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ENTREVISTADO (A)

NOME -
DATA – 12/10/2023
LOCAL –
TECNOLOGIA UTILIZADA -(celular)
TEMPO DA GRAVAÇÃO – 29:51
OBSERVAÇÕES DO ESPAÇO DA ENTREVISTA –
OBSERVAÇÕES GERAIS -

Natanael Felix - Aqui se inicia a entrevista para a disciplina de História oral e memória. Sou
estudante universitário, da universidade estadual vale do acaraú (UVA), cursando licenciatura
em História, estou no 4* período. E eu inicio essa entrevista com o Matheus e eu peço a ele
que se apresente, por favor.

Matheus Martins - Muito prazer, eu sou o Matheus, nasci no dia 6 do 12 de 2003, sou
natural de Sobral e hoje em dia sou auxiliar administrativo no Regional.

NF - É… falando em objetivos profissionais, você enfrentou obstáculos específicos em sua


jornada até chegar nesse ponta da vida?, tanto saindo da escola e entrando na universidade,
que consequentemente entrando em um emprego.

MM - sim... sim …sim, como sou jovem de periferia né, não tinha muitas… como posso
dizer, muitas oportunidades e no caso tive que trilhar e aprender bastante né, pra conseguir
ser um bom profissional.

NF- Você é novo né, um jovem e com certeza já deve ter vivido muitas experiências em sua
vida né, sendo um jovem de periferia negro, você com certeza já passou por varios obstaculos
né, e um deles que você comentou fora da entrevista, foi as cotas da universidade.

MM - Sim … sim, na primeira vez que tentei era uma cota para negros e cinco cotas para
pardos e sim, isso no dia me deixou revoltado por que … não entendo porque.

NF - Isso na faculdade da UVA?

MM - sim sim.

NF - Quais são seus aspectos mais importantes da sua cultura ou herança que você valoriza
consigo mesmo?

MM - Em mim mesmo gosto muito da música, onde me inspiro bastante mas gosto também
da aculturação da própria história em si, um povo forte que lutou pelos seus direitos.
NF - Um jovem negro de periferia, do interior do ceará, vocè ver saindo de casa que a
realidade e totalmente controversa como tem nas midias socias né, como na televisão, no
radio, no jornal, na internet, como a representatividade na mídia e na socidade afeta sua alto-
estima e sua visão de se mesmo com o jovem negro de periferia?

MM - Às vezes vejo positivamente e negativamente. porque eu sei que o negro em si, na


sociedade sofre varios preconceitos e etc, mas tambem vejo que não podemos se esconder
atrás do preconceito em si, temos que lutar para conquistar nosso espaço, entende.

NF- E você é, fora da entrevista também, que você comentou que você tem duas religiões na
sua família.

MM- sim

NF- Uma é evangélica

MM- e a outra é umbandista

NF- Tendo essas duas religiões dentro de casa, se encontra um conflito?

MM- Sempre né, porque a fé deles é bem… como posso dizer, diferente em si, uns acreditam
em cantadas outros acreditam em jesus cristo, mas sempre uma coisa em comum, que
acreditam que Deus é o autor da vida e consumador de todos os tempos.

NF- Tendo você com essas duas religiões. tanto a evangélica como a umbandista, você ver
que, vendo nos próprios olhos , você sente que talvez tenha um preconceito tendo em ambas,
um preconceito sobre sua cor preta?

MM- Entendo, entendo, sim, sim, acontece porque muitos acreditam que a umbanda mexe
com outros espíritos e etc, são coisas do demônio e geralmente é tudo atribuido a negros,
porque desde o tempo da escravatura e etc, chega a ser chacota, piada e etc.

NF- E sobre isso, você já sofreu um preconceito só por você ser de religião africana?

MM- sim, sim, porque é… tudo que eles poderiam usar para diminuir a sua imagem e etc,
eles vão usar, se você não souber fazer uma conta, você vai ser burro só porque é negro, ou
você é tal coisa, ou você acredita em tal coisa, você é do “cão” é do inferno, como tudo o que
eles poderem usar para diminuir sua propria imagem eles fazem isso.

NF- Você já… morador de sobral há 19 anos, você já passou por diversos bairros até chegar
no atual novo recanto, onde nós se encontra por aqui, e passando durante esses bairros, você
conseguiu ver, claro você era nova mas deveria ter a noção de ter notado alguma diferença de
um jovem negro mudando de bairro para bairro, que aqui em sobral, cada bairro tem uma
periferia diferente com tais termos de convivencia.
MM - Isso é verdade!

NF- Quais dos bairros que mais impactou você?

MM- No sentido bom ou ruim?

NF- você leva ao seu critério

MM- No sentindo bom, aqui, a mudança de vida que eu sentir aqui no novo recanto é
enorme, em todos os bairros que já morei que me impactaram negativamente por ser negro e
teve bairros “faccionados” etc, então meio que eles ameaçam ou meio que eles querem te
levar para o meio dessa realidade.

NF- E você já morou… aqui conhecido como bairro caiçara né

MM - Sim

NF- Muitas fontes são … muitas fontes em sites jornalísticos que se dizem jornalistas entre
“aspas” falam que o caiçara é um bairro periférico muito violento, sempre rebaixando ele, e
você tem sua visão que já que você era morador de lá e você pode contar um pouco né.

MM - É… acredito que a visão negativa do caiçara é … sobreponha , porque certo modo


chega a ser verdade, porque tipo … teve um dia que eu estava indo para a igreja com meu pai
normalmente, e parece que tinha roubado uma moto na frente do IML, “sei lá” uns 10
minutos antes e a gente saiu para igreja tranquilamente, no caso por está em uma garupa de
outro jovem que era negro, meu pai tinha ido na frente e eu fui atrás de moto, tava eu e outro
garoto negro né… na moto e por nada, tava “varias gente” passando e o pessoal do RAIO
(polícia) abordou a gente e etc, e levamos assim um “ baque” bem duro, porque querendo ou
não acretivam que a gente né … era dessa realidade, mas no final foi provado que a gente
estava indo para a igreja, estava com a bíblia e etc, acreditaram na nossa história e deixaram a
gente seguir.

NF- E você acha que vocês só foram abordados por causa do tom de pele de vocês?

MM- Sim, porque transitaram várias pessoas naquela localidade etc, mas especificamente era
dois jovens negros numa bis (modelo de moto) e o que eles poderiam presumir, presumiram
da gente.

NF- É infelizmente, um jovem negro brasileiro se for pego fazendo totalmente qualquer coisa
ele já é suspeito né.

MM- Isso é verdade


NF- Na sua perspectiva sobre as questões atuais relacionada a igualdade racial, judicial e
social, você acha que tem uma balança de igualdade entre negros e brancos?

MM- Eu acredito que, não somos nem melhores e nem piores que ninguém etc, só que
quando a sociedade olha né… para os negros etc, meio que que já tem ar de… como eu posso
dizer, de jugamento né, que querendo ou não vem de uma realidade dificiletc, então já que é
meio presumido que a pessoa já uma pessoa ruim e gosta ou não dessa realidade, porque
querendo ou não, não me acrecenta, porque para mim o que motiva, eu ser humano negro é
estudar, é cada dia me tornar melhor, só que não gosto de rotulos, olharem para mim e dizer
que não consigo porque sou negro ou porque não sou bom bastante por ser negro.

NF- È realmente triste a realidade, só quem passa na pele pode dizer né, e claro, se você
estiver a vontade e tudo, a gente pode continuar nesse tema, se quiser mudar, você pode né, e
falando sobre isso, você já enfrentou uma discriminação racial ou preconceito, se você quiser
responder a pergunta, você pode ou se não, sinta-se a vontade.

MM- Não com certeza, irei responder, desde pequeno você aprende em escola pública que
isso não existe, descriminação racial, porque eles sempre vão te “zoar” (caçoar) , porque você
e negro, porque viu um pessonagem negro na televisão e essa vai ser sua realidade, você vai
ser comparado, é… vai ser sempre chacota, etc, ai depende de como você recebe né… como
eu posso dizer, esses xingamentos e essas comparações, e se você leva pra frente ou não na
sua vida. Tipo,discriminação, eu to no shopping e meu amigo branco estamos olhando
celulares e etc, ele vai para um lado e quando eu estou olhando os celulares aqui do lado
esquedo, os dois seguranças que tem na loja estão do meu lado ao ivez né… á tão
suspeitando só de mim, más não… como posso dizer, não me afetei com isso, porque
querendo ou não é a realidade.

NF- È a gente ver também no exterior que muitos assassinatos assim sobre autoridades
acontecem sobre os negros né, um exemplo claro é do George Floyd né, aquele negro que
simplesmente por fazer nada, estiver na rua foi brutalmente morto por um policial branco, e
durante sua vida e tudo, claro… repetindo, um jovem que começa ver a situação complicada
para um jovem negro logo na infancia, começando tanto na escola sofrendo preconceito dos
proprios colegas de sala como de fora, e já chegou um momento que você parou e pensou,
poxa porque essas acontecem comigo.

MM- É chego a me perguntar às vezes porque, é um sentido histórico, negro já era taxado de
escravo ede algo menos que a sociedade, era imposta naquele tempo, então meio que
entendo as chacotas, as “brincadeira” etc, mas que não deveria ainda ser sobrepostas hoje em
dia, não dereviam ainda… como posso dizer, acontecerem no dia a dia.

NF- Sobre essas coisas, é… a gente ver que muitas pessoas falam que o racismo não existe, é
uma coisa assim imaginária, você não fica revoltado com essas tantas barbaridades que
acontecem no mundo em volta dos considerados negros e tudo, porque assim, eu considerado
branco né, sou totalmente a favor dos direitos de todo mundo, todos tem seus direitos, só que
as pessoas querem taxar esses direitos e tudo, principalmente em cima dos negros, de
diferentes religiões, diferentes sexualidades e tudo, e você ver que existe uma pressão grande
na sociedade só por você ser negro.

MM- Isso é verdade

NF- E você tendo esse tom de pele mais escuro, você já deixou de conseguir algo, tentou e
tentou, mas não conseguiu por causa do seu tom de pele?

MM- Ainda não cheguei… como posso dizer, a experimentar essa dor, mas talvez sempre
tenha, porque tipo, a dor de não nascer herdeiro e não nascer… como posso dizer, com
facilidades na vida, um pai empresário uma mãe médica, “sei lá”, é a dor da necessidade de
uma família desestruturada se montar aos poucos, guerrear por cada coisa que você tiver na
vida e essa é minha realidade, conquistar o que eu quero.

NF- Você sendo assim, o homem da família, ajudando tanto na despesa como no material,
você se sente um pouco mais responsável pelas coisas que acontecem né?

MM- Sim Sim, lá em casa como o casamento dos meus pais não deram certo , minha mãe
ficou sozinha com um emprego, no caso eu sou do meio de três irmãos, então como ela iria
sustentar a nossa família, então minha mãe trabalhava em dois turnos e só vinha a noite para
dormir, então eu tive que desde cedo crescer né… amadurecer, ao 8 anos de idade já era dono
de casa, já fazia comida, passava roupa e aos meus 12 anos de idade tentei procurar meu
primeiro emprego e foi lá no mercado, descarregava carros e empacotava algumas coisas e o
mínimo que eu ganhava, “sei lá” vinte reais, cinquenta reais às vezes, dependia do meu
esforço né, e quando o que eu poderia dar a minha mãe eu dava para ajudar dentro de casa,
até que chegou o meu primeiro emprego de carteira assinada, que eu fui auxiliar de produção,
aí já mudou algumas coisas porque já comecei ganhar quinhentos reais e o que eu já tinha uns
17 anos, e então pra mim foi… sei lá, uma realização de um sonho, só que era muito pesado e
eu já tava começando a fazer cursos, já tava na faculdade, então foi uma realidade bem
pesada para mim, porque meus três turnos era ocupados, no trabalho, no curso e estudos, e
passei um mês nesse primeiro trabalho, no caso passei mal, tive um mal subito lá… um
“piripaque” (mal físico súbito) ai vim para casa, ai no caso pedi demissão porque não estava
aguentando e graças a Deus, pouco tempo depois conseguir um trabalho de auxiliar
administrativo lá no Regional ( Hospital).

NF- Nesse tempo que você trabalhou alguma vez se sentiu oprimido por outro?

MM- Eu estava começando de baixo, eu não poderia ousar bastante porque era a realidade
que me cabia né, eu estava batalhando por um… pela comida de casa, tava batalhando pela
saúde de casa né, meus irmãos minha irmã, batalhando pela minha realidade… pelo o que
comer.
NF- E nesse período que você trabalhou e tudo, tentando se sustentar e sustentar a própria
família, é um grande peso que você carregava nas costas né.

MM- Sim sim

NF- E alguma vez sua mãe chegou e lhe deu algum conselho que você levou até hoje?

MM- Minha mãe é meu tudo é minha base, não tem como falar menos da minha mãe porque
querendo ou não, foi a mulher que me criou sozinha, três filhos e “sei lá” é incrível o que
minha mãe fez, não tenho vergonha de dizer que tudo o que tenho agora, tudo o que eu tiver
poder dar para minha mãe é pouco, porque tenho uma dívida impagável com ela, é… mas o
que ela sempre se sentou e me dizia era para ser o melhor da minha sala, eu sempre deveria
ser meu melhor nos estudos, eu sempre deveria priorizar meus estudos, porque minha mãe
não completou o ensino médio, não conseguiu complementar o ensino médio todo, e eu já
tenho até faculdade , então no caso, estou tentando orgulhar ela com isso, ter uma boa
graduação, uma pós graduação, o que eu poder ter de estudo eu vou dar, praticamente não é
meu, é dela, pois estou tentando por ela, mas ela sempre dizia que a única vergonha que eu
não ia dar a ela era tornar um “drogado”, me tornar um “faccionado” que eu deveria ser um
bom homem e o homem que meu pai não foi.

NF- Assim, até um pouco pesado de se comentar, mas cada um sabe sua realidade, você teve
uma realidade assim… muito difícil, mas você conseguiu dar a volta, desde o começo sua
mãe preocupada com você né , queria o melhor para você, e você foi e deu o melhor para ela,
e ainda está dando e claro, sua mãe é seu pilar né, da vida e tudo, você acha que ela passou
por alguma situação que ela nunca queria que você passasse também, só por ser uma pessoa
negra de baixa renda de uma região periférica de uma cidade?

MM- È bem engraçado de se dizer isso, porque minha mãe é de uma família bem conhecida
daqui de sobral, que a gente era da família lavandeiro, meu avô era cantor pros governantes
daqui e como era zé Prado, Cid Gomes que já cantou para esses governadores e inclusive
bem conhecido, mas no período entre as famílias, teve bastante conflito porque minha vó não
queria um relacionamento da minha mãe com meu pai, querendo ou não, dois negros e no
caso minha mãe me teve com meu pai, e meio que ela foi expulsa da familia, ela saiu de casa,
minha vó não queria na casa dela, tanto que quando nasci, nasci em sobral mas fui
diretamente para coreaú porque era onde meu pai morava, ficamos refugiados lá na casa da
minha vó e esse tempo não foi muito bom porque meu pai não era um bom homem, ele não
sustentava minha mãe, deixava ela dentro de casa as vezes trancada, ele obtinha o poder
sobre minha mãe, porque minha mãe não tinha a onde ir, então as vezes descontava comigo
em casa. Eu não sei oque é passar fome, mas minha mãe sabe, ela tirava da boca dela para
mim dar, isso é bem triste, passamos um tempo com essa realidade até que minha mãe
conseguiu fugir para minha tia em sobral, e graça a Deus mudou nossa história, porque ela
conseguiu um emprego e um kitnet (pequena casa), foi no começo, um kitnet e dois filhos, eu
e minha irmã e um emprego no rainha (antigo supermercado) começou assim e hoje em dia,
eu moro no recanto, moro em uma casa alugada de 800 reais, tenho carro em casa, tenho
moto em casa, eu trabalho, somos três agora, minha irmã trabalha, meu irmão trabalha, minha
mãe trabalha e estamos montando nossa realidade.

NF- Sobre sua família, tinha até um preconceito né, de duas pessoas negras se relacionarem
né.

MM- Sim, sim, minha vó ela tem aquele saber antigo de que o negro era sujo, que era…
como posso dizer, era trapaceiro etc.

NF- Um preconceito já vindo de muito tempo atrás né

MM- Sim, sim

NF- passando de gerações e gerações, só que assim, o mais “engraçado” de se pensar que é
uma própria pessoa negra falando uma coisa dessa né

MM- Sim, não foge da minha cabeça, tipo nos meus 8 anos de idade, minha avó com raiva de
mim, me chamou de macaco, e era minha vó, ela olhou na minha cara, tanto que no outro dia
ela me pediu desculpa, só que né… no momento eu era uma criança, no momento eu nem
sabia o que era racismo direito, mas aconteceu e é uma imagem que eu tenho.

NF- Assim, é até meio triste de se comentar, que é alguém dentro de sua própria família lhe
discriminando, porque assim, essa “cultura” que nós brasileiros carregamos desde o tempo
colonial, é uma coisa assim inegável de se pensar, realmente é uma realidade muito triste né.

MM- Acontece.

NF- Já chegando quase no final, de todo esse tempo que você passou e foi de em bairro em
bairro, você teve um pouco de melhora ao se mudar para um bairro que não teria esse negócio
de faccionados e brigas de gangues, você se sente um pouco mais livre né, de ser você
mesmo?

MM- Com certeza, me sinto melhor porque é triste uma realidade onde tipo, eu tinha uns 8 a
12 anos e eu queria brincar na rua, ser uma criança normal, brincar de pega-pega, brincar de
bola no meio da rua, só que a periculosidade do lugar não deixava ou a realidade de quem
você poderia fazer amizade etc, não era bom, e era uma coisa que eu tinha prometido para
minha mãe e a mim mesmo, que não ia me envolver, em coisas ruins, eu não ia fazer más
amizades, eu não iria percorrer um caminho de desgosto para minha mãe ou mostrar a ela que
nada valeu a pena, então eu preferi me abster de ser criança, de brincar na rua e fazer
qualquer coisa fora do meu ambiente do meu lar, para não correr o risco de fazer besteira.

NF- E hoje, você acha que se sente um pouco mais livre de andar na rua e ter menos
preocupação de ser um jovem negro, andando no meio da rua?
MM- Aqui é maravilhoso, não vou negar, aqui eu e minha mãe sentamos na calçada,
simplesmente sentamos na calçada e podemos ficar até o horário que quiser, não vi uma
situação de perigo ou sei lá… indícios de coisas ruins acontecerem aqui, converso com
amigos, jogo bola nas quadras que tem no próprio bairro, sendo que até isso é uma realidade
diferente, aqui sinto facilidade, de brincar com amigos, sair com amigos e voltar no sentido
de estar seguro em casa.

NF- Para finalizar, quais os conselhos que você daria a outros jovens negros como você, que
estam enfrentando esses desafios que você uma vez ou ainda enfrenta.

MM- Acredito que os conselhos que minha dava sempre vão ser válidos, de não misturar com
quem não presta, ela sempre falava desse jeito, mais para quem escolheu o caminho errado na
vida, então não se misturar com tais pessoas, pra mim o conselho de sempre ser o melhor na
sala de aula, moldou minha vida, já fui várias vezes o melhor aluno da sala, tanto no colégio,
fui medalhista da OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia), consegui menção honrosa na
OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática), já fui melhor aluno de sobral, acho que no
ano de 2017 ou 2016, tive várias pequenas premiações, e para mim isso trouxe bastante
felicidade no caso, porque me mostrou um caminho bem diferente, pra quem estuda,quem
bota sacrifício no dia a dia e etc, consegue atingir um belo patamar, consegue atingir um
outro nível e querendo ou não, quanto melhor eu for, mais moldado eu for, no mercado de
trabalho mais qualificado eu vou estar e mais reconhecimento eu posso trazer para mim e
minha família, então você estudar, você não se misturar com quem não presta e no caso ter a
ambição de ser melhor, para mim é o que vale.

NF- Pois eu volto a agradecer por ter essa disponibilidade para fazer a entrevista, agradeço
pela conversa que nós tivemos, e que eu espero que essa situação que os jovens negros
passam hoje na sociedade mude, não vai ser assim uma mudança tão rapida mas todos nos,
principalmente os jovens negros, espero que chegue esse dia, novamente agradeço a
oportunidade e essa gravão se encerra aqui e boa noite.

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