser pensadas e executadas, buscando


superar a dicotomia entre assuntos interno e externo à família, sem hipertrofiar
um em detrimento do outro, mas trabalhar sua dialética, entendendo o interno
não fechado nos muros domésticos, mas decorrentes da estruturação da
sociedade e de suas dinâmicas de transformações, e a necessidade do
fortalecimento do coletivo na luta pela garantia de respostas públicas às suas
necessidades.

Guimarães (2004, p. 115) salienta os passos metodológicos do trabalho


socioeducativo com famílias:

São acolhidas e consideradas as dúvidas, os problemas, as preocupações e o


sofrimento trazido pelos integrantes do grupo. Ao mesmo tempo, procura-se
auxiliar o participante e o conjunto das pessoas a situarem a questão em seu
contexto social mais amplo, informando, debatendo, orientando a discussão para
a compreensão do que é vivido e sofrido subjetivamente, articulado ao contexto
mais amplo e comum aos membros do grupo: os direitos do cidadão.

Essas estratégias metodológicas poderão contribuir para a construção de


propostas de trabalho comprometidas com a lógica do direito, da construção de
sujeitos sociais conscientes e participativos, sem negligenciar as preocupações
imediatas das famílias, inclusive seus conflitos familiares, seus sofrimentos, mas
sem cair no psicologismo dos problemas sociais.

Trabalhar dialeticamente as questões internas e externas às famílias, de forma


articulada e numa perspectiva de totalidade, como recomendação de “não dar à
questão social um tratamento de exterioridade à vida pessoal cotidiana”
(SAWAYA, apud CAMPOS, 2004, p. 33), mas sem supervalorizar as questões
subjetivas ou internas às famílias, cujo objetivo deve ser sempre o alargamento
da percepção das situações pessoais e sociais e a luta pela garantia dos direitos.

O trabalho socioeducativo com famílias ou grupos de famílias, bem como


os procedimentos individuais de acolhimento, escuta qualificada,
encaminhamentos e acompanhamentos devem buscar a inserção desses
sujeitos no circuito do território e da rede de segurança social e articular
o individual e o familiar no contexto social, levando-os a ultrapassar o
imediatismo de suas concepções, mas tendo como princípio que
subjetividades transformadas só provocam mudanças com ações
coletivas, com acesso a serviços, benefícios, ou seja, com condições
objetivas.

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QUESTÕES DE PROVAS COMENTADAS

1. CESGRANRIO/2015. A família tornou-se central nos programas sociais e,


por consequência, no trabalho profissional do assistente social, a partir da década
de 1990.

A concepção de família, presente nesses programas sociais, compreende a família


como

a- unidade econômica de produção de valores de uso na sociedade capitalista.

b- unidade reprodutiva voltada para assegurar os preceitos morais e religiosos.

c- espaço de integração baseado na noção da dignidade da pessoa humana.

d- núcleo formado por laços matrimoniais e filhos nascidos dessas uniões.

e- núcleo protetivo de garantia das condições afetivas e materiais de seus


membros

Comentários:
Segundo José Filho (2007, p.150), a família tem que ser entendida enquanto uma
unidade em movimento, sendo constituída por um grupo de pessoas que,
independentemente de seu tipo de organização e de possuir ou não laços
consanguíneos, busca atender:

• às necessidades afetivo-emocionais de seus integrantes, através do estabelecimento


de vínculos afetivos, amor, afeto, aceitação, sentimento de pertença, solidariedade,
apego e outros;

• às necessidades de subsistência-alimentação, proteção (habitação, vestuário,


segurança, saúde, recreação, apoio econômico);

• às necessidades de participação social, frequentar centros recreativos, escolas, igrejas,


associações, locais de trabalho, movimento, clubes (de mães, de futebol e outros).
Gabarito: letra E.

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2. CESGRANRIO/2015. No Brasil, pesquisas recentes mostram o grande


número de mudanças na organização e na dinâmica familiar.

Qual das características abaixo reflete essas transformações?

a- Aumento da taxa de fecundidade e natalidade

b-Aumento do número de domicílios monoparentais

c-Retorno das famílias extensas e patriarcais

d- Perda da autonomia familiar para o controle estatal

e-Perda do predomínio do modelo conjugal clássico

3. FGV/2015. De acordo com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à


Família, o trabalho social com famílias é uma prática profissional apoiada em
saber científico, que para ser efetiva depende

a- do conhecimento do território, suas potencialidades, recursos,


vulnerabilidades, relações estabelecidas, de modo a realizar uma ação preventiva
e proativa.

b- do estudo dos vetores socioeconômicos das famílias atendidas, a fim de


estabelecer parâmetros para a intervenção do Serviço Social.

c- da investigação sobre as necessidades de cada família a ser assistida em


determinada localidade, com o objetivo de implementar ações comunitárias.

d- da constituição de equipes multiprofissionais para atendimento psicossocial,


visando minorar os conflitos familiares que porventura existam.

e- da formação de agentes multiplicadores comunitários, que sirvam de


mediadores entre o Serviço Social e as instituições presentes na localidade.
Comentários: O trabalho social com famílias é uma prática profissional apoiada em saber
científico, que para ser efetiva depende: A PNAS (2004) considera o território fator
determinante para a compreensão das situações de vulnerabilidade e riscos sociais,
enfrentados por indivíduos, famílias, grupos e comunidade. Isto é, reconhece que não
há como compreender os fenômenos societários, em especial aqueles ligados aos fatores
sociais, culturais e econômicos, fora do seu contexto territorial. Destaca-se como método
importante na compreensão da realidade social o método dialético, que a partir de um
processo crítico, visa captar o movimento histórico e suas inerentes contradições,
desvelando a realidade pela constante interação entre o todo e as partes que a compõe.
A dialética possibilita, por meio de uma atitude reflexiva, apreender a complexidade e a
dinamicidade da realidade social na qual os profissionais do SUAS têm que atuar,
exigindo destes uma postura reflexiva e crítica, bem como um processo de formação

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continuada. a) de consciência crítica e espírito pesquisador por parte dos profissionais


do CRAS; b) do conhecimento do território – suas potencialidades, recursos,
vulnerabilidades, relações estabelecidas, de modo a realizar uma ação preventiva e
proativa; c) da adoção de abordagens e procedimentos metodológicos apropriados para
o cumprimento dos objetivos do Serviço; d) de estudo e análise permanente dos
conceitos fundamentais, tais como: família e território, nas abordagens sociológica,
antropológica, econômica, psicológica, entre outras, cuja compreensão é essencial para
a implementação qualificada do PAIF; e) do planejamento e análise das ações a serem
adotadas no desenvolvimento do trabalho social com famílias; f) da promoção da
participação dos usuários no planejamento e avaliação das ações do Serviço; g) do
desenvolvimento de uma prática interdisciplinar entre os profissionais que compõem a
equipe de referência do CRAS: assistentes sociais e psicólogos; h) do conhecimento
sobre os ciclos de vida, questões étnicas, raciais, de orientação sexual, assim como
outras questões específicas identificadas no território. Gabarito: letra A.

4. FUNRIO/UFRB/2015. A família, sob a ótica do pluralismo de bem-estar


social, vem sendo considerada pelos mentores das políticas contemporâneas,
como um dos recursos privilegiados na provisão do cuidado e da proteção,
contudo, ressalta-se um caráter contraditório, que deve ser considerado como
relevante nesta definição:

a- É considerada forte por ser um lócus privilegiado de solidariedade, socialização


e na transmissão de ensinamentos e fraca pois está sujeita a despotismos,
rupturas e violência, dentro da lógica capitalista vigente.

b- Baseia-se no sistema de proteção social liberal, que se limita a uma concepção


socialdemocrata, a perceber a família como lócus secundário e discricionário das
políticas públicas.

c- É considerada como uma instituição social isolada, que não sofre influências
do modelo de Estado liberal capitalista.

d- Tem como pilar a ótica neotomista que tem como base uma concepção de
família descolada das formas de organização da sociedade.

e- O escopo de família contemporânea, com seu novo status e configurações e


rearranjos familiares, não está sujeita a oscilações, nem a destinação de recursos
públicos.

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Comentários: A questão pede um caráter contraditório que deve ser considerado a


respeito da família. A família, sob a ótica do pluralismo de bem-estar social, vem sendo
considerada pelos mentores das políticas contemporâneas, como um dos recursos
privilegiados na provisão do cuidado e da proteção, contudo, ressalta-se um caráter
contraditório, que deve ser considerado como relevante nesta definição: Analisando as
alternativas, a única que possui traços de uma situação contraditória é: a) É considerada
forte por ser um lócus privilegiado de solidariedade, socialização e na transmissão de
ensinamentos e fraca pois está sujeita a despotismos, rupturas e violência, dentro da
lógica capitalista vigente. Gabarito: letra A.

5. FGV/TJ-BA/2015. No âmbito do Serviço de Proteção e Atendimento


Integrado à Família (PAIF), o trabalho social com famílias constitui-se em:

a- um acesso à empregabilidade;

b- uma exclusividade do assistente social;

c- um processo de expansão de direitos;

d- uma ocupação que demanda a reunião de várias profissões;

e- uma prática profissional apoiada em saber científico.


Comentários: O trabalho social com famílias, no âmbito da assistência social, demanda
sabres técnicos especializados. O trabalho exigido na operacionalização do trabalho
social com famílias, não mais compreendido como clientelismo, assistencialismo,
caridade, mas como política pública e dever do Estado, é um trabalho especializado,
realizado por técnicos de nível superior, com formação profissional, fundamentado em
conhecimentos teórico-metodológicos, técnico- operativos e ético-políticos, dentre
outros. Gabarito: Letra E.

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6. FGV/TJ-BA/2015. A Política Nacional de Assistência Social (PNAS), ao


ressaltar a centralidade da família, o faz a partir do entendimento de que a
família:

a- é o espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias;

b- constitui-se na primeira e principal célula da sociedade capitalista;

c- possibilita às crianças o exemplo necessário para a atuação na sociedade;

d- deve ser resguardada, pois dela derivam todos os vícios e também todos os
bons exemplos;

e- necessita de proteção especial, pois sozinha não consegue cumprir sua


função.
Comentários: As reconfigurações dos espaços públicos, em termos dos direitos sociais
assegurados pelo Estado democrático de um lado e, por outro, dos constrangimentos
provenientes da crise econômica e do mundo do trabalho, determinaram transformações
fundamentais na esfera privada, resignificando as formas de composição e o papel das
famílias. Por reconhecer as fortes pressões que os processos de exclusão sócio cultural
geram sobre as famílias brasileiras, acentuando suas fragilidades e contradições, faz-se
primordial sua centralidade no âmbito das ações da política de assistência social, como
espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de
cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida. Essa
correta percepção é condizente com a tradução da família na condição de sujeito de
direitos, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência Social e o Estatuto do Idoso. Gabarito: letra
A.

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7. CETRO/IF-PR/2014. Analise as assertivas abaixo referentes ao Programa


de Atenção Integral à Família (PAIF).

I. O papel do PAIF é contribuir para desvincular as famílias dos serviços


geracionais.

II. O papel do PAIF é fortalecer o protagonismo e a autonomia das famílias e


comunidades.

III. O papel do PAIF é elevar o nível de educação formal dos adultos.

É correto o que se afirma em

a- I, apenas.

b- II, apenas.

c- III, apenas.

d-I e II, apenas.

e- I, II e III.
Comentários: O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) é um
trabalho de caráter continuado que visa a fortalecer a função de proteção das famílias,
prevenindo a ruptura de laços, promovendo o acesso e usufruto de direitos e
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

Dentre os objetivos do PAIF, destacam-se o fortalecimento da função protetiva da


família; a prevenção da ruptura dos vínculos familiares e comunitários; a promoção de
ganhos sociais e materiais às famílias; a promoção do acesso a benefícios, programas
de transferência de renda e serviços socioassistenciais; e o apoio a famílias que possuem,
dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da promoção
de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares.

O PAIF tem como público famílias em situação de vulnerabilidade social. São prioritários
no atendimento os beneficiários que atendem aos critérios de participação de programas
de transferência de renda e benefícios assistenciais e pessoas com deficiência e/ou
pessoas idosas que vivenciam situações de fragilidade.

Suas ações são desenvolvidas por meio do trabalho social com famílias, apreendendo as
origens, os significados atribuídos e as possibilidades de enfrentamento das situações de
vulnerabilidade vivenciadas, contribuindo para sua proteção de forma integral.

O trabalho social do PAIF deve se utilizar também de ações nas áreas culturais para o
cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar o universo informacional e
proporcionar novas vivências às famílias usuárias do serviço. As ações do PAIF não
devem possuir caráter terapêutico. Gabarito: Letra B.

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8. CEPERJ/VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO/2014. Em sua análise sobre a


orientação e acompanhamento a indivíduos, grupos e famílias Mioto (2009)
ressalta que esta atuação interfere na formação de condutas e subjetividades dos
usuários. Partindo da análise proposta pela autora, pode-se compreender que tal
atuação caracteriza-se por:

a- ações que devem respeitar as limitações dos usuários

b- ações pautadas num compromisso ético-político com o usuário, visando


contribuir para a adequação demandada pelo atual contexto de sociedade

c- ações de natureza socioeducativa que não devem se relacionar à subjetividade


dos usuários

d- prática profissional voltada à efetivação dos direitos dos usuários e à qualidade


dos serviços prestados pela instituição

e- ações de natureza socioeducativa determinadas pelo paradigma teórico-


metodológico e ético-político de acordo com determinados projetos de profissão
e de sociedade.
Comentários: Pode-se dizer que discutir orientação e acompanhamento significa discutir
o caráter educativo dessas ações, uma vez que interferem diretamente na formação de
condutas e subjetividades de sujeitos que frequentam o cotidiano dos diferentes espaços
sócio ocupacionais do Serviço Social (VASCONCELOS, 2000). Nesse contexto, postula-
se a orientação e o acompanhamento como ações de natureza socioeducativa que, como
os próprios nomes indicam, interferem diretamente na vida dos indivíduos, dos grupos
e das famílias. Movimentam-se no terreno contraditório “tanto do processo de
reprodução dos interesses de preservação do capital, quanto das respostas às
necessidades de sobrevivência dos que vivem do trabalho” (YASBEK, 1999, p. 90). São
determinadas pelo paradigma teórico-metodológico e ético-político dos profissionais que
as realizam de acordo com determinados projetos de profissão e de sociedade. (Regina
Célia Tamaso Mioto). Gabarito: Letra E.

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9. UPENET/IAUPE/2014. O Plano Nacional de Assistência Social – PNAS, em


decorrência das transformações ocorridas nos arranjos familiares, ampliou o
conceito de família passando a ser entendido como o grupo de pessoas que se
acham unidas por

a- laços consanguíneos ou laços afetivos.

b- laços afetivos, dependendo das características assumidas.

c- laços consanguíneos, afetivos e ou de solidariedade, independente das


características assumidas.

d- laços afetivos e ou de solidariedade, dependente do gênero envolvido.

e- laços consanguíneos e de solidariedade, dependendo das características


assumidas.

Comentários:
Qual o conceito de “família” para a PNAS?

A família para a PNAS - Política Nacional de Assistência Social é o grupo de pessoas que
se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos ou de solidariedade.

Quais são os princípios da PNAS?

Em consonância com o disposto na LOAS, capítulo II, seção I, artigo 4º, a Política
Nacional de Assistência Social rege-se pelos seguintes princípios democráticos:

I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de


rentabilidade econômica;

II – Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação


assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e


serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se
qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer


natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem


como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.

Quais são as diretrizes da Assistência Social?

A organização da Assistência Social tem as seguintes diretrizes, baseadas na Constituição


Federal de 1988 e na LOAS:

I - Descentralização político-administrativa, cabendo à coordenação e as normas gerais


à esfera federal e a coordenação e execução dos respectivos programas às esferas

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estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social,


garantindo o comando único das ações em cada esfera de governo, respeitando-se as
diferenças e as características sócio territoriais locais;

II – Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação


das políticas e no controle das ações em todos os níveis;

III – Primazia da responsabilidade do Estado na condução da Política de Assistência


Social em cada esfera de governo;

IV – Centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios,


serviços, programas e projetos.

Quais são os objetivos da PNAS?

A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais,


considerando as desigualdades sócio territoriais, visando seu enfrentamento, à garantia
dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à
universalização dos direitos sociais. Sob essa perspectiva, objetiva:

• Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou,


especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem;

• Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o


acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e
rural;

• Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade


na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária.

Gabarito: letra C.

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10. CESPE/TJ-SE/2014. No que se refere à elaboração de propostas de


intervenção na área social e ao trabalho com famílias, julgue o item seguinte.

O trabalho social com famílias deve embasar-se na concepção de família


estruturada e compreendida como uma unidade doméstica cuja função primordial
consista em assegurar as condições materiais para o desenvolvimento de seus
integrantes.

Certo / Errado
Comentários: Essa visão de família é conservadora, a perspectiva crítica de Família é
concebida na sua condição histórica e as configurações que ela assume ao longo do
tempo e das culturas estão condicionadas às diferentes formas de relações sociais
estabelecidas. “A família, independentemente dos formatos ou modelos que assume é
mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente
os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades
comunitárias de vida. Todavia, não se pode desconsiderar que ela se caracteriza como
um espaço contraditório, cuja dinâmica cotidiana de convivência é marcada por conflitos
e geralmente, também, por desigualdades, além de que nas sociedades capitalistas a
família é fundamental no âmbito da proteção social. ” Gabarito: Errado.

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QUESTÕES DE PROVAS EBSERH

1. EBSERH/HU-FURG/IBFC/2016. A intervenção do Assistente social junto às


famílias tem se instituído como uma demanda profissional desde os primórdios
da constituição do Serviço Social como profissão no Brasil. Mioto (2004)
analisando práticas dos Assistentes Social junto às famílias indica-nos que há
uma gama de intervenções, de modalidades diferenciadas, dentre as quais: ações
socioeducativas, ações sócio-tereapêuticas, ações-periciais, ações
socioassistenciais, ações de acolhimento e apoio sócio- institucional. As ações
periciais seriam aquelas que:

a) Estão relacionadas àquelas que, através da informação da reflexão ou mesmo


da relação, visam provocar mudanças (valores, modos de vida).

b) são desenvolvidas diante de situações de sofrimento das famílias, expresso


nas suas relações ou pelos seus membros, com a intenção de alterar estra
situação.

c) através do estudo e da avaliação das situações familiares, visam à emissão de


um parecer social para outrem.

d) Se relacionam a toda ação de provimento e de sustentação para atendimento


de necessidades das famílias usuárias.

e) Prestam acolhimento e apoio e articulação de recursos através da ativação,


integração e modificação das redes sociais e de serviços para atender as
demandas familiares.

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2. EBSERH/CHC-UFPR/IBFC/2015. Julgue os itens a seguir adotando como


respaldo a obra de Mioto (2010) na qual a autora aborda a questão da intervenção
junto as famílias e o sistema de proteção social.

I. O fracasso das famílias é entendido como resultado da incapacidade de gerirem


e otimizarem seus recursos, de desenvolverem adequadas estratégias de
sobrevivência e de convivência, de mudar comportamentos e estilos de vida.

II. Para pensar em trabalho com famílias é importante reconhecer quais as


tendências predominantes na incorporação da família no campo da política social
enquanto seu sujeito destinatário.

III. a ideia central da proposta familista reside na contraposição à tradição secular


que existem dois canais naturais para a satisfação das necessidades dos
indivíduos: a família e o mercado.

IV. Atualmente existem duas grandes tendências em disputa nesse campo que
vimos denominado de proposta familista e de família protetiva.

V. A política pública, em relação às famílias não acontece de forma compensatória


e temporária, mas sempre calcada na ótica da totalidade e da universalização.

Estão corretas as afirmativas:

a) I, II e III apenas

b) I, II e IV apenas

c) II, III e IV apenas

d) II, III e V apenas

e) III, IV e V apenas

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3. EBSER/HU- UFMA/IBFC/2013. Existem várias dimensões das relações


entre Família e as Políticas Públicas. Pode-se dizer que são funções correlatas e
imprescindíveis ao desenvolvimento e à proteção dos indivíduos. Ao Assistente
Social cabe desenvolver suas atribuições privativas e competências profissionais
em consonância com o fato de que a família deve estar sempre no centro das
Políticas Públicas. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta
que trata dessa proteção.

a) Proteção social

b) Proteção psicológica

c) Recuperação social

d) Recuperação psicológica

e) Proteção biológica

4. EBSERH/HU-UFMA/IBFC/2013. É relevante o profissional de Serviço Social


saber que na contemporaneidade as formas de organização das famílias são
totalmente diversas e se modificam, continuamente, para tender às exigências
que lhe são impostas. Tais informações servem como parâmetro para um
planejamento adequado de futuras intervenções profissionais. Os elementos que
impõem a dinâmica de transformação das famílias brasileiras são:

a) Organização social da distribuição de recursos e políticas habitacionais

b) Sociedade e sujeitos que compõem a família

c) Sociedade, sujeitos que compõem a família e eventos da vida cotidiana

d) Somente a pobreza

e) Ausência de renda e cultura

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5. EBSERH/HUBIBFC/2013. Falar em família enredadas no começo do século


XXI no Brasil implica pontos de referência para discussão. Analise as afirmativas
e assinale a alternativa que trata da referência desse assunto.

a) ideias de natureza, as respostas biológicas universais às necessidades


humanas.

b) Vulnerabilidade feminina

c) As mudanças e os padrões difusos de relacionamentos

d) Dimensão do feminismo

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GABARITOS

GABARITO QUESTÕES DE PROVAS COMENTADAS

1E 2B 3A 4A 5E

6A 7B 8E 9C 1 ERRADA

GABARITO EBSERH

1C 2B 3A 4C 5C

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BIBLIOGRAFIA

OLIVEIRA, NHD. Recomeçar: família, filhos e desafios. São Paulo: Editora UNESP;
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

OLIVEIRA, Aloídes Souza. Família: um desafio para os assistentes sociais.


Acesse: http://bit.ly/2dRDoRC

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