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Estratégias para concluir
uma argumentação
... dois homens discutem numa biblioteca. Um deles quer a janela aberta e o outro a
quer fechada. E ficam ambos a espicaçar-se acerca de quanto abri-la: uma fresta, metade
ou tres-quarros. Nenhuma solução satisfaz aos dois. Entra a bibliotecária. Ela pergunta
a um dos homens por que ele quer que a jancla fique aberta: "Para que entre algum ar
fresco". Ela pergunta ao outro por que a quer lechada. "Para evitar a corente de ar."
Depois de pensar por um minuto, a moça abre inteiramente a janela de um aposento
ao lado, deixando entrar ar fresco sem correnteza.
Fonte: FtsHER, Roger: UkY, Willian: PATTON, Bruce. Como chegar ao sim. Rio de Janeiro: Imago, 1994. p. 58.
a
algumas estratégias a que podemos recorrer para produzir essa
do texto.
Vamos apresentar
etapa final
algumas delas.
Keceio
mesuno
que a
questião seja mais
sugerem dicionários complexa, e os clichs. muito mais interessantes do
gramáticas.e
A melhor evidència que
putador que tentam traduzir disso vem dos de
deivando linguas naturais. Eles sempre foram muitoprogramas com-
ruins e continuam
desejar, mas é forçoso reconhecer que melhoraram
a
ExEMPLO2
O acordo, enfim
Ao final de 20 meses de negociaçöes, Irá, Estados Unidos, Rúissia, China, Reino Unido,
Frangae Alemanha anunciaram nestaterça feira (14) um acordo paralimitaro programa
nuclear persa. O acontecimento histórico pode enfim desarmar um impasse internacional
e se arrasta há duas décadas
..]
Embora ainda precise passar pelo teste da realidade, o acordo -assinado por
todos os países do Conselho de Segurança da ONU e pela Alemanha-cria possí
bilidades de controle do programa nuclear iraniano e representa óbvio avanço
ExEMPLO 3
Tiranos, tremei
A Africa, continente em que democracia e respeito aos direitos humanos são bensescassos
está dando um grande cxemplo ao mundo ao julgar Hissène Habré.
Trata-se doditadordo Chade no período 1982/1990, acusado, com abundantes depoi
mentos e provas, da morte de cerca de 40 mil pessoas e de torturas em 200 mil.
Já seria todo um acontecimento o simples fato de um ditador ser levadoa julgamento,
quando a norma é vé-los livres, leves e soltos por a, no máximo em exilio dourado.
Mas o caso Habré ganha importincia mundial por se tratar do primeiro julgamento de
uma personalidade de um país em outra nação - no caso, o Senegal.
aconiccimcnto descritg 1a
Na conlusao, notamos que a sÍntese retoma o
termos de perspectiVasfu
acescentando o que diso éesperado em
ntrodug áo,
TAS ue o julgamento de um ditador na Africa sirva de exemplo a todos 05 ditadores
ExEMPLO 1
Fim da infámia
Nao hi esporte mais democrático do que o furebol. Todos os clubes possuem jogadores
de dilerentes idades, nacionalidades, origens sociais, níveis culturais- e ctnias. IDonde
nao tem sentido insultar um adversário negro. O clube de quem laz isto também deve
ter jogadores negros, E, enre seus torcedores, idem, havetá negros.
Uma forma de acabar com tal infämia seria o alto-falante anunciar, logo às primei
ras macaquices, que, se aquilo continuar, o jogo será encerrado com a vitória do
time do jogador humilhado. Mesmo que esteja 10x0 para o dos que humilham.
Fonte: CAsI), Ruy. "Fim da inlamia", Falha de S.Paulo, Cpinido, 21 fev. 2014.
EXEMPLO2
ExEMPLO 3
A vencedora é a barata
Um alerta a mais: as baratas ficam em esgotos e bueiros e levam consigo para fora
desses esconderijos montes de micróbios. "APeriplancta americana é um importante
vetor mecânico de doenças, carregando aderidos ao seu corpo muitos patógenos
É por isso fundamental cuidar para que elas não tenham facilidades para se mul-
tiplicar. A bola está com vocês: limpar a casa, não jogar lixo na rua e ficar sempre
atento. Boa sorte. Se não, como diria Machado de Assis: "Ao vencedor, as baratas"
Fonte: SERVA, Leáo. "A vencedora é a barata". Foluu de S.Paulo. Cotidiano, 27 ou. 2014, C2.
12 medoe Vitt Noh anda Marta thas
autoes, sob a foma de citação direta ou indireta. Trata se de uma estrategia quc
tambem é usada na conclusko e que causa boa impresão no leitor, no minima.
EEMPLO1
Taumas herdados
O detcminismo genétiao, a crena de que todas as caracieristicas do onanisma sao
ditadas pelo odigo do oNA, Sofieu um golpe. Esnado com filhos de subreviventes do
Holocausto mostrou que martas de vivèncias naumaticas passaram à gerado seguinte
sem intererència de
squencias genéticas
Nao estamos diante de uma mudança de paradigma cientifico, como diria lhomas
Kuhn, mas da descoberta de mais complexidade num fendmeno que a imagem
popular da genética acredita ser simples e unidirecional genes fazem proteínas
que determinam todas as caracteristicas do onganismo.
E um pouco mais complicado do que isso.
Fonte: EoTRIAI, "Tiaumas hendados'. Fwhe de SPowla COpinita, 29 agr 2015, A2.
ExEMPLO 2
Fonte: CoUTINHO, Joåo Perrira. "O triunto dos pors. Fiha de S.Pasia, 3 fex 2015
Erevet e
afgumentar 213
ExEMPLO J3
O "Silêncio dos Inocentes"
não é clássico
que torna
por acas0
um filme um clássico?
No projceto
programação combina titulos com unànime bem-sucedido Clásicos Cinemark, a
nostalgico. Mas não basta apcnas vir do valor histórico aos que cxalam
não ficado datado, como
ter
perfumne
passado para se tornar um clássico, E
demonstra "O preciso
Esse estreito
intervalo entre o "'normal" c o Silèncio dos Inocentes.
liberta "patológico", "O Silêncio dos
Chapeuzinho VermelhoInocentes
nossos monstros, nos
faz oscilar entre
Mau. Náo por acaso se a
Lobo e o
tornou um clássico.
Fonte CARI OS,
4 jul. 2015.
Starling Cássio. "CO 'Silêncio dos Inocentes' não é clássico por acaso". Folha de
S. Paulo. Acontec,
EXEMPLo 4
Por que você vai sair com esse cara?
Um dia amigo me perguntou "escuta, mas por que você vai sair com esse
um
cara?e
eu
respondi "ue? precisa ter razão pra isso? e ele retrucou
se voce
parar pra pensar, sempre tem uma razão".
"precisar não precisa... Mas
E comecei
pensar nisso.
a
No fim das contas, acho que náo tem muita explicaço, nem muito sentido. E acho
que náo tem que ter mesmo.
Mas o fato é que todo mundo
sempre algo incrivel aos olhos de quem ve, sim-
tem
ples assim. Náo tem desculpa: a gente sempre é interessante para alguém, por mais
porcaria que a gente possa se achar.
Como Eduardo e Mônica, encantados
pela tinta no cabelo ou pelo futebol de botão
com seu avo.
"E quem dia irá dizer que existe razão
um
coisas feitas
E quem irá dizer
nas
pelo coração?
que não existe razão?"
Fonte: MANUS, Ruth. "Por
que você vai sair com esse cara?", O Etudo de S. Pulo, 16 jul. 2014.
<http://blogs.cstadao.wm.br/ruth-manus/por-que-voce-vai-sair-com-esse-cara/. Acesso em: 17 jul.Disponível
em:
2014.
214 ingodara Villaca Koch. Vanda Maria Fllas
RESUMINDO
Vimos que,
dependendo do projeto de dizer c, nesse sentido, de como a in-
trodução e o desenvolvimento do texto foram desenvolvidos, a conclusão pode
se
apresentar forma de síntese,
na
soluçáo para um problema, remissão a textos
ou de uma
pergunta retórica.
Eclaro que existem muitas outras estratégias. Deixamos a sugestão para voce
ampliar esse estudo.
PROPOSTAS DE ATTVIDADE
ATIVIDADE 1
Quem éo maior no futebol? Pelé ou Maradona? Quer unm exemplo de como foi
desenvolvida e concluída a argumentação em torno desse assunto? Leia o texto:
DUELO-PELÉ XMARADONA
Qem foio maior? Dependendo do ponto de vista, pode ter sido qualquer um dos dois.
Confiraoduelo.
EDSON ARANTES DO NASCIMENTO DIEGO ARMANDO MARADONA
Nasceu em 23/10/1940, em Tres Coraçóes Nasceu cm 30/10/1960, em Lanús (Argentina)
(MG). Altura: 1,66 metro
Altura: 1,74 metro Peso: 70 kg (em 1986)
Peso: 70 kg (em 1970) Titulos na carreira: l11
Titulos na carreira: 59
Maiorcs conquistas Maiores conquistas
ricampeáo mundial com a seleção (1958,Carmpeão mundial com a seleção argentinai
1962 e 1970)
(1986)
Bicampeáo mundial com o Santos (1962 e Bicampeão italiano com o Napoli (1987 c
1963) 1990)
Bicampeio sul-americano com o Santos (1962 Campeão da Copa da UEFA Com o Napoli;
e 1963) 1988)
1.282 gols em 1.375 jogos (média de 0,93 gol 365 golsem 695 jogos (média de 0,52 gol
por jogo) porjogo)
Copas do Mundo Copas do Mundo
participaçoes (1958, 1962, 1966 c 1970), 4 participaçoes (1982, 1986, 1990 c 1994),
3titulos (1958, 1962e 1970), 14 jogos e 12 gols 1 tulo (1986), 21 jogos e 8 gols
No que Pelé foi melhor No que Maradona foi melhor
Nos númeras, nåo tem conversa: ninguém Conduziu a conguistas inéditas times
fez tantos gols neni ganhou tantas Copas. medianos, como o Argentinos Juniors c
Isto é Pelé, Napoli.
Foi perfeito em todos os fundamentos: Mesmo usando praticamente só a perna
chutes com os dois pé, dribles, lançamentos, csquerda, foi mais habilidoso que Pelé (até
cabeceio. segundo ex-companheiros de seleção do
Teria sido bom em qualquer posição os cCx brasilciro, como Tostáo).
companheiros, inclusive, dizem que ele valia Carregava times nas costas. Ganhou uma
por dois no gramado, dominando rudo entre Copa sozinho (coisa que Pelé nunca fen). E
o meio de campo e a pequena área. Um deus. mesmo fora de forma levou uma Argentina
mediocre àfinal da Copa de 1990. Un diós.
Fonte: CiuLHLRNMT. Paulo."Duclo degigantes-IPeléx Maradona" Suprinteresante. Sáo Paulo, abr./ago. 2014. p. 23.
ATIVIDADE 2
SC perguntassem a sua opinião sobre a internação compulsória de viciados
de crack, 0 que responderia? Leia os dois textos a seguir e saiba a opinião de
NÃO SIM
Dependencia não se resolve por decreto Prescrever intemação voluntáriaé ingênuo
DARTIU XAVIER DA SILVEIRA LUIS FLAVIO SAPORI
Na sua maior parre, as usuárias de drogas ilicitas A disseminação do comércio c do consumo do
Cstabelecem padröes de consumo que os caracte- crack na sociedade brasileira é um fenómeno não
rizam como usuários ocasionais ou recreacionais, mais passível de contestação, aringindo tanto
a exemplo do que se observa com o ålcool e com a população urbana quanto a rural. A despeito
outras drogas legalizadas. Apenas uma minoria se de relariva prevalência cntre os consumidores
toma dependente. de baixa renda, o crack já é demandado por
Para quem se rorna dependente, seja a droga licta segmentos da classe média, envolvendo homens
ou ilicita, as consequências são desastrosas e o e mulheres. jovens e adultos.
sofrimento é intenso. Mas a empatia que temos com Estamos diante de uma importante mudança
o sofnimento do dependente c de seus familiares no mercado das drogas ilicitas no Brasil. que se
ea nossa preocupação com o fato de existirem encontra revigorado pela introdução de nova
pessoas envolidas com drogas não nos
autorizam mercadoria, que atrai consumidores ávidos e
a considerar todo usuário um dependente. compulsivos.
Isso não se deve exclusivamente ao uso de uma E unma droga muito atrativa não apenas pelo
substancia; depende de quem é esse usuário, da baixo preço, comparativamente à cocaina em
sua vida emocional e do contexto no qual ele pó, como também pelo prazer que proporciona
utiliza a substància. O amplo consumo de álcool a seus usuários.
no Ocidente ilustra bem essa constatação: nem A despeito do fato de o crack ainda não ser a
todo consumo é problemático. droga mais consumida no Brasil, é imperativo
Por razoes eminentenente ideologicas, vemos reconhecer que os maleficios sociais gerados por
modelos repressivos do tipo "diga não as drogas ela são muito superiores aos das demais drogas
eguerra às drogas ainda serem implantados, ilicitas comercíalizadas no território nacional.
apesar de suas evidéncias de eficácia sinalizarem Seus impactos estão presentes tanto na segurança
o conrário. Claramente. a guerra às drogas foi pública quanto na saúde pública. Há, por
perdida há muito tempo. Apesar dos fracassos exemplo, uma relação muito estreita entre
sucessivos, os guerreiros cnvolvidos nessa guerra comércio do crack e crescimento da incidencia
rentaram inicialmente minar as estrarégias de de homicidios.
redução de danos, mesmo nas sinuaçóes em que Isso porque o comércio do crack tende a
somente estas funcionavam. intensificaros conflitos entre os atores economicos
Cegos em sua postura totalitiria e oniscientc, os envolvidos, em especial entre vendedores e
defensores das guerras às drogas passarn a atacar consumidores. O grau de endividamento no
de forma insana o inimigo errado: punir os comércio do crack é superior ao verificado
dependente, responsabilizar os usuários pelo tráfiw, no comércio da cocaina em pó e da maconha.
demonizar as drogas e idicularizar o consumo de Num contexto social em que a violência é pouco
substancias, exceto aquelas que eles mesnos controlada pelos traficantes, a proliferação de
usan, em geral álcool, cafeina e medicamentos, homicidios torna-se inevitável.
218 Ingedore illaça Koch Vanda Maria Elias
dependente, que dizer de sua utilização caso drogas licitas illcitas consumidas
o
no
superior à das demais
e no Brasil.
de usuários. náo de
No caso das pessoas
dependentes? Prescrever que o usuário do crack que encontra se
que usan crack na rua, em cstágio
avançado de dependéncia da droga
muito sinplista considerar que
aquela situaçio de somente
poderá ser internado para tratamento
misériae degradação sja mera decorrència do mediante sua manifestação voluntária é atitude
uso
de droga. Náo seria mais realista consider.amos
que completamente ingénua.
o uso de drogas conscquência direta da situação
é E chcgada a hora de deixarmos as
adversa a que tais pesoas estáo sulbmetidas? ideologias de
lado e encararmos a realidade de frente.
A dependencia de drogas náo se resolve Faz-se necessário que o Congresso Nacional
por
deereto. As medidas toralitárias promovem viabilize as mudanças legais nccessárias para que o
alivio passageiro,
um como um
barato que poder público, em parceria coma sociedade civil,
entorpece a realidade. Porém, passado o seu efeito possa cxpandir a metodologia de tratamento dos
imediato, etéreo e fugidio, surge a realidade, com usuários do crack, fortalecendo o atendimcnto
sua intensidade avassaladora.. ambulatorial e oferecendo a internação, mesmo
Assim, qual seria a lógica para fundamentar a que compulsória, por determinado tempo para
retirada dos usuários das ruas, impondo-lhes os casos mais graves.
internaçáo compulsória?
Náo seria, por acaso, o incômodo que essas
pessoas causam? Seria porque insistem em não
se comportar bem, segundo nossas expectativas?
Ou porque nos denunciam, revelando nossas
insuficiencias, incompetências e incoerências?
Medidas "higienistas" dessa natureza não tiveram
boa repercussão em passada não tão distante...
Fontes: XAVIER DA SILYTIRA, Dartiu. "Dependëncia não se resolve por decreto". Folba de S.Paulo. Opinião, 25 jun.
2011: FLAVio SAPORI, Luis. (Doutor em Sociologia e professor da ruC-Minas). "Prescrever internação voluntáriaé
ingénuo". Folha deS.Paulo.
Opiniäo, 25 jun. 2011.
Escrever e argumentar 219
ATIvIDADE 3
Vocc sabe que existe uma campanha pediatras receitem Iivros
para que os
na Folha de
para crianças de zero a seis anos? Pois é, a matéria foi publicada
S.Paulo em 18 de outubro de 2015, caderno Cotidiano.
favor da campanha:
tenhalido, veja dois argumentos de especialistas
a
Caso não
Argumento 1
Argumento 2
não
mesma história para as crianças. "O bebê escuta a
não inmporta repetir a
quantidade enorme de significados
.
operação extraordinária."
cada argu
2. Faça uma lista dos argumentos e ídentilique o que é peculiar a
ATIVIDADE 3
receitem livros
sabe existe uma campanha para que os pediatras
Voce que
Folha de
anos? Pois é, a matéria foi publicada na
para crianças de zero a scis
S.Paulo em 18 de outubro de 2015, caderno Cotidiano.
Caso não tenha lido, veja dois argumentos de especialistas a favor da campanha:
Argumento 1
Argumento 2
não importa repetir a mesma história para as crianças. O bebé não cscutaaa
mesma história sempre. Ele descobre uma quantidade enorme de significados
diferentes. Além disso, decora tudo. Está exercendo a memória. E uma
operação extraordinária.
2. Faça uma lista dos argumentos c identifique o que é peculiar a cada argu-
mento e o que constitui pontos de intersecção, Ou seja, pontos de contaro
ou pontos comuns.
3. Com base nos resultados obtidos, que conclusão é possível elaborar? Apresente
a sua conclusão na forma de um anúncio a favor dacampanha.