FQ Completo Português

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PRÓLOGO
A lua cheia flutuava no céu, espalhando sua luz fria sobre a floresta. Uma
leve brisa murmurava através das folhas de quatro enormes
carvalhos; Luzes e sombras salpicadas moviam-se sobre a pele de
muitos gatos enquanto eles deslizavam para a depressão abaixo.
Um gato musculoso e cor de samambaia emergiu do

arbustos que ladeavam as laterais do buraco. Ele atravessou a
clareira e saltou para o topo da grande rocha que ficava no centro.
Três outros gatos estavam esperando lá. Uma delas, uma gata
com pelo marrom malhado, baixou a cabeça em saudação.
“Bem-vindo, Redstar”, ela miou. “Como está a presa no ThunderClan?”
“Temos bastante, obrigado, Birchstar”, respondeu o líder do

ThunderClan. “Está tudo bem no RiverClan?”
Antes que Birchstar pudesse responder, um dos outros líderes

interrompeu, raspando as garras na superfície áspera da rocha.
Sua pele cinza-escura era uma sombra ao luar. “É hora desta Reunião
começar,” ele murmurou. “Estamos perdendo tempo.”
“Não podemos começar ainda, Swiftstar”, miou o quarto gato. Dela
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SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST
A pele marrom cremosa continha o brilho gelado da luz das estrelas.

“Não estamos todos aqui.”
Swiftstar soltou um bufo impaciente. “WindClan tem coisas melhores para

fazer do que ficar esperando gatos que não se importam em chegar na
hora certa.”
"Olhar!" Redstar apontou com a cauda para o topo do buraco. A forma de um

gato delineava-se contra o pálido luar. Ele ficou imóvel por um instante,
depois balançou o rabo e desapareceu nos arbustos. Mais gatos o seguiram,
passando pela borda da depressão, os galhos farfalhando enquanto desciam a
encosta.
"Lá!" Dawnstar miou. “SkyClan finalmente chegou.”
“Já era hora também”, murmurou Swiftstar. “Cloudstar!” ele gritou quando
o primeiro gato surgiu na clareira. "O que o manteve?"
O líder do SkyClan era pequeno para um gato, com um corpo ágil e uma
cabeça elegante e bem formada. Seu pelo era cinza claro, com manchas brancas
como nuvens. Ele não respondeu à pergunta de Swiftstar, mas abriu caminho entre os
gatos até chegar à rocha e saltar para se juntar aos outros líderes.
Atrás dele, mais e mais gatos emergiam dos arbustos. Um grupo de jovens
aprendizes se aventurou a sair, agrupados, com os olhos arregalados com uma
mistura de medo e excitação.
Eles foram seguidos pelos anciões do Clã, alguns deles mancando, um
deles apoiado pesadamente no ombro de um guerreiro.
Duas gatas carregavam, cada uma, um filhote minúsculo nas mandíbulas; vários
filhotes mais velhos tropeçavam cansados ao lado deles. Os guerreiros
restantes os cercaram de forma protetora.
“Grande StarClan!” Swiftstar exclamou. “Cloudstar, qualquer gato pensaria

que você trouxe todo o seu Clã para a Reunião.”
Cloudstar encontrou constantemente o olhar perplexo do líder do

WindClan. "Sim", ele miou, "eu tenho."
“Por que, em nome do StarClan, você fez isso?” perguntou Birchstar.
“Porque não podemos mais viver em nosso território”, disse o líder

do SkyClan a ela. “Duas Pernas o destruíram.”
"O que?" Redstar deu um passo à frente. “Minhas patrulhas relataram

mais Duas-Pernas em seu território e barulho de monstros, mas não é
possível que tenham destruído tudo.”
"Eles têm." Cloudstar olhou para a clareira, como se estivesse vendo algo
mais no lugar dos arbustos banhados pela lua. “Eles vieram com monstros
enormes que derrubaram nossas árvores e agitaram a terra. Todas as nossas
presas estão mortas ou assustadas. Os monstros estão agachados em volta do
nosso acampamento agora,
esperando para atacar. A casa do SkyClan desapareceu.” Voltando-se para os
outros líderes, ele continuou. “Eu trouxe meu Clã aqui para pedir sua ajuda.
Você deve nos dar alguns de seus territórios.”
Uivos de protesto surgiram dos gatos abaixo da rocha. Na beira da clareira,

os gatos do SkyClan se amontoaram com os guerreiros mais fortes do lado de
fora, como se estivessem preparados para um ataque.
Swiftstar foi o primeiro a responder. “Você não pode simplesmente entrar aqui
e pedir nosso território. Mal podemos alimentar nossos próprios Clãs do jeito
que estão.”
Redstar mexeu as patas, inquieto. “A presa está correndo

bem, agora na folha verde, mas o que vai acontecer quando chegar a queda
das folhas? O ThunderClan não poderá poupar nada então.”
“Nem ShadowClan,” Dawnstar miou, levantando-se de

seu lugar na beira da rocha e encarando Cloudstar com um desafio em seus
olhos verdes. “Meu Clã é maior que qualquer outro. Precisamos de cada
passo de terra para alimentar nossos próprios gatos.”
O olhar de Cloudstar se voltou para o único líder que não havia falado.
“Estrela de Bétula? O que você acha?"
“Eu gostaria de ajudar”, miou o líder do RiverClan. “Eu realmente gostaria.

Mas o rio está muito baixo e é mais difícil do que nunca pescar peixes
suficientes. Além disso, os gatos do SkyClan não sabem pescar.”
“Exatamente”, acrescentou Swiftstar. “E apenas os gatos do WindClan são

rápidos o suficiente para pegar coelhos e pássaros nas charnecas. Certamente
não há nenhum lugar em nosso território onde você possa acampar. Você
logo se cansaria de dormir sob arbustos de tojo.”
“Então o que meu clã deve fazer?” Cloudstar miou baixinho.
O silêncio se espalhou pela clareira como se todos os gatos estivessem

prendendo a respiração. Redstar quebrou com uma única palavra.
"Deixar."
"Isso mesmo." Houve uma sugestão de rosnado no miado de Swiftstar.

“Saiam da floresta e encontrem outro lugar, longe o suficiente para que não
possam roubar nossas presas.”
Uma jovem gata preta e prateada levantou-se na clareira abaixo.

“Swiftstar”, ela chamou, “como seu curandeiro, posso lhe dizer que o StarClan não
ficará satisfeito se o resto de nós
expulsar o SkyClan. Sempre existiram cinco Clãs na floresta.”
Swiftstar olhou para seu curandeiro. “Você diz que conhece a vontade do
StarClan, Larkwing, mas pode me dizer por que a lua ainda está brilhando? Se o
StarClan não concordasse que o SkyClan deveria deixar a floresta, eles
enviariam nuvens para cobrir o céu.”
Larkwing balançou a cabeça, incapaz de responder à pergunta de seu líder.
Os olhos de Cloudstar se arregalaram de descrença. “Cinco Clãs vivem nesta

floresta há mais tempo do que qualquer gato consegue se lembrar.
Isso não significa nada para você?
“As coisas mudam”, respondeu Redstar. “É possível que a vontade do

StarClan também tenha mudado? StarClan deu a cada clã as habilidades
necessárias para sobreviver em seu próprio território. Os gatos do Clã do Rio
nadam bem. ThunderClan é bom em perseguir presas na vegetação rasteira. Os
gatos SkyClan podem pular nas árvores porque não há muita cobertura em seu
território. Isso não significa que cada Clã não poderia viver no território de outro
Clã?”
Um gato magro com pelo preto amarrotado ergueu-se de onde estava

sentado, na base da Grande Pedra. “Você fica dizendo que o StarClan
quer cinco Clãs na floresta, mas tem certeza de que isso é verdade? Existem
quatro carvalhos aqui em Fourtrees. Isso poderia ser um sinal de que deveria
haver apenas quatro Clãs.”
“O SkyClan não pertence a este lugar,” sibilou um gato malhado prateado ao

lado dele. “Vamos expulsá-los agora.”
Os guerreiros do SkyClan se eriçaram como um só, desembainhando

garras longas e curvas.
"Parar!" Cloudstar ligou. “Guerreiros do SkyClan, não somos covardes,

mas esta é uma batalha que não podemos vencer. Vimos esta noite
quanto vale o código do guerreiro. De agora em diante estaremos sozinhos
e não dependeremos de nenhum gato além de nós mesmos.”
Ele saltou da Grande Rocha e colocou no ombro uma

caminho através de seus guerreiros até ficar cara a cara com um lindo
gato malhado marrom claro. Dois pequenos filhotes choravam lamentavelmente
em suas patas.
“Cloudstar.” A voz da gata era um murmúrio de angústia.

“Nossos kits são pequenos demais para fazer uma longa viagem. Ficarei
aqui com eles, se algum Clã nos aceitar.
Kestrelwing, o gato medicinal do ThunderClan, abriu caminho entre

dois guerreiros do SkyClan, ignorando seus rosnados, e inclinou a cabeça
para cheirar os kits. “Todos vocês serão bem-vindos no ThunderClan.”
"Tem certeza?" Cloudstar o desafiou. “Depois do que seu líder nos

disse hoje?”
“Acredito que meu líder estava errado”, miou Kestrelwing.

“Mas ele não condenará kits indefesos à morte. Eles terão um futuro no
ThunderClan, e você também, Birdflight.”
A gata marrom clara baixou a cabeça. "Obrigado." Ela se virou para

Cloudstar, a tristeza transbordando em seus olhos âmbar.
“Então isso é um adeus.”
“Vôo de pássaros, não.” O líder do SkyClan parecia horrorizado.

“Como posso deixar você?”
"Você deve." A voz de Birdflight tremeu. “Nosso Clã precisa de você,

mas nossos kits precisam de mim agora.”
Cloudstar inclinou a cabeça. “Vou esperar por você”, ele sussurra

pered. “Vou esperar por você para sempre.” Ele pressionou o focinho
contra a lateral do corpo de Birdflight. “Fique com Kestrelwing. Ele encontrará
guerreiros para ajudar a levar os kits de volta ao acampamento do ThunderClan.”
Para o curandeiro do ThunderClan, ele acrescentou: “Cuide deles”.
Kestrelwing assentiu. "Claro."
Com um último olhar angustiado para seu companheiro, Cloudstar sinalizou

com o rabo para o resto do seu Clã. "Me siga."
Ele liderou o caminho em direção à encosta, mas antes que pudesse

mergulhar nos arbustos, Estrela Vermelha gritou do topo da Grande
Pedra: “Que o StarClan vá com você!”
Cloudstar se virou e fixou um olhar frio no gato que uma vez chamou de
amigo. “StarClan pode ir aonde quiserem”, ele sibilou. “Eles traíram o SkyClan.
De hoje em diante, não terei mais nada a ver com nossos ancestrais guerreiros.”
Ele ignorou os suspiros de choque ao seu redor, alguns vindos de seu
próprio Clã. “StarClan permitiu que os Twolegs destruíssem nossa casa.
Eles olham para nós agora e deixam a lua brilhar enquanto você nos expulsa.
Disseram que sempre haveria cinco Clãs na floresta, mas mentiram. SkyClan
nunca mais olhará para as estrelas.”
Com um último movimento da cauda, ele desapareceu nos arbustos, e o

resto do seu Clã o seguiu.
CAPÍTULO 1
Estrela de Fogo deslizou pela beira de um matagal de aveleiras e parou para

sentir o sabor do ar. A lua estava quase cheia e ele podia ver que
estava perto de onde o riacho seguia a fronteira com o Clã das
Sombras. Ele podia ouvir seu gorgolejar fraco e captou vestígios dos
marcadores de cheiro do Clã das Sombras.
O gato cor de fogo permitiu-se um suave ronronar de satisfação. Ele

era o líder do ThunderClan há três temporadas e sentia como se
conhecesse cada árvore, cada arbusto, cada pequeno caminho deixado
por ratos e ratazanas em todo o seu território. Desde a terrível batalha
em que os Clãs da floresta se uniram para expulsar o Clã Sangrento e seu
líder assassino, Flagelo, houve paz, e os longos dias de Folha Nova e
Folha Verde trouxeram presas abundantes.
Mas Firestar sabia que em algum lugar naquela noite tranquila um

atacante estava à espreita. Ele se obrigou a se concentrar, todos os
seus sentidos alertas. Ele sentiu o cheiro de rato e coelho, o cheiro
verde de grama e folhas, e muito vagamente o cheiro do distante
Caminho do Trovão. Mas havia outra coisa.
Algo que ele não conseguiu identificar.
Ele levantou a cabeça, trazendo a brisa sobre seu cheiro
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glândulas. No mesmo instante, um grupo de samambaias balançou

violentamente e uma forma escura surgiu do meio das folhas
onduladas. Assustado, Estrela de Fogo girou para enfrentá-lo, mas antes
que pudesse levantar as patas para se defender, a forma pousou
pesadamente em seus ombros, derrubando-o no chão.
Reunindo todas as suas forças, Estrela de Fogo rolou de costas e

ergueu as patas traseiras para afastar o atacante.
Acima dele ele podia distinguir ombros largos e musculosos, uma cabeça
enorme com marcas escuras de malhado, o brilho de olhos cor de
âmbar. . . .
Estrela de Fogo cerrou os dentes e bateu ainda mais forte com as patas
traseiras. Uma pata dianteira atacou-o e ele se encolheu, esperando o golpe.
De repente, o peso que o prendia desapareceu quando o gato

malhado saltou com um uivo de triunfo. “Você não sabia que eu estava lá, não
é?” ele miou. “Vá em frente, Estrela de Fogo, admita. Você não tinha
ideia.
Estrela de Fogo cambaleou, sacudindo sementes de grama e restos

de musgo de sua pele. “Bramblepaw, seu grande idiota!
Você me esmagou como uma folha.”
"Eu sei." Os olhos de Pata de Amora Doce brilharam. “Se você realmente
fosse um invasor do Clã das Sombras, você seria comida de corvo agora.”
“Então eu faria.” Estrela de Fogo tocou o ombro de seu aprendiz

com a ponta da cauda. “Você se saiu muito bem, especialmente disfarçando
seu cheiro assim.”
“Rolei em uma moita de samambaias úmidas assim que saí do acampamento”,

Pata de Espinhoso explicou. De repente ele parecia ansioso. “Minha
avaliação foi correta, Firestar?”
SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST 10
Estrela de Fogo hesitou, lutando para afastar a memória do pai sanguinário de

Pata de Amora Doce, Estrela de Tigre. Quando ele olhou para o jovem aprendiz,
foi muito fácil lembrar os mesmos ombros largos, pêlo escuro e olhos âmbar
que pertenciam ao gato que estava pronto para assassinar e trair seus
próprios companheiros de clã para se tornar líder.
"Estrela de Fogo?" Pata de Espinhoso solicitou.
Firestar sacudiu as teias de aranha do passado. “Sim, Pata de Amora Doce,

claro. Nenhum gato poderia ter feito melhor.”
“Obrigado, Estrela de Fogo!” Os olhos âmbar de Pata de Amora Doce

brilharam e seu rabo ergueu-se no ar. Quando eles se viraram em direção ao
acampamento do ThunderClan, ele olhou para trás, para a fronteira do ShadowClan.
“Você acha que Tawnypaw também estará perto do fim de seu
treinamento de aprendiz?”
A irmã de Pata de Amora Doce, Tawnypaw, nasceu no Clã do

Trovão, mas nunca se sentiu em casa lá. Ela era muito sensível à desconfiança
dos gatos que não conseguiam esquecer que ela era filha de Tigerstar. Quando
seu pai se tornou líder do ShadowClan, ela deixou o ThunderClan para ficar
com ele. Estrela de Fogo sempre sentiu que havia falhado com ela e sabia o
quanto Pata de Amora sentia falta dela.
“Eu não sei como eles fazem essas coisas no ShadowClan,” ele miou
cuidadosamente, “mas Tawnypaw começou seu treinamento ao mesmo tempo
que você, então ela já deve estar pronta para sua cerimônia de guerreiro.”
“Espero que sim”, miou Pata de Amora Doce. “Eu sei que ela será uma grande
guerreira.”
“Vocês dois vão”, Firestar disse a ele.

No caminho de volta ao acampamento, Estrela de Fogo sentiu como

se cada buraco sombrio, cada moita de samambaias ou arbustos
silvestres pudesse estar escondendo o brilho dos olhos âmbar. Quaisquer
que fossem os crimes de Tigerstar, ele tinha orgulho de seu filho e filha,
e sua morte foi particularmente terrível, com todas as nove vidas
arrancadas de uma vez pelas garras afiadas de Scourge. O enorme
gato malhado estava observando-os agora? Não do StarClan, pois
Firestar nunca o tinha visto em seus sonhos; o gato medicinal do
ThunderClan, Cinderpelt, também nunca relatou tê-lo conhecido
quando compartilhou línguas com o StarClan. Poderia haver outro
lugar para gatos de coração frio que estavam prontos para usar o código do
guerreiro para suas próprias ambições sombrias? Se existisse
um caminho tão sombrio, Estrela de Fogo esperava nunca ter que
percorrê-lo — nem seu animado aprendiz. Pata de Espinhoso
saltava pela grama ao lado dele, excitado como um filhote; certamente
ele havia se livrado do legado de seu pai?
Enquanto desciam a ravina em direção ao acampamento,

Pata de Amora Doce parou, com o olhar sério. “Minha avaliação foi
realmente boa? Eu sou bom o suficiente—”
“Para ser um guerreiro?” Estrela de Fogo adivinhou. "Sim você é.

Faremos sua cerimônia amanhã.”
Pata de Amora Doce baixou a cabeça respeitosamente.

“Obrigado, Estrela de Fogo,” ele miou. "Eu não vou decepcionar você." Seus
olhos brilharam; ele deu um salto repentino no ar e disparou pelo resto
da ravina para esperar na entrada do túnel de tojo. Estrela de Fogo
observou-o, divertida. Ele ainda conseguia se lembrar de quando sentiu
que tinha energia demais para conter nas quatro patas, quando sentiu
que poderia correr pela floresta para sempre.
“É melhor você dormir um pouco”, ele avisou ao se juntar ao seu

aprendiz. “Você terá que ficar de vigília amanhã à noite.”
“Se você tem certeza, Estrela de Fogo. . .” Pata de Espinhoso hesitou, enfiando as
garras no chão arenoso. “Eu poderia encontrar alguma caça fresca
para você primeiro.”
“Não, continue”, disse-lhe seu líder. “Você está tão animado agora que
não notaria se uma raposa comesse você.”
Pata de Amora Doce agitou o rabo e atravessou o túnel de tojo até o

acampamento.
Estrela de Fogo permaneceu fora do acampamento por um tempo,

acomodando-se em uma rocha plana com o rabo enrolado nas patas. Ele
não conseguia ouvir nada além do leve farfalhar das folhas na brisa e o
pequeno arrastar das presas na vegetação rasteira.
A batalha com o BloodClan lançou sua sombra sobre todos os Clãs; por
mais de uma temporada depois, todos os gatos da floresta pularam em
um galho quebrado e perseguiram estranhos como se suas vidas
dependessem disso. Eles estavam até com medo de chegar muito
perto de Twolegplace, caso algum membro sobrevivente do BloodClan
estivesse escondido lá. Mas agora, cinco luas depois, o ThunderClan
estava prosperando. Amanhã haveria um novo guerreiro, e os
aprendizes Pata de Chuva, Pata de Fuligem e Pata Sorrel estavam
todos bem depois de três luas de treinamento. Com o tempo, eles
também seriam bons guerreiros — certamente o seriam, considerando
quem era seu pai. Todos os dias eles lembravam Estrela de Fogo de
seu primeiro vice, Tempestade Branca, que havia morrido lutando
contra o cruel deputado do Clã de Sangue, Bone. Ele ainda sofria pelo
velho guerreiro branco.
Sua mente envolta em lembranças de seu velho amigo, era um

momento antes de Estrela de Fogo perceber que podia ouvir um som fraco: os
passos de um gato pisando levemente na vegetação rasteira.
Ele saltou sobre as patas, olhando em volta, mas não viu nada.
Mal teve tempo de se sentar antes que o barulho voltasse. Desta vez
Estrela de Fogo virou a cabeça a tempo de vislumbrar a forma pálida de um
gato parado um pouco mais acima na ravina.
Estou sonhando? Whitestorm deixou o StarClan para vir me visitar?
Mas esse gato era menor que Tempestade Branca e seu pelo era cinza
com manchas brancas. Ele olhou diretamente para ele, seus olhos escuros
e sérios, como se estivesse tentando lhe dizer alguma coisa.
Firestar nunca tinha visto isso antes. Poderia ser um ladino? Ou pior,
poderia o BloodClan ter se recuperado da derrota e voltado para invadir a
floresta?
Ele saltou sobre as patas e correu pela ravina em direção ao gato estranho.
Mas assim que ele começou a se mover, ele desapareceu, e quando ele procurou
entre as rochas, não conseguiu encontrá-lo. Não havia nem marcas de patas,
mas quando ele sentiu o gosto do ar, sentiu um leve traço de um cheiro
desconhecido, quase inundado pelos cheiros do Clã do Trovão que vinham do
acampamento.
Lentamente Estrela de Fogo refez os passos e sentou-se na rocha

novamente. Todos os seus sentidos estavam alertas agora enquanto olhava para as sombras.
Mas ele não viu mais nada do estranho gato cinzento.
CAPÍTULO 2
Enquanto ele ainda esperava para ver se o gato retornaria, nuvens se

acumularam acima da cabeça de Estrela de Fogo, apagando as
estrelas. Enormes gotas de chuva batiam nas rochas da ravina,
transformando-se rapidamente em uma chuva constante. Estrela de
Fogo espremeu-se pelo túnel de tojo até o acampamento e correu
pela clareira até sua toca no sopé do Highrock.
Além da cortina de líquenes, a toca estava seca. Um aprendiz havia

trocado a roupa de cama, empilhando musgo fresco e samambaias
numa pilha macia. Estrela de Fogo sacudiu a chuva de sua pele e
se enrolou, enrolando o rabo no nariz. A chuva tamborilando na terra do
lado de fora de sua toca logo o embalou no sono.
O barulho da chuva diminuiu e Estrela de Fogo abriu os olhos,

sentindo frio até os ossos. Seu ninho aconchegante havia
desaparecido, junto com os aromas familiares do ThunderClan. Ele
estava cercado por uma névoa densa e pegajosa. Ela girava em torno
dele, quebrando-se de vez em quando para mostrar trechos de
charnecas desoladas. Ele podia sentir a grama dura e elástica sob
suas patas. A princípio ele pensou que devia estar no território do Clã
do Vento; então ele percebeu que nunca tinha visto esse lugar antes.
“Folha manchada?” ele gritou para a névoa. "Você está aqui? Faz
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StarClan tem uma mensagem para mim?
Mas não havia sinal da bela carapaça de tartaruga que um dia fora o
curandeiro do Clã do Trovão. Ela frequentemente visitava Estrela de Fogo em
sonhos, mas agora ele não conseguia sentir nem um traço de seu doce perfume.
Em vez disso, ele ouviu um som fraco, tão distante que não conseguiu
distinguir. Ele se esforçou para ouvir, e um arrepio gelado o congelou das
orelhas à cauda quando ele ouviu um lamento selvagem e sem palavras, o
som terrível de muitos gatos aterrorizados. Ele enrijeceu, pronto para fugir com eles,
mas embora os gritos ficassem mais altos, tudo o que ele conseguia
ver eram formas borradas. Eles pareciam avançar em sua direção através da
névoa, apenas para desaparecer antes que ele pudesse vê-los adequadamente.
O cheiro de gatos desconhecidos pairava no ar.
"Quem é você?" ele chamou. "O que você quer?"
Mas não houve resposta e logo o lamento estridente desapareceu no

silêncio.
Estrela de Fogo pulou quando algo cutucou seu lado. Piscando para
acordar, ele viu a luz do sol amarela e quente passando pela entrada de
sua toca, brilhando no pelo ruivo claro de sua companheira, Tempestade de Areia.
"Você está bem?" ela perguntou. "Você estava se contorcendo durante o sono."
Firestar soltou um gemido enquanto se sentava. Seus músculos pareciam tão

rígidos como se ele realmente estivesse caminhando por aquela charneca árida.
“Foi apenas um sonho”, ele murmurou. "Eu vou ficar bem."
“Olha, eu trouxe para você um pouco de caça fresca.” Ela empurrou o

corpo inerte de uma ratazana em direção a ele. “Acabei de voltar de uma patrulha de
caça.”
"Obrigado." A ratazana devia ter sido capturada recentemente;

seu aroma quente lhe deu água na boca e sua barriga ficou vazia de
fome. Inclinando a cabeça, ele devorou a presa com algumas mordidas
rápidas.
"Melhor agora?" Sandstorm perguntou com um brilho travesso em

seus olhos verdes. “Isso vai te ensinar a deixar gatos jovens pularem em
cima de você.”
Estrela de Fogo sacudiu a orelha com a ponta da cauda; a

notícia da avaliação bem-sucedida de Pata de Amora obviamente se
espalhou pelo acampamento. “Ei, ainda não sou um ancião, você sabe.”
As sombras úmidas de seu sonho se desfaziam sob a luz brilhante do
sol. Ele saiu de seu ninho e se preparou rapidamente. “Você sabe se
todas as patrulhas já voltaram?”
“Os últimos acabaram de chegar.” Uma sombra caiu na entrada

da sala, e Estrela de Fogo olhou para cima e viu seu vice, Listra
Cinzenta, parado do lado de fora. “As patrulhas de caça
capturaram tantas presas que Thornclaw levou os aprendizes para
coletá-las. Por que você os queria?
“Não imediatamente, mas preciso saber o que eles relataram,”

Estrela de Fogo respondeu. Ele chamou o guerreiro cinza para dentro
com o rabo. Lembrando-se do gato desconhecido que vira na
ravina na noite anterior, ele perguntou cautelosamente: “Algum deles viu
algum sinal de bandidos em nosso território?”
Listra Cinzenta balançou a cabeça. “Nem um traço. Está tudo

tranquilo lá fora.” Seus olhos amarelos se estreitaram com preocupação.
“Firestar, algo está incomodando você?”
Estrela de Fogo hesitou. Seu velho amigo o conhecia bem o suficiente

para saber quando algo estava em sua mente. Mas ele não pensou isso
era a hora de compartilhar seu sonho ou a visão do gato no barranco. Ele tinha
tão pouco para continuar; sua reflexão solitária sobre Tigerstar e Whitestorm
poderia tê-lo feito ver coisas nas sombras.
“Não, estou bem”, ele respondeu, empurrando o estranho gato cinza para o
fundo de sua mente. “Bramblepaw fez uma avaliação incrível ontem à noite. Ele
pulou em mim na fronteira do ShadowClan.
Vamos”, ele miou para Listra Cinzenta e Tempestade de Areia. "EU
quero realizar sua cerimônia de guerreiro assim que os aprendizes voltarem.”
Ele saiu de sua toca na frente e saltou para Highrock. A chuva

havia parado; acima das árvores o céu estava azul, com nuvens brancas
esvoaçantes. A luz do sol refletia nas poças, ofuscando seus olhos, e a
barreira de espinhos ao redor do acampamento brilhava com gotas de chuva.
Thornclaw estava emergindo do túnel de tojo com seu aprendiz, Pata de
Fuligem, atrás dele, ambos gatos carregados de presas frescas. Momentos
depois Cloudtail apareceu com Rainpaw e Sorrelpaw.
Firestar soltou um uivo. “Deixe todos os gatos com idade suficiente para
capturar suas próprias presas se reunirem aqui abaixo de Highrock para uma
reunião do Clã.”
O orgulho tomou conta dele enquanto observava seu Clã se reunir abaixo
da rocha. Os três aprendizes mais jovens saíram correndo da pilha de animais
recém-mortos e se sentaram perto da base do Highrock.
Eles conversaram animadamente, talvez imaginando como seria quando se
tornassem guerreiros também. Rabo-manchado conduziu os outros anciãos para
fora de sua toca ao lado da casca queimada da árvore caída. Cinderpelt,
o gato curandeiro, apareceu do

túnel de samambaias que levava à sua toca e mancou para se sentar ao lado de
Pele de Samambaia, Pele de Salgueiro e Pele de Rato.
Firestar avistou Brightheart saindo do berçário. Quando era aprendiz, ela foi
ferida por uma matilha de cães, deixando um lado do rosto arrancado. Agora, com a
barriga inchada com os filhotes que em breve daria à luz, Estrela de Fogo
pensava que nunca pareceu tão feliz. Ela caminhou lentamente pela clareira
para se juntar a seu companheiro, Rabo de Nuvem, perto da pilha de animais recém-
mortos; o guerreiro branco tocou a orelha dela carinhosamente com o nariz.
Atrás dela veio Ferncloud com seus dois filhotes, que saíram correndo com
gritos de excitação em direção à poça mais próxima.
“Megera! Kit aranha! Volte imediatamente”, Ferncloud

os repreendeu.
Os dois filhotes sentaram-se à beira da água, mas continuaram lançando

olhares para a mãe e esfregando a superfície com a pata estendida. Estrela de
Fogo observou, divertida, enquanto seu pai, Pelagem de Poeira, se
aproximava deles, dizia algo severamente e depois se sentava ao lado de
Ferncloud. Apenas um batimento cardíaco se passou antes que uma
pequena pata aparecesse novamente.
“Kit Aranha!” — chamou Dustpelt, alto o suficiente para que Estrela de Fogo
o ouvisse. "O que eu acabei de dizer a você?"
Os dois filhotes olharam para o pai e saíram correndo, com as caudas

minúsculas erguidas no ar. Logo Shrewkit encontrou uma bola de musgo
encharcado no chão. Enganchando-o com uma pata, ele jogou-o em seu irmão;
Kit-Aranha se abaixou e o musgo passou por cima de sua cabeça e atingiu Rabo-
Manchado bem no peito. A anciã malhada saltou sobre as patas, batendo no pelo
encharcado do peito com uma pata e soltando um silvo furioso. No entanto
Speckletail podia ser mal-humorado, Firestar sabia que nunca

machucaria um kit, mas Spiderkit e Shrewkit não tinham certeza disso.
Eles se achataram no chão e recuaram para se sentar ao lado da mãe
e do pai.
Estrela de Fogo perdeu o momento em que Pata de

Espinheiro saiu da toca do aprendiz. Agora ele estava se aproximando
da base da rocha; como Estrela de Fogo era seu mentor, ele foi
escoltado para sua cerimônia de guerreiro por Listra Cinzenta, o
deputado do Clã. Sua pele marrom malhada estava bem cuidada e
brilhante, e seus olhos âmbar olhavam solenemente para seu
líder.
Firestar saltou do Highrock para encontrá-lo.

Perto dele, ele percebeu que a expressão séria de Pata de Amora Doce
escondia uma excitação quase insuportável. Ele percebeu o
quanto esta cerimônia significava para seu aprendiz; será
que Pata de Amora às vezes duvidava que algum dia seria
aceito no Clã do Trovão como um guerreiro completo?
Estrela de Fogo convocou as palavras que foram ditas a todos os

aprendizes da floresta, temporada após temporada. “Eu, Firestar,
líder do ThunderClan, apelo aos meus ancestrais guerreiros para
desprezarem este aprendiz. Ele treinou muito para entender os
costumes de seu nobre código, e eu o recomendo a você como um
guerreiro. Encontrando o olhar de Pata de Amora Doce, ele continuou.
“Bramblepaw, você promete defender o código guerreiro e proteger e
defender este Clã, mesmo ao custo de sua vida?”
"Eu faço." Nenhum gato poderia duvidar do quanto Pata de Espinhoso

quis dizer isso.
“Então, pelos poderes do StarClan”, continuou Firestar, “eu lhe dou seu
nome de guerreiro: Pata de Espinhoso, a partir deste momento você será
conhecido como Garra de Amora Doce. StarClan honra sua coragem e
lealdade, e damos as boas-vindas a você como um guerreiro completo do
ThunderClan.”
Os olhos de Garra de Amora Doce se arregalaram quando Estrela de Fogo falou

de sua lealdade, e Estrela de Fogo sentiu seu pelo arrepiar com o peso do
significado por trás daquela palavra. Ele nunca duvidou do compromisso
de Garra de Amora Doce com o código guerreiro, mas muitas vezes lutou para
confiar no filho de Estrela Tigrada. Ele podia ver alguns dos outros gatos
murmurando uns com os outros, como se também entendessem por que
ele havia escolhido mencionar lealdade na cerimônia guerreira de Garra de Amora
Doce.
Chegando mais perto, Estrela de Fogo apoiou o focinho no topo da cabeça

de Garra de Amora Doce. Ele podia sentir arrepios percorrendo todo o
corpo do novo guerreiro. Garra de Amora Doce lambeu o ombro de
Estrela de Fogo em resposta, depois recuou, com os olhos brilhando.
“Garra de amoreira! Garra de Amora Doce!”
Seus companheiros de clã o cumprimentaram com seu novo nome. Apesar

de ser filho de Tigerstar, ele era popular no Clã, e a maioria dos gatos ficou
satisfeita por ele finalmente ter se tornado um guerreiro.
Estrela de Fogo deu alguns passos para trás, seu olhar vagando para a
poça a alguns metros de distância, onde Shrewkit e Spiderkit estavam brincando.
A superfície havia parado desde que a tocaram, e agora era um disco prateado
brilhante no chão. Estava refletindo uma nuvem de formato estranho. .
. .
Estrela de Fogo piscou. Aquilo não era uma nuvem. Era a cara de um gato: um
gato cinza claro, com manchas brancas no pelo e enormes olhos cor de água,
olhando diretamente para ele. Um fio do mesmo cheiro desconhecido que ele
havia detectado na ravina flutuou ao seu redor.
"Quem é você?" Estrela de Fogo sussurrou. "O que você quer?"
Houve um grito agudo de excitação quando Shrewkit se lançou no

ar e pousou no meio da poça, espirrando em todos os gatos ao seu alcance
e quebrando o reflexo em pequenos fragmentos.
Estrela de Fogo olhou para cima: o céu acima da ravina estava azul e sem
nuvens. Ele olhou ao redor, meio envergonhado, esperando que nenhum de seus
companheiros de clã o tivesse visto conversando com uma poça. Mas enquanto
observava os gatos que ainda se aglomeravam ao redor de Garra de
Amora Doce, ele não conseguia tirar da cabeça o rosto do gato cinza.
Estrela de Fogo liderou a patrulha noturna até Tallpines e Twolegplace,

ainda cautelosa com possíveis problemas do BloodClan naquele lado do território.
A noite já havia caído quando ele e seus companheiros de clã retornaram. Ao
sair do túnel de tojo para o acampamento, ele encontrou Garra de Amora Doce
sentado sozinho no meio da clareira.
“Ele deve estar cansado”, Sandstorm murmurou com simpatia.

— Ele ficou fora até tarde com você ontem à noite, fazendo uma avaliação, e
caçou com Pele Cinza e Listra Cinzenta a tarde toda.
“Ele vai ficar bem”, respondeu Firestar. “Todos os novos guerreiros ficam em
vigília na primeira noite.”
“Para que o resto de nós possa ter uma boa noite de sono.” Cloudtail, o outro
membro da patrulha, espreguiçou-se e bocejou.
Deixando seu companheiro e seus parentes indo para a pilha de caça fresca,
Estrela de Fogo caminhou pela clareira em direção a Garra de Amora Doce.
"Tudo certo?" ele perguntou.
Garra de Amora Doce assentiu; segundo a tradição, um novo guerreiro tinha

que manter sua vigília em silêncio. Ele estava obviamente cheio de orgulho e
levando muito a sério suas novas responsabilidades.
“Bom”, miou Estrela de Fogo. “Não hesite em me buscar se houver

problemas.”
Garra de Amora Doce assentiu novamente e fixou o olhar no

entrada para o túnel espinhoso. Firestar o deixou lá e voltou para sua toca.
Ele se enrolou em seu ninho, mas no momento em que fechou os olhos se viu de
volta à charneca coberta de névoa, com os lamentos dos gatos tremendo em seus
ouvidos. Não! Ele não poderia passar mais uma noite ouvindo impotente
terror.
Lutando para voltar a acordar, Estrela de Fogo saiu cambaleando para a clareira
novamente. Garra de Amora Doce ainda estava sentado em vigília solitária, enquanto
Tempestade de Areia atravessava a clareira em direção ao covil dos guerreiros. Assim
que avistou Estrela de Fogo, ela desviou para se juntar a ele.
“Há algum problema?” ela perguntou. "Você não consegue dormir?"
“Sinto-me inquieto, só isso”, respondeu Firestar, relutante em contar até mesmo

a Sandstorm sobre o sonho. "Eu vou caminhar."
De repente, desejando o calor da companhia dela, ele acrescentou: “Você quer
vir comigo?”
Ele tinha certeza de que seu desespero devia ter transparecido em seus olhos.
mas Sandstorm apenas assentiu. Ela atravessou o acampamento ao lado dele

e o seguiu pelo túnel de tojo. Sem decidir conscientemente, Estrela de
Fogo virou as patas em direção a Sunningrocks, o amontoado de
pedras lisas e cinzentas ao lado do rio que separava o território do Clã do
Trovão do Clã do Rio.
Eles escalaram uma das rochas e sentaram-se lado a lado, observando a

água passar sussurrando, salpicada pela luz das estrelas.
Depois de um momento, Sandstorm quebrou o silêncio. “Você está

preocupado com Garra de Amora Doce? Sobre se você estava certo em
torná-lo um guerreiro?
Sua pergunta surpreendeu Firestar. Será que seus companheiros de clã

achavam que ele ainda desconfiava de Garra de Amora Doce por causa
de quem era seu pai? A surpresa foi seguida por um sentimento de culpa por
estarem tão perto de estarem certos.
“Não”, ele respondeu, tentando tornar a voz firme.

“Garra de Amora Doce não é o mesmo gato que seu pai.”
Para seu alívio, Sandstorm não o pressionou a dizer o que realmente

estava pensando. Ela apenas apoiou a cabeça no ombro dele; o perfume dela o
envolvia enquanto eles olhavam juntos para o rio de luz das estrelas
refletida.
Estrela de Fogo sabia que o toque dela deveria tê-lo confortado, mas ele
não conseguia tirar da cabeça o lamento dos gatos aterrorizados, nem
esquecer o reflexo que vira na poça. Ele olhou para o rio, para a água
agitada se espalhando. não, não eram pedras, ele percebeu, com a pele
rochas semicobertas. . eriçada de medo. Eram gatos, nadando
desesperadamente, agitando a água com as patas, os corpos encharcados
arrastados pela corrente turbulenta.
Ele piscou e a visão desapareceu. Tudo o que ele conseguia ver era o
rio deslizando em sua jornada interminável, com a trêmula luz das estrelas
presa em suas profundezas.
Grande Clã Estelar! ele pensou. O que está acontecendo comigo?

CAPÍTULO 3
Embora Estrela de Fogo não tenha sonhado novamente naquela noite, ele dormiu
mal e ainda se sentia cansado quando saiu de sua toca na manhã seguinte.
Ele piscou sob a luz forte do sol e viu Cinzas caminhando pela clareira
em direção a Garra de Amora Doce. “Sua vigília acabou,”
Estrela de Fogo o ouviu miar. "Vamos; Vou encontrar um lugar para você
dormir.
Eles desapareceram no covil dos guerreiros enquanto Estrela de

Fogo cruzava a clareira e descia pelo túnel de samambaias que levava
ao covil de Pele de Cinzas.
O curandeiro de pêlo cinza estava sentado do lado de fora da fenda na

rocha, revirando algumas ervas com uma pata.
Brightheart sentou-se ao lado dela e inclinou a cabeça para frente para
cheirar as folhas com interesse.
“Isso é borragem”, explicou Cinderpelt. “Você deveria começar a comer

agora, então quando seus kits chegarem você terá bastante leite.”
Brightheart lambeu as ervas, fazendo uma careta enquanto as engolia. “Eles

têm gosto tão amargo quanto bile de rato. Mas não me importo —
acrescentou ela apressadamente. “Quero fazer o meu melhor pelos meus kits.”
“Você vai ficar bem”, assegurou-lhe Cinderpelt. “Volte a cada
25
manhã para pedir mais algumas ervas e me ligue imediatamente se achar que
os kits estão chegando. Não acho que vai demorar muito agora.”
“Obrigado, Pele de Cinzas.” Brightheart baixou a cabeça para o curandeiro

e atravessou a clareira, passando por Estrela de Fogo no fim do túnel.
“Certifique-se de descansar bastante”, ele miou enquanto ela voltava para o

acampamento principal.
Pele de Cinza tirou alguns restos de borragem das patas e mancou até a
clareira para encontrar Estrela de Fogo. Ela já foi sua aprendiz, mas um
acidente ao lado do Caminho do Trovão machucou sua perna e tornou
impossível para ela ser uma guerreira. Firestar sabia o quão difícil foi para
ela desistir do futuro que sempre sonhou; ele ainda se culpava por não cuidar
melhor dela.
“Cinderpelt, preciso falar com você”, ele começou.
Antes que o curandeiro pudesse responder, um lamento soou atrás de

Estrela de Fogo. “Pelta de Cinzas! Olhe minha pata!”
“Grande StarClan, e agora?” o curandeiro murmurou.
Sorrelpaw, a menor das aprendizes, cambaleou até a clareira sobre três

pernas, estendendo a pata dianteira. “Olha, Pele de Cinzas!”
A gata curandeira inclinou a cabeça para examinar a pata.

Estrela de Fogo percebeu que um espinho estava cravado profundamente na plataforma.
“Honestamente, Pata Sorrel,” Miou Pele de Cinzas, “pelo barulho que você
estava fazendo, pensei que uma raposa devia ter arrancado sua pata com uma
mordida. É apenas um espinho.”
"Mas isso machuca!" a aprendiz protestou, seus olhos âmbar arregalados.

Pele de Cinzas resmungou. “Deite-se e estenda a pata.”
Estrela de Fogo observou enquanto o curandeiro segurava habilmente a

haste do espinho entre os dentes e o puxava para fora. Um jorro de sangue
se seguiu.
"Está sangrando!" Sorrelpaw exclamou.
“É verdade”, concordou Pele de Cinza calmamente. “Dê uma boa lambida.”
“Todo gato pega espinhos de vez em quando”, disse Estrela de Fogo à

aprendiz enquanto sua língua raspava ativamente em seu bloco.
“Você provavelmente aprenderá muitos mais antes de se tornar um ancião.”
"Eu sei." Sorrelpaw saltou sobre as patas novamente. “Obrigado, Pele

de Cinzas. Está tudo bem agora, então voltarei para os outros. Estamos
treinando na depressão arenosa.” Seus olhos brilharam e ela flexionou as
garras. “Sandstorm vai me mostrar como lutar contra raposas!”
Sem esperar por uma resposta, ela disparou pelo túnel de samambaias.
Os olhos azuis de Cinderpelt brilharam. “Sandstorm está com as patas

ocupadas com isso”, ela comentou.
“Você também está com as patas ocupadas”, miou Estrela de Fogo. “Está
sempre tão ocupado?”
“Ocupado é bom”, respondeu Cinderpelt. “Contanto que não haja

derramamento de sangue. É ótimo poder usar minhas habilidades para cuidar do
meu Clã.”
Seus olhos brilharam de entusiasmo e mais uma vez Estrela de Fogo se

lembrou da aprendiz que fora. Que guerreira ela teria sido! Mas o acidente
desviou toda a sua energia, como um riacho claro e cintilante, para o
caminho de um gato curandeiro.
“Ok, Firestar,” ela solicitou. “Você também está ocupado, então não
veio aqui apenas para fofocar. O que posso fazer para você?"
Apertando as orelhas para que Estrela de Fogo a seguisse, ela foi até a
fenda na rocha e começou a guardar os caules restantes de
borragem. Estrela de Fogo sentou-se ao lado dela, subitamente relutante
em contar a qualquer gato sobre as estranhas visões que tivera.
“Tenho tido esses sonhos. . . .”
Cinderpelt lançou-lhe um olhar rápido; normalmente apenas gatos

curandeiros recebiam sonhos do StarClan, mas ela havia aprendido há
muito tempo que seus ancestrais guerreiros também vieram para Firestar.
“Não foi um sonho do StarClan”, continuou Firestar. “Pelo menos, não

acho que tenha sido.” Descreveu a charneca envolta em névoa onde o
lamento desesperado dos gatos o rodeava. Ele não teve coragem de contar
a Pele de Cinzas sobre o gato cinza-claro que vira na ravina
quando estava acordado, ou sobre o reflexo na poça e os gatos lutando no
rio. Eles poderiam ser explicados com muita facilidade: estranhas
formações de nuvens, truques de luz ou o padrão da luz das estrelas
na água escura.
Cinderpelt terminou de arrumar as ervas e sentou-se ao lado dele, com

os olhos pensativos. “Você já teve esse sonho duas vezes?”
"Isso mesmo."
“Então eu acho que é mais do que um pedaço de caça fresco preso em

sua barriga.” Ela piscou várias vezes e acrescentou: “Esses muitos gatos
só poderiam pertencer a um Clã. . . e você tem certeza de que não foi o
WindClan?
"Positivo. A charneca não ficava em nenhum lugar do território do Clã do

Vento, tenho certeza, e não reconheci nenhuma das vozes.
Além disso, não houve nenhum relato de problemas no WindClan.”
Pele de Cinza assentiu. “E nenhum dos outros Clãs também. Você

acha que está se lembrando da batalha com o BloodClan?
“Não, Pele de Cinzas, o que ouvi não foram uivos de batalha. Eram
gatos chorando como se algo estivesse terrivelmente errado.” Estrela
de Fogo estremeceu. “Eu queria ajudá-los, mas não sabia o que fazer.”
Cinderpelt passou o rabo pelo ombro dele. “Eu poderia te dar um

pouco de semente de papoula”, ela sugeriu. “Pelo menos isso lhe daria uma
boa noite de sono.”
"Obrigado, mas não. Não é dormir que eu quero. É uma explicação.”
Cinderpelt não pareceu surpreso. “Isso é algo que não posso lhe
dar, não agora”, ela miou. “Mas eu avisarei você se o StarClan me mostrar
alguma coisa. E não se esqueça de vir me dizer se você tem mais
sonhos.”
Firestar não tinha certeza se queria fazer isso. Cinderpelt tinha o

suficiente para mantê-la ocupada sem se preocupar com ele.
“Provavelmente estou fazendo barulho por nada”, ele disse a ela. “Tenho
certeza de que os sonhos irão embora se eu parar de pensar neles.”
Ele não conseguiu se convencer e, enquanto caminhava pelo túnel de

samambaias com o olhar azul-claro do curandeiro o seguindo, teve
certeza de que também não havia convencido Pele de Cinzas.
Na segunda noite após sua conversa com Pele de Cinzas,

Firestar teve o sonho novamente. Ele ficou parado na charneca sem trilhas,
esforçando-se para distinguir as formas borradas que estavam todas
ao seu redor, mas nunca perto o suficiente para ver claramente.
"O que você quer?" ele chamou. "O que eu posso fazer para te ajudar?"
Mas não houve resposta. Estrela de Fogo estava começando a se sentir como se
estivesse condenado a tropeçar para sempre naquela charneca envolta em névoa,
chamando gatos que não podiam ou não queriam ouvi-lo.
O sol havia nascido alto acima das árvores quando ele acordou na manhã
seguinte. Um vento quente agitou seu pelo quando ele saiu para a clareira. Pata
de Fuligem estava correndo pela clareira com uma enorme bola de musgo
fresco para a cama dos mais velhos.
Ferncloud e Brightheart estavam tomando sol na entrada do berçário,
observando Shrewkit e Spiderkit brincando de luta.
Estrela de Fogo enrijeceu ao som de gritos estridentes vindos de fora do

acampamento. Em algum lugar próximo, um gato estava em terrível perigo.
Seu sonho o seguiu até o mundo desperto? Ou ele ainda estava dormindo, preso
no mesmo sonho?
Ele forçou as pernas para carregá-lo até o túnel de tojo.

Mas antes que ele chegasse à entrada do acampamento, Rabo de Nuvem e
Pelo de Samambaia apareceram, apoiando Rabo Longo, cujas mandíbulas
estavam bem esticadas, soltando altos gemidos de angústia.
O aprendiz de Cloudtail, Rainpaw, os seguiu até o acampamento, com o
pelo arrepiado de choque.
Os olhos de Longtail estavam fechados; sangue jorrou por baixo das pálpebras
inchadas e respingou em seu pelo pálido e malhado. “Não consigo ver!
Não consigo ver! ele lamentou.
"O que aconteceu?" — exigiu Estrela de Fogo.

“Estávamos caçando”, explicou Brackenfur. “Longtail pegou um coelho, ele

se virou contra ele e arranhou seus olhos.”
“Não se preocupe”, Cloudtail assegurou Longtail. “Vamos levar você para Pele de
Cinzas imediatamente. Ela vai consertar você.
Estrela de Fogo os seguiu enquanto eles guiavam Rabo Longo pela clareira e
pelo túnel de samambaias. Cloudtail chamou Cinderpelt, que apareceu da fenda
na rocha e mancou rapidamente para o lado de Longtail. "Como isso
aconteceu?"
Pelo de Samambaia repetiu o que havia dito a Estrela de Fogo,

enquanto Pele de Cinza descansava o rabo suavemente no ombro de Rabo Longo.
O lamento do guerreiro malhado se transformou em respirações superficiais

e ásperas. Ele estava tremendo violentamente. “Não consigo ver”, ele sussurrou.
“Cinderpelt, vou ficar cego?”
“Não posso dizer até examinar seus olhos”, respondeu Cinderpelt. Firestar
sabia que não tentaria confortar Longtail com uma mentira. “Venha aqui e sente-
se nas samambaias, onde posso dar uma boa olhada em você.”
Ela o levou até uma moita de samambaias do lado de fora da abertura de sua
toca. Longtail caiu de lado, ainda ofegante.
“Rainpaw, traga-me um pouco de musgo embebido em água”, instruiu Cinder-

pelt, “o mais rápido que puder.” O aprendiz olhou para seu mentor e, quando Rabo
de Nuvem assentiu, ele saiu em disparada, deixando as samambaias do túnel
ondulando atrás dele. “O resto de vocês pode ir”, acrescentou o curandeiro, “e
deixar Longtail ter um pouco de paz e sossego”.
Rabo de Nuvem e Pelo de Samambaia se viraram para sair, mas Estrela

de Fogo foi até Pele de Cinza, que estava acalmando Rabo Longo com
uma pata acariciando seu flanco.
"Há algo que eu possa fazer?" ele perguntou.
“Apenas vá com os outros e deixe-me continuar com isso,”

Pele de Cinza respondeu, seu tom ácido lembrando Estrela de Fogo de
seu mentor, Presa Amarela. Quando Firestar se virou, ela acrescentou: “Oh,
você pode pedir a Cloudtail para me deixar ficar com Rainpaw pelo resto
do dia. Um aprendiz de buscar e carregar seria útil.”
“Boa ideia”, respondeu Firestar. "Eu direi a ele."
Seu coração estava partido de pena de Longtail. O guerreiro malhado

desafiou Estrela de Fogo quando chegou à floresta e esteve muito perto
de Estrela Tigre. Mas quando os planos do deputado assassino
ficaram claros, Longtail percebeu onde estava sua verdadeira lealdade e,
desde então, ele se tornou um dos guerreiros mais confiáveis da Estrela de
Fogo.
Quando Estrela de Fogo chegou à clareira, ele viu Cauda de Nuvem e

Pelo de Samambaia parados com Coração Brilhante, que os interrogava
ansiosamente. Pelo de Rato e Listra Cinzenta saíram da toca dos guerreiros
para descobrir o que estava acontecendo.
Firestar foi até Cloudtail e passou o pedido de Cinderpelt

sobre Rainpaw.
“Claro,” o guerreiro branco miou. “De qualquer forma, é um bom

treinamento para Rainpaw.”
“O que vai acontecer com Longtail?” Coração Brilhante ficou preocupado.

“Ele realmente ficará cego?”
“Cinderpelt ainda não sabe”, respondeu Firestar. “Esperemos que

os danos não sejam tão graves quanto parecem.”
“Tive sorte”, murmurou Brightheart, meio para si mesma. “Pelo menos

ainda tenho um olho.”
Olhando para seus rostos preocupados, Estrela de Fogo tentou dar-

lhes algo mais em que pensar. “E a patrulha de caça?” ele perguntou
Cauda de Nuvem e Pelo de Samambaia. “É melhor você continuar, e eu irei
com você. Aconteça o que acontecer, o Clã ainda precisa ser alimentado.”
— Vou liderar outro — ofereceu Listra Cinzenta. "Mousefur, você está

pronto para isso?"
A guerreira morena e magra assentiu, balançando a cauda. “Vou

buscar Pele de Poeira”, ela miou.
Enquanto ela galopava em direção ao covil dos guerreiros, Estrela de

Fogo lançou um último olhar para o túnel de samambaias. Tudo estava quieto
agora na clareira de Pele de Cinzas. "Oh, StarClan", ele sussurrou, "não deixe
Longtail perder a visão."
Naquela noite, Estrela de Fogo estava inquieta demais para se acomodar

em sua toca. Ele estava com medo de que o sonho voltasse. Ele passou a
temer a charneca desconhecida e os gritos de angústia dos gatos que ele não
tinha poder para ajudar.
Enquanto caminhava pela clareira, ouviu um murmúrio vindo do covil

de Pele de Cinzas e vasculhou o túnel de samambaias para descobrir o que
era. Longtail estava deitado nas samambaias do lado de fora da rocha partida.
Seus olhos estavam fechados, mas ele parecia tenso demais para
dormir. Lágrimas pegajosas escorriam de suas pálpebras.
Cinderpelt sentou-se ao lado dele, acariciando-lhe levemente a testa

com a ponta da cauda, murmurando-lhe palavras de conforto que uma mãe
poderia usar para acalmar um filhote ferido. Ela olhou para cima quando
Firestar apareceu.
“Você não deveria estar descansando?” ele perguntou.
Seus olhos azuis brilharam ao luar. “Eu poderia te perguntar a mesma coisa.”
Firestar encolheu os ombros e foi sentar-se ao lado dela. “Eu não conseguia
dormir. Como está Cauda Longa?
"Eu não tenho certeza." Pele de Cinzas pegou um punhado de ervas mastigadas
de uma folha ao lado dela e deu tapinhas delicados nos olhos de Rabo Longo. Estrela
de Fogo reconheceu o cheiro forte de calêndula. “O sangramento parou,
graças ao StarClan”, continuou o curandeiro, “mas seus olhos ainda estão muito
inchados”.
"Estrela de Fogo." Longtail ergueu a cabeça, embora mantivesse os olhos bem

fechados. “O que acontecerá comigo se eu ficar cego? Se eu não puder mais ser um
guerreiro?”
“Não se preocupe com isso,” Firestar miou com firmeza.

“Aconteça o que acontecer, sempre haverá um lugar para você no ThunderClan.”
Longtail soltou um longo suspiro e abaixou a cabeça novamente.

Estrela de Fogo achou que ele havia relaxado um pouco e esperava poder dormir.
“Escute, Estrela de Fogo.” Cinderpelt passou um pouco mais do cataplasma de

calêndula nos olhos de Longtail enquanto ela falava. “Como seu curandeiro, estou dizendo
para você descansar um pouco.” Mais calmamente, ela acrescentou: “Seu sonho não vai
desaparecer; você sabe disso tão bem quanto eu. Você precisa descobrir o que isso
significa, e a única maneira de fazer isso é sonhar repetidamente até descobrir.”
Estrela de Fogo hesitou; ele não tinha certeza se concordava. Sonhar não lhe
dissera muito até agora. “Tudo bem”, ele miou com relutância.
“Mas se o StarClan está tentando me dizer algo, gostaria que eles deixassem
isso mais claro.”
Obedecendo a Pele de Cinzas, ele voltou para sua toca. Mas desta vez
ele dormiu sem sonhar.
Cedo na manhã seguinte, ele voltou à toca da gata curandeira, levando

para ela um esquilo da pilha de animais recém-mortos. Ele encontrou Pele
de Cinzas ainda sentado ao lado de Longtail, que estava dormindo.
"Você esteve aqui a noite toda?" — perguntou Estrela de Fogo, largando

o esquilo ao lado de Pele de Cinzas.
“Onde mais eu estaria? Longtail precisa de mim. Não se preocupe; Eu não

estou cansado." Ela se contradisse esticando os maxilares num enorme bocejo.
“Ontem à noite você me disse para dormir um pouco”, apontou

Firestar. “Agora, como líder do seu Clã, estou lhe dizendo. Não adiantará
nada a Longtail se nosso curandeiro ficar doente.
“Mas estou preocupado com ele.” Cinderpelt a abaixou

voz, embora Longtail estivesse dormindo. “Acho que os olhos dele estão
infectados. As garras do coelho deviam estar sujas.”
Firestar olhou para os olhos fechados de Longtail. Ele não conseguia ver
muita diferença em relação à noite anterior: eles ainda estavam vermelhos
e inchados, com um líquido pegajoso e uma crosta de polpa de calêndula
ao redor deles.
“Isso é uma má notícia”, ele miou. “Mesmo assim, acho que você deveria
comer aquela caça fresca e depois descansar um pouco. Vou mandar
Rainpaw para você novamente”, acrescentou ele de forma persuasiva. “Ele
pode ficar de olho nas coisas e ligar para você se Longtail acordar.”
Cinderpelt levantou-se sobre as patas e arqueou as costas em um longo movimento.

esticar. “Tudo bem”, ela concordou. “Mas você pode dizer a Rainpaw para
buscar mais calêndula primeiro? Há muitos perto do topo da ravina.”
“Desde que eu veja você comendo aquele esquilo.”
Cinderpelt se agachou ao lado do esquilo, apenas para olhar

novamente para Estrela de Fogo antes de começar a comer. “Estou com
tanto medo de não conseguir salvar a visão de Longtail”, ela confessou.
Estrela de Fogo tocou gentilmente o nariz na orelha dela. “Todos os

gatos do Clã sabem que você está fazendo o seu melhor. Longtail sabe
disso acima de tudo.
“E se o meu melhor não for bom o suficiente?”
"Será. O ThunderClan não poderia ter um curandeiro melhor.”
Cinderpelt suspirou e balançou a cabeça antes de começar a engolir o

esquilo. Estrela de Fogo sabia que ele estava perdendo tempo tentando
tranquilizá-la. Se Cauda Longa ficasse cega, Pele de Cinza se
culparia, assim como fizera quando o companheiro de Listra Cinzenta,
Corrente Prateada, morreu carregando seus filhotes.
Descansando o rabo brevemente no ombro do curandeiro, ele foi

procurar por Rainpaw.
Estrela de Fogo liderou o caminho encosta acima em direção a

Fourtrees. A chuva havia caído mais cedo naquele dia, e gotas grudavam
em sua pele enquanto ele escovava a grama alta. Mas agora as nuvens tinham
desaparecido e a lua cheia flutuava num céu claro, rodeada pelo
brilho da Pele Prateada.
Os guerreiros que Firestar escolheu para participar do Encontro

seguiu com força em suas patas. Garra de Amora Doce saltava atrás de seu
ombro, os olhos brilhando como se ele mal conseguisse evitar assumir a
liderança e subir a encosta correndo.
“Acalme-se”, Listra Cinzenta miou para ele. “Não é como se esta fosse
sua primeira reunião.”
“Não, mas sempre fui um aprendiz antes”, ressaltou Garra de Amora Doce.
— Listra Cinzenta, você acha que Estrela de Fogo contará a todos os Clãs que
me tornei guerreiro?
Estrela de Fogo olhou por cima do ombro. "Sim, claro que vou."
— Mas eles podem não acreditar, a menos que você pare de se comportar
como um aprendiz — alertou Listra Cinzenta, sacudindo a orelha de Garra de
Amora Doce com o rabo.
Estrela de Fogo já podia ouvir o som de muitos gatos à frente e sentiu os

aromas do Clã do Vento, do Clã do Rio e do Clã das Sombras na brisa
quente. Ele acelerou o passo. Seus sonhos ainda eram assombrados por vozes
desconhecidas levantadas em sofrimento, e seria bom passar algum tempo entre
gatos que ele conhecia bem. Ele queria lidar com problemas que já havia
conhecido antes, em vez de se esforçar para descobrir o que os gatos
estranhos queriam dele.
Mas ao subir a última encosta até a borda da depressão, ele parou

abruptamente. Por alguns instantes, ele se convenceu de que havia gatos
correndo em sua direção, muitos gatos, um clã inteiro. Ele piscou e não viu
nada além de sombras.
Mas o cheiro que ele sentiu em seus sonhos fluía ao seu redor, mais forte agora.
Atrás de seus olhos ele tinha a impressão de orelhas achatadas e pêlo desgrenhado,
como se os gatos estivessem fugindo de uma Reunião que havia se
desintegrado em desordem.
Um momento depois, a sensação desapareceu e Estrela de Fogo

percebeu que Pelagem de Poeira esbarrava nele por trás.
“Pelo bem do StarClan,” o guerreiro malhado marrom resmungou,

“você tem que parar assim? Qualquer gato pensaria que você
esqueceu o caminho.”
“Desculpe,” Firestar miou.
Com as patas ainda formigando, ele deu os últimos passos

que o levaram ao topo da depressão. À sua frente, os quatro grandes
carvalhos farfalhavam os galhos, enviando padrões mutáveis de luz e
sombra sobre os gatos na clareira. Ele parou por alguns instantes a
mais do que o normal, procurando por quaisquer outros vestígios
dos gatos estranhos. Mas não havia nada que lhe dissesse quem
eram, e nenhum vestígio do guerreiro pálido cujo reflexo ele vira na poça.
Forçando-se a se concentrar na Reunião, ele ergueu o rabo para
sinalizar ao seu Clã e mergulhou nos arbustos.
Quando Estrela de Fogo chegou à clareira, Garra de Amora Doce

passou correndo por ele e parou na frente de uma gata tartaruga
sentada a alguns centímetros de distância. “Tawnypaw!” ele ofegou.
"Adivinha?"
Sua irmã olhou para ele. “Tawnypaw? Quem é ela? Agora sou
Tawnypelt, se não se importa.
A cauda de Garra de Amora Doce se enrolou de alegria. "Você é? Isso é

ótimo! Eu também sou... quero dizer, também sou um guerreiro. Meu nome é
Garra de Amora Doce.”
Tawnypelt ronronou e entrelaçou o rabo no do irmão.

"Parabéns!"
Logo além deles, Listra Cinzenta cumprimentava o filho e

filha, Stormfur e Feathertail, cujos novos nomes de guerreiros foram

anunciados por Leopardstar, o líder do RiverClan, na Reunião anterior.
Stormfur era um gato cinza musculoso, muito parecido com seu pai,
enquanto Feathertail tinha a bela pele cinza clara de sua mãe,
Silverstream.
Tempestade de areia foi direto para Mistyfoot, o representante do Clã

do Rio, que estava sentado perto da Grande Pedra. As duas gatas se
tornaram amigas quando Mistyfoot foi expulsa de seu próprio clã por
Tigerstar e passou algum tempo no ThunderClan.
Vendo que o resto de seus guerreiros também cumprimentavam

amigos de outros Clãs, Estrela de Fogo dirigiu-se para a Grande
Rocha, onde Leopardstar, Blackstar e Tallstar estavam esperando.
Estrela Alta deu um passo à frente enquanto Estrela de Fogo surgiu para
se juntar a eles. “Saudações, Estrela de Fogo. Agora que estamos todos aqui, a Reunião
pode começar.”
Estrela de Fogo baixou a cabeça para os outros três líderes enquanto

Estrela Negra soltou um uivo, sinalizando para os gatos na clareira abaixo
ficarem quietos. “Começarei falando em nome do ShadowClan”, anunciou
ele, estreitando os olhos para os outros líderes, como se eles pudessem
desafiar seu direito de fazer seu relatório primeiro.
Nenhum dos outros líderes tentou discutir com ele, embora Estrela Alta
tenha lançado um olhar para Estrela de Fogo e Estrela Leopardo mexeu
irritadamente a ponta da cauda.
“A presa está indo bem no ShadowClan,” Blackstar

começou. “E criamos um novo guerreiro, Tawnypelt.”
Um coro de uivos irrompeu quando os gatos dos quatro Clãs

parabenizou Tawnypelt e chamou seu nome. Estrela de Fogo olhou

para baixo e viu a jovem guerreira de tartaruga sentada ao lado de seu
irmão, com os olhos brilhando de orgulho. Mas ele não pôde deixar de
notar que alguns de seus próprios companheiros de clã — o deputado,
Russetfur, por exemplo — permaneceram em silêncio, lançando olhares
suspeitos a Tawnypelt. Estrela de Fogo conteve um suspiro. Alguns gatos
do ShadowClan claramente desconfiavam dela porque ela nasceu no ThunderClan.
“Vimos mais Duas-Pernas em nosso território”, continuou Blackstar.

“Eles andam uivando uns para os outros e às vezes deixam seus
monstros deixarem o Caminho do Trovão e se espalharem pela
floresta.”
“Deixar o Caminho do Trovão?” Mistyfoot gritou de baixo. "Por

que? Eles estão perseguindo seus gatos, Blackstar?”
“Não”, respondeu o líder do ShadowClan. “Acho que eles nem sabem

que estamos lá. Eles não serão problema, desde que fiquemos longe
deles.”
“Mas eles devem assustar a presa,” Estrela Alta murmurou para

Estrela de Fogo. “Eu não gostaria de mais nenhum deles em meu território;
isso é certeza."
“Os gatos do ShadowClan são melhores do que a maioria de nós em se esconder,”

Firestar apontou baixinho.
Blackstar recuou, cutucando Estrela Alta. “Vá em frente, é a sua vez”,

ele miou.
O líder do WindClan baixou a cabeça antes de avançar para a beira

da rocha. “Tudo está bem no WindClan”, relatou ele. “Ashfoot
tem uma nova ninhada de três kits. Bigode Um e Garra de Lama
afugentaram uma raposa que parecia pensar que seria mais feliz vivendo
nas charnecas do que na floresta.”
“Logo mudamos de ideia!” Mudclaw, o deputado do WindClan,

uivou de onde estava sentado, na base da Grande Rocha.
“É melhor você ficar atento”, continuou Estrela Alta para Leopardstar.

“Ele cruzou seu território perto do rio.”
“Obrigado por isso, Estrela Alta,” o líder do Clã do Rio respondeu

secamente. “Outra raposa é exatamente o que precisamos. Vou avisar as
patrulhas.
Firestar lembrou-se de fazer o mesmo. O território do Clã do Rio era estreito

ali, e se a raposa tivesse continuado, poderia facilmente ter cruzado
para o Clã do Trovão.
Enquanto isso, Leopardstar deu um passo à frente. “Como sempre em

Greenleaf, há mais Duas-Pernas por aí”, ela miou.
“Eles trazem barcos para o rio e seus filhotes brincam na água e
assustam os peixes. Nesta temporada o rio está baixo, então não há
tantos Duas-Pernas como de costume. No entanto, não temos
problemas em nos alimentar.”
Firestar se perguntou se isso era completamente verdade. Se a água

do rio estivesse baixa, certamente também não haveria tantos peixes.
Mas não cabia a ele discutir, e ele sabia que Leopardstar, como todos os
líderes, não iria querer que seu Clã parecesse fraco por falta de comida.
“ThunderClan também tem um novo guerreiro”, anunciou ele

quando Leopardstar recuou. “Pata de Amora Doce teve sua cerimônia de
guerreiro e agora é Garra de Amora Doce.”
Outro coro de parabéns irrompeu, enquanto Garra de Amora

Doce se sentava ao lado da irmã e os cumprimentava com uma
inclinação de cabeça envergonhada. Enquanto ele esperava pelo
barulho para diminuir, Firestar decidiu não mencionar o acidente de Longtail.

Antes da próxima Reunião, Pele de Cinzas provavelmente teria curado os olhos
do guerreiro malhado e todo o incidente seria esquecido.
“Nossas presas são abundantes e os Duas-Pernas não estão nos

incomodando”, concluiu.
Não era sempre que uma Reunião terminava tão rapidamente, sem
perturbações sérias para relatar do exterior e sem motivo para brigas entre os
Clãs. Quando Blackstar encerrou, Firestar olhou para o buraco. Era cada
vez mais difícil lembrar como era depois da batalha com o Clã de Sangue,
quando a grama estava manchada de vermelho e os corpos dos gatos da
floresta e dos invasores do Lugar das Duas Pernas estavam espalhados pela
clareira.
Ele havia perdido sua primeira vida então, vendo um contorno pálido de si
mesmo tomar seu lugar entre os guerreiros do StarClan.
Os gatos estrelados lhe deram coragem para continuar lutando quando lhe
disseram que sempre existiram quatro Clãs vivendo na floresta, e sempre
existiriam.
A vida continuaria assim para sempre; Firestar achou o pensamento

reconfortante. A rotina diária das patrulhas, o trabalho de encontrar presas
e treinar aprendizes – até mesmo eventos perturbadores como o
ferimento de Longtail e seus próprios sonhos inexplicáveis –
pareciam pequenos e insignificantes quando colocados ao lado do padrão
interminável da vida do Clã. Firestar fazia parte de uma longa, longa linhagem
de gatos, todos movidos pela lealdade aos seus companheiros de clã e ao
código guerreiro. Mesmo depois de ter perdido a sua última vida, os
Great Oaks ainda estariam aqui, um para cada Clã, até que o seu nome
fosse esquecido há muito tempo.
CAPÍTULO 4
A Reunião acabou. Estrela de Fogo contraiu os músculos para saltar para a clareira.
Enquanto procurava um espaço para pousar, ele congelou, agarrando a
superfície da rocha com suas garras. A depressão de repente pareceu
mais lotada do que o normal. Formas elegantes e iluminadas pelas
estrelas serpenteavam entre os gatos da floresta, perto o suficiente para
que suas peles roçassem. Os gatos da floresta passaram por eles sem
olhar, chamando seus companheiros de clã enquanto se preparavam
para partir. Os outros três líderes saltaram para o meio dos estranhos
como ratos aquáticos saltando num lago. Leopardstar quase pousou em
cima de um guerreiro branco brilhante e saltou para longe sem sequer
mexer os bigodes.
Estrela de Fogo estremeceu. Nenhum dos outros pode vê-los!
Seu olhar foi atraído para um gato entre as formas estreladas: o gato
cinza e branco que ele já vira duas vezes antes. Ele estava olhando diretamente
para Estrela de Fogo, suas mandíbulas abertas em um apelo
silencioso, mas antes que Estrela de Fogo pudesse responder, Garra de Lama
do Clã do Vento passou na frente dele e o gato cinza e branco desapareceu.
Estrela de Fogo sabia que aqueles eram os mesmos gatos que

ele vira pulando no rio, os mesmos gatos que lhe apareceram
indistintamente através da névoa em seus sonhos. Quem são eles?
43
E o que eles estão fazendo aqui?
“Ei, Estrela de Fogo!” Listra Cinzenta gritou do sopé da Grande

Rocha. “Você vai ficar aí a noite toda?”
Estrela de Fogo se sacudiu. Ele não poderia continuar assim.

Esses gatos o perseguiram em seus sonhos e agora também o
assombravam no mundo desperto. Ele tinha que descobrir o porquê,
e se Cinderpelt não pudesse ajudá-lo, poderia haver outros gatos
que pudessem.
Ele saltou para onde Listra Cinzenta o esperava com Tempestade de

Areia, Garra de Amora Doce e o resto dos guerreiros do Clã
do Trovão. “Graystripe, quero que você e Sandstorm
conduzam o Clã de volta ao acampamento.”
"Por que, onde você está indo?"
Estrela de Fogo respirou fundo. “Eu preciso ir para a

Pedra da Lua. Eu tenho que compartilhar línguas com o StarClan.”
Listra Cinzenta pareceu surpreso, mas o olhar verde de Tempestade de Areia

encontrou o de Estrela de Fogo com uma expressão de compreensão.
“Eu sabia que algo estava incomodando você,” ela miou baixinho, roçando
sua pele na dele. “Talvez você se sinta melhor depois de falar com
nossos ancestrais guerreiros.”
“Espero que sim”, respondeu Firestar.
“Devo ir com você?” Listra Cinza ofereceu. “O resto do Clã não precisa
que eu os leve para casa, e você nunca sabe o que pode estar
escondido nas charnecas. E se aquela raposa voltou?”
“Não, obrigado, Listra Cinzenta”, miou Estrela de Fogo. “Irei com o

WindClan até o acampamento deles e depois disso ficarei bem.”
"OK." Graystripe reuniu o resto do ThunderClan

guerreiros juntos com um movimento de sua cauda. “Quando você passar pela
fazenda de Barley, diga oi para Ravenpaw por mim.”
"Eu farei isso." Estrela de Fogo virou-se para Tempestade de Areia e encostou
o nariz no dela. "Adeus. Eu volto em breve."

"Boa sorte." Tempestade de areia piscou para ele. “Espero que você encontre
algumas respostas. Parece que você está muito longe agora.”
Dando uma última lambida na orelha, Estrela de Fogo mergulhou nos arbustos até
o topo da encosta no lado do Clã do Vento da depressão.
Estrela Alta já estava conduzindo seus gatos para a charneca: formas pequenas
e escuras delineadas contra o luar. Estrela de Fogo correu atrás deles até
alcançar o gato que vinha na retaguarda.
“Oi, Bigode”, ele ofegou. “Tudo bem se eu viajar com você? Preciso ir para
Highstones.
"Claro. Sem problemas, espero?
“Nada com que se preocupar”, respondeu Firestar, esperando que

era verdade.
Ele se despediu dos gatos do Clã do Vento na encosta acima da

depressão onde eles acampavam. Amanhecia quando ele partiu para Highstones, a
massa pontiaguda de rocha escura contra o céu pálido. Um vento frio agitava
a grama curta e elástica, pressionando o pelo de Estrela de Fogo contra seus
flancos. Aqui em cima o céu parecia enorme, sem árvores para se proteger. Os aromas
também não eram familiares: uma mistura de tojo, urze e coelhos, com um forte
cheiro de terra turfosa.
Um pequeno riacho cercado de juncos cruzou o caminho de Estrela de Fogo.

Ele saltou com facilidade, assustando um coelho que pulou sob suas patas e
fugiu encosta abaixo, balançando a cauda branca.
As patas de Estrela de Fogo ansiavam por persegui-lo, mas ele não faria
presas no território de outro Clã; além disso, um líder do Clã que viajou para
Highstones para se encontrar com o StarClan na Moonstone não teve
permissão para comer durante a viagem.
O sol já havia nascido quando a charneca árida deu lugar a prados

exuberantes delimitados por sebes e cercas de duas pernas.
Um ninho de Duas Pernas apareceu e Estrela de Fogo ouviu o latido distante de
um cachorro. Ele olhou em volta com cautela, sentindo o gosto do ar, mas o
cheiro de cachorro era rançoso, e ele lembrou a si mesmo que a essa altura os
cães da fazenda, que eram deixados soltos à noite, estariam amarrados
novamente.
Ele contornou o ninho de Duas Pernas, esgueirando-se pela sombra de

uma cerca viva. Outro cheiro veio em sua direção, mais forte e fresco que o
cheiro de cachorro: ratos! Firestar fez uma pausa, lembrando-se de como, em sua
primeira viagem a Highstones, Bluestar havia
perdeu uma vida numa batalha com ratos muito perto deste lugar. Identificando a
origem do cheiro, ele percebeu que estava na direção do vento; com alguma
sorte ele poderia passar sem avisar os ratos que estava aqui.
Não muito longe do ninho das Duas Pernas havia um celeiro construído
de pedra bruta. Estrela de Fogo dirigiu-se para lá e parou do lado de fora
da porta. Um forte cheiro de gatos emanava de uma abertura no fundo.
Estrela de Fogo sentiu um ronronar crescendo em seu peito. “Oi,” ele miou.
"Posso entrar?"
"Estrela de Fogo!" Um miado de alegria veio de dentro do celeiro e a

cabeça de um gato preto apareceu pela fresta. "O que você está fazendo
aqui?"
Estrela de Fogo deslizou pela porta e ficou no meio da poeira

restos de palha no chão do celeiro. Ele foi recebido com entusiasmo

por Ravenpaw, que era aprendiz do ThunderClan quando Firestar chegou
à floresta. Ravenpaw sabia muito sobre os crimes de Tigerstar, e Firestar
o trouxe para o celeiro antes que o sanguinário policial o assassinasse
para mantê-lo quieto. Ravenpaw era magro e nervoso naquela época;
agora ele estava elegante e bem alimentado, sua pele preta
brilhando à luz do sol que entrava por um buraco no telhado do celeiro.
“É bom ver você de novo”, miou Estrela de Fogo. A última vez que
ele e Ravenpaw se encontraram foi na batalha com
BloodClan, quando o gato preto e seu amigo Barley se juntaram à luta
com os gatos da floresta.
"Bem-vindo." Ravenpaw tocou o nariz de seu ex-companheiro de

clã. “Está tudo bem no ThunderClan?”
“Tudo bem”, respondeu Firestar. "Mas eu-"
Ele parou quando outra voz gritou uma saudação. Cevada, o gato preto e
branco que dividia o celeiro com Pata de Corvo, apareceu no topo de uma
pilha de fardos de palha e caiu cuidadosamente ao lado de Estrela
de Fogo. Ele era um gato baixo e compacto, bem musculoso, embora sua
barriga fosse um pouco roliça por causa de todos os ratos que viviam no
celeiro.
“Você quer caçar?” Ele ofereceu. “Há muitas presas.

Pegue o quanto quiser.
“Sinto muito, não posso”, respondeu Firestar com pesar. A água

inundou suas mandíbulas ao sentir o cheiro de ratos; ele podia ouvir os
pequenos rangidos entre a palha. “Estou a caminho da Pedra da Lua, então não
tenho permissão para comer.”
“Isso é difícil,” miou Ravenpaw. “Mas você pode descansar aqui, não
pode? Não faz sentido ir para Highstones ainda. Você chegará muito antes
do pôr do sol.”
"Obrigado. Estou tão cansado que poderia dormir sobre as patas.”
Ravenpaw dirigiu-se para o lado oposto do celeiro, onde ele e

Barley tinham feito ninhos num monte de feno solto.
Barley deixou-os conversar, acenando amigavelmente para Estrela de
Fogo antes de sair do celeiro.
Estrela de Fogo se virou duas ou três vezes, acomodando-se em um

lugar confortável antes de se enrolar com as hastes de cheiro doce fazendo
cócegas em seu nariz.
“Então, o que traz você à Pedra da Lua?” Ravenpaw perguntou e

acrescentou apressadamente: “Você não precisa me contar.”
Estrela de Fogo hesitou. Até agora, o único gato em quem ele

confidenciou foi Cinderpelt, e ele não contou tudo a ela. De repente, ele
percebeu como seria um alívio compartilhar suas preocupações com um
gato que não o via como um líder, mas como um amigo.
— Tive sonhos estranhos — começou ele, descrevendo para Pata de

Corvo o trecho de charneca desconhecida e o lamento estridente dos gatos
perdidos na névoa. "E isso não é tudo. Comecei a ver coisas quando estou
acordado também. Há um gato – um guerreiro cinza claro – que já vi três
vezes. Não apenas ele, um clã inteiro de gatos, brilhando como. a. .luz das
estrelas. Eu os vi ontem à noite no Encontro, mas nenhum outro gato
sabia que eles estavam lá.
Às vezes acho que estou enlouquecendo.”
Os olhos verdes de Ravenpaw estavam cheios de preocupação. “Tem

certeza de que eles não são do StarClan?”
Por um instante, Firestar sentiu como era estranho falar

sobre StarClan com um gato que não pertencia mais a um clã.
“Não pense que esqueci meus ancestrais guerreiros,”

Ravenpaw interveio, como se adivinhasse o que seu amigo estava pensando.
“Posso não ir mais às Reuniões, mas há uma parte de mim que sempre será
um gato do Clã.”
Estrela de Fogo piscou, entendendo. “Tenho certeza de que os gatos

que vi não são nenhum dos ancestrais guerreiros que conheço. Não reconheço
nenhum deles, nem seu cheiro. Não sei quem ou o que são, nem por
que continuo vendo-os. É isso que me preocupa.”
Ravenpaw sacudiu a ponta branca da cauda. “StarClan provavelmente

será capaz de explicar quando vocês compartilharem línguas esta noite.
Por que você não dorme agora, para estar pronto?
“Acho que vou”, murmurou Firestar. “Acorde-me ao sol, por favor.”
Com um ronronar sonolento, ele se acomodou mais confortavelmente em

seu ninho de feno. A luz do sol se inclinou através do ar cheio de poeira, as
partículas dançando como pequenas estrelas. Seus olhos se fecharam e
ele caiu em um sono quente e com cheiro de feno.
Apenas alguns batimentos cardíacos pareciam ter se passado antes

que Estrela de Fogo sentisse uma pata cutucando-o na lateral do corpo. Ele
piscou e abriu os olhos para ver Ravenpaw parado sobre ele.
“Já está alto”, miou o gato preto.
Estrela de Fogo levantou-se e arqueou as costas num alongamento luxuoso.

Ele não conseguia se lembrar da última vez que dormiu tão profundamente.
No acampamento do ThunderClan, mesmo que ele não sonhasse com a charneca,
seu sono foi perturbado desde a primeira vez que viu o
gato cinza claro. Ele se perguntou se havia descansado tão bem porque
estava longe da floresta. Foi só lá que os gatos estranhos conseguiram
alcançá-lo?
Ele se despediu rapidamente de Barley e Ravenpaw. O cheiro de

presa no celeiro era mais atraente do que nunca, lembrando-o de sua
barriga vazia. Ele desejou ter reservado um tempo para caçar e
comer antes de deixar Fourtrees, mas agora era tarde demais. Ele
deixou o celeiro e a tentação para trás e partiu para Highstones.
Quando chegou ao cume, atravessando o Caminho

do Trovão e subindo as encostas rochosas, o sol já estava se
pondo. O buraco escuro de Mothermouth abria-se na encosta.
Estrela de Fogo encontrou uma pedra de topo plano e sentou-se olhando
para os campos e ninhos dos Duas-Pernas, até a escuridão cair e
a lua lançar sua luz prateada sobre as rochas irregulares.
Ele havia caminhado muitas vezes pelo túnel sem luz que levava
à Pedra da Lua, mas o medo ainda apertava seu estômago enquanto
ele entrava nas sombras famintas. Apenas seus bigodes roçando as
paredes de cada lado e suas patas na encosta acidentada e
descendente lhe diziam que caminho seguir. Assim que deixou a
abertura para trás, o ar ficou viciado, com um cheiro forte de poeira e pedra.
Estrela de Fogo estremeceu ao pensar no peso da rocha acima de
sua cabeça, pressionando o frágil túnel.
Finalmente chegou o momento em que o ar voltou a ficar mais

fresco, trazendo-lhe ao nariz os aromas da charneca. O túnel se
abria para uma grande caverna, e ele teve um vislumbre das estrelas
brilhando lá no alto, lançando sua luz tênue através de um buraco no
teto. Ele conseguia distinguir a forma escura do
Pedra da Lua na frente dele, estendendo-se a três comprimentos de cauda

do chão da caverna. Enrolando o rabo nas patas, ele sentou-se para esperar.
A mudança ocorreu com um clarão ofuscante, como se todas as estrelas

de Silverpelt tivessem caído na caverna ao mesmo tempo. A lua mudou no
céu até brilhar através do buraco no telhado; à sua luz, a Pedra da Lua
brilhava como orvalho, lançando uma luz pálida e cintilante nas paredes da
caverna e no telhado alto e arqueado.
Estrela de Fogo estava deitada em frente à Pedra da Lua e esticou-se

até poder tocá-la com o nariz. O frio se espalhou por ele do focinho à
ponta da cauda, e ele se lembrou da última vez que veio aqui, para receber
suas nove vidas e seu nome. Parecia que foi há muito tempo. Ele fechou
os olhos e deixou a escuridão levá-lo.
Durante incontáveis batimentos cardíacos ele não sentiu nada além do

vento e do cheiro da noite percorrendo seu pelo. O medo cresceu dentro
dele; ele cerrou os dentes, recusando-se a levantar o nariz da pedra fria,
muito fria.
Então seus ouvidos captaram um som fraco que gradualmente ficou

mais alto: o farfalhar das folhas na brisa. Seus olhos se abriram.
Enormes galhos se estendiam acima de sua cabeça, quase invisíveis contra
o céu escuro. Não havia lua, mas as estrelas de Silverpelt ardiam
intensamente, perto o suficiente para parecerem emaranhadas entre as
folhas.
Estrela de Fogo levantou-se e olhou em volta. Ele estava de volta a

Fourtrees, mas desta vez a clareira estava vazia.
Então a luz das estrelas brilhou no limite de sua visão, baixa demais para
vem de Pele Prateada; ele se virou e viu uma gata de pêlo azul saindo
das sombras. Sua pele brilhava prateada e ela deixou um brilho gelado
na grama onde colocou as patas.
"Estrela Azul!" Firestar ficou muito feliz ao ver o líder do ThunderClan

diante dele. "É bom te ver. Você veio aqui sozinho?
Estrela Azul se aproximou até que Estrela de Fogo pudesse ver a

profundidade brilhante de seus olhos azuis. “Eu sei por que você veio”,
ela respondeu, “e as perguntas que você quer fazer não seriam bem recebidas por
muitos de seus ancestrais guerreiros”.
Estrela de Fogo olhou para ela. “Você quer dizer que o StarClan
conhece os gatos dos meus sonhos? Eles também são do StarClan? Por que
nunca os vi antes? E o que eles querem de mim?
Bluestar passou o rabo na boca dele para silenciá-lo.

Seus olhos estavam perturbados. Estrela de Fogo sentiu como se
estivesse à beira de um segredo obscuro e, de repente, não quis saber
o que havia em suas profundezas.
"Estrela de Fogo." A voz de Bluestar era incerta, hesitante. “Existe

alguma maneira de você se contentar em ir embora sem a resposta que
procura?”
Havia uma pitada de desespero em seus olhos; Estrela de Fogo

quase cedeu a ela, mas então se lembrou por que tinha vindo. Se ele
partisse sem explicação, o lamento aterrorizado invadiria seus sonhos
repetidas vezes, e não haveria como escapar das visões dos gatos
em fuga.
“Não, Estrela Azul”, ele respondeu com firmeza. “Eu tenho que saber a
verdade.”
"Muito bem." Estrela Azul suspirou. “Os gatos que você viu são do
SkyClan.”
“Clã do Céu?” Estrela de Fogo ecoou. "O que é aquilo?"
Estrela Azul inclinou a cabeça. “Eles são... eles eram... o quinto Clã.”
CAPÍTULO 5
“Mas sempre houve quatro Clãs na floresta!”
“Nem sempre”, respondeu Bluestar. Sua voz e seus olhos estavam

frios. “Uma vez eram cinco. O território do SkyClan fica rio abaixo do
ThunderClan, onde agora fica o Twolegplace. Quando os Twolegs
construíram seus ninhos, muitas, muitas temporadas atrás, o SkyClan
deixou a floresta. Não havia espaço para eles naquela época – e não
há espaço para eles agora.”
"Para onde eles foram?" — perguntou Estrela de Fogo.
"Não sei. Longe desses céus onde o StarClan caminha.”
“E o StarClan nunca tentou encontrá-los?” Estrela de Fogo ficou

chocada com o fato de Estrela Azul parecer tão desdenhosa, como se os
espíritos de seus ancestrais guerreiros não se importassem que um Clã inteiro tivesse
foi embora.
“Seus próprios ancestrais guerreiros foram com eles”, explicou

Bluestar. “Não havia razão para que o SkyClan não pudesse ter encontrado
outra casa em outro lugar.”
“Então o que eles querem comigo?” Firestar perguntou, perplexo.

“Eles estão tentando me dizer que querem voltar? Por que
eles fariam isso se encontrassem outra casa?”
“Não sei”, admitiu Bluestar. “Mas desde o primeiro
54
No momento em que te vi, há tantas temporadas, eu sabia que você era o

fogo que salvaria nosso Clã. Eu sabia que você deixaria pegadas para
trás que serão lembradas enquanto os clãs guerreiros sobreviverem. Talvez o
SkyClan também veja isso. Talvez eles pensem que só você pode
ajudá-los.”
Estrela de Fogo estremeceu. “Você está me dizendo que tenho que

encontrar o SkyClan e trazê-los de volta para a floresta?”
“Não estou lhe contando nada disso”, rebateu Bluestar. “Onde

há espaço para outro Clã?”
“Mas os sonhos...” Firestar protestou.
“Firestar, há abelhas em seu cérebro?” A cauda de Bluestar atacou.

“Você é o líder do ThunderClan e seu clã precisa de você. Não há nada no
código do guerreiro que diga que você tem que ajudar um Clã que está
desaparecido há tanto tempo que nenhum gato vivo se lembra dele.
Estrela de Fogo estreitou os olhos. Estrela Azul estava certa sobre

sua responsabilidade para com o Clã do Trovão, mas não conseguia
esquecer o lamento dos gatos na charneca. Como ele poderia ignorá-
los, se havia algo que pudesse fazer para ajudar? Não foram os sonhos
de Estrela Azul que foram preenchidos com gritos de gatos aterrorizados e
em fuga; ela não via um rosto suplicante e assombrado em cada
poça de água.
E, no entanto, a única razão pela qual ele encontrou coragem para

liderar os Clãs da floresta na batalha contra o Clã de Sangue foi porque ele
acreditou em seus ancestrais guerreiros quando eles lhe disseram que
sempre existiram quatro Clãs na floresta. O quinto Clã era o StarClan,
protegendo para sempre os quatro abaixo. O StarClan mentiu?
Bluestar apoiou a ponta da cauda em seu ombro e falou com mais

calma. “Seus ancestrais guerreiros estão cuidando de você agora, como
sempre fizeram. Nada mudou. Seu dever é com seu próprio Clã agora.”
“Mas SkyClan—”
"Foi. Não há nenhuma lacuna onde costumavam estar, nenhuma presa

ou território esperando pelo seu retorno. A floresta está perfeitamente
dividida entre os quatro Clãs que restam.”
“Então é a vontade do StarClan que eu simplesmente ignore

esses gatos?” Firestar a desafiou. “Você não se importa que eles estejam
sofrendo?”
Estrela Azul piscou. “Há gatos que argumentariam que nunca deveria
ter havido um quinto Clã na floresta.
Por que existem quatro carvalhos em Fourtrees, se não para representar
os quatro Clãs?
Estrela de Fogo olhou para os enormes carvalhos e depois para

Estrela Azul. Fúria pura como um relâmpago percorreu seu corpo. “Você
tem cérebro de rato?” ele rosnou. “Você está me dizendo que o SkyClan
teve que sair porque não havia árvores suficientes?”
Uma expressão de choque e consternação encheu os olhos de

Bluestar. Sem esperar pela resposta dela, Estrela de Fogo virou-se e
correu até a beira do buraco. Os arbustos rasgaram seu pelo enquanto ele
mergulhava entre os arbustos, mas a dor não significou nada. Desde que
chegou à floresta, ele confiava em seus ancestrais guerreiros.
Mas eles mentiram para ele o tempo todo. Ele sentiu como se tivesse dado
um passo em um terreno que considerava sólido, apenas para cair em
águas profundas e amargas.
Ele abriu caminho através do último arbusto, mas

em vez de alcançar a borda do buraco, ele se viu piscando e

acordando na caverna da Pedra da Lua. Sua respiração estava rouca.
Seu pelo parecia rasgado e amarrotado. Suas patas doíam e, quando
ele as lambeu, sentiu o gosto salgado do sangue, como se tivesse
corrido um longo caminho em terreno pedregoso.
Muito acima, através do buraco no telhado, nuvens cobriam a lua e

as estrelas. A caverna estava totalmente escura. Estrela de Fogo levantou-
se e mancou pelo chão da caverna, à beira do pânico, até tropeçar na
entrada do túnel. Quando ele emergiu na encosta da colina, uma brisa
forte despedaçava as nuvens como se fossem teias de aranha
molhadas. Estrela de Fogo captou apenas vislumbres intermitentes da lua,
mas as estrelas brilhavam mais uma vez no alto.
Ele rastejou até a rocha plana onde havia esperado antes e caiu ali,
olhando para cima. Ele não conseguia mais ver os olhos bondosos
de seus ancestrais guerreiros à luz das estrelas. Os gritos
desesperados do SkyClan perdido e torturado ecoaram em sua mente.
Como devo ajudá-los?
Todos aqueles gatos já devem estar mortos. Eles haviam fugido há

tanto tempo que nenhum gato se lembrava deles. Mas onde
estavam seus descendentes, o SkyClan vivo?
Estrela de Fogo permaneceu na rocha até que o céu ficou pálido

como leite com o amanhecer. Então ele seguiu seu caminho, passo
a passo doloroso, descendo a colina e entrando nos campos, deixando
o pico irregular de Highstones para trás. Um sentimento de traição
ainda girava através dele como um rio inundado. Ele sempre respeitou
o StarClan, confiando neles para querer o que era melhor para todos.
Clãs. Agora ele havia descoberto que eles podiam cometer erros, como
qualquer gato vivo. Se ele não pudesse confiar neles, algum dia
viria aqui para compartilhar línguas com seus ancestrais guerreiros
novamente?
Sua barriga estava vazia de fome. Passando pelo celeiro de

Ravenpaw, ele lutou contra a tentação de entrar para ver seus amigos,
festejar com suas presas e descansar no macio monte de feno.
Mas Ravenpaw certamente lhe perguntaria o que o StarClan havia
dito sobre os gatos estranhos, e ele não conseguia imaginar o que
responderia. Ravenpaw ainda se apegava à sua fé no StarClan, mesmo
tendo deixado a floresta; poderia Firestar destruir essa fé revelando como
seus ancestrais guerreiros mentiram para todos os gatos da floresta,
repetidas vezes?
Depois de deixar a fazenda Duas Pernas para trás, Estrela de Fogo

parou para caçar, atacando um rato desavisado que mordiscava sementes
no abrigo de uma cerca viva. Isso dificilmente amenizou sua fome, mas ele
estava exausto demais para procurar mais. Ele se enrolou sob um
espinheiro e caiu no sono.
Quando ele acordou já era quase sol. Se sentindo melhor,

Estrela de Fogo partiu novamente, contornando a beira de um campo
onde o milho crescia alto, começando a ficar dourado ao sol. Ele avistou
outro rato que escorregava entre as hastes rígidas, atacou-o e
matou-o com uma mordida rápida no pescoço.
Engolindo os últimos goles, ele se dirigiu para o
mouros.
O sol estava se pondo quando ele finalmente entrou mancando no

acampamento do Clã do Trovão. A luz vermelha banhava a clareira,
barrada pelas sombras das árvores. Firestar soltou um longo e desesperado
suspirar. Era bom estar em casa, mas será que ele poderia realmente
continuar como líder do Clã, sabendo o que sabia agora?
Enquanto hesitava na entrada do túnel de tojo, Listra Cinzenta

veio atacando do covil dos guerreiros.
Tempestade de Areia ergueu os olhos de onde estava agachada ao lado da
pilha de caça fresca e caminhou mais lentamente para se juntar a ele.
“Estrela de Fogo, você está de volta!” — exclamou Listra Cinzenta. "É

maravilhoso ver você." Parando na frente do amigo, ele acrescentou com mais dúvida:
“Está tudo bem?”
“Estou bem, obrigado”, respondeu Firestar, cada palavra um esforço.

"Estou cansado; isso é tudo."
Sandstorm roçou a cauda com simpatia ao longo de seu flanco. Os

olhos verdes dela examinaram seu rosto, e ele sabia que ela percebeu que não era
apenas o cansaço que o perturbava. Mas ela não o questionou, apenas
miou: “Então é hora de você descansar um pouco”.
— Escute, Estrela de Fogo — continuou Listra Cinzenta —, a patrulha

da tarde acabou de voltar. Eles acham que a raposa de quem Tallstar estava
falando atravessou o território do ThunderClan. Pelo menos, eles sentiram um
cheiro forte e fresco de raposa na fronteira, não muito longe da ponte Twoleg.
Estrela de Fogo fechou os olhos com força, tentando se concentrar no que

isso significaria para seu Clã. “Eles seguiram o cheiro?”
“Eles tentaram, mas perderam-no num terreno pantanoso perto do riacho.”

Listra Cinzenta olhava com expectativa para Estrela de Fogo, esperando que
seu líder lhe dissesse o que fazer. Sua expressão mudou para alarme à medida
que o silêncio se prolongava.
Estrela de Fogo sentiu como se estivesse tentando lutar contra arbustos

dentro de sua cabeça. Ele conseguia entender o problema da
raposa, mas parecia que ela pertencia a outro gato, há muito tempo, e não
tinha nada a ver com ele.
"Estrela de Fogo?" Sandstorm murmurou, aproximando-se para

poder sentir o calor de sua pele.
Os gritos entusiasmados dos kits trouxeram Firestar de volta ao

presente. No centro da clareira, Shrewkit e Spiderkit atacavam um feixe
de musgo.
“Tome isso, Flagelo!” Kit Aranha gritou. “Saia da nossa floresta!”
“E leve seu clã com você!” Shrewkit pousou no meio do musgo, as

patas voando, espalhando os restos em um amplo círculo ao seu redor.
"Ei!" Rainpaw veio saltando da direção da cova dos anciões. “Acabei

de coletar tudo isso!” ele protestou. “Como vou consertar a roupa de cama
dos mais velhos se você continua bagunçando tudo?”
Os dois filhotes trocaram um olhar e depois correram lado a lado, de

volta ao berçário, com as caudas balançando no ar.
Rainpaw observou-os partir, com o pelo do pescoço eriçado, depois
começou a recolher os restos de musgo espalhados.
Observar os kits em jogo lembrou a Firestar que a vida do Clã não se

tratava apenas do StarClan, ou mesmo do código do guerreiro. Seu
dever como líder era sustentar seus companheiros de clã agora e
garantir que eles vivessem vidas longas e felizes na floresta.
Sentindo um fio de energia começar a fluir para seus membros cansados,
ele se voltou para Listra Cinzenta.
“Certo, a raposa. Dobre as patrulhas naquela parte da fronteira. E diga

às patrulhas de caça para ficarem alertas. Não queremos que isso se resolva
aqui.”
"Claro." O alívio inundou os olhos de Listra Cinzenta quando Estrela de

Fogo assumiu o controle novamente. “Vou garantir que todas as patrulhas
de amanhã saibam disso.” Ele se dirigiu para o covil dos guerreiros.
Tempestade de areia ficou com Firestar. “Você pode me dizer, você

sabe”, ela miou baixinho.
"Eu sei. Eu prometo que vou, mas ainda não.”
Seu companheiro assentiu. “Por que você não vai para sua toca e descansa?
Vou trazer para você um pouco de caça fresca.
“Obrigado, mas é melhor eu visitar Cinderpelt primeiro. Quero verificar

Longtail.
Enquanto Tempestade de Areia voltava para a pilha de animais recém-mortos,

Estrela de Fogo caminhou pelo acampamento escuro e passou pelo túnel de
samambaias até a toca de Pele de Cinzas.
O curandeiro estava curvado sobre Longtail, examinando seus olhos.

Enquanto Estrela de Fogo gritava uma saudação, o guerreiro malhado sentou-
se e virou-se para ele. Estrela de Fogo parou, sua pele formigando de horror.
Embora os olhos de Longtail estivessem abertos agora, eles estavam nublados
e ainda choravam pegajosamente.
"Você pode ver?" Estrela de Fogo forçou-se a perguntar, reprimindo uma

exclamação de pena. Essa era a última coisa que Longtail iria querer.
“Um pouco”, respondeu Longtail. “Mas está tudo embaçado.”
“Seus olhos ainda estão infectados”, explicou Cinderpelt. Ela parecia

exausta; seu pelo cinza estava desgrenhado e seus olhos azuis estavam opacos
de derrota. “Eu experimentei todas as ervas e frutas que pude
pense, e nada vai esclarecer isso.
Longtail agarrou a samambaia onde estava sentado, com a cabeça baixa.

“Só vou ser um fardo para o Clã”, ele rosnou.
"Não!" exclamou Estrela de Fogo. “Eu não vou deixar você dizer isso. Olhe
para Brightheart: ela aprendeu a lutar com apenas um olho.”
“Pelo menos ela tem um olho bom”, sibilou Longtail. “Você pode muito bem
me deixar na floresta por causa das raposas.”
“Isso nunca acontecerá, não enquanto eu for o líder deste Clã,”

Firestar sibilou de volta. A fúria o sacudiu, não contra Longtail, mas
contra si mesmo por não ter poder suficiente para proteger seu guerreiro das
consequências de seu ferimento.
Tentando parecer mais calmo, ele acrescentou: “Além disso, você ainda não
perdeu a visão. Pele de Cinzas fará o possível para encontrar uma erva que
funcione.”
“Vou continuar tentando”, prometeu Cinderpelt. Acenando para Estrela

de Fogo com o rabo, ela o conduziu até o túnel de samambaias. “É melhor
você deixar Longtail em paz por enquanto”, ela aconselhou calmamente.
“Ele está muito chocado e precisa de um tempo para se acostumar com a
ideia de que seus olhos podem não melhorar.”
Estrela de Fogo assentiu. "OK." Erguendo a voz, ele acrescentou:

“Não se preocupe com nada, Longtail. Você sempre terá um lugar no
ThunderClan. Eu irei ver você novamente em breve.
Retornando pelo túnel até a clareira crepuscular, Estrela de

Fogo ainda se sentia sufocada pela pena — e também pela fúria, por
isso ter acontecido com um de seus guerreiros. Ele se lembrou da vida
que Brindleface lhe dera quando se tornou líder do Clã – uma vida para
proteção, o cuidado de uma mãe com seus filhotes.
Ele esperava que a vida fosse calorosa e gentil, mas em vez disso
entrou nele com o choque do fogo e do gelo juntos. Ele sentiu a necessidade
crua e voraz de lutar e matar, de derramar rios de sangue para proteger gatos
jovens e indefesos. Agora, pensando em Longtail enquanto lutava para lidar
com a perda da visão, Estrela de Fogo entendeu mais claramente o que esse
instinto significava. Como líder do Clã, ele arrancaria todas as suas garras
para proteger qualquer um de seus companheiros de Clã.
Seu covil sob o Highrock era fresco e silencioso.

Sandstorm deixou um coelho para ele e Estrela de Fogo se acomodou
para comer. Agora que estava sozinho, sentia-se mole como uma folha
caída. No entanto, ele estava começando a ver um caminho a seguir, uma
maneira de cuidar de seu Clã, embora sua confiança no StarClan tivesse sido
abalada.
Ele estava se aconchegando confortavelmente quando uma sombra caiu na

entrada do escritório. Ele olhou para cima e viu Pele de Cinzas, a cabeça e os
ombros projetando-se para trás da tela de líquen. “Longtail está dormindo agora”,
explicou ela. “Então pensei em aproveitar a oportunidade para perguntar o que
aconteceu na Pedra da Lua. Você encontrou as respostas que procurava?
“Sim, mas não eram as respostas que eu queria ouvir.”

Ele sentiu que ainda era muito cedo para contar o que havia acontecido, até
mesmo para seu curandeiro.
Para seu alívio, Pele de Cinzas não o pressionou. Entrando em sua sala, ela
inclinou a cabeça para dar uma lambida reconfortante em sua orelha. “Tenha fé”,
ela o incentivou. “StarClan está cuidando de nós e tudo ficará bem.”
Uma garra de raiva perfurou Estrela de Fogo. Ele ansiava por contar a ela que
o StarClan havia mentido para eles, que seus ancestrais haviam permitido uma
Clã deve deixar a floresta apesar de tudo no código guerreiro.
Mas ele não conseguia envenenar a fé de Pele de Cinzas,

derramando bile em tudo em que ela acreditava. De alguma forma, ele
sabia que este era o problema dele, e somente dele. Sem a ajuda do
StarClan, sem qualquer resquício de fé em seus ancestrais guerreiros,
ele deve encontrar uma maneira de lidar com isso.
CAPÍTULO 6
O vento varreu a charneca, destruindo a névoa, e Estrela de Fogo viu claramente os

gatos em fuga pela primeira vez. Eles estavam seguindo um rio; o cheiro
familiar de água no ar lhe dizia que aquele era o rio da floresta que ele
conhecia, embora aqui, além do território do Clã do Vento, ele fluísse mais
rapidamente pelas colinas.
"Espere!" Estrela de Fogo os chamou. “Gatos do SkyClan, esperem por

mim! Eu vim para ajudá-lo.
Ele correu pela grama elástica, mas os gatos do SkyClan fugiram dele
como se não tivessem ouvido seus gritos.
De repente, um filhote caiu no rio, e sua mãe soltou um grito de

consternação quando a correnteza o levou embora. Então um jovem
aprendiz, afastado do grupo principal, foi apanhado por uma raposa.
Estrela de Fogo ouviu seus gritos de terror serem interrompidos
abruptamente quando a raposa se afastou, ultrapassando alguns guerreiros que
tentavam persegui-la. Um ancião ficou cada vez mais para trás; ela
continuou mancando atrás de seu Clã, embora seu
patas deixaram manchas de sangue na grama. Outro parou cambaleando,
depois caiu de lado e não se levantou novamente.
À frente do Clã Estrela de Fogo avistou o gato cinza e branco.

Guerreiros magros e famintos agrupados
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Em volta dele. Mesmo que Firestar ainda não conseguisse alcançá-

los, suas vozes chegaram claramente até ele.
"Onde estamos indo?" um deles miou. “Não podemos

viver aqui . . . não há presa e nenhum lugar para acampar.”
“Não sei para onde estamos indo”, respondeu o gato cinza e branco.
“Só temos que continuar até encontrarmos algum lugar.”
“Mas quanto tempo?” um dos outros guerreiros perguntou. Nenhum gato

respondeu.
Estrela de Fogo viu uma pequena gata malhada marrom-clara abrindo

caminho entre os guerreiros até chegar ao gato cinza e branco. “Deixe-me
falar com StarClan”, ela implorou. “Eles podem saber de um
lugar para nós.”
O gato se virou para ela. “Não, Fawnstep!” ele cuspiu. “Nossos

ancestrais guerreiros falharam conosco. No que nos diz respeito, o
StarClan não existe mais.”
Ele deve ser o líder do clã! Havia autoridade em sua voz, e o pequeno
gato malhado — o gato curandeiro do Clã Sky, adivinhou Estrela
de Fogo — baixou a cabeça e não tentou discutir.
Estrela de Fogo chamou novamente os gatos do Clã do Céu e fez

um último esforço para alcançá-los, mas estava ficando cada vez mais
para trás. A névoa girou em torno dele novamente, isolando-o do Clã
em fuga. Finalmente suas patas não o aguentavam mais. Ele afundou e
abriu os olhos para se encontrar em sua própria toca.
Aos poucos ele percebeu outro gato sentado nas sombras.

"Tempestade de areia?" ele murmurou, desejando o calor e o
conforto da presença de sua companheira.
O gato virou-se para ele e a luz da toca

entrada caiu sobre uma pele macia de tartaruga.
“Folha manchada!”
A antiga curandeira do Clã do Trovão levantou-se e veio em direção

a ele, tocando suavemente o nariz no dele. Estrela de Fogo bebeu seu aroma
doce e familiar. Ele não conseguia pensar nela como um dos ancestrais guerreiros
que o traíram; não importa o que o resto do StarClan pudesse fazer, ele
sempre confiaria em Spottedleaf.
Olhando para o formato de sua cabeça e seu corpo esbelto e gracioso,

ele se pegou pensando no gato cinza e branco, o líder do SkyClan que ele
tinha visto em seus sonhos.
“Você veio me contar sobre o SkyClan?” ele perguntou.
“Sim”, Spottedleaf respondeu gravemente. “Quando eu morava no

ThunderClan, nunca soube que já existiram cinco Clãs vivendo na floresta.
Aprendi a história deles depois que entrei no StarClan.”
"Eu não entendo." Estrela de Fogo coçou incansavelmente um pedaço

de musgo. “Como o StarClan poderia permitir que um clã inteiro deixasse a
floresta?”
Folha Manchada agachou-se ao lado dele. Ele podia sentir as vibrações de seu
ronronar suave. “Eu sei que é difícil para você”, ela miou. “Mas o
StarClan não controla tudo na floresta.
Não poderíamos banir a matilha de cães que o ameaçou, nem expulsar o
Flagelo e o Clã de Sangue.
Estrela de Fogo suspirou; ele sabia que isso era verdade. Mas isso
não explica por que o StarClan mentiu e fingiu que o SkyClan nunca existiu.
“Você conheceu algum dos gatos do SkyClan?”
Folha Manchada balançou a cabeça. “Não andamos nos mesmos céus.”

“Falei com Bluestar”, Firestar miou. “Ela me disse que meu dever é com o
ThunderClan. Ela disse que não há nada que eu possa fazer pelo SkyClan.
Mas se isso for verdade, por que continuo vendo-os?”
“Se o líder do SkyClan apareceu para você em sonhos,”

Folha Malhada respondeu, tocando seu ombro com o rabo, “então ele deve acreditar
que você pode ajudá-lo”.
"Mas como?" Estrela de Fogo persistiu. "O que posso fazer? Tudo aconteceu há
muito tempo.
“A resposta será mostrada a você”, prometeu Spottedleaf.

"Descanse agora."
Ela se aproximou mais dele e Estrela de Fogo mergulhou mais

profundamente no sono, confortada por seu aroma quente. Desta vez nenhum
sonho o perturbou.
A luz do sol brilhou em sua toca quando Estrela de Fogo acordou.

Folha Manchada havia sumido, embora ele tivesse captado um vestígio do cheiro
dela em sua roupa de cama. Ele se levantou e se espreguiçou, sentindo
uma nova energia fluindo através dele.
Contornando Highrock, encontrou Listra Cinzenta na clareira principal com

vários gatos ao seu redor enquanto organizava patrulhas de caça. “Cloudtail, você
pode ir com Thornclaw”, ele dizia ao guerreiro branco. “Quem você quer para um
terceiro?
Pele de salgueiro?
“Eu irei,” Firestar interrompeu, saltando até eles. “Sinto como se não tivesse
feito uma boa caça às luas.”
"Obrigado." Listra Cinzenta acenou para ele. “Nesse caso, Pele de

Salgueiro, você pode vir comigo e Pelo de Samambaia. Iremos em direção a
Fourtrees e veremos se conseguimos avistar aquela raposa.
Uma vez fora do acampamento, Firestar deixou Thornclaw assumir

a liderança. O guerreiro malhado os levou por uma trilha que levava a
Duas Pernas. Tudo estava quieto; até a presa parecia estar se escondendo.
Estrela de Fogo fez uma pausa, olhando através das árvores para a
cerca que cercava os ninhos de Duas Pernas, e se perguntou onde
ficava o território do Clã Celestial. A fronteira devia estar perto daqui,
se eles tivessem sido expulsos quando os Duas-Pernas construíram seus
ninhos. Quando eles construíram seu antigo ninho de Duas Pernas, Estrela de
Fogo percebeu com um sobressalto. Suas patas arrepiaram-se
ao pensar que ele poderia ter vivido em parte do antigo território do SkyClan!
Cloudtail e Thornclaw desapareceram entre as árvores em busca de

presas. Firestar arrastou seus pensamentos para longe do SkyClan.
Ele tinha um clã para alimentar. Ele abriu as mandíbulas; um forte cheiro de
rato fluía sobre suas glândulas odoríferas, e ele avistou a criatura
rastejando na beira de um matagal.
Agachando-se como caçador, ele avançou, colocando cada pata no chão tão
levemente quanto uma folha caindo.
Mas antes que ele chegasse perto, um borrão branco apareceu no canto
do olho. Ele virou a cabeça, furioso com Cloudtail por ter se
aproximado dele. Vá e pegue sua própria presa! Mas o borrão branco havia
desaparecido, e um cheiro agora familiar lhe disse que, afinal, não era Cloudtail.
O líder do SkyClan cruzou seu caminho mais uma vez.
Estrela de Fogo ficou parada, balançando a cauda para frente e para trás.
"Você está aí?" ele chamou suavemente. "O que você quer? Venha falar
comigo!
Não houve resposta.
A essa altura o rato havia desaparecido. Firestar abriu seu

boca e respirou fundo, tentando rastrear mais presas. Seus ouvidos se

esforçavam para captar o menor som de patinhas; em vez disso, tudo o
que ele ouvia eram uivos furiosos e uma briga que irrompia em algum
lugar à frente, perto da cerca das Duas Pernas. Será que alguma
coisa — talvez um cachorro Duas Pernas — estava atacando seus guerreiros?
Ele correu por entre as árvores até chegar à beira do bosque. Pelo
de Cinzas e Garra de Amora Doce estavam brigando com um gato
preto e branco desconhecido. Garra de Amora Doce subiu nas costas
do gato, arranhando o pelo do pescoço, enquanto Pelo de Cinzas mordeu
com força a ponta da cauda.
O gato preto e branco estava se contorcendo no chão, suas patas

mal tocando seus atacantes. “Saia de cima de mim!” ele gritou. “Preciso
ver Rusty, quero dizer, Firestar!”
Estrela de Fogo de repente reconheceu o embrulho desgrenhado

de pelo preto e branco. Era Smudge, o gatinho que fora seu amigo
antes de Estrela de Fogo deixar seus Duas Pernas para viver na floresta.
"Parar!" Ele correu até os gatos que lutavam, abaixando a cabeça para
acertar Garra de Amora Doce em seu flanco. Garra de Amora Doce
deslizou das costas de Cascão, olhando para cima com um silvo furioso
que parou quando ele percebeu quem havia interrompido a luta.
“Deixe-o em paz”, ordenou Estrela de Fogo.
— Mas ele é um intruso — protestou Garra de Amora Doce, levantando-

se e sacudindo a poeira da pele.
“Um gatinho intruso,” acrescentou Ashfur, soltando relutantemente o rabo

de Smudge.
“Não, ele não está,” Firestar os corrigiu. “Ele é um amigo.

Afinal, o que vocês dois estão fazendo aqui?
“Somos a patrulha da fronteira”, disse Garra de Amora Doce. “Com Pele

de Poeira e Pelo de Rato. Olha, aí vêm eles.
Seguindo a direção de sua cauda apontada, Estrela de Fogo avistou os dois

guerreiros mais velhos saltando rapidamente pelo caminho.
árvores.
“Em nome do StarClan, o que está acontecendo?” — exigiu

Dustpelt. “Achei que uma raposa devia ter pegado você com todo aquele
barulho.”
“Não, apenas um gatinho,” Estrela de Fogo miou, ligeiramente divertida

com as expressões indignadas de Garra de Amora Doce e Pele de Cinzas.
“Ok, continue com sua patrulha”, acrescentou.
“Mas e o gatinho?” Ashfur perguntou.
“Acho que posso lidar com ele”, miou Firestar. “Você está bem, mas lembre-
se de que nem tudo que você não viu antes é uma ameaça.”
Garra de Amora Doce e Pele de Cinzas ficaram atrás de Pele de

Poeira e Pele de Rato enquanto continuavam sua patrulha; Garra de Amora
Doce lançou um olhar ameaçador para Cascão e sibilou: “Fique fora do nosso
território no futuro!”
Smudge ergueu-se sobre as patas, encarando seus atacantes.

Seu pelo estava coberto de poeira e espetado em todas as direções, mas
ele não parecia estar ferido.
“Você teve sorte de eu estar aqui para salvar sua pele”, comentou
Estrela de Fogo enquanto a patrulha desaparecia entre as árvores.
Seu velho amigo soltou um bufo furioso. “Eu nunca vou entender você, Estrela
de Fogo. Você realmente quer viver com esses rufiões violentos?
Firestar escondeu sua diversão. Não adiantava tentar

explique que esses violentos rufiões eram guerreiros que arriscaram

suas vidas ao seu lado repetidas vezes.
“É bom ver você de novo, Cascão”, ele miou. “Por que você veio tão
longe na floresta? Você sabe que é perigoso para você.
Smudge desviou o olhar, arrastando o chão com as patas

dianteiras.
"Bem?" – perguntou Estrela de Fogo, quando Smudge ficou em silêncio

por vários segundos.
O gatinho piscou. “E-eu acho”,. ele

. . começou hesitante, “isto é, tenho
medo de ter que vir morar na floresta com você.”
“Grande Clã Estelar! O que aconteceu? Não é o BloodClan, é? Firestar

perguntou com medo.
Smudge ergueu os olhos por um momento. "Quem?"
"Deixa para lá. Seus Duas-Pernas, então - eles não jogaram

você saiu, não foi?
"Não! Minha gente da casa sempre foi muito boa comigo.”

Smudge lançou um olhar saudoso por cima do ombro em direção ao ninho
de pedra vermelha onde morava. "É apenas . .. bem, tenho tido esses sonhos
estranhos e lembro que você me disse que tinha sonhos antes de se juntar
aos gatos da floresta. O horror brilhou em seus olhos, e Estrela de
Fogo, apesar de toda sua simpatia, se viu escondendo um ronronar de
diversão por seu velho amigo não poder imaginar nada pior do que ter que
viver em um Clã. “Achei que meus sonhos deviam significar que eu teria
que deixar minha família.”
Estrela de Fogo balançou o rabo para tocar seu velho amigo

o ombro. “Eu não me preocuparia. Os sonhos têm muitos significados e às

vezes um sonho é apenas um sonho. Tenho certeza que você
não terá que comer ossos ainda.”
Smudge não parecia tranqüilo. “Mas esses sonhos são terríveis!” ele miou.
“Continuo vendo muitos gatos – eles estão fugindo, mas nunca
consigo ver o que os persegue. Eles estão chorando e gritando como
se estivessem com medo ou com dor. E às vezes vejo um gato cinza
e branco sozinho. Ele fica abrindo e fechando a boca como se estivesse
tentando me dizer alguma coisa, mas não consigo ouvir o que ele
está dizendo.”
Todos os pelos da pele de Firestar se arrepiaram. Cascão estava

tendo os mesmos sonhos que ele! Mas por que? Certamente o
SkyClan não achava que um gatinho poderia ajudá-los?
"O que você acha?" Smudge perguntou nervosamente. “Eu tenho que
vir morar na floresta?”
Firestar sabia que precisava decidir o quanto contar ao amigo.

Embora sua fé no StarClan tivesse sido bastante abalada, ele ainda
sentia alguma lealdade para com eles. Pelo menos, ele não achava
que poderia contar a Smudge como o StarClan permitiu que o SkyClan
fosse expulso da floresta e depois mentiu sobre isso.
Além disso, se ele tentasse explicar, até que ponto o Cascão
entenderia? Ele não tinha ideia do código do guerreiro ou de como era
viver em um Clã.
“Não se preocupe com isso”, ele miou finalmente. “Não há razão para você
deixar seus Duas Pernas.”
"Tem certeza?"
"Positivo. Já sei um pouco sobre esses sonhos e estou tentando resolver

tudo.”
Smudge parecia confuso, mas também aliviado. “Acho que vou deixar você
cuidar disso, então.”
Estrela de Fogo ficou feliz por não ter pensado em perguntar como um gato da
floresta — mesmo um líder do Clã — poderia saber sobre os sonhos de outro gato.
“Voltarei com você para o seu ninho de Duas Pernas”, ele miou.
“Apenas no caso de algum daqueles rufiões violentos ainda estar por aí.”
Smudge olhou para seu pelo bagunçado e deu algumas lambidas rápidas.
Então ele e Estrela de Fogo caminharam lado a lado por entre as árvores. Quando
a cerca de Duas Pernas apareceu, Estrela de Fogo avistou um rato tamborilando pela
grama alta. Ele deu um ataque rápido e se endireitou com o corpo inerte
pendurado em suas mandíbulas; ele tentou reprimir um sentimento de
orgulho por ter sido capaz de mostrar suas habilidades de caça na frente de
Smudge.
Os olhos do amigo estavam arregalados, mas não de admiração.

“Você nunca se cansa de ter que pegar sua própria comida?”
Estrela de Fogo deixou cair sua caça fresca e raspou folhas sobre ela para
que pudesse coletá-la mais tarde. "Não nunca. É isso que os guerreiros fazem.”
Smudge encolheu os ombros e seguiu em direção ao seu ninho. Alcançando-

o, Estrela de Fogo avistou outro gato, um lindo gato malhado marrom,
pulando da cerca ao redor do ninho Duas-Pernas onde ele havia vivido. Ele se
lembrou de tê-la visto antes, quando mostrava o território para seu novo aprendiz,
Pata de Amora Doce.
“Oi,” ela miou. Seus olhos âmbar examinaram Firestar

sem nenhum traço de medo. “Quem é esse, Cascão? Eu nunca o vi antes.
Smudge mexeu uma orelha. “O nome dele é Estrela de Fogo. Ele vive na
floresta."
“Meu nome é Hattie”, a gata se apresentou. “Nunca conheci um

gato da floresta antes. Como você conhece o Cascão?
“Eu o conheço desde que era criança”, explicou Firestar. “Eu morava
aqui, neste ninho de Duas Pernas.”
"Realmente? Mas esta é a minha casa agora!” Os olhos do gato malhado

esticado largamente. "Porque você saiu?"
"É uma longa história." Estrela de Fogo não esperava que nenhum
gatinho, mesmo aquele gato malhado e animado, entendesse o que o havia
chamado de sua vida segura com Duas Pernas para o perigo e a
excitação da floresta.
“Tenho tempo para ouvir”, miou Hattie.
Estrela de Fogo percebeu que Smudge estava ao seu lado, tremendo de

tensão. “Desculpe”, ele miou. "Talvez outra hora."
Hattie pareceu desapontada. “Você não quer ver onde você morava?”
ela miou persuasivamente. “Meus Duas-Pernas desenterraram um arbusto
que era tão velho que suas raízes se estendiam por quase todo o jardim e
plantaram algumas árvores novas que são ótimas para arranhar.”
Firestar abriu a boca para recusar, mas as palavras não saíram. Ele
ficou em silêncio, olhando para a cerca. Um velho arbusto. . que idade? .
E se estivesse aqui antes da construção dos ninhos Duas-Pernas? Isso
significava que estava aqui quando o SkyClan morava na floresta?
Havia algum outro remanescente do antigo território do SkyClan
que pudesse ter sobrevivido?
CAPÍTULO 7
“Firestar, por que você está aí parado com a boca aberta?”

Smudge perguntou irritado.
"Desculpe." Por um momento, Firestar ficou preso no mundo

perdido do SkyClan, boquiaberto como se esperasse que uma presa
saltasse em suas mandíbulas. “Tudo bem”, acrescentou ele para
Hattie. “Vou dar uma olhada rápida da cerca.” Balançando o rabo para
afastar Smudge alguns passos de distância, ele murmurou: —
Não vou demorar. Isso pode ajudar com seus sonhos.
Smudge pareceu duvidoso e lançou um olhar ansioso para Hattie.
"Não se preocupe; Não vou contar nada a ela”, prometeu Firestar.
Ele saltou para sentar-se na cerca e olhou para o jardim. Ele se

lembrou do arbusto agora: era quebradiço e desgrenhado, e
alguns de seus galhos não tinham folhas. No lugar onde estivera,
uma árvore nova e jovem crescia com uma casca macia e tentadora;
de seu lugar na cerca, Firestar pôde ver as marcas das garras de Hattie
marcando o tronco.
Hattie saltou ao lado dele e apontou com o rabo.

“É onde ficava o arbusto, e lá está o arranhão
76
árvore. E tem outro novo, ao lado da cerca do Cascão, que é ainda

melhor.”
Estrela de Fogo ouviu arranhões ao longo da cerca, e Smudge

se levantou para se sentar ao lado de Hattie. "Bem, o que você vê?"
ele exigiu em voz baixa.
“Nada ainda”, admitiu Firestar. Ele estudou os ninhos de Duas

Pernas, tentando imaginar como seria aquela parte da floresta antes
de as árvores serem derrubadas.
Seus olhos se estreitaram enquanto ele olhava para cima e para baixo na fileira
de ninhos. O ninho do Smudge ficava ligeiramente inclinado, mais baixo que os outros.
Se Estrela de Fogo estivesse liderando um Clã naquela época e
tivesse que escolher um local para acampar, ele o teria preferido em um
buraco abrigado, talvez com arbustos de espinheiro para proteção
extra, como o acampamento do Clã do Vento. Ele respirou
fundo, sentindo cada pelo de sua pele se arrepiar. Será que o ninho
de Smudge foi construído bem no topo do antigo acampamento SkyClan?
Isso poderia explicar por que ele sonhava tão vividamente com os
gatos em fuga.
“Smudge”, ele começou, interrompendo uma discussão entre seu

amigo e Hattie sobre hortelã, “está tudo bem se eu ficar com você esta
noite?”
Smudge piscou surpreso. "Claro. Mas vai ficar tudo bem com. . . com
os outros gatos do seu clã?”
Sua preocupação comoveu Firestar. Smudge pode ser um gatinho,

mas era um verdadeiro amigo. “Eles vão ficar bem, eu prometo. Só
acho que isso vai me ajudar a descobrir, você sabe, sobre o que
estávamos conversando antes.”
"Oh, eu vejo." Smudge pareceu alarmado ao acrescentar: “Mas estou

não tenho certeza de quão fácil será colocá-lo dentro do ninho.”
“Eu não preciso entrar,” Firestar disse a ele. StarClan proíbe! “Vou
ficar bem no jardim, obrigado.”
O gato preto e branco assentiu. "OK. Bem, venha até aqui.
“Preciso encontrar meus companheiros de clã primeiro e avisá-los

que não voltarei esta noite.”
Estrela de Fogo pulou da cerca e voltou para a floresta.

Atrás dele, ele ouviu Hattie miando curiosamente: “Por que Estrela
de Fogo quer ficar no seu jardim? Por que ele não quer ficar no meu?
Estrela de Fogo correu por entre as árvores até chegar ao local

onde vira seus companheiros de clã pela última vez. Antes que pudesse
começar a rastreá-los pelo cheiro, Thornclaw apareceu de trás de
uma moita de arbustos, carregando dois ratos pelo rabo.
Ele largou sua presa na frente de Firestar. “Achei que você devia
ter voltado para o acampamento.”
“Não, algo aconteceu.” Firestar estava relutante em explicar

mais nada. “Só voltarei amanhã. Não há nada de errado — acrescentou
ele, vendo que Thornclaw estava começando a parecer preocupado.
“Apenas diga a Listra Cinzenta que ele estará no comando até
então.”
"OK. Cloudtail e eu estamos quase prontos para pegar nossa

presa de volta.”
Estrela de Fogo se despediu e refez seus passos por entre as

árvores até os ninhos de Duas Pernas. Não havia sinal de Smudge,
mas Hattie estava sentada onde ele a deixara.
“Você ainda não me contou como se juntou ao seu Clã,” ela

miou quando Estrela de Fogo pulou na cerca de Smudge. Ela

parecia chateada. “Você não quer visitar sua antiga casa
adequadamente?”
Estrela de Fogo não queria aborrecê-la e estava curioso para conhecer

o lugar onde passara as primeiras luas de sua vida.
Equilibrando-se cuidadosamente, ele caminhou ao longo da cerca até
o lado de Hattie. “Tudo bem, irei um pouco.”
Hattie soltou um pequeno gemido de prazer e saltou para o jardim.

Estrela de Fogo o seguiu; seu nariz se contraiu com os aromas desconhecidos.
As flores pareciam brilhar para ele à luz do sol, e a grama bem
cortada espetava suas patas. Tudo parecia familiar e ao
mesmo tempo estranho, como se ele estivesse olhando através dos olhos
de algum outro gato para algo que ele próprio nunca havia experimentado.
— Venha e dê uma coçada — convidou Hattie, correndo até a árvore

e apoiando-se nas patas traseiras para cravar as garras ao longo do
tronco. "É realmente bom." Girando, ela apontou com o rabo. “E é nesse
arbusto que os pássaros saltam atrás dos caracóis. Eles fizeram isso
quando você estava aqui?
“Sim”, respondeu Firestar, perseguindo a vaga memória. “Você já

tentou pegar um?”
Hattie torceu o nariz com desgosto. “Por que eu iria querer fazer
isso? Haveria sangue e penas por toda parte— ugh!”
Firestar reprimiu uma resposta irritada. Um gatinho não conseguiria

entender que um pássaro — mesmo o tordo mais magro e
resistente — pudesse ser a única coisa que impedia um gato do Clã
de morrer de fome.
“Eu costumava perseguir os pássaros”, comentou ele, caminhando

até o arbusto e se escondendo sob os galhos. “Eu nunca peguei um,
no entanto. Eles foram muito rápidos para mim. Aprendi a capturar
presas quando entrei na floresta.”
— Não consigo entender por que você deixou sua casa — miou Hattie,
aproximando-se e sentando-se ao lado dele. "Eles-"
Ela parou ao som de passos se aproximando.

Estrela de Fogo levantou-se de um salto e se virou para ver seus ex-
Duas Pernas caminhando pelo caminho que contornava o ninho. Eles
tinham um filhote com eles: uma fêmea cambaleando com pernas
curtas e grossas e agarrada à mãe com uma pata.
Antes que os Duas-Pernas pudessem localizá-lo, Estrela de Fogo saiu

correndo do mato; um galho distante arranhou seu pelo. Ele se lançou para
cima das tiras de madeira da cerca, por cima e para baixo, na sombra da
floresta. Assim que suas patas tocaram o chão, ele mergulhou no
abrigo de uma moita de samambaias e se agachou ali, com os ouvidos
atentos para ouvir o som dos Duas-Pernas vindo atrás dele. Ele se moveu
rápido o suficiente ou eles o viram? Ele nem tinha certeza se o reconheceriam
depois de tantas temporadas, mas não valia a pena correr o risco.
Gradualmente, sua respiração diminuiu. Tudo estava quieto nos jardins

das Duas Pernas. Ele não conseguia ouvir nenhum som de Duas Pernas
procurando por ele, apenas o farfalhar das árvores e os pequenos sons
de presas se arrastando. Mas ele permaneceu escondido até o sol
começar a se pôr, banhando a floresta com uma luz escarlate.
Aventurando-se para sair da sombra das folhas das samambaias, ele

sentiu o cheiro do rato que havia matado antes, desenterrou-o e devorou-o.
goles famintos. Então, no crepúsculo, ele rastejou cautelosamente de volta

aos ninhos de Duas Pernas e escalou a cerca para pousar sem ser
visto no jardim de Cascão.
Ele avançou, procurando um lugar para dormir perto do centro da

depressão, onde imaginava que estaria o acampamento do SkyClan.
Um som fraco o fez pular, mas era apenas Cascão, caindo do galho baixo
de uma árvore.
"Aí está você!" o gatinho engasgou. “Achei que você tivesse voltado
para a floresta. Hattie me contou o que aconteceu com seu velho Duas-
Pernas.
Firestar não queria falar sobre isso. “Eu simplesmente fiquei fora de
vista até eles irem embora”, explicou ele.
Cascão deu algumas lambidas rápidas no pelo do peito, como se tentasse

esconder o quão ansioso estava. “Tem certeza de que conseguirá dormir
aqui?” ele continuou. “Vai fazer frio agora que o sol se foi.”
“Smudge, eu durmo fora todas as noites”, lembrou Firestar.

"Estou acostumado com isso. Acho que não conseguiria dormir dentro de um ninho de Duas
Pernas, mesmo que tentasse.
Smudge piscou. "Oh, tudo bem. Eu apenas pensei-"
Ele parou quando a porta do ninho se abriu e a luz amarela se espalhou

pelo jardim escuro. Uma fêmea Duas-Pernas estava ali, uivando, com
uma tigela na mão.
“Eu tenho que ir,” Smudge miou, enquanto Estrela de Fogo se agachava
atrás de uma moita de grama emplumada. “Meu jantar está pronto.
Tem certeza-"
Estrela de Fogo suprimiu um suspiro. “Eu ficarei bem, honestamente.”
"Boa noite então." Smudge correu pela grama com seu

cauda no ar e esfregou-se contra o Duas-Pernas. Ela se abaixou para

acariciá-lo e depois fechou a porta.
Estrela de Fogo desceu até chegar a um arbusto coberto de flores

brancas de cheiro doce que brilhavam pálidas na penumbra. Deslizando
por baixo dos galhos baixos, ele arranhou um ninho áspero e espirrou
quando algumas pétalas caíram em seu nariz.
Ao se encolher, pensou em como era estranho estar de volta a Duas

Pernas depois de tanto tempo. Os sons fracos vindos do ninho eram
estranhamente familiares, assim como a luz laranja se espalhando
pelo céu. O brilho intenso escondia as estrelas, de modo que Estrela de
Fogo se sentia ainda mais distante de seus ancestrais guerreiros.
Olhando através dos galhos, ele fez uma oração silenciosa, mas não foi
para o StarClan.
Guerreiro do SkyClan, onde quer que esteja, visite-me em meus sonhos.
O frio úmido o acordou, encharcando sua pele. Acima de sua

cabeça, o céu laranja era suavizado pela neblina. Tremendo, ele
rastejou para fora do arbusto para esticar as pernas rígidas e congelou
no meio do trecho.
O gato cinza e branco estava sentado a alguns centímetros de distância.

A névoa envolveu-o e ele observou Estrela de Fogo com olhos da cor
de um céu pálido de inverno.
“Eu estava esperando por você”, ele miou.

CAPÍTULO 8
"Quem é você?" Estrela de Fogo gaguejou. "Qual o seu nome?"
O gato estranho olhou para ele sem expressão. “Já faz tanto tempo
que nenhum gato fala meu nome, não preciso mais dele.” Seus olhos
falavam com Estrela de Fogo de profunda tristeza; sua voz doía tanto que
Estrela de Fogo mal suportava ouvir.
“Você vem do SkyClan?” ele perguntou, embora estivesse

quase certeza de qual seria a resposta.
O gato de pêlo claro contraiu os bigodes de surpresa.

“Você conhece o SkyClan, então?”
“Um pouco,” Firestar miou. “Falei com um guerreiro do StarClan.

Ela me contou que já houve cinco Clãs na floresta, mas o SkyClan foi
embora quando...
"Esquerda?" A voz do guerreiro SkyClan estava cheia de desprezo.

“Nós não partimos. Os outros Clãs nos expulsaram da floresta porque
disseram que não havia mais espaço para nós.”
Estrela de Fogo olhou para ele. Quando ele falou com Estrela
Azul, ela o deixou acreditar que o SkyClan havia partido por vontade
própria quando os monstros Duas Pernas invadiram seu território.
Ela nunca lhe contou que os outros Clãs os haviam
expulsado. Certamente o código do guerreiro não permitiria isso? No entanto, ele
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não conseguiu suprimir um pensamento incômodo: ele iria querer

desistir de algum território do ThunderClan se outro Clã o pedisse?
“O StarClan não poderia fazer nada para ajudá-lo?” ele perguntou.
“Clã das Estrelas!” O gato SkyClan cuspiu a palavra, balançando o

rabo. “StarClan nos traiu. Eles permitiram que os outros Clãs nos
perseguissem como bandidos. Quando saímos da floresta, jurei que
nunca mais olharia para as estrelas.”
“Um clã sem ancestrais guerreiros?” Estrela de Fogo ficou perplexa.
“Nosso gato curandeiro ainda andava com eles em sonhos”, disse o

gato SkyClan a ele. “E muitos de nossos guerreiros mantiveram os
velhos hábitos. Nunca tentei impedi-los. Eles haviam perdido a
casa; como eu poderia tirar o código do guerreiro deles também?”
O gato estranho falou como se fosse o líder do seu Clã. Mas antes
que Estrela de Fogo pudesse perguntar se isso era verdade, o guerreiro
de pelagem clara endireitou-se e olhou em volta.
“Uma vez percorremos todo esse território, patrulhamos nossas fronteiras
e capturamos quantas presas queríamos. Mas então os Duas
Pernas chegaram.” A nota latejante de tristeza retornou à sua voz,
arrepiando todos os pelos da pele de Estrela de Fogo. “Este já foi nosso
acampamento”, ele continuou, indicando o jardim de Cascão com um
movimento de rabo. “Onde estamos costumava ser o covil dos guerreiros. O
ninho Twoleg fica onde ficava nosso berçário.
A toca de nossos aprendizes ficava sob as samambaias ao longo da
cerca, e sob aqueles arbustos ali era onde nossos mais velhos dormiam.
Ele suspirou. “Tudo isso foi há muito tempo. . . .”
“Onde está o acampamento SkyClan agora?”
O gato cinza e branco olhou para as patas. “SkyClan não tem acampamento,”
ele miou baixinho. “Meu clã se desfez e se dispersou.”
Estrela de Fogo ficou intrigada. “Então não existe mais SkyClan?”
O pelo do pescoço do guerreiro do SkyClan se arrepiou e ele recuou os

lábios no início de um rosnado. "Eu não disse isso. Eu disse que nossa casa
desapareceu e meus companheiros de clã se espalharam.
Alguns se tornaram bandidos e alguns foram morar com Duas Pernas como
gatinhos. Mas o SkyClan ainda vive, embora os gatos tenham esquecido sua herança
e o código guerreiro.”
Desnorteada, Estrela de Fogo se perguntou como o outro gato poderia

insistir que o SkyClan sobrevivesse sem qualquer território, se tivesse se
desmembrado e nenhum gato conhecesse o código do guerreiro. O que
formava um Clã se sua casa e sua herança desaparecessem?
"Então por que você veio até mim?" ele perguntou.
“Porque você é o único gato que pode nos ajudar”, respondeu o guerreiro. Ele
avançou até ficar a uma curta distância de Estrela de Fogo, e seu cheiro
fraco e fugitivo envolveu o líder do Clã do Trovão. “Você deve reconstruir
o SkyClan antes que ele se perca para sempre.”
Estrela de Fogo olhou para ele. Como ele poderia reconstruir um Clã
disperso, quando não tinha ideia de como encontrar seus gatos e tinha seu
próprio Clã para liderar? "Mas eu-"
O guerreiro SkyClan o ignorou. “Você deve seguir o rio até sua nascente”,
ele ordenou. “Nós fugimos rio acima, e é lá que você encontrará os
remanescentes do Clã e um lugar onde eles poderão viver.”
A mente de Estrela de Fogo girou. "Mas . . . mas porque eu?"
O gato cinza fixou seu olhar em Estrela de Fogo, seus olhos brilhando de
tristeza. “Esperei muito que você viesse, um gato forte, um líder e alguém que não
carrega em seu sangue nenhum vestígio de nossa traição. Você não é
descendente dos gatos que nos expulsaram e, ainda assim, é um verdadeiro
guerreiro do Clã. É o seu destino restaurar o SkyClan.”
A névoa girou ao seu redor e sua pele pareceu desaparecer, deixando

Estrela de Fogo olhando para o pedaço de grama onde ele estivera. Apenas
seu cheiro permaneceu.
Estrela de Fogo sentou-se e envolveu o rabo nas patas. Ele ainda não
havia se movido quando os primeiros vestígios do amanhecer apareceram no
céu.
O fraco lamento de um gato o despertou. Ele saltou sobre as patas, o

pelo eriçado. O acampamento estava sendo atacado? Então ele se lembrou
de onde estava; além disso, o lamento parecia mais impaciente do que
aterrorizado.
De repente, a porta do ninho Duas Pernas se abriu e Cascão saiu disparado.
"Honestamente!" ele ofegou, caindo sobre a grama.

“Às vezes acho que meus Duas Pernas são estúpidos! Eu perguntei e pedi para
sair, mas eles se levantariam e abririam a porta?
“Bem, você está aqui agora,” Estrela de Fogo miou, feliz por não ter que
depender de Duas Pernas para sua liberdade.
"Bem? Você sonhou com meus gatos? Mancha exigiu.
Estrela de Fogo assentiu. “Falei com o gato cinza e branco e sei o que
tenho que fazer agora.”
"O que você tem que fazer? Mas e eu? Por que eu também tive os sonhos?
Estrela de Fogo ergueu o rabo para silenciar as perguntas ansiosas de Cascão.

“Os gatos que você viu saíram da floresta há muito tempo”, explicou
ele. “Agora eles estão pedindo ajuda. Você sonhou com eles porque era aqui
que eles moravam.”
"Aqui?" Smudge olhou ao redor de seu jardim como se esperasse que os

gatos há muito perdidos emergissem dos arbustos naquele momento. “Então
você vai ajudá-los?”
“Sim, se eu puder.”
Quando Estrela de Fogo viu o alívio nos olhos de Smudge, ele se perguntou
se isso era exatamente verdade. Ele teria que deixar seus
companheiros de clã e embarcar em uma longa jornada sem saber aonde isso
o levaria. Ele teria que encontrar um Clã disperso que havia sido abandonado
há muito tempo pelo StarClan. Por que deveria ser seu destino salvá-los,
independentemente de os ancestrais do ThunderClan carregarem ou
não a culpa de expulsá-los? Seu dever era com o ThunderClan e com
o código guerreiro que ele conhecia desde que chegou à floresta.
“É melhor eu ir”, ele miou para Smudge. “Vou dizer às patrulhas para
ficarem de olho em você – e não pularem em você.”
“Obrigado”, respondeu Smudge. “Estou muito grato, Estrela de Fogo.

Você é um bom amigo, mas estou feliz por não ter que vir morar com você na
floresta!”
"Estou contente também." Estrela de Fogo deu um tapinha amigável na

orelha de Smudge com a ponta do rabo. “Eu sei que você não gostaria disso.”
"Adeus então. Vejo você por aí algum dia. Smudge começou a recuar em
direção à porta do ninho, olhando por cima
seu ombro para acrescentar: “Esperemos que eles possam ser um pouco mais rápidos em me
deixar entrar”.
Determinado a ir embora antes que o Twolegs de Smudge seja encontrado

Ele estava no jardim, Estrela de Fogo saltou pela grama e saltou para o topo
da cerca.
“Adeus, Estrela de Fogo!” Era a voz de Hattie; Estrela de Fogo avistou-a no

jardim vizinho, equilibrada num galho baixo da árvore que arranhava. Ele
acenou com o rabo para ela em despedida. “Venha nos ver novamente!” ela
gritou quando ele saltou da cerca e mergulhou de volta na sombra das árvores.
Assim que saiu da vista dos ninhos de Duas Pernas, ele diminuiu o passo.
Pela primeira vez a floresta lhe pareceu estranha. Ele se sentiu
estranhamente desligado daquilo, como se não fosse mais real. Em vez disso,
ele continuou pensando na charneca e nos lamentos dos gatos em fuga. Ele
realmente deveria seguir seus passos?
Depois da noite úmida, o sol nasceu em um céu azul claro. Cada arbusto
estava coberto de teias de aranha brilhantes, e o orvalho brilhava em cada folha
de grama, encharcando o pelo de Estrela de Fogo enquanto ele passava. Ele
parou, suas patas formigando quando sentiu o cheiro de gatos se
aproximando, apenas para relaxar enquanto Garra de Espinho avançava
por entre uma moita de samambaias, seguido de perto por Pata de Fuligem, a
mãe de Pata de Fuligem, Pele de Salgueiro e Pele de Cinza.
Estrela de Fogo sacudiu sua pele, irritada. Claro, esta foi a patrulha da
madrugada! Sua mente estava tão cheia do SkyClan que ele não conseguia
reconhecer o cheiro de seus próprios companheiros de clã?
“Olá, Estrela de Fogo.” Thornclaw aproximou-se dele. "Tudo certo?"
“Sim, está tudo bem.” Firestar não estava prestes a explicar

por que ele passou a noite fora do acampamento.
Thornclaw trocou um rápido olhar com Willowpelt,

então voltou-se para o líder do seu clã. — Listra Cinzenta sugeriu que eu levasse
Pata de Fuligem comigo hoje — ele miou, apoiando a ponta do rabo no ombro do
aprendiz. “Longtail não pode orientá-lo quando seus olhos estão tão ruins.”
"Boa ideia." Uma pontada de culpa apunhalou Estrela de Fogo como uma
garra; ele deveria ter pensado no treinamento de Pata de Fuligem assim que
seu mentor, Longtail, sofreu o acidente. Seus sonhos com o SkyClan o
estavam distraindo de seu dever para com seu clã. “Na verdade”, ele continuou,
“acho que você deveria assumir o cargo de mentor de Pata de Fuligem até que
Longtail esteja em boa forma novamente.” Se algum dia ele for. Firestar não se
atreveu a dizer isso em voz alta. Ele estava relutante em admitir, até para si mesmo,
que Pele de Cinzas não seria capaz de salvar Longtail da cegueira.
Os olhos de Thornclaw brilharam. Ele era um jovem guerreiro e até então não
tivera nenhum aprendiz. “Obrigado, Estrela de Fogo!” ele miou.
“Vou anunciar isso hoje mais tarde”, prometeu Firestar.

“Desde que Longtail concorde.”
— Tenho certeza de que sim — interveio Pata de Fuligem. — Tenho matado-

o recentemente e consertado sua roupa de cama, e ainda posso fazer isso.
"Bom." Firestar deu-lhe um aceno de aprovação. Precisando mergulhar de

volta na vida de seu Clã, ele acrescentou: “Vou me juntar a você na patrulha, e
Pata de Fuligem, você pode me mostrar suas habilidades de rastreamento.”
Os olhos do aprendiz brilharam de entusiasmo com a ideia de treinar

com o líder do seu Clã. Como Thornclaw liderou
no caminho ao longo da fronteira em direção ao Caminho do Trovão, Pata de

Fuligem manteve o nariz no chão, parando para farejar o ar a cada poucos passos.
“O que você pode cheirar?” Estrela de Fogo miou.
“O Caminho do Trovão,” Sootpaw respondeu prontamente. “E ratazana.

E um Duas-Pernas com um cachorro esteve por aqui. Não, dois cachorros.”
"A quanto tempo?" Pele de Salgueiro perguntou.
“Hoje não,” Miou Pata de Fuligem. “O cheiro é rançoso. Talvez ontem.
“Isso é o que eu penso também,” Estrela de Fogo miou, enquanto

Pele de Salgueiro soltou um ronronar de satisfação. “Ok, continue.
Sootpaw, diga-me se sentir cheiro de mais alguma coisa.
Eles estavam tão perto do Caminho do Trovão que Estrela de Fogo podia
ouvir o rosnado dos monstros enquanto corriam para cima e para baixo.
Logo eles emergiram da vegetação rasteira na borda da superfície preta e lisa.
Pata de Fuligem torceu o nariz. “É realmente nojento”, reclamou ele.

“Ele esconde todos os outros aromas.”
“Certo,” miou Thornclaw. “Isso significa que você precisa ser extremamente
cuidadoso.”
Com o resto da patrulha seguindo, ele seguiu ao longo da borda do

Caminho do Trovão, mantendo-se bem longe das enormes patas negras dos
monstros. Estrela de Fogo sentiu seu pelo ser açoitado pelo vento enquanto eles
passavam.
Ele ajudou Garra de Espinheiro, Pele de Cinza e Pele de Salgueiro a renovar

as marcações olfativas nas bordas e observou Pata de Fuligem enquanto o aprendiz
praticava suas habilidades olfativas. De repente o
o jovem gato preto desviou-se da fronteira.
“Ei, onde você pensa que está indo?” Thornclaw chamou.
Sootpaw olhou para trás, os olhos iluminados com uma mistura de

excitação e apreensão. “Encontrei um cheiro muito estranho”, explicou ele.
“Bem, você não pode segui-lo agora”, disse Thornclaw a ele. “Esta não é uma
patrulha de caça.”
“Que tipo de estranho?” — perguntou Estrela de Fogo. O fedor do

Thunderpath ainda bloqueava a maioria dos outros aromas.
“Forte”, respondeu Pata de Fuligem. “Eu nunca senti esse cheiro antes.”
Firestar trocou um olhar com Thornclaw. “Ok, vamos segui-lo.”
Desta vez Pata de Fuligem avançou mais fundo na vegetação rasteira e, quando
deixaram o Caminho do Trovão para trás, Estrela de Fogo
começou a sentir o novo cheiro. Ele parou, seu pelo arrepiando.
"Texugo!"
"Oh não!" Pele de Salgueiro protestou.
Thornclaw bufou. “Exatamente o que precisamos.” Ashfur permaneceu em

silêncio, mas seus olhos azuis se arregalaram.
“Os texugos são ruins?” — perguntou Pata de Fuligem.
“Muito ruim”, Ashfur respondeu.
“Certamente não queremos um em nosso território”, concordou Willowpelt.
Estrela de Fogo lembrou-se de uma folha nua, quando havia neve no chão e
as presas eram escassas. Cloudtail era um filhote na época, e um texugo
faminto o atacou na ravina. Apenas uma ação rápida de Estrela de Fogo e
Pele de Samambaia o salvou.
Os texugos normalmente não atacavam gatos, mas se estivessem com fome
ou com medo de que fossem oponentes formidáveis e mortais.
“O cheiro é fresco”, ele miou. “Teremos que segui-lo para saber onde
está o texugo e se ele vai fazer toca aqui. Muito bem, Pata de Fuligem.
Esse foi um rastreamento útil.
Os olhos do aprendiz brilharam.
“Firestar está certo”, acrescentou Thornclaw. “Agora, fique atrás de

mim e vamos embora.”
Ele assumiu a liderança, com Pata de Fuligem e Pele de Salgueiro

em suas patas. Ashfur os seguiu, enquanto Estrela de Fogo vinha na
retaguarda, acompanhando o forte cheiro do texugo em seu nariz. Ele
sentiu seus músculos ficarem tensos sob o pelo; ele meio que esperava
que um corpo corpulento, preto e branco, saísse pisoteando da vegetação
rasteira.
As árvores começaram a diminuir; a trilha do texugo levava em

direção a Snakerocks. Estrela de Fogo sentiu-se exposta e vulnerável,
convencida de que olhos pequenos e malévolos o observavam de cada
espinheiro ou matagal. Este era um lugar ruim para os gatos do
ThunderClan. Quando os cães estavam soltos na floresta, eles faziam sua
toca em Snakerocks; Pata Veloz morreu em suas mandíbulas e Coração
Brilhante sofreu ferimentos terríveis. Estrela de Fogo imaginou que ainda
podia sentir o cheiro do sangue derramado.
As pedras caídas apareceram, surgindo do centro de uma clareira

onde o solo arenoso estava coberto de pequenas plantas rasteiras e
gramíneas.
“Fique aqui”, Thornclaw instruiu Pata de Fuligem, gesticulando com o

rabo em direção a um local protegido na base de alguns arbustos.
“Não se mova, mas dê um uivo bem alto se vir algo perigoso.”
Pata de Fuligem hesitou, como se quisesse continuar rastreando

o texugo, depois foi se agachar no abrigo dos arbustos com as
patas dianteiras enfiadas sob o peito. Seu pelo cinza derreteu nas
sombras.
Thornclaw, Willowpelt e Firestar começaram a procurar

entre as rochas. Estrela de Fogo parou na entrada da toca onde
os cães viviam, sentindo arrepios percorrendo-o das orelhas até a
ponta da cauda. Ele estava preparado para o cheiro de cachorro
saindo do buraco escuro, mas não havia nada além de um vestígio
de raposa rançosa. Até o cheiro fresco do texugo havia
desaparecido. A princípio ele pensou que era porque as pedras e o
solo fino não retinham o odor por muito tempo. Mas quando explorou
mais a fundo, roçando os galhos baixos de uma árvore na beira da
clareira, percebeu que o texugo não havia entrado tão longe no
território. A trilha de cheiro desapareceu antes que ele alcançasse as
rochas.
“Pele de salgueiro? Garra Espinhosa? ele chamou. “Perdi o rastro

aqui.”
Ele parou quando um novo cheiro de perfume o alcançou. Estrela de

Fogo se virou e viu uma forma enorme, preta e branco-amarelada,
erguendo-se por trás do matagal, com suas enormes patas prontas para
atacar o aprendiz encolhido.
CAPÍTULO 9
“Pata Fuliginosa! Mover!" Estrela de Fogo uivou.
Ele saltou para frente, mas não viu como poderia alcançar Pata de
Fuligem antes que o texugo o golpeasse com suas patas fortes e rombas.
Então ele avistou Pele de Salgueiro mergulhando do topo de uma

rocha para correr pelo chão e empurrar Pata de Fuligem para fora do
caminho com as patas dianteiras estendidas. O texugo caiu
pesadamente de costas; seu grito foi interrompido por um estalo nauseante
quando a enorme criatura quebrou seu pescoço. Ele pegou seu corpo
inerte com uma pata e jogou-o na clareira.
Sootpaw soltou um grito fraco e lamentoso. Estrela de Fogo se lançou

sobre o texugo, rosnando enquanto passava as garras pela lateral.
A enorme cabeça listrada virou-se, atacando-o com dentes brancos e
brilhantes. Ashfur avançou pelo outro lado, saltando para enterrar as
garras no pescoço do texugo e fixar os dentes em sua orelha. Isso
o sacudiu facilmente; Ashfur caiu no chão e ficou imóvel, sem fôlego.
Thornclaw agachou-se diante do texugo, cuspindo e arranhando

seus olhos enquanto ele pairava sobre ele. Estrela de Fogo atingiu seu
flanco novamente, sentindo uma satisfação feroz enquanto o sangue brotava
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os rastros de suas garras. O texugo soltou um grito de dor. Ele balançou

a cabeça de um lado para o outro, depois se virou e saiu pesadamente
para a vegetação rasteira. Thornclaw e Ashfur atacaram-no com
gritos ensurdecedores.
"Voltar!" Estrela de Fogo uivou. "Deixa para lá!"
Ofegante, ele fechou os olhos brevemente, ouvindo o som das patas do

texugo desaparecer ao longe. Então ele se preparou e foi até onde
Pata de Fuligem estava agachado ao lado do corpo de sua mãe. Ele
ergueu os olhos quando Estrela de Fogo se aproximou, com os
olhos suplicantes.
“Ela não está morta, está? Ela não pode estar morta.
"Desculpe." Estrela de Fogo abaixou a cabeça e tocou a testa de Pata

de Fuligem com o nariz. Apenas cinco luas se passaram desde que o pai
do jovem gato, Whitestorm, morreu na batalha contra o BloodClan.
Como o StarClan pôde deixar isso acontecer? “Ela morreu bravamente, como
uma guerreira.”
“Ela morreu me salvando!” A voz de Sootpaw estava estridente de

angústia.
“Não se culpe.” Firestar deu uma lambida reconfortante em seu ombro.

“Willowpelt sabia o que estava fazendo.”
"Mas ela . . .” Pata de Fuligem ficou em silêncio, tremendo de choque,

e enfiou o focinho no pelo da mãe.
Estrela de Fogo olhou para cima e viu Thornclaw e Ashfur retornando;

Ashfur estava mancando muito.
“Ele foi em direção ao Caminho do Trovão”, relatou Thornclaw.

“Espero que um monstro consiga.” Ele foi até Pata de Fuligem e sentou-
se ao lado dele, passando o rabo pelos ombros do jovem gato.
Pata de Fuligem não ergueu os olhos.
"Você está bem?" Estrela de Fogo perguntou a Ashfur.
O guerreiro mais jovem flexionou os músculos dos ombros. "Eu penso que sim. Caí com
força; isso é tudo."
“É melhor deixar Pelt de Cinzas dar uma olhada de qualquer maneira, quando
voltarmos ao acampamento.”
Ashfur assentiu. Juntos, ele e Estrela de Fogo levantaram o corpo inerte de Pele de
Salgueiro e começaram a carregá-la de volta para a ravina.
Sua cauda caída marcava uma linha tênue na poeira. Thornclaw o seguiu, liderando o
atordoado Pata de Fuligem.
Envolto em tristeza, Estrela de Fogo não percebeu o som ou cheiro de gatos se

aproximando até que Rabo de Nuvem emergiu de uma moita de samambaias quase sob
suas patas.
“Estrela de Fogo, você está de volta!” o guerreiro branco exclamou. “Você está...” Ele
parou, seus olhos azuis brilhando de alarme. “Isso é Pele de Salgueiro. O que aconteceu?"
Pelagem de Poeira e Pelagem de Samambaia se juntaram a Cauda de Nuvem para ouvir,

horrorizados, enquanto Estrela de Fogo colocava o guerreiro morto no chão e
descrevia como ela havia dado sua vida para salvar Pata de Fuligem.
“Deixe-me colocar minhas garras naquele texugo”, sibilou Cloudtail quando Estrela
de Fogo terminou. “Vou fazer com que ele deseje que nunca tivesse sido equipado.”
“Não deveríamos segui-lo?” Pele de Poeira sugeriu. “Devíamos ter certeza de que
realmente desapareceu.”
Estrela de Fogo assentiu. “Ele se dirigiu para o Caminho do Trovão”, ele miou.
“Cloudtail, leve sua patrulha e veja se consegue sentir seu cheiro. Siga-o e descubra o que
ele faz, se puder, mas não o ataque. Está claro?"
Cloudtail chicoteou o rabo. "Se você diz."

“Se ele se instalar em nosso território, faremos um plano para nos livrar dele”,
prometeu Firestar. “Mas não vou arriscar perder mais gatos, a menos que seja
necessário.”
Resmungando baixinho, Cloudtail conduziu sua patrulha de volta pela trilha em

direção a Snakerocks. Grande StarClan, deixe todos eles voltarem, rezou Estrela de Fogo
enquanto eles desapareciam na vegetação rasteira.
As pernas de Estrela de Fogo estavam pesadas de exaustão enquanto ele e Pele de

Cinza lutavam para manobrar o corpo de Pele de Salgueiro através do túnel de tojo. A
dor por seus companheiros de clã apunhalou profundamente seu coração.
Ele era o líder deles; ele deveria protegê-los, não deixar os gatos morrerem quando
estivesse com eles.
Quando chegou à clareira, Listra Cinzenta e Tempestade de Areia estavam

sentados juntos perto da pilha de animais recém-mortos. Eles trocaram um olhar
interrogativo quando o avistaram; Estrela de Fogo imaginou que eles estavam se
perguntando por que ele havia passado a noite fora do acampamento. Os problemas
do SkyClan caíram sobre ele novamente, mais pesados que o peso do corpo de
Willowpelt, mas ele teve que afastá-los. Não havia tempo para pensar no Clã
perdido agora.
Os dois gatos saltaram e correram até ele.
“Estrela de Fogo, o que aconteceu?” — perguntou Listra Cinzenta.
“Eu vou te contar em breve,” Firestar prometeu com voz rouca. “Primeiro tenho que
levar Pele de Salgueiro para Pele de Cinzas, para que ela possa se preparar para a
vigília.”
"Vou avisá-la." Tempestade de areia girou e disparou para a toca do curandeiro.
No momento em que Estrela de Fogo e Pele Cinzenta cruzaram o acampamento,

Pele de Cinzas emergiu do túnel de samambaias.
“Deite o corpo dela ali”, ela ordenou, apontando com o rabo para um local
sombreado sob as samambaias. “Ela ficará fora do sol até o anoitecer.”
Os dois gatos fizeram o que ela sugeriu; Pata de Fuligem sentou-se ao lado
do corpo da mãe como se suas pernas não conseguissem segurá-lo nem mais
um momento. Seus olhos olhavam para longe, vidrados de horror, como se
ele não conseguisse parar de reviver aquela terrível
momento.
“Pata de Fuligem precisa de algo para chocar”, murmurou Estrela de Fogo

para Pele de Cinzas. “E Ashfur pode ter machucado o ombro.”
O curandeiro assentiu. “Vou buscar algumas sementes de papoula para

ele. Ashfur, venha comigo.
Enquanto a guerreira cinzenta seguia Pele de Cinzas até sua toca, outro grito
soou do lado oposto do acampamento. A cabeça de Estrela de Fogo girou e ele
viu Pata de Chuva e Pata de Sorrel correndo em frente à toca do aprendiz. Pata de
Sorrel se jogou ao lado do corpo da mãe, pressionando-se contra seu flanco
frio, enquanto Pata de Chuva parou na frente de Estrela de Fogo.
"O que aconteceu?" Ele demandou.
“Um texugo a matou”, respondeu Firestar. “Sinto muito, Pata de Chuva.

Nenhum gato poderia ter impedido isso.”
O aprendiz olhou para ele por mais um momento, com o pelo eriçado.
Então sua cabeça e cauda caíram e ele se virou sem dizer uma palavra, para se
acomodar ao lado de seu irmão e irmã.
“Todos eles precisarão de Cinderpelt para cuidar deles,”

Tempestade de areia murmurou.
Estrela de Fogo estava muito doente para responder. Escovando o pelo de

seu companheiro com o rabo, ele atravessou o acampamento e subiu
até Highrock para convocar o Clã para uma reunião. Os gatos já

estavam saindo de suas tocas, chocados e perplexos ao saberem da
morte de Pele de Salgueiro.
“Cats of ThunderClan,” Firestar começou quando todos estavam

reunidos. “Pele de salgueiro está morto. Ela morreu bravamente e
seu espírito será homenageado no StarClan.”
"Como isso aconteceu?" Specktail gritou.
Estrela de Fogo sentia como se um peso extra de tristeza caísse

sobre ele toda vez que precisava contar a história. “O texugo fugiu em
direção ao Caminho do Trovão”, finalizou. “Enviei a patrulha de
Cloudtail para rastreá-lo.”
Brightheart, sentada do lado de fora do berçário, estremeceu quando ele

mencionou seu companheiro, enquanto Ferncloud puxava seus filhotes para
mais perto dela com um movimento de cauda. Kitaranha e Kitaranha se
apertaram em seu pelo, olhando para Estrela de Fogo com olhos
enormes e assustados.
“E os meus kits?” Ferncloud exigiu. “E se o texugo vier aqui?”
“Improvável”, respondeu Firestar, flexionando as garras na rocha

dura. “Era jovem e acho que aprendeu que os gatos não são presas
fáceis. Saberemos mais quando Cloudtail voltar. Eu prometo a
você”, acrescentou ele, “faremos tudo o que pudermos para garantir
que isso não se instale em nosso território”.
Ferncloud não parecia convencida, mas não havia mais nada

que pudesse dizer para tranquilizá-la.
“Esta noite faremos vigília por Pele de Salgueiro”, anunciou ele, e

desceu do Highrock para mostrar que a reunião
acabou.
— Eles estão muito abalados — comentou Listra Cinzenta, aproximando-se com

Tempestade de Areia para se juntar a Estrela de Fogo do lado de fora da entrada
de sua toca.
“Especialmente aqueles três aprendizes”, acrescentou Sandstorm, com

compaixão em seu olhar verde. “Este é um momento ruim para eles perderem a mãe.”
Estrela de Fogo assentiu com tristeza. “É o primeiro gato que perdemos desde a
batalha com o BloodClan. Acho que é difícil para todos nós entendermos que mesmo que
estejamos em paz com os outros Clãs, a floresta não é completamente

segura.”
Por alguma razão, o alarme brilhou nos olhos de Listra Cinzenta e de Tempestade
de Areia enquanto ele falava, e eles trocaram um olhar rápido. Estrela de Fogo não
entendeu, mas depois do estresse do encontro com o guerreiro do SkyClan e do
choque horrível de conhecer o texugo, ele não teve energia para questionar
seus amigos.
“Conversaremos mais tarde”, ele murmurou, e atravessou lentamente o

acampamento até a pilha de animais recém-mortos.
Quando a noite caiu, os anciãos trouxeram o corpo de Pele de Salgueiro para

o centro do acampamento para sua vigília. Firestar juntou-se a eles lá; ele olhou para
cima e viu as estrelas de Pele de Prata brilhando, como se esperassem para receber o
espírito de Pele de Salgueiro.
“Ela era muito amada”, Dappletail disse asperamente, alisando o pelo cinza do
guerreiro com uma pata dianteira. “E muito jovem para morrer. Ela tinha muito mais
para dar ao seu Clã.”
“Eu sei”, concordou Firestar, sentindo-se vazia de tristeza. Ele estava com
Pele de Salgueiro quando o texugo atacou Pata de Fuligem, mas não
conseguiu salvá-la. Chame a si mesmo de
líder? ele se perguntou selvagemente.
Ele observou enquanto Pele de Cinzas guiava os três aprendizes para

o lado da mãe; o curandeiro murmurou palavras de conforto enquanto os
jovens gatos se agachavam e enfiavam o focinho no pelo ainda cinza.
Mais membros do Clã se reuniram ao redor, alguns ficando por um
tempo antes de irem silenciosamente para suas tocas, enquanto outros se
acomodaram ao lado do corpo de Pele de Salgueiro para vigiar durante a
noite.
Como posso sair agora? Não posso abandonar meu Clã para partir rumo ao
desconhecido, em busca de um Clã que não existe mais. Talvez eu não possa protegê-los
de texugos que os matam ou de coelhos que os cegam, mas meu lugar ainda é aqui, servindo
meu Clã. Isso é o que significa ser um líder.
Estrela de Fogo olhou para Pele de Prata, perguntando-se se os

guerreiros estrelados aprovariam sua decisão. Mas os pontos brilhantes de luz
pareciam muito distantes e não responderam.
Ele manteve vigilância ao lado do corpo de seu guerreiro morto até

que os primeiros raios do amanhecer alcançassem as árvores. Uma leve
brisa agitou o pelo de Willowpelt. Specktail levantou-se sobre as patas.
“Está na hora”, ela miou.
Ela e os outros anciãos levantaram o corpo de Pele de Salgueiro e o

carregaram lentamente para fora do acampamento para ser enterrado.
O resto do Clã emergiu de suas tocas e os observou partir em um silêncio
respeitoso. Quando o pelo cinza de Pele de Salgueiro se perdeu de vista
no túnel de tojo, Pele de Cinzas balançou o rabo para reunir os três
aprendizes perto dela.
“Não há treinamento para eles hoje”, disse ela à Firestar. “Eles precisam
descansar.”
Estrela de Fogo assentiu. “Você sabe o que é melhor, Pele de Cinzas.”

Com os membros rígidos por ter ficado agachado a noite toda, ele
tropeçou nas patas e se dirigiu para sua toca. Assim que ele afundou no
musgo macio de sua cama, a escuridão o envolveu como a asa de um
corvo.
O cheiro cintilante de água corrente o inundou, e Estrela de Fogo se viu

caminhando ao lado de um rio.
A luz do sol dançava na superfície; as formas prateadas dos peixes tremeluziam
nas águas rasas. Ele fez uma pausa e olhou em volta. As árvores e
arbustos à margem do rio não lhe eram familiares e ele sabia que
estava sonhando.
Houve uma súbita turbulência na água e a cabeça de um gato

emergiu à superfície, com um peixe rechonchudo e prateado preso com
força nas mandíbulas. Enquanto nadava até a margem e saía da água,
Estrela de Fogo reconheceu Silverstream, o gato do Clã do Rio que se
apaixonou por Listra Cinzenta e morreu carregando seus filhotes. As
gotas de água grudadas em seu pelo brilhavam como estrelas.
Deixando cair o peixe na frente dele, ela miou: “Saudações,

Estrela de Fogo. Este peixe é para você. Quando ele hesitou, ela empurrou-
o para mais perto dele. "Vá em frente, coma."
“Mas não é um peixe do Clã do Trovão”, protestou Estrela de Fogo.

“Eu não quero roubar presas.”
Silverstream soltou um pequeno suspiro de diversão. “Você não está

roubando; é um presente. Também não é um peixe do RiverClan. Você
parecia com fome, então pensei em pegar um pouco de comida para você.
"Obrigado." Firestar não hesitou mais. Afundando os dentes no peixe,

ele pensou que nunca tinha provado algo tão delicioso. A cada garfada, ele
sentia a força voltando ao seu corpo cansado.
Enquanto ele ainda comia, Silverstream se aproximou dele e

miou baixinho em seu ouvido: “Lembra da vida que eu te dei quando
você se tornou líder do seu Clã? Eu lhe disse que era por lealdade ao
que você sabe ser certo. Estrela de Fogo, isso nem sempre é o
mesmo que seguir o código do guerreiro.” Quando ele se virou para
ela, surpreso, ela acrescentou num sussurro: — Sempre soube que
era certo que eu e Listra Cinzenta ficássemos juntos, embora
viéssemos de Clãs diferentes. Existem algumas coisas que são grandes
demais para serem contidas no código do guerreiro.”
Ela tocou o flanco dele com o nariz, depois voltou para o rio e se
lançou na água.
“Adeus, Silverstream”, chamou Firestar.
Ele pensou ter ouvido a última palavra de despedida dela tremendo

no ar enquanto o brilho ofuscante da luz na água a engolia.
Onde ela havia desaparecido, a imagem de gatos do SkyClan em
fuga apareceu, saltando e tremeluzindo através das ondas. Então
Estrela de Fogo piscou acordado em sua própria toca, com gosto de
peixe na boca e a barriga confortavelmente cheia.
Silverstream obviamente acreditava que deveria partir em uma jornada

para encontrar o SkyClan. O código do guerreiro não levava
em conta tudo o que acontecia sob as estrelas, e agora ele tinha que
reparar o que os outros quatro Clãs haviam feito há tanto tempo. Já
que um gato do StarClan veio lhe dizer isso, era a vontade de seus
ancestrais guerreiros que o Clã perdido fosse restaurado? Talvez até
o StarClan se sentisse culpado pelo que permitiram que acontecesse.
“Preciso ir”, murmurou Estrela de Fogo em voz alta. Mesmo sentindo

seu coração partido em dois quando pensou em deixar seu Clã, ele
sabia que Listra Cinzenta era tão leal ao Clã do Trovão quanto ele e cuidaria deles
até que ele retornasse.
Ele se levantou, sacudindo pedaços de musgo da pele.

Quando passou pela tela de líquen e entrou na clareira, viu que o sol
estava quase alto. O longo sono e o peixe que Silverstream lhe dera trouxeram-
lhe as forças de volta, e ele sabia que havia muitas coisas que precisava fazer antes
de partir.
Primeiro ele atravessou o túnel de samambaias até a toca de Pele de

Cinzas. Os três filhotes de Pele de Salgueiro estavam adormecidos nas
samambaias, amontoados para se sentirem confortáveis. Longtail estava deitado do
lado de fora da fenda na rocha e ergueu a cabeça quando Estrela
de Fogo emergiu na clareira. “Olá, Estrela de Fogo.”
A esperança formigava nas almofadas de Firestar. "Você consegue me ver?"
Longtail piscou e Firestar viu que seus olhos ainda estavam inflamados. "Sim .
. . não. Não tenho certeza”, respondeu ele. “Você é apenas um
borrão. Acho que reconheci você pelo seu cheiro.
“Seus olhos não estão melhores, então?”
Cauda Longa suspirou. "Não. Acho que estão piorando.”
“Mas ainda não vou desistir.” Cinderpelt emergiu de sua toca, falando em torno
do envoltório de folhas que ela carregava nas mandíbulas.
Colocando-o ao lado de Longtail, ela acrescentou: “Este é um cataplasma de
calêndula com suco de zimbro. Veremos se isso ajuda.”
"OK." Longtail não parecia esperançoso, mas manteve a cabeça imóvel

enquanto Pele de Cinza passava o cataplasma nos olhos infectados.
“Você queria alguma coisa, Estrela de Fogo?” ela perguntou quando terminou,
limpando as patas na grama.
“Uma palavrinha com Longtail”, respondeu Firestar. “É sobre

Pata de Fuligem”, ele começou sem jeito, imaginando como Longtail
reagiria ao perder seu aprendiz.
“Eu sei, ele não está sendo orientado,” Longtail miou prontamente.
“Isso tem me preocupado.”
Estrela de Fogo ficou aliviada por não ter que explicar o que estava
pensando. “Assim que ele estiver apto para treinar novamente, acho que
devo encontrar outro gato para assumir. Só até que seus olhos melhorem.
As orelhas de Longtail se contraíram. “Você não precisa mentir para

mim, Estrela de Fogo. Eu sei perfeitamente que estou ficando cego. Nunca
treinarei outro aprendiz.”
Firestar trocou um olhar com Cinderpelt. O fato de o curandeiro não ter

protestado mostrou a ele que Longtail provavelmente estava certo.
“Vamos nos preocupar com isso quando acontecer”, ele miou.

“Neste momento, precisamos encontrar outro mentor para Sootpaw.
Você acha que Thornclaw seria uma boa escolha?”
“Sim, ele está muito interessado. Já é hora de ele ter um aprendiz.

Longtail suprimiu um suspiro. “Sootpaw vai se dar bem com ele.”
“Isso está resolvido, então. Obrigado, Cauda Longa.” Ele hesitou,

sabendo que precisava contar a Pele de Cinzas sobre sua decisão de partir,
mas sem saber por onde começar.
Seus olhos se estreitaram. “Posso dizer que você tem algo em mente,
Estrela de Fogo”, ela miou. "Desembucha."
“Preciso falar com você”, ele começou. “Você vem passear comigo na
floresta?”
Cinderpelt pareceu assustado. "E agora?" Ela a sacudiu

cauda em direção aos aprendizes adormecidos. “Estou com as patas

ocupadas com esses três.”
“Não, depois do sol”, respondeu Firestar. “Preciso falar com Listra

Cinzenta e Tempestade de Areia também. Iremos assim que as patrulhas da
tarde estiverem resolvidas.
Os olhos azuis de Cinderpelt ainda pareciam confusos, como se ela

estivesse se perguntando o que Estrela de Fogo tinha a dizer que não poderia
ser dito em seu próprio covil. “Tudo bem, vou levar Pata de Fuligem, Pata
de Sorrel e Pata de Chuva para o berçário. Ferncloud e Brightheart podem
cuidar deles. Não lhes fará mal nenhum serem tratados como filhotes por um
ou dois dias, logo depois de perderem a mãe.
“Ótimo,” Firestar miou. “Encontrarei você na pilha de animais recém-mortos.”
Mas ao voltar pelo túnel de samambaias, uma pedra fria pareceu pesar
em seu estômago enquanto ele se perguntava como seus amigos reagiriam
à sua decisão.
Estrela de Fogo liderou o caminho para fora do túnel de tojo

com Listra Cinzenta, Tempestade de Areia e Pele de Cinza logo atrás;
suas garras flexionavam nervosamente à medida que se aproximava o
momento em que ele teria que contar a eles sobre o SkyClan.
— Rabo de Nuvem me informou pouco antes do nascer do sol — miou Listra

Cinzenta enquanto subiam a ravina. “Ele e sua patrulha rastrearam o texugo
até o riacho e então perderam o cheiro em um pedaço de terreno pantanoso.”
“Parece que estava indo para o território do ShadowClan,”

Estrela de Fogo comentou.
Listra Cinzenta soltou um leve grunhido de satisfação. “ShadowClan é bem-

vindo.”
“Mas se algum de nossos gatos avistar uma de suas patrulhas de

fronteira, deveríamos transmitir um aviso”, apontou Firestar.
Seu vice sacudiu uma orelha. “Isso é típico de você, Estrela de Fogo.
Você quer ajudar todos os clãs, não apenas o seu. Ok, contarei às próximas
patrulhas quando elas saírem.”
“E o que é tudo isso de querer entrar na floresta para falar com a

gente?” Os bigodes de Sandstorm se contraíram irritadamente. “Por que
você não nos contou no acampamento?”
Estrela de Fogo deixou seu olhar percorrer sua elegante pele ruiva e
seus luminosos olhos verdes. Ele sabia que tinha muito a explicar, mas
não conseguia entender por que ela estava tão chateada agora, antes de
dizer uma palavra.
“Eu queria conversar em algum lugar onde não seríamos interrompidos”,

ele miou. “Você entenderá em breve.”
Ele seguiu em frente, sem dizer mais nada até que os quatro
gatos chegaram a uma clareira escondida nas profundezas das árvores.
O chão estava coberto de grama cheirosa e montes macios de musgo.
Estrela de Fogo encontrou um lugar para se sentar entre as raízes nodosas
de um carvalho, e seus amigos se acomodaram ao seu redor na
sombra ensolarada. Os únicos sons eram o farfalhar do vento nos
galhos e o chilrear dos pássaros.
Estrela de Fogo olhou para os três gatos que significavam mais para
ele do que qualquer outro no Clã. “Tenho tido muitos sonhos recentemente”,
ele miou, sentindo-se como se estivesse prestes a mergulhar na beira de
um desfiladeiro sem fundo. “Durante muito tempo eles me confundiram,
mas acho que agora sei o que significam. E tive que tomar uma
decisão muito difícil. . . .”
“Mas e nós?” Tempestade de areia deixou escapar, suas garras

rasgando o musgo. “Como você pode ir embora e nos deixar?”
Estrela de Fogo olhou para ela. Como ela poderia ter adivinhado que ele
pretendia deixar o ThunderClan? “Você vai ficar bem, honestamente—”
“Não, não vamos!” Tempestade de areia cuspiu de volta nele. "Nós

precisamos de você. ThunderClan precisa de você como líder! Como você
pode pensar em nos abandonar assim?”
Estrela de Fogo olhou de seu companheiro para Pele de

Cinza e Listra Cinzenta. Os olhos do curandeiro estavam vazios de choque,
mas o olhar de Listra Cinzenta estava cheio de tristeza e compaixão.
“Eu não entendo,” Firestar miou. "Como você sabia? E o que faz
você pensar que nunca mais voltarei?
“Porque você passou a noite com seu velho Duas-Pernas,”

Listra Cinzenta disse asperamente. Ele virou a cabeça como se não
suportasse continuar olhando para seu velho amigo. “Você realmente se importa
mais com eles do que conosco?”
"O que?" Os olhos de Estrela de Fogo se arregalaram de consternação.

“Você acha que eu abandonaria meu Clã para ser um gatinho?”
“Não foi isso que você nos trouxe aqui para nos contar?”
Tempestade de areia o desafiou.
"Não! Não é nada disso. Esta é a minha casa. StarClan são meus
ancestrais guerreiros tanto quanto os seus. Eu não poderia viver em outro lugar
que não fosse na floresta.”
“Então talvez você nos diga o que vai fazer,”

Cinderpelt miou sarcasticamente.
“É verdade que tenho que ir embora, mas só por um tempo.”

Estrela de Fogo respirou fundo e contou aos amigos como havia sido
visitado por um gato desconhecido e sonhou com um lamento,
fugindo do clã. Ele explicou como conheceu Bluestar quando visitou a

Pedra da Lua e o que ela lhe contou sobre o SkyClan.
“Você quer dizer que já houve cinco Clãs na floresta?”

Tempestade de areia engasgou.
"Sim. Há muito tempo, antes da construção do Twolegplace.
“Mas Twolegplace sempre esteve lá!” Listra cinza

protestou.
“Não de acordo com Bluestar”, Firestar disse a ele. Não querendo

abalar a fé de seus amigos, ele contornou como o StarClan
havia mentido e apressou-se para a próxima parte de sua história.
“Foi por isso que passei a noite em Twolegplace. Eu não estava com
meu velho Duas-Pernas. Dormi no jardim do Cascão... Listra Cinzenta,
você se lembra do meu amigo Cascão?
Listra Cinzenta assentiu. “Aquele gatinho gordo preto e branco.”
“Achei que o jardim dele era um lugar provável para o SkyClan

montar seu acampamento, e eu estava certo. O líder do SkyClan falou
comigo em um sonho. Ele me disse que era meu destino encontrar os
gatos dispersos do SkyClan e reuni-los novamente.”
Listra Cinzenta bufou. “E se ele tivesse lhe dito que era seu destino
voar para a lua, você teria acreditado nele?”
Estrela de Fogo estendeu a cauda e tocou suavemente no ombro

de seu vice. “Eu sei que parece impossível. Mas decidi que é isso que
devo fazer. Devo partir em uma jornada para encontrar o SkyClan e
reparar os danos causados pelos outros Clãs.”
Listra Cinzenta olhou para ele, os olhos atordoados pelo choque.

O olhar de Sandstorm também estava fixo nele, raiva e tristeza
piscando em seus olhos como peixinhos em uma piscina verde profunda. Apenas
Pele de Cinzas permaneceu calmo.
“Posso dizer o quanto isso significa para você”, ela miou. “E se esse
for realmente o seu destino, então você deve ir aonde suas patas o
levarem. Mas tenha cuidado – o StarClan pode não ser capaz de cuidar
de você. Nossos ancestrais guerreiros não andam em todos os
céus.”
“Não sei como você consegue pensar em fazer isso!”

Tempestade de areia saltou sobre suas patas antes que Estrela de
Fogo pudesse responder ao gato curandeiro. “E o ThunderClan? E
os seus amigos?" Ela fez uma pausa e acrescentou, trêmula: — E eu?
Estrela de Fogo sentiu a dor dela como se fosse a dele, como

uma pedra afiada que perfuraria suas patas a cada passo da
jornada. Olhando de Listra Cinzenta para Pele de Cinza, ele se levantou
e acenou para Tempestade de Areia com a cauda.
"Vir."
Ele se afastou um pouco dos outros até um local aquecido pelo

sol, perto do centro da clareira. Tempestade de areia seguiu com relutância.
“Eu sei que você nunca me quis como sua companheira,” ela miou
assim que eles estavam fora do alcance da voz dos outros gatos.
“Você sempre foi apaixonado por Spottedleaf.”
Firestar agradeceu ao StarClan por não ter mencionado seu

encontro de sonho com o ex-gato medicinal do ThunderClan. “Eu
adorei Spottedleaf”, ele admitiu. “Mas mesmo que ela tivesse sobrevivido,
o que eu poderia ter feito? Ela era uma gata medicinal. Ela nunca teria
escolhido um companheiro.
“Então eu fui o segundo melhor?” Sandstorm falou amargamente, sem

olhar para ele.
"Tempestade de areia . . .” Firestar pressionou-se contra seu lado, enrolando

o rabo em volta dela enquanto ela tentava se afastar. “Você não é o segundo
melhor depois de nenhum gato.”
“Mas você ainda pode ir embora e me deixar.”
"Não." Firestar passou muito tempo pensando sobre isso.

Encontrando o olhar de Sandstorm com firmeza, ele continuou. “Eu nunca
quis abandonar você. Listra Cinzenta e Pele de Cinzas devem ficar aqui para
cuidar do Clã, mas não quero fazer a viagem sozinho. Tempestade de
areia, não há outro gato que eu preferiria ter comigo do que você. Vens comigo?"
Enquanto ele falava, a tristeza e a raiva desapareceram dos olhos de

Sandstorm. Seu olhar verde brilhou e o sol aqueceu sua pele ruiva até o brilho
da chama. "Você realmente quer que eu vá?"
“Eu realmente quero.” Estrela de Fogo pressionou o focinho em seu ombro. “Eu
não acho que posso fazer isso sem você, Tempestade de Areia. Por favor."
"Claro que eu vou! Eu...” A tempestade de areia foi interrompida. “Não, não
posso, Estrela de Fogo. E Pata Sorrel? Eu sou o mentor dela.”
Estrela de Fogo hesitou. Sandstorm queria desesperadamente um aprendiz

e sabia o quanto ela levava a sério o treinamento da pequena carapaça de tartaruga. “Não fará
mal nenhum a Sorrelpaw ter outro mentor por um tempo”, ele miou.
“Não será a primeira vez que um aprendiz terá que mudar – Sootpaw terá um
novo mentor agora, por causa dos maus olhos de Longtail.”
Tempestade de areia assentiu lentamente. “A experiência pode ser boa para

ela”, ela murmurou.
“Então está resolvido.” Firestar não se perguntou o que

aconteceria se ele não tivesse retornado antes que os aprendizes

estivessem prontos para se tornarem guerreiros. Ele não tinha ideia
de quando voltaria – ou se ele e Sandstorm voltariam.
Com Tempestade de Areia ao seu lado, ele caminhou de volta pela

grama até as raízes da árvore onde Listra Cinzenta e Pele de
Cinza esperavam.
“A tempestade de areia está vindo comigo”, anunciou ele.
Nem Listra Cinzenta nem Pele de Cinza pareceram surpresos.
— Isso é bom — miou Listra Cinzenta. Seu choque havia

desaparecido; ele tinha um olhar resoluto, e Estrela de Fogo percebeu
mais uma vez que ele era um bom amigo e que representante digno
do Clã do Trovão. “Cinderpelt e eu cuidaremos do Clã para você”, ele
prometeu. Seus bigodes se contraíram. “Eu sempre soube que você
tinha um destino que se estendia além do nosso território.
Talvez seja a hora do fogo salvar outro Clã.”
“Juramos pelo StarClan, manteremos o ThunderClan seguro para

você”, miou Cinderpelt.
“Obrigado”, respondeu Firestar, sentindo-se muito humilde. As

folhas farfalharam acima de sua cabeça e ele olhou para cima, meio que
esperando ver o líder do SkyClan de pelos claros olhando para
ele de um galho. Ele não viu nada, mas na brisa sussurrante parecia
ouvir suas palavras repetidas.
Obrigado . . .
CAPÍTULO 10
Estrela de Fogo caminhou pelo túnel de samambaias de Pele de Cinza, passando a

língua pelas mandíbulas para limpar o gosto amargo das ervas viajantes.
Atrás dele, ele podia ouvir Sandstorm conversando com o remédio
gato.
“Deixe-me ter certeza de que entendi direito. Teia de aranha para parar
o sangramento, calêndula para infecção, mil-folhas para se livrar do veneno. . .”
“Isso mesmo”, respondeu Cinderpelt. “E se você tiver dor de barriga, hortelã

ou bagas de zimbro são boas.”
Sandstorm começou a repetir os remédios baixinho. Nos dois

dias desde que Estrela de Fogo a convidou para ir com ele, ela passou a
maior parte do tempo aprendendo o que podia com Pele de Cinzas. “Será
perigoso partir sem um remédio”, ela explicou a Estrela de Fogo. “Pelo
menos posso aprender quais são as ervas mais úteis.”
Estrela de Fogo emergiu das samambaias e avançou para Highrock.

Seus gatos se separaram em silêncio para deixá-lo passar; seus olhares
o seguiram enquanto ele saltava para Highrock.
“Eles não querem que você vá”, murmurou Sandstorm, juntando-se a ele
alguns momentos depois.
"Eu sei." Estrela de Fogo suprimiu um suspiro. Além de liderar
113
seus guerreiros na batalha contra o BloodClan, esta foi a coisa mais difícil que
ele já teve que fazer como líder do Clã.
Ele olhou para baixo e encontrou os olhos perplexos de seu Clã.

Partiu-lhe o coração o fato de eles parecerem magoados com sua relutância
em contar-lhes sobre sua viagem; no entanto, como ele poderia dizer-lhes
para onde estava indo, se ele próprio não sabia? Ele teve que deixá-los
pensar que era o StarClan que o estava mandando embora, e não um
clã do qual nunca tinham ouvido falar, sem nenhum lugar na floresta.
Listra Cinzenta estava na base da rocha com os guerreiros do Clã ao seu

redor. Firestar avistou Pata de Fuligem com Garra de Espinho e
Pata de Sorrel com seu novo mentor, Pelagem de Poeira. Rainpaw e
Cloudtail sentaram-se ao lado deles; Estrela de Fogo ficou feliz em ver os
três aprendizes começando a superar o choque da morte da mãe, o
suficiente para voltarem a treinar. Garra de Amora Doce estava sentado
com Pelo de Cinza e Pelo de Rato. Speckletail estava olhando para Estrela
de Fogo como se ele fosse um aprendiz que a tivesse arranhado enquanto
procurava por carrapatos. Malhado e Caolho estavam sentados juntos,
sussurrando e lançando olhares rápidos para os gatos na rocha.
Cinderpelt guiou Longtail para fora de sua clareira e o trouxe para sentar
perto. Do lado de fora do berçário, Ferncloud sentou-se com Brightheart;
em vez de brincar, os dois filhotes de Ferncloud agacharam-se perto da mãe,
como se até eles entendessem o quão problemático o Clã estava.
“Cats of ThunderClan,” Firestar começou. “É hora de partirmos—”
“E para quê, é isso que eu quero saber”, interrompeu Mousefur, a

ponta da cauda se contorcendo. “O StarClan deveria cuidar da
floresta. Não enviar um líder do clã
vagando sabe-se lá onde.
“O que pode ser mais importante do que cuidar do seu Clã?”

Thornclaw acrescentou.
Estrela de Fogo não conseguiu responder. Seus guerreiros estavam certos.

Mas eles não ouviram os gatos uivando na neblina; eles não tinham visto
o quão desesperado o líder do SkyClan estava para encontrar seu clã perdido.
“E os meus kits?” Ferncloud se preocupou. Suas garras trabalharam no

chão empoeirado. “Há um texugo em algum lugar do território. Você já pensou
sobre isso?
“Sim, claro que sim”, respondeu Firestar, encontrando sua voz.

“Mas ThunderClan tem um deputado. Confio nele para cuidar do Clã tão bem
quanto eu. E você tem Cinderpelt para cuidar de quaisquer ferimentos e
interpretar os sinais do StarClan. Nenhum Clã poderia ter um curandeiro
melhor.”
Cinderpelt baixou a cabeça; Os olhos de Listra Cinzenta brilharam,

enquanto um murmúrio de concordância surgiu do resto do Clã.
“Firestar não nos deixaria a menos que fosse necessário.” Era

Brightheart, dando um passo à frente de onde estava sentada ao lado de
Ferncloud. “Se o StarClan lhe disse que ele deveria ir, então devemos
confiar em nossos ancestrais guerreiros para cuidar dele e trazê-lo de volta
em segurança. Eles nunca nos decepcionaram antes. Por que tirariam
nosso líder de nós agora se não fosse a coisa certa a fazer?”
A pele de Estrela de Fogo se arrepiou quando os outros gatos concordaram;

eles obviamente foram consolados pela ideia de que havia gatos bons e
sábios cuidando deles, sempre tomando as decisões certas e lutando pela verdade
e pela honra. Mas se a fé deles significasse, eles o deixariam
ir. . .
“Eles não gostam que você vá”, murmurou Sandstorm, “mas eles
aceitarão se for a vontade do StarClan.”
Estrela de Fogo esperava que ela estivesse certa; egoisticamente, ele não
queria partir com os protestos de seus companheiros de clã soando em seus ouvidos.
Ele se endireitou, embora cada osso de seu corpo gritasse para que
ele mudasse de ideia, para permanecer na floresta a que pertencia.
“Adeus, todos vocês.”
Houve um silêncio sinistro e Estrela de Fogo sentiu sua pele chamuscada

por muitos olhares abrasadores. Ele sabia o que se passava na mente de seus
companheiros de clã tão claramente como se eles tivessem falado em voz alta.
Onde você está indo? Por que você está nos deixando? O StarClan prometeu trazer
você de volta? Ele ansiava por tranquilizá-los, mas dizer-lhes que
estava sendo mandado embora por um ancestral guerreiro do qual
nunca ouviram falar só lhes causaria mais dor e confusão.
Por fim, Pata de Fuligem deu um passo à frente. “Adeus, Estrela de Fogo!” ele
chamou.
Lentamente, os outros gatos juntaram-se.
"Adeus!"
"Viaje com segurança!"
"Volte logo!"
Estrela de Fogo saltou de Highrock e abriu caminho entre seus

companheiros de clã com Tempestade de Areia em seu ombro.
Pele de Cinzas esperava por ele ao lado da entrada do túnel de

tojo. “Adeus”, ela miou, passando a língua na orelha dele. “Que o
StarClan ilumine seu caminho.”
“E o seu”, respondeu Firestar. Uma repentina onda de tristeza o

sufocou e ele não conseguiu dizer mais nada.
Dustpelt se aproximou de Sandstorm, com Sorrelpaw saltando atrás

dele. “Eu cuidarei do seu aprendiz”, prometeu ele, fixando a animada carapaça
de tartaruga com um olhar severo. "Você obviamente foi muito
tolerante com ela." Embora suas palavras fossem duras, havia um
brilho de diversão em seus olhos.
Sorrelpaw balançou o rabo, nem um pouco abalada pelas

palavras de seu novo mentor. “Acho que Sandstorm é um ótimo mentor!”
Dando uma última olhada em seu Clã e na clareira que foi seu lar
por tantas temporadas, Estrela de Fogo atravessou o túnel e saiu para
a ravina. Tempestade de Areia e Listra Cinzenta o seguiram.
O sol tinha acabado de clarear as copas das árvores, brilhando

em um céu azul com algumas nuvens brancas. Uma brisa suave
agitava os galhos, carregando os aromas de presas e coisas verdes
crescendo. Estrela de Fogo ficou parada por um momento, sentindo-o
arrepiar seu pelo. Ele sabia que, fosse o que fosse que
encontrasse em sua jornada, não poderia haver lugar tão bonito quanto
aquele. SkyClan deve ter ficado arrasado para partir. Dois dias de
descanso e boa comida restauraram suas energias, e agora que ele estava
realmente começando sua jornada, suas patas formigavam de excitação.
Embora seu coração estivesse partido por partir, ele queria ver o que
havia além da floresta e encontrar os gatos que já haviam sido do
SkyClan.
No topo da ravina ele parou e virou-se para encarar seu vice –

seu melhor amigo, e o gato sem o qual ele nunca teria sido capaz de
liderar seu Clã. — Você virá até a beira da floresta conosco, Listra
Cinzenta?
O guerreiro cinza balançou a cabeça. “Esta é a sua jornada,

o seu e o do Sandstorm. Vou me despedir aqui. Boa sorte para vocês dois.
Sandstorm e Firestar se inclinaram para tocar o nariz de seu velho

amigo. “Eu não poderia ir embora se não tivesse você para cuidar das coisas
enquanto eu estiver fora”, murmurou Estrela de Fogo.
“Todo gato sabe que não consigo preencher suas pegadas”, respondeu
Listra Cinzenta. “Mas farei o meu melhor.”
“Você terá que ocupar o lugar de Firestar em Gatherings,”

Tempestade de areia o lembrou.
Listra Cinzenta assentiu. “Não devemos deixar o ThunderClan parecer

fraco. Direi a eles que você foi chamado pelo StarClan, mas estará de volta em
breve.”
“Espero que você esteja certo,” Firestar miou suavemente. “Mas se eu

não voltar—”
“Não diga isso!” A cauda de Listra Cinzenta açoitou. "Você vai voltar; Eu sei
disso em meu coração. Esperarei por você o tempo que for preciso.
Sempre que você voltar, estarei aqui, do mesmo jeito.”
“Qual caminho primeiro?” Tempestade de areia perguntou.
Eles haviam deixado Listra Cinzenta para trás e seguiam pela

floresta em direção a Sunningrocks.
“O guerreiro SkyClan me disse que seu clã fugiu rio acima”,

respondeu Firestar. “Acho que isso significa que devemos seguir o rio.”
"Quão longe?"
Estrela de Fogo sentiu o pelo do pescoço começar a se arrepiar e ele se obrigou

a relaxar até que ele ficasse plano. Ele não tinha ideia de onde encontrar
o Clã disperso, ou um lugar onde eles poderiam viver. Ele era
ainda menos certo do que teria que fazer para reunir o Clã novamente.
Ele esperava por mais orientação, mas seus sonhos desde a noite que
passou no jardim de Cascão tinham sido escuros e vazios. Isso significava
que o ancestral do SkyClan não o estava mais observando? Ele sentiu
como se estivesse entrando em uma noite muito escura, sem lua ou estrelas
para guiá-lo.
“Eu não sei,” ele admitiu. “Suponho que o StarClan nos mostrará, ou
talvez seja óbvio.”
Os olhos verdes de Tempestade de Areia brilharam e Estrela de Fogo se

preparou para um comentário mordaz, mas sua companheira apenas
contraiu os bigodes e continuou em silêncio.
De Sunningrocks, Estrela de Fogo liderou o caminho ao longo

da fronteira do Clã do Rio até que a ponte Twoleg sobre o rio apareceu. Aqui
ele fez uma pausa, saboreando o ar. Os marcadores de cheiro do Clã do Rio
eram fortes, mas não havia nenhum cheiro fresco que sugerisse que uma
patrulha pudesse estar por perto.
“Ok, vamos lá,” ele murmurou.
Ele e Tempestade de Areia desceram cautelosamente a encosta até a

ponte, esquivando-se entre pedras e tojos para ficarem fora de vista. De lá
seguiram rio acima, ao longo do topo do desfiladeiro. Estrela de Fogo meio
que esperava ver as formas saltitantes dos gatos do Clã do Céu ao seu
redor, assegurando-lhe que esse era o caminho que deveria seguir, mas
não havia sinal deles.
Olhando para a água espumante, ele se lembrou de como Estrela Azul se

jogou, levando consigo o líder da matilha. Firestar mergulhou para
salvá-la; ele estremeceu com a lembrança do barulho da água em seu
orelhas, o peso do pelo encharcado, o cansaço nas pernas enquanto

tentava nadar com o corpo de Estrela Azul preso entre os dentes.
Então ele pensou na última vez que a vira, com o brilho das
estrelas em sua pele e a luz gelada das estrelas em torno de suas patas.
Ela não queria contar a ele sobre o SkyClan e fez o possível para
desencorajá-lo de embarcar nessa jornada.
A determinação brilhou em Firestar como uma chama na grama seca.
Esta era a sua missão, não a do StarClan, e se fosse necessário, ele a
realizaria sem qualquer ajuda de seus ancestrais guerreiros.
Ele se sentiu exposto ao longo da borda nua do desfiladeiro, mas

ele e Tempestade de Areia chegaram à fronteira entre o Clã do Rio e o
Clã do Vento sem serem avistados por uma patrulha. Uma brisa forte
soprava da charneca, aplainando a grama dura e fazendo Estrela de
Fogo sentir que poderia derrubá-lo e atirá-lo para o rio caudaloso abaixo.
Trouxe consigo o cheiro forte e fresco dos gatos do WindClan.
“Pode haver uma patrulha por perto”, miou Sandstorm.
Estrela de Fogo sentiu o gosto do ar novamente; com o vento tão forte,

era difícil saber a que distância os gatos estavam.
“É melhor continuarmos”, ele murmurou. “Fique de olho atrás.”
“Eu faria isso se tivesse olhos na cauda”, retrucou Sandstorm.
Eles atravessaram a fronteira, mas mal haviam colocado a pata no

território do Clã do Vento quando um coelho cruzou a crista da charneca
com um guerreiro do Clã do Vento em seu encalço.
patas.
"Abaixe-se!" Estrela de Fogo se agachou instintivamente, mas não

havia cobertura à vista. Eles permaneceram invisíveis apenas porque o
caçador estava tão concentrado em sua presa.
Então ele notou um ponto na beira do desfiladeiro onde o chão havia

desmoronado. “Rápido – por aqui!” ele sibilou.
Empurrando Tempestade de Areia à sua frente, ele desceu a face do

penhasco por mais ou menos um comprimento de cauda e se abrigou em uma rocha
saliente. Ele estava escondendo o rabo quando ouviu o grito do
coelho ser interrompido abruptamente e outro gato gritar: “Boa pegada!”
"Essa foi por pouco!" A tempestade de areia soprou.
Estrela de Fogo espiou para fora de seu esconderijo e viu dois gatos
parados na beira do penhasco, com as cabeças delineadas contra o céu. Ele
não conseguia distinguir suas feições, mas reconheceu a voz de seu amigo Bigode.
“Sabe, eu juro que posso sentir o cheiro do ThunderClan, mas não consigo
ver nenhum gato.”
“É melhor eles não colocarem a pata aqui.” A segunda voz, um rosnado

agressivo, pertencia a Mudclaw, o WindClan
deputado. “Se eu os pegar, eles vão desejar nunca ter sido equipados.”
“Talvez algum gato esteja indo para Highstones”, Onehisker

sugerido.
A resposta de Mudclaw foi um bufo mal-humorado. “Este não é o caminho

para Highstones, cérebro de rato.”
Estrela de Fogo puxou o nariz para se proteger e se aproximou ainda mais de

Tempestade de Areia.
“Sabe”, ela murmurou, “você poderia simplesmente dizer a eles

para onde estamos indo.”
Estrela de Fogo balançou a cabeça. Ele não queria que os outros Clãs
saber que ele havia saído da floresta; eles descobririam na próxima

Reunião, e isso seria logo para ele.
Gradualmente, o cheiro do Clã do Vento desapareceu e Estrela de

Fogo ousou emergir de seu esconderijo. Subindo as pedras em
ruínas, ele teve tempo de olhar para o desfiladeiro e imaginar como seria
perder o equilíbrio e cair no rio turbulento. Todos os pelos de sua pele
estavam arrepiados quando ele recuperou a segurança do topo do
penhasco.
“Eles foram embora?” Sandstorm perguntou logo atrás dele.
"Eu penso que sim. Vamos continuar rápido caso eles voltem.”
Acelerando o ritmo, ele saltou ao longo da borda do desfiladeiro

com Tempestade de Areia ao seu lado. Quando ele parou novamente
para verificar se havia patrulhas, a gata ruiva miou: “Você não precisa ser tão
reservado sobre isso, você sabe. Você nem contou a história toda para o
seu próprio Clã.”
“Os gatos do SkyClan vieram até mim sozinhos”, disse Firestar a ela.
“Não há necessidade de contar a todos os gatos sobre eles. Não é como se
eu fosse trazer o SkyClan de volta para a floresta.”
“Então o que é tudo isso?” Sandstorm exigiu, o pelo do pescoço

começando a ficar arrepiado. “Se você não planeja trazer o SkyClan de
volta, o que você vai fazer?”
“Não tenho certeza”, respondeu Firestar. “Mas eu sei que o SkyClan

precisa de ajuda que só eu posso dar.”
“E se essa ajuda significar compartilhar o território do ThunderClan com

eles?”
“Não vai. O gato do SkyClan disse que haveria um lugar para eles
morarem.”
Sandstorm não parecia tranquilo. “E se ele estiver errado?”
Enfrentando o desafio nos olhos verdes de seu companheiro, Estrela de

Fogo percebeu que não poderia responder.
O desfiladeiro chegou ao fim e os penhascos desceram para se juntarem

novamente ao rio como margens rasas e arenosas. Firestar deu um suspiro de
alívio quando cruzaram as marcas de cheiro da fronteira e deixaram o território do
WindClan para trás. Pouco depois, a charneca deu lugar a terras agrícolas,
pequenos campos divididos por caminhos de duas pernas e sebes; Estrela de
Fogo seguiu na frente por uma trilha estreita entre uma cerca viva e um campo de
trigo.
“Cheire esses ratos!” Tempestade de areia exclamou. "Estou morrendo de fome!"
Ela mergulhou entre os caules crepitantes e, com uma rápida olhada em

volta em busca de cães ou Duas-Pernas, Estrela de Fogo a seguiu. Ele pegou um
rato com um golpe rápido de pata enquanto ele corria ao longo de um sulco, e um
segundo apenas alguns segundos depois. Carregando sua presa até a beira do
campo, ele encontrou Sandstorm já lá, agachado para comer.
Estrela de Fogo se juntou a ela, a água inundando suas mandíbulas com o

cheiro quente de comida. Nenhum deles pegaria presas do território de outro Clã,
então eles não tinham comido desde que deixaram o ThunderClan
naquela manhã. Quando a última mordida acabou, Estrela de Fogo passou a
língua pelas mandíbulas e arqueou as costas em um longo alongamento.
“Vamos descansar um pouco”, sugeriu ele. “Se esperarmos até o pôr do sol, não
haverá tantos Duas-Pernas por aí.”
Tempestade de areia bocejou, murmurou concordância e se enrolou

em um pedaço de luz solar. Sentando-se ao lado dela, aproveitando o calor do sol
em seu pelo e a confortável plenitude de seu corpo.
Em sua barriga, Estrela de Fogo tentou imaginar como o SkyClan se sentiu

quando eles vieram por ali. Eles devem ter ficado aterrorizados, expulsos de
casa sem nenhuma ideia clara de para onde estavam indo.
E tantos gatos – um Clã inteiro! – seriam terrivelmente vulneráveis a cães ou
raposas. Ele olhou em volta, procurando nos lugares sombrios sob a sebe
uma pele clara e familiar, e apurou os ouvidos para captar o
som do lamento do Clã perdido.
Mas tudo o que ele conseguia ouvir era o farfalhar do vento no trigo e o canto
dos pássaros no alto do céu. Ele piscou sonolento, passou a língua
algumas vezes na orelha de Sandstorm e dormiu.
Vozes altas invadiram seus sonhos. Não os uivos dos gatos em fuga
do SkyClan, mas reais, e mais próximos, e cada vez mais altos. Estrela de
Fogo levantou-se e viu Tempestade de Areia parada rígida ao lado
dele, com a pele eriçada enquanto ela olhava para a linha da cerca viva.
Vinham na direção deles dois jovens Duas-Pernas e um cachorro marrom
e branco. O cachorro correu um pouco à frente de seus Duas Pernas, depois
saltou de volta para eles, soltando uma série de latidos agudos.
“Na cerca viva!” – ordenou Estrela de Fogo.
Com espinhos rasgando sua pele, ele encostou a barriga no chão

e rastejou até o meio da cerca viva. Então ele começou a subir pelo
tronco de um espinheiro, forçando os galhos espinhosos a deixá-lo passar.
A Tempestade de Areia subia por outro arbusto, mas os galhos se

entrecruzavam tão densamente que ela parou, incapaz de prosseguir. Seu
olhar verde, cheio de terror e frustração, encontrou o de Estrela de Fogo.
O cachorro estava choramingando ao lado da cerca viva. Estrela de fogo capturada

um vislumbre dele tentando abrir caminho através de uma lacuna, seu
língua pendurada e seus dentes brancos brilhando.
“Ele encontrou nosso cheiro”, sussurrou Sandstorm.
Estrela de Fogo procurou uma maneira de alcançá-la e arrastá-la mais

alto, mas eles estavam separados por muitos galhos espinhosos.
As patas dianteiras do cachorro rasgaram a terra enquanto ele tentava abrir
caminho pela abertura para alcançar os gatos. Suas mandíbulas não estavam a
mais do que o comprimento da cauda das patas traseiras de Sandstorm.
Então Estrela de Fogo ouviu um Duas-Pernas uivando. Uma pata de

Duas Pernas apareceu na abertura, agarrou a coleira do cachorro e puxou-a
novamente. O cachorro soltou um latido de protesto. Estrela de Fogo esperou,
mal ousando respirar, enquanto os sons morriam e os cheiros de cachorro e
Duas-Pernas desapareciam gradualmente.
“Acho que eles foram embora”, ele murmurou. “Fique aí enquanto eu verifico.”
Deixando tufos de seu pelo cor de fogo nos espinhos, ele rastejou até a
beira dos arbustos e olhou com cautela. O campo de trigo estava vazio, os
raios do sol poente derramavam-se sobre ele como mel.
“Está tudo bem,” Estrela de Fogo miou, olhando para trás, para onde
Tempestade de Areia ainda estava agarrada ao seu galho.
Ele avançou um pouco mais, respirando fundo enquanto tentava controlar

o tremor. Foi o perigo de Sandstorm, e não o seu próprio, que transformou seu
sangue em gelo. Teria sido mais fácil fazer essa jornada sozinho, sem nenhum
outro gato com quem se preocupar? Mas quando Tempestade de Areia se
juntou a ele, abalado, mas ileso, ele guardou para si o pensamento desleal.
***
Eles caminharam durante a noite, sob a luz da meia-lua. Esta era

a melhor época para viajar sem ser visto, e eles continuaram até que os
dois gatos estavam cansados demais para dar outro passo. Encontraram
um lugar para dormir num buraco entre as raízes de uma faia.
Durante os dois dias seguintes, continuaram a seguir o rio através de

campos de trigo que se estendiam até onde a vista alcançava em ambos os
lados. No terceiro dia, deixaram os campos e deslizaram por uma abertura
na sebe até um trecho de grama áspera que descia suavemente até o rio.
Os juncos margeavam densamente a margem. Rajadas de vento quente
os agitavam; à medida que Estrela de Fogo se aproximava, ele sentiu o
cheiro de ratazanas e aves aquáticas e ouviu pequenas criaturas farfalhando
entre os caules. O sol estava se pondo, transformando o rio em chamas.
Antes de avançarem pela margem, Estrela de Fogo ouviu o rugido de

monstros à distância. Provando o ar, ele sentiu um cheiro forte e familiar.
“Há um Thunderpath à frente.”
“Então teremos que atravessá-lo.” A cauda da Tempestade de Areia se contraiu.
“Pode não haver tantos monstros agora.”
Logo Estrela de Fogo distinguiu uma linha de árvores, negras contra

o céu escarlate. O sol poente brilhava nas cores brilhantes e não naturais
dos monstros de patas rápidas. Contornando uma curva do rio, ele
avistou uma ponte de duas pernas feita de pedra, com monstros passando
por ela.
“O Thunderpath atravessa o rio. Estaremos seguros

debaixo de." Sandstorm parecia satisfeito.
Mas Firestar sentiu-se desconfortável ao se aproximarem da ponte. Isto

lançavam uma sombra escura sobre o caminho e, à medida que a luz do dia morria,
os monstros disparavam raios de luz brilhantes de seus olhos, varrendo a margem do rio.
Ele congelou quando um raio os identificou e ouviu um suspiro de Tempestade
de Areia, mas o monstro rosnou e seguiu em frente.
Estrela de Fogo soltou um suspiro de alívio. “Ele não nos viu.”
“Eu não gosto disso,” Sandstorm miou. "Vamos sair daqui."
Estrela de Fogo deixou que ela assumisse a liderança enquanto corriam por baixo da ponte.
As pedras estavam úmidas e a água pingava do arco para o rio. Das profundezas
das sombras, Estrela de Fogo viu os raios de luz de outro monstro, aproximando-
se rapidamente ao longo do Caminho do Trovão acima de suas cabeças. De
repente, seu rugido estava ao redor deles, ecoando e ecoando nas pedras e na
água.
Estrela de Fogo congelou, imaginando as enormes mandíbulas da criatura se
abrindo para engoli-los.
Sandstorm soltou um uivo de pânico. "Correr!"
O terror atingiu Firestar; suas pernas o impulsionaram para frente até que
ele correu ao longo da margem do rio. Ele fugiu ao longo da borda dos
canaviais até que a ponte ficou para trás e ele não conseguiu ouvir os monstros
acima do som áspero de sua própria respiração.
Apenas a exaustão o atrasou. Ele ficou ofegante na margem, as patas ardendo

e todos os pelos da pele eriçados.
Tempestade de areia agachou-se ao lado dele, olhando para trás
eles tinham vindo, seu rabo chicoteando.
"Você está bem?" ela perguntou quando recuperou o fôlego.
Firestar tentou fazer com que sua pele ficasse plana. “Eu pensei que estávamos
comida de corvo, com certeza. E sinto que perdi cada pedaço de pele
das minhas almofadas. Não sei se conseguiremos ir muito mais longe esta
noite.”
Os olhos de Tempestade de Areia brilharam na escuridão crescente,

e ela abriu as mandíbulas para sentir o gosto do ar. “Espere aí”,
ela instruiu, e desapareceu entre os juncos em direção à beira
da água.
“O que...” Firestar parou quando percebeu que ela tinha ido embora.
Caindo de lado, ele lambeu as almofadas doloridas até que sua
companheira reapareceu, carregando um monte de folhas largas em suas mandíbulas.
“Dock,” ela anunciou, deixando cair as folhas ao lado de

Firestar. “Esfregue nas suas almofadas. Cinderpelt disse que não há nada
melhor para a dor.”
"Obrigado." Estrela de Fogo piscou agradecida para ela e esfregou as

almofadas na superfície da folha. Os sucos frescos acalmaram o
desconforto e ele esticou a mandíbula num bocejo; seria bom dormir, mas
ainda havia luz no céu e ele sabia que deveriam continuar o máximo
que pudessem.
O rio corria rapidamente através dos juncos, mais estreito do que

onde corria pela floresta. Olhando para trás, por onde vieram, Estrela
de Fogo viu um único guerreiro do StarClan brilhando no céu. Logo abaixo,
colinas se erguiam como dentes irregulares, e Estrela de Fogo
percebeu que estava olhando para Pedras Altas; aquele último
vislumbre do mundo que ele conheceu fez com que ele se sentisse
mais solitário e mais perdido do que nunca.
Ele balançou a cabeça e se levantou. “As folhas das docas

funcionaram bem”, ele miou. "Vamos. É melhor tentarmos ir um pouco
mais longe.”
Sandstorm deu uma última esfregada nas folhas e levantou-se para

segui-lo. Em vez de se sentir confortada pela presença dela, Estrela de Fogo
se perguntou se ela realmente entendia o que estava acontecendo.
levando-o a fazer essa jornada, e se ela desejava ter ficado em casa no
ThunderClan.
A brisa diminuiu; embora o sol já tivesse desaparecido, a noite estava

quente e úmida. Nuvens se acumularam no céu, espalhando-se até cobrirem
a lua e as estrelas.
“Não consigo ver minhas patas na minha frente”, murmurou Estrela de

Fogo. “Nesse ritmo, acabaremos no rio.”
“É melhor pararmos para passar a noite”, miou Sandstorm.

Estrela de Fogo mal conseguia distinguir sua forma ruiva pálida na
escuridão, a cabeça erguida enquanto saboreava o ar. “Há um cheiro forte
de rato”, ela continuou. “Suponha que eu cace, enquanto você encontra
um lugar para dormirmos.”
"Multar." Firestar sabia que seu companheiro era o melhor caçador

do ThunderClan. “Mas não vá muito longe.”
“Eu não vou.” A tempestade de areia desapareceu na escuridão.
Mais pelo cheiro do que pela visão, Estrela de Fogo localizou um grupo
de juncos e circulou no meio deles, pisoteando-os até criar um ninho
improvisado. Ele suspirou ao se lembrar do conforto de seu refúgio
sob o Highrock.
Antes de terminar, Tempestade de Areia reapareceu com dois ratos

pendurados em suas mandíbulas. Ela os largou e empurrou um para
Firestar. “Não vamos morrer de fome, pelo menos”, ela miou.
“Há muitas presas e elas agem como se nunca tivessem visto um gato antes.”
Então SkyClan não caça por aqui, Firestar pensou enquanto

engoliu sua ratazana. Ainda há um longo caminho a percorrer.
Ele se enrolou, enrolando o rabo no nariz, e tentou dormir na

escuridão sufocante. Embora Sandstorm estivesse perto o suficiente
para que sua pele tocasse a dele, ele sentia como se ela estivesse mais
longe do que as estrelas escondidas.
CAPÍTULO 11
Um grasnado estridente soou no ouvido de Estrela de Fogo. Ele deu um pulo, olhando
ao redor freneticamente até avistar um pato na água ao lado do canavial.
Enquanto ele observava, ele decolou, voando baixo sobre o rio com um
zumbido de asas. No mesmo momento, Estrela de Fogo sentiu o chão começar
a tremer com o barulho pesado dos pés de Duas Pernas.
Tempestade de areia olhou para cima. "O que-"
Estrela de Fogo bateu com a ponta do rabo na boca. “Ssshh!

Duas pernas."
Espiando por entre os juncos, ele viu três Duas-Pernas machos subindo a
margem do rio em sua direção. Todos carregavam varas longas e
finas que Duas-Pernas segurava sobre a água para pescar. Para seu alívio,
não havia sinal de cachorro.
Estrela de Fogo ficou imóvel enquanto os Duas Pernas passavam por seu
esconderijo e desapareciam rio abaixo. Então ele acenou para
Sandstorm com o rabo. "Vamos sair daqui."
Com seu companheiro logo atrás dele, ele correu levemente ao longo
da margem, à sombra dos juncos, até que o cheiro de Duas Pernas desapareceu.
Então ele fez uma pausa para recuperar o fôlego, examinando ansiosamente
o céu. Nuvens espessas ainda o cobriam, cinza amarelado e parecendo
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baixo o suficiente para tocar o topo das árvores. O ar estava mais quente do que
na noite anterior e totalmente parado.
“Há uma tempestade chegando,” Sandstorm miou. “Vai quebrar antes do

anoitecer.”
Estrela de Fogo assentiu. “Então é melhor nos movermos, o mais rápido que
pudermos.”
Eles partiram novamente, lado a lado, em um ritmo constante e galopante.

Apesar do que ele disse sobre a necessidade de se apressar, quando
pensou no que poderia estar acontecendo na floresta, a coragem de Estrela
de Fogo parecia estar se esgotando por entre suas patas, e foi difícil não
se virar e correr para casa, para seu Clã. E se o texugo tivesse voltado? Como
reagiriam os outros Clãs quando descobrissem que ele havia partido?
Apenas algumas luas atrás, todos eles estavam unidos contra o BloodClan.
Mas por quanto tempo essa aliança sobreviveria?
Leopardstar roubaria de volta os Sunningrocks se achasse que poderia
escapar impune, enquanto Blackstar aproveitaria qualquer oportunidade para
estender o território do ShadowClan.
Firestar de repente se sentiu assustada e exposta; ele havia deixado a floresta e o
código guerreiro para trás e não tinha mais certeza se sabia por quê.
Ele queria compartilhar seus medos com Tempestade de Areia, mas toda
vez que olhava para ela, caminhando ao lado dela, com o olhar verde fixo
intensamente no caminho à frente, as palavras morriam em sua garganta.
Ele não se atreveu a perguntar se ela achava que ele havia tomado a decisão
errada, caso ela dissesse que sim.
À medida que continuavam ao longo da margem do rio, o ar parecia ficar

mais quente e opressivo. Estrela de Fogo ofegava de sede,
que a água do rio extinguiu por apenas alguns batimentos cardíacos.

A tempestade de areia surpreendeu um rato que escorregava de um buraco
na margem para a água, jogou-o no ar e matou-o quando ele atingiu o solo
novamente.
“Ótima captura!” exclamou Estrela de Fogo.
Os olhos de Sandstorm brilharam de orgulho enquanto ela arrastava a caça

fresca até ele para que pudessem compartilhá-la. Por alguns momentos Estrela
de Fogo foi aquecido pela sensação de seu antigo companheirismo, mas ele ainda
não sentia que poderia compartilhar suas preocupações com sua companheira.
E se ela insistisse em voltar para a floresta?
Eles mal haviam se afastado depois de comer quando Estrela de

Fogo sentiu um forte cheiro de cachorro à frente e ouviu o som de vozes
de Duas Pernas. Sandstorm também os ouviu. Balançando o rabo para
acenar para ele, ela correu para longe do rio em direção a um grupo de
arbustos de sabugueiro que cresciam alguns metros acima da margem.
Estrela de Fogo o seguiu, subindo pelo tronco e agachando-se ao lado de
Tempestade de Areia no galho mais baixo.
Através das folhas ele viu dois Duas-Pernas passando, com dois cachorros
saltitando ao redor deles. Um deles de repente saiu correndo em direção
às árvores, latindo alto.
“Está nos cheirando,” Estrela de Fogo miou.
Ele sentiu Sandstorm tenso; seus lábios recuaram no início de um rosnado e

suas garras arranharam o galho.
Então um dos Duas Pernas uivou alto. O cachorro parou, virou-se e trotou
de volta, olhando uma ou duas vezes por cima do ombro enquanto andava.
“Boa viagem”, murmurou Sandstorm.

Esperando até que os Duas-Pernas e seus cães estivessem bem longe,

Estrela de Fogo olhou de seu poleiro para ter uma visão melhor do que
havia rio acima. “Ninhos de duas pernas”, ele miou.
Sandstorm deu uma fungada de desgosto. “Suponho que nossa sorte

não poderia durar. Onde quer que haja Duas-Pernas, há problemas.”
Estrela de Fogo só conseguia ver o topo dos ninhos de Duas Pernas do

arbusto mais velho, mas quando ele e Tempestade de Areia continuaram
rio acima, o primeiro logo ficou à vista, bem perto da margem do rio.
“Olhe só!” Sandstorm parou, balançando o rabo em desgosto.

“Está fervilhando de Duas Pernas.”
Firestar parou ao lado dela, intrigada. A maioria dos ninhos de Duas

Pernas continha apenas um Duas Pernas e sua companheira, e talvez seus
filhotes. Mas havia muito mais do que isso fora deste ninho, muitos para
contar. A maioria dos adultos estava sentada, comendo comida de Duas
Pernas, enquanto seus filhotes corriam gritando até o rio para atirar pedras na
água. Alguns dos Duas-Pernas uivaram para eles, mas os filhotes não prestaram
atenção.
“Eles nunca ensinam seus jovens?” tempestade de areia

perguntou com um suspiro.
“Se ficarmos na margem do rio teremos que passar bem no meio deles”,
miou Estrela de Fogo. “Seríamos vistos com certeza. Teremos que dar uma
volta.
Uma cerca branca de madeira cercava o ninho e os Duas-Pernas, descendo

até o rio. Contornando-o, Estrela de Fogo seguiu na frente subindo a margem e
contornando a parte de trás do ninho. Perto da parede do ninho, onde ele
esperava encontrar um jardim, havia um amplo espaço coberto com a mesma
matéria preta e dura de uma árvore.
Caminho do trovão. Vários monstros estavam agachados ali.
"Eles estão dormindo?" Tempestade de areia sussurrou.
Como se respondesse à sua pergunta, um dos monstros soltou um rugido

rouco e começou a se afastar lentamente dos outros e passar por uma abertura
na cerca até um pequeno Caminho do Trovão. Então saltou para
frente e saiu correndo, passando por outros dois monstros no caminho.
Estrela de Fogo sentiu sua pele arrepiar. Cruzar um Caminho do Trovão já

era ruim o suficiente, mas aqui ele sentia como se os monstros agachados
o estivessem observando, prontos para saltar assim que ele se aventurasse na
superfície dura.
Abaixando as patas tão levemente como se estivesse perseguindo um rato,

o pelo da barriga roçando a grama, ele rastejou até a borda do Caminho do
Trovão. Havia arbustos para se proteger do outro lado, mas ele ainda não ousou
atravessar. Ele podia ouvir o rosnado de outro monstro e, alguns segundos
depois, ele acelerou pelo Caminho do Trovão, diminuiu a velocidade na abertura
da cerca e depois foi dormir ao lado dos outros, perto do ninho. Um casal
de Duas Pernas emergiu de sua barriga.
“Corra quando eu disser 'agora'”, ele murmurou para Sandstorm.
“Vá em frente, então,” ela respondeu nervosamente.
O olhar de Estrela de Fogo passou do ninho para o Caminho do Trovão e

vice-versa. Tudo estava parado. "Okay agora!"
Ele saltou para frente com Sandstorm ao lado dele. No

No mesmo momento, o rosnado de um monstro acordado irrompeu perto do
ninho. Estrela de Fogo se lançou para frente e se lançou contra os arbustos,
onde fechou os olhos com força e tentou parar de tremer.
“Ele nos avistou!” Sandstorm ofegou, abrindo caminho para se

proteger ao lado dele. “Mas ele não pode nos seguir até aqui.”
Firestar esperava que ela estivesse certa. Quando ele abriu os

olhos e olhou através das folhas, ele pôde distinguir a cor brilhante do
monstro enquanto ele rondava o Caminho do Trovão e parava.
Estava tentando cheirá-los? Certamente seria difícil para um monstro
sentir o cheiro de qualquer coisa que não fosse seu próprio cheiro forte.
Mesmo assim, a respiração de Estrela de Fogo não diminuiu até que
o monstro desistiu e seguiu em frente, seu rugido desaparecendo na distância.
“Ok, vamos,” ele miou. Ele gostaria de descansar um pouco mais, mas
odiava aquele ninho estranho abarrotado de Duas-Pernas e seus
monstros que pareciam ter aprendido a caçar.
Tempestade de areia murmurou acordo; os dois gatos abriram

caminho por entre os arbustos até chegarem ao rio. A pele de Estrela de
Fogo não ficou plana até que eles dobraram uma curva e deixaram o
ninho de Duas Pernas para trás.
Quando o próximo ninho de Duas Pernas apareceu, Estrela de Fogo

imaginou que o sol já havia passado há muito tempo, embora não
houvesse sol à vista. As nuvens haviam escurecido e um vento forte
soprava, trazendo cheiro de chuva. Ondulações salpicadas de branco
apareceram no rio; ao longe, Estrela de Fogo ouviu o estrondo de um
trovão. A tempestade iria estourar em breve.
Tempestade de areia parou para provar o ar. "Ratos!" ela exclamou.

“O cheiro vem daquele ninho.”
"Tem certeza?" — perguntou Estrela de Fogo.
Ele parou ao ver o olhar mordaz de Sandstorm. Sem se preocupar em

responder, ela caminhou em direção ao ninho.
“Ei, espere!” Firestar começou a correr para alcançá-la.

“Você não sabe o que tem aí.”
“Eu sei o que não é. Não há cheiro de Duas Pernas, nem cachorros.”
Tempestade de areia suspirou. “Você quer caça fresca, Estrela de Fogo, ou
não?”
Estrela de Fogo teve que admitir que sua barriga uivava de fome.
Durante todo o dia, até agora, eles não fizeram nada além de evitar
Duas Pernas. Não houve chance de caçar. “Ok, mas...” . .”
Ignorando-o, Tempestade de Areia se aproximou do ninho.

Seguindo-a, Estrela de Fogo percebeu que estava certa sobre o cheiro:
muitos ratos, mas nenhum vestígio de Duas Pernas ou cães. O ninho
parecia abandonado. A porta se abriu e os buracos quadrados nas
paredes estavam escuros e vazios. Antigamente havia uma cerca de
madeira ao redor do jardim, mas a maior parte dela estava quebrada e
apodrecendo, enquanto o jardim em si estava coberto de mato.
Tempestade de areia se aproximou da porta e parou para provar o ar

novamente antes de entrar. Estrela de Fogo o seguiu, o poderoso aroma de
rato inundando-o quando ele entrou.
Lá dentro a luz era cinzenta e fria, filtrada pelo ar empoeirado. Uma

espessa camada de poeira e detritos cobria o chão. Em ambos os
lados, portas para tocas separadas estavam abertas, enquanto logo à
frente uma encosta irregular levava a um nível mais alto. A tempestade de
areia começou a subir.
“Tenha cuidado”, Firestar a avisou.
Sua cauda se contraiu. “Fique aqui e vigie.”
Estrela de Fogo esperou no final da encosta até que a Tempestade de

Areia desaparecesse. Então, com os ouvidos atentos ao som do perigo, ele
percorreu as tocas vazias. Cada pequeno movimento despertava um

eco; Estrela de Fogo se pegou lembrando como era quando vivia
com seus Duas Pernas, antes mesmo de pôr a pata na floresta. O ninho
deles era quente e aconchegante, o chão coberto com um acolchoamento
grosso que abafava qualquer som.
Os buracos nas paredes estavam cheios de coisas brilhantes como gelo,
e peles penduradas ali para serem puxadas à noite. Os Duas-Pernas
dormiram em uma toca no nível superior, enquanto ele permaneceu
no. . . Qual era o nome da toca onde comiam?
Sim, a cozinha.
A palavra desconhecida surgiu em sua mente enquanto ele estava

no ninho vazio. O fio de memória estava se tornando uma inundação;
Estrela de Fogo pensou em Hattie e Smudge vivendo felizes com
seus familiares. Ele teria ficado tão feliz se tivesse ficado, se
nunca tivesse conhecido a emoção de perseguir uma presa na sombra
farfalhante das folhas, nunca tivesse se enrolado na toca dos guerreiros ao
lado de seus companheiros de Clã, nunca tivesse lutado por seu
Clã ou suportado o fardo de sendo seu líder?
Não. Mesmo no ninho das Duas Pernas, ele havia caminhado pela
floresta em seus sonhos. Quando ele se juntou ao ThunderClan ele
sabia que havia encontrado o lugar ao qual pertencia. Mas se o Clã do
Trovão significava tanto para ele, por que ele partiu para ajudar um
Clã que havia sido expulso da floresta há tanto tempo que nenhum
Clã se lembrava deles? Foi suficiente que ele sentisse que estava
fazendo a coisa certa?
Ele se assustou ao som de passos atrás dele e se virou para ver

Sandstorm entrando na cozinha com o corpo flácido de um rato nas
mandíbulas.
“Parece que você tem muita coisa em mente”, ela miou, largando a caça
fresca. "Qual é o problema?"
Estrela de Fogo balançou a cabeça. "Nada importante."
Sandstorm sustentou seu olhar por um instante, como se não

acreditasse nele, mas não disse mais nada.
Agachados lado a lado, eles compartilharam o mouse. Lá fora o

vento tinha ficado mais forte, fustigando o ninho e lançando chuva forte
nas paredes e através dos buracos, espalhando a poeira no chão.
“Talvez devêssemos passar a noite aqui”, sugeriu Sandstorm.
Estrela de Fogo sabia que ela estava certa. Eles poderiam pegar mais
presas e dormir bem alimentados até que a tempestade passasse. Mas
as paredes do ninho das Duas Pernas pareciam estar se aproximando
dele. Ele não aguentava mais ficar lá dentro, lutando com velhas lembranças.
Ele não era mais um gatinho e não era aqui que ele pertencia!
“Não”, ele miou. “Ainda não está escuro. Não podemos desperdiçar o
resto do dia.
Tempestade de Areia abriu a boca para argumentar, mas algo no

rosto de Estrela de Fogo deve tê-la impedido, porque ela o seguiu sem
protestar enquanto ele saía do ninho.
O vento atingiu Firestar assim que ele emergiu. A chuva deu um

tapa no rosto dele e encharcou seu pelo em segundos.
Ele sabia que seria mais sensato voltar atrás, mas o orgulho não o
deixaria mudar de ideia. Abaixando a cabeça, ele abriu caminho contra
o vento e desceu até a margem do rio.
O rio mudou desde que ele e Sandstorm o deixaram

para entrar no ninho. O nível da água havia subido muito mais,

agitando-se em ondas marrons e lamacentas que batiam no topo da
margem. O vento fustigava os juncos, deixando-os quase planos; os caules
açoitavam o pelo dos gatos com golpes pungentes enquanto eles lutavam
na escuridão. A lua minguante aparecia intermitentemente entre as
nuvens, sua luz fraca inútil para guiar seus passos.
Estrela de Fogo ouviu um silvo furioso vindo de Tempestade de

Areia e sabia que ela achava que eles deveriam encontrar abrigo, mas
também sabia que ela era teimosa demais para pedir duas vezes. Ele
estava desesperado para continuar, fosse qual fosse o tempo, para
encontrar o SkyClan e se assegurar de que fizera bem em deixar a floresta.
Logo o rio subiu ainda mais, passando pelos juncos e ao redor das
patas dos gatos. Na margem oposta ao rio, estavam cercados por
arbustos, cujos ramos espinhosos cresciam demasiado densos para que
pudessem forçar a passagem. Um relâmpago caiu do céu, seguido
quase imediatamente por um trovão bem acima, tão alto como se o
céu estivesse se partindo em fragmentos. A luz fria transformou a chuva
torrencial em prata e brilhou negramente nas peles encharcadas de
Estrela de Fogo e Tempestade de Areia, grudadas em seus corpos.
No flash seguinte, Estrela de Fogo olhou para cima e pensou ter

vislumbrado o rosto do gato do SkyClan nas nuvens roxas. Antes que
pudesse ter certeza, o rosto mudou para o de Estrela Azul.
Estrela de Fogo pensou que ela estava olhando para ele com
uma expressão suplicante, como se estivesse com medo de seus ex-
companheiros de clã e quisesse que eles voltassem. Estrela de Fogo
queria gritar uma pergunta para ela, mas naquele momento um raio dividiu o
céu novamente e o rosto desapareceu.
Não podemos voltar atrás, disse Firestar a si mesmo. Não agora que chegamos tão
longe.
Ele seguiu em frente, de cabeça baixa e rabo caído sob a chuva

torrencial. De repente, uma onda de água invadiu o caminho.
Firestar foi arrancado de suas patas. Ele abriu a boca para gritar um aviso para
Tempestade de Areia e engoliu água gelada enquanto sua cabeça
afundava.
Com as patas trabalhando freneticamente, ele lutou para subir. A

princípio, quando sua cabeça emergiu à superfície, ele não conseguia ver
nada além de ondas agitadas. Então ele avistou os arbustos na margem e
nadou em direção a eles. O frio deixou suas pernas rígidas e seu pelo
encharcado o arrastou. A onda começou a diminuir, afastando-o novamente
dos arbustos. Estrela de Fogo nadou ainda mais desesperadamente, com
medo de ser arrastada para o rio agitado.
Então suas patas tocaram o chão. Ele cravou as garras e conseguiu

se agarrar enquanto a onda passava gorgolejando por ele, deixando-o na água
que batia em sua barriga. Tremendo de frio e terror, ele olhou para
trás. "Tempestade de areia!" ele gritou.
Não houve resposta e, a princípio, Estrela de Fogo não conseguiu ver

sua companheira. Então ele a avistou, agarrada com dentes e garras a uma
raiz saliente, alguns metros abaixo do rio. Enquanto Estrela de Fogo
voltava para ela, ela se levantou e cuspiu a água do rio.
"Você está bem?" Estrela de Fogo ofegou.
"Com o que se parece?" Tempestade de areia sibilou, chicoteando-a

cauda. “Poderíamos ter sido levados pela água. Por que você não pode me ouvir
pelo menos uma vez, em vez de ser tão teimoso?
A culpa tomou conta de Firestar como outra onda. Tempestade de areia

estava certa; se tivessem ficado no abrigo do ninho abandonado, estariam
aquecidos e seguros agora.
"Desculpe-"
“'Desculpe' não pega nenhuma presa!” Tempestade de areia voltou para ele.
“Admita, Estrela de Fogo; você realmente não me quer aqui.
"Isso não é verdade!" Estrela de Fogo protestou.
“Eu não acredito em você!” Sandstorm olhou para ele e acrescentou mais
suavemente: “Eu sei que você me ama, Estrela de Fogo, mas isso é suficiente?
Você não gostaria que Spottedleaf estivesse com você agora?
A pergunta pegou Firestar de surpresa. Como seria ter o curandeiro

StarClan ao seu lado? Ela seria capaz de convencê-lo de que ele estava fazendo
a coisa certa?
Enquanto hesitava, a raiva desapareceu do olhar de Sandstorm, substituída

por uma expressão de horror. “Não diga uma palavra, Estrela de Fogo”, ela miou.
“Eu sei qual seria sua resposta.”
“Não, eu não quis dizer—”
Sem ouvi-lo, Tempestade de Areia se virou e saiu correndo, voltando pelo

caminho por onde vieram, com as patas chapinhando no caminho inundado.
“Tempestade de areia, espere!” Estrela de Fogo uivou. Ele se forçou a pular

pela água até alcançar a gata em fuga. “Você tem que me ouvir.”
Tempestade de areia se aproximou dele. “Eu não quero ouvir!” ela sibilou.
"Eu estou indo para casa. Eu sei que você não me quer. Você nunca me quis
tanto quanto deseja Spottedleaf.
"É diferente; isso é tudo!" Estrela de Fogo protestou. “Você não pode me pedir
para escolher entre vocês. Vocês dois são importantes e eu...
Um relâmpago estalou no céu novamente, arranhando uma faia no topo da

margem. O trovão rolou e um gemido profundo veio da árvore. O topo
começou a inclinar-se, primeiro lentamente, depois cada vez mais rápido, à
medida que a árvore caía do outro lado do rio, os ramos mais altos caindo na margem
oposta. Estrela de Fogo e Tempestade de Areia saltaram para trás enquanto galhos
afiados e chicoteantes açoitavam o caminho onde estavam.
Os dois gatos agacharam-se no caminho alagado até que o barulho cessou.

Enquanto a árvore caída silenciou, Estrela de Fogo ergueu-se cautelosamente sobre
as patas. “Espere por mim aqui”, ele miou. “Vou verificar o outro banco. Não
parece tão molhado ali.
Por um momento Sandstorm olhou para ele em silêncio. O olhar dela era
frio, como se ela não estivesse com vontade de obedecer à ordem dele.
Firestar se perguntou o que ele faria se ela insistisse em ir embora.
Então ela assentiu abruptamente. "OK."
A queda da árvore parecia ter encerrado a briga – por enquanto. Estrela de

Fogo respirou silenciosamente graças ao StarClan enquanto ele subia no tronco da
árvore, tentando cravar suas garras na casca cinza e lisa.
Os primeiros passos foram fáceis, mas à medida que o tronco ficou mais estreito,
ele começou a balançar sob o peso da Estrela de Fogo. Uma vez que ele
alcançou os galhos, ele teve que passar por cima deles. Ele cravou as garras
com ainda mais força, com medo de escorregar na corrente turbulenta. Ele se
encolheu quando a água espirrava entre os galhos e sentiu o rio negro e agitado
girar em torno de suas patas traseiras. Ele abriu caminho para a segurança, meio
cego pela
cachos de folhas. Galhos arranharam seu rosto e ficaram presos em seu pelo. Por
um instante ele congelou enquanto a tromba se movia sob suas patas; a árvore
inteira ameaçava rolar e jogá-lo na água. Contraindo os músculos, ele saltou

para frente, abrindo caminho entre os galhos superiores e delgados, e pousou em
segurança no outro lado.
A margem era mais alta ali, com a água sugando alguns centímetros abaixo do
topo. As árvores espalhavam seus galhos sobre ela, proporcionando algum
abrigo da chuva torrencial. Estrela de Fogo respirou fundo algumas vezes,
depois voltou-se para
Tempestade de areia, ainda esperando na margem oposta.
"Tudo bem!" ele chamou. "Você pode-"
Um som estrondoso o interrompeu. A princípio ele pensou que fosse um

trovão, mas foi ficando cada vez mais alto. Sandstorm estava olhando rio acima,
seus olhos arregalados de horror.
Estrela de Fogo se virou. Uma enorme onda caía sobre eles, marrom e coberta de
espuma, trazendo consigo paus e detritos, rugindo mais alto que qualquer monstro.
Firestar soltou um grito de choque. Correndo para a árvore mais próxima, ele
saltou e cravou as garras no tronco. Então a onda estava sobre ele. Ele passou
voando, girando sobre o tronco da árvore a menos de um comprimento de
cauda abaixo dele. Spray respingou em seu pelo. Estrela de Fogo ficou ali até a
onda passar. Quando desceu, olhou horrorizado para o rio. A árvore caída foi
varrida.
Como a tempestade de areia cruzará agora?
Ao olhar para a margem oposta, uma garra fria afundou-se em seu coração. A
tempestade de areia desapareceu.
CAPÍTULO 12
"Não!" Estrela de Fogo uivou. "Tempestade de areia! Tempestade de areia, onde você está?
Não houve resposta. Estrela de Fogo correu para cima e para baixo na
margem, gritando o nome de seu companheiro sem parar. Ele não conseguia
ver nenhum sinal dela, nenhum vestígio de pelo ruivo entre os escombros
jogados na margem oposta.
Ele correu rio abaixo, escalando pedras escorregadias de água.

Desesperadamente, ele examinou as margens e a água agitada,
convencido de que cada pedaço de entulho poderia ser sua amada
companheira.
Ele teve que parar finalmente, com os lados arfando, as patas arranhadas
e sangrando. De pé sobre uma pedra, ele olhou para a água negra e
gorgolejante abaixo. Se Sandstorm estivesse morto, ele nunca, jamais, se
perdoaria.
Sua desculpa estúpida para um gato!
O rosto de Estrela Azul na nuvem era claramente um aviso, mas ele o

ignorou. Ele estava tão envolvido em sua busca pelo SkyClan que esqueceu o
que devia a Sandstorm.
O que quer que tenha acontecido com ela, se ela se afogou ou ficou ferida
em algum lugar, foi culpa dele. Ele soltou um gemido de tristeza. Como ele
poderia ter deixado Sandstorm acreditar que ele iria
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prefere ter estado com Spottedleaf? Era Sandstorm que ele amava, e ele
faria qualquer coisa para reviver aquele tempo e mandá-la primeiro
através do tronco da árvore.
A chuva ainda caía, mas agora com mais suavidade, sibilando no

rio, e o trovão se espalhava ao longe. A escuridão do dia estava
desaparecendo no crepúsculo. Estrela de Fogo queria continuar, mas
sabia que não conseguiria procurar direito no escuro. Ele poderia
facilmente perder Tempestade de Areia se ela estivesse inconsciente.
Cada passo doloroso, ele rastejou por baixo da pedra saliente e se
enrolou. A exaustão tomou conta dele como a água negra do rio,
arrastando-o para um sono frio e sem sonhos.
A luz pálida refletiu na superfície da água e acordou Estrela de Fogo.

Ele rastejou para fora, tremendo ao vento.
Nuvens corriam acima de sua cabeça, afastando-se para mostrar o céu
azul atrás delas, e o sol já estava subindo em direção ao sol. A
tempestade acabou. Sua pele estava quase seca, grudada em tufos.
Por um instante, Estrela de Fogo aspirou o ar puro, preparando-

se para a próxima etapa de sua jornada. Então a memória o
atingiu como o golpe da pata de um texugo. A tempestade de areia
desapareceu.
Tudo o que importava era encontrar sua companheira. Ele não

poderia continuar sem ela; ele teve que refazer seus passos rio abaixo.
Estrela de Fogo ficou na beira do rio e olhou para a outra margem,

medindo a distância. Seus instintos lhe disseram para mergulhar e
nadar, mas ele se conteve. O rio ainda estava cheio e fluindo rápido
demais até mesmo para um gato do Clã do Rio perceber.
atravessar com segurança. Com um suspiro, ele começou a caminhar ao longo da margem.
Logo mais pedras surgiram à sua frente, íngremes demais para Estrela
de Fogo escalar. Ele foi forçado a se afastar da margem do rio. Subindo uma
encosta íngreme, ele abriu caminho através da grama alta à beira de um
campo. As hastes estavam pesadas pelas gotas de chuva, encharcando sua
pele novamente enquanto ele as passava. A cada passo, ele espiava o
rio através da fina linha de árvores, procurando qualquer sinal de uma
familiar pele de gengibre.
As nuvens começaram a se dissipar e o sol brilhou com mais força,

encharcando o pelo encharcado de Estrela de Fogo. O cheiro de presa veio
do campo até ele, mas ele o ignorou. Enquanto avançava mancando, ele
avistou outra árvore caída obliquamente do outro lado do rio, mas
vários comprimentos de cauda separavam seus galhos superiores da
margem oposta, e Estrela de Fogo não ousou arriscar usá-la para
atravessar. Ele acelerou o passo quando avistou uma estreita ponte de
madeira de duas pernas, apenas para parar, frustrado, ao perceber que a
seção intermediária estava quebrada, deixando uma lacuna grande demais
para saltar.
O sol já estava se pondo quando ele chegou a outra ponte. Suas patas
coçavam para cruzar, mas Duas Pernas bloqueou seu caminho: dois
adultos e um filhote. Um cachorro caminhava ao lado deles.
Os pelos do pescoço de Estrela de Fogo se arrepiaram e ele se agachou
na grama; então notou que o cachorro era velho e rechonchudo, e estava
preso ao filhote de Duas Pernas por uma espécie de gavinha. Isso
significava que o risco era muito menor, desde que ele corresse rápido o suficiente.
Respirando fundo, Estrela de Fogo desceu a margem e atravessou a ponte,

disparando entre as pernas dos Duas Pernas.
Ele ouviu um latido de surpresa do cachorro. Um dos Duas Pernas gritou,

mas Estrela de Fogo não olhou para trás. Ele derrapou na extremidade
da ponte e mergulhou no abrigo dos arbustos, com o coração
batendo forte.
Quando se atreveu a espiar, viu os Duas-Pernas olhando para ele,

o velho cachorro se esforçando para se agarrar à gavinha, mas
depois de um momento eles seguiram em frente, virando rio abaixo,
na outra margem. Estrela de Fogo soltou um suspiro de alívio. Assim que
desapareceram de vista, ele emergiu e seguiu pelo caminho.
O chão sob suas patas estava coberto de lama pegajosa, com detritos
espalhados sobre ele. A enorme onda deve ter chegado até os arbustos;
A tempestade de areia não poderia ter escapado.
Estrela de Fogo olhou e procurou por ela, temendo ver um pelo ruivo
sem vida preso em um galho ou batendo contra uma pedra. O sol já havia
desaparecido quando ele chegou ao ninho abandonado de Duas Pernas.
No crepúsculo ele caminhou pelo caminho, a esperança brilhando em seu
coração. Sandstorm queria se abrigar aqui; se ela tivesse sobrevivido à
onda, poderia ter passado a noite dentro de casa. Mas quando chegou
à porta, Estrela de Fogo só conseguiu captar um leve e rançoso cheiro do
cheiro dela, junto com o dele.
Incapaz de desistir sem procurar, ele entrou no ninho. A poeira subiu

sob suas patas, ardendo em seu nariz.
"Tempestade de areia?" ele chamou.
Não houve resposta. Cambaleando de exaustão, Estrela de Fogo se

arrastou pela encosta irregular e explorou as tocas acima, mas lá também
o único cheiro de Tempestade de Areia era rançoso.
A dor e o medo o dominaram; ele se enrolou no chão de madeira e

fechou os olhos, mas era difícil conseguir dormir. Quando a inconsciência
finalmente o dominou, seu sono foi perturbado por lembranças
fragmentadas de sua vida com seus Duas-Pernas, como se ele
nunca os tivesse abandonado para se tornar um guerreiro, ou conhecido
a alegria de liderar seu Clã.
Acordou tremendo na luz cinzenta do amanhecer. Enquanto descia a

encosta novamente, seu coração deu um salto quando ouviu um movimento
vindo da cozinha Duas-Pernas. Sem parar para farejar, ele
correu pela abertura. "Tempestade de areia?"
Ele foi interrompido por um rosnado feroz. Uma raposa ergueu

o focinho listrado de vermelho após comer um pombo, os dentes
brancos à mostra entre o sangue e as penas.
Estrela de Fogo recuou lentamente até chegar à porta externa.

Então ele se virou e fugiu, correndo pelo caminho com o pelo da barriga
roçando o chão e a cauda balançando atrás dele. Ele se preparou
para sentir o hálito quente da raposa em seu pescoço e seus dentes
se encontrando em sua nuca, mas chegou à margem do rio em
segurança. Ofegante, ele olhou para trás. A raposa não o perseguiu.
Estrela de Fogo trotou ao longo da margem até chegar ao outro

ninho de Duas Pernas, onde o monstro quase os havia capturado.
Contornando uma curva do rio, ele parou surpreso. No local onde
os Duas-Pernas e seus filhotes estiveram havia uma vasta
extensão de água, plana e cinza-prateada, que jorrava do rio e se
acumulava ao redor do ninho. Algumas coisas de Duas Pernas balançavam
desamparadamente no meio disso. Perto do ninho dois ou três
DuasPernas estava de pé, olhando para a água e chorando.
De olho nos Duas-Pernas, caso algum deles o avistasse, Estrela de Fogo

contornou a beira da água, na esperança de cruzar o Caminho
do Trovão atrás do ninho, como ele e Tempestade de Areia haviam feito
antes. Mas a inundação estendeu-se muito mais longe do que ele
pensava. O próprio Thunderpath estava debaixo d'água.
Estrela de Fogo teve que abrir caminho através de florestas pantanosas,
escorregando em buracos lamacentos e prendendo seu pelo em arbustos.
Finalmente ele alcançou novamente o pequeno Caminho do Trovão.

Por hábito, ele se agachou ao lado dela, olhando cautelosamente para cima
e para baixo, mas não havia monstros hoje. Tudo estava em silêncio,
exceto pelo gotejamento constante das árvores.
Estrela de Fogo abriu caminho através da vegetação rasteira do outro

lado do Caminho do Trovão, na esperança de seguir a margem da
enchente de volta ao rio. Mas, ao sair da floresta novamente, ele ouviu latidos
altos. Um Duas-Pernas e um cachorrinho cor de raposa estavam
dobrando o canto do ninho.
Virando-se, Firestar fugiu, mas era tarde demais. O cachorro correu

para ele com uma série de latidos agudos. Estrela de Fogo ouviu o uivo do
Duas-Pernas, mas o cachorro continuou vindo. Estrela de Fogo podia ouvi-
lo tropeçar entre as árvores atrás dele. Ele forçou suas pernas a se
moverem ainda mais rápido. Uma parede ergueu-se à sua frente; sem
pensar, Estrela de Fogo deu um salto voador, subiu pelas pedras e parou
para olhar para seu perseguidor.
O cachorro ofegou até a parede e sentou-se ao pé, uivando.

Estrela de Fogo mostrou os dentes num silvo furioso e depois
saltou para o jardim do outro lado. Ao deslizar para o abrigo de um
arbusto, ele ouviu o Duas-Pernas do cachorro aparecer, rosnando irritado.
O latido do cachorro desapareceu no
distância enquanto era arrastado.
Estrela de Fogo se agachou no abrigo do arbusto gotejante e

recuperou o fôlego. Para onde a água poderia ter levado
Tempestade de areia? Se o rio tivesse inundado até aqui, ela poderia
ter sido completamente arrastada para longe da margem. Se ela
conseguisse se libertar, pensou ele, ela poderia ter vindo por aqui para escapar
da enchente.
Valeria a pena procurar alguns jardins, Firestar

decidiu, para ver se conseguia encontrar algum vestígio dela. Pelo
menos não choveu mais e o sol pálido exalava vapor da grama
encharcada.
Estrela de Fogo espiou por trás do arbusto e examinou o jardim.

Parecia vazio. Não houve sons vindos do ninho Duas Pernas. Mas
quando sentiu o gosto do ar, não conseguiu sentir o cheiro de
Tempestade de Areia. Ela não estava aqui; ele teria que continuar.
Avançando pela grama, ele mergulhou entre os arbustos do outro

lado e saltou para a parede oposta. Além dela havia uma passagem
estreita; depois de verificar o cheiro, Firestar saltou. A parede do
outro lado era alta demais para ser escalada, então ele trotou ao
longo da passagem, com os sentidos tensos em busca de qualquer
vestígio de Tempestade de Areia.
A passagem emergiu em um emaranhado de ninhos de Duas Pernas

unidos por um pequeno Caminho do Trovão. Tudo estava quieto e
não havia monstros à vista, nem mesmo os adormecidos. Mesmo
assim, a pele de Estrela de Fogo arrepiou-se. Estar em um Lugar de
Duas Pernas não parecia certo, e ele já começava a duvidar que
encontraria Tempestade de Areia tão longe do rio.
Vou dar uma olhada rápida.

Mas todos os ninhos e jardins pareciam iguais, e a chuva havia lavado todos os
aromas que pudessem tê-lo guiado. Pulando em um muro que ele achava que dava
para a passagem de volta para a floresta, Estrela de Fogo se viu olhando para
outro jardim.
“Esterco de raposa!” ele cuspiu. “Agora estou perdido. O que mais pode
dar errado?"
Ele tentou refazer seus passos, mas em algum lugar deve ter tomado o
caminho errado. Mais jardins desconhecidos estendiam-se à sua frente,
separados por vielas sinuosas que pareciam virar-se sobre si mesmas. Várias
vezes ele cruzou sua própria trilha olfativa, mas isso não o levou a lugar
nenhum. Quando a noite caiu, ele ainda não havia encontrado o caminho de volta
ao rio.
Ele se sentia cansado demais para continuar procurando; Cautelosamente,

ele desceu de uma cerca até um dos jardins e rastejou para baixo de um
arbusto com flores azuis de cheiro forte. Com sorte, eles esconderiam seu
cheiro de qualquer gatinho que passasse.
Desta vez seus sonhos foram preenchidos com a voz de sua
companheira, chorando por ele à distância, mas por mais longe e rápido que
ele corresse, ele não conseguia alcançá-la. Quando acordou, ainda se sentia
exausto e tão infeliz que precisou de um esforço imenso para sair de debaixo do
arbusto.
Do outro lado do jardim, um movimento chamou sua atenção e ele

avistou um gato branco e rechonchudo emergindo da porta do ninho. Ele
bocejou e espreguiçou-se, depois deitou-se sob um raio de sol sobre algumas
pedras planas e começou a lavar seu longo pelo coberto de neve.
Ele se parece com Cloudtail, pensou Firestar, saltando e

aproximando-se com cautela caso o gatinho demonstrasse alguma das

habilidades de luta de seus parentes.
O gato ergueu os olhos surpreso e fixou um olhar azul brilhante

em Estrela de Fogo quando o líder do Clã do Trovão parou na
beira das pedras e baixou a cabeça educadamente. Estrela de Fogo suprimiu
uma onda de desprezo pelo fato de esse gatinho não se
dar ao trabalho de defender seu próprio território. Ele não parecia ter
levantado uma garra de raiva em sua vida.
“Saudações”, ele miou.
O gato branco piscou para ele. "Oi. Quem é você?"
“Meu nome é Estrela de Fogo. Você viu um gato ruivo recentemente?
O gatinho piscou novamente. "Eu vi você."
Estrela de Fogo cerrou os dentes. “Sim, mas não estou

procurando por mim”, ressaltou. Ele queria cravar suas garras no gatinho e
colocar algum sentido nele, mas conseguiu se conter.
"Bem . . .” o gato branco continuou: “Acho que vi um gato ruivo. ah,

. . cerca de cinco dias atrás. Ou era uma carapaça de tartaruga?
Firestar respirou fundo e soltou o ar. "OK. Deixa para lá. Você
pode me dizer como voltar para o rio?
O gatinho mexeu os bigodes. “Que rio?”
Firestar cravou suas garras no chão. “Obrigado pela sua ajuda,”

ele sibilou.
Dando as costas ao gatinho, ele correu pelo jardim e escalou o muro.

Ainda havia outra passagem estreita além. Sem mais nada
para fazer, Estrela de Fogo caminhou até emergir em um amplo
espaço coberto com material preto do Caminho do Trovão. Um
Thunderpath saía dele do
outro lado, e ao redor havia ninhos pequenos e quadrados com paredes

indefinidas e entradas abertas. Alguns deles estavam
vazios, mas um deles engoliu um monstro inteiro.
Todos os pelos da pele de Firestar se arrepiaram. E se um dos

ninhos o engolisse também? Suas patas estavam ansiosas para
voltar pelo caminho por onde viera, mas ele pensou que se
conseguisse sair do outro lado, ao longo do Caminho do Trovão,
talvez conseguisse encontrar o caminho de volta ao rio.
Cautelosamente, passo a passo, ele se aventurou na dura superfície

preta. Ele estava quase na metade do caminho quando congelou ao
ouvir o rugido de um monstro, que ficava cada vez mais alto. A
enorme criatura passou pela abertura, a luz do sol brilhando em sua
pele brilhante, e avançou sobre Estrela de Fogo.
O medo bateu na garganta de Firestar. Ele se esquivou para

um lado. O monstro o seguiu. Está me caçando! Seu rosnado gutural
parecia estar ao seu redor. Soltando um grito aterrorizado, Estrela de Fogo
subiu pela parede de um dos ninhos, atravessou o
telhado e caiu do outro lado, em pânico demais para ver para onde
estava indo.
Suas patas afundaram profundamente em uma pilha de lixo Duas-

Pernas. Seu fedor ondulava ao seu redor. Sufocando, Estrela de Fogo
lutou furiosamente para sair da bagunça. Sacudindo pedaços
da substância fedorenta de seu pelo, ele caiu de lado, com a cabeça
girando. Havia um gosto horrível em sua boca e ele sentiu como se
todos os músculos de seu corpo estivessem doendo.
O desespero caiu sobre ele. Ele falhou com Sandstorm e SkyClan.

Ele falhou com seu próprio clã ao abandoná-los.
Cada decisão que ele tomou foi errada, e ele estava muito
exausto para fazer mais nada.
Sua barriga latejava de fome, mas Estrela de Fogo estava infeliz

demais até para tentar farejar uma presa. A alguns metros de
distância, ele viu uma pilha de coisas de Duas Pernas coberta por
uma pele dura e brilhante. Com os músculos gritando em protesto, ele
rastejou até lá e se escondeu no abrigo da pele. Com um pequeno
suspiro, ele fechou os olhos e deixou a escuridão levá-lo.
Seus sonhos eram sombrios e caóticos. Repetidas vezes ele viu a

onda enorme caindo sobre ele e ouviu Tempestade de Areia
gritando para ele pedindo ajuda que ele não podia dar. Então o
cachorro Duas Pernas o perseguiu, agarrou sua nuca com os dentes
e sacudiu-o até que ele pensou que iria arrancar sua pele.
CAPÍTULO 13
“Eu nunca o vi antes em minha vida. O que ele está fazendo aqui?
“Ele não está se movendo. Ele está morto?"
"Não . . . aqui, você, acorde!
As vozes pulsavam altas e suaves nos ouvidos de Estrela de Fogo.

Ele piscou dolorosamente e viu um borrão preto e marrom bloqueando a
abertura por onde ele havia se escondido. Uma pata estava presa em seu
pescoço, dando-lhe uma sacudida vigorosa.
"Wha . . . ? Sair." Estrela de Fogo bateu fracamente em seu agressor.
“Mantenha suas garras para si mesmo”, uma voz rosnou.
Estrela de Fogo piscou novamente. Agachados diante dele estavam dois

gatos: um era uma gata preta, o outro era um gato marrom e magricela com
uma orelha rasgada.
“Você não pode ficar aí”, miou a gata preta. “Duas Pernas entram e saem
daqui o tempo todo. Mova suas patas.
“Vou me mudar quando estiver pronto.” Estrela de Fogo tentou parecer

desafiador, mas sua boca estava tão seca de sede que ele mal conseguia
falar, e sua cabeça girava de fome.
“Você se moverá quando nós lhe dissermos,” o gato esquelético rosnou.

“Cérebro de pulga!” Ele deu uma cutucada forte nas costelas de Firestar com
uma pata.
156
Estrela de Fogo estava fraca demais para discutir. Ele se arrastou

para fora da pele brilhante e cambaleou sobre as patas.
"Estava na hora." A gata fungou. "Siga-nos."
Ela seguiu por um caminho sinuoso que passava entre os

montes de lixo Duas-Pernas. Firestar pensou brevemente em fugir para a
liberdade, mas não tinha ideia para onde ir.
Além disso, ele mal conseguia cambalear e, enquanto a gata ia na
frente, o gato marrom caminhava ao lado de Estrela de Fogo e mantinha
os olhos amarelos fixos nele.
Para onde eles estão me levando? Estrela de Fogo se perguntou.
Ele pensou em Scourge e BloodClan, e se perguntou se havia outro

Clã de gatos ferozes de Twolegplace aqui. Se soubessem que ele era
da floresta, poderiam vê-lo como um inimigo. Esses gatos estavam
levando-o para ser morto?
A gata preta conduziu-o por uma abertura na parede.

Estrela de Fogo emergiu em um pedaço de terra nua onde algumas
árvores raquíticas lutavam para sobreviver no solo fino. Ele não
conseguia ver nenhum outro gato, mas havia um forte cheiro de gato
ao seu redor. Seu medo de encontrar outro BloodClan ficou cada
vez mais forte até subir em sua garganta e quase sufocá-lo.
"Dessa maneira." O gato marrom deu-lhe outro empurrão,

quase arrancando Estrela de Fogo de suas patas.
Ele tropeçou para frente, deslizou por um buraco no chão e parou

quando suas patas dianteiras bateram na beira de uma poça.
“Mantenha suas patas fora disso”, rosnou o gato. “Eu não quero
beber se você estiver remando nele.”
Firestar recuou apressadamente.
“Vá em frente, então, beba”, a gata retrucou. “É perfeitamente seguro,

você sabe. Não estamos tentando envenenar você!”
Firestar lançou-lhe um olhar duvidoso. Esses gatos o trouxeram para a

água que ele tanto precisava. Isso significava que eles não iriam matá-
lo, afinal?
Ele se agachou na beira da piscina e lambeu a água. Ele sabia

que estava estragado, contaminado pelos aromas de Duas Pernas,
mas naquele momento tinha um gosto mais delicioso do que o riacho mais
claro da floresta.
Quando ele se sentou, tirando gotas de água dos bigodes, viu a gata
preta parada ao lado dele com um pardal nas mandíbulas.
“Aqui,” ela miou, deixando cair a presa fresca em suas patas.
Estrela de Fogo olhou para ele. Esses gatos estavam alimentando ele?
“Honestamente,” a gata murmurou, revirando os olhos enquanto

empurrava o pardal para mais perto dele. "Comer. Você nunca viu uma
presa antes?
“Er . . . obrigado." Estrela de Fogo caiu sobre o pardal, engolindo-

o em grandes mordidas.
“Vejo que você não come há muito tempo”, comentou o tom marrom.
“Você veio de longe?”
Estrela de Fogo engoliu um bocado de pardal antes de

responder. “Longe o suficiente”, ele miou. Ele baixou a cabeça e
acrescentou: “Meu nome é Firestar”.
“Eu sou Stick e ela é Cora”, disse o tom marrom a ele.
Estrela de Fogo sentiu um arrepio de esperança agitar sua pele. Talvez

ele não fosse o único andarilho que resgataram. “Estou procurando outro
gato ruivo. Você viu ela?" ele perguntou.
Os dois bandidos trocaram um olhar. Estrela de Fogo ficou doente de

decepção quando Cora balançou a cabeça, encolhendo os ombros.
“Um dos outros pode ter feito isso”, acrescentou Stick.
"Outros? Quais outros?” Estrela de Fogo destruiu o último pedaço de

presa e se levantou. A energia estava começando a voltar para ele agora que
havia comido e bebido.
“Você faz parte de um clã?”
Cora parecia confusa. “O que você quer dizer com um Clã?”
“Outros gatos vêm aqui”, explicou Stick. “Gatos gostam de nós.”
"Onde eles estão agora?" — exigiu Estrela de Fogo.
“Não sei”, miou Stick. Ele gesticulou com o rabo.

"Em volta."
"Você pode me levar até eles?"
“Não há necessidade”, respondeu Cora. “Eles aparecerão aqui mais cedo ou

mais tarde. Eles sempre fazem isso.
Estrela de Fogo olhou ao redor. Ainda não havia outros gatos à vista,
mas o cheiro forte que ele sentiu inicialmente lhe disse que aquele devia
ser um ponto de encontro de muitos gatos. A memória do BloodClan o deixou
nervoso. Stick e Cora o trataram bem até agora, mas e os outros? Os instintos
de Estrela de Fogo lhe diziam para fugir, mas ele estava tão desesperado
para encontrar Tempestade de Areia que sabia que precisava ficar e fazer
mais perguntas.
“Você poderia me apresentar aos outros gatos?” ele perguntou.
Cora mexeu o rabo. “Você ficará bem sem nós.”
“Normalmente não andamos com eles”, acrescentou Stick.
"Por favor!" Estrela de Fogo cravou suas garras com força no chão. "EU
preciso ter certeza de que os outros gatos falarão comigo. Eu tenho que
encontre meu amigo!
Os gatos hesitaram, olhando-se novamente.
“Quem é esse gato que você está procurando?” Cora perguntou. “Por que
é tão importante encontrá-la?”
“Porque é minha culpa que ela esteja perdida!” Firestar explodiu.

“Estávamos viajando ao longo do rio e ela foi arrastada pela tempestade.
Procurei por ela em todos os lugares, mas não consigo encontrá-la. Não
posso continuar sem ela e não posso voltar para casa e deixá-la aqui.” Suas
garras rasparam o chão empoeirado. “Não posso desistir de procurá-la!”
“Mantenha seu pelo,” Cora miou. Sua voz ainda era afiada, mas seus
olhos eram solidários. "Nós vamos ficar."
"Obrigado." Estrela de Fogo sustentou seu olhar, esperando que ela

entendesse o quanto isso significava para ele.
Stick e Cora foram até um local sombreado sob uma das árvores
raquíticas, trocaram línguas brevemente e depois se enrolaram para tirar uma
soneca. Estrela de Fogo se espreguiçou, desejando poder dormir também, mas
não queria perder a chegada dos outros gatos. Ele não podia confiar que
Stick e Cora o acordariam porque não tinha certeza se eles perceberam o
quão importante era para ele encontrar Sandstorm.
Ele encontrou um pedaço de terra aquecido pelo sol e se acomodou

para uma limpeza realmente completa. Os pelos de sua pele cor de
fogo estavam amontoados, com pedaços de detritos do rio amontoados entre
eles. Pior ainda, ele estava coberto de manchas nojentas de Duas Pernas
do monte de lixo. Se seus companheiros de clã pudessem vê-lo agora,
dificilmente o veriam.
reconhecê-lo! Raspando a língua por cima do ombro, ele fez uma

careta ao sentir o gosto horrível, mas continuou até que seu pelo ficasse
liso e brilhante novamente.
Estrela de Fogo achava cada vez mais difícil manter-se acordada.

O sol estava se pondo, projetando longas sombras de árvores e paredes
de Duas Pernas no espaço aberto. De repente, ele percebeu um
movimento pelo canto do olho; um gato estava saindo de trás de uma das
árvores.
Firestar enrijeceu, olhando para Stick e Cora. A gata preta ergueu-

se sobre as patas, arqueou as costas num longo estiramento e depois
caminhou até ele. “Aí vêm eles”, ela miou.
Mais gatos seguiram o primeiro, emergindo por entre as árvores ou

pela abertura por onde os ladinos e a Estrela de Fogo haviam entrado.
Outros saltaram das paredes. Estrela de Fogo observou-os
cumprimentarem-se uns aos outros com reserva amigável, assim como
faziam diferentes gatos do Clã em Fourtrees.
Cora acenou com o rabo. "Vamos; Vou apresentá-lo.”
Stick juntou-se a eles enquanto se dirigiam para o grupo de gatos mais

próximo, três deles, que estavam sentados perto da poça onde Estrela
de Fogo havia bebido.
“
. . . e então eu disse ao rato”, um gato preto estava miando: “'Dê
um passo adiante e eu arrancarei sua pele.'”
Um gato malhado marrom ergueu os olhos da poça. "O que aconteceu

então?"
“Sua companheira saltou sobre ele por trás”, respondeu o terceiro gato,
uma linda rainha branca, com um sorriso divertido.
O gato preto mostrou os dentes em um rosnado. "E daí? EU

arrancou as peles de ambos.”
“Esse é Coal,” Cora murmurou no ouvido de Firestar. “Ele é o maior fanfarrão

que existe.”
“Mas suas garras são afiadas”, acrescentou Stick.
A gata branca bocejou. “Quem quer comer rato, afinal?

Tomei um pouco de leite Twoleg.
“E os ouriços voam”, Coal retrucou.
"Eu fiz!" Os olhos da gata branca se arregalaram de indignação.

“A mamadeira estava no degrau, então virei-a e todo o leite
escorreu.” Ela passou a língua em torno de suas mandíbulas. "Estava uma
delícia."
“O gato branco é Snowy”, disse Stick à Firestar. “Ela passa muito tempo perto
de Twolegs. Ela pode ter visto sua amiga lá.
Estrela de Fogo balançou a cabeça. "Eu duvido. Tempestade de Areia não
chegaria perto de Duas Pernas se pudesse evitar.
“Snowy, eu vi você perto daquele ninho.” O gato malhado marrom levantou-se

da poça e Estrela de Fogo viu que faltava metade de sua cauda.
“Talvez você não tenha notado que eles têm um cachorro novo lá. Isso
me afugentou quando eu estava perseguindo um rato no jardim deles. Eu ficaria
bem longe se fosse você.
Snowy se esticou e estendeu as garras. “Eu vi o cachorro – aquele idiota

peludo. Eu posso lidar com isso."
Carvão bufou. “Eu gostaria de ver você tentar.”
O gato malhado marrom foi sentar-se entre Coal e

Nevado. "Olá. Eu vi um gato estranho hoje”, começou ele.
As orelhas de Estrela de Fogo ficaram em pé.
“Alguns kits Twoleg a agarraram”, disse o gato malhado.

continuou, flexionando as garras. “Logo mostrei a eles o que era.”
Snowy se virou para ele com um olhar furioso. "Baixinha!

Você não arranhou o jovem Duas-Pernas, não é?
“E se eu fizesse?” Shorty retrucou. “Eles mereceram, atacando um

gato. Mas não”, ele continuou, “eu não os machuquei. Eu tinha minhas
garras embainhadas. Eu apenas os distraí para que o gato ruivo pudesse
escapar.”
"Ruivo!" exclamou Estrela de Fogo.
Os olhos de Stick brilharam. “Esse poderia ser seu amigo.”
"Por que você não a trouxe para nos conhecer?" Snowy perguntou
a Shorty.
“Não há tempo.” Os olhos âmbar do gato malhado brilharam de admiração.

“Ela pulou a cerca como se tivesse asas.
Acho que nunca vi um gato se mover tão rápido.”
Firestar tocou Stick no ombro com o rabo. “Eu preciso falar com aquele
gato.”
“Tudo bem”, respondeu Stick. "Me siga."
Ele caminhou para frente, balançando o rabo, até chegar ao grupo de

três gatos. “Oi,” ele miou. “Tem um gato aqui que quer conhecer você.”
Todos os três gatos fixaram o olhar em Firestar. Ele baixou a cabeça

respeitosamente. "Saudações. Como está a presa?
Coal e Snowy trocaram olhares, como se pensassem que ele havia

dito algo estranho. Firestar esperava que ele não tivesse soado muito
estranho.
“Você é novo por aqui,” Coal miou. "De onde você é?"
Firestar não queria contar a esses gatos sobre a floresta.

E se eles decidissem invadir sua casa, como o BloodClan?

“A jusante”, ele respondeu, esperando que isso fosse bastante vago.
“O nome dele é Firestar”, acrescentou Cora, aproximando-se dele.

“Firestar, conheça Snowy, Coal e Shorty.”
“Você veio para ficar?” O brilhante olhar azul de Snowy era amigável.
“Não, estou apenas de passagem”, disse Firestar a ela. “Eu estava

com outro gato, mas nos separamos na tempestade.” Ansiosamente ele se
virou para Shorty. “Eu ouvi o que você disse sobre o gato ruivo. Acho que
pode ter sido meu amigo.
Os bigodes de Shorty se contraíram; ele se levantou e veio cheirar

Firestar. “Poderia ser”, ele miou. “Ela tinha o mesmo cheiro que você:
árvores, folhas e água do rio.”
Estrela de Fogo respirou fundo, seu coração batendo forte. "Você pode
me mostrar onde você a conheceu?"
Shorty acenou com o coto do rabo. "Claro."
"Mas não esta noite." Cora abriu caminho entre Firestar e Shorty. “Olhe
para você”, acrescentou ela, interrompendo Estrela de Fogo enquanto ele
tentava protestar. “Uma rajada de vento derrubaria você. Você precisa de uma
boa noite de descanso e de mais algumas presas antes de estar apto para ir a
qualquer lugar.”
Estrela de Fogo cravou as garras no chão em frustração. Sou um

guerreiro! ele pensou ressentido. Eu não preciso descansar. “Mas
Sandstorm pode ir embora”, ele miou. Ele não expressou seu outro
medo, de que Shorty pudesse se afastar e Estrela de Fogo nunca mais o
visse.
“Seu amigo não vai a lugar nenhum à noite em um lugar estranho”,

Cora retrucou. “Não, a menos que ela tenha o cérebro de uma pulga. Baixinha,
se você levá-lo com você agora, vou arrancar o resto do seu rabo.
Shorty encolheu os ombros com bom humor. “Eu não posso discutir com
isso,” ele miou para Firestar. "Não se preocupe; Vou levá-lo ao local amanhã.
Firestar não pôde fazer nada além de concordar. Encontrou um buraco no

chão para dormir e, embora estivesse convencido de que a preocupação o
manteria acordado, dormiu quase assim que se enrolou. Desta vez nenhum
sonho o perturbou.
Ele acordou na manhã seguinte e se viu deitado sob o sol quente. Embora
não quisesse atrasar, tinha que admitir que se sentia muito melhor. Levantando-
se, ele olhou ao redor, mas o único gato que conseguiu ver foi Stick,
caminhando até ele com um rato pendurado em suas mandíbulas.
“Aqui está”, ele miou, largando sua presa na frente de Firestar. "Comer."
“Onde está o baixinho?”
Stick sacudiu as orelhas. "Não sei."
“Mas ele prometeu me levar para encontrar Sandstorm!”
“Então ele irá. Mantenha sua pele; ele estará de volta mais cedo ou mais
tarde.”
Estrela de Fogo não tinha certeza. Resmungando agradecimentos pela caça

fresca, ele se agachou para comer, com os sentidos alertas para o primeiro sinal
do retorno do gato malhado. Mas ele ainda estava tão fraco que a exaustão
tomou conta dele e ele dormiu novamente.
Ele acordou assustado ao ver as árvores lançando longas sombras negras

sobre o terreno aberto. A luz vermelha passou entre eles; o sol estava afundando
novamente!
Estrela de Fogo levantou-se com dificuldade, com o coração batendo

forte em pânico. Ele avistou Shorty, sentado sob a árvore mais próxima, seus
olhos âmbar fixos nele sem piscar.
"Por que você não me acordou?" — exigiu Estrela de Fogo.
"Pelo que?" Shorty contraiu os bigodes. "Não se preocupe; temos muito

tempo.”
Estrela de Fogo reprimiu o que gostaria de dizer. Se ele ofendesse

esse gato, talvez nunca encontrasse Sandstorm.
“Volte aqui se seu amigo não estiver lá”, Cora disse a ele, aproximando-
se por trás. “Vamos perguntar por aí e ver se conseguimos descobrir mais alguma
coisa.”
“Eu farei isso,” miou Estrela de Fogo. "Obrigado."
“Tudo bem”, miou Shorty. "Vamos."
O gato malhado marrom saltou por cima do muro e entrou em outra das
passagens confusas. Trotando até o fim e virando uma esquina, ele se
espremeu por uma abertura em uma cerca de madeira.
Estrela de Fogo o seguiu e se viu atrás de arbustos em outro jardim
Duas-Pernas. A noite havia caído; uma luz amarela emanava de um único
buraco quadrado na parede do ninho Duas Pernas.
“Este era o lugar”, murmurou Shorty. “Os jovens Duas-Pernas moram aqui.
Eles pegaram seu amigo naquela grama ali.”
Ele sacudiu o rabo em direção a um tufo de grama alta no meio do jardim. Os

caules erguiam-se por três ou quatro comprimentos de cauda,
com topos plumosos que brilhavam amarelos sob a luz estranha.
Mantendo um olhar cauteloso sobre o ninho, Estrela de Fogo rastejou
para o espaço aberto até chegar à moita.
Ele fechou os olhos para se concentrar melhor e respirou fundo

sobre suas glândulas odoríferas. O cheiro poderoso das flores Duas Pernas
quase inundou todo o resto, mas Estrela de Fogo conseguia distinguir o cheiro
de Duas Pernas, vários tipos diferentes de presas e... . . sim! Muito
fraco e ficando obsoleto, mas ainda reconhecível.
"Tempestade de areia!" ele respirou. "Ela estava aqui. Ela está viva!"
Obrigado StarClan! ele pensou.
Shorty saltou até ele. "Alguma sorte?"
“Sim, sim, é ela. Para que lado ela foi?
Shorty apontou o coto da cauda para a cerca oposta. “Lá, no próximo

jardim.”
Estrela de Fogo correu pela grama até a cerca; para sua surpresa,
Shorty acompanhou-o. “Você não precisa vir comigo,” Estrela de Fogo
miou.
Shorty sacudiu as orelhas. "Tudo bem. Eu vou junto, se você não se

importa. Snowy certamente me perguntará se encontramos seu
amigo.
“Obrigado,” miou Estrela de Fogo. Embora não tenha dito isso a

Shorty, ficou surpreso ao ver que os bandidos estavam sendo tão prestativos.
Ele foi rápido demais em presumir que eles seriam seus inimigos.
Os dois gatos pularam a cerca seguinte. Estrela de Fogo pensou

ter captado outro vestígio do cheiro de Tempestade de Areia entre os tufos
de flores, mas os cheiros de Duas Pernas eram muito fortes ali, e havia um
poderoso aroma de cachorro. O pelo do pescoço se arrepiou quando
ele ouviu o latido vindo do ninho.
“Perdi o rastro dela”, disse ele a Shorty, andando para cima e para
baixo em frustração.
“Vamos seguir a cerca”, sugeriu o gato malhado. "Nós

pode pegar o local de onde ela saiu.
"Boa ideia." Estrela de Fogo deslizou pela parte inferior da cerca,

escondida do ninho Duas-Pernas por arbustos grossos, mas não havia
outros sinais de que Tempestade de Areia estivera ali, nem mesmo a marca
de uma pata no solo. Ele desejou ter Cloudtail com ele; o tom branco
era o melhor rastreador do ThunderClan.
StarClan me ajude! ele rezou, olhando para os guerreiros brilhantes de Silverpelt

e se perguntando se eles poderiam vê-lo quando ele estava tão longe
da floresta.
Ao levantar a cabeça, um tufo de pelo preso no topo da cerca chamou sua

atenção, e ele distinguiu o ruivo pálido da pele de Sandstorm.
Ele apontou com o rabo. “Foi aí que ela cruzou a cerca. Vamos,
baixinho!
Mas o malandro malhado parecia inquieto, suas garras trabalhando nas

folhas espessas sob os arbustos. “Há um gatinho. bem, um
ali”, ele miou. “Ela é uma boa lutadora e. um pouco mal-humorado. .
Estrela de Fogo não conseguia acreditar que qualquer gatinho pudesse lutar
bem o suficiente para lhe causar problemas. “Eu posso lidar com isso”, ele prometeu.
Ele saltou para a cerca, subiu até o topo e farejou rapidamente o tufo
de pêlo. O cheiro da Tempestade de Areia inundou-o. O jardim abaixo dele
estava coberto de arbustos e um emaranhado selvagem de flores Duas-
Pernas. As árvores espalhavam seus galhos sobre ela, lançando
sombras profundas. As patas de Estrela de Fogo formigaram.
Este jardim era quase como uma floresta; era exatamente o tipo de
lugar onde sua companheira poderia se esconder.
"Tempestade de areia!" ele chamou suavemente. “Tempestade de areia, você está aí?”
Não houve resposta. Estrela de Fogo desceu até o jardim e rondou pela
vegetação rasteira, com o nariz cheio de aromas de folhas, flores
e outros gatos. Ele havia perdido o cheiro de Sandstorm novamente, mas
tinha certeza de que ela devia estar por perto. "Tempestade de areia!" ele
ligou novamente.
Logo atrás dele, um rosnado quebrou o silêncio. Estrela de Fogo se

virou e viu um gatinho de tartaruga parado à distância de um rabo. Suas
costas estavam arqueadas e seus dentes à mostra; seu pelo estava eriçado
e sua cauda trêmula estava arrepiada até o dobro do tamanho.
“O que você está fazendo no meu jardim?” ela cuspiu.
Estrela de Fogo engoliu em seco; obviamente nem todos os gatinhos

tinham preguiça de defender seu território. “Olha, fique com a pele”, ele começou.
"Eu sou único-"
Ele parou quando o casco de tartaruga saltou sobre ele, sibilando de

raiva, e o derrubou.
"Baixinha!" ele gritou.
Ele bateu na carapaça de tartaruga com as patas traseiras, mas ainda

não tinha toda a força e não conseguiu despistá-la. Seu flanco doeu
quando ela arranhou suas garras.
“Invasor!” ela sussurrou em seu ouvido.
Estrela de Fogo lutou para virar a cabeça e cravar os dentes em seu

pescoço. Então, de algum lugar próximo, ele ouviu o uivo furioso de outro
gato. De repente, o peso da tartaruga desapareceu. Estrela de Fogo ficou
imóvel no chão por alguns instantes, agradecida por Shorty ter vindo em seu
socorro.
Então ele olhou para cima e se levantou com um suspiro de espanto. O

recém-chegado não era Shorty; era
Tempestade de areia! A gata ruiva jogou a carapaça de tartaruga no chão; ela

enfiou as patas traseiras na barriga do gatinho e cravou os dentes em sua orelha.
O gatinho lutou furiosamente por mais um momento, depois se afastou e fugiu em
direção ao ninho de Duas Pernas.
"Tempestade de areia!" Estrela de Fogo ofegou. Ele ficou olhando para seu
companheiro; seus flancos estavam arfando e o sangue brotava dos arranhões
em seu ombro.
“Tenha sorte por ter chegado a tempo de salvar sua pele!” Tempestade
de areia sibilou.
“Eu não pedi para você!” Estrela de Fogo relampejou. “Eu poderia ter
cuidado de mim mesmo.”
Os lábios de Sandstorm se curvaram em incredulidade. "Ah com certeza."
Estrela de Fogo olhou para ela. Não era assim que ele imaginava que seria
seu reencontro com Sandstorm. "Ouvir-"
"Está tudo bem?" Shorty interrompeu; Estrela de Fogo olhou para cima e
viu sua cabeça aparecendo por cima da cerca. "Ei! Você a encontrou!
“Não, eu o encontrei”, rosnou Sandstorm. Ela parecia desejar não ter feito
isso. “Estou surpresa que você tenha se dado ao trabalho de me procurar”, ela
continuou para Estrela de Fogo, seus olhos verdes brilhando com hostilidade.
“Afinal, o que é um companheiro de clã comparado com todos os gatos
sem nome que dependem de você sabe-se lá onde? Por que você não
continuou procurando por eles,
em vez de?"
Estrela de Fogo estava cansada demais para brigar mais com ela.
Caminhando até ela, absorvendo seu aroma quente e familiar, ele murmurou: —
Eu teria procurado por você para sempre. Eu poderia
nunca teria vivido sem você.”
Sandstorm olhou para ele por um longo momento. “Eu quis dizer
isso quando disse que queria vir nesta jornada”, ela miou.
“Mas quero compartilhar sua missão. Quero entender por que você precisa
ajudar este Clã e desempenhar um papel igual para encontrá-los.”
“Mas StarClan enviou o sonho apenas para mim...” Firestar

começou.
“Isso não é verdade”, apontou Sandstorm. “E o Cascão? Este Clã

deve estar desesperado por ajuda se tentar falar com um gatinho.
Certamente dois gatos são melhores que um?
Estrela de Fogo apoiou o focinho no dela. Ele se lembrou de como

se sentiu quando pensou que a tinha perdido para sempre.
Agora ele sabia que nunca poderia completar sua jornada sem Sandstorm ao
seu lado.
"Desculpe-me por interromper", Shorty miou de seu poleiro na

cerca, "mas vocês dois vão ficar aí a noite toda?"
Por um instante, Firestar encontrou o olhar verde de Sandstorm.

Tanta coisa se passou entre eles que nunca poderia ser expressa
em palavras. Então ele se afastou.
“Desculpe”, ele miou, saltando para o topo da cerca para se equilibrar ao

lado de Shorty. “Você pode nos mostrar o caminho para sair daqui?”
“Precisamos voltar para o rio”, acrescentou Sandstorm ao se juntar a

eles.
"Sem problemas. Me siga."
Shorty conduziu-os de volta pelos jardins. Eles cruzaram um pequeno

Caminho do Trovão, silencioso, mas iluminado pelo brilho laranja
Luzes de duas pernas, e desci por mais uma passagem entre
dois ninhos de duas pernas.
“Não muito longe agora”, anunciou Shorty alegremente.
No final dos jardins, a passagem dava para um espaço gramado e

áspero. Estrela de Fogo levantou o focinho quando o cheiro do rio tomou conta
dele. Ele podia ouvir o barulho suave da água ao longe.
“Obrigado”, ele miou para Shorty. "Obrigado por tudo.

Eu nunca teria encontrado Sandstorm sem a sua ajuda.”
Tempestade de areia baixou a cabeça. “Obrigado por assustar aqueles kits

Twoleg também.”
O gato malhado marrom deu algumas lambidas no pelo do peito para

esconder seu constrangimento. "Boa sorte." Seus olhos se estreitaram. “Acho
que você está tramando algo em que pode precisar de toda a sorte que puder.”
"Você tem razão; nós fazemos”, concordou Sandstorm.
“Espero que possamos ver você novamente algum dia”, Shorty miou.
“Eu também espero”, respondeu Firestar.
Shorty acenou com o coto do rabo em despedida. Ele ficou observando

na entrada da passagem enquanto Estrela de Fogo e Tempestade de
Areia caminhavam lado a lado pela grama espessa até o rio.
CAPÍTULO 14
Durante toda a noite, Estrela de Fogo e Tempestade de Areia viajaram

lentamente rio acima, sob uma lua em forma de garra. Eles deixaram para
trás o trecho familiar do rio com o Twolegplace abandonado em um mar
de lama, e o caminho que levava ao deserto Twolegplace. O rio
encolheu e fluiu mais rapidamente, batendo nas pedras; uma cerca viva
cercava-a, deixando apenas um caminho estreito para os gatos
passarem.
Firestar não sentiu necessidade de falar; foi o suficiente para ter

Sandstorm de volta com ele, caminhando ao lado dele.
Finalmente os primeiros vestígios do amanhecer apareceram no horizonte.

O céu ficou pálido e leitoso e, um por um, os guerreiros do StarClan
desapareceram.
"Você acha que deveríamos comer agora?" Sugeriu Estrela de Fogo. Ele
não queria que Sandstorm pensasse que ele estava tomando todas as decisões.
“Então poderíamos descansar um pouco.”
"O que?" Os olhos verdes de Sandstorm se arregalaram de choque.

"Descansar? Comer? Você é completamente estúpido? Devemos continuar.”
Estrela de Fogo olhou para ela. “Bem, se é isso que você quer. . .”
A diversão brilhou nos olhos de Sandstorm, e ela deixou
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soltando uma pequena risada. “Não, sua bola de pêlo idiota, só estou
brincando. Comer é uma ótima ideia, e quanto a descansar, estou praticamente
dormindo nas patas!”
Balançando a orelha com a ponta da cauda, Estrela de Fogo

parou e esticou bem as mandíbulas para sentir o gosto do ar. Havia um
forte cheiro de ratazana. Sandstorm inclinou as orelhas para frente.
“Pronto,” ela murmurou.
Estrela de Fogo avistou a criatura saindo da água alguns metros acima

da margem. “Se não tomarmos cuidado, ele voltará direto para o rio.”
“Fique aí,” Sandstorm respirou.
Esgueirando-se pela lateral da cerca viva, ela passou pelo rato e começou
a rastejar de volta em direção a ele. Quando chegou perto, saltou para a beira
do rio, a água espirrando em suas patas. Assustado, o arganaz subiu a
margem e caiu direto nas patas de Estrela de Fogo. Ele o matou com uma
mordida rápida no pescoço.
“Isso foi brilhante!” ele exclamou quando Sandstorm se juntou a ele,

sacudindo as patas molhadas.
“Não espere que eu crie o hábito disso”, ela respondeu, tirando uma gota de
água do nariz. “Eu não sou um gato do RiverClan.”
À medida que partilhavam o rato, a luz do dia tornou-se mais forte e o sol
nasceu. O céu estava azul, com apenas alguns traços tênues de nuvens, altas
e enevoadas. Estrela de Fogo sentiu o calor do sol penetrando em seu
pelo.
“Vamos encontrar um lugar confortável para dormir”, sugeriu ele

quando terminou o último bocado de rato.
A única resposta de Sandstorm foi um bocejo.

Não muito adiante no caminho, descobriram um pedaço macio de musgo

entre as raízes da sebe. A luz do sol brilhou
através dos galhos, salpicando suas peles enquanto se enrolavam juntos. Sentindo
a língua de Sandstorm raspando seu pescoço, Estrela de Fogo relaxou pelo que
pareceu ser a primeira vez em dias. Ele inclinou a cabeça para seu companheiro,
compartilhando línguas até que o sono tomou conta de ambos.
Firestar estava na margem do rio. Parecia o lugar onde ele havia adormecido,
mas a sebe não era tão alta e espessa e não havia sinal de Tempestade de Areia.
O pânico tomou conta dele por um momento. Então ele percebeu que estava parado
na beira de um grande grupo de gatos. Alguns deles estavam sentados à beira da
água, enquanto outros estavam estendidos como se estivessem exaustos.
O som desapareceu gradualmente ao seu redor, o miado inquieto dos filhotes e

os lamentos de angústia dos gatos mais velhos.
“Quanto falta?” um kit malhado estava perguntando à sua mãe.
“Minhas patas estão doloridas!” um pouco de tartaruga adicionada.
A mãe deles, uma linda rainha de pêlo cinza, curvou-se para dar-lhes uma
lambida reconfortante. “Não muito longe agora”, ela prometeu a eles. “E então
encontraremos uma bela casa nova.”
“Não quero uma casa nova”, protestou o kit tartaruga.

“Eu quero voltar para o nosso acampamento.”
Sua mãe deu uma lambida suave em suas orelhas. “Nosso acampamento
se foi”, ela miou. “Duas Pernas pegaram. Mas encontraremos um melhor; Você vai
ver."
A ansiedade em seus olhos verdes disse a Firestar que ela não estava
certeza de que ela estava dizendo a verdade aos seus kits. Ele seguiu o
olhar dela sobre os gatos esparramados na margem até avistar o gato cinza e
branco que vira tantas vezes e que falara com ele no jardim do Cascão.
Ele permaneceu imponentemente à beira do rio, com a cabeça virada
rio acima.
“Este é o caminho certo?” ele miou baixinho.
Uma pequena gata malhada, sentada na margem ao lado dele,

respondeu: “Você é nosso líder, então tem que decidir. Não recebi nenhum
sinal do StarClan desde que saímos da floresta.”
“StarClan não se importa conosco, Fawnstep,” rosnou o gato cinza e

branco. “Se o fizessem, nunca teriam deixado os outros Clãs nos
expulsarem da floresta.” Ele inclinou a cabeça. “Tudo o que podemos
fazer é continuar até encontrarmos um lugar para morar.”
Um movimento no canto do olho distraiu Estrela de Fogo. Ele congelou

quando um filhote malhado de pelo longo disparou direto para ele. Ele
esperou que ele o localizasse e desse o alarme, mas ele passou por ele,
tão perto que suas peles quase roçaram, e nunca o notou.
De repente, percebendo que nenhum dos gatos poderia vê-lo, Estrela

de Fogo começou a andar entre eles. Ele ficou horrorizado ao ver como eles
eram magros, com as costelas visíveis através da pele opaca e
desgrenhada.
Um ancião preto e branco estava deitado de lado, com a respiração

ofegante. “Não posso ir mais longe”, ele disse com voz rouca.
“Você terá que continuar sem mim.”
“Lixo,” um guerreiro ruivo rosnou. “Nenhum gato vai ficar para trás.”
O mais velho fechou os olhos. “Nunca deveríamos ter saído da floresta.”
Uma gata malhada marrom parou ao lado do gato ruivo.

“Encontraremos um bom lugar para ficar; Eu prometo."
“Melhor do que aquele que deixamos”, concordou o guerreiro ruivo,

balançando o rabo. “Sem os outros Clãs para nos incomodar. Chega de
ataques fronteiriços, chega de roubo de presas. E especialmente não há
mais Duas Pernas. Teremos tudo só para nós.”
O ancião preto e branco soltou um leve silvo.

“Buzzardtail, sempre houve cinco Clãs na floresta.”
“Não mais,” o ruivo murmurou.
“Vamos encontrar alguma caça fresca para você”, miou o gato malhado,
“e você logo se sentirá melhor”. Olhando para o gato, ela acrescentou: “Vamos
caçar”.
Os dois gatos deixaram seus companheiros de clã e começaram a

rondar a cerca viva. Um esquilo estava sentado, chiando, numa árvore
que espalhava seus galhos pela margem do rio; a gata malhada deu um salto
enorme e agarrou-o com mandíbulas fortes, caindo no chão com
a presa entre as patas.
Estrela de Fogo olhou com espanto. Que pegadinha! Ele nunca tinha
visto um gato pular tão alto. A princípio ele ficou surpreso que o ruivo não a
parabenizou. Então ele percebeu que os dois gatos tinham patas
traseiras fortes e musculosas; pular deve ter sido a habilidade especial do
SkyClan, assim como os gatos do RiverClan sabiam nadar bem e os gatos do
WindClan podiam correr rápido atrás dos coelhos.
Os caçadores levaram suas presas frescas de volta para o resto do

clã. Alguns outros guerreiros mataram ratazanas, mas ainda não foi
suficiente. Ele viu a caça fresca sendo compartilhada entre os
os mais velhos e as mães com os filhotes primeiro, assim como ele

esperaria dos gatos que seguiam o código do guerreiro.
Quando o Clã devorou a presa com algumas mordidas vorazes, o líder

cinza e branco entrou no meio deles. “É hora de continuar”, ele miou.
Todo o Clã se levantou. O gato cinza e branco assumiu a liderança,

subindo o rio. O ruivo e o malhado apoiavam o velho preto e branco. Ao
passarem mancando por Estrela de Fogo, ele percebeu que podia ver rio
e grama através de cada pele. Os gatos do SkyClan pareciam andar um por
um em um banco de névoa pálida, e Estrela de Fogo se viu piscando,
acordando sob a luz do sol sob a cerca viva.
“Devo ajudá-los”, ele murmurou em voz alta. “Aconteça o que acontecer, o

SkyClan deve ser encontrado.”
Pelos próximos três nasceres do sol, Firestar e Sandstorm seguiram em

frente. O rio foi ficando cada vez mais estreito, espumando em
torno de rochas cinzentas e pontiagudas. Por toda parte Estrela de Fogo
podia ver vestígios da enorme onda que havia varrido a Tempestade
de Areia: galhos espalhados, detritos presos na sebe, poças secas
deixadas no caminho. Nas águas rasas sob a margem, galinhas-d'água
clamavam miseravelmente por filhotes perdidos.
“Você acha que é muito mais longe?” Tempestade de areia miou. “Se o
rio ficar muito mais estreito, desaparecerá completamente.”
"Você tem razão. Deveríamos começar a procurar sinais de

SkyClan”, respondeu Firestar.
“Que tipo de sinais? Marcas de cheiro nas bordas?
Estrela de Fogo balançou a cabeça. "Eu duvido. Isso significaria

ainda há um Clã protegendo seu território. O gato do SkyClan com quem

falei disse que o Clã havia sido disperso.”
“Mas deve haver alguns gatos do SkyClan sobrando”, apontou

Sandstorm. “Caso contrário, o que estamos fazendo aqui?”
“Talvez haja apenas alguns gatos tentando viver de acordo com o código do
guerreiro”, sugeriu Firestar.
Sandstorm assentiu e suspirou. "Eu me pergunto. Ou talvez eles

não se lembrem mais de quem são.”
Olhando para frente, Estrela de Fogo viu os topos irregulares de uma

série de colinas. Não pareciam tão nítidos e sombrios quanto Highstones,
mas eram mais altos que a charneca do Clã do Vento. Poderia ter parecido
um refúgio para um Clã em fuga que queria ficar longe de outros gatos e
Duas-Pernas.
O caminho ficou arenoso, manchando suas patas de laranja e

ardendo nos olhos quando uma brisa soprava. O sol ainda estava forte;
Estrela de Fogo e Tempestade de Areia ficaram felizes com a sombra das
árvores que cresciam ao longo da cerca viva.
Estrela de Fogo sentiu o pelo do pescoço começar a se arrepiar

quando dois ou três ninhos de Duas Pernas apareceram. Seria este o
início de outro Twolegplace para se perder? O caminho passava direto
pela frente dos ninhos, e uma ninhada de filhotes Duas-Pernas corria para
cima e para baixo.
Sandstorm tocou seu ombro com a ponta da cauda. “Vamos ver se

conseguimos contornar.”
Ela encontrou uma abertura na sebe e abriu caminho até um campo de

grama áspera. Os dois gatos caminharam por ele, contornando as cercas
dos jardins Duas Pernas, até chegarem a um estreito Caminho do Trovão.
Estrela de Fogo fez uma pausa; o cheiro de monstros era fraco e rançoso.
Ele olhou para Tempestade de Areia. “Você acha que é seguro atravessar?”
Sandstorm deu uma rápida olhada para cima e para baixo e depois
disparou. Firestar seguiu com força em suas patas. Do outro lado havia mais
grama áspera, e não demorou muito para contornar os ninhos restantes
de Duas Pernas até que o rio voltasse a ser avistado.
À medida que se aproximavam, Estrela de Fogo pôde ouvir os gritos

de mais kits Duas-Pernas. Ele soltou um leve silvo de aborrecimento; ele
pensou que eles haviam se esquivado de todos os Duas-Pernas evitando
os ninhos. Assim que alcançou novamente o caminho, ele pôde ver que ali o
rio se alargava até formar um lago redondo e raso. Vários filhotes Duas-Pernas
saltitavam nas águas rasas, gritando alegremente e espirrando água uns nos
outros. Na margem, duas fêmeas Duas-Pernas mais velhas estavam sentadas
sobre peles.
“Brincando na água!” Sandstorm torceu o nariz com desgosto quando parou ao

lado de Firestar. “Eu sempre soube que Duas Pernas eram loucos.
Eles morrerão congelados sem nenhum pelo na pele.”
Antes que ela terminasse de falar, um grito mais alto veio do jovem Duas-
Pernas. Alguns deles saltaram para fora da água e avançaram em direção
a Estrela de Fogo e Tempestade de Areia com as patas estendidas, fazendo
voar gotas de água.
"Correr!" Estrela de Fogo miou.
O primeiro kit Twoleg quase o agarrou enquanto ele se afastava. Atrás

dele, ele ouviu um uivo de uma das duas pernas mais velhas. Olhando
para trás, ele viu que ela havia se levantado e estava chamando o jovem Duas-
Pernas, que veio em sua direção. Ainda assim, ele e Sandstorm continuaram
correndo até o
o rio fez uma curva e os kits Twoleg foram deixados para trás.
Por fim pararam, com as laterais erguidas, onde um arbusto de sabugueiro lançava
uma sombra profunda sobre a margem do rio.
“Posso ouvir alguma coisa”, sussurrou Sandstorm.
Estrela de Fogo apurou as orelhas. De algum lugar à frente veio um

som estrondoso como o da cachoeira no território do Clã do Rio.
Cautelosamente, ele seguiu na frente na curva seguinte.
À sua frente, a água deslizava em uma curva suave sobre o topo de

um penhasco, transformando-se em espuma branca ao cair sobre
rochas salientes e cair em uma piscina abaixo. O ar estava cheio de neblina,
dividindo a luz do sol em pequenos arco-íris dançantes.
Estrela de Fogo ficou parada por um momento, aproveitando o jato frio

que encharcava seu pelo quente. Enquanto isso, Sandstorm caminhou
até a beira da piscina e se aventurou em uma rocha saliente.
"Tome cuidado!" — gritou Estrela de Fogo, com o coração disparado

ao imaginá-la caindo na piscina agitada. “As pedras ficarão escorregadias.”
Sandstorm agitou o rabo para mostrar que o ouviu; Firestar

esperava que ela não estivesse chateada por ele ter tentado avisá-la.
Alguns segundos depois, a gata ruiva lançou uma pata na água; a prata
brilhou no ar e um peixe se contorceu na rocha. Tempestade de areia
colocou uma pata nele para impedi-lo de cair de volta na piscina.
“Ei, pensei que você tivesse dito que não era um gato do RiverClan,”
Firestar provocou enquanto ele saltava até ela.
Tempestade de areia pegou o peixe com as mandíbulas e juntou-se a

ele na margem. “A criatura estúpida praticamente apareceu e
implorou para ser capturada,” ela disse a ele, deixando cair sua presa em
suas patas.
Os gatos do Clã Thunder geralmente não comiam peixe, mas Estrela

de Fogo achou o sabor desconhecido delicioso enquanto devorava sua parte.
Limpando os bigodes quando terminou, ele olhou para o penhasco ao lado da
cachoeira. Rochas cobertas de musgo se projetavam dela, com tufos de
samambaias espalhando-se sobre elas.
“Não parece muito difícil de escalar”, ele miou. “É melhor tentarmos, antes que
o sol se ponha.”
Ele começou a subir pelas rochas, a ansiedade latejando através dele

enquanto ele lutava para manter o equilíbrio. A água caiu trovejando a menos
de uma cauda de distância; se escorregassem nele, seriam jogados na
piscina abaixo. Onde as rochas estavam nuas, elas estavam escorregadias
por causa da espuma, e o musgo se afastava quando Estrela de Fogo
tentava colocar seu peso sobre ele. Ferns deu um tapa no rosto dele, jogando-
o com gotas de água.
Arrastando-se sobre uma rocha plana, ele parou por um momento para
descansar, os flancos arfando enquanto ele lutava para respirar. Olhando
para trás para verificar Tempestade de Areia, ele a viu equilibrada precariamente em
uma pedra no fundo de uma laje íngreme de rocha.
“Você está preso?” ele chamou por ela. "Espere; Eu vou descer e ajudar.”
Sandstorm olhou para ele e mostrou os dentes em um silvo que foi

abafado pelo trovão da água. “Fique onde está”, ela gritou de volta. “Eu
posso administrar.”
Firestar balançou o rabo irritado. Por que Sandstorm sempre teve

que provar que poderia lidar com a situação sozinha? “Não seja estúpido. Você
não pode...
“Eu disse que consigo!” Tempestade de areia interrompida. “Não

adianta colocar nós dois em perigo. Um de nós tem que sobreviver para
encontrar o SkyClan.”
Antes que Estrela de Fogo pudesse responder, sua companheira se

lançou para cima, prendendo as garras em um pedaço de musgo acima
de sua cabeça. Quando o musgo começou a ceder, ela rastejou com as
patas traseiras até chegar a uma fenda profunda na rocha. De lá, ela
conseguiu saltar até onde Estrela de Fogo esperava, com o coração
batendo alarmado.
"Ver?" Tempestade de areia se sacudiu, espalhando gotas de água de

sua pele. "Eu disse que ficaria bem."
Estrela de Fogo pressionou o focinho contra o dela e tentou impedir

que suas pernas tremessem. Então ele começou a subir novamente. Sua
respiração era rápida e superficial, sua pele eriçada de tensão quando ele
se ergueu sobre a beira do penhasco e caiu no chão plano. Um segundo depois,
Sandstorm se juntou a ele e caiu ao seu lado. Ele sentiu o hálito
quente dela em sua orelha.
“Desculpe,” ela murmurou.
O sol estava quase se pondo; o rio refletia o céu vermelho, barrado pelas
longas sombras das árvores que o atravessavam.
Firestar e Sandstorm avançaram rio acima; o rio ficou ainda mais estreito
e as margens subiram até passarem por um desfiladeiro arenoso, perto
da beira da água. Era menor que o desfiladeiro no limite do território do Clã
do Vento, mas as laterais eram igualmente íngremes e, embora ainda
houvesse luz no céu, logo eles estavam andando pelas sombras.
“É melhor encontrarmos um lugar para passar a noite,”

Tempestade de areia sugeriu. “Se houver algum sinal do SkyClan aqui,

poderemos perdê-lo no escuro.”
Por mais que Firestar quisesse continuar, ele sabia que o que ela dizia
era sensato. Eles encontraram uma pequena caverna na lateral do
desfiladeiro, protegida por um arbusto raquítico de tojo, e rastejaram
para dentro dela. O chão arenoso era mais confortável do que Estrela de
Fogo esperava, e não demorou muito para que ele dormisse com o doce
aroma de Tempestade de Areia ao seu redor.
A luz do dia filtrada pelo tojo espinhoso o acordou.

O alarme o apunhalou quando viu que Sandstorm não estava lá. Ele
abriu caminho entre os galhos espinhosos e emergiu ao lado do rio,
piscando sob a forte luz do sol e sacudindo sementes de sua pele. Para
seu alívio, Sandstorm trotava em sua direção.
“Pensei em caçar”, ela miou enquanto se aproximava dele, com um olhar

irritado. “Mas não encontrei nenhuma presa.
Quase não há lugar aqui para eles viverem.”
"Não se preocupe. Continuaremos e caçaremos no caminho. Deve haver

alguma coisa.
A única resposta de Sandstorm foi uma fungada. Estrela de Fogo sabia o

quanto estava orgulhosa de suas habilidades de caça; era incomum ela não
trazer nenhuma presa.
Em plena luz do dia ele pôde ver que os arredores eram muito diferentes
do exuberante território abaixo da cachoeira.
As laterais do desfiladeiro haviam se transformado em penhascos arenosos,
com alguns arbustos esparsos e tufos de grama dura enraizados em fendas.
O caminho ao lado do rio quase desapareceu em ambos os lados, então
os gatos tiveram que escalar pedras para se manterem próximos.
para a água. Embora continuassem parando para cheirar o ar, havia

apenas um leve vestígio de presa.
“Isso não é bom”, Firestar miou depois de um tempo. “Nenhum gato

poderia viver tão perto da água, sem espaço para acampamento.
É melhor subirmos até o topo do desfiladeiro.”
Desta vez a subida foi mais fácil; embora o penhasco arenoso fosse
liso e escorregadio, havia rachaduras e saliências rasas ocasionais que
lhes davam bastante apoio para as patas. Quando Estrela de Fogo
subiu pela borda, o vento golpeou sua pele, e ele deu alguns passos para
longe do penhasco, caso fosse derrubado. Ele se viu olhando para uma
ampla extensão de terra arenosa, com trechos de grama raquítica
pontilhados de árvores raquíticas. À distância, ele conseguia distinguir
as paredes de um Lugar das Duas Pernas e o brilho de monstros
acelerando ao longo do Caminho do Trovão.
“Vamos ficar longe de lá”, ele murmurou enquanto Sandstorm subia

para se juntar a ele.
Seu companheiro já estava cheirando o ar. “Coelhos!”
Firestar não se sentia muito esperançosa. Ele estava acostumado a

perseguir presas em florestas densas; ele não era um gato do Clã do
Vento, rápido o suficiente para atacá-lo em campo aberto. “Vamos
continuar,” ele miou. “Pode haver um lugar melhor para caçar mais adiante.”
À medida que caminhavam ao longo da beira do desfiladeiro,

suas patas começaram a formigar. Ele podia sentir o cheiro de gatos!
Provando o ar com cuidado, ele tentou identificar o cheiro do SkyClan que
era familiar em seus encontros com o líder do Clã. Mas esses aromas
eram completamente diferentes.
A tempestade de areia avançou alguns passos e parou

ao pé de uma árvore para cheirar a casca. “Venha e veja isso”, ela chamou,
acenando com o rabo.
Saltando até ela, Estrela de Fogo viu longas marcas de garras marcadas
na casca. O cheiro de gato também era mais forte aqui.
“Um gato fez essas marcas,” Sandstorm miou, seus olhos verdes
brilhando.
Estrela de Fogo assentiu. “Um com garras longas e afiadas, pelo que
parece. Vamos,” ele miou, aspirando ansiosamente o ar sobre suas
glândulas odoríferas novamente. “Vamos ver o que mais podemos encontrar.”
Alguns passos adiante, uma nuvem de moscas zumbiu no ar quando ele

quase tropeçou no corpo meio comido de um coelho.
"Eca!" Recuando, ele passou a língua pelas mandíbulas.

“Comida de corvo.”
Tempestade de areia examinou o coelho morto à distância.

“Algum gato matou isso. Não morreu naturalmente e tem cheiro de gato.
Então há gatos por aqui que caçam presas.”
Estrela de Fogo avançou novamente e examinou a carcaça com mais cuidado.

“Acho que o gato estava caçando sozinho”, ele miou. “Isso explicaria
por que ele não terminou a refeição.”
“E eles devem ser rápidos, como o WindClan, para pegar coelhos.”
Estrela de Fogo recuou e eles partiram novamente ao longo da beira do

desfiladeiro. “O cheiro daquele coelho era diferente do cheiro da árvore.
Estes são ladinos, não gatos do Clã.”
“Mas não foi isso que o gato SkyClan disse?” Tempestade de areia
perguntou. “Que seu clã foi disperso?”
Estrela de Fogo não respondeu. Embora os sinais dos gatos

fossem encorajadores, ele nunca havia realmente considerado, até agora,
como seria formar um Clã formado por ladinos e gatinhos.
Ele teria que tratar cada gato como se estivesse treinando um
aprendiz – não, um kit, porque esses gatos não teriam conhecimento do
código guerreiro, ou do que significava viver em um Clã. A tarefa era tão
assustadora que, por um instante, ele pensou em voltar para casa.
Então ele cerrou os dentes com determinação. Ele não desistiria de sua
busca até descobrir exatamente quais gatos viviam aqui e se havia alguma
esperança de restaurar o SkyClan. Mas agora ele sentia como se sua
busca nunca terminasse e ele nunca mais veria a floresta.
Sunhigh já havia passado quando chegaram a um banco arenoso

com diversas tocas de coelho que desciam para a terra. O cheiro de coelhos
ficou mais forte. De repente, um deles saiu de trás de um arbusto de tojo e
fugiu pela beira do desfiladeiro. Estrela de Fogo correu atrás dele, mas
Tempestade de Areia passou por ele, e ele diminuiu a velocidade para
observar enquanto ela perseguia a presa e a derrubava.
"Bom trabalho!" ele miou, aproximando-se para encontrar Sandstorm

enquanto ela arrastava o coelho de volta. “Agora você é um gato do WindClan!”
Quando ele e Tempestade de Areia compartilharam a caça fresca, Estrela
de Fogo se sentiu totalmente alimentada pela primeira vez em dias. Se sua

companheira pudesse pegar uma presa aqui, os gatos do SkyClan também poderiam.
Tempestade de areia piscou para ele. “Você está animado, não está?”
Estrela de Fogo assentiu. “Cada passo que damos nos aproxima.”

“Estou feliz por estar aqui com você.”
Estrela de Fogo encostou o nariz na orelha dela. “Estou feliz que você esteja
aqui também. Acho que não conseguiria fazer isso sem você.”
Eles passaram aquela noite enrolados entre as raízes de um grande carvalho,

uma das poucas árvores de tamanho normal que crescia naquele penhasco
varrido pelo vento. Com os aromas de seiva e casca de árvore envolvendo-o e
o farfalhar das folhas em seus ouvidos, Estrela de Fogo quase podia imaginar
que estava em casa, na floresta.
A luz do sol brilhando em seu rosto o acordou. Seus olhos se abriram em

alarme; como ele conseguiu dormir por tanto tempo?
Então ele percebeu que as raízes onde ele havia se acomodado para dormir
haviam desaparecido, substituídas pelas paredes arenosas e pelo teto de uma caverna.
A luz do sol entrava pela abertura, a alguns metros de distância. O ar ao
seu redor estava quente. Ele podia ouvir os murmúrios de muitos gatos
adormecidos e o cheiro do SkyClan o cercava. Erguendo a cabeça, ele viu as formas
peludas dos guerreiros enrolados entre musgo e samambaias.
Uma sombra caiu sobre a caverna e Estrela de Fogo viu um gato musculoso
delineado contra a luz. Ele reconheceu o gato ruivo que vira em sua visão à
beira do rio. O medo o agarrou; o que esses gatos fariam com ele quando o
encontrassem em sua toca? Mas o ruivo olhou diretamente para ele sem vê-
lo, e Estrela de Fogo percebeu que mais uma vez ele estava invisível para os
gatos do SkyClan.
“Vamos,” o guerreiro ruivo miou. “É hora de você se mudar.”
Ao redor de Firestar os guerreiros começaram a se agitar e levantar

suas cabeças. Uma delas — a gata marrom malhada que havia pegado
o esquilo — levantou-se e arqueou as costas num longo alongamento.
“Mantenha seu pelo, Buzzardtail. Estava vindo."
“Tudo bem, Fernpelt, você pode liderar a patrulha da madrugada”,

continuou o ruivo. “Escolha alguns outros para ir com você e mantenha
os olhos abertos para aquela raposa que avistamos do outro lado do
desfiladeiro.”
Fernpelt sacudiu o rabo. "Não se preocupe. Se encontrarmos isso,

será comida de corvo.”
O gato ruivo atravessou a caverna e cutucou uma gata cor de

areia com uma pata. “Levante-se, Mousefang.
Você vem caçar comigo e pegaremos Oakpaw no caminho. Pelo Noturno
— acrescentou ele para um gato preto do outro lado da caverna —,
você pode liderar outra patrulha de caça.
A essa altura, todos os gatos já haviam se levantado e sacudiam musgo

e samambaias de suas peles. “Esta é a nossa casa agora”, miou
Buzzardtail, olhando ao redor com aprovação.
"Você sabe onde ir. . . .”
Enquanto ele falava, ele e todos os outros gatos começaram a desaparecer.

Por um instante, Estrela de Fogo viu as paredes arenosas da
caverna aparecendo através de suas peles; então as paredes da
caverna também se dissolveram, e ele piscou e acordou na madrugada
cinzenta. A voz de Buzzardtail ainda ecoava em seus ouvidos. Você. .sabe onde ir. .
Estrela de Fogo saiu do abrigo da árvore. O céu brilhava com uma

luz leitosa e uma brisa suave brincava com seu pelo.
Todos os seus sentidos se esforçaram para captar vestígios do Clã
perdido. Suas patas formigavam com a proximidade; seria este o dia em
que ele os encontrou?
“Estou aqui”, ele miou em voz alta.
Voltando-se para onde Sandstorm ainda dormia, ele avistou um rato

lutando entre as raízes do carvalho. Ele se agachou como caçador e
atacou-o, matando-o rapidamente com uma mordida na garganta.
Ele acordou Sandstorm passando a ponta do rabo pelo nariz dela.

“Hora de levantar”, ele anunciou, enquanto seus bigodes se contraíam e
ela abria os olhos. “Há caça fresca esperando por você.”
Quando continuaram a viagem, tiveram que contornar matagais

de tojo e espinheiros que cresciam perto da borda do penhasco. Estrela de
Fogo ainda detectava rastros ocasionais de gatos, mas nada que lhe dissesse
para onde o Clã tinha ido.
Então, à medida que os arbustos diminuíam, Sandstorm avançou até

a beira do penhasco novamente. Estrela de Fogo, que havia sentido o cheiro
de um rato entre os arbustos, ouviu-a soltar um suspiro. Ele se virou
para vê-la olhando para o desfiladeiro.
“Estrela de Fogo, venha e veja!” ela exclamou. “O rio desapareceu!”

CAPÍTULO 15
Abandonando sua presa, Estrela de Fogo correu para o lado dela e olhou para baixo.
As laterais do desfiladeiro desciam abruptamente até um vale estreito
e seco, repleto de rochas avermelhadas. Não havia nem um fio de água.
Seu coração começou a bater forte. “Devemos ter passado pelo local onde
o SkyClan acampou”, ele miou para Sandstorm. “O gato cinza e branco
me disse para seguir o rio.”
A cauda da Tempestade de Areia atacou. “Estrume de rato! É melhor

descermos e voltarmos ao longo do desfiladeiro.”
Estrela de Fogo assumiu a liderança enquanto desciam cuidadosamente

o penhasco íngreme. Pedras soltas deslizavam sob suas patas;
Estrela de Fogo tentou não pensar em escorregar em um emaranhado de
pernas e cauda, acabando quebrado no fundo.
Ele tentou andar com leveza, escolhendo o caminho de uma rocha
saliente para outra e usando a cauda para se equilibrar.
A essa altura o sol já estava alto no céu e as encostas rochosas da garganta

refletiam o calor. O chão quente queimou as patas de Estrela de
Fogo. Ofegante, ele sentiu como se seu pelo estivesse prestes a pegar
fogo. Ele perturbou um lagarto que se aqueceu numa rocha; ele fez um
estalo quando sua sombra caiu sobre ele.
191
“Pelo menos não vamos morrer de fome”, comentou, apontando para a

criatura com o rabo.
Tempestade de areia torceu o nariz. “Só o ShadowClan come coisas

escamosas”, ela miou. “Eu teria que estar com muita fome antes de
experimentar.”
Finalmente chegaram ao fundo do desfiladeiro e começaram a voltar

pelo caminho por onde tinham vindo, serpenteando entre as pedras. A pele
de Estrela de Fogo arrepiou-se; nada crescia nesta parte do desfiladeiro, exceto
alguns tufos de grama e arbustos raquíticos; não havia abrigo nem vegetação
rasteira para esconder os gatos dos olhos hostis.
“É bom não sermos pretos ou brancos”, murmurou Sandstorm. “Pelo

menos nossas peles ajudarão a nos esconder.”
Estrela de Fogo assentiu tensamente. "Fique alerta. Não sabemos o que

pode estar escondido aqui.”
À medida que o sol descia pelo céu, a sombra do penhasco caiu sobre
eles. Estrela de Fogo respirava com mais facilidade à medida que o ar
esfriava. Ele começou a ouvir o som da água à frente.
Respirou fundo, detectando os primeiros vestígios de umidade no ar seco.
A cauda da Tempestade de Areia subiu. “Eu posso ouvir o rio!”
Desejando o solo macio da floresta em vez dessas pedras pontiagudas,

Estrela de Fogo acelerou o passo até que ele e Tempestade de Areia
saltassem entre as rochas. Arredondando um
curva, ele parou quando viu uma pilha de pedras avermelhadas bloqueando o
desfiladeiro. O barulho da água era mais alto, mas ele não conseguia ver.
Ele subiu na pilha de pedras, as garras arranhando o

pedra em ruínas e olhou cautelosamente por cima. Diretamente abaixo dele, a

água fluía suavemente de um buraco negro para uma piscina redonda antes de
descer pelo desfiladeiro e desaparecer de vista.
Sandstorm subiu ao lado de Firestar. “Então é aqui que o rio começa.”
Estrela de Fogo olhou ao redor, meio que esperando ver as formas

pálidas dos guerreiros do Clã Celeste observando-o dos penhascos.
Não havia gatos à vista, mas a meio caminho da encosta do desfiladeiro ele
avistou várias cavernas, aberturas escuras e estreitas escondidas sob o penhasco.
Trilhas estreitas ziguezagueavam pela face do penhasco, levando de uma caverna
a outra.
Firestar lembrou-se de seu sonho de acordar entre os guerreiros do SkyClan

em uma caverna arenosa. As palavras do deputado ecoaram mais uma vez
em sua mente. Esta é a nossa casa agora. Você sabe onde ir.
“Estamos aqui”, disse ele calmamente a Sandstorm.
“Você acha que o SkyClan viveu nessas cavernas?” tempestade de areia

parecia duvidoso. “Subir e descer os penhascos todos os dias?”
"Eu penso que sim."
Tempestade de areia levantou-se em suas patas. “Tudo bem, mas não vou
olhar até tomarmos uma bebida. Minha boca parece tão seca quanto o
desfiladeiro.”
Ela começou a descer pela pilha de pedras do outro lado, seguindo o rio
até chegar à piscina onde o rio desaguava. Firestar se juntou a ela quando ela
se agachou e começou a lamber. A água estava gelada; encharcou
seu pelo chamuscado e Estrela de Fogo pensou que nunca iria querer parar de
beber.
A água corria rapidamente, mas sem fazer barulho. Uma luz azul
esverdeada brilhava sob a superfície, mas mais abaixo da pilha de
pedras tudo estava escuro. A caverna se abriu como uma boca aberta,
esperando silenciosamente. . . .
Estrela de Fogo estremeceu e sentou-se, sacudindo gotas de seus

bigodes. Sandstorm estava olhando para algo na lama seca ao lado da
piscina.
“Olhe isso,” ela miou.
Na lama estavam as pegadas nítidas de um gato! “Pode ser um ladino,

apenas de passagem”, apontou Firestar, “ou até mesmo um gatinho
aventureiro”.
Tempestade de areia cheirou. “Muito aventureiro, para um gatinho. Vamos

dar uma olhada nessas cavernas.”
A lateral do desfiladeiro era ainda mais íngreme ali do que por onde
haviam descido. Estrela de Fogo lutou para manter o equilíbrio entre as
pedras soltas, convencido de que estava prestes a escorregar.
Após os primeiros passos, ele deixou as sombras para trás, e o calor
escaldante o atingiu como um golpe. A poeira subiu sob suas patas,
deixando-o com mais sede do que nunca.
Mas quando chegou à primeira das trilhas, o caminho ficou mais fácil.
Parecia que a face do penhasco havia sido raspada para expor uma trilha
achatada que ia e voltava em uma encosta suave, conectando cada uma das
cavernas. Firestar dirigiu-se para a entrada mais alta, que também parecia
ser a maior. Ele se aproximou do penhasco, evitando a queda do outro lado.
Sandstorm estava logo atrás dele, soltando um suspiro de alívio enquanto o
seguia até o chão plano da caverna.
Estrela de Fogo olhou ao seu redor. Ele já esteve aqui antes. O

A caverna era várias vezes maior que seu covil no acampamento do

ThunderClan. Lá dentro era fresco e sombrio, com paredes íngremes e
chão arenoso. Estava protegido da chuva ou do calor escaldante e seria
difícil para os inimigos alcançá-lo.
Por alguns instantes ele ficou parado, imaginando como os gatos

do SkyClan teriam se sentido quando chegassem a esse refúgio.
Eles ficaram felizes em encontrar abrigo ou cautelosos com o perigo que
espreitava nas sombras? Eles desejavam seu acampamento na
floresta? Ou eles estavam cansados demais para se importar? Por
um momento, eles estavam novamente ao seu redor; ele podia ouvir seus
miados e sentir suas peles roçando nas suas.
“O que você acha disso?” Sandstorm perguntou, apontando com o

rabo para alguns arranhões superficiais no chão na parte de trás da
caverna. “Cheios de musgo e samambaias, eles fariam ninhos muito bons.”
“Sim, mas onde encontrariam musgo e samambaias por aqui?” —

perguntou Estrela de Fogo. “Não vi nenhum crescimento no desfiladeiro.”
“Pode haver alguns nos penhascos.”
Estrela de Fogo assentiu, saboreando o ar novamente. A caverna

estava cheia de cheiros de animais: ele conseguia distinguir ratos e
ratazanas, e até mesmo gatos, mas nenhum deles tinha cheiro fresco.
Ele avançou, farejando os arranhões que Sandstorm havia detectado;
apenas a lembrança do sonho lhe garantiu que eram realmente ninhos, e
não apenas depressões naturais no chão da caverna.
“Vamos explorar algumas das outras cavernas.” Estrela de Fogo

dirigiu-se para a entrada, apenas para parar na altura da cauda lá
dentro. Seu coração começou a bater novamente. “Olhe isso,” ele
sussurrou.
De um lado da entrada havia uma estreita coluna de rocha, presa de um lado à

parede da caverna. Marcadas na metade inferior havia marcas de garras. Mal
ousando respirar, Estrela de Fogo avançou, ergueu as patas dianteiras e colocou
as próprias garras nas marcas.
"Um ajuste perfeito!" A tempestade de areia soprou.
Ela estava certa. As garras de Estrela de Fogo penetraram nas marcas como se
ele mesmo as tivesse feito. Ele estremeceu ao pensar que suas patas estavam
descansando onde aqueles outros gatos estiveram, há tanto tempo.
“Olhe para essas outras marcas.” Tempestade de areia caminhou até o tronco de
pedra e colocou uma pata contra ele, perto do fundo.
Pela primeira vez, Firestar notou alguns pequenos arranhões espalhados pelo porta-
malas. “Talvez os kits os tenham feito.”
Tempestade de areia parecia duvidosa. “Por que eles arranhariam

transversalmente, em vez de para cima e para baixo?”
Estrela de Fogo encolheu os ombros. “Por que os kits fazem alguma coisa? De
qualquer forma, isso não importa. Este é o lugar”, ele miou, de repente mais confiante
do que nunca. “Este é o lugar onde o SkyClan montou seu acampamento.”
Os olhos verdes de Sandstorm brilharam. “Então onde eles estão agora?”
Eles passaram o resto do dia explorando as outras cavernas.

As patas de Estrela de Fogo formigavam enquanto eles descobriam mais marcas de
garras, prova de que todas essas cavernas já foram habitadas por gatos.
"Olhar!" Tempestade de areia murmurou na próxima caverna que visitaram, apoiando

a ponta da cauda suavemente contra a parede. “Nada além de pequenas
marcas! Este deve ter sido o berçário.
Estrela de Fogo olhou para a entrada; uma pedra bloqueava a maior

parte, escondendo-a de olhos hostis e mantendo-a fresca mesmo sob a luz
do sol escaldante. “Os kits e suas mães estariam seguros aqui.”
Tempestade de areia avançou mais para dentro da caverna, seu

ruivo pálido lançando um borrão nas sombras. “Também há arranhões
maiores no chão”, relatou ela. “Do tamanho certo para uma rainha e sua
ninhada.”
Mais abaixo, na face do penhasco, eles encontraram cavernas

menores que poderiam ter sido tocas para os aprendizes, o gato
curandeiro e o líder do Clã. Finalmente eles voltaram para a primeira caverna.
“Acho que este era o covil dos guerreiros,” Estrela de Fogo miou, não
querendo trazer seu sonho à tona. “Há muito espaço e fica perto do topo
da falésia. Eles seriam capazes de proteger o resto do Clã se raposas ou
Duas-Pernas tentassem descer.
Tempestade de areia provou o ar pensativamente. “Tem cheiro de

gato aqui,” ela anunciou. “Não é fresco, mas é tudo o que sentimos até
agora. Acho que pelo menos um gato esteve aqui na última lua ou algo assim.
Estrela de Fogo caminhou lentamente ao redor da caverna e avistou algo

branco brilhando em uma fenda entre uma pedra e
a parede. Ele enfiou uma pata na abertura e tirou uma pilha de minúsculos
ossos brancos. “Um rato ou uma ratazana”, comentou ele com
Sandstorm, que veio dar uma olhada. "Você tem razão; gatos estiveram
aqui, mas não parece que vivam aqui permanentemente.
Se o fizessem, o aroma seria fresco.
“Eu me pergunto por que eles vêm?” Sandstorm não parecia esperar
uma resposta, e Firestar não poderia lhe dar uma.
A essa altura o sol já havia se posto e o desfiladeiro estava cheio

com sombras. Eles escalaram os últimos trechos da cauda até o topo

do penhasco e caçaram entre os arbustos ao longo da borda. Depois de
comerem, voltaram para a toca dos guerreiros para passar a noite.
“Estou tão exausto que poderia dormir por uma lua.” Sandstorm
suspirou, virando-se em um dos arranhões superficiais e enrolando-se com o
rabo sobre o nariz.
Sua respiração constante logo disse a Firestar que ela estava

dormindo. Ele sentou-se ao lado dela, olhando ao redor da caverna e
imaginando como ela havia sido em seu sonho: corpos quentes e
respirantes em ninhos de musgo e samambaias, e um gato, acordado
como estava, de guarda.
Ele piscou e os gatos desapareceram. A pálida luz prateada da meia-

lua invadiu a caverna, lambendo seu pelo. Mas não houve nenhum
som, nenhum tremor de pele pálida que perturbasse as sombras.
O SkyClan se espalhou há muito tempo? ele se perguntou. Existe alguma esperança

de encontrar seus descendentes? Ou cheguei tarde demais?
CAPÍTULO 16
O som de vozes fracas e sussurrantes acordou Estrela de Fogo. Esticando as

mandíbulas em um bocejo, ele pensou que deveria ser hora de se levantar e
certificar-se de que a patrulha da madrugada havia partido. Quando ele abriu
os olhos, viu a caverna desconhecida com suas paredes arenosas e
arranhões na rocha, e a lembrança de onde ele estava inundou sua mente.
Por um momento, ele pensou que estava de volta à sua antiga toca sob o
Highrock, dormindo em meio a musgo quente e samambaias, com a luz
do sol filtrada através da cortina de líquenes na entrada. Em vez disso, ele
estava em uma caverna deserta que outrora fizera parte do acampamento
do SkyClan, com Tempestade de Areia agitando-se ao seu lado.
Tempestade de areia levantou a cabeça. “Pensei ter ouvido alguma coisa.”
"Eu também." Estrela de Fogo saltou sobre as patas. Ele ainda podia ouvir
o movimento vindo do topo do penhasco e, quando sentiu o gosto do ar,
sentiu um cheiro forte e fresco de gato.
Erguendo o rabo para avisar Tempestade de Areia para ficar quieto e

quieto, ele caminhou em direção à entrada. A luz do dia entrava na
caverna vinda de um céu pálido; o sol ainda não havia nascido acima do
desfiladeiro e o ar estava fresco. Ele espiou pela boca da caverna.
Olhando para cima, ele chegou bem a tempo de ver um rabo escuro e malhado batendo
199
desaparecendo de vista nos arbustos que cresciam no topo do penhasco.
"Ele está aí?" um gato miou nervosamente.
"Eu penso que sim!"
Esticando ainda mais o pescoço, Estrela de Fogo respirou fundo para

gritar, mas antes que pudesse emitir qualquer som, uma pedra voou do
topo do penhasco, passando a menos de um rato de seu nariz, e caiu no
desfiladeiro.
Mais sons de arranhões vieram de cima e uma risada meio abafada.
A primeira voz gritou: “Você encontrou o que procurava no céu, velho e

estúpido bola de pelos?”
“Não estou surpreso que você não tenha amigos, bafo de

cachorro!” a segunda voz acrescentou. “Aposto que você não pode nos pegar!”
Outra pedra caiu do penhasco, quase atingindo Estrela de Fogo, e ele ouviu o
som de dois gatos correndo pelos arbustos com miados altos e
triunfantes.
Furioso, ele se lançou para cima. Mas quando ele abriu caminho pelo
penhasco e abriu caminho através da vegetação rasteira, os dois gatos
estavam longe demais para valer a pena persegui-los. Ele os avistou, um
gato malhado escuro e uma carapaça de tartaruga, correndo em direção
ao distante Lugar das Duas Pernas.
“Estrume de rato!” ele exclamou.
O farfalhar nos arbustos atrás dele anunciou a chegada da Tempestade

de Areia. "O que foi aquilo?"
"Não sei. Mas se algum membro do meu clã falasse assim comigo, eles
passariam a próxima lua procurando carrapatos nos mais velhos.”
Sandstorm esfregou o focinho no dele. “Bem, eles

Não sei que você é Firestar, líder do ThunderClan”, ela o consolou. “Pelo que
eles sabem, podemos ser bandidos tentando invadir seu território.”
"Eu não tenho tanta certeza." Estrela de Fogo olhou através da pastagem
arbustiva até o Lugar das Duas Pernas, onde os dois gatos haviam desaparecido.
“Eles pensaram que só havia um gato ali, então
não pode ter nos visto chegar. E os insultos deles significavam alguma coisa;
eles pareciam saber exatamente com quem estavam falando.”
“Então deve haver outro gato por aqui,” Sandstorm miou. “Talvez aquele
que deixou aqueles ossos na caverna?”
"Talvez." Ele voltou para o matagal e começou a explorar mais

detalhadamente. Ele conseguiu captar vários cheiros diferentes de gatos entre os
arbustos, bem como de ratos e pássaros.
“Sem raposas ou texugos”, comentou Sandstorm, ficando cara a cara

com ele ao redor do tronco de um arbusto de azevinho.
“Pelo menos isso é alguma coisa,” Firestar miou. “A maioria dos aromas
de gatos são de gatinho, inclusive os frescos de nossos visitantes.
Eu gostaria de falar com eles. Eles podem saber se os gatos já viveram nas
cavernas.”
"Eles podem." Sandstorm deu uma fungada de desgosto. “Mas eles estarão
dispostos a nos contar?”
Estrela de Fogo não respondeu. Afastando-se de Twolegplace, os dois

gatos caçaram nos arbustos e depois desceram pelas trilhas pedregosas até
o fundo do desfiladeiro. Chegando ao rio, Estrela de Fogo avistou
mais cavernas no lado oposto, mais abaixo das que já haviam explorado.
“Eu me pergunto se o SkyClan também usou essas cavernas”, ele miou,

apontando com o rabo.
“Eles devem ter sido um grande clã, se o fizeram”, respondeu Tempestade

de Areia. “Há muito espaço nas cavernas que já vimos.”
“Ainda assim, é melhor darmos uma olhada.”
Eles escalaram a pilha de pedras onde o rio corria e cruzaram para o

outro lado do desfiladeiro. Não havia cheiro de gato nas outras cavernas
e nenhuma evidência de marcas de garras ou ossos que sugerisse que
gatos já tivessem estado lá.
“Imagino que seja porque essas cavernas não recebem muito sol,”
Tempestade de areia sugeriu. “Estaria frio e escuro durante a maior
parte do dia.”
Firestar achou que ela devia estar certa. Ele estava grato por deixar
a última caverna e seguir para o rio novamente.
Um uivo repentino vindo do topo do desfiladeiro congelou suas patas no

chão. Quatro Duas Pernas estavam delineados contra o céu.
“Por aqui – rápido!” Tempestade de areia sibilou para ele do abrigo

de uma pedra.
Estrela de Fogo saltou até ela e se agachou ao seu lado, torcendo

para que os Duas-Pernas não o tivessem visto. Olhando para fora, ele viu
que eram todos jovens do sexo masculino. Uivando alto, eles desceram pela
lateral do desfiladeiro até a piscina. Firestar não sabia se eles
estavam procurando por ele e Sandstorm; ele podia sentir o
coração dela disparado enquanto ele se pressionava contra o lado
dela.
Então ele viu os jovens Duas-Pernas arrancando algumas de suas peles.

Com o uivo mais alto de todos, um deles saltou de uma pedra ao lado da
piscina e mergulhou na água.
Seus três amigos pularam atrás dele e saíram do
piscina, sacudindo a água dos pêlos da cabeça, e então pularam novamente.
“Obrigado StarClan!” Estrela de Fogo soltou um suspiro de alívio. “Eles

não sabem que estamos aqui. Eles só vieram brincar na água, como os outros
rio abaixo.”
Tempestade de areia encolheu os ombros. “Eu continuo dizendo a você, Duas Pernas
estão loucos.”
Eles ficaram fora de vista até que os jovens Duas-Pernas se

cansaram do jogo. Depois de vestirem as peles e começarem a subir
de volta ao topo do penhasco, os dois gatos se aventuraram a sair do abrigo
da pedra.
“Eu me pergunto se eles vêm muito aqui,” Sandstorm miou.

“SkyClan não teria ficado feliz morando tão perto de Twolegs.”
“É verdade,” Firestar concordou. “Mas pelo menos eles fazem barulho

suficiente. Um gato sempre saberia quando eles estão chegando.”
Ele saltou sobre as rochas para o lado oposto do rio, grato por emergir
novamente à luz do sol. “Não vi nenhum peixe aqui”, comentou quando
Sandstorm se juntou a ele.
“Não vi nenhum peixe desde abaixo da cachoeira”, ela miou. “As

presas aqui são ratos, ratazanas e pássaros. E talvez alguns coelhos.”
“E a maior parte disso no topo dos penhascos”, refletiu Estrela de Fogo.

“Não pode ter sido uma vida fácil.”
“Talvez seja por isso que eles não estão aqui agora.”
Firestar se perguntou se ela estava certa. Ele e Sandstorm conseguiram

se alimentar sem muitos problemas, mas haveria o suficiente para
um Clã inteiro?
Eles estavam voltando para a caverna dos guerreiros quando a

Tempestade de Areia parou. “Há outra trilha aqui”, ela
anunciou, inclinando as orelhas em direção a um caminho estreito e
pedregoso que subia obliquamente pela rocha. Estrela de Fogo só
conseguia distinguir pegadas na poeira, como se pelo menos um gato
tivesse passado por ali recentemente. “Eu não percebi isso antes. Você
acha que devemos segui-lo?
Estrela de Fogo assentiu. “Não pode causar nenhum dano.”
A trilha subia pela garganta até terminar em uma fenda profunda na

face do penhasco. Além da fenda havia uma rocha plana que se projetava sobre
o desfiladeiro.
Sandstorm olhou para Firestar, parecendo confuso. “É um beco sem

saída. Por que eles vieram para cá quando não há nada aqui?”
Estrela de Fogo estudou a saliência, a rocha e as paredes íngremes da

fenda. Um gato que perdesse o equilíbrio aqui cairia direto no chão do
desfiladeiro.
“Não tenho certeza”, ele respondeu. "Talvez . . .”
Ele se agachou, em seguida, empurrou com poderosas patas traseiras

e saltou, para pousar com as quatro patas na rocha plana.
"Estrela de Fogo!" Tempestade de areia uivou. "Você perdeu a cabeça?"
Ele não respondeu, mas ficou de pé na rocha, de frente para a brisa

que agitava seu pelo e trazia até ele os aromas misturados de pedra e água,
vegetação rasteira e presa. Se olhasse para cima do desfiladeiro,
veria o vale seco ficando ainda mais estreito à medida que subia; logo abaixo
ficava o lugar onde a água fluía do monte de pedras vermelhas,
e ele seguiu o rio com o olhar até que ele se perdeu na água.
distância enevoada. A rocha sob suas patas era lisa e quente; ele queria se
espalhar ali e aproveitar a luz do sol, como seu Clã fazia em Sunningrocks.
"Venha aqui!" ele chamou para Tempestade de Areia. "É maravilhoso!"
Tempestade de areia fez uma pausa, balançando o rabo. Então ela pareceu
tomar uma decisão, preparou-se para o salto e pousou perfeitamente ao lado de
Estrela de Fogo. “Você quer que quebremos nossos pescoços?” ela perguntou irritada.
"Apenas olhe!" Estrela de Fogo balançou o rabo. “Um gato de guarda aqui
poderia ver o perigo vindo de qualquer lugar.”
Enquanto Sandstorm examinava o desfiladeiro, seu olhar irritado desapareceu e o

pelo de seus ombros ficou liso novamente. “Você está certo,” ela
admitiu. Com uma súbita mudança de humor, ela se deitou de lado e bateu uma
pata de brincadeira na direção de Estrela de Fogo.
“É ótimo aqui. Por que não descansamos um pouco?
Estrela de Fogo se acomodou ao lado dela na pedra aquecida pelo
sol, sentindo o calor penetrar em seu pelo. Compartilhando línguas

sonolentamente com seu companheiro, ele encontrou sua mente voltando
para Sunningrocks e a floresta. Haveria uma Reunião em breve, e os outros
Clãs descobririam que ele havia partido.
O que eles fariam então? Estrela de Fogo sentiu as patas coçando para
carregá-lo para casa e teve que se lembrar que o SkyClan ainda
precisava dele. Se ele alguma vez os encontrasse... . .
À medida que o sol se punha, eles caçaram novamente e comeram

suas presas antes de retornarem à caverna dos guerreiros.
“Onde estão todos os gatos que cheiramos?” Estrela de Fogo se perguntou.
“Não vimos nenhum, desde a primeira hora da manhã, aqueles gatinhos rudes.”
Sandstorm mancou dentro da caverna e raspou a língua em uma

pata. “Não estou surpreso que eles não venham aqui. Este não é um
bom lugar para gatos. Ok, há água e abrigo, mas é difícil encontrar
presas. Minhas patas estão doloridas por subir e descer pedras
o dia todo. Não consigo nem encontrar nenhuma base para esfregar
neles. E minhas garras estão quase arrancadas ao me arrastar para
dentro das cavernas.
As patas de Estrela de Fogo também estavam doloridas, com

poeira e areia presas entre as patas. Ele ansiava pelo toque fresco da
grama exuberante e das samambaias. Por alguns instantes, ele ficou
tentado a descer e acalmar as patas caminhando pelas águas rasas
da beira do rio, mas só teria que fazer a longa subida de volta depois.
“SkyClan devia ter patas feitas de pedra se morasse aqui”,

acrescentou Sandstorm enquanto terminava de limpar uma pata e
começava a outra.
Estrela de Fogo estava prestes a concordar com ela quando se

lembrou de seu sonho com o SkyClan à beira do rio e de como um
gato pulou poderosamente em uma árvore. Essa habilidade também
seria útil aqui, para saltar de pedras e entrar em cavernas sem raspar
as patas e as garras na pedra áspera.
De repente curioso, ele caminhou até a entrada da caverna e

examinou as rochas do lado de fora. Havia marcas recentes que ele e
Sandstorm haviam feito, mas quase nenhuma marca antiga que pudesse
ter sido feita pelo SkyClan. Eles teriam pulado para cima e
para baixo na face do penhasco em vez de ter que escalar; até mesmo
o salto para a rocha plana teria sido fácil para eles.
“Não nos serviria aqui”, ele miou lentamente para Sandstorm.

“Mas combinava com o SkyClan. Eles sabiam pular. Eles
já tinham as habilidades de que precisavam. Esta era a casa deles, mas
onde eles estão agora?
A névoa estava espessa no desfiladeiro e pressionava a face do

penhasco quando Estrela de Fogo acordou na manhã seguinte. Ele olhou com
cautela, meio que esperando que outra pedra fosse atirada contra ele.
os gatinhos. Mas tudo estava em silêncio, até o som do rio abafado pela
neblina.
Ele despertou Tempestade de Areia e eles subiram ao topo do

penhasco para caçar. O cheiro da presa era mais difícil de captar no ar
frio e úmido; Estrela de Fogo rondava pelos matagais sem sucesso.
“Nem mesmo um rabo de rato!” ele murmurou.
Frustrado, ele emergiu dos arbustos e olhou para o campo aberto em

direção a Twolegplace, imaginando quais seriam as chances de rastrear
um coelho. Então ele ouviu um bater de asas; olhando para o lado, ele
avistou um pardal bicando o chão debaixo de um arbusto.
Tão silenciosamente quanto pôde, ele deslizou para frente, uma

pata após a outra, diminuindo gradualmente a distância entre ele e sua
presa. Ele estava se preparando para atacar quando houve uma agitação
nos arbustos e outro gato irrompeu, com as patas dianteiras estendidas
em direção ao pardal.
O pássaro soltou um forte grito de alarme e partiu; o recém-chegado saltou

imediatamente, num salto tremendo. Suas garras apenas roçaram
as asas do pardal enquanto ele voava em segurança em uma árvore.
Algumas penas desceram em espiral. O gato, um malandro marrom escuro,
ficou ofegante, olhando para o pássaro e balançando o rabo.
Com as pernas rígidas de fúria, Estrela de Fogo caminhou até ele até
que os dois gatos ficaram cara a cara. “Essa foi minha presa,”
Estrela de Fogo sibilou. Sua frustração transbordou; ele estava com fome, ele
e Sandstorm viajaram por todo esse caminho para encontrar nada além de
cavernas vazias, e agora esse gato sarnento e comedor de comida de corvo
tinha acabado de assustar sua primeira chance de comida naquele dia.
“Lixo”, retrucou o ladino. "Era meu."
Firestar soltou um suspiro de desgosto. “Eu teria pegado se você não

tivesse vindo através dos arbustos daquele jeito. Nenhum gato já te ensinou a
caçar?
O pelo do pescoço do ladino se arrepiou e ele puxou os lábios em um

rosnado. Estrela de Fogo arqueou as costas, sibilando de raiva e mostrando
uma pata com garras estendidas. Por um instante, os dois gatos ficaram
paralisados, olhando um para o outro com raiva. Estrela de Fogo preparou-
se para saltar, mas então o ladino baixou as orelhas e deu alguns passos
para trás. Soltando um último rosnado, ele se virou e saiu furtivamente
pela fileira de arbustos.
“Ah, ótimo!” Ao som da voz de Tempestade de Areia, Estrela de Fogo

se virou e a viu enfiando a cabeça para fora de um arbusto espinhoso.
“Devíamos estar conversando com os gatos locais, não assustando-os.”
O pelo de Estrela de Fogo ficou quente de vergonha. Ele olhou para o

ladino, apenas para ver a forma marrom e atarracada saltando ao longo da
borda do desfiladeiro.
“Desculpe”, ele miou. “Suponho que fui um pouco precipitado. Mas

deveria ser óbvio que o pardal era meu.” Ele deu algumas lambidas
rápidas no pelo do peito para se acalmar.
“Não estou acostumado a dividir território com gatos que nunca

ouviram falar do código guerreiro.”
“Bem, você terá que se acostumar com isso.” Tempestade de areia

emergiu do mato e caminhou até ele. “Você não pode esperar que os
gatos daqui sigam as regras que temos em casa. Suponho que eles nem
saibam sobre o StarClan.”
Suas palavras gelaram Estrela de Fogo. Ela estava certa; eles

não podiam esperar que o StarClan os tivesse seguido até agora. Como
ele poderia cumprir sua missão sem seus ancestrais guerreiros para
protegê-lo e guiá-lo? Ele nem tinha certeza de que os ancestrais guerreiros
do SkyClan caminhavam por estes céus. Ele olhou para cima,
perguntando-se se o líder cinza e branco o estaria observando, mas
nada rompeu o manto branco de neblina.
Por fim, eles conseguiram pegar alguns ratos e voltaram para a

caverna. Enquanto caminhavam entre os arbustos, Estrela de Fogo ouviu
um farfalhar à frente deles e sentiu um cheiro familiar de gatinho. Ele
passou a ponta da cauda na boca de Tempestade de Areia para pedir
silêncio e se escondeu no abrigo de um arbusto de tojo.
Antes que muitos batimentos cardíacos se passassem, dois gatos

apareceram, abrindo caminho por entre os arbustos vindos da beira do
penhasco. Um era um gato malhado escuro, o outro era uma
carapaça de tartaruga menor. Estrela de Fogo tinha certeza de que
eram os mesmos dois gatos que o haviam provocado no dia anterior.
Suas patas coçavam para enfrentá-los, mas ele estava longe demais
para surpreendê-los e não queria fazer papel de bobo.
Além disso, se ele falasse com eles, provavelmente apenas
negar que tivessem feito algo errado. Ele os deixou voltar
em direção ao Twolegplace.
"Qual é o problema?" Sandstorm bateu irritadamente em seu rabo.
“Acho que são os gatos que atiraram pedras em mim ontem”

Estrela de Fogo explicou. “Preciso falar com eles, mas quero descobrir
o que dizer primeiro.”
Ele se dirigiu para a caverna, na esperança de se acalmar e pensar,

mas enquanto desciam a trilha íngreme e escorregadia até a entrada,
um cheiro desagradável se espalhou ao seu encontro.
Tempestade de areia curvou o lábio. “O que é esse cheiro nojento?”

Ela passou por Firestar e saltou para dentro da caverna.
Quando Firestar se juntou a ela, ele a encontrou parada sobre o corpo

de um rato. Obviamente estava morto há dias; vermes brancos se contorciam
nos restos de seu pelo. O fedor encheu toda a caverna.
“Devem ser aqueles gatinhos!” Estrela de Fogo rosnou. “Suponho que

seja a ideia deles de brincadeira, deixar comida de corvo em uma caverna onde
vivem gatos.”
“Se eu pegá-los, vou mostrar que não é brincadeira”, rosnou Sandstorm.
“É melhor tirar isso daqui.” Estrela de Fogo suspirou.
Esfregando-o com as patas, eles conseguiram empurrar o rato para

fora da caverna e por cima das pedras até que ele caísse no penhasco.
De volta à caverna, Tempestade de Areia raspou areia sobre o trecho úmido
e fedorento onde estava.
“Vai levar uma eternidade para se livrar do cheiro”, ela reclamou.

“E está tudo nas minhas patas. Vou ter que descer até o rio para me lavar.”
Estrela de Fogo caminhou até a entrada da caverna e respirou ar

puro. Ele não esperava esse tipo de boas-vindas. Os gatos que viviam
aqui eram rudes e intrometidos, e se viviam de acordo com algum tipo
de código, ele não conseguia imaginar o que era.
“Os ladinos não são assim na floresta”, ele miou para

Tempestade de Areia. “A maioria deles se mantém isolados e ficam
longe dos territórios dos Clãs.”
“Mas não há nenhum Clã aqui,” Sandstorm apontou.

“Na floresta, a maioria dos gatos conhece o código do guerreiro.
E se não querem viver de acordo com isso, sabem como ficar longe
de nós.”
Estrela de Fogo observou a névoa no fundo do desfiladeiro. O

código guerreiro era a base da vida de todos os Clãs. Os Kits bebiam
com o leite materno. Aqui nenhum gato sabia disso — mas eles já
sabiam, assim como qualquer gato da floresta. Ele se perguntou se algum
dia seria capaz de despertar a memória do código do guerreiro
neste lugar devastado.
“Terei que começar em algum lugar”, ele murmurou, falando meio para
si mesmo. “E acho que sei onde.” Endireitando-se, ele acrescentou:
“Sandstorm, amanhã vamos conversar com esses gatinhos”.
CAPÍTULO 17
“Ai!” Tempestade de areia parou ao pé de um espinheiro, soltando um uivo

de dor e sacudindo uma pata dianteira.
“Shhh!” Estrela de Fogo sibilou. “Você vai trazer todos os

gatos de Twolegplace contra nós.”
Tempestade de areia piscou para ele. "Eu pensei que era o ponto?
Sinto muito”, acrescentou ela, dando um golpe rápido na pata com a
língua. “Pisei num espinho; isso é tudo."
Estrela de Fogo olhou ao redor. “Acho que nenhum gato ouviu.

Ok, continue. Assim que os gatinhos chegarem, desça para a caverna.
Lembre-se, é melhor que eles não olhem bem para você.”
"Eu sei." Aborrecimento brilhou nos olhos de Sandstorm. “Passamos

por tudo isso ontem à noite.”
"Certo então." Estrela de Fogo deu outra rápida olhada ao redor e

avançou pela vegetação rasteira até chegar à árvore mais próxima.
Subindo pelo tronco, ele se acomodou no galho mais baixo, escondido por
baixo por grossos cachos de folhas.
Debaixo da árvore, Sandstorm continuou a caçar. A água

inundou as mandíbulas de Estrela de Fogo quando ele a viu derrubar um rato.
212
Nenhum deles havia comido desde a noite anterior. Suas garras trabalhavam
impacientemente no galho. Ele não tinha certeza se os gatinhos viriam, mas
o plano que ele havia elaborado com Sandstorm parecia ser a única chance
de conversar com alguns dos gatos que viviam perto do acampamento
abandonado.
Ele ouviu um farfalhar nos arbustos a uma curta distância. Espiando por
entre as folhas, ele vislumbrou uma pele de tartaruga.
Seu olhar se voltou para Tempestade de Areia; ela estava espiando
nas profundezas de um arbusto. Estrela de Fogo não se atreveu a chamá-la,
caso ele alertasse os gatinhos.
Então Sandstorm sentou-se, as mandíbulas abertas como se tivesse

detectado um cheiro. Um segundo depois, ela pegou o rato que havia
capturado e desapareceu por entre os arbustos em direção à beira do
desfiladeiro.
“Ei, ele está aqui!” Era o gatinho malhado falando, abrindo caminho pela
vegetação rasteira até ficar quase diretamente sob a árvore de Estrela
de Fogo. “Eu vi os arbustos tremendo onde ele desceu para a caverna.”
Seu companheiro de tartaruga passou por ele, seguindo a rota que

Tempestade de Areia havia tomado.
Eles nunca sentem um cheiro? Estrela de Fogo se perguntou. Eles não percebem
que é um gato diferente?
Os dois gatinhos desapareceram novamente, mas ele ainda podia ouvir

suas vozes, elevadas como se estivessem chamando para a caverna.
“Ei, bafo de cachorro, você gostou do presente que deixamos para você?”
“Aposto que foi o melhor rato que você comeu nesta lua. Nós salvamos
só para você.
"Você sabe?" Estrela de Fogo murmurou. Ok, hora de ir.

Ele saltou da árvore e seguiu os gatinhos através dos arbustos até a beira do
penhasco. Quando suas costas apareceram, ele parou, posicionando-se ao lado de
um arbusto espesso. Os gatinhos não gostariam de passar por isso para fugir
dele.
“Velha bola de pêlo maluca!” a carapaça de tartaruga gritou. “Velho sarnento—”
"Com quem você está falando?" Firestar interrompeu em voz alta.
Ambos os gatinhos se viraram, as mandíbulas abertas em expressões

idênticas de espanto. Estrela de Fogo examinou-os, levantou uma pata e lambeu-
a reflexivamente, depois permitiu que suas garras deslizassem para fora. Os olhos dos
gatinhos se arregalaram.
“Er . . . não estávamos conversando com nenhum gato”, o gato malhado
respondeu, suas patas dianteiras lutando no chão.
“Você quer dizer que você está sentado na beira do penhasco e não está chamando
nenhum gato?” — perguntou Estrela de Fogo. “Você deve ser muito estranho para fazer isso.”
“Não somos estranhos!” a carapaça de tartaruga voltou.
“Então me diga quem você acha que está lá embaixo.”
“Não sabemos. Não fizemos nada.” O gato malhado deu um passo à frente.
"Vamos!"
A tartaruga deu um passo à frente para ficar ao lado de seu companheiro,

suas peles roçando. Nenhum deles parecia ter confiança para passar por Estrela de
Fogo, e ele estava bloqueando a única rota entre os espinhos. Os dois gatos jovens
pularam e se aproximaram quando um farfalhar veio da beira do
penhasco e Tempestade de Areia apareceu.
Os gatinhos olharam para ela.
“Você não é...” a carapaça de tartaruga deixou escapar.

“Não quem?” — exigiu Estrela de Fogo.
Sandstorm avançou e sentou-se ao lado dos gatinhos, que se

afastaram dela. “Firestar, não pareça tão feroz,” ela miou, lançando-lhe um
olhar de advertência. “Eles não causaram nenhum dano – bem, não
muito.”
“Não era nossa intenção”, insistiu o gato malhado.
“Tenho certeza que você não fez isso.” A voz de Sandstorm era
calmante; Estrela de Fogo desejou que os gatinhos pudessem ouvi-la
quando ela estava repreendendo um aprendiz descuidado. “Por que você
não começa nos contando seus nomes?”
“Eu sou Boris, e ela é minha irmã Cherry”, respondeu o gato malhado e
acrescentou nervosamente: “O que você vai fazer conosco?”
“Não vamos machucar você”, prometeu Tempestade de Areia, com

outro olhar duro para Estrela de Fogo, que embainhou as garras e enrolou o
rabo nas patas. “Estamos apenas procurando alguns gatos que podem ter
vivido aqui há muito tempo.”
Boris pareceu confuso. “Quais gatos?”
“Um clã de gatos,” Estrela de Fogo miou. Quando os gatinhos ainda

. .
pareciam inexpressivos, ele acrescentou: “Eles moravam nessas cavernas.
gatos guerreiros em um, gatos mais velhos em outro, rainhas e suas
ninhadas em outro, e assim por diante. Eles tinham um líder e
ensinaram aos seus jovens gatos o código do guerreiro. Eles
defenderam suas fronteiras...
“Ah, eles!” a carapaça de tartaruga, Cherry, miou impacientemente.

“Ouvimos histórias sobre eles.” Ela fez uma pausa.
“De acordo com alguns gatos por aqui, costumava haver muitos gatos
ferozes que viviam nessas cavernas. Eles até comiam gatinhos!”
“Isso é um monte de esterco de rato”, protestou Boris. “Eu posso lutar

tão bem quanto qualquer gato. Eles não me comeriam!
“Eu não vi você tão interessado em lutar contra esse gato.” Sua irmã sacudiu
o rabo para Firestar. “De qualquer forma, esses gatos se foram agora, todos, exceto
o velho maluco do Moony.”
“Quem é Moony?” Sandstorm perguntou, e Firestar acrescentou: “É quem

você pensava que estava na caverna?”
Os dois gatinhos trocaram um olhar, começando a parecer envergonhados

novamente. Boris abaixou a cabeça e começou a lamber o pelo do peito.
“Ele é apenas um gato velho e louco,” Cherry murmurou. “Ele não mora aqui,
mas vem aqui toda lua cheia e se senta naquela pedra que se projeta sobre o
desfiladeiro. Ele passa séculos olhando para a lua – é por isso que o chamamos
de Moony.”
“Depois ele dorme uma noite naquela caverna antes de partir novamente”,
acrescentou Boris.
Cherry deu uma fungada desdenhosa. “Todo gato por aqui sabe que
está bravo. Se você tentar falar com ele, ele apenas contará histórias estranhas
sobre gatos nas estrelas.”
Estrela de Fogo sentiu todos os pelos de sua pele se arrepiarem. Esta foi
a primeira pista de que qualquer vestígio de vida do Clã sobreviveu, que
qualquer gato sabia o que significava ser um guerreiro.
“Gatos nas estrelas?” ele perguntou bruscamente. "Tem certeza?"
“Claro que tenho certeza,” Cherry miou. “Eu o ouvi com bastante frequência.”
“E se ele teve alguma coisa a ver com aqueles outros gatos”, acrescentou
o irmão, “eles não podem ter sido muito ferozes. Moony nunca revida, seja o
que for...
Ele parou quando sua irmã lhe deu uma cutucada forte com uma pata e sibilou:
“Cérebro de rato!”
Estrela de Fogo teria gostado de dar um tapa nas orelhas dos dois gatos
jovens, mas quando ele encontrou o olhar de Tempestade de Areia, ela balançou
a cabeça. Lamentavelmente, Firestar admitiu que estava certa. Eles tirariam
mais proveito dos gatinhos se não os assustassem.
“Moony não fez nada de errado, fez?” Firestar perguntou, deliberadamente

tornando sua voz gentil. “Ele não machucou você ou roubou sua comida?”
Ambos os gatinhos balançaram a cabeça, sem encontrar seu olhar.
"Então você deveria deixá-lo em paz."
Os dois gatinhos trocaram um olhar culpado. “Eu disse que este não era
Moony!” Cherry sibilou para seu irmão. “A lua ainda não está cheia.”
“Bem, como eu poderia saber?” Bóris reclamou. “Nenhum outro gato veio aqui.”
"Esqueça isso." Firestar interrompeu a discussão antes que ela tivesse a

chance de começar adequadamente. “O que você pode nos contar sobre Moony?
Onde ele mora quando não está aqui?
Cereja encolheu os ombros. "Não sei."
“Ele deve vir de um ponto mais alto do desfiladeiro”, sugeriu Boris, balançando
a cauda listrada escura naquela direção. “Teríamos notado se ele subisse o rio.”
“E isso é tudo que você pode nos dizer?” Sandstorm se inclinou para frente e fixou
nos dois jovens gatos um penetrante olhar verde.
“Isso é realmente tudo.” Os olhos amarelos de Boris se arregalaram. "Podemos ir

agora?"
“Eu acho que eles podem, não é, Estrela de Fogo?”

Estrela de Fogo parou por alguns instantes, tempo suficiente para que os
dois jovens gatos entendessem que não estavam se saindo tão facilmente.
“Suponho que sim”, ele miou finalmente. “Mas chega de atormentar gatos
indefesos, ok?”
“Não vamos!” Bóris prometeu. Ele cutucou sua irmã.

"Nós vamos?"
"Não, não mais." Cherry achatou as orelhas. “Nós simplesmente não

pensamos . . .”
“Da próxima vez, tente não ser tão estúpido,” Estrela de Fogo miou,
afastando-se para deixar um túnel estreito através da vegetação rasteira. "Vá
você."
O alívio inundou os olhos dos dois jovens gatos. Eles passaram hesitantes por
Estrela de Fogo, como se não tivessem certeza absoluta de que suas
garras permaneceriam embainhadas. Assim que passaram por ele em
segurança, eles abriram caminho para fora do matagal e começaram a correr.
Quando Cherry passou correndo pela árvore onde Estrela de Fogo estava
escondida, ela deu um salto tremendo, batendo no galho mais baixo. Folhas
caíram sobre seu irmão enquanto ele saltava atrás dela.
Estrela de Fogo e Tempestade de Areia seguiram os gatinhos até a beira

dos arbustos e os observaram correndo de volta para Lugar das Duas Pernas,
com as caudas erguidas.
“Eles não são ruins para gatinhos”, comentou Sandstorm.

“Cherry tem espírito, pelo menos.”
Estrela de Fogo suspeitava que a jovem carapaça de tartaruga lembrava

Tempestade de Areia de seu aprendiz, Pata de Sorrel. “Ambos têm espírito”,
ele respondeu. “É uma pena que eles não possam ser aprendizes em um clã
adequado.”
“Bem, eles não podem,” Sandstorm miou. “Não, a menos que possamos
encontre SkyClan. Eles saíram daqui há muito tempo, pelo que parece.
“Exceto Moony.” Estrela de Fogo sentiu a excitação arrepiar-se novamente

em sua pele. “Um gato que olha a lua cheia e fala sobre gatos nas estrelas. . . Ele é
um gato do Clã, Sandstorm; ele deve ser!"
Sandstorm assentiu, com um brilho em seus olhos verdes. “Então esse é o nosso
próximo trabalho. Temos que encontrá-lo.
“Pensar que reclamei que estava muito quente!” Tempestade de areia

exclamou.
Ela e Estrela de Fogo haviam terminado a caçada e comido, e seguiam pelo

topo do desfiladeiro em busca de Moony.
A névoa do amanhecer havia se transformado em uma garoa fina e fria, encharcando
o pelo dos gatos. O céu estava carregado de nuvens cinzentas, e Estrela de Fogo
não conseguia ver claramente mais do que alguns metros de distância à frente.
“Isso não é bom”, ele miou. “É a mesma coisa que quando estávamos procurando
o acampamento SkyClan. Se ficarmos aqui, nunca encontraremos o lugar onde
Moony está morando.”
Tempestade de areia suspirou. "Eu estava com medo que você dissesse isso."
A descida foi ainda mais difícil quando as rochas estavam escorregadias por causa da
chuva e o fundo do desfiladeiro ainda estava envolto em névoa. Estrela de
Fogo liderou o caminho, escalando pedras e deslizando por seixos soltos até
chegarem ao vale estreito acima das rochas onde o rio desaguava. O caminho
estava pegajoso de lama, cobrindo as pernas dos gatos e salpicando o pelo da
barriga. Eles caminharam desconfortavelmente, espiando através da chuva nas laterais
do desfiladeiro para encontrar qualquer vestígio do velho gato.
“Há uma fenda naquela rocha.” Tempestade de areia apontou com o

rabo. “Talvez isso leve a uma caverna.” Ela se afastou do caminho para
investigar e voltou quase imediatamente. “Não é bom”, ela relatou.
“Não é largo o suficiente para meus bigodes. Um gato nunca poderia viver
lá.”
Estrela de Fogo se perguntou se um gato poderia viver naquele lugar

árido, mas enquanto ele e Tempestade de Areia avançavam, ele começou
a avistar arbustos raquíticos aqui e ali, e a farejar leves vestígios de
presas. Parte da água da chuva se acumulou em poças entre as
pedras.
“Este lugar suportaria um ou dois gatos”, ele miou.

“Mas é um lugar muito miserável para se viver, mesmo assim.”
“Especialmente sozinho”, concordou Sandstorm. “Se Moony for um

pouco estranho, nenhum gato poderia culpá-lo.”
Os gatos passaram por mais fendas na parede do desfiladeiro, mas

todas eram muito rasas ou estreitas para um gato viver confortavelmente.
Estrela de Fogo começou a se perguntar até onde teriam que ir ou se já
haviam perdido a casa de Moony.
Gradualmente, uma brisa surgiu, soprando ondas de chuva em seus

rostos. Estrela de Fogo estremeceu.
“Pelo bem do StarClan, vamos procurar abrigo,” Sandstorm miou.

“Nunca o encontraremos nisso.”
Sem esperar pela concordância de Estrela de Fogo, ela mergulhou

em outra das cavernas estreitas e entrou nela. Havia espaço suficiente
para Estrela de Fogo se espremer ao lado dela, com as peles encharcadas
pressionadas uma contra a outra. Mas, apesar do pelo encharcado e
coberto de lama e das patas doloridas, ele se sentia mais esperançoso
do que há muito tempo. Finalmente eles tiveram notícias de um verdadeiro
Gato do clã, e mais cedo ou mais tarde eles teriam que encontrá-lo.
Ele cochilou inquieto e acordou sentindo a cauda de Sandstorm balançando

em sua orelha. Ela estava do lado de fora da caverna, olhando para ele. “Vamos,” ela
miou. “A chuva parou.”
Rastejando rigidamente para fora da caverna, Estrela de Fogo olhou para cima
e viu que as nuvens estavam se abrindo. Um sol aguado brilhava no desfiladeiro.
A brisa agitava seu pelo úmido, banhando-o com algumas últimas gotas de
chuva.
“Assim está melhor”, ele miou. “Vamos andando.”
“Em um momento”, respondeu Sandstorm. “Eu quero uma bebida primeiro.”
“Você não bebeu água suficiente?” — perguntou Estrela de Fogo, enquanto a seguia
até uma piscina em um buraco entre dois espinhos retorcidos.
árvores.
Na beira da piscina Tempestade de Areia congelou, olhando para o chão na

frente de suas patas. “Estrela de Fogo, olhe!”
Ele saltou. Ali, na lama recém-molhada à beira da piscina, havia as pegadas

de um gato! Elas eram nítidas e frescas, maiores que suas impressões ou as de
Sandstorm.
“Eles poderiam ser do Moony!” Tempestade de areia exclamou. “Ou pelo

menos, um gato que possa saber onde encontrá-lo. E devem ter sido feitas
recentemente, desde que a chuva parou.
Firestar chicoteou seu rabo. Se não tivessem ido dormir na caverna, poderiam
ter avistado o gato quando ele veio beber.
“Quem quer que seja, ainda pode estar por perto”, ele miou.
“Você procura aquele lado do desfiladeiro e eu procurarei deste lado.”
Ele caminhou lentamente ao longo da base do penhasco, atento a mais

pegadas ou ao cheiro de um gato. Então Sandstorm soltou
um uivo e sinalizou com o rabo. "Por aqui!"
Estrela de Fogo saltou até ela. Antes de alcançá-la, ele começou a

sentir um cheiro forte e fresco. “Tenho certeza de que é o mesmo
cheiro que estava na caverna onde dormimos”, ele miou.
Sandstorm assentiu, saboreando o ar novamente. “Estava

velho lá, mas é o mesmo gato. Deve ser Moony quem fez essas
impressões.”
Seguindo o cheiro, Estrela de Fogo alcançou um caminho estreito

que serpenteava por trás de uma pedra enorme. Os gatos mal
conseguiam se espremer entre a rocha e a face do penhasco. Do outro
lado da rocha, o caminho subia abruptamente até chegar a uma árvore
retorcida agarrada à encosta do penhasco. Estrela de Fogo subiu até lá,
com chuvas de pedras caindo sob suas patas.
Tempestade de areia seguiu atrás.
Aproximando-se da árvore, Estrela de Fogo viu que suas

raízes formavam um arco na pedra avermelhada, formando um
covil de galhos duros e retorcidos. Do lado de fora havia ossos
espalhados, pedaços de pele e um monte de musgo sujo. O cheiro de
gato era ainda mais forte.
“É isso”, ele ofegou, olhando por cima do ombro para

Sandstorm. “Deve ser aqui que Moony mora.”
Quando ele começou a subir mais, uma forma cinza-escura saiu de

debaixo das raízes. "Saia daqui!" ele rosnou.
"Me deixe em paz! Você não me atormentou o suficiente?
CAPÍTULO 18
“Está tudo bem,” Estrela de Fogo miou. “Não viemos fazer mal a você. Nós só
queremos conversar.”
Moony olhou para ele com enormes olhos azuis claros. Ele deve ter
sido um gato grande e poderoso, mas agora estava encolhido e magro.
Seu pelo cinza era fino e arrepiado, o focinho branco pela idade. “Bem,
eu não quero falar com você,” ele rosnou.
Girando, ele tropeçou de volta para sua toca. Sua pele cinza fundiu-
se com as sombras; tudo o que Estrela de Fogo conseguia ver
claramente eram seus olhos claros, brilhando com uma mistura de medo e raiva.
Eles eram exatamente da mesma cor dos olhos do líder do SkyClan que
ele tinha visto em seus sonhos. Ele se sentia tão próximo do SkyClan que
era como se um único passo o levasse até aquela caverna cheia de
guerreiros.
Lentamente, com as garras embainhadas, ele caminhou até o comprimento

da cauda da toca. Tempestade de areia parou em seu ombro.
“Por favor,” ela miou. “Há tantas coisas que queremos perguntar a você.”
A resposta de Moony foi um silvo desafiador. "Me deixe em paz."
"É isso o que você realmente quer?" A voz de Sandstorm era

gentil. “Você não está sozinho há tempo suficiente? Queremos ajudá-
lo.”
223
“Vá embora”, rosnou o velho gato. “Eu não preciso da sua ajuda. Não preciso
de outros gatos. Esta é a minha vida agora.”
Estrela de Fogo sabia que poderia ter intimidado o velho guerreiro para que
respondesse às suas perguntas, mas Moony já havia sofrido o suficiente nas

patas dos gatinhos – e provavelmente de quaisquer ladinos ou solitários que o
encontrassem também. Além disso, ele parecia perfeitamente capaz de causar um
arranhão feio em qualquer atacante. Firestar queria conquistar seu respeito, não sua
hostilidade. Lutar não era o
responder.
Acenando com o rabo para Tempestade de Areia, ele recuou alguns passos
no caminho. "Vamos; vamos deixá-lo em paz”, ele murmurou.
A cauda de Sandstorm subiu de surpresa. “Acabamos de encontrá-lo!”
“Sim, mas não estamos fazendo nada de bom aqui. Nunca o forçaremos a falar
quando estiver protegendo sua própria toca.”
“Então o que vamos fazer?” Tempestade de areia perguntou.
“A lua estará cheia em quatro nasceres do sol”, explicou Firestar.

“Devemos voltar para a caverna e esperar até que ele chegue ao desfiladeiro.
Ele pode não ser tão defensivo em público, e no momento da Reunião ele pode
estar mais disposto a falar sobre seus ancestrais.”
Tempestade de areia piscou pensativamente. "Você tem razão. Tenho

certeza de que ele nunca quebraria a trégua da Reunião.”
Estrela de Fogo mergulhou a cabeça nas sombras sob as raízes das árvores
antes de se afastar da toca de Moony. “Talvez na lua cheia descobriremos o que
precisamos saber”, ele murmurou.
***
Estrela de Fogo se arrastou para dentro da caverna com a boca cheia

de penas e os carregou até onde Tempestade de Areia forrava seus
ninhos com samambaias. “Encontrei isso no topo do penhasco”, ele disse
a ela. “Havia um cheiro de raposa; Acho que deve ter pegado um
pássaro.”
"Raposa?" Sandstorm lançou-lhe um olhar preocupado com seus olhos

verdes claros. “Eu esperava que não houvesse nenhuma raposa por aqui.”
“Há raposas por toda parte”, miou Estrela de Fogo. “De qualquer forma, as
penas devem deixar os ninhos um pouco mais confortáveis.”
“Nós realmente precisamos de musgo.” Tempestade de areia deu uma cutucada

insatisfeita na samambaia com uma pata. “Samambaias por
si só não são tão boas. Mas não parece haver nenhum musgo por aqui.”
“Por que não descemos e procuramos ao lado do rio?”

Sugeriu Estrela de Fogo. “Eu gostaria de uma bebida.”
Tempestade de areia parecia duvidosa. "Vale a tentativa."
Ela assumiu a liderança enquanto os dois gatos desciam a trilha até o

fundo do desfiladeiro. A forte chuva do dia anterior havia passado e o céu
estava azul novamente, com algumas nuvens brancas e fofas. Ao lado do rio,
poças brilhavam em cavidades na rocha.
Firestar dirigiu-se para uma encosta arenosa onde o rio tinha

deu um mergulho na margem e recuou rapidamente quando sua pata
afundou profundamente na lama. “Estrume de rato!” ele exclamou, balançando
a pata. “O SkyClan sujava as patas toda vez que queria uma bebida?”
Sandstorm soltou um leve ronronar de diversão. "Se eles

Se não fossem tão impacientes quanto você, eles poderiam encontrar os melhores
lugares... como este — acrescentou ela, balançando o rabo em direção a uma
rocha larga e plana que descia suavemente até a água. “Até os kits poderiam
beber com segurança daqui.”
“Sim, eles poderiam.” Estrela de Fogo desceu pela rocha inclinada e se

agachou para dar uma volta, com Tempestade de Areia ao seu lado.
“Ainda não encontramos nenhum musgo.” Sandstorm sentou-se novamente,

tirando gotas de seus bigodes. “Vamos tentar mais a jusante.”
Eles nunca haviam explorado esse trecho do rio antes.

Antes de darem muitos passos, eles tiveram que contornar enormes pedras que
se interpunham entre eles e a água. Tempestade de areia passou a pata em um
deles e examinou a leve mancha esverdeada em seu pelo. “É como um
pequeno musgo!” Ela fungou. “Mas para que serve isso para forrar um ninho?”
“SkyClan teria dificuldade em viver aqui sem musgo”, apontou Firestar. “Não
é importante apenas para forrar os ninhos. Você precisa de musgo para levar água
para os filhotes e os idosos.”
Tempestade de areia assentiu. “E os curandeiros usam isso para lavar

ferimentos."
Esse era mais um mistério sobre o Clã perdido, pensou Estrela de Fogo,
enquanto ele e seu companheiro avançavam. Ainda mais do que antes, ele mal
podia esperar pela noite de lua cheia, quando Moony poderia dar-lhes algumas
respostas.
Mais a jusante, o rio curvava-se em torno de um esporão rochoso saliente.

Estrela de Fogo subiu com as garras, ouvindo Tempestade de Areia cuspir de
aborrecimento enquanto ela corria atrás dele. “Estou desgastando a pele das minhas
almofadas”, ela reclamou.
Do topo da rocha, Firestar podia ver o próximo trecho de água.

O desfiladeiro tinha-se alargado; havia uma faixa costeira plana e pedregosa
que dava lugar a árvores e arbustos que cresciam entre o rio e a face do
penhasco.
“Este parece ser um lugar melhor para as presas”, ele miou. “Eu não
poderia imaginar como o SkyClan conseguiu se alimentar apenas de—”
"Abaixe-se!" Sandstorm interrompeu, batendo nos ombros dele com o

rabo.
Firestar se achatou contra a rocha. "O que é?" ele sussurrou.
Tempestade de areia apontou a cabeça em direção à vegetação rasteira

à beira do rio. Estrela de Fogo viu os galhos tremerem; então um enorme
gato emergiu, seu pelo de um tom mais escuro de gengibre do que o pelo cor
de fogo de Estrela de Fogo. Ele carregava um pedaço de caça fresca em
suas mandíbulas.
“Desculpe,” Sandstorm murmurou. “Achei que poderia ter sido uma

raposa.”
“Não, apenas mais um ladino.” Estrela de Fogo levantou-se. “Talvez

devêssemos descer e falar com ele.”
Mas o ruivo avançava rapidamente rio abaixo, deslizando pelo espaço entre
os arbustos e o penhasco.
Estrela de Fogo não tinha certeza se os havia visto. Logo ele estava fora de
vista.
“Nós nunca o pegaríamos”, miou Sandstorm. “E se o fizéssemos, ele

provavelmente pensaria que estávamos tentando roubar sua presa. Os gatos
daqui não estão exatamente desesperados para fazer amigos.”
Ela estava certa, pensou Estrela de Fogo, frustrada, olhando para o

local onde o ruivo havia desaparecido. Ele deslizou pela rocha e caminhou
até os arbustos, saboreando o ar em busca de uma presa. Os aromas eram mais
ricos aqui do que no topo do desfiladeiro; ele conseguia distinguir rato, ratazana
e esquilo, mas os mais fortes eram todos pássaros.
Ele aguçou os ouvidos ao ouvir um farfalhar próximo e virou a cabeça para

ver um melro bicando entre os escombros na beira dos arbustos. Ele agachou-
se como caçador, mas assim que começou a avançar, o melro inclinou a
cabeça, com o pequeno olho brilhante fixo nele. Estrela de Fogo se lançou
contra ele, com as patas estendidas, mas o melro disparou, gritando alarmado, e
voou por cima de sua cabeça.
Estrela de Fogo sibilou, lembrando-se do pardal que havia perdido alguns

dias antes, quando o ladino marrom o interrompeu.
Capturar pássaros sempre foi mais difícil do que capturar presas no chão.
Mas aqui não havia muita escolha, a não ser que quisesse passar fome.
A alguns metros da margem do rio, um tordo puxava uma minhoca de um

pedaço úmido de terra. A tempestade de areia já estava rondando
em sua direção. Atento à sua própria presa, o tordo nunca a notou; Tempestade
de areia atacou e suas garras se encontraram em seu pescoço.
Estrela de Fogo saltou até ela. "Bom trabalho! Eu perdi o meu”,

acrescentou ele com tristeza.
“Não importa, podemos compartilhar.” Sandstorm deu um tapinha no tordo

em sua direção. “Há muitas presas aqui.”
“Ainda não há musgo”, miou Estrela de Fogo, olhando para as pedras

nuas ao lado do rio.
“Então o SkyClan deve ter conseguido de alguma outra maneira,”

Sandstorm apontou sensatamente.
Estrela de Fogo tentou imaginar as margens vazias do rio cheias de gatos,

patrulhando, caçando, treinando aprendizes, vivendo de acordo com o código
guerreiro como os gatos na floresta tinham feito por incontáveis temporadas. Se
Moony realmente fosse o último guerreiro do SkyClan, o que qualquer gato poderia
fazer para reconstruir o Clã perdido?
“Lua cheia esta noite.” Firestar emergiu da caverna dos guerreiros; o frio da
madrugada lembrou-lhe que a Folha Verde estava chegando ao fim. Havia luz
suficiente apenas para distinguir o penhasco do lado oposto do rio. Uma
brisa forte alisou seu pelo contra os flancos. “Precisamos estar prontos para
conhecer Moony.”
Tempestade de areia, ainda enrolada em seu ninho, respondeu com um

bocejo. “Ele não estará aqui até o luar. Volta a dormir."
Seus olhos verdes não passavam de fendas; enquanto Firestar observava eles se
fecharem completamente, e ela enrolou a ponta da cauda sobre o
nariz.
O ninho parecia tentador, mas Estrela de Fogo sentia-se inquieta demais para
se deitar novamente. Suas patas coçavam para fazer alguma coisa. “Vou procurar
alguma caça fresca para nós”, ele miou.
As orelhas de Sandstorm se contraíram para mostrar que ela tinha ouvido.
A sorte estava com Firestar; quando ele subiu até o topo do penhasco, ele se
viu cara a cara com um rato e o matou antes que ele tivesse a chance de correr.
Coçando a terra, ele rondou por entre os arbustos, mas não havia nenhuma
outra presa por perto.
Quando ele emergiu do outro lado do matagal, o sol já estava acima do

topo do Lugar das Duas Pernas, inundando o trecho de matagal com uma luz quente
e brilhando sobre os monstros que passavam correndo pelos ninhos dos Duas
Pernas ao longe.
Firestar não havia se aventurado muito nessa direção antes. Sem decidir
conscientemente, descobriu que suas patas o levavam em direção ao Lugar das

Duas Pernas. Ele não estava mais tentando caçar, apenas explorando esse território
desconhecido.
Correndo para o abrigo de um arbusto de tojo para se proteger, ele foi recebido
por um silvo furioso e uma pata passou por seu nariz, as garras errando-o por menos
de um rato. Estrela de Fogo recuou espantada. Uma gata malhada estava agachada
na frente dele, o pelo creme e marrom do pescoço eriçado e os olhos âmbar brilhando.
Seu cheiro disse a Firestar que ela era uma ladina.
“Mantenha suas patas longe de mim!” ela cuspiu.
"Desculpe." Estrela de Fogo baixou a cabeça. “Eu não vi você aí.”
A gata relaxou um pouco, mas seu olhar ainda era hostil. “Bola de
pêlo estúpida. Apenas tenha um pouco mais de cuidado da próxima vez.” Ela
se virou e começou a se afastar, com o rabo no ar.
"Espere." Firestar avançou e a alcançou. "Quero falar com você. Eu preciso

saber-"
“Eu não quero falar com você,” a gata interrompeu, soando exatamente
como Moony. "Vá embora e me deixe sozinho." Para mostrar que estava falando
sério, ela ganhou velocidade até correr pelo terreno arbustivo em direção aos
ninhos de Duas Pernas.
Estrela de Fogo ficou olhando para ela, balançando o rabo em frustração.

Por que todos os gatos deste lugar eram tão hostis? Nenhum deles
pareciam se importar um com o outro. Não sobrou nenhum vestígio do

código do guerreiro. Além dos dois gatinhos, todos os gatos que ele tinha
visto eram totalmente bandidos.
Uma pedra pesada pareceu assentar-se em seu coração. Desde que

ele e Sandstorm encontraram as cavernas, ele se agarrou à esperança de
encontrar alguns gatos do SkyClan vivendo juntos, perturbados e desafiadores,
mas ainda sobrevivendo teimosamente e apegados ao código
guerreiro. Agora ele percebeu que estava errado. SkyClan tinha ido embora,
perdido temporadas antes mesmo de chegar a este lugar.
Por que você me mandou aqui? ele lamentou silenciosamente, sem saber se
estava falando com StarClan ou com o gato SkyClan que assombrava
suas patas por tanto tempo.
Não houve resposta.
Voltando-se para o desfiladeiro, Estrela de Fogo avistou os dois

gatinhos, Boris e Cherry, sentados lado a lado em uma cerca de Duas
Pernas. Ele pensou que eles o estavam observando. Ele não via sentido
em falar com eles; eles não ficariam satisfeitos em vê-lo depois do encontro
no topo do penhasco. Ele só esperava que eles tivessem aprendido a lição
e ficassem longe de Moony no futuro.
Moony era sua última esperança de descobrir algo sobre o Clã perdido.
Ele e Sandstorm fariam o possível para persuadi-lo a contar o que sabia naquela
noite. Então, assim que descobrissem o que havia acontecido
com o SkyClan, eles poderiam ir para casa. Nenhum gato poderia fazer
mais; SkyClan foi perdido para sempre.
Estrela de Fogo saltou pela fenda e pousou na rocha saliente.

Durante o dia, os últimos fragmentos de nuvem desapareceram
e agora Silverpelt brilhava no céu claro e brilhava no rio lá embaixo. A lua, ainda
baixa no céu, cobria tudo com um brilho prateado e projetava enorme sombra
de Estrela de Fogo atrás dele.
“Se Moony nos ver aqui, ele pode não vir,” Sandstorm miou, saltando
sobre a abertura para ficar ao lado de Firestar. “Você acha que deveríamos
nos esconder?”
"Boa ideia." Estrela de Fogo apontou com a cauda para um monte de

pedras onde a rocha plana encontrava a face do penhasco. "Lá."
Ele caminhou e deslizou para dentro da sombra profunda; Sandstorm

se espremeu ao lado dele. Através de uma abertura entre duas pedras eles
podiam ver a maior parte da superfície da rocha saliente e a última seção
da trilha pedregosa que subia do desfiladeiro. Agora não havia nada a
fazer senão esperar.
A lua subiu mais alto no céu e as sombras da lua ficaram mais curtas. Estrela
de Fogo sentiu as pernas protestarem com cãibras; ele teria dado qualquer
coisa por um bom período.
Por fim ele ouviu o som suave de patas, e o velho gato cinzento fez uma
curva na trilha. Seus movimentos eram rígidos e dolorosos, sua barriga
caía em direção ao chão e sua cauda arrastava-se na poeira. No
entanto, ele manteve a cabeça erguida e o luar transformou sua pele em uma prata
deslumbrante.
“Ele nunca conseguirá dar o salto!” Tempestade de areia sussurrou no

ouvido de Firestar.
Moony parou a alguns metros do final da trilha e ergueu os olhos para as

estrelas. Então ele avançou novamente, conseguindo de alguma forma
ganhar velocidade, e lançou
ele mesmo em um salto voador sobre a fenda. Suas patas dianteiras atingiram a
rocha e, por alguns instantes, ele ficou pendurado na abertura, as patas
lutando para se levantar.
Estrela de Fogo sentiu os músculos de Tempestade de Areia tensos,

como se ela estivesse prestes a sair correndo para ajudá-lo. Mas antes que ela
pudesse se mover, o velho gato deu um grande impulso e se içou para um lugar seguro.
Ele ficou parado por um momento, ofegante, depois avançou e sentou-se no
meio da rocha. Erguendo a cabeça, ele virou o rosto para a lua; ele parecia um
gato feito de sombras, delineado contra o círculo branco e brilhante no céu.
Moony começou a falar bem baixo; Estrela de Fogo e Tempestade de Areia

avançaram para que pudessem ouvir o que ele estava dizendo.
“Espíritos de gatos que já partiram antes”, miou Moony, “me desculpe, sou o
único gato que sobrou do que já foi um clã nobre.
Tentarei preservar o caminho do guerreiro até meu último suspiro. Mas temo
que, quando eu morrer, ele morra comigo e a memória do SkyClan se perca para
sempre.”
Ele olhou para cima, como se estivesse esperando uma resposta que nunca
veio. Por fim, ele soltou um longo suspiro, deixando a cabeça cair, e ficou imóvel
enquanto a lua começava a deslizar pelo céu.
Firestar não conseguiu interromper sua vigília silenciosa. Por quantas

temporadas Moony viveu sozinho, cercado por gatos que o atormentavam? Por quanto
tempo ele tentou viver de acordo com o código do guerreiro e
manteve viva a memória do SkyClan?
Por fim, a lua começou a mergulhar abaixo dos ninhos de Duas Pernas no
horizonte. Estrela de Fogo estava prestes a dar um passo à frente quando o velho
gato virou a cabeça. Seus olhos brilhavam como luas. "Eu sei
você está aí”, ele miou. “Não sou tão velho a ponto de não conseguir sentir
o cheiro.”
A pele de Estrela de Fogo arrepiou-se; ele se sentiu tão estranho quanto

um aprendiz pego escutando. Ele e Sandstorm emergiram de
atrás das pedras e avançou para ficar na frente do velho gato. Estrela de
Fogo baixou a cabeça. “Saudações, Moony.
Nós-"
“Esse não é o meu nome”, interrompeu o velho gato, levantando-se

de modo que sua sombra deslizou sobre a rocha e desapareceu no fundo
do desfiladeiro. “Meu nome é Céu.”
CAPÍTULO 19
O coração de Estrela de Fogo bateu tão forte que parecia que iria explodir em
seu peito. Ele mal conseguia respirar e as palavras que queria dizer
saíram às pressas. “Você já foi um guerreiro do SkyClan?”
“Eu não estava”, respondeu o velho gato. Antes que Firestar tivesse
tempo de se sentir desapontada, Sky continuou. “A mãe da minha mãe
nasceu no Clã. Quando nasci, o SkyClan não existia mais, mas minha
mãe me ensinou os costumes de um guerreiro do Clã.
Firestar trocou um olhar animado com Sandstorm. Seus olhos estavam

arregalados. “Estávamos certos!” ela miou para Estrela de Fogo. “Esta
era a casa do SkyClan.”
“Vá em frente, Céu.” Estrela de Fogo deu um passo em direção ao velho gato.
“Conte-nos mais sobre o SkyClan.”
Para consternação de Firestar, Sky recuou. "Por que você quer

saber?" Ele demandou. "O que é isto para você?"
“Queremos ajudá-lo”, explicou Firestar. “Viemos da floresta onde o

SkyClan viveu.”
“Somos gatos do ThunderClan”, acrescentou Sandstorm. “Meu

nome é Tempestade de Areia e esta é Estrela de Fogo, a líder do Clã.”
As orelhas do velho gato se achataram, como se sua desconfiança arraigada
235
estavam lutando com o respeito que um verdadeiro guerreiro demonstraria

por um líder do Clã. Firestar percebeu que ele deveria ser o primeiro
líder que Sky conheceu.
"Eu tive um sonho." Estrela de Fogo sentou-se, o rabo enrolado nas

patas para fazê-lo parecer o menos ameaçador possível. Após um momento
de hesitação, Sky sentou-se também e ouviu enquanto Estrela de Fogo
lhe contava tudo o que havia acontecido desde sua primeira visão do gato
cinza e branco na ravina fora do acampamento do Clã do Trovão. “Tenho
certeza de que ele era o líder do SkyClan quando este foi expulso da
floresta”, concluiu Firestar. “Ele me implorou para vir e encontrar seu clã
perdido.”
“E você veio até aqui por causa de um sonho?” Céu perguntou.
“Eu vim porque tive que vir.”
Sky saltou sobre suas patas novamente, o pelo fino e cinza de seus ombros
eriçou-se. “Você acha que é tão fácil assim?” ele cuspiu. “Você acha
que os erros do passado podem ser perdoados tão facilmente?”
"O que você quer dizer?" A tempestade de areia miou, desnorteada.
“Foi graças aos quatro Clãs que restaram na floresta que meus
ancestrais foram expulsos de suas casas. Quando chegaram aqui,
pensaram que estariam seguros, mas depois descobriram que era tão
terrível quanto o território que haviam deixado. Seus ancestrais destruíram
meu Clã!”
Por alguns instantes, Estrela de Fogo teve medo de que o velho gato
saltasse sobre ele com os dentes e as garras à mostra. Ele se preparou,
sabendo que nunca conseguiria levantar uma pata contra aquele nobre e
velho guerreiro.
Então Sky respirou fundo e sentou-se novamente. “Este é um momento

de trégua. Não buscarei vingança enquanto a lua estiver
cheio pelos erros cometidos contra meus antepassados.”
Firestar estava começando a ficar alarmada. O que havia de errado

com o desfiladeiro que significava que o SkyClan não conseguiu ficar
lá? Com pelo menos algumas presas, água doce e abrigo, e pouca
ameaça de Duas Pernas, o acampamento à beira do penhasco parecia
ser um refúgio perfeito para gatos.
"O que aconteceu?" ele solicitou. “Por que todos eles foram embora?”
Sky virou a cabeça. Um lamento baixo veio de sua garganta, como

se ele estivesse de luto por todos os gatos do SkyClan, expulsos,
perdidos ou mortos.
Sandstorm avançou e gentilmente tocou seu ombro com o rabo. “Diga-

nos por que você se chama Sky”, ela insistiu.
O velho gato olhou para ela. “Minha mãe me deu esse nome”, ele
disse com voz rouca, “para que eu nunca esquecesse meus ancestrais.
E eu nunca fiz isso. É por isso que venho aqui toda lua cheia.”
“Isso deve ser muito solitário às vezes”, murmurou Sandstorm.
Suspirando, Sky olhou para o brilho de Silverpelt. “Não sei se meus

ancestrais guerreiros me ouvem, mas manterei vivo o caminho do guerreiro
até meu último suspiro.”
“Sabemos que você fica em uma das cavernas na noite de lua cheia,”
Estrela de Fogo começou hesitante, não querendo mais incomodar o
velho gato. “Sandstorm e eu temos dormido lá. Espero que você não se
importe.
Sky soltou um bufo de desgosto. “Então você conheceu aqueles dois

gatinhos. Foi assim que você descobriu o nome estúpido que eles me
deram.”
“Sim, nós os vimos”, miou Sandstorm.

“Eles vivem em um ninho de Duas Pernas e comem papa!” o velho

gato exclamou. “E eles dizem que estou bravo!”
Estrela de Fogo captou um olhar de Tempestade de Areia, como se ela

estivesse tentando avisá-lo para não mencionar que ele já foi um gatinho.
Ele certamente não pretendia; A opinião de Sky sobre ele já era baixa o
suficiente sem isso.
“Nós os assustamos”, disse ele a Sky. “Você não deveria ter mais problemas
com eles.”
Sky mexeu as orelhas; por um momento, Firestar pensou que ele

parecia quase desapontado. “Você notou alguma coisa?” . . incomum
sobre eles? ele perguntou.
Estrela de Fogo voltou sua mente ao encontro com os gatinhos.

Ele não conseguia se lembrar de nada distinto, exceto da
grosseria deles, e não achava que Sky estava falando sério. Então ele
imaginou os dois correndo de volta para o ninho das Duas Pernas. “Cherry
pulou em uma árvore”, lembrou ele. "É isso que você quer dizer?"
Céu assentiu. “Acho que esses dois gatinhos são descendentes de

gatos SkyClan.”
As orelhas de Sandstorm se aguçaram de surpresa. “Aqueles dois

cérebros de rato?”
“Quando o Clã foi forçado a sair do desfiladeiro”, Sky explicou,

“a maioria dos gatos, incluindo a mãe da minha mãe, tornaram-se bandidos
ou solitários. Mas alguns deles, aqueles que eram muito velhos ou muito
jovens para caçar, foram viver com Duas-Pernas.” Ele olhou através do
matagal para onde as fortes luzes laranja. ”, ele murmurou.
do Twolegplace manchava o céu. "Estranho . .
“Muitos desses gatos devem compartilhar meu sangue, mas nenhum
deles sabe quem eu realmente sou.” Ele inclinou a cabeça novamente.
"O que aconteceu?" — perguntou Estrela de Fogo. “Por que o SkyClan teve
que deixar o desfiladeiro?”
O velho gato não respondeu; Firestar nem tinha certeza se tinha ouvido
a pergunta.
“Você parece cansado,” Sandstorm miou. “Você gostaria que eu caçasse

você?”
O céu ficou tenso; Firestar temia que a oferta de Sandstorm o tivesse

ofendido. Então ele olhou para cima, piscando agradecido. "Obrigado. Foi uma
longa noite.
Imediatamente Sandstorm saltou sobre a fenda e desapareceu pela trilha até o

desfiladeiro. Firestar seguiu mais lentamente com Sky. Ele estava
pronto para ajudar o velho gato a atravessar a abertura, mas saltar da rocha
era mais fácil do que saltar para cima, e Sky pousou com as quatro patas
firmemente na trilha.
Firestar deixou-o assumir a liderança até a caverna.
Enquanto ele caminhava para trás, Estrela de Fogo percebeu que Sky o
lembrava de Presa Amarela. Ele tinha a mesma reserva orgulhosa do antigo
curandeiro; ele ficava claramente desconfortável e irritadiço perto de
outros gatos, mas compartilhava a força de Presa Amarela e seu profundo
comprometimento com seu Clã. Sky tinha todas as qualidades de um
verdadeiro guerreiro: coragem, fé e lealdade ao seu Clã. No entanto, tudo o
que ele era baseava-se apenas nas histórias contadas a ele por sua mãe.
SkyClan do nariz à ponta da cauda, ele nunca fez parte de um clã real.
Sky subiu até a entrada da caverna e parou, os bigodes se contraindo.

Estrela de Fogo estava nervosa com a possibilidade de se sentir insultado
por ele e Tempestade de Areia terem trazido roupas de cama,
quando ele deve ter dormido no chão arenoso. O velho gato soltou um
leve bufo, depois caminhou até uma das cavidades e enrolou-se sem
qualquer comentário num ninho de samambaias e penas.
Ele mal estava acomodado quando Tempestade de Areia apareceu

na entrada, com um rato pendurado em suas mandíbulas. Ela
atravessou a caverna até Sky e colocou-a na frente dele.
O gato cinzento estendeu uma pata e cutucou-o. “Um pouco magro,

não é?” Antes que Sandstorm pudesse defender sua captura, ele arrastou
o rato para mais perto e começou a devorá-lo em goles rápidos.
Tempestade de Areia olhou para Estrela de Fogo, seus olhos

brilhando de tanto rir, e murmurou: Presa Amarela!
Sky acabou com o último pedaço de rato, passou a língua pelas

mandíbulas e soltou um longo suspiro. Então ele se enrolou novamente
e adormeceu quase imediatamente, seus roncos ecoando pela
caverna.
Estrela de Fogo e Tempestade de Areia se amontoaram no

ninho forrado restante. O sono recusou-se a vir para Firestar.
Bracken espetou-se em seu pelo e o ronco de Sky ecoou nas paredes
arenosas. Sandstorm também estava inquieto, mexendo-se entre as
roupas de cama.
Mas não foi isso que manteve Firestar acordada. Sua mente
zumbia com pensamentos perturbadores. Ele se perguntou se o
ancestral do SkyClan o estava observando, ou seu ex-líder Bluestar.
Nenhum deles lhe enviou nenhum sinal desde que chegou ao
desfiladeiro. Poderia o líder do SkyClan estar preso em outro lugar,
incapaz de vigiar sua antiga casa?
Eventualmente, ele caiu em um sono perturbado. A luz do sol

entrando na caverna o acordou na manhã seguinte.
Sandstorm já estava sentado ao lado dele, se arrumando, enquanto Sky roncava
em seu ninho em frente.
“Você está pronto para ir caçar?” Tempestade de areia perguntou.
Estrela de Fogo saiu do ninho com um grande bocejo.

Suas pernas estavam rígidas, mas ele sabia que não dormiria novamente.
Ele se sacudiu vigorosamente para tirar restos de samambaia do pelo. “Vá em
frente”, ele miou.
Quando chegaram à margem do rio, ele começava a se sentir melhor. Ele

caminhou pela parte rasa por alguns passos, aproveitando a sensação da água
fria nas almofadas que ainda estavam doloridas por subir e descer o
penhasco. Então ele e Sandstorm seguiram rio abaixo, até onde as
árvores e
presas protegidas pela vegetação rasteira.
Era bom caçar lado a lado assim, pensou Estrela de Fogo, sem ter que se
preocupar em organizar patrulhas ou vigiar as fronteiras. A floresta de repente
parecia muito distante.
Eu poderia ficar aqui para sempre? ele se perguntou. Eu poderia viver sem um clã?
Então ele ouviu Sandstorm soltar um leve suspiro. Ela estava olhando para um
redemoinho no rio, onde a corrente havia
vasculhou um buraco sob a margem sob um arbusto de aveleira. Parecia
quase exatamente com o lugar onde o ThunderClan cruzou o riacho a
caminho de Fourtrees.
Os pensamentos de Estrela de Fogo voltaram para seu próprio território.

Como o Clã do Trovão se saiu na Reunião da noite anterior e o que os
outros Clãs pensaram quando souberam que ele havia deixado a floresta?
A ideia de que ele pudesse decidir não voltar atrás parecia tão
remota quanto as estrelas. Ele era o líder do ThunderClan; a floresta era
onde ele pertencia. Exceto Sky, todos os gatos do SkyClan já haviam
partido há muito tempo. Não havia mais nada que a Firestar pudesse
fazer por eles. Depois de ouvir o resto da história de Sky e descobrir por
que os gatos do SkyClan deixaram as cavernas, seria hora de voltar
para casa.
Ele e Sandstorm caçaram e levaram sua presa fresca de volta

para a caverna. Mas quando chegou à entrada, Estrela de Fogo parou
surpresa. A cavidade no chão da caverna estava vazia.
O céu havia desaparecido.
CAPÍTULO 20
Firestar baixou as orelhas em decepção. “Achei que ele pelo menos ficaria até
voltarmos”, ele miou. “Há muito mais que eu queria perguntar a ele.”
Tempestade de Areia largou sua presa ao lado de Estrela de Fogo e

caminhou até o buraco onde Sky havia dormido. “Ele está acostumado a
ficar sozinho”, ela ressaltou. “Suponho que ele simplesmente não se sentia
confortável perto de outros gatos.”
Estrela de Fogo mexeu a ponta da cauda, a irritação arrepiou o pelo

de seus ombros. “Agora teremos que caminhar até o desfiladeiro novamente.
Não quero ir embora sem falar com ele. Preciso saber mais sobre o SkyClan,
especialmente por que eles deixaram essas cavernas.”
Os olhos verdes de Sandstorm brilharam para ele. Estrela de Fogo

tinha medo de pensar que ele estava ficando obcecado pelo SkyClan,
principalmente quando não havia nenhum Clã para restaurar, nada além
de memórias e areia.
“Vou me sentir como se tivesse falhado com o gato dos meus sonhos se
não descobrir o que destruiu o Clã no final”, ele se defendeu.
“Não foi só sair da floresta. Eles chegaram a este lugar e poderiam ter
prosperado aqui, especialmente com sua habilidade especial
243
capacidade de saltar. Então, o que aconteceu a seguir? Por que eles foram? Ele
balançou a cabeça em frustração. “Eu tenho que saber”, ele repetiu.
"Tudo bem." Sandstorm pressionou o focinho contra o dele. "Eu entendo. E

se-"
Um ruído ofegante e áspero vindo do lado de fora da caverna a interrompeu.

Sky subiu na caverna; um enorme feixe de musgo estava preso em
suas mandíbulas.
O alívio inundou Firestar. "Você ainda esta aqui!"
“E você encontrou musgo!” Tempestade de areia adicionada.
O velho gato largou o fardo e olhou para ela como se pensasse que ela
estava louca. “Você usa musgo como cama, não é? Não arrastei essas coisas
rio acima por nada? Ele lançou ao seu ninho de samambaias um olhar mordaz.
“Talvez você goste de ser picado a noite toda.”
“Sim, usamos musgo”, miou Estrela de Fogo, “mas não conseguimos encontrar
nenhum”.
Céu bufou. "Eu vou te mostrar mais tarde." Ele empurrou o feixe de musgo na
direção deles com uma pata. “Pronto, coloque-o em seus ninhos.
Eu não preciso de nenhum; Não vou ficar mais uma noite.”
“Eu gostaria que você fizesse isso.” Sandstorm roçou o focinho no

ombro de Sky; o velho gato ficou tenso, mas não protestou.
“Há tanta coisa que você pode nos contar.”
Sky hesitou, depois sacudiu as orelhas. “Eu não sou bem-vindo aqui.
Esses gatinhos. . . Fui expulso, assim como meus ancestrais.”
“Sinto muito...” Firestar começou.
“Não sinta pena de mim!” Os olhos azuis de Sky brilharam. “Eu tenho meu próprio
covil perfeitamente bom. Eu não preciso de nada.”
Sua voz doía com uma solidão que contradizia suas palavras.
Tempestade de Areia caminhou até a pequena pilha de animais

recém-mortos que ela e Estrela de Fogo haviam feito e pegou uma
ratazana rechonchuda, que levou para Sky. “Por favor, coma”, ela miou.
Os olhos do velho gato brilharam de surpresa, mas ele se agachou

para devorar o rato. Sandstorm buscou um estorninho para si, enquanto
Firestar usou o musgo de Sky para forrar seus ninhos. Era mais claro que
o musgo que crescia na floresta, e ele ainda estava confuso sobre onde
Sky o encontrara. Não houve tempo para o velho gato ir muito longe.
No momento em que Estrela de Fogo se acomodou para comer, Sky estava

engolindo os últimos restos de carne fresca. "Obrigado." Ele grunhiu.
“Já comi pior.”
Tempestade de areia baixou a cabeça. “Por favor, você pode nos

mostrar onde encontrou o musgo?” ela perguntou. “E talvez alguns dos
outros lugares de que você se lembra quando era jovem?”
Firestar lançou um olhar apreciativo para Sandstorm. Foi uma boa

ideia empurrar o velho gato pelo caminho de suas memórias; ele deve querer
compartilhá-los, depois de passar tanto tempo sozinho.
Sky levantou-se e caminhou até a entrada da caverna.

Seu olhar pousou nas marcas de arranhões no tronco de pedra; Estrela de
Fogo pensou que ele se encolheu antes de se virar para olhar o céu
nebuloso. “Vou te mostrar o musgo”, ele miou, “e os outros lugares
onde minha mãe costumava me levar. Mas devemos ir agora. Vai ser um dia
quente, então precisaremos voltar antes do sol nascer.
Estrela de Fogo engoliu o resto do pardal e levantou-se.

“Estou pronto,” ele miou para Sky. "Lidere o caminho."
O gato idoso seguiu pela trilha pedregosa que levava ao fundo do

desfiladeiro e depois saltou para o topo da pilha de pedras onde o rio
aparecia. Seus movimentos eram rígidos, mas Estrela de Fogo ficou
impressionada com sua agilidade, apesar da idade.
Os flancos de Sky estavam arfando com o esforço quando ele chegou ao
topo, mas quando ele se virou para observar Estrela de Fogo
e Tempestade de Areia subindo atrás dele, Estrela de Fogo pensou
ter detectado uma pitada de diversão em seus olhos.
“Isso se chama Rockpile”, ele anunciou quando Firestar e

Sandstorm estavam ao lado dele, ofegantes.
“O líder do SkyClan se levantou aqui quando quis convocar uma reunião
do Clã. O resto do Clã se reuniu ao redor da piscina.” Ele balançou
a cauda em direção à rocha saliente acima, atrás deles. “Você já conhece o
Skyrock; foi lá que o Clã se reuniu na lua cheia.”
“Por que o SkyClan realizou reuniões quando não havia

algum outro clã?” — perguntou Estrela de Fogo.
Os olhos do velho gato nublaram-se. “Porque esse é o jeito do guerreiro.

O Clã se reuniria lá para ficar mais perto das estrelas.” Ele se
afastou da rocha saliente. “Lá em cima ficavam as tocas”, continuou ele,
apontando para as cavernas com o rabo.
“Os guerreiros usaram aquele onde dormimos. Abaixo disso ficava o covil
dos anciãos, e...
“Oh, pensamos que o covil mais baixo seria onde os mais velhos
moravam”, interrompeu Sandstorm. “Porque...” Ela parou, dando
algumas lambidas rápidas no pelo do peito para disfarçar seu constrangimento.
“Porque os gatos velhos são rígidos demais para escalar?” Sky

rosnou, embora Firestar tivesse certeza de que seus olhos eram
calorosos. “Não, os gatos do SkyClan nunca perderam a capacidade de
pular. A toca mais baixa era a do curandeiro, perto da água e onde crescem as
ervas.”
Ele continuou apontando para o berçário – que era a caverna com as

pequenas marcas de garras que Estrela de Fogo e Tempestade de Areia
haviam escolhido –, o covil dos aprendizes e o do líder do Clã, um pouco
afastado dos outros, próximo à trilha que levava até lá. para o Skyrock.
“O rio alguma vez inundou?” Tempestade de areia perguntou.
“Sim, mas nunca tão alto quanto a caverna dos guerreiros”, respondeu Sky.
“Todo o Clã costumava se abrigar lá durante as piores tempestades, foi o que
minha mãe disse.”
Ele olhou para as cavernas por mais um instante, como se estivesse

imaginando as trilhas ocupadas por gatos. Então ele se deu uma sacudida
vigorosa. "Vamos. Vou te mostrar o musgo.”
Ele pulou da pedra mais alta e desceu pela pilha no lado oposto do rio.
Estrela de Fogo se perguntou para onde ele estava indo. Eles estavam
desconfortavelmente perto da água negra, onde ela aparecia entre as
rochas; Sky esperava que eles nadassem?
Em vez disso, o velho gato contornou a pedra mais baixa e desapareceu.

Estrela de Fogo piscou. Para onde ele foi? Então ele avistou uma
saliência estreita que conduzia à caverna logo acima do nível da água azul-
esverdeada.
Uma voz veio da escuridão. "Você está vindo ou não?"
Firestar engoliu em seco, trocando um olhar com Sandstorm.

Seu companheiro encolheu os ombros. “Não podemos não”, ela miou.
Colocando cuidadosamente as patas em linha reta, Estrela de Fogo aventurou-se

na borda. A rocha estava escorregadia por causa da água, e suas garras
escorregaram quando ele tentou agarrar-se a ela. O rio batia a menos de um
comprimento de cauda abaixo de suas patas. “Devo ter cérebro de rato!” ele
murmurou.
Para seu alívio, depois de um tempo a saliência ficou mais larga e se abriu em uma
caverna rasa. O rio deslizou silenciosamente para fora das sombras à frente e passou por
eles até a entrada da caverna, agora uma brecha irregular de luz atrás deles.
Sky estava parado na beira das sombras. Uma luz pálida e salpicada brilhava em
seu pelo cinza. “Todo o musgo que você quiser”, ele anunciou, balançando o rabo.
Estrela de Fogo olhou com espanto. Atrás do velho gato, as paredes da caverna
estavam cobertas por grossos pedaços de musgo.
Mas o que realmente surpreendeu Firestar foi o brilho misterioso que emanava
dele.
“Musgo brilhante!” Tempestade de areia engasgou.
“É perfeitamente seguro,” Sky assegurou a ela. “Você pode usá-lo para transportar
água e também para roupa de cama. Nenhum gato sabe por que brilha assim. Isso
foi chamado de Caverna Brilhante”, ele continuou. “Nenhum gato morava aqui, mas
os gatos medicinais do SkyClan passaram a compartilhar a língua com seus ancestrais
a cada quarto de lua.”
Firestar sentiu-se humilde por Sky tê-los trazido a um lugar tão importante. Ele
também estava feliz por ele e Sandstorm não terem descoberto por conta própria.
Eles poderiam ter pegado o musgo sem perceber o quão especial a caverna era.
“Obrigado por nos mostrar,” ele murmurou para Sky. O

palavras faladas suavemente pareciam ecoar pela caverna como um clã

inteiro de vozes respondendo, e Estrela de Fogo ficou aliviada quando o
velho gato abriu o caminho de volta para a luz do sol.
Assim que todos estavam na margem novamente, em frente às

cavernas, Sky os conduziu rio abaixo até chegarem às árvores.
Firestar percebeu que a rigidez de Sky parecia estar passando; ele se movia
como um gato mais novo, como se explorar o território de seus ancestrais com
visitantes tivesse lhe dado outra vida. Mantendo a cauda ereta,
ele seguiu um caminho sinuoso através da vegetação rasteira, mais longe
do que Estrela de Fogo e Tempestade de Areia haviam explorado, até
chegar a uma árvore caída que atravessava o riacho. A maior parte
de seus galhos havia apodrecido e seu tronco havia ficado cinza-prateado.
Sky saltou sobre ele e trotou confiantemente até a outra margem. Estrela
de Fogo e Tempestade de Areia seguiram com mais cautela, Estrela
de Fogo olhando para o rio borbulhando embaixo e cravando suas garras
enquanto atravessava.
“Este era o limite do território do SkyClan”, Sky anunciou quando se

juntaram a ele na margem. “E foi aí que nasci.”
Ele acenou com o rabo em direção a uma pequena caverna no fundo do

penhasco, cuja entrada era protegida por um arbusto esparso. O chão
arenoso estava coberto de pedrinhas pontiagudas; Firestar tentou
imaginar como seria ter um ninho quente de musgo e samambaias e uma
mãe gata cuidando de seus filhotes.
“Qual era o nome da sua mãe?” Tempestade de areia perguntou.
“Lowbranch”, respondeu o velho gato. “Eu nunca conheci meu

pai – outro bandido, suponho. Eu tive um irmão chamado Twig.”
“Ele ainda mora aqui também?”
Sky enrijeceu, olhando brevemente para Sandstorm. Em vez de responder,

ele murmurou: “Por aqui” e virou-se para seguir rio acima.
“Desculpe”, Sandstorm sussurrou para Firestar. “Eu obviamente o aborreci. Eu

não estava tentando ser intrometido.
"Eu sei." Estrela de Fogo tocou a orelha dela com o focinho. “Suponho que Twig deve
estar morto.”
Em vez de retornar às cavernas, Sky começou a escalar o penhasco novamente.

Desta vez não havia trilhas a seguir; Estrela de Fogo e Tempestade de Areia
tiveram uma difícil escalada sobre rochas caídas e ao longo de saliências estreitas
antes de chegarem ao topo, ofegantes e mancando com as patas arranhadas por

pedras afiadas.
Sky estava esperando por eles, a ponta da cauda se contorcendo impacientemente.

Seu olhar azul-claro percorreu-os, mas ele não disse nada, apenas
se virou para liderar o caminho através da faixa de arbustos e para o matagal.
Estrela de Fogo e Tempestade de Areia mergulharam na vegetação rasteira
atrás dele e o alcançaram a alguns metros de distância da cauda.
“Ainda estamos no território SkyClan?” Estrela de Fogo ofegou.
Sky inclinou as orelhas em direção a um toco de árvore que surgia de um matagal.

“Isso marca a fronteira. Minha mãe disse que a mãe dela se lembrava de quando
era uma árvore. E foi naquele matagal que peguei meu primeiro rato.” Sua voz
ficou mais suave e ele fez uma pausa, como se estivesse olhando para trás,
através de longas temporadas, para o jovem gato que um dia fora. Então um brilho de
diversão apareceu em seus olhos. “Pricklenose ficou impressionado”,
acrescentou. “Eu nunca disse a ela que os espinhos da amoreira
desacelerou o mouse. Foi uma morte fácil.”
“Nariz espinhoso? Quem... A Tempestade de Areia foi interrompida, caso esta

fosse outra pergunta dolorosa. “Lowbranch não te ensinou a caçar?”
“Pricklenose era amigo da minha mãe. Era costume uma gata dar seus filhotes para
outra ser treinada. Pricklenose treinou a mim e a Twig, e minha mãe levou seus kits.
As orelhas de Estrela de Fogo ficaram em pé. "Por que eles fizeram isso?"
Céu encolheu os ombros. "Não sei. Era o costume. Talvez eles pensassem
que uma mãe seria muito branda com seus próprios filhotes, ou que ela ficaria
tentada a caçá-los em vez de ensiná-los a fazer isso sozinhos.”
Firestar trocou um olhar com Sandstorm. “É como se as mães gatas fossem

mentoras”, ele murmurou. “Eles devem ter se lembrado de algo sobre como os
guerreiros eram treinados quando os gatos ainda viviam no SkyClan.”
“Os nomes deles também são um pouco parecidos com os nomes dos clãs”,
respondeu Sandstorm. “Mas de alguma forma eles não parecem muito certos.”
“As gatas rebeldes ainda treinam os filhotes umas das outras?”
Firestar perguntou a Sky, voltando-se para o velho gato.
"Não faço ideia." Céu bufou. “Não tenho nada a ver com os gatos daqui.”
Ele partiu novamente. Estrela de Fogo o seguiu, lutando contra a frustração de

que todos esses ecos da vida do Clã não fossem nada mais do que isso – ecos
sem significado, se não houvesse mais gatos do Clã do Céu.
“Isso é uma perda de tempo”, ele sussurrou para Sandstorm. “É interessante,

mas não estamos chegando a lugar nenhum. Podemos muito bem ir para casa.
O olhar verde de Sandstorm estava calmo. "Espere. Todo tipo de coisa pode
acontecer ainda.”
Estrela de Fogo olhou para ela. Antes que ele pudesse perguntar o que
ela queria dizer, Sky interrompeu para mostrar-lhes um buraco escuro entre
as raízes de um arbusto de tojo.
“Aquilo costumava ser uma toca de raposa”, ele miou. Seu olhar ficou sombrio.
“Dois filhotes foram mortos lá uma vez, disse minha mãe.”
Estrela de Fogo sentiu o gosto do ar, mas agora não havia cheiro de raposa.
“É perto de Twolegplace”, comentou Tempestade de Areia, olhando para as

cercas dos ninhos de Duas Pernas.
“Os ninhos costumavam ficar mais distantes, mas depois os Duas-Pernas

construíram mais”, Sky disse a ela. Sua cauda chicoteou. “Lembro-me de que
isso aconteceu quando eu era um kit. Monstros enormes rasgando o chão,
assustando as presas com seu barulho.”
Estrela de Fogo estremeceu. Ele estava acostumado com monstros

correndo ao longo dos Caminhos do Trovão; ele não conseguia imaginar como
seria se eles invadissem o território de um Clã, arrancando árvores e destruindo o
acampamento. . . .
“É por isso que o SkyClan deixou o desfiladeiro?” ele perguntou.
Sky estreitou os olhos. "Não. Você não estava ouvindo?

SkyClan já estava espalhado quando os monstros chegaram.”
"Então por que-"
Sem esperar que Estrela de Fogo terminasse sua pergunta, Sky se virou e os
conduziu ao longo das cercas de Duas Pernas. A pele de Estrela de Fogo
começou a se arrepiar com a ideia de estar tão perto de Duas Pernas; ele
percebeu que Sandstorm também estava inquieto.
“Há muitos gatos aqui”, observou ele; os aromas eram quase insuportáveis.
Sky deu um grunhido de desprezo. “Gatinhos! Para que servem?

Eles nem conseguem caçar.
Estrela de Fogo conseguia distinguir os aromas de Cherry e Boris,

mas não havia sinal dos dois jovens gatos. Ele sentiu pena; ele queria
que eles conhecessem Sky e o tratassem com respeito de agora em
diante, especialmente se Sky estivesse certo e os gatinhos fossem seus
parentes distantes.
“Um cachorro morava naquele ninho,” Sky miou, balançando o rabo

para a cerca mais próxima. “Todo gato tinha medo dele, seu latido era
tão forte!” Uma sugestão de diversão penetrou em sua voz.
“Um dia, Twig me desafiou a subir na cerca e olhar para ela. E você sabe,
o cachorro não era maior que eu! Rosnei para ele e ele voltou
para o ninho, ganindo.
Sandstorm soltou uma gargalhada. “Eu gostaria de ter visto isso!”
“Agora, neste ninho”, Sky continuou, conduzindo-os mais adiante

na fileira, “os Duas-Pernas eram amigáveis. Eles costumavam deixar
comida de fora.” Toda a diversão desapareceu de seus olhos e de
sua voz; uma profunda tristeza tomou conta dele, como a sombra de
uma nuvem num dia ensolarado.
"O que aconteceu aqui?" Tempestade de areia perguntou suavemente.
“Twig comeu a comida e decidiu que era mais fácil do que caçar.”
A voz de Sky ficou rouca em sua garganta. “Ele foi morar com os
Duas Pernas. Nunca mais o vi.
Sandstorm encostou o rabo em seu ombro, enquanto Estrela de

Fogo se lembrava de como seu parente Cloudtail, na floresta, voltou
a viver a vida de um gatinho, apenas para descobrir que não era tão boa
quanto a vida na floresta. Deve ter sido difícil
para Sky observar sua família se dispersando, assim como seus ancestrais fizeram.
Por fim, chegaram ao fim das cercas de Duas Pernas.

Agora eles caminhavam ao lado de uma malha brilhante como uma teia de aranha
prateada que Estrela de Fogo já tinha visto antes em Twolegplaces.
“Podemos voltar agora”, anunciou Sky, parando abruptamente.
Estrela de Fogo ficou surpresa. O céu ainda estava nebuloso e o dia não estava
quente demais para continuar. “Estamos longe do território SkyClan?” ele perguntou.
— Longe o suficiente — Sky rosnou. Suas pernas estavam rígidas, as orelhas

em pé e o pêlo do pescoço eriçado. Seus pálidos olhos azuis lançaram olhares
rápidos de um lado para o outro.
Estrela de Fogo olhou em volta. Além da malha prateada havia uma ampla
extensão de pedra branca, rachada e dividida por ervas daninhas.
Cercava um enorme ninho de Duas Pernas que lembrava Estrela de Fogo o celeiro
onde Cevada e Pata de Corvo viviam. Mas este celeiro era muito maior, com um telhado
prateado brilhante e buracos nas laterais. Parecia que nenhum Duas-Pernas morava
ali; tudo o que Estrela de Fogo conseguia cheirar era lixo de Duas Pernas, comida de
corvo e ratos.
Um gato do Clã das Sombras poderia ficar feliz em caçar lá, mas Estrela de Fogo não
queria colocar uma pata dentro da cerca.
“Ok, vamos,” ele miou.
O alívio de Sky era óbvio, o pelo do pescoço esticado novamente quando ele
começou a liderar o caminho de volta ao desfiladeiro. Estrela de Fogo não queria
perguntar o que o perturbara tão profundamente, e o velho gato não se ofereceu para
explicar.
À medida que se aproximavam do topo do penhasco, Sky diminuiu o passo.

Firestar adivinhou que ele estava trilhando os caminhos da memória, perdido
entre as sombras de seus parentes e clãs dispersos. Ele também diminuiu

a velocidade, deixando o velho gato avançar; Sandstorm acompanhou
Firestar.
“Ele está tão solitário e triste. Eu gostaria que pudéssemos ajudá-lo”,

ela murmurou.
“Eu também”, miou Estrela de Fogo, “mas o que podemos fazer?

Ele passa muito tempo preso ao passado de seus ancestrais, como uma
mosca em uma teia de aranha, mas esses dias nunca mais voltarão.”
Tempestade de areia parou, seus olhos verdes brilhando. “Por que

eles não vão? Provámos que este é um lugar onde os gatos podem viver.
E há muitos gatos por aí — gatinhos e solitários — para reconstruir o Clã.
Alguns deles até têm sangue do SkyClan.”
Estrela de Fogo olhou para ela. “E quem vai dizer aos gatinhos e aos
solitários que eles têm que vir para cá e viver em cavernas? Um clã não é
só gatos, Tempestade de Areia. Um Clã pertence e vive de acordo com o
código do guerreiro.”
“Então você está desistindo?” Sandstorm puxou os lábios para trás

no início de um rosnado.
"O que mais eu posso fazer? SkyClan morou aqui uma vez, mas
então algo terrível aconteceu – algo tão terrível que Sky nem fala sobre
isso – e eles se espalharam. Eles foram embora. Eu ficaria se achasse
que poderia ajudar, mas não posso.
Não há nada com que trabalhar.”
Sua voz tremeu, mas ele não conseguia ver outra maneira. Tudo o que
restou do outrora orgulhoso Clã foi um gato velho, agarrado aos ecos
enfraquecidos da vida do Clã. Não foi suficiente. SkyClan foi perdido para
sempre.
***
A neblina havia se dissipado e o sol brilhava em um céu azul profundo.

Firestar ficou grato pela sombra da caverna dos guerreiros quando ele e
Sandstorm se juntaram a Sky lá. O velho guerreiro estava agachado
na entrada, com as patas dobradas sob o corpo e o olhar fixo nos penhascos
opostos.
Estrela de Fogo baixou a cabeça. “Obrigado por nos mostrar o

território. Vamos descansar até começar a esfriar e então teremos que ir
embora.”
Sky levantou-se e olhou de Estrela de Fogo para Tempestade

de Areia e de volta, com os olhos estreitados. De repente, ele parecia ter
ficado mais alto e seu olhar estava mais aguçado. Ele parecia menos
um ancião solitário e mais um verdadeiro guerreiro do Clã.
"Deixar?" ele repetiu. "O que você quer dizer? O que eu quero saber é:
você fará isso?
Estrela de Fogo olhou para ele, perplexa, enquanto Tempestade de

Areia, que claramente entendia mais, soltou um pequeno miado de satisfação.
"Fazer o que?" — perguntou Estrela de Fogo. “Nossa jornada acabou.

Encontramos o lugar onde o SkyClan morava, mas o Clã se foi.”
“Não foi por isso que você foi enviado para cá,” Sky cuspiu. “Você me disse
que um ancestral do SkyClan visitou você em seus sonhos. Ele devia saber
que seu Clã já havia partido há muito tempo, forçado a sair do desfiladeiro
por algo ainda mais terrível do que o motivo para deixar a floresta. Mesmo
assim, ele pediu que você viesse.
Estrela de Fogo lembrou-se de sua visão do líder do SkyClan no

jardim de Smudge. O gato lhe disse que esse era o seu destino
para restaurar o SkyClan. Mas então, Estrela de Fogo imaginou que

encontraria pelo menos os restos de um Clã sobrevivendo em seu novo lar.
Nenhum velho guerreiro, cercado por ladinos e gatinhos que nunca tinham
ouvido falar do código guerreiro.
“Oh, não”, ele miou. “Você não pode me pedir para—”
“Você deve corrigir os erros que os ancestrais do seu Clã cometeram

todas aquelas temporadas atrás,” Sky insistiu. Seu olhar pálido queimou os
olhos de Estrela de Fogo como a luz do sol na água. “Você deve
reconstruir o SkyClan.”
CAPÍTULO 21
“Eu sei que parece impossível”, continuou Sky, “mas também sei que você
tem força para fazer isso. Tenha fé em si mesmo, Estrela de Fogo.
Nos encontraremos novamente em breve.”
Com grande dignidade, ele baixou a cabeça e caminhou pela

trilha pedregosa, para longe da caverna dos guerreiros.
"Bem?" Tempestade de areia solicitou suavemente. “Você vai segui-lo e

dizer que não pode fazer isso? Ou simplesmente vá embora e
deixe-o descobrir por si mesmo que todas as suas esperanças
deram em nada?
Firestar balançou a cabeça, impotente. A ideia de reconstruir o

SkyClan era tão grande que ele nem conseguia pensar nisso.
“Vou caçar”, anunciou ele. “Sinto muito, Tempestade de Areia. Eu só
preciso ficar sozinho por um tempo.
Sandstorm pressionou o focinho contra o dele; seus olhos brilhavam

com seu amor por ele. "Eu entendo."
Não querendo alcançar Sky, Firestar seguiu na direção oposta,

rio abaixo em direção às árvores perto do antigo limite do território do
SkyClan. Sua mente estava girando. Ele era o líder do ThunderClan;
era ali que ele pertencia. No entanto, Sky estava pedindo a ele para
assumir a responsabilidade por outro clã como
258
bem. Certamente não poderia ser a vontade do StarClan que um gato

liderasse dois Clãs, especialmente quando seus territórios estavam
separados por quase uma lua de distância?
Ele se lembrou de como Tigerstar se tornou líder

de ShadowClan e RiverClan, e tentou assumir o controle dos outros
dois Clãs também. Suas ambições sanguinárias seriam lembradas na floresta
por muitas temporadas.
“Não serei outro Tigerstar.” Estrela de Fogo falou em voz alta, parando na
beira do rio. “Minha lealdade é para com o ThunderClan.”
Mas ele estava certo? Ele deveria ser leal ao código guerreiro, em vez
de a qualquer clã individual?
Tentando ignorar as perguntas, ele seguiu pela margem do rio. Embora

o sol estivesse deslizando pelo céu, a areia ainda estava quente contra suas
almofadas, e os arbustos raquíticos perto da face do penhasco lançavam
muito pouca sombra. Ele ansiava pelas clareiras frescas e úmidas da
floresta, pela densa copa de folhas e pelos pequenos farfalhares de presas
na vegetação rasteira. Ele havia permanecido aqui por tempo suficiente
para que suas patas estivessem endurecendo devido às corridas constantes
na areia e na pedra, e ele estava aprendendo a rastrear presas
através da escassa cobertura que era tudo o que o desfiladeiro tinha a
oferecer.
Mas esta não é a minha casa, pensou ele. Nunca será.
Ele escalou o esporão rochoso, aliviado ao ver os arbustos mais densos

além. Deslizando pelo outro lado, ele percebeu um movimento e
avistou o gato ruivo escuro que tinha visto antes.
"Ei!" ele gritou. "Espere!"
O ruivo lançou um olhar por cima do ombro, mas ele

não parou. Em vez disso, ele abriu caminho mais fundo na vegetação
rasteira; Firestar o perdeu de vista e não sabia se devia ficar feliz ou
arrependido.
Ele abriu caminho entre os seixos, em direção ao grupo de arbustos

mais próximo, com as orelhas em pé e as mandíbulas abertas para sentir os
primeiros vestígios de presa. Então ele fez uma pausa, intrigado. Havia ali
um cheiro que ele não conseguia identificar: de presa, mas tão densamente
coberto pelo cheiro forte de folhas esmagadas que ele não tinha
certeza de qual criatura vinha. Seu pelo arrepiou-se com a sensação de que
estava sendo observado.
Tentando se livrar da sensação, Estrela de Fogo deslizou para a

cobertura do solo, roçando touceiras de samambaias e plantando grama
até chegar à sombra dos arbustos. Sua convicção de que estava sendo observado
ficou ainda mais forte. Garras geladas arranharam sua espinha
enquanto ele imaginava um olhar frio e malévolo fixo nele. Algo estava
escondido no matagal que não aceitava gatos.
"Quem está aí?" Estrela de Fogo sibilou. Ele se virou, perturbando um

tordo que subiu na árvore mais próxima. Enojado, ele percebeu que
seu alto alarme teria alertado todas as presas no desfiladeiro.
Ele rastejou sob um espinheiro baixo e se agachou

lá. Nada se moveu; ele não conseguia ver nada que pudesse explicar
a força maligna que ele sentia tão fortemente. Seu coração bateu forte e ele
cravou as garras no chão enquanto se preparava para enfrentar um
ataque.
Gradualmente a sensação desapareceu. Os batimentos cardíacos de

Estrela de Fogo diminuíram e, sentindo-se um pouco tolo, ele rastejou para fora
o arbusto. Você não é um kit, ele se repreendeu. Você já não tem problemas suficientes
sem imaginar mais?
Ele tentou se concentrar na caça. Logo ele sentiu o cheiro de um rato

e o viu se arrastando entre os escombros debaixo de um arbusto de azevinho.
Achatando-se no chão, Estrela de Fogo começou a subir nele. Ele estava
prestes a atacar quando um farfalhar alto na vegetação rasteira alertou
sua presa; o rato desapareceu mais fundo no matagal com um movimento da cauda.
Estrela de Fogo soltou um grunhido de frustração e cravou as garras

no chão. Ele estava ciente dos olhos voltados para ele novamente, mas desta
vez não havia nada da hostilidade que sentira antes.
Olhando por cima do ombro, ele vislumbrou pelo de tartaruga e ouviu uma voz
sibilar: “Fique quieto! Ele nos ouvirá.
“Saia de cima de mim, então”, outra voz respondeu. “Bola de pêlo estúpida.”
Firestar soltou um suspiro, sentindo o cheiro de gatinho. Cereja e Boris! Eu

poderia saber disso. Ele começou a deslizar pela vegetação rasteira, com a
intenção de abordá-los por trás e dar-lhes o maior susto de suas vidas. Então
ele hesitou.
Então eles queriam me espionar? Ok, vou dar a eles algo que vale a pena assistir.
Ele sentiu o gosto do ar novamente e quase imediatamente encontrou

outro rato mordiscando uma semente debaixo de uma faia. Agachando-se
como caçador, ele avançou, mal deixando as patas tocarem o chão. O rato
começou a correr, mas desta vez Estrela de Fogo foi mais rápido e
derrubou-o com um golpe de pata.
De algum lugar atrás dele, ele ouviu um suspiro de admiração; seus bigodes
se contraíram de satisfação enquanto ele raspava
terra sobre sua caça fresca. Ele queria mostrar a esses gatinhos o que
um gato do Clã poderia fazer com habilidades treinadas por uma vida
inteira seguindo o código do guerreiro.
A um par de comprimentos de cauda da borda do matagal, um melro

bicava o chão. Estrela de Fogo caminhou em direção a ele.
StarClan, por favor, não deixe este voar! Contraindo os músculos, ele empurrou
com suas poderosas patas traseiras e atacou sua presa enquanto
ela flutuava do chão.
“Obrigado, StarClan!” ele exclamou em voz alta, antes de carregá-lo de
volta para enterrá-lo ao lado do rato.
Ele tinha acabado de terminar quando o cheiro de esquilo o

inundou; a criatura estava saltando pela grama em direção a uma árvore
a alguns metros de distância. Estrela de Fogo disparou dos arbustos,
correndo em ângulo para interceptar o esquilo ao pé da árvore, onde o
matou com uma mordida rápida na garganta.
Voltando-se para o matagal, fixou o olhar num arbusto de tojo cujos

ramos ondulavam violentamente. “Eu sei que você está aí”, ele miou.
“Você quer sair e tentar por si mesmo?”
Por um instante houve silêncio. Então Cherry abriu caminho por entre
os galhos do tojo, com Boris alguns passos atrás dela. "Eu disse que ele
iria ouvir você!" ela gritou por cima do ombro para o irmão.
“Eu pude ouvir vocês dois”, Firestar disse a ela. “Agitando-se no

matagal como duas raposas em ataque. Estou surpreso que tenha sobrado
alguma presa. Vamos”, acrescentou ele em um tom mais amigável.
“Vou te mostrar o que fazer.”
Cherry trocou um olhar com o irmão e depois correu

para Firestar com o rabo no ar. “Você pode realmente nos ensinar a caçar
assim?”
Boris seguiu mais devagar. “Por que você enterrou o rato e o melro?” ele
perguntou. “Você não quer comê-los?”
Firestar deixou cair o esquilo. “Sim”, explicou ele, “mas ainda não. Enterramos
animais recém-mortos para esconder o cheiro, para que outros predadores não
os encontrem antes de estarmos prontos para levá-los de volta ao acampamento.”
“Mas qual é o sentido de voltar atrás?” Cereja persistiu.

“Por que não comê-lo aqui e evitar problemas?”
A memória de Estrela de Fogo voltou a uma de suas primeiras lições

como aprendiz: o Clã deve ser alimentado primeiro. Ele tinha acabado de deixar
sua vida como um gatinho; ele não poderia ser muito diferente desses
dois gatos jovens. “Os gatos do clã não caçam apenas para se alimentarem”,
explicou ele. “Eles levam suas presas de volta ao acampamento para
alimentar os mais velhos, as rainhas lactantes e quaisquer outros gatos que
não conseguem caçar sozinhos. Essa é uma parte muito importante do
código do guerreiro.”
Cherry e Boris se entreolharam novamente, com os olhos arregalados.

Estrela de Fogo se perguntou se eles teriam entendido o que ele lhes
contara.
“Ok, vamos começar”, ele miou. "O que você pode cheirar?"
Cherry soltou um pequeno suspiro de diversão. “Você e Boris!”
“Além de mim e Boris.” Estrela de Fogo suspirou. “E quanto à presa?”
Os dois gatos jovens ficaram parados, inspirando ar sobre suas glândulas

odoríferas. Pelo menos eles pareciam estar muito concentrados.
Estrela de Fogo pegou seu esquilo e levou-o para o outro
recém-morto, para que não confundissem seu cheiro com o da presa que
procuravam.
Quando ele voltou, Boris saltou até ele com um brilho triunfante nos olhos. "Rato!
Posso sentir cheiro de rato.
“Muito bem”, miou Estrela de Fogo. “Mas você não sentirá o cheiro por
muito tempo se continuar andando assim. Um rato pode sentir seus passos
no chão muito antes de ouvi-lo ou sentir seu cheiro. Lembra como eu peguei o
rato que peguei?
"Eu lembro!" Cherry se gabou. Ela se agachou como caçador e

deslizou para frente, só parando para espirrar quando um caule de grama
caído fez cócegas em seu nariz. “Estrume de rato!” ela cuspiu.
“Isso não foi nada ruim”, Firestar disse a ela. O agachamento não estava certo
e ela teria que aprender a apoiar as patas com muito mais leveza se quisesse
pegar um rato, mas para um primeiro esforço era promissor. "Boris, você
tenta."
O jovem gato malhado não estava tão ansioso para se exibir quanto sua
irmã, e seu peso maior tornava mais difícil para ele pisar levemente, mas ele
estava fazendo o melhor que podia.
"Assim." Estrela de Fogo começou a avançar e os dois gatinhos

seguiram seus movimentos com feroz concentração.
Então ele avistou um rato logo depois de uma moita de samambaias

secas e apontou para ele com o rabo. Com um movimento de orelhas, ele
disse a Cherry para tentar pegá-lo.
Seus olhos brilharam de excitação. Tentando sem fôlego acertar seus

movimentos, ela se aproximou cada vez mais, mas com o olhar fixo no mouse
ela não percebeu que o arco
folhas de samambaias estavam em seu caminho. Ela tropeçou neles, e a

sombra deles varreu o mouse para frente e para trás.
Um instante depois, ele desapareceu.
Cherry sentou-se, balançando o rabo. “Eu nunca vou acertar!” ela lamentou.
“Sim, você vai,” Firestar a tranquilizou, enquanto seu irmão descansava o

rabo sobre seus ombros. “Foi apenas azar com as samambaias.”
Ele olhou ao redor, saboreando o ar novamente. Ele queria que pelo

menos um dos gatinhos conseguisse pegar antes que a aula terminasse. A
única presa que conseguiu avistar foi um esquilo no galho mais baixo de uma
árvore próxima.
"Que tal?" ele sugeriu, perguntando-se se Cherry daria outro de seus

saltos espetaculares. "Você acha que pode pegá-lo?"
"Eu posso!" Cherry partiu em disparada, com Boris à distância de um rato

atrás dela. Ao chegar à árvore, ela saltou, com as patas dianteiras
estendidas, e prendeu uma garra na cauda do esquilo. Caiu no chão, onde Boris
se lançou sobre ele e o matou mordendo sua garganta. Cherry ficou olhando
espantada, como se não pudesse acreditar que eles realmente haviam
pegado alguma coisa.
"Bom trabalho!" exclamou Estrela de Fogo. “Ótima captura, vocês dois!

Vocês dois conseguem pular assim?
"Claro." Boris raspou o chão com a pata. “Os outros gatos dizem que estamos
nos exibindo, mas é algo que sempre fomos capazes de fazer.”
“Bem, é uma boa habilidade,” Firestar miou. “E se vocês dois têm isso, deve
significar que seus ancestrais poderiam pular assim
também. Se eles puderem ver você agora, tenho certeza que ficarão muito orgulhosos.”
Boris parecia confuso. “Sim, mas eles não podem nos ver, podem?”
Firestar se perguntou se este era o momento de contar aos jovens

gatos sobre o SkyClan, mas ele sentiu que era muito cedo. “Comam o
esquilo se quiserem”, ele os encorajou, mudando de assunto.
“Você não tem um clã faminto para alimentar.”
“Tem um cheiro delicioso”, Boris miou. "Você quer um pouco?"
A água inundava as mandíbulas de Estrela de Fogo com o aroma quente

da caça fresca. Sua barriga uivou de fome depois do longo dia com Sky, mas
ele não aceitaria a presa de outro gato. Além disso, ele tinha sua própria caça
para compartilhar com Sandstorm quando retornasse à caverna.
“Não, obrigado”, ele respondeu. “Você e Cherry compartilham isso.”
Os dois jovens gatos se entreolharam, incertos.

“A questão é”, começou Cherry, “nossos moradores ficam preocupados se
não comemos a comida deles. E se estivermos cheios de esquilos, bem. . .”
“Eles podem nos dar menos na próxima vez!” Boris miou preocupado.
Firestar, que tinha visto gatos morrendo de fome por falta de presas, não
conseguiu simpatizar. Mas algum gato teve que comer o esquilo. Deixado ali,
só atrairia raposas.
"Você sabe o que?" Cherry interveio antes que ele pudesse falar. “Cheira tão
bem, não me importo! Sempre podemos pegar outro se nossos moradores
não nos alimentarem o suficiente.”
Ela se agachou ao lado do esquilo e começou a atacar. Um segundo

depois, Boris se juntou a ela, engolindo vorazmente
abaixo a matança fresca. Escondendo sua diversão, Estrela de Fogo desejou-

lhes adeus e foi buscar sua própria presa.
O sol estava se pondo e as cavernas estavam na sombra quando ele

retornou ao acampamento do SkyClan. Sandstorm estava sentado na
entrada da caverna dos guerreiros, olhando através do desfiladeiro.
“Você fez uma boa caçada,” ela comentou enquanto Estrela de

Fogo deixava cair sua presa em suas patas.
“Sim, e me deparei com aqueles dois gatinhos novamente.” Ele contou a ela
sobre a aula de caça e como Cherry e Boris haviam capturado o esquilo. Ele
não disse nada a ela sobre a estranha sensação de estar sendo observado por olhos
hostis antes da chegada dos gatinhos; ele poderia ter imaginado
isso e não queria preocupá-la por nada.
“Eles têm as qualidades de bons guerreiros”, comentou Sandstorm

quando terminou. “Você perguntou se eles queriam se juntar ao SkyClan?”
"Não-"
"Por que não?" Tempestade de areia contraiu a ponta da cauda. “Você

tem que começar de algum lugar.”
“Ainda não decidi se quero começar.”
Ela inclinou a cabeça para o lado. “Então você vai decepcionar Sky?”
Estrela de Fogo não conseguiu responder. Ele ainda sentia que era
tarde demais para reconstruir o Clã perdido, mas a culpa tomou conta
dele quando pensou na dor que Sky sofreria se ele se recusasse a tentar.
“Acho que podemos fazer isso”, continuou Sandstorm. “Mas não podemos
fique aqui para sempre. Temos companheiros de clã que precisam de nós,
então devemos começar a coletar os gatos do SkyClan espalhados assim
que pudermos.”
Ela o conhecia tão bem, colocando a pata no motivo de suas dúvidas.

Como ele poderia conciliar seu dever para com seu próprio Clã com a tarefa
que Sky lhe havia atribuído? Que caminho ele deveria escolher se
quisesse permanecer fiel ao código do guerreiro?
“Cherry e Boris são gatos obstinados”, ele começou. “Se quiserem

viver de acordo com o código guerreiro, eles precisam se adaptar a ele por
conta própria. No momento, eles não veem nada de errado em suas
vidas. Eles têm que escolher o código do guerreiro porque realmente
acreditam que é a maneira certa de viver.”
Sandstorm lançou-lhe um olhar duvidoso, claramente se perguntando se

ele estava apenas dando desculpas. Firestar também não tinha certeza.
“Coma alguma caça fresca”, ele miou, dando um tapinha no esquilo

em direção a Tempestade de Areia. “Vou pensar no que Sky disse. Talvez
fique mais claro pela manhã.
StarClan, mostre-me o caminho! Mostre-me como posso ajudar este Clã!

CAPÍTULO 22
"Estrela de Fogo! Estrela de Fogo!"
Estrela de Fogo abriu os olhos e viu as formas escuras de dois gatos

contornadas pela luz da entrada da caverna. “Pelo bem do
StarClan, qual é o problema?” ele resmungou, lutando para se levantar.
À medida que os dois gatos saltavam para dentro da caverna, ele pôde
distingui-los com mais clareza: Cherry e Boris, com as orelhas em pé e
os olhos brilhantes.
“Queremos outra aula de caça!” Cereja anunciou.
“Por favor”, acrescentou seu irmão, dando-lhe uma cutucada.
A tempestade de areia também estava se agitando, seus olhos verdes

não passavam de fendas. Ela esticou os maxilares em um enorme bocejo. “Achei que
todos os gatinhos dormiam até o sol nascer”, ela grunhiu, rastejando
para fora do ninho e se sacudindo.
“Às vezes sim”, miou Boris. “Mas foi tão emocionante ontem, e...”
“Nós nos divertimos muito!” Cherry interrompeu. “Você vai nos levar com
você hoje, não vai?”
O entusiasmo deles surpreendeu Firestar, mas também o agradou.

Uma súbita pontada de saudade de casa o atingiu: esses dois
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gatos jovens poderiam facilmente ter sido aprendizes do ThunderClan,

implorando para serem levados em uma patrulha de caça.
“Podemos levar um para cada”, sugeriu Sandstorm com outro

bocejo. “Vamos nos separar; muitos gatos juntos vão assustar todas as
presas.”
“É verdade,” Firestar concordou. “Especialmente aqui, onde há tão

pouca cobertura. Você leva Boris e eu fico com Cherry.
A jovem carapaça de tartaruga deu um salto animado. “Aposto que

pegamos mais presas do que você!” ela se gabou para seu irmão.
Com Boris a seguindo, Tempestade de Areia saiu da caverna e

seguiu pela trilha que levava aos matagais no topo do penhasco.
Estrela de Fogo conduziu Cherry na outra direção, até o rio.
O sol havia nascido em um céu azul pontilhado de nuvens brancas.
A luz do sol brilhava na superfície da água, mas o dia ainda estava fresco.
Uma brisa fresca ondulou o pelo de Firestar.
“Vamos voltar para onde caçamos ontem?”

Cherry perguntou animadamente.
Firestar parou no meio da trilha. Eles encontrariam muitas presas rio

abaixo, mas ele não conseguia esquecer a sensação de maldade fria que
sentira ali no dia anterior. Mesmo sabendo que eles não podiam se
dar ao luxo de abandonar um bom terreno de caça, ele não tinha
pressa em encontrar o que havia por trás daqueles olhos invisíveis.
“Não”, ele decidiu. “Em vez disso, iremos rio acima hoje.”
Por um instante, Cherry pareceu prestes a discutir, mas obviamente

pensou melhor. Estrela de Fogo desceu até as rochas caídas onde o rio
desaguava na luz.
Ao saltar a última cauda até o chão, ele colocou uma pata
em uma pedra afiada; a dor apunhalou sua almofada como uma garra.
Soltando um silvo de raiva, ele fez uma pausa para dar uma lambida rápida
no bloco ferido. Não estava sangrando, mas estava dolorido o suficiente
para fazê-lo mancar.
Cherry havia saltado na frente, mas quando percebeu que Estrela de

Fogo não estava com ela, voltou correndo. "Qual é o problema?"
Estrela de Fogo olhou para ela. “Suas almofadas não estão doloridas?”
Cherry balançou a cabeça e levantou uma pata para mostrar a ele.

Suas patas eram mais duras que as dele, com pele dura e cinzenta, boa
para andar sobre pedras. Com tristeza, Estrela de Fogo mostrou a Cherry
suas próprias almofadas, a pele preta e macia marcada e em carne
viva pelo chão áspero.
Cherry piscou surpresa. “Nunca pensei que as almofadas de um gato

pudessem ficar assim!”
“Lembre-se, eu não venho daqui”, Firestar

explicou. “Estou mais acostumado a andar em solo macio de floresta.”
Ele se perguntou se essa era a oportunidade que ele estava esperando. Ele
deveria contar a Cherry sobre sua ascendência? Ela precisaria saber
se algum dia se tornaria uma guerreira do SkyClan.
Ele respirou fundo. “Você se lembra que eu lhe contei como você
herdou sua habilidade de pular de seus ancestrais?
Bem, você herdou deles suas patas fortes também. Seus ancestrais
conseguiram se estabelecer aqui porque tinham o tipo certo de corpo e as
habilidades certas.”
A jovem carapaça de tartaruga olhou para ele com os olhos

arregalados. “Você quer dizer isso? Você não está apenas contando uma história?
“Não, é verdade.”
“Como você sabe tanto sobre meus ancestrais?”

Com um aceno de cauda, Estrela de Fogo a conduziu até um pedaço

de sombra projetada por um espinheiro raquítico no sopé do penhasco.
Quando eles estavam sentados lado a lado, com as peles roçando, ele
contou a ela sobre a floresta de onde veio e como quatro clãs de gatos
viviam lá.
“Antes havia cinco Clãs, mas o quinto Clã, SkyClan, foi mandado embora
há muito, muito tempo. Os gatos vieram aqui e se estabeleceram nas cavernas,
mas depois se separaram e se espalharam.
Não existe mais SkyClan, mas alguns gatos, como você e Boris, são
descendentes do Clã original.”
Os bigodes de Cherry estremeceram de excitação. "Uau!"
"Olhar." Estrela de Fogo apontou com a cauda para as cavernas na

face do penhasco e para as trilhas pedregosas que as conectavam. “Este era
o acampamento SkyClan. Os guerreiros viviam na caverna onde
Sandstorm e eu dormimos. Aquela caverna ali com a pedra na entrada era
o berçário...
“Sim, posso ver que há espaço para muitos gatos”, interrompeu Cherry.
“Mas por que você está me contando tudo isso?”
“Porque Sky acredita—”
A jovem carapaça de tartaruga piscou. "Céu? Quem é o Céu?
“O gato que você chama de Moony,” Firestar miou. “Sim, aquele com quem
você foi tão rude. Seu nome verdadeiro é Sky. Ele é o último guerreiro do SkyClan
– e ele é seu parente.”
O pelo de Cherry se arrepiou e seus olhos se arregalaram mais do que

nunca. “Nossos parentes? Mas somos gatinhos!”
“Você e Sky são todos descendentes dos gatos do SkyClan.

E é por isso que vim aqui: para encontrar o Clã disperso e reconstruí-lo.”
“Começando comigo e Boris?” A voz de Cherry era um grito de surpresa.
Estrela de Fogo suprimiu uma onda de diversão. “Você terá que decidir
por si mesmo sobre isso”, ele respondeu. “Vou mostrar a você o máximo
que puder sobre a vida do Clã e o código do guerreiro, e então você
deve decidir.”
Pela primeira vez Cherry ficou em silêncio. Seu olhar viajou pela face
do penhasco onde ficavam as cavernas. Estrela de Fogo se perguntou se
ela estava tentando imaginar como seria viver ali com um clã inteiro de
gatos.
E ele percebeu que de alguma forma, sem tomar a decisão

conscientemente, havia aceitado que deveria ficar.
Eles retornaram à caverna dos guerreiros ao sol alto, carregados de

caça fresca. O desfiladeiro se deleitava com o calor como um enorme
animal de pelagem arenosa. Estrela de Fogo estremeceu ao pousar as
almofadas na rocha quente, mas Cherry correu na frente sem parecer notar.
Sandstorm e Boris já haviam retornado. Sentaram-se ao lado

de uma pequena pilha de animais frescos; Boris estava engolindo um
pardal.
Cherry caminhou pela caverna e deixou cair sua presa na pilha.

“Adivinha, Bóris? Não somos gatinhos! Somos do SkyClan! Eles vieram da
floresta onde vivem Estrela de Fogo e Tempestade de Areia, descendo o
rio, e acamparam aqui. Eles-"
“Sandstorm também me contou”, Boris interrompeu. Seus olhos

âmbar brilharam de excitação. “Ela diz que podemos ser guerreiros do
SkyClan se quisermos.”
“Vocês seriam bons guerreiros”, Sandstorm acrescentou, com um olhar de

aprovação para o jovem gato malhado. “Boris caçou muito bem hoje.”
“Cherry também.” Estrela de Fogo virou as orelhas em direção à pilha

de animais recém-mortos. "Prossiga; fique a vontade."
Cherry agarrou um rato e começou a devorá-lo vorazmente.

Ambos os gatos pareciam ter esquecido suas preocupações por não
conseguirem administrar também a comida de Duas Pernas.
“Isso tinha um gosto ótimo!” Boris terminou seu pardal e

limpou os bigodes com uma pata. “Podemos voltar amanhã?”
“Claro”, respondeu Tempestade de Areia. “Você terá que fazer isso se

quiser aprender sobre o código do guerreiro.”
"Nós fazemos!" Cherry miou com entusiasmo.
"Um momento." Estrela de Fogo atravessou a caverna e sentou-se diante

dos dois jovens gatos. “Você percebe que o código do guerreiro não é apenas
diversão? É um modo de vida. Você não pode viver com sua família e ir até o
desfiladeiro sempre que quiser. Se vocês querem ser guerreiros, esta tem que ser
a sua casa.”
"Deixar nossos moradores?" Boris ergueu os olhos do pardal, os olhos enormes

e sérios. "Não sei . . . eles são gentis e nos alimentam, e se preocupariam conosco
se fôssemos embora.”
“Mas se somos realmente gatos do SkyClan, então é aqui que precisamos

viver”, argumentou Cherry. Ela deu uma cutucada no irmão.
"Vamos! Você não quer ficar fora o tempo que quisermos, mesmo quando está
escuro? Você não preferiria comer ratos e esquilos do que aquela comida estúpida de
gatinho?
Firestar trocou um olhar com Sandstorm. Cherry ainda não

conseguia entender o que realmente significava ser um guerreiro.
Com folhas nuas, com presas escassas e neve no chão, ela poderia ter
dúvidas.
“Você não precisa se decidir ainda”, ele continuou; ele sentiu que
precisava avisá-la, embora não quisesse diminuir seu entusiasmo. “Viver
de acordo com o código do guerreiro pode ser difícil.”
“Mas você disse que temos o tipo certo de corpo.” Cherry deu outra
cutucada vigorosa em seu irmão, então ele quase caiu. “Você sabe que quer
fazer isso, não é?”
"Eu acho. . . .” Boris ainda estava pensativo. Então ele se levantou, com
uma expressão determinada nos olhos. “Bem, vou tentar.”
"Eu também!" Cherry levantou-se de um salto, engolindo o último bocado de

presa. “Vamos, Bóris. Podemos praticar a espreita em nosso jardim.”
Os dois gatos jovens saíram correndo da caverna. Um segundo depois,

Cherry voltou para mew: “Obrigada! Tchau!" e desapareceu novamente.
Os olhos verdes de Sandstorm brilharam com diversão. “Parece que

encontramos nossos dois primeiros aprendizes.”
Firestar e Sandstorm dormiram durante o calor do dia.

Quando as sombras começaram a se formar, eles partiram para explorar
o desfiladeiro mais acima.
“A Sky nos mostrou as fronteiras a jusante do território”,

Estrela de Fogo miou, “mas ele nunca nos contou até que ponto isso se
estende nesta direção”.
“Poderíamos perguntar a ele.”
Estrela de Fogo olhou para o outro lado do desfiladeiro. Eles estavam passando
pela enorme pedra que escondia o caminho tortuoso até a toca de Sky entre as raízes
do espinheiro. Não havia sinal do velho gato e Estrela de Fogo não queria procurá-lo.
Ele queria mais relatar do que alguns possíveis aprendizes antes de falar com Sky
novamente.
“Vamos ver o que podemos encontrar por nós mesmos”, ele miou.
O desfiladeiro ficou mais estreito até que um gato quase poderia saltar de um
lado para o outro. O céu acima de suas cabeças ainda estava claro, mas pouca luz do
sol penetrava entre os penhascos elevados de ambos os lados. O chão sob suas
patas estava seco e arenoso, e o ar estava parado.
De repente, Sandstorm verificou. "Raposa!"
No mesmo instante, o fedor inundou Estrela de Fogo e ele ouviu um rosnado

prolongado vindo das sombras à frente. Foi seguido pelo grito de um gato.
"Vamos!" As patas de Estrela de Fogo voaram pelo chão, esquecendo suas

almofadas doloridas.
Tempestade de areia correu ao lado dele. Na próxima curva do desfiladeiro, eles
avistaram a raposa. Ele estava com as pernas rígidas, os lábios puxados para trás,
revelando presas afiadas. Estrela de Fogo adivinhou que estava morrendo de fome;
suas costelas sobressaíam de uma pele fina e esfarrapada.
Na frente da raposa estava agachada uma gata marrom-clara; seu pelo se

arrepiou desafiadoramente, mas seus olhos estavam arregalados de medo. Atrás
dela havia uma pilha de pedras arenosas cercadas por espessos arbustos
espinhosos. Estrela de Fogo avistou uma abertura escura nas rochas e ouviu o
miado de filhotes aterrorizados.
“Ela está protegendo seus kits!” Tempestade de areia engasgou.
Estrela de Fogo soltou um uivo e se jogou sobre a raposa. Virou-se contra

ele, suas mandíbulas tentando agarrar sua garganta. Tempestade de areia
avançou e arranhou suas garras do outro lado antes de girar e afastá-la com
uma pata. Cuspindo de raiva, Estrela de Fogo saltou sobre seu ombro, prendendo
as garras em sua pele e tentando enterrar os dentes em seu pescoço.
Embora a raposa estivesse morrendo de fome, ela ainda conseguia lutar furiosamente,
ou talvez a fome a tivesse enlouquecido. Chicoteando sua cabeça
de um lado para o outro, caiu no chão, tentando esmagar Estrela de Fogo
embaixo dele. Seu focinho estava enterrado no pelo; seu cheiro quente estava
ao seu redor enquanto ele lutava para respirar. Ele sentiu a dor aguda de garras
na barriga. Com um enorme esforço, ele conseguiu se libertar e ficar em pé. O
sangue de seu ferimento respingou na areia e suas pernas pareciam instáveis.
Tempestade de areia atacou novamente, entrando e saindo rapidamente

para desferir um golpe rápido antes que a raposa pudesse retaliar, em um esforço
para afastá-la dos filhotes. A gata ainda estava agachada na boca da toca,
protegendo sua ninhada. Com outro rosnado cruel, a raposa se lançou sobre
Tempestade de Areia e agarrou-a pela pata traseira. Sandstorm soltou um grito
de dor. Estrela de Fogo cambaleou em direção a eles, mas a dor turvou sua visão e,
embora ele tenha agarrado as coxas da raposa, não conseguiu reunir
força para dar o golpe.
StarClan, ajude-nos!
Um uivo soou mais abaixo no desfiladeiro. Outro gato corria para se juntar à
batalha; era o gato ruivo escuro que estava caçando entre os arbustos rio abaixo.
Soltando outro grito furioso, o ladino saltou para as rochas acima da

entrada da toca. Ele ficou ali por alguns instantes, suas garras
agarrando a superfície áspera, então se lançou para pousar na cabeça da
raposa.
A raposa soltou um grito de dor e soltou Sandstorm.

Ela saltou sobre três patas e se lançou de volta à batalha, marcando um
corte profundo na lateral da raposa. A cabeça de Estrela de Fogo estava
clareando agora; ele mordeu o rabo da raposa e a ouviu gritar.
O ladino estava equilibrado na cabeça da raposa, as garras das quatro

patas cravadas profundamente em seu pelo. O sangue jorrou dos
arranhões e começou a escorrer nos olhos da criatura.
De repente, ele desistiu e começou a tropeçar. O gato ruivo saltou e
Estrela de Fogo deu um golpe final nas coxas da raposa enquanto
ela mancava pelas sombras.
Respirando pesadamente, os três gatos se entreolharam.

“Obrigado,” Firestar ofegou. “Isso poderia ter sido desagradável se você
não tivesse aparecido.”
“Não me agradeça.” O gato estreitou os olhos. “Eu não gosto de

raposas mais do que você. Você parece um pouco maltratado —
acrescentou ele, seu olhar passando de Estrela de Fogo para Tempestade
de Areia e vice-versa.
Sandstorm flexionou a perna machucada e colocou a pata no chão.

"Eu ficarei bem."
Estrela de Fogo examinou o ferimento na barriga, passando a língua

algumas vezes pelo pelo encharcado de sangue. Para seu alívio, o
arranhão não era profundo e o sangramento já havia parado. “Nós
ficaremos bem”, ele miou. “Precisávamos de uma luta para nos animar.” Para o seu
surpresa, ele percebeu que isso era verdade; já há vários dias que ele e
Tempestade de Areia pouco faziam, exceto descansar na caverna dos
guerreiros e ocasionalmente caçar. Agora ele se sentia mais vivo, mais como
um verdadeiro guerreiro do Clã.
“Vocês são todos tão corajosos! Muito obrigado! Você salvou meus kits.
Estrela de Fogo se virou e viu a gata marrom-clara guiando três filhotes

em direção a eles, com o rabo enrolado protetoramente em volta deles: um
gato preto, um gato ruivo e uma pequena gata branca.
“Eu sou Clover”, anunciou a gata, “e estes são Rock, Bounce e Tiny”.
Tempestade de areia baixou a cabeça. “Eu sou Sandstorm e esta é

Firestar.”
Firestar virou-se para o outro ladino, esperando que ele se

apresentasse. Em vez disso, ele encontrou um olhar desafiador de olhos
verdes que brilhavam com inteligência. “Nomes são fáceis”, miou o ruivo,
“mas quem é você? O que você está fazendo aqui e quanto tempo
pretende ficar?
Por alguns momentos, Firestar ficou surpresa. As perguntas e o tom autoritário

do gato o lembraram de como ele poderia ter falado se tivesse
encontrado bandidos no território do ThunderClan.
“Eu vi você mais abaixo no desfiladeiro”, ele começou.
"E eu vi você." As orelhas do ruivo se achataram. “Você estava caçando

com aqueles dois gatinhos malucos. Por que você quer se preocupar com
eles?
“Cherry e Boris estão bem,” Sandstorm miou defensivamente.

“O que importa por que eles estão aqui?” Clover invadiu.

“A raposa teria comido meus filhotes se eles não tivessem
aparecido!”
“Eu estava aqui, não estava?” o ruivo tom rosnou. Ele

desembainhou garras poderosas e as cravou na terra arenosa.
“Posso me despedir de qualquer raposa que já tenha nascido.” Seu
olhar pousou novamente em Firestar. “Então, qual é a sua história?”
“Você não vai ainda, vai?” Clover implorou, com um olhar nervoso para
as sombras. “A raposa pode voltar.”
“Ficaremos um pouco”, prometeu Sandstorm.
Clover deitou-se na boca de sua toca para que seus três filhotes
pudessem se enterrar em seu lado e se alimentar. Os outros gatos se
acomodaram ao lado dela, Firestar e Sandstorm lambendo
suas feridas enquanto contavam ao ruivo sobre o SkyClan.
“Eu vi aquele gato velho algumas vezes,” o ladino miou quando

Firestar contou seu encontro com Sky. “Eu nunca falei com ele, no
entanto. Ele parece louco para mim.
“Ele não está bravo. Ele sabe mais sobre o Clã perdido do que
qualquer gato vivo.” Firestar explicou o que Sky lhes disse.
“O Clã viveu aqui há muitas luas, nas cavernas perto das rochas onde
o rio desagua. Todos eles se foram agora, mas Sky acredita que posso
encontrar seus descendentes e reconstruir o Clã.”
Firestar de repente percebeu o quanto ele parecia tolo. “Eu sei que é
uma grande decisão para qualquer gato. . . ," ele continuou.
"Não para mim." Clover olhou para cima, com as orelhas em

pé. “Eu viria morar no seu Clã em um piscar de olhos. O pai dos
meus filhotes foi embora antes de eles nascerem e é difícil trazê-los
sozinho.” Ela aproximou mais o rabo dos filhotes; a essa altura eles já
haviam terminado de amamentar e dormiam em uma poça tricolor de pelo
quente. “Suponha que aquela raposa volte quando você tiver ido embora?”
“Eu poderia cuidar de você”, lembrou o tom desonesto. “Cheguei na

hora hoje, não foi?”
“Mas dificilmente você chega tão longe no desfiladeiro”, retrucou Clover.

“Quantas vezes já falamos um com o outro antes?” Ignorando seu silvo de
aborrecimento, ela se voltou para Estrela de Fogo. “Vou me juntar ao novo
Clã. Todos nós voltaremos para as cavernas com você hoje.”
Estrela de Fogo sentiu as patas formigarem de excitação. Uma rainha

lactante e três kits eram uma adição valiosa para qualquer Clã.
"Bem, isso é ótimo. Podemos ir agora. E você?" ele acrescentou olhando
para o ruivo. “Você também se juntará a nós?”
“Eu me saio bem sozinho, obrigado.”

A pele de Estrela de Fogo arrepiou-se de decepção. Este gato orgulhoso,
forte e inteligente seria um bom guerreiro.
“Veja bem”, continuou o ladino, antes que Estrela de Fogo pudesse

pensar em uma maneira de persuadi-lo: “Gosto da ideia de treinar gatos
para se defenderem. E gostei dos movimentos de luta que você usou para
afastar a raposa.”
“Venha conosco e nós lhe ensinaremos”, ofereceu Firestar.
O malandro ruivo piscou para ele. “Você realmente me ensinaria tudo o

que sabe?” Ele parecia não acreditar que os gatos compartilhariam segredos
de batalha que os tornariam mais fáceis de lutar.
“Claro,” miou Estrela de Fogo. “Companheiros de clã não lutam contra um

outro, exceto para treinamento.”
“Essa poderia ser uma boa maneira de viver”, miou o ladino.
“Então você vem?” Sandstorm perguntou ansiosamente.
O ladino hesitou e depois baixou a cabeça. "Vou dar uma chance.

Mas não estou prometendo ficar para sempre.”
“Não pediremos que você decida isso ainda”, miou Estrela de Fogo.
“Basta vir às cavernas por um tempo e descobrir mais sobre o que
significa viver em um Clã.”
“E diga-nos seu nome, por favor”, acrescentou Sandstorm.
Por alguns segundos o ruivo ficou em silêncio, olhando para longe.

“Morando sozinho, um gato não precisa de nome, mas há muito tempo,
agora . . . acho que minha mãe me chamava de Scratch.”
A lua minguante flutuava acima do desfiladeiro, lançando uma luz

pálida sobre Skyrock. Estrela de Fogo saltou sobre a fenda e recuou
para esperar pela Tempestade de Areia.
"Bem?" ele perguntou quando seu companheiro pousou ao seu lado.

"O que você acha? Temos os ingredientes para um novo Clã?
Sandstorm sentou-se e deu algumas lambidas rápidas no pelo do peito.

“É um começo”, ela miou, “mas ainda há um longo caminho a percorrer”.
“Eu sei”, respondeu Firestar. “Temo que Scratch decida não ficar. Ele
não queria dormir na caverna dos guerreiros conosco esta noite. Ele ainda
está pensando como um trapaceiro.”
“Dê-lhe tempo. O que me preocupa”, continuou Sandstorm, passando

uma pata sobre a orelha, “é a maneira como Clover quer ser cuidada o
tempo todo. Tentei dizer a ela que o correto
O lugar para ela e seus filhotes é no berçário – até me ofereci para coletar musgo
e samambaias para ela – mas ela ouviria?
Ela insiste em dormir na caverna dos guerreiros, caso a raposa a encontre.”
“Ela também precisa de tempo”, Firestar a confortou, apoiando a ponta do

rabo em seu ombro. “Ela teve um susto terrível hoje. Ela logo aprenderá habilidades
de luta e então perceberá que pode cuidar de seus kits sozinha.”
“Espero que você esteja certo,” Sandstorm miou.
Estrela de Fogo ouviu o som de passos na trilha que levava ao Skyrock. Ele
olhou para baixo, meio preparado para ver Scratch, mas para sua surpresa o gato que
apareceu foi Sky.
“O que ele está fazendo aqui?” ele murmurou para Tempestade de Areia.
“A lua não está cheia.”
O luar transformou a pele cinzenta do velho gato em prateada; ele

caminhava com a cabeça erguida orgulhosamente, como um verdadeiro
guerreiro do SkyClan. Ao se aproximar do Skyrock, ele acelerou o passo e
saltou sem hesitação para pousar na superfície lisa.
“Saudações, Céu.” Firestar e Sandstorm baixaram a cabeça para ele.
O velho gato retribuiu a saudação com um breve aceno de cabeça. “Vi mais
gatos chegarem hoje.”
"Isso mesmo." Firestar esperava que Sky soasse mais

satisfeito, mas havia um brilho cauteloso em seus olhos. “Acho que podemos
estar no caminho de reconstruir o SkyClan.”
Um grunhido baixo retumbou na garganta de Sky. “Aquele malandro ruivo

rasgaria sua garganta assim que olhasse para você. E quanto a
esses gatinhos! Não sei por que você está perdendo tempo com eles.”
“Os gatinhos vão ficar bem”, miou Sandstorm. “Eles são jovens; eles
têm muito tempo para aprender. E eles são verdadeiros gatos SkyClan!
Você já viu o quão alto eles podem saltar?”
Sky apenas cheirou.
“E Scratch, esse é o nome do ladino ruivo”, Firestar continuou, “é durão

e lutador, e depois que aprender sobre o código do guerreiro, ele será
exatamente o tipo de gato que um Clã precisa.”
Para seu alívio, o velho gato assentiu. “Talvez você esteja certo,” ele
miou de má vontade. “Pelo menos você está cumprindo sua promessa.”
Ele ergueu a cabeça para o brilho da Pele Prateada acima deles.

Seguindo seu olhar, Firestar se perguntou se o ancestral do SkyClan estava
observando. Você também está satisfeito? ele se perguntou. Era isso que
você queria de mim?
Não houve resposta, nada além do brilho distante de

estrelas.
CAPÍTULO 23
“Gatos que vivem em um Clã enviam patrulhas de caça várias vezes ao dia”,
explicou Estrela de Fogo, parando no final da linha de cercas de Duas
Pernas. “E patrulhamos as fronteiras duas vezes, uma ao amanhecer
e outra ao pôr do sol.”
“Então somos a patrulha da madrugada?” —Bóris perguntou.
“Cérebro de rato!” Sua irmã Cherry bateu nele com uma pata. “SkyClan
ainda não tem fronteiras. Somos caçadores, não somos, Estrela de Fogo?
“Isso mesmo,” Firestar miou. “Teremos fronteiras em breve, quando eu

conhecer um pouco melhor o território e ver quantos gatos vão morar aqui.
Enquanto isso, esta é a primeira patrulha de caça adequada do SkyClan.”
Cherry deu um salto feliz. "Ótimo! Mas não pescamos muita coisa
— acrescentou ela, parecendo desapontada. “Não consigo sentir nenhum
cheiro.”
“Isso é porque está molhado”, Firestar disse a ela. “Mesmo caçadores

experientes acham isso difícil.”
A neblina enchia o desfiladeiro e se estendia pelo matagal no topo

do penhasco até o Lugar das Duas Pernas. O sol nascente brilhava
através dele com uma luz leitosa. Cada caule de grama foi dobrado com
285
o peso das gotas de água e o orvalho embaçado no pelo dos gatos.
“Mas isso não é desculpa para correr riscos.” Scratch ergueu os olhos
de onde estava desenterrando alguma presa fresca que eles
haviam enterrado antes. “Eu não pude acreditar em vocês dois. Você pulou
direto para aquele jardim sem olhar.”
“Desculpe,” Cherry murmurou, enquanto Boris rabiscava seu

patas dianteiras no chão à sua frente.
“'Desculpe' está tudo bem”, retrucou o malandro. “Você quase caiu

em cima daquele cachorro. Se Firestar não o tivesse distraído, você já
seria comida de cachorro. E você perdeu o esquilo que estava
perseguindo.”
Bóris suspirou. “Era adorável e gordo.”
Scratch revirou os olhos e voltou a raspar a terra sobre a presa.
Estrela de Fogo lançou-lhe uma rápida olhada. Já se passaram

quatro dias desde que Scratch e Clover vieram morar nas
cavernas, e as habilidades de caça de Scratch já estavam se mostrando
úteis, mas ele não tinha paciência com os dois gatinhos.
“Eles vão aprender”, miou Firestar, e acrescentou para Cherry e

Boris: “Vocês estão indo muito bem”.
“Podemos vir morar no acampamento o tempo todo?” Cherry implorou.
"Ainda não." Estrela de Fogo ficou aliviada porque a jovem gata

estava tão ansiosa para se juntar ao Clã, mas ele se perguntou se ela
percebeu a grande decisão que estava tomando. “Que tal deixar sua
casa?”
A cauda de Cherry caiu e seus olhos ficaram mais pensativos.

“Gosto de sentar no colo e ser acariciado, e gosto de brincar
com nossos moradores e fazê-los rir. . . mas também gosto de caçar. Eu

gostaria que pudéssemos ter os dois.”
“Bem, não podemos”, miou Boris. “Eu também me preocupo com o fato de nossos
moradores sentirem nossa falta também. Se pudéssemos dizer a eles que ficaremos
bem. . .” Ele respirou fundo. “Mas se somos realmente descendentes do primeiro
SkyClan, pertencemos ao desfiladeiro.”
Estrela de Fogo piscou para ele. “Acho que você precisa de um tempo
antes de tomar a decisão final.” Scratch estava certo ao repreendê-los por
correrem para o jardim, embora pudesse ter sido mais diplomático. O maior
defeito dos gatinhos era atacar cegamente as coisas. Mas pelo menos mostrou
que tinham coragem, uma qualidade valiosa num guerreiro.
“Quanto tempo mais?” Cherry exigiu. “Podemos ser aprendizes em

breve?”
Antes que Firestar pudesse responder, Scratch ergueu os olhos. “Vamos ficar
parados aqui? Quero estar de volta ao desfiladeiro antes que a névoa se
dissipe. Nunca tive nada a ver com Duas Pernas e não pretendo começar
agora.”
“Boa ideia,” Firestar miou. Os ninhos de Duas Pernas já se destacavam

mais claramente contra o céu do amanhecer, e ele podia ouvir um monstro
acordando ao longe.
“Traga sua presa e vamos.”
Enquanto ele avançava pelo matagal, com as mandíbulas cheias de

presas frescas e os ouvidos atentos a qualquer som de perigo, o otimismo tomou
conta dele. Ele estava liderando uma patrulha, levando a presa de
volta para um acampamento. Pela primeira vez desde que deixou a floresta,
ele se sentiu como se realmente fizesse parte de um Clã.
***
Quando retornaram à caverna dos guerreiros, o sol já havia dissipado a

maior parte da névoa. Embora as folhas começassem a amarelar, o desfiladeiro
ainda estava banhado pelo calor das folhas verdes.
A tempestade de areia estava subindo a trilha do desfiladeiro. Seus olhos

verdes brilhavam de aborrecimento e a ponta da cauda balançava.
"Qual é o problema?" — Firestar perguntou, colocando sua caça fresca

na entrada da caverna.
Sandstorm acenou com seu rabo, então ele deu alguns passos no caminho
para encontrá-la, longe de Scratch e dos gatinhos.
“É Clover,” ela murmurou quando ele estava perto o suficiente para ouvir.
“Tenho tentado ensinar a ela algumas habilidades de luta. Ela é uma gata forte e
saudável – ela não deveria ter nenhum problema – mas posso fazê-la ver por que
ela precisa aprender? 'Oh, você e Firestar são lutadores tão bons que sei que você
cuidará de todos nós.'”
Tempestade de areia soltou um suspiro. “Ela está interessada o suficiente para se
juntar ao SkyClan, mas apenas para proteção. Ela não está interessada no
código do guerreiro ou no que ela pode fazer por outros gatos.”
Estrela de Fogo estreitou os olhos. “Isso pode ser difícil para ela aprender
agora”, ele miou. “É natural para uma rainha colocar a segurança de seus filhotes
em primeiro lugar. E ela deve estar muito cansada, criando aqueles três jovens
animados.”
“Mas pelo menos ela poderia tentar”, apontou Sandstorm. Ela olhou para o
desfiladeiro onde Clover estava se aquecendo em uma pedra ao lado da piscina,
com seus filhotes brincando ao seu redor.
“Bounce, Rock e Tiny estavam tentando copiar o que eu estava
mostrando a mãe. Honestamente, acho que eles aprenderam mais do

que ela!”
Firestar pressionou o focinho contra o dela. “Vai dar certo.

Ela não poderia ter um professor melhor.”
Sandstorm lançou-lhe um olhar de soslaio e pareceu

relaxar. “Vamos descer até o rio”, ela miou. “Minhas patas precisam de
banho.”
As patas de Estrela de Fogo também estavam doloridas e,

enquanto seguia Tempestade de Areia pela trilha pedregosa, ansiava
por sentir a terra fria e úmida da floresta sob suas patas. Algumas
distâncias rio acima, ele ouviu os guinchos excitados da ninhada de Clover.
“Você sabe, esses kits estão quase prontos para serem aprendizes”, ele
comentou enquanto estavam na parte rasa.
“Eles devem ter quase seis luas”, concordou Tempestade de Areia,

piscando contra o brilho ofuscante do sol na água. “Mas não podemos torná-
los aprendizes até encontrarmos mais alguns mentores.”
“Vou perguntar a Scratch e Clover se eles sabem de mais gatos,”

Estrela de Fogo miou.
Ele parou ao ouvir vozes chamando seu nome de algum lugar lá em

cima. Cherry e Boris estavam avançando pela face da rocha, saltando
graciosamente por trechos íngremes de rocha onde Firestar e Sandstorm
tiveram que escolher seu caminho com mais cautela.
"Estrela de Fogo!" Cherry ofegou quando saltou para o chão e disparou

ao longo da margem em direção a ele. “Tivemos uma ideia!”
“Você quer dizer que eu tive uma ideia”, Boris miou, saltando para ficar
ao lado da irmã.
Cherry tentou empurrá-lo para dentro da água, mas Boris

se abaixou e passou uma pata na orelha. Cereja

atacou-o, e os dois gatinhos lutaram bem na beira do rio.
“Quando você terminar”, interrompeu Sandstorm, “talvez você nos

diga qual é a sua ideia”.
Os dois gatos jovens se endireitaram, parecendo envergonhados.

“Acho que aprendizes não fazem isso,” Cherry murmurou.
Aprendizes fazem isso o tempo todo, pensou Firestar. “Estou ouvindo”, ele miou.
“Achei que você deveria ter uma reunião”, explicou Boris, com o
pelo arrepiado de entusiasmo. “Podemos avisar todos os gatos que
moram perto daqui para virem, para que você possa contar a eles
sobre o novo Clã.”
“Mas não conhecemos nenhum outro gato”, apontou Firestar.
“Não, espere,” Sandstorm miou, antes que Boris pudesse

responder. "Eu acho que é uma boa ideia. Afinal, procuramos gatos que
possam viver juntos e cooperar entre si, por isso, se comparecerem a
uma reunião, já terão passado no primeiro teste.”
“Eu não tinha pensado nisso.” Estrela de Fogo saiu do rio, sacudiu
cada pata e sentou-se numa pedra aquecida pelo sol.
“Certo, vá em frente. Onde encontramos esses gatos?”
“Nós os encontramos.” Os olhos verdes de Cherry brilharam.

“Podemos passar a mensagem para todos os outros gatinhos. Iremos
agora, se você quiser.
“Todos estarão lá fora num dia como este”, acrescentou Boris.
Firestar trocou um olhar com Sandstorm. “Tudo bem”, ele decidiu.

“Vamos tentar, mas se esperamos que esses gatos
venha a uma reunião que eles merecem para ver quem estará falando
com eles. Eu vou contigo."
Estrela de Fogo espiou através de uma cortina de folhas farfalhantes

para o jardim Duas-Pernas. Ele não conseguia ver muita coisa, exceto
um trecho de grama e alguns arbustos de flores brilhantes de Duas
Pernas, mas havia um forte cheiro de gato.
Cherry e Boris estavam agachados no galho abaixo dele.

“Ei, Óscar!” Cherry ligou. "Venha aqui em cima! Nós queremos falar com
você."
Um momento depois, Firestar avistou um gato preto musculoso

correndo pela grama. Ele se lançou na árvore com um salto
magnífico. Sangue do SkyClan, Firestar pensou enquanto o recém-chegado
se equilibrava no galho ao lado de Boris e Cherry.
"O que está acontecendo?" ele perguntou. Seus bigodes se contraíram quando
ele olhou para Estrela de Fogo. "Quem é ele?"
Estrela de Fogo respirou fundo. “Meu nome é Firestar,” ele

miou, decidindo não confundir o gato preto com detalhes sobre a
floresta e o ThunderClan. Isso não era importante agora. “Você já
ouviu falar do SkyClan? Os gatos que viviam no desfiladeiro à beira do rio?
Oscar balançou o rabo. "Não. Nunca ouvi falar deles."
Cherry e Boris trocaram um olhar; Cherry abriu a boca para

responder, mas Firestar a silenciou com um movimento de orelhas.
“Mas eles ouviram falar de você”, continuou Firestar, “e há coisas

que você precisa saber sobre eles. Faremos uma reunião amanhã à noite
no desfiladeiro, perto das rochas
onde o rio deságua. Você virá?"
Os olhos de Oscar se estreitaram em fendas verdes brilhantes. Ele ergueu

uma pata e deslizou as garras, contemplando-as com frieza.
"Poder. Talvez não.
Firestar conteve sua frustração. Ele achava que Oscar era um pouco
exibicionista, mas ao mesmo tempo era um gato forte que seria um membro útil
do Clã. “Veja, estou tentando reconstruir o SkyClan e estou procurando por qualquer
gato que possa estar interessado em ingressar.”
Oscar esticou os maxilares em um bocejo. “Por que eu iria querer fazer isso?”
Sem esperar resposta, ele pulou da árvore e desapareceu.
“Venha de qualquer maneira! Veja o que você pensa! Estrela de Fogo gritou
atrás dele.
O pelo do pescoço de Cherry se arrepiou. “Devíamos ter pensado melhor antes

de perguntar a ele!” ela miou. “Ele é um verdadeiro pé no saco.”
“Não importa”, respondeu Firestar. “Temos que perguntar ao maior número de

gatos que pudermos.”
“Vamos em frente, então.” Boris saltou impacientemente sobre as patas.

“Acho que deveríamos falar com Hutch a seguir.”
"Sim, vamos." Os olhos de Cherry brilharam e ela passou a língua pelos

bigodes. “Seus Duas-Pernas lhe dão creme!”
Os dois gatinhos conduziram Estrela de Fogo ao longo da cerca do jardim de

Oscar até um beco estreito. O pelo de Estrela de Fogo se arrepiou quando ele se
lembrou de ter se perdido no outro Lugar das Duas Pernas enquanto procurava por
Tempestade de Areia, mas seus dois guias trotaram à frente com confiança.
Antes de terem ido longe, outro gato apareceu na esquina e parou com a
pele eriçada, depois relaxou enquanto
Boris e Cherry se aproximaram.
"Oi, Bella," Cherry a cumprimentou. “Venha conhecer nosso novo amigo.”
Firestar caminhou até Bella, uma linda gata malhada e branca com olhos
âmbar calorosos. Ele se lembrou de sua irmã Princesa, que morava no
Lugar das Duas Pernas que margeava a floresta.
Esta gata não parecia ter ascendência do SkyClan; ela não tinha as
mesmas ancas poderosas de Boris e Cherry, e quando levantou a pata para
limpar um pedaço de poeira no nariz, suas almofadas eram macias e rosadas.
"Olá." Bella baixou a cabeça educadamente. “Você é novo por aqui.

Onde moram seus moradores?
“Firestar não tem gente em casa,” Boris informou a ela.

“Ele é um gato do Clã.”
Os olhos de Bella se arregalaram de curiosidade, mudando para admiração

enquanto Estrela de Fogo contava brevemente sua história.
“Você virá para a reunião, não é?” Cherry perguntou quando

ele terminou. “Vai ser ótimo viver em um Clã! Vou te mostrar como pegar
ratos.”
Bella balançou a cabeça. “Eu não poderia fazer isso. Eu sentiria muita falta
dos meus familiares, e eles sentiriam minha falta.”
“Mas...” Boris começou.
“Não,” Bella repetiu com mais firmeza. “Outra noite, fiquei trancado no
galpão do vizinho e, quando voltei, os filhotes da minha casa estavam chorando.
Não suporto pensar neles chateados daquele jeito novamente.”
Ela pressionou o focinho carinhosamente contra o de Cherry. “Mas espero que
você goste de viver neste novo Clã, se é isso que você quer.”
"Obrigado, Bella." Cherry parecia estranhamente séria. “Iremos visitá-lo

de vez em quando; Eu prometo." Ela observou enquanto a gata trotava
pelo beco. “Vou sentir falta dela”, ela murmurou. “Ela é uma boa amiga.”
Boris deu uma lambida rápida na orelha dela. "Vamos; vamos encontrar
Hutch.
No outro extremo do beco, Cherry e Boris pararam ao lado de outra

cerca. Uma das tiras de madeira estava quebrada na parte inferior, deixando
um espaço largo o suficiente para um gato se espremer.
“Temos que ter cuidado”, alertou Boris. “Os Duas-Pernas de Hutch também
têm um cachorro. Deveria estar calado, mas mantenha os olhos abertos.”
Cherry já havia aberto caminho pela abertura.

Estrela de Fogo seguiu com cautela, enquanto Boris vinha na retaguarda.
Do outro lado da cerca, Estrela de Fogo se viu em meio a um matagal de

cheiro forte. Além dele, um trecho de grama levava a um caminho feito de
pedrinhas pontiagudas que circundava o ninho de Duas Pernas.
“Ei, Hutch!” Boris gritou. "Você está aí?"
Estrela de Fogo enrijeceu quando uma onda de latidos veio do ninho, mas
nenhum cachorro apareceu. Em vez disso, uma pequena porta se abriu na
grande porta de duas pernas e um gato malhado escuro colocou a cabeça para fora.
Ao avistar Cherry e Boris, ele deslizou pelo resto do caminho, atravessou
o caminho pedregoso sem vacilar e correu pela grama para encontrá-los na
sombra dos arbustos. Ele não era tão forte quanto Oscar, mas parecia forte,
e Estrela de Fogo notou quando ele cruzou o caminho que ele
tinha as almofadas rígidas que eram uma marca do SkyClan. Ele cheirava
fortemente a comida de gatinho.
“Oi,” ele miou com um movimento amigável de orelhas para Firestar.
“Meu nome é Hutch; o que é seu?"
Mais uma vez Firestar se apresentou e contou a história do SkyClan. “Os

gatos do SkyClan podiam viver no desfiladeiro porque tinham patas
traseiras fortes para pular e almofadas duras para caminhar sobre as rochas. Assim
como Cherry e Boris.” Ele sentiu uma onda de alívio quando Hutch levantou uma
das patas para examinar suas almofadas. “Estamos realizando uma reunião
para conversar sobre isso.”
Hutch pareceu intrigado. “Ouvi falar de gatos que vivem selvagens no

desfiladeiro”, disse ele à Firestar. “Minha mãe me contava, mas eu achava que
eram apenas histórias para kits.”
“Não, é tudo verdade”, Boris miou, e Cherry acrescentou com entusiasmo: “Seremos
aprendizes do SkyClan!”
“Então você virá para a reunião?” — perguntou Estrela de Fogo.
“Amanhã à noite, no desfiladeiro onde o rio corre.”
“Claro”, respondeu Hutch.
Estrela de Fogo baixou a cabeça. “Então nos vemos lá.”
Hutch sacudiu o rabo em despedida e virou-se para ir embora, depois

olhou para trás. "Está com fome?"
As orelhas de Cherry se ergueram. "Creme?" ela miou esperançosamente,
passando a língua em torno de suas mandíbulas.
“Uma tigela inteira.”
“Espere aí,” Firestar miou, antes que Cherry ou Boris pudessem se mover. “Você
pode ser um aprendiz do SkyClan ou pode entrar em ninhos de Duas Pernas e
comer creme. Não ambos.
“Mas ainda não somos aprendizes”, retrucou Cherry atrevidamente.
Parte de Estrela de Fogo achou graça, mas ele sabia que se desse sua
permissão agora, os dois jovens gatinhos poderiam nunca realmente
apreciar o que significava ingressar em um Clã. Se eles não estavam prontos
para abrir mão do conforto dos Duas Pernas, não estavam prontos para viver
a vida de um guerreiro.
“SkyClan ou creme”, ele miou. "Você escolhe."
Cherry e Boris trocaram um olhar e Cherry soltou um suspiro desapontado.
“Tem que ser SkyClan”, ela respondeu.
“De qualquer forma, comida fresca tem um gosto melhor”, Boris miou.
"Vamos; temos muito mais gatos para ver.”
Eles mergulharam de volta nos arbustos em direção à cerca.

Estrela de Fogo esperou para se despedir de Hutch e viu sua própria
diversão refletida nos olhos escuros do gato malhado. De repente, ele se
sentiu encorajado. Este era um gato com quem ele poderia trabalhar.
Cherry e Boris lideraram o caminho de volta para o beco e

dobraram uma esquina até a beira de um pequeno Thunderpath. Estrela de
Fogo parou perto da cerca, o pelo do pescoço eriçado com o fedor dos monstros.
Um deles estava agachado a alguns metros de distância, mas parecia
estar dormindo.
“Está tudo bem”, Boris miou, andando despreocupadamente até a beira

do Caminho do Trovão. “É muito tranquilo a esta hora do dia.”
Cherry saltou para se juntar a ele; Firestar admitiu para si mesmo que ficou
impressionado. Esses dois gatinhos tinham muito que aprender
sobre a vida do Clã e o código do guerreiro, mas aqui eles estavam
confiantes e focados, e pareciam conhecer cada passo do Lugar das Duas
Pernas.
Tentando não demonstrar seu desconforto, ele caminhou para se juntar a eles,
olhando para ambos os lados ao longo do Caminho do Trovão. Nenhum monstro
estava à vista e ele não conseguia ouvir nenhum se aproximando.
"Vamos!" Cherry insistiu.
Estrela de Fogo sinalizou com o rabo, embora não tivesse certeza se os

dois jovens gatos estavam esperando sua ordem. "OK, vamos lá."
Todos os três gatos correram; Cherry e Boris subiram na cerca mais próxima
e se equilibraram no topo, esperando por Firestar.
“Podemos passar por esta cerca”, explicou Boris. “Passaremos por dois ou três
jardins onde vivem gatos. Cuidado com o próximo, no entanto. Os Duas-Pernas
aqui têm um cachorro.”
“Pequeno bruto barulhento.” Cherry fungou. “Provavelmente vai sair, latindo

loucamente.”
Ela estava certa. Assim que Boris colocou a pata na próxima seção da cerca,
um cachorrinho branco saiu correndo do ninho de Duas Pernas, latindo furiosamente.
Ele saltou na cerca e Estrela de Fogo cravou as garras com força na
madeira enquanto tremia.
“Vá embora, pele de pulga,” Cherry cuspiu. “Vá babar nos seus Duas Pernas.
Não se preocupe”, ela acrescentou gentilmente para Firestar. “O idiota não
consegue escalar.”
Estrela de Fogo se sentiu como se fosse o aprendiz e os dois gatinhos fossem

seus mentores. “Estou bem com cachorros, obrigado”, ele miou.
O cachorro continuou latindo enquanto os três gatos continuavam ao longo do

topo da cerca. Estrela de Fogo escondeu seu alívio quando o barulho
desapareceu atrás deles.
Por fim, Boris fez uma pausa e olhou para uma imagem maior.
jardim do que a maioria deles, com uma ampla extensão de grama

lisa cercada por massas de flores brilhantes. Firestar sentiu um forte
cheiro de gato.
Cherry ergueu o rabo para apontar. "Lá."
Ela estava apontando para uma coisa de madeira com Duas Pernas
parada na beira da grama, em frente às flores. Em cima dela havia
uma pilha disforme de pêlo creme e marrom.
Cherry pulou da cerca, pousando em um ramo de flores; Estrela

de Fogo e Boris seguiram e contornaram a borda da flor até chegarem
à coisa de madeira de Duas Pernas.
Duas cabeças idênticas surgiram da pilha de pelos. As orelhas de

Firestar se aguçaram de curiosidade. Ele nunca tinha visto gatos assim
antes. Seus corpos esbeltos eram de cor creme, mas suas pernas,
caudas, orelhas e focinhos eram marrons, e eles tinham os olhos
azuis mais brilhantes que ele já tinha visto.
Um deles soltou um uivo estranho e agudo. "Oi,

Cereja. Olá, Bóris.”
"O que você quer?" — perguntou o outro, com a mesma voz

estranha.
“Trouxemos Firestar para conhecê-lo”, Boris miou.

“Esta é Rose e esta é Lily”, acrescentou ele a Estrela de Fogo,
sacudindo o rabo para cada gato.
“Saudações”, começou Firestar. Ele se sentiu estranhamente

hesitante; esses gatos não poderiam ser descendentes do SkyClan.
“Vim contar a vocês sobre os gatos que viviam no desfiladeiro. . . .”
Os dois gatos ouviam-no em silêncio, os olhos vívidos fixos nele

de forma desconcertante. Quando ele terminou, eles
viraram o mesmo olhar intenso um para o outro.
"O que você acha daquilo?" Rosa perguntou.
"Incrível!" Lílian respondeu.
“Você virá para a reunião, não é?” Cherry os incentivou. “Vai ser realmente
ótimo!”
“O quê, nós?” Os olhos de Rose se arregalaram. “Você está brincando,

é claro.”
“Nós vivemos em uma caverna? Sem cobertor quente? Lily acrescentou.

“Sem frango com creme?”
“Para perseguir ratos e matá-los?” A língua de Rose roçou delicadamente uma

pata marrom. “Que vulgar!”
Movendo-se como um só, os dois gatos apoiaram novamente a

cabeça nas patas e fecharam os olhos.
Cherry trocou um olhar com Boris, que deu de ombros. “Desculpe,”

ela miou para Firestar. "Valeu a tentativa."
“Não se preocupe”, Firestar disse a ele. Ele não conseguia imaginar

esses gatos algum dia se adaptando à vida de um Clã, mas caso ainda
estivessem ouvindo, ele manteve seus pensamentos para si mesmo.
Pulando de volta para a cerca, ele se assustou ao ver que o sol estava
começando a se pôr. Eles haviam passado a maior parte do dia no Lugar
das Duas Pernas e agora ele estava faminto. No mesmo momento, ele
ouviu um uivo distante vindo de um Duas-Pernas, a vários jardins de
distância.
“Esse é um dos nossos moradores”, Boris disse a ele. “É melhor irmos.”

Infelizmente, ele acrescentou: “Sentiremos falta deles, você sabe”.
“Isso não está errado, está?” Cherry perguntou ansiosamente.
“Não”, respondeu Firestar, lembrando-se de suas próprias dores de

saudade de casa. “Não está errado. Mas você tem que escolher.”
“Nós escolhemos”, Boris miou com determinação, enquanto

Cherry balançava o rabo e acrescentava: “Vamos, Estrela de Fogo!
Mostraremos a você a melhor maneira de sair daqui.”
Caminhando sozinho pelo matagal, Estrela de Fogo avistou

movimento debaixo de um espinheiro. Cautelosamente ele se
aproximou e reconheceu o malandro marrom que havia
assustou o pardal quando ele chegou ao desfiladeiro.
O gato estava agachado sobre um pedaço de caça recém-morto e olhou para cima com
desconfiança quando Estrela de Fogo se aproximou.
"Oi." Firestar tentou parecer amigável. “Você já ouviu falar sobre

o clã de gatos que morava no desfiladeiro?”
O malandro marrom deu um grunhido evasivo e continuou comendo.

Firestar não tinha certeza se estava ouvindo enquanto lhe contava
sobre o SkyClan e a reunião planejada para a noite seguinte.
"O que você acha?" ele perguntou. "Você virá?"
O ladino engoliu o último gole de caça fresca e limpou o focinho

com uma pata. “Estou bem sozinho.” Seus olhos se estreitaram. “E eu
não quero que você me dê ordens.”
“Não é assim...” Firestar protestou, mas o ladino saiu sem deixá-

lo explicar. A culpa corroeu Estrela de Fogo enquanto ele voltava
para o desfiladeiro. Talvez se ele não tivesse sido tão hostil quando se
conheceram, ele poderia ter persuadido o ladino marrom a dar uma
chance ao SkyClan.
Encontrando a trilha que descia pela face do penhasco, ele

caminhou cansado ao longo dela até a caverna dos guerreiros. Gritos fracos
de excitação subiam do fundo do desfiladeiro; Estrela de fogo espiou
desceu para avistar os três kits de Sandstorm e Clover batendo em algo

na beira da água. O calor inundou-o quando viu o quão feliz e relaxada
sua companheira parecia enquanto brincava com os filhotes, mais feliz do
que estava desde que deixaram a floresta.
“Olá, Estrela de Fogo.” A voz de Scratch interrompeu seus pensamentos.

“Sandstorm diz que você está organizando uma reunião para contar a mais gatos
sobre o novo Clã. Eu poderia levá-lo a outros bandidos, se quiser. Eles
provavelmente virão se eu pedir.”
Firestar estava feliz que Scratch estava se tornando mais comprometido

com o SkyClan, mas não tinha certeza se gostava da fria suposição de
autoridade do gato malhado sobre os outros ladrões. Ainda assim, se eles o
respeitassem, isso tornaria a tarefa da Firestar mais fácil em geral.
“Ok, obrigado”, ele miou.
"Vamos então." Scratch emergiu da toca dos guerreiros e seguiu pela trilha.
E agora? Firestar lamentou interiormente. Não comi o dia todo!
Suspirando, ele seguiu Scratch pela encosta do penhasco e o

alcançou enquanto ele falava com Sandstorm. “Vou apresentar Estrela de
Fogo a alguns bandidos”, ele estava dizendo a ela.
"Ótimo." Sandstorm abaixou a cabeça quando Rock saltou de costas. "Sair!"

ela miou, rolando e avançando suavemente sobre ele com uma pata, as garras
embainhadas. Rock apenas guinchou feliz, e Sandstorm desapareceu
sob um
monte de pelos enquanto Bounce e Tiny pularam nela também.
“Você está obviamente ocupado,” Firestar murmurou, divertido. "Vejo você

mais tarde."
Scratch e Firestar caminharam lado a lado pelo esporão rochoso até as árvores
e a vegetação rasteira rio abaixo. Estrela de Fogo não visitava esta parte do
território desde seu encontro com Cherry e Boris, e sua pele arrepiou-se com
a lembrança de ter sido observado. Então ele parou, seu coração começando
a bater forte. Isto não era apenas memória! As mesmas sensações
derramou-se sobre ele, e o medo gelado escorreu através dele das orelhas até a
ponta da cauda.
"Qual é o problema?" Scratch, um pouco à frente, olhou por cima do ombro.
"Nada." A voz de Estrela de Fogo tremeu e ele a forçou a ficar firme. “Só
pensei que poderíamos parar e caçar. Não senti o cheiro de um rato desde esta
manhã.
"OK." Scratch refez seus passos e ficou saboreando o ar.
“Você sente cheiro de alguma . . chance?" — perguntou Estrela de Fogo. Ele tinha
coisa?” captou o mesmo cheiro de presa de antes, mascarado pelo aroma acentuado
de folhas esmagadas.
Scratch fez uma pausa, inspirou mais ar e encolheu os ombros. "Presa.

Grama e folhas. Por que?"
"Nada." Estrela de Fogo queria que Scratch o respeitasse, e não pensasse

que ele era um covarde procurando perigo debaixo de cada arbusto.
“Vamos caçar.”
Scratch foi para os arbustos e Estrela de Fogo seguiu em outra direção.

Enquanto tentava encontrar uma presa, seus sentidos permaneciam alertas
para qualquer criatura hostil que o observasse.
Tem algo a ver com o motivo pelo qual o SkyClan deixou o desfiladeiro? ele se perguntou.
Sky estava relutante em responder a qualquer pergunta, mas Firestar
tinha certeza de que o velho gato sabia mais do que contava. Terei que
interrogá-lo novamente, decidiu. O futuro do novo Clã poderia estar em
risco se Sky insistisse em manter segredos sobre possíveis perigos.
Estrela de Fogo estava nas sombras sob um espinheiro, olhando

para um espaço livre no meio da vegetação rasteira.
Nada se mexeu entre as samambaias e a grama.
"Quem é você?" ele sussurrou. "O que você quer?"
Não houve resposta, apenas um ódio cruel lançado contra ele com
tanta força que quase o derrubou. No crepúsculo, ele pensou poder
distinguir olhos escuros e brilhantes. Sua pele rastejou.
Um farfalhar num arbusto próximo o fez pular, mas era apenas um

rato correndo para o espaço aberto. Estrela de Fogo saltou atrás dele
e quebrou seu pescoço. Ao pegá-lo, o cheiro mascarou todo o resto, e
a sensação de uma presença hostil ao seu redor desapareceu um
pouco. Mesmo assim, ele abriu caminho até a beira do matagal e saiu
para o campo aberto perto do rio antes de se agachar para comer sua
caça fresca.
Scratch estava sentado um pouco mais adiante rio abaixo, limpando

o rosto e os bigodes. "Você está pronto?" ele perguntou, passando a
pata sobre uma orelha. “Estará escuro em breve.”
Estrela de Fogo engoliu o resto do rato. "Ok, siga em frente."
O malandro malhado saltou ao longo do rio até chegar à

árvore caída que Sky havia usado para cruzar alguns dias antes.
Conduzindo Estrela de Fogo até a margem oposta, Scratch começou
a subir outra trilha que subia até a face do penhasco no lado oposto.
Estrela de Fogo ofegou atrás dele, desejando que ele tivesse o poder do ladino.
quadris poderosos. Scratch era um verdadeiro gato do SkyClan!
Estrela de Fogo nunca havia escalado o penhasco deste lado do rio antes. No
topo havia uma grande extensão de grama que dava lugar à vegetação rasteira e
depois às árvores. Seu ânimo melhorou enquanto ele caminhava com Scratch
por baixo dos galhos. Este era mais parecido com o seu território na floresta.
“Quando definirmos as fronteiras, teremos que tornar esta parte do território

do SkyClan.” Estrela de Fogo fungou apreciativamente. “Há muitas presas.
Musgo também — acrescentou ele, apontando as orelhas para as grossas
almofadas que cresciam nas raízes retorcidas de um carvalho.
Scratch lançou-lhe um olhar de soslaio. “Então é melhor você convencer os

bandidos que já moram aqui.”
Firestar percebeu que ele tinha razão. Ele não queria começar o novo Clã
expulsando outros gatos das tocas que ocupavam há luas.
Scratch abriu caminho entre as árvores até chegarem a um tronco oco no meio
de uma grama exuberante no meio de uma clareira. Uma forma pálida e borrada
era visível na boca do tronco da árvore. À medida que Estrela de Fogo se
aproximava, ele reconheceu a gata malhada creme e marrom que surpreendera
no matagal próximo ao Lugar das Duas Pernas.
"Arranhar?" Suas orelhas se contraíram com cautela quando os dois machos

se aproximaram. “Quem é esse com você?”
“Oi,” Firestar miou, um pouco envergonhada, quando Scratch o apresentou. “Nos

conhecemos outro dia. . . .”
A gata emergiu da extremidade do tronco; seu olhar âmbar viajou sobre ele
com firmeza. “Eu me lembro de você,” ela murmurou.
"Desculpe; Eu não queria brigar com você daquele jeito. Você
me deu um susto, praticamente pulando em cima de mim.”
Estrela de Fogo baixou a cabeça. "A culpa foi minha."
“Meu nome é Folha”, continuou a gata, acomodando-se na grama alta e

balançando o rabo para convidar Estrela de Fogo a fazer o mesmo. "O
que posso fazer para você?"
Estrela de Fogo se agachou ao lado dela, enfiando as patas embaixo

dele, enquanto Scratch avançava até o topo do tronco e olhava para as
árvores. Estrela de Fogo se perguntou se ele estava vigiando, embora a
sensação hostil tivesse desaparecido assim que cruzaram o rio, e agora ele
não tinha consciência de nada além dos aromas e sons comuns de uma
floresta ao anoitecer.
“Você conhece o lugar no desfiladeiro onde o rio deságua?” ele

começou.
Leaf ouviu em silêncio a história de como o SkyClan foi forçado a

fugir da floresta. "Por que você está me contando?" ela perguntou quando
ele terminou.
“O antigo líder do SkyClan apareceu para mim em sonhos,”

Estrela de Fogo explicou. “Ele me enviou para reconstruir o Clã e estou
procurando gatos que queiram se juntar.”
Leaf pareceu assustada e por vários segundos ela não respondeu,

com o olhar fixo nas sombras entre as árvores. "Não sei . . .” ela miou
eventualmente. “Gosto daqui e estou bem sozinho. Scratch, você vai entrar?
Scratch caminhou até o fim do baú para poder olhar para ela. "Estou
pensando sobre isso. Gatos vivendo juntos poderiam proteger uns aos
outros.”
Folha assentiu. "Isso é verdade. Viver sozinho é especialmente difícil

para gatos e filhotes velhos. Você se lembra do Scree? ela perguntou a Scratch.
“O velho malandro que vivia perto do salgueiro morto?”
"Isso mesmo." A tristeza brotou nos olhos de Leaf. “Eu o encontrei tentando lutar contra
uma raposa. Ele virou as costas quando me viu, mas Scree estava gravemente ferido.
Fiquei com ele naquela noite e tentei ajudá-lo, mas ele morreu antes do amanhecer.”
Ela voltou um olhar intenso para Firestar. “Isso não aconteceria em um Clã, não é?”
“Pode ser”, respondeu Firestar honestamente. “Mas a maioria dos gatos do

Clã não precisa lutar sozinho e, se estiverem feridos, temos um gato medicinal para
cuidar deles.”
Leaf deu algumas lambidas pensativas no pelo do peito dela.
“Teremos uma reunião amanhã à noite,” Firestar disse a ela. “Por que você
não vem e descobre mais?”
“Tudo bem”, ela miou. “Eu irei para a reunião. Mas não estou prometendo mais
nada.”
“Eu não esperaria que você fizesse isso,” Firestar assegurou a ela.
Ele olhou para trás enquanto Scratch o conduzia mais para dentro da floresta.
Ele esperava ferozmente que Leaf decidisse se juntar ao SkyClan.
Ela já parecia estar ciente de como um Clã poderia cuidar de seus membros mais
fracos. Qualquer clã ficaria feliz em tê-la.
Scratch o conduziu por um caminho estreito que serpenteava entre touceiras

arqueadas de samambaias, as folhas grossas bloqueando o que restava da luz do
dia. Estrela de Fogo sentiu um forte cheiro de gato antes de ver qualquer coisa; não
muito depois, um silvo mal-humorado saiu da escuridão.
Logo à frente de Firestar, Scratch miou: “Oi, Tangle”.
“Esta é a minha casa”, uma voz estalou. Espiando por cima do ombro de Scratch,
Estrela de Fogo avistou um grande gato com pêlo malhado e esfarrapado, agachado
entre as raízes de uma árvore. Seu pelo estava eriçado
e seus olhos âmbar brilharam como se ele estivesse prestes a saltar sobre
eles. "Vá embora!"
Contornando Scratch, Firestar baixou a cabeça em saudação. “Meu

nome é Estrela de Fogo. Estou realizando uma reunião para todos os gatos
que...
“Não gosto de reuniões”, disse Tangle com a voz rouca. “Não gosto muito
de outros gatos. Agora vá embora, a menos que queira uma pele com garras.
Scratch tocou o ombro de Firestar. “Ele está falando sério.

É melhor irmos.
“Amanhã à noite no desfiladeiro, se você mudar de ideia,”

Firestar miou rapidamente.
Tangle desembainhou suas garras. Scratch deu uma cabeçada em Firestar

na lateral com um ombro e murmurou: “Mova-se!” Para Tangle, ele acrescentou:
“Estamos indo. Vejo você por aí algum dia.
“Não se eu te ver primeiro,” Tangle sibilou, enquanto Firestar e Scratch

recuavam para as samambaias.
“Ele não é muito amigável, não é?” Firestar comentou quando eles estavam
fora do alcance da voz.
Scratch encolheu os ombros. “Ele nunca foi. Achei melhor perguntarmos a ele,
mas não estou surpreso que ele não tenha ouvido.
Chegaram a um riacho estreito que refletia o pálido céu noturno enquanto

serpenteava por entre moitas de grama e hortelã.
Scratch saltou e seguiu rio acima até chegar a um lugar onde a margem pendia
sobre uma estreita faixa de seixos.
Mais uma vez, Firestar sentiu um forte cheiro de gato.
Scratch parou. “Patch, você está aí?” ele miou.
Uma cabeça preta e branca apareceu debaixo da saliência.

“Scratch, é você?”
Sua voz era cautelosa, mas para alívio de Estrela de Fogo ele não
parecia tão hostil quanto Emaranhado.
“Trouxe outro gato para ver você”, respondeu Scratch.

“Viemos falar sobre os gatos que viviam no desfiladeiro.”
“Ah, eles!” Patch saiu de sua toca e parou na faixa de pedras,

olhando para cima. “Eu sei sobre eles. Espero que você não tenha trazido
aquele velho maluco que está sempre falando sobre eles.
"Não, ele me trouxe." Firestar deu um passo à frente e olhou nos olhos
verdes brilhantes de Patch. “E Sky não está brava, longe disso. Ele
manteve viva a memória do Clã por muitas temporadas.” Mais uma vez
ele explicou o que estava tentando fazer.
“SkyClan pode ser ótimo novamente”, finalizou. “Estamos procurando
gatos fortes para nos juntarmos, e Scratch achou que você poderia
estar interessado.”
“Às vezes é um pouco solitário aqui,” Patch admitiu, balançando a

ponta do rabo. “Eu poderia ir à sua reunião, suponho, e dar uma olhada
nos outros gatos que possam estar participando.”
“Obrigado,” Firestar miou. "Voce sera bem vindo."
Depois de se despedirem de Patch, eles voltaram em direção ao rio.

A essa altura já estava quase completamente escuro; pouca luz das estrelas
penetrava na espessa copa de folhas. Scratch verificou a abertura
de um carvalho oco, mas estava vazio e o cheiro de gato que pairava em
volta dele era rançoso.
“Esse é o covil de Rainfur,” ele comentou. “Parece que ele não aparece
há alguns dias.”
Estrela de Fogo sentiu-se exausta quando chegaram de volta ao desfiladeiro.

Mas se apenas alguns dos gatos que viram hoje decidissem se juntar, eles
teriam o início de um Clã. Mas apenas o começo, disse a si mesmo. Havia
muito trabalho a ser feito antes que o SkyClan realmente vivesse novamente.
Eles estavam quase chegando ao caminho que descia o penhasco quando

Sky soltou uma exclamação aguda e avançou. Estrela de Fogo o
alcançou e o encontrou conversando com um gato cuja pelagem cinza-clara
estava marcada com manchas mais escuras.
“Este é Rainfur”, disse ele a Firestar. “Procuramos você em sua toca”,

acrescentou ele ao gato cinza.
Rainfur sacudiu as orelhas. “Eu estive rio abaixo. Há algum problema?”
“Não, apenas algumas notícias. Estrela de Fogo, conte a ele o que você contou
aos outros.
Quando Firestar começou sua história novamente, ele percebeu que

Rainfur parecia duvidoso. Ele parecia um gato forte e orgulhoso que precisaria
de um bom motivo antes de desistir de sua independência.
Quando Firestar o convidou para a reunião, ele estava
preparado para recusar.
Ele ficou surpreso quando Rainfur assentiu. “Eu irei”, miou o gato cinza,
“mas não tenho certeza se gosto da ideia. O que acontecerá com os gatos
que moram aqui se não quiserem participar?”
"Nada." Firestar colocou o máximo de convicção que pôde em sua

voz. “Não queremos brigar com nenhum gato.”
Os olhos de Rainfur se estreitaram. “Este é um lugar tranquilo. Eu

não gostaria que nada estragasse tudo.” Abruptamente ele se virou e
mergulhou na vegetação rasteira.
"Vejo você amanhã!" Scratch o chamou.

Estrela de Fogo pensou nas palavras do gato cinza enquanto seguia

Scratch pelo caminho em direção ao rio. Ele queria incluir pelo
menos parte dessa floresta no território do novo Clã, mas não queria
causar problemas aos ladinos que decidiram permanecer como
estavam.
Quando Scratch chegou ao fundo do penhasco, ele se virou em

direção ao tronco caído da árvore, mas Estrela de Fogo ergueu o
rabo para detê-lo e seguiu rio acima, com a intenção de cruzar o rio
pela Pilha de Pedras. Ele ainda se lembrava da força hostil que sentira
na vegetação rasteira, e seu estômago embrulhou ao pensar em
encontrá-la novamente.
O luar inundou o desfiladeiro enquanto Estrela de Fogo e Scratch

cruzavam o rio novamente. Estrela de Fogo saltou da última pedra
para o chão e viu uma forma pálida surgindo da sombra das rochas.
"Tempestade de areia!" exclamou Estrela de Fogo. “Achei que você estaria

dormindo. Está tarde."
Seu companheiro se aproximou e tocou o nariz dele. “Eu

queria ouvir o que aconteceu.”
"Eu vou embora, então." Scratch acenou com o rabo para ambos e
correu para sua caverna.
Lembrando que Clover e seus filhotes estariam dormindo na toca

dos guerreiros, Estrela de Fogo se acomodou em uma pedra à beira
do rio. Sandstorm se agachou ao lado dele, pressionando seu lado
calorosamente contra o dele enquanto ele contava sobre o encontro
com os bandidos.
“Então parece que o SkyClan vai voltar, afinal”, ela miou

baixinho.
“Sim, acho que sim.” Mas, apesar de suas palavras otimistas, o

estômago de Firestar se agitou quando ele pensou na reunião que
estava por vir. Ele estava acostumado a chamar o ThunderClan
de líder, mas não era o líder dos gatos que se reuniriam aqui na noite
seguinte. Eles o ouviriam?
Estou fazendo a coisa certa? Não deveria haver um sinal do StarClan

ou do ancestral guerreiro SkyClan? Onde estavam todos os outros
ancestrais guerreiros do Clã despedaçado?
Ele ficou olhando para o brilho de Silverpelt por um longo tempo,

até que Tempestade de Areia colocou a língua sobre sua orelha e o
instou a voltar para a caverna para dormir.
CAPÍTULO 24
A meia-lua brilhava friamente enquanto Estrela de Fogo descia a trilha pedregosa

até o Pilha de Pedras. Nenhum outro gato estava esperando por ele, e
ele não conseguia distinguir nenhuma forma sombria se aproximando do
penhasco ou ao longo do rio. Apenas Sandstorm estava com ele, parando ao
seu lado ao pé das rochas para olhá-lo com luminosos olhos
verdes.
Estrela de Fogo mudou de pata em pata, inquieta sob a luz da meia-lua.

Esta foi a época em que os gatos medicinais se encontraram para
compartilhar sonhos com o StarClan. De alguma forma, parecia errado
esperar que outros gatos se reunissem; a lua deveria estar cheia. Isso
poderia ser um mau presságio?
Afastando a premonição de desastre, Estrela de Fogo deixou seu

olhar seguir a linha sinuosa do rio, brilhando prateado à luz das estrelas.
Queria saltar para o topo das rochas e gritar as palavras que atraíssem
o seu próprio Clã para uma reunião. Mas o chamado familiar não significaria
nada aqui, e ele não tinha certeza se haveria outros gatos para ouvi-lo.
Suponha que nenhum gato venha à reunião? O que farei então?
"Você ficará bem." Sandstorm tocou seu ombro com a ponta da cauda.
“É difícil quando você não é o líder desses gatos, mas
312
você ainda precisa transformá-los em um Clã.”
“Alguns deles,” Firestar a corrigiu. Mesmo no seu estado mais otimista, ele
não conseguia acreditar que todos os gatos com quem havia conversado
concordariam em se juntar ao novo Clã. A última coisa que ele queria
era forçar qualquer gato; era importante que eles se unissem porque queriam e
estavam dispostos a viver de acordo com o código guerreiro.
Tenho medo de que eles não façam o que eu quero? Não, foi mais do que isso.
Os gatos que se juntaram ao SkyClan teriam que ser determinados o suficiente
para sobreviver depois que ele e Sandstorm retornassem para a floresta. E
eles só teriam sucesso se estivessem comprometidos com o código do guerreiro até
a última garra e bigode.
"Prossiga." Tempestade de areia o empurrou em direção ao Rockpile.

"Está na hora."
Estrela de Fogo encontrou seu olhar brilhante por alguns instantes e

bebeu seu doce perfume. Uma nova força pareceu fluir para dentro dele; ele
saltou para cima e alcançou o topo do Rockpile com alguns saltos
vigorosos. Desse ponto de vista, ele podia ver mais rio abaixo e subindo o
desfiladeiro na outra direção, mas ainda não havia sinal de nenhum gato,
exceto Sandstorm sentado pacientemente ao pé das rochas. A meia-lua flutuava
mais alto no céu.
Onde você está? Firestar pensou desesperadamente.
Então ele avistou um movimento nas sombras perto da face do penhasco. Ele
ouviu o raspar de garras na rocha, e Sky subiu na pedra mais alta para
ficar ao lado dele.
“Saudações”, ele miou. “Vejo que cheguei a tempo para a reunião.”

“Você sabe disso?” Estrela de Fogo perguntou, surpresa.
Sky descartou a pergunta com um movimento de orelhas. Sua pele cinza

era prateada ao luar e seus olhos claros brilhavam.
Firestar se perguntou se Sky tinha maneiras de saber coisas que outros
gatos não conseguiam entender.
“Você quer falar com eles primeiro?” ele sugeriu.

“Você é um descendente do SkyClan; eles vão ouvir você.
"Escute-me? O ladino maluco que fica olhando para a lua? Um

ronronar enferrujado de diversão veio do velho gato.
“Não, você deve falar com eles. Mais do que tudo, eles precisam de um
líder para seguir, e você pode trilhar esse caminho com mais facilidade
do que eu.”
“Mas eu não sou o líder deles. . .” Firestar começou a protestar.
Sky olhou profundamente em seus olhos. “Você pode voltar para o

seu clã em breve”, ele prometeu. “Mas meu clã precisa de você agora.”
Estrela de Fogo inclinou a cabeça. “Vou tentar”, ele sussurrou.
Endireitando-se, ele viu com surpresa que gatos começaram a

aparecer no desfiladeiro. Ele avistou Scratch sentado ao pé das rochas,
meio escondido nas sombras. Clover estava guiando seus filhotes pela
trilha pedregosa e empurrando-os suavemente em direção a um nicho
na própria Pilha de Pedras. Todos os três kits gritavam de excitação.
— Calma — murmurou Clover. “Temos que ouvir Firestar.

Ele vai nos contar algo muito importante.”
Um uivo animado abafou a resposta dos filhotes, e Estrela de Fogo

olhou para cima e viu Cherry e Boris escorregarem pela beira do
penhasco e descerem rapidamente pela trilha até chegarem ao Pilha
de Pedras.
“Onde estão todos eles?” Boris perguntou, olhando ao redor indignado.

“Achei que eles já estariam aqui.”
“Eu disse que deveríamos ter ido buscar Hutch”, Cherry miou. “Ele
provavelmente está enrolado em algum lugar com seu
Duas pernas. O gordo e preguiçoso...
“Quieto”, interrompeu Sandstorm. “Olha, um gato está chegando

agora.”
Estrela de Fogo já havia avistado a forma esbelta se aproximando rio

abaixo: era Lichen, uma gata marrom malhada que ele e Scratch
haviam conhecido no dia anterior na floresta abaixo do desfiladeiro.
Ela parou, claramente nervosa por ver tantos outros gatos esperando, e
sentou-se em uma pedra bem na beira do rio.
Leaf e Rainfur chegaram em seguida, andando lado a lado como

se já se conhecessem; eles avistaram Scratch e foram se juntar a ele
na base do penhasco. Ao mesmo tempo, Estrela de Fogo vislumbrou
movimento mais acima na face rochosa; Hutch estava descendo
cautelosamente para se juntar a Cherry e Boris, e para surpresa de
Estrela de Fogo, Oscar estava logo atrás. O gatinho preto parou em
uma saliência a alguns centímetros do chão e se agachou com as
patas debaixo dele.
Por último veio Patch, subindo o caminho ao lado do rio como se
estivesse com medo de se atrasar; ele deu um aceno cauteloso para
Lichen e sentou-se perto dela, na extremidade da reunião.
A pele de Estrela de Fogo arrepiou-se quando ele sentiu o olhar

de cada gato apontado para ele. Ele trocou um olhar com Sky, que recuou
e deslizou pela borda da pedra, deixando Estrela de Fogo sozinha no
topo da Pilha de Pedras. Ele se endireitou, mantendo a cabeça erguida,
tentando mostrar em cada pelo de sua pele o
orgulho que ele sentia por ser um guerreiro.
“Saudações”, ele começou, “e obrigado a todos vocês por terem vindo.

Ontem contei para vocês sobre o SkyClan, que morava aqui no desfiladeiro.
Eu lhe disse que fui enviado aqui para reconstruir aquele Clã.”
“Vá em frente, então.” Um uivo entediado veio da saliência onde Oscar estava
sentado.
As orelhas de Estrela de Fogo se contraíram; o gato preto veio apenas para atrapalhar
a reunião? Ele ignorou o comentário e continuou.
“Vivendo em um clã, os gatos contam com o apoio de seus companheiros de clã

desde o nascimento até a morte. As mães cuidam de seus filhotes, enquanto os guerreiros
protegem as nutrizes e lhes trazem comida. Quando os kits atingem a idade
de seis luas, eles se tornam aprendizes, com mentores que os ensinam a lutar e a
caçar.”
Gritos entusiasmados vieram de algum lugar mais abaixo na Pilha de Pedras.

“Eu quero ser um aprendiz!”
"Eu também! Nós podemos?"
“Eu quero ser um aprendiz agora!”
"Silêncio." Firestar ouviu a voz de Clover. “Você terá que voltar para a caverna
se não conseguir ouvir Estrela de Fogo em silêncio.”
“Quando os aprendizes estão totalmente treinados”, continuou Firestar, “eles se

tornam guerreiros. Guerreiros são a força de um Clã.
Eles devem estar prontos para defendê-lo contra inimigos como raposas, texugos ou
outros gatos.” Um arrepio passou por ele ao se lembrar da batalha para expulsar
o BloodClan da floresta.
“Eles devem caçar para o Clã e garantir que todos os gatos sejam alimentados.”
“E o que os guerreiros ganham com isso?” Rainfur chamou, levantando-se

sobre as patas.
“Honra e respeito”, respondeu Firestar. “A lealdade dos amigos. A

satisfação de saber que serviram aos seus companheiros de clã.”
Rainfur deu-lhe um aceno brusco e sentou-se novamente.

Firestar não achou que estivesse muito impressionado com sua resposta.
“Quando os guerreiros envelhecem”, continuou ele, “eles se aposentam

e se juntam aos anciões do Clã. Parte das funções dos aprendizes é
cuidar deles, trocar a roupa de cama e trazer-lhes caça fresca. Eles
são honrados porque deram suas vidas a serviço de seu Clã.
“Cada Clã tem um líder e um representante para supervisionar o

treinamento, organizar patrulhas e decidir o que fazer se houver ameaça de perigo.
Os líderes do clã recebem nove vidas do StarClan, para que possam ser os
primeiros em cada batalha e os últimos a matar se o Clã estiver com fome.
Ele percebeu um brilho de interesse nos olhos de Scratch quando ele

mencionou nove vidas e sentiu uma pontada de desconforto.
“E se algum gato estiver doente ou ferido”, continuou ele, “cada clã tem um
gato medicinal para cuidar dele. Os gatos medicinais têm conhecimento especial
sobre ervas curativas e guiam seu clã através dos sonhos enviados
pelo StarClan.
“É a segunda vez que você mencionou StarClan,” Leaf miou.

Ela ouviu atentamente tudo o que Estrela de Fogo disse, com o olhar
brilhante fixo nele. "O que é aquilo?"
Firestar não ficou surpreso com a pergunta, mas fez uma pausa antes
de responder. Ele estava certo ao dizer a esses gatos que os espíritos de seus
ancestrais guerreiros estavam cuidando deles? Ele não tinha certeza
se o StarClan caminhava por esses céus, e ele tinha
vi apenas um ancestral guerreiro SkyClan.
“Você pode ver o StarClan acima de você”, explicou ele, levantando a cauda
para apontar para o brilho de Silverpelt. “Os gatos do clã que morrem vão
caçar com eles – não sei como é para os gatos que não têm clã.”
Um murmúrio incerto surgiu dos gatos abaixo. Ele entendeu por que isso era
difícil para eles; tudo o mais que ele lhes dissera fazia sentido prático,
quer eles aprovassem ou não, mas ele estava pedindo-lhes que confiassem
nisso.
Clover saltou sobre suas patas. “Bem, vou me juntar ao novo Clã”, ela
miou. “Firestar, Sandstorm e Scratch salvaram meus kits de uma raposa.
Eles estarão seguros se fizermos parte de um Clã.”
Estrela de Fogo estremeceu; chamando a atenção de Sandstorm,

ele viu as mesmas dúvidas refletidas ali. Clover ainda pensava no SkyClan
como algo em que ela poderia confiar, sem considerar como poderia contribuir
para a vida do Clã.
Sky pulou para ficar na pedra ao lado de Firestar. Seus olhos claros
brilharam enquanto ele olhava para os gatos. Uma onda de surpresa passou por
eles quando ele começou a falar em voz baixa e rouca. “Mantive
viva a memória do SkyClan durante toda a minha vida”, ele disse com voz
rouca. “Eu sei que meus ancestrais estavam esperando para ver o Clã
reconstruído, mas às vezes eu desesperava que isso pudesse
acontecer.”
Estrela de Fogo ainda não tinha certeza se os gatos abaixo entendiam

o significado dos ancestrais guerreiros, mas nenhum gato se levantou para
desafiar Sky. Em vez disso, Firestar pôde ver o respeito surgindo em seus olhos.
Este não era o velho rabugento que eles consideraram louco; esse
era um gato cuja sabedoria e experiência faziam com que valesse a pena ouvi-lo
para.
“Agora você tem um líder que percorreu um longo caminho para

reconstruir o SkyClan”, continuou o velho gato. “Ouça-o bem antes de
decidir. Ele lhe mostrará um modo de vida que honra todos os gatos.”
Sim, sou um líder, pensou Estrela de Fogo com uma súbita pontada
de pânico. Mas eu não sou o líder deles. Ele era um estranho no desfiladeiro,
e era improvável que os gatos daqui o ouvissem com o mesmo respeito que
estavam começando a demonstrar a Sky. Eles estavam murmurando entre si
novamente e até agora nenhum dos recém-chegados havia se
comprometido a ingressar no SkyClan.
Firestar percebeu que a reunião poderia estar prestes a fracassar.
“Vamos nos juntar ao Clã!” Cherry saltou animadamente sobre as patas.

"Vamos; Vai ser ótimo!"
“Conte comigo também.” Scratch virou-se para Firestar e falou

diretamente com ele. “Faz sentido que os gatos sejam mais fortes quando
estão juntos.”
Instantaneamente Firestar se sentiu mais confiante. Ele esperava

que Scratch tomasse essa decisão; ele era um gato poderoso e, embora
ainda precisasse aprender a viver de acordo com o código do guerreiro,
não havia muito que qualquer gato pudesse lhe ensinar sobre caça e luta.
Mas será que Scratch decidiu aderir porque queria se tornar um líder de
nove vidas?
“Obrigado,” Firestar miou, afastando suas preocupações.

“SkyClan lhe dá as boas-vindas.”
“Bem, eu não vou participar.” Foi Lichen quem falou, educadamente, mas
sem hesitação em sua voz. “Sinto muito, mas não me sinto

confortável perto de tantos gatos. Gosto muito da minha
privacidade.
“Essa é sua decisão.” Estrela de Fogo ficou desapontada; ele gostou

do que viu da gata malhada. “E se você mudar de ideia, você sabe
onde estamos.”
“Obrigado, mas não vou. Desejo-lhe boa sorte, no entanto. Com um

movimento de cabeça, ela se virou e desceu a margem do rio.
Rainfur a observou partir e então levantou-se. “Não ouvi nada que

me faça querer aderir”, ele rosnou. “Tudo o que posso ver é que outros
gatos estarão me dizendo o que fazer o tempo todo.”
“Não é assim que funciona...” Firestar protestou. Mas parte dele

conseguia entender por que o gato cinza se sentia assim. Firestar não
tinha o direito de dizer a esses gatos como viver suas vidas; por
que eles deveriam ouvir quando até agora estavam perfeitamente
bem sem ele?
“Eu preferiria caçar sozinho,” Rainfur continuou. “Eu não preciso

do SkyClan.”
“Sinto muito,” Firestar miou. “SkyClan poderia usar você.”
A pele de Rainfur se eriçou. “Eu não quero ser usado, obrigado,” ele
cuspiu. Girando, ele saltou rio abaixo atrás de Lichen.
Estrela de Fogo olhou para ele, irritada por ele ter falado tão
desajeitadamente. Então ele percebeu que Leaf estava olhando para ele
com simpatia nos olhos.
“Não se preocupe com Rainfur,” ela miou. “Ele sempre foi um pouco
sensível. Talvez possamos convencê-lo mais tarde, quando ele ver
como o Clã funciona.
As orelhas de Estrela de Fogo se contraíram. "Nós?"
“Sim, vou participar”, Leaf assegurou-lhe. “Se o Clã realmente funcionar como
você diz, então os gatos terão um propósito. Seremos mais do que apenas bandidos,
apenas viveremos para permanecermos vivos.”
Estrela de Fogo ficou impressionada. Suas palavras podem ter vindo de um

verdadeiro gato do Clã. Ele sentiu um ronronar subindo em seu peito.
“Obrigado,” ele miou. Olhando para os gatos que até agora não haviam
decidido – Patch, Hutch e Oscar – ele acrescentou: “Tudo o que posso dizer é que
o SkyClan viveu aqui uma vez e poderia viver aqui novamente, seguindo o
código do guerreiro para o benefício de todos os gatos. Você quer fazer parte disso?”
Patch passou a língua pelo pelo do peito. “Ok, vou tentar.”
Cherry deu uma cutucada em Hutch com o ombro. “Vamos, Hutch. E quanto a
isso?
Hutch olhou para Estrela de Fogo, com vergonha em seus olhos âmbar. “Eu
gostaria, realmente gostaria, mas tenho medo de não ser bom o suficiente em toda
essa caçada e luta. Eu sempre fui um gatinho.”
“Somos gatinhos também”, Boris ressaltou. “Firestar pode te ensinar tudo

isso.”
“Se você se juntar a nós, será muito bem-vindo”, disse Firestar a ele.
O gato malhado assentiu. "Está bem então. Eu sentiria falta de Cherry e Boris
se eles fossem sem mim.”
Estrela de Fogo apontou as orelhas para o único gato que até então não havia
falado. “E você, Óscar?”
O gatinho preto levantou-se lentamente da saliência onde estava agachado.

“Você não acha que vim aqui para me juntar, não é?
você? Por que eu deixaria algumas pessoas perfeitamente boas que me

dão tudo que eu quero? Não gastei luas treinando-os por nada.”
"Por que você está aqui, então?" Bóris exigiu.
As mandíbulas de Oscar se esticaram num bocejo insolente. “Eu só

queria descobrir que ideias estúpidas você teve. E eles são estúpidos.
Você é todo estúpido. Com um movimento da cauda, ele subiu a trilha,
de volta ao topo do penhasco.
“Você mesmo tem cérebro de rato!” Cherry uivou atrás dele.
Sky avançou até a borda do Rockpile e olhou para os gatos

restantes. “SkyClan vive de novo!” ele anunciou. Erguendo a cabeça
para a meia-lua enevoada, ele gritou: “SkyClan! Clã do Céu!”
“SkyClan! Clã do Céu!” responderam os gatos no desfiladeiro.
Estrela de Fogo estremeceu das orelhas à ponta da cauda. O

que antes parecia tão impossível, tão distante, agora era real. Os gatos
que estavam ao redor do Rockpile, uivando para as estrelas, eram
o início de um novo Clã para substituir aquele perdido há tanto tempo.
Então garras frias pareceram agarrar seu coração. Aquela

sensação de raiva e ódio que sentira na vegetação rasteira rio abaixo
tomou conta dele novamente. Ele levantou a cabeça para examinar os
arbustos no topo do penhasco e teve certeza de ver olhos brilhantes
entre os galhos.
CAPÍTULO 25
O dia seguinte amanheceu claro e fresco. Estrela de Fogo saiu para a saliência
do lado de fora da caverna dos guerreiros e viu Patch e Leaf
escalando o esporão de rocha em seu caminho rio acima.
Após a reunião, todos os novos gatos do Clã retornaram para suas
casas; uma das primeiras tarefas seria coletar mais roupas de cama
e arrumar as tocas para que as cavernas no desfiladeiro pudessem se
tornar um verdadeiro acampamento do Clã.
Sandstorm juntou-se a ele, bocejando e coçando vigorosamente uma

orelha com a pata traseira. “Teremos que levar Clover para o
berçário,” ela miou, balançando as orelhas em direção onde a mãe
gata e seus filhotes estavam dormindo contra a parede oposta da
caverna. “Não haverá espaço aqui quando os guerreiros chegarem.”
“Precisamos de um covil para os aprendizes também”, apontou

Firestar. “E os mais velhos, o líder, o curandeiro. . .”
“Bem, teremos um ancião, quando Sky for morar conosco.”

Tempestade de areia piscou pensativamente. “Mas ainda não há líder,
além de você.”
"Não! Sou o líder do ThunderClan. StarClan nos mostrará qual

gato deve ser o líder do SkyClan.”
323
“E um gato curandeiro”, acrescentou Sandstorm. “Você não pode ter um

Clã sem um curandeiro.”
Estrela de Fogo murmurou concordando. Ele suspeitava que encontrar

um remédio poderia ser ainda mais difícil do que encontrar um líder, e
ainda não havia começado a resolver esse problema. Até a noite
anterior, ele não tinha certeza se haveria um Clã.
Ele teve que deixar suas preocupações de lado quando Leaf e Patch
apareceram um pouco mais adiante na trilha pedregosa, gritando uma
saudação. Patch parecia nervoso, mas as orelhas de Leaf estavam
aguçadas de antecipação. Um ou dois segundos depois, Firestar
ouviu passos de patas lá em cima, e Cherry, Boris e Hutch apareceram
do topo do penhasco.
“Estamos prontos para nossa aula de caça”, Boris miou, com os olhos
brilhando.
"Isso é bom." Sandstorm mexeu o rabo em aprovação.

“Poderemos realizar duas patrulhas completas.”
“Podemos liderá-los?” Cherry saltou para frente para ficar na frente de

Firestar. "Por favor! Conhecemos todos os bons lugares para encontrar presas.
“Não, vocês ainda não são guerreiros.” Estrela de Fogo não

queria diminuir o entusiasmo dos jovens gatos, mas eles tinham que se
acostumar com a maneira como as coisas eram feitas no Clã. “Não se
preocupe,” ele acrescentou quando Cherry abaixou as orelhas em decepção.
“Você estará liderando patrulhas antes que perceba.”
“Boris e Leaf, vocês vêm comigo,” Sandstorm miou.

“Vamos pegar Scratch no caminho e ver o que podemos encontrar nos
arbustos rio abaixo. Tudo bem para você, Estrela de Fogo?
"Multar. O resto de nós pode caçar no topo do penhasco.”

Quando Sandstorm partiu com sua patrulha, Estrela de Fogo

conduziu Cherry, Hutch e Patch pela trilha e através dos arbustos na beira
do penhasco. O céu estava claro onde o sol nasceria, mas ainda não
havia sinal de movimento vindo do Lugar das Duas Pernas.
“Vamos por ali”, sugeriu Estrela de Fogo, balançando o rabo em direção

ao enorme celeiro Duas-Pernas. “Ainda não tentei caçar lá.”
Não muito depois, ele começou a pensar que havia tomado a decisão
errada. As árvores e arbustos perto da cerca do enorme ninho estavam
estranhamente desprovidos de presas. O cheiro de comida de corvo e de
ratos vindo da cerca tornava quase impossível sentir o gosto de qualquer
outra coisa no ar.
“A patrulha da Tempestade de Areia capturará muito mais”, murmurou Cherry.

“E Boris nunca vai me deixar ouvir o fim disso!”
Quase pronta para desistir e ir para outro lugar, Estrela de Fogo parou
de tentar rastrear a presa para dar a Hutch e Patch sua primeira lição
sobre como o caçador se agacha e como perseguir. Hutch se concentrou
muito, mas achou difícil colocar as ancas na posição correta, enquanto
Patch acertou quase na primeira vez. É claro que os gatos rebeldes
caçavam sozinhos desde que eram filhotes; eles precisariam aprender
apenas as habilidades de caça em grupo antes de serem tão bons quanto
qualquer guerreiro da floresta.
“Ok,” Firestar miou. “Quero que você imagine que há uma presa
debaixo daquele arbusto de tojo ali.” Ele acenou com o rabo para mostrar a
qual arbusto ele se referia. "Deixe-me ver você se aproximar disso."
Todos os três gatos partiram. Observando-os criticamente, Estrela de

Fogo admirou a ronda graciosa e controlada de Cherry; ela havia aprendido
muito desde que o localizou pela primeira vez na vegetação rasteira rio abaixo.
Patch estava se esgueirando com os pelos da barriga roçando o
chão, e até mesmo Hutch parecia ter conseguido controlar as patas.
"Continue; vocês estão indo muito bem”, Firestar os encorajou.
De repente Patch levantou-se com um silvo de espanto.

Uma pata apareceu e Estrela de Fogo avistou uma pequena forma
marrom enquanto era lançada no ar. Patch agarrou-o quando caiu no chão
novamente. Ele se voltou para Estrela de Fogo com um rato pendurado
molemente em suas mandíbulas.
"Bom trabalho!" Estrela de Fogo miou. "Primeiro pegue para você."
“Acho que estava meio adormecido,” Patch admitiu, largando o mouse.

“Nunca teve uma chance.”
“Morte fresca é morte fresca, não importa como você a pegue.” Estrela
de Fogo começou a raspar o chão com as patas traseiras. “Vamos enterrá-lo
agora e levá-lo de volta conosco quando estivermos prontos.”
O que não demorará muito, prometeu a si mesmo. Ele não gostou desta parte
do território; estava muito quieto, sem presas, e algo no enorme celeiro
Duas-Pernas o deixava desconfortável.
“Vamos ver você agachado de novo”, ele miou.
Hutch estava um pouco à frente de Cherry; o gatinho malhado estava

quase chegando ao arbusto de tojo quando um esquilo surgiu debaixo dos
galhos e correu para a segurança de um grupo de faias. Assustado,
Hutch esperou um
batimento cardíaco por muito tempo antes de persegui-lo.
“Eu atendo!” Cherry uivou, passando por Hutch com o rabo esticado.
Hutch parou, parecendo confuso.
O esquilo alcançou a árvore com Cherry nas patas e subiu pelo tronco
até chegar ao galho mais baixo.
"Entendi!" Cherry se lançou no ar.
Mas ela havia avaliado mal o salto. Com a altura de um camundongo,

suas patas atingiram um aglomerado de folhas e ela ficou pendurada ali,
arranhando freneticamente, chutando as patas traseiras e espalhando
pedaços de folhas por toda parte, até que conseguiu subir no galho.
Enquanto isso, o esquilo havia desaparecido entre as folhas mais
acima da árvore.
“Estrume de rato!” Cherry cuspiu.
Estrela de Fogo caminhou até o pé da árvore e olhou para ela. Em

particular, ele achava que o fracasso da jovem tartaruga não lhe faria
mal nenhum — ela precisava aprender a não se exibir —, mas não
diria nada que a perturbasse. Ela parecia bastante frustrada.
"Você está bem?" ele perguntou.
"Não! Esquilo estúpido, eu deveria ter pego.
"A culpa foi minha." Hutch se acomodou ao lado de Firestar. “Eu

deveria ter sido um pouco mais rápido.”
"Não se preocupe." Estrela de Fogo tocou seu ombro com a ponta da

cauda. “Esta é apenas sua primeira lição. Você está indo bem.
Hutch não parecia convencido. “Eu sinto que estou decepcionando todos
vocês. Nenhum gato vai querer caçar para mim se eu não puder caçar
sozinho.”
Estrela de Fogo deixou o rabo descansar no ombro do gato malhado

por mais um momento. “Não é assim que um Clã funciona”, explicou ele.
“Você terá direito à sua parte na pilha de novas mortes como qualquer
outro guerreiro. E você caçará para si mesmo e para o resto de nós
também, em pouco tempo. Olhando do rosto desapontado de Hutch para o
frustrado de Cherry, ele se virou e sinalizou para Patch com o rabo.
“Pegue aquele rato”, ele gritou. “Veremos se há mais presas perto do topo
do penhasco.”
Assim como Estrela de Fogo esperava, era melhor caçar nos arbustos
que margeavam o penhasco. Em pouco tempo, a patrulha conseguiu
retornar ao desfiladeiro com uma boa quantidade de presas. Hutch estava
explodindo de orgulho ao derrubar seu primeiro pardal, com um salto que
provou que o gatinho malhado tinha sangue do Clã Sky.
Com as mandíbulas cheias de presas frescas, Estrela de Fogo liderou

o caminho até o desfiladeiro. O sol estava alto e uma luz quente, cor
de mel, acumulava-se nas rochas e ofuscava a curva suave da água
onde ela jorrava da escuridão. Estrela de Fogo e Tempestade de
Areia mantinham uma pequena pilha de animais recém-mortos perto da
entrada da caverna dos guerreiros, mas isso não serviria agora. Eles
precisariam procurar um local abrigado perto da orla, onde todos os
gatos pudessem vir e comer.
Enquanto descia a trilha, Estrela de Fogo viu que Tempestade de

Areia e sua patrulha também haviam retornado. Ele fez uma pausa,
enrijecendo. Perto do Rockpile, Sandstorm e Scratch ficaram de frente
um para o outro com os pelos do pescoço arrepiados, como se estivessem brigando.
Leaf e Boris olhavam ansiosamente, enquanto Clover, na beira da
água, reunia seus kits para ela.
Estrela de Fogo desceu os últimos trechos da trilha. Sandstorm havia

depositado a caça fresca de sua patrulha sob uma saliência no fundo do
Rockpile; ele acrescentou o seu próprio antes de se voltar para os dois gatos.
“E estou lhe dizendo que não é assim que se faz”,

Tempestade de areia rosnou, seus olhos verdes furiosos. “Em um Clã, os mais
velhos e as rainhas que amamentam sempre comem primeiro.”
Scratch chicoteou seu rabo. “Isso é cérebro de rato! São os guerreiros
que pegam a presa!”
“Não há necessidade de discutir,” Clover interrompeu com uma voz suave.

“Eu não me importo. Você pode comer primeiro. Há muito para cada gato.
“Essa não é a questão”, interveio Firestar.
A cabeça de Sandstorm girou; ela obviamente estava tão concentrada

em Scratch que não ouviu a aproximação de Firestar. Quando ela o viu, o
pelo de seus ombros começou a ficar liso. “Graças ao StarClan você está aqui!
Diga a essa estúpida bola de pêlo...
Estrela de Fogo ergueu o rabo para silenciá-la. Lançar insultos não iria ajudar.
Para Scratch ele miou: “Sandstorm está certo. Só porque os guerreiros são fortes
o suficiente para caçar não significa que eles tenham o direito de comer
primeiro.”
“Não foi isso que eu quis dizer,” Scratch protestou, seus olhos verdes
arregalados de indignação. “O Clã depende de seus guerreiros.
Eles devem ser alimentados primeiro para que estejam sempre fortes o
suficiente para lidar com problemas inesperados.” Com um olhar hostil para
Sandstorm, ele acrescentou: “Alguns gatos não escutam”.
Para alívio de Firestar, Sandstorm não respondeu. Escovação

sua pele de forma tranquilizadora, ele avançou para encarar o ruivo.

“Sim, é importante para um Clã ter guerreiros fortes.
Mas o código do guerreiro não se baseia apenas no que é prático.
A honra é igualmente importante. Os anciões e as rainhas lactantes
devem ser respeitados, porque sem eles o Clã não sobreviveria.
“SkyClan não sobreviveu,” Scratch murmurou sombriamente.
“É verdade, mas isso não é motivo para deixar de lado o código do guerreiro.
O que quer que tenha acontecido com os gatos originais do SkyClan” –
Firestar desejou saber o que havia acontecido com o SkyClan, mas
não havia tempo para pensar nisso agora – “não foi culpa dos mais
velhos ou das rainhas lactantes. Devemos continuar a honrá-los.”
Scratch hesitou. Então sua cabeça girou e ele olhou para Clover.
"OK. Comer."
Parecendo muito envergonhada, Clover passou por ele em direção à

pilha de animais recém-mortos, pegou um melro e carregou-o até onde
seus filhotes estavam agachados à beira da água.
Sandstorm soltou um suspiro e foi dizer algo baixinho para Leaf, que
apoiou a ponta do rabo com simpatia no ombro da gata ruiva. Estrela de
Fogo sinalizou para os outros gatos virem pegar a presa da pilha,
embora ele próprio não tivesse muito apetite. Ele não pôde deixar de
se perguntar quantas discussões mais haveria antes que Scratch e
os outros gatos realmente entendessem o código do guerreiro.
Sunhigh tinha ido e vindo enquanto os gatos, bem alimentados,

cochilou ao sol ou retirou-se para a sombra fresca do
cavernas. Todos os gatos do novo Clã estavam lá; Estrela de Fogo até avistou Sky
descendo silenciosamente o desfiladeiro e se enroscando na sombra de um espinheiro.
Estrela de Fogo estava deitada ao lado de Tempestade de Areia, a língua

raspando sobre o ombro dela em golpes longos e rítmicos. Os olhos de Sandstorm
eram fendas verdes e um ronronar ressoou profundamente em seu peito.
“Me desculpe por ter perdido a paciência com Scratch,” ela murmurou.
“Você lidou com ele muito melhor.”
Firestar deu-lhe outra lambida antes de responder. “Scratch será um ótimo

guerreiro. Mas ele precisa ver que o código do guerreiro envolve mais do que apenas
força. Ele aprenderá com o tempo.
Tempestade de areia suspirou. “Assim como Clover precisa aprender que um

Clã é mais que proteção.” Ela deu uma cabeçada afetuosa no ombro de
Estrela de Fogo. “Teremos que mostrar a eles.”
"Verdadeiro. E acho que sei como começar.”
Ele se levantou e arqueou as costas em um longo alongamento.

Então ele saltou até o topo do Rockpile e gritou as palavras familiares: “Deixe
todos os gatos com idade suficiente para capturar suas próprias presas se juntarem
aqui abaixo do Rockpile para uma reunião do Clã!”
Sky se assustou e endireitou-se, olhando ao redor como se não tivesse certeza de

onde veio a ligação. Leaf e Patch, que estavam cochilando juntos à beira da água,
levantaram a cabeça e sentaram-se para ouvir. Scratch tirou a cabeça da
caverna. Cherry e Boris desceram correndo a trilha do topo do penhasco, enquanto
os filhotes de Clover saíam entusiasmados da toca dos guerreiros e saltavam até
o desfiladeiro, seguidos mais lentamente pela mãe. Dentro de alguns batimentos
cardíacos, todo
O Clã se reuniu e sentou-se ao redor do Rockpile olhando para Firestar.
“Gatos do SkyClan”, começou Firestar. O orgulho percorreu seu

pelo quando ele se dirigiu a esses gatos pelo nome do Clã pela
primeira vez. “Ontem à noite vocês se comprometeram com este Clã e
com o código guerreiro. Hoje o Clã irá homenageá-lo com os nomes
do seu Clã. Scratch, Leaf, Hutch, Clover e Patch, por favor, venham
para o fundo da Pilha de Pedras.”
Trocando olhares perplexos, os cinco gatos levantaram-se e

aproximaram-se do fundo das rochas. Os filhotes de Clover tentaram
segui-la, e Sandstorm os deteve suavemente com um movimento de
cauda.
Estrela de Fogo desceu pelas rochas para ficar na frente do grupo

de gatos. Nunca houve uma cerimônia guerreira como essa antes, e
ele tinha que acertar para que tivesse significado para seus ancestrais
guerreiros – se houvesse alguém observando.
“Eu, Firestar, líder do ThunderClan e mentor do SkyClan,

convoco seus ancestrais guerreiros para desprezarem esses
gatos”, ele começou. “Eles têm um verdadeiro desejo de aprender os
costumes de seu nobre código de guerreiro, e eu os recomendo a você
como guerreiros, por sua vez.” Aproximando-se de Scratch, ele
continuou: — Scratch, você promete defender o código do guerreiro e
proteger e defender este Clã, mesmo ao custo de sua vida?
Scratch hesitou; Sandstorm apareceu atrás dele e sussurrou:

“Diga, 'sim'”.
“Sim”, Scratch miou, com os olhos fixos em Estrela de Fogo.
“Então, pelos poderes do StarClan, eu lhe dou seu nome de

guerreiro. Scratch, a partir deste momento você será conhecido como
Garra afiada. StarClan confia que você dará toda a sua coragem e força ao
novo Clã.”
Sharpclaw piscou e depois baixou a cabeça. Estrela de Fogo se inclinou

para descansar o focinho entre as orelhas do novo guerreiro.
“Lamba o ombro dele”, Sandstorm dirigiu.
Sharpclaw obedeceu e recuou.
“Agora nós o damos as boas-vindas ao Clã chamando seu nome”,

miou Tempestade de Areia. "Garra afiada! Garra afiada!"
O resto do Clã a repetiu, Cherry uivando: “Sharpclaw!” no topo

de sua voz e saltando para cima e para baixo com entusiasmo.
Firestar deu a Patch o nome de guerreiro Patchfoot, e Clover se

tornou Clovertail. Quando se virou para Hutch, viu dúvida e medo nos olhos
do gatinho e ficou com medo de que, quando lhe pedissem para fazer o
juramento, ele desistisse.
“Hutch, você promete defender o código guerreiro e proteger e defender

este Clã, mesmo ao custo de sua vida?”
Hutch engoliu em seco; sua voz tremeu quando ele respondeu: "Sim."
“Então, pelos poderes do StarClan, eu lhe dou seu nome de guerreiro.

Hutch, a partir de agora você será conhecido como Bigode Curto.
StarClan confia que você dará toda a sua força e sabedoria para a construção
deste novo Clã.”
Enquanto falava, viu a dúvida desaparecer dos olhos de Bigode Curto,

para ser substituída pela determinação. Estrela de Fogo sabia que
seria um excelente guerreiro quando aprendesse a confiar em si mesmo.
Finalmente ele se virou para Leaf. Ela esperou em silêncio, reconhecendo cada um
de seus novos companheiros de clã pelos seus nomes de
guerreiros, e ele ficou impressionado com a intensidade em seus olhos quando falou.
a ela. Não houve hesitação quando ela miou: "Sim."
“Então, pelos poderes do StarClan, eu lhe dou seu nome de guerreiro. Leaf,
a partir de agora você será conhecido como Leafdapple. StarClan
confia que você dará toda a sua inteligência e lealdade à construção deste novo
Clã.”
Os olhos âmbar de Leafdapple brilharam quando Estrela de Fogo apoiou o focinho

na cabeça dela.
Quando o Clã terminou de chamar Leafdapple por seu novo nome, Estrela de
Fogo levantou o rabo para chamar Cherry e Boris.
Cherry avançou imediatamente, os olhos brilhando de ansiedade, mas Boris estava
hesitante, como se percebesse mais claramente do que sua irmã o enorme passo
que estavam prestes a dar.
“É hora de adicionar dois novos aprendizes ao Clã,”

Estrela de Fogo miou. “De hoje em diante”, ele começou, tocando Cherry no ombro
com a ponta da cauda, “esse aprendiz será conhecido como Cherrypaw.
Sharpclaw, você tem muito a ensinar a um aprendiz, então será seu mentor.”
A cabeça de Cherrypaw girou e ela olhou para Sharpclaw. “Isso

significa que tenho que fazer o que ele diz?”
“Sim, é verdade”, respondeu Sandstorm, com um tom áspero em sua voz.

“Toque o nariz dele.”
Garra Afiada deu um passo à frente; Cherrypaw esticou o pescoço, deu-lhe

uma batidinha rápida no nariz e recuou novamente.
“E se ela não fizer o que eu digo?” Sharpclaw perguntou, olhando para seu
novo aprendiz. “O que eu faço então?”
Os olhos de Tempestade de Areia brilharam. “O que você quiser.”
“Dentro do razoável”, acrescentou Firestar apressadamente, mexendo as orelhas

em seu companheiro. “Para começar, é melhor você perguntar a mim ou a

Sandstorm se precisa puni-la. Nós lhe contaremos o que geralmente acontece em
nosso próprio Clã.”
Virando-se para Boris, que estava ouvindo com apreensão, ele tocou no
ombro do jovem gato malhado. “De hoje em diante, esse aprendiz será conhecido
como Pata de Pardal.
Leafdapple, você será seu mentor e compartilhará sua experiência com ele.”
O recém-nomeado Sparrowpaw deu um passo à frente para tocar

nariz com Leafdapple, mas por um instante a gata se conteve, com os olhos
perturbados.
“Sinto muito, Estrela de Fogo, mas acho que não posso fazer isso”, ela
miou. “Sou muito novo em viver em um Clã. Como posso treinar um aprendiz
adequadamente?”
“Não se preocupe”, ele respondeu. “Sandstorm e eu vamos ajudá-lo.

Por um tempo, todos os gatos aprenderão juntos.”
O alívio brilhou nos olhos de Leafdapple, e ela deu um passo à frente para tocar
o nariz de Sparrowpaw. “Farei o meu melhor”, ela prometeu a ele.
O resto do Clã deu as boas-vindas aos dois aprendizes chamando seus

nomes, enquanto Pata de Cereja e Pata de Pardal ouviam com olhos brilhantes.
"E nós?" Bounce saltou sobre as patas de onde estava sentado ao lado de
sua mãe, Clovertail. “Por que não podemos ser aprendizes?”
“Queremos nomes próprios de Clã também”, acrescentou sua irmã Tiny.

“Você não pode ser aprendiz até ter seis luas de idade,”
Estrela de Fogo explicou.
“Mas isso ainda está longe!” Rock reclamou, balançando sua

cauda preta e atarracada.
Estrela de Fogo trocou um olhar com Tempestade de Areia,

vendo diversão brilhando em seus olhos verdes.
“Tudo bem”, ele miou, acenando com o rabo. "Venha aqui. Vocês
ainda não podem ser aprendizes, mas podem ter nomes de Clãs.”
Os três filhotes correram em direção a ele, caindo sobre as próprias

patas em sua ansiedade. Quando eles ficaram na frente dele, tremendo
de excitação, Estrela de Fogo tocou cada um com o rabo no topo da
cabeça. “De agora em diante, esses kits serão conhecidos como
Rockkit, Bouncekit e Tinykit.”
“Rockkit! Kit de salto! Kit minúsculo!” Leafdapple chamou, e o resto do

Clã a ecoou com ronronados calorosos de afeto.
Os três filhotes marcharam de volta para a mãe, com as caudas

erguidas.
“E quanto a um líder do clã?” Garra Afiada perguntou. “Você não vai ficar
aqui para sempre, vai?”
Firestar se perguntou se Sharpclaw estava alimentando esperanças

de ser o novo líder do SkyClan. Ele era forte, conhecia bem a área e não
tinha medo de assumir autoridade. Mas Firestar não se sentia confiante
em decidir qual gato deveria liderar o novo Clã – isso era um trabalho
para seus ancestrais guerreiros, certo?
“Não funciona assim”, disse ele a Sharpclaw. “Não é meu trabalho

escolher um líder. StarClan fará isso.”
Os olhos de Sharpclaw se estreitaram e sua voz estava incrédula

quando ele perguntou: “Como?”
“Eles nos enviarão um sinal”, explicou Firestar.

Sharpclaw soltou um suspiro, mas não disse mais nada.
“Agora tenho mais um nome para dar”, anunciou Firestar, aliviado porque
a questão da liderança estava encerrada por enquanto. Ele se virou
para onde Sky estava sentada à sombra do penhasco.
“Sky, venha aqui, por favor.”
O velho gato levantou-se e avançou. Quando Sky ficou na frente dele,

Firestar inclinou a cabeça em respeito por tudo que o velho gato havia feito
para preservar a memória do SkyClan.

convoco seus ancestrais guerreiros para desprezarem este gato”, ele miou.
“Ele serviu ao código guerreiro durante toda a sua vida e é graças a
ele que este Clã está aqui hoje. Por isso não peço nenhuma promessa
dele, pois ele já é um verdadeiro guerreiro. Sky, de hoje em diante você
será conhecido como Skywatcher, em memória de sua fé e de sua dedicação ao
SkyClan.”
Um brilho de alegria brilhou nos olhos claros do velho gato.
“Observador do Céu! Observador do Céu!”
Skywatcher olhou profundamente nos olhos de Firestar. "Obrigado. Espero

nunca sonhei que isso aconteceria. EU . . . que meus ancestrais
pode me ver agora.
“Tenho certeza que sim”, disse Firestar a ele.
Aproximando-se, Skywatcher murmurou em seu ouvido: “Venha para

minha sala esta noite. Há algo que devo lhe contar.
O luar prateava as rochas enquanto Estrela de Fogo avançava pelo

desfiladeiro. Ele não conseguia se livrar da sensação de desconforto, mas desta vez
não tinha nada a ver com sensações de hostilidade ou com o vislumbre de

olhos brilhantes e frios na vegetação rasteira. O que o velho gato queria
dizer a ele que não poderia ter sido dito na reunião do Rockpile? Por que ele
insistiu em voltar para sua toca sob as raízes das árvores, em vez de ir
morar com o Clã, onde poderia ser tratado com todo o respeito que um ancião
merecia?
Ele encontrou o caminho sinuoso atrás da pedra e começou a segui-lo

pela lateral do desfiladeiro. Uma brisa fria agitava seu pelo, um lembrete de que
os dias quentes de folhas verdes logo chegariam ao fim. Ao subir o caminho
íngreme, ele avistou o borrão de uma pele cinza sob o espinheiro e encontrou
Skywatcher agachado na entrada de sua toca com as patas debaixo
dele.
"Você me pediu para vir."
Por alguns instantes, Skywatcher o segurou com olhos que pareciam

piscinas profundas de água. “Quero agradecer a você”, ele miou
solenemente. “Você reconstruiu o Clã perdido.”
“Não há necessidade de agradecimento”, respondeu Firestar. “Eu fiz apenas o

que era necessário.”
Skywatcher assentiu, piscando pensativamente. “Você acha que tem sido

um bom líder para o ThunderClan?”
A pergunta assustou Firestar e a princípio ele não sabia como responder.

“Eu não sei,” ele miou finalmente. “Não foi fácil, mas sempre tentei fazer o que é
certo para o meu Clã.”
“Nenhum gato duvidaria da sua lealdade”, concordou Skywatcher.

“Mas até onde isso iria?”
Intrigada, Firestar permaneceu em silêncio. Por que Skywatcher estava

perguntando a ele sobre ThunderClan?
“Há tempos difíceis pela frente”, continuou Skywatcher, “e sua lealdade

será testada ao máximo. Às vezes o destino de um gato não é o destino de
todo o Clã.”
Estrela de Fogo inclinou a cabeça para o lado. Nada do que Skywatcher

disse fazia sentido. O ThunderClan estava com problemas? Ele os deixou em
paz, mas isso foi há várias luas. O que aconteceria com um clã sem líder e com
rivais como o ShadowClan por perto?
Skywatcher levantou-se; seus olhos brilhavam com o luar refletido. Por um

instante, Estrela de Fogo teve certeza de que podia ver o brilho das estrelas
emaranhadas em seu pelo. A voz do velho gato era suave, mas carregada de
poder, mais forte do que antes.
“Seu clã está seguro por enquanto. Mas haverá três, parentes de sua
família, que detêm o poder das estrelas em suas patas.
Estrela de Fogo olhou para o velho guerreiro. "Eu não entendo.

Por que você está me contando isso?"
Não houve resposta, exceto por um leve movimento nas

orelhas do Skywatcher.
“Você deve me contar mais!” Estrela de Fogo protestou. “Como posso

decidir o que devo fazer se você não explicar?”
O velho gato respirou fundo, mas quando falou foi apenas para dizer: “Adeus,
Estrela de Fogo. Nas próximas temporadas, lembre-se de mim.
Ele balançou o rabo, uma indicação clara de que Estrela de Fogo deveria ir.
Estrela de Fogo olhou para ele impotente por mais um momento

antes de se virar e tropeçar no caminho para longe da toca. Todo o seu
corpo estava frio. As palavras do Skywatcher soavam inconfundivelmente
como uma profecia do StarClan, mas Firestar não tinha ideia do que elas se
referiam.
Serão três, parentes de vocês, que seguram o poder das estrelas em suas patas.
Firestar não tinha parentes no ThunderClan, exceto Cloudtail,

então quem poderiam ser os três?
Ao se aproximar do Rockpile, ouvindo o interminável murmúrio do

rio, ele fez uma pausa e ergueu os olhos para Silverpelt. Na
floresta, a luz de seus ancestrais guerreiros era um conforto para ele,
mas ele nem tinha certeza de que eles caminhavam por aqueles
céus estranhos.
"Você pode me ouvir?" ele sussurrou. “Bluestar, Spottedleaf,

Yellowfang, se vocês estão ouvindo, por favor me ajudem a
manter o ThunderClan protegido do que está por vir.”
CAPÍTULO 26
Estrela de Fogo dormiu mal e acordou ao amanhecer para descobrir que nuvens
haviam coberto o céu. Soprava uma brisa forte e algumas
folhas caíam dos arbustos no topo do penhasco. A queda das folhas
não poderia estar longe. Cuidando-se rapidamente, ele tentou
esquecer os medos da noite anterior. O significado da
profecia do Skywatcher estava escondido nas luas vindouras. Ele
não podia fazer nada sobre isso agora.
Clovertail e seus filhotes finalmente se instalaram no berçário,

deixando espaço para os novos guerreiros do SkyClan compartilharem
a grande caverna com Firestar e Sandstorm. Inquieto por estar fazendo alguma
coisa, Estrela de Fogo caminhou pela caverna e
cutucou Garra Afiada com uma pata.
"Wha . . . ?” Sharpclaw ergueu a cabeça, piscando.
“Hora de uma patrulha matinal”, anunciou Firestar.
Garra Afiada gemeu, depois saiu do ninho e sacudiu pedaços

de musgo e samambaias de sua pele enquanto Estrela de
Fogo despertava Maçã Folhada.
“Vamos buscar Cherrypaw e Sparrowpaw e patrulhar as

fronteiras”, explicou ele.
Leafdapple parecia confuso. “Não temos fronteiras.”
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“Vamos definir alguns.”
Ele seguiu pela trilha até a caverna que haviam escolhido para o covil dos
aprendizes, perguntando-se como Pata-de-cereja e Pata-de-pardal haviam
lidado com a primeira noite longe dos Duas-Pernas. Ele se lembrou de tê-los
instalado na noite anterior, ajudando-os a carregar o musgo da caverna ao
lado do rio e a arrumá-lo em ninhos confortáveis.
Os olhos de Pardal Pata se arregalaram de ansiedade enquanto o sol se punha

e a noite penetrava no desfiladeiro. “Eu me pergunto como o pessoal da nossa
casa está se sentindo”, ele murmurou.
Cherrypaw deu-lhe uma lambida reconfortante. “Eles ficarão bem, e nós

também. Somos gatos do Clã agora.”
Mas Firestar notou a ponta de sua cauda se contorcendo e sabia que ela
não estava tão confiante quanto fingia.
Quando ele e os outros guerreiros chegaram fora de sua caverna naquela

manhã, Cherrypaw disparou para fora, com o pelo grudado por todo lado.
“Vamos caçar?” ela exigiu. "Estou morrendo de fome!"
“Anciãos e rainhas lactantes comem primeiro”, lembrou-lhe Garra Afiada,

olhando para Estrela de Fogo.
“Isso mesmo, mas Tempestade de Areia liderará uma patrulha de caça

mais tarde para o resto do Clã,” Estrela de Fogo miou. “Somos a patrulha da
madrugada e podemos pegar algumas presas no caminho.”
“Temos permissão para fazer isso?” Perguntou Pata de Cereja.
“Claro”, respondeu Firestar. “São apenas as patrulhas de caça que têm que
trazer suas presas frescas de volta para o Clã.”
"Bom." Pata de Pardal enfiou a cabeça para fora da toca atrás de

sua irmã. "Vamos indo!"
Estrela de Fogo liderou o caminho até o desfiladeiro, passando pelo

caminho que levava à toca do Observador do Céu, até as rochas onde
eles salvaram Clovertail e seus filhotes da raposa. Ele se perguntou se
os primeiros guerreiros do SkyClan estabeleceram seus limites em algum
lugar próximo; ele imaginou que eles teriam demarcado um território
maior do que o novo SkyClan precisava agora, com menos bocas
para alimentar e menos guerreiros para guardar as fronteiras.
“Vamos colocar os primeiros marcadores de cheiro aqui”, explicou ele.

“Então qualquer gato que aparecer saberá que este é o nosso território.
Se você continuar renovando as marcas, ao longo de
algumas luas um cheiro muito forte se acumulará.”
Um arrepio percorreu-o das orelhas até a ponta da cauda. Quando ele

chegou à floresta pela primeira vez, as fronteiras do Clã do Trovão
estavam estabelecidas há mais temporadas do que qualquer gato poderia se lembrar.
As decisões que ele tomou agora afetariam o SkyClan por temporadas
vir.
“Os outros gatos respeitam os limites?” Leafdapple perguntou.
Era uma boa pergunta, pensou Firestar. Gatos de outros Clãs

pensariam duas vezes antes de cruzar as fronteiras, mas não havia
outros Clãs neste lugar remoto.
“Você pode ter problemas com bandidos...” ele começou.
“Em breve vamos ensiná-los a ficar fora do nosso território”,

Sharpclaw interrompeu, flexionando as garras.
“Ou faça com que eles se juntem a nós”, sugeriu Leafdapple calmamente.
“Nós mesmos éramos bandidos não faz muito tempo.”
Quando os primeiros marcadores foram definidos, Firestar encontrou

uma trilha que levava ao topo do penhasco no lado oposto ao acampamento.
Os gatos desceram novamente o rio, ao longo do topo do desfiladeiro.
“Aqui é um bom lugar para outro marcador de cheiro,” Estrela de

Fogo miou, apontando com a cauda em direção a uma pedra que
rompeu o solo fino a alguns metros da borda do penhasco. “É
sempre uma boa ideia ter um marcador que você possa ver e também
cheirar. Dessa forma, é mais fácil lembrar onde eles estão.”
"Posso fazer isso? Por favor?" Cherrypaw saltou até a rocha.
"OK. Você viu o que eu fiz lá atrás. Acompanhe quando

você terminou.”
Enquanto Pata de Cereja marcava o marcador, Estrela de Fogo

conduziu os outros gatos ao longo do penhasco até avistarem a
floresta onde ele havia falado com os bandidos. Cherrypaw
apareceu saltando quando eles pararam para que Sparrowpaw
colocasse outro marcador em um local onde a borda do penhasco desmoronou.
“Quero incluir algumas matas do território”,

Estrela de Fogo miou. “É o melhor lugar para presas. Mas não
quero pisar no rabo dos bandidos que não se juntaram a nós.
Não estamos procurando briga.”
Leafdapple assentiu. “Se mantivermos boas relações com eles,

alguns deles poderão mudar de ideia.”
Estrela de Fogo deixou Garra Afiada assumir a liderança quando

chegaram às árvores. Os dois aprendizes nunca haviam estado em
florestas densas antes; seus olhos se arregalaram e Cherrypaw
soltou um grito de excitação antes de bater o rabo na boca com um
olhar culpado para Sharpclaw.
“Isso mesmo, assuste todas as presas da floresta”, resmungou Garra

Afiada.
Estrela de Fogo olhou para o guerreiro ruivo, esperando que ele

não fosse muito duro com um aprendiz menos experiente.
mais experiente do que um gato do Clã da idade dela. Mas Cherrypaw não
parecia arrasado; ela já havia avistado um melro bicando debaixo de um
arbusto e começou a subir nele.
Leafdapple acenou com o rabo para Sparrowpaw. “Você também pode

caçar, se quiser.”
As orelhas de Pardalpaw se aguçaram e ele ficou saboreando o ar antes

de caminhar pela grama alta em direção a alguma presa que Estrela de Fogo
não conseguia ver.
“Sugiro que sigamos em direção ao riacho”, miou Garra Afiada, de olho

em seu aprendiz. “Se fizermos disso a fronteira, as tocas de Rainfur e Lichen
estarão fora do nosso território.”
“E o Emaranhado?” — perguntou Estrela de Fogo, lembrando-se do

velho gato mal-humorado.
Leafdapple soltou um leve suspiro de diversão. “Tangle muda de toca a

cada lua. Se ele não gostar de estar dentro do nosso território, ele pode sair
dele.”
Estrela de Fogo assentiu. A ideia de Sharpclaw era boa, mas ele se lembrou
de dizer aos guerreiros para não atacarem os ladinos se os encontrassem no
território do SkyClan - pelo menos, não até que tivessem tempo suficiente
para se acostumarem com a ideia da presença do Clã no território do Clã. o bosque.
“Então é o riacho”, ele miou.
Só então Cherrypaw deu um salto enorme e agarrou o melro no ar enquanto

ele tentava voar. Caindo no chão novamente, ela trotou de volta com a presa
nas mandíbulas e a colocou nas patas de Garra Afiada. “Para você,” ela miou,
baixando a cabeça respeitosamente. “Em breve poderei pegar outro.”
Garra Afiada olhou para ela e para a presa recente. “Obrigado,” ele
conseguiu dizer. "Boa pegada."
Com os olhos brilhando, Cherrypaw saiu novamente com o rabo no ar.
Para não ficar atrás, Pardalpaw trouxe sua primeira captura – um rato –
para Leafdapple, antes de sair para caçar sua própria presa fresca. Estrela de
Fogo ficou satisfeita ao vê-los tentando agir como verdadeiros gatos do Clã e
decidiu não contar a eles que os aprendizes geralmente não pegavam presas
para seus mentores. Ele pegou um esquilo, com um salto que foi quase
bom o suficiente para o SkyClan.
Quando terminaram de comer, Garra Afiada foi na frente até o riacho.

Antes de chegarem lá, Pata-de-Cereja acenou com entusiasmo para uma
árvore morta que estava sozinha em uma clareira.
“Esse é um bom lugar para um marcador!”
Estrela de Fogo parou. “Está tudo bem, mas acho que este seria melhor.”
Ele acenou com a cabeça para um carvalho coberto de hera na extremidade
mais próxima da clareira.
"Por que?" Pardal Pata perguntou. “Teríamos mais território se usássemos

a árvore morta.”
“Sim, mas não há cobertura na clareira”, explicou Firestar. Um

arrepio de excitação passou por ele. Foram esses os tipos de decisões que
os guerreiros do ThunderClan tomaram na floresta há muito tempo? “Não
há cobertura para a presa e nenhuma para você, se houver raposas ou texugos
por perto.”
"Isso faz sentido." Garra Afiada foi até o carvalho e colocou um marcador
ali.
Seguindo o riacho, os gatos chegaram ao topo da falésia e desceram

até onde o tronco caído da árvore atravessava o rio.
Estrela de Fogo assumiu a liderança mais uma vez, indo para o outro lado
do desfiladeiro e subindo o penhasco em direção ao Lugar das Duas Pernas,
deixando o cheiro perto do toco da árvore e da toca deserta da raposa que
Observador do Céu lhe dissera que marcava a antiga fronteira. Depois a
patrulha contornou o limite do Lugar das Duas Pernas até o celeiro no final
da fileira. Estrela de Fogo sentiu seu pelo começar a arrepiar
novamente quando eles se aproximaram; ele não gostava do lugar e nunca
iria gostar, mas pelo menos agora estava fora das fronteiras do SkyClan.
Finalmente, ele conduziu sua patrulha de volta ao acampamento por

uma rota que atravessava a maior parte da vegetação rasteira no topo
do penhasco. Ele imaginou que o sol já estava quase alto, embora as nuvens
ainda cobrissem o céu e o vento cheirasse a chuva.
À medida que a patrulha se aproximava dos arbustos, Tempestade de

Areia emergiu com um rato entre as mandíbulas. “Oi,” ela miou, largando
sua presa. “Achei que você devia ter saído em patrulha.”
“Nós definimos as fronteiras!” Cherrypaw anunciou com orgulho.
"Bom." Sandstorm contraiu os bigodes em aprovação.

“Você terá que dizer ao resto de nós onde eles estão.”
“Nos próximos dias, todos os gatos poderão fazer a patrulha”,

Estrela de Fogo miou. “Vejo que você estava caçando”, acrescentou
ele, balançando o rabo na direção do rato.
“Sim, há muitas presas por aí”, respondeu Sandstorm.

“Patchfoot já é um bom caçador, e Shortwhisker está se saindo muito
bem.”
Firestar ficou feliz em ouvir isso. Alguns sucessos dariam ao antigo gatinho
a confiança necessária.
“Há apenas uma coisa que está me preocupando,” Sandstorm

continuou em voz baixa, destinada apenas a Firestar. "Há
não houve sinal do Skywatcher esta manhã.”
A apreensão se apoderou profundamente da barriga de Estrela de

Fogo. A menção de Skywatcher o lembrou do estranho humor do velho
gato na noite anterior e das palavras ameaçadoras de sua profecia.
“Acho que você deveria ver como ele está”, sugeriu Sandstorm.
“Ele deveria estar aqui no acampamento, e não preso naquela
desculpa de covil.”
“Eu irei imediatamente,” Firestar miou.
Ele seguiu pela trilha pedregosa e subiu o desfiladeiro. Lembrando-

se do que Sandstorm havia dito sobre a raposa, ele manteve todos os
seus sentidos alertas. Skywatcher era um velho gato nobre, mas não
seria páreo para um predador forte e determinado.
No entanto, não havia nenhum vestígio de cheiro de raposa.
Quando chegou ao caminho atrás da pedra, uma garoa fina começou

a cair, penetrando seu pelo com garras geladas.
Ao se aproximar da toca, não conseguiu ver nada do velho guerreiro.
Talvez ele esteja caçando. . . .
Aproximando-se, ele avistou pelos cinzentos meio escondidos atrás

das raízes do espinheiro. “Observador do Céu!” ele chamou. Não
houve resposta.
Quando ele parou na entrada da toca, ele pôde ver o velho gato
enrolado bem atrás, pressionado contra a parede de terra com um
emaranhado de raízes sobre a cabeça.
“Observador do Céu?” Estrela de Fogo repetiu.
O guerreiro cinza não se moveu. Estrela de Fogo prendeu a respiração

com súbita compreensão enquanto abaixava a cabeça para entrar na
toca e dava alguns passos que o levaram até o lado de Skywatcher. O
velho gato estava quieto, e quando Firestar
gentilmente colocou uma pata em seu ombro, ele sentiu frio. De alguma forma,
ele parecia menor do que quando estava vivo.
A tristeza agarrou o coração de Firestar. Talvez o velho gato só tenha se

agarrado à vida até ver o SkyClan restaurado. Firestar esperava que ele tivesse
morrido feliz, sabendo que seus sonhos haviam sido realizados.
"Adeus meu amigo." Sua voz ficou embargada na garganta enquanto ele
acariciava a cabeça do velho guerreiro com o rabo. “Que o StarClan ilumine seu
caminho.”
Firestar saltou para o topo do Rockpile e olhou para os gatos do

SkyClan. Clovertail estava esticada à beira do riacho com seus filhotes brincando
ao seu redor, enquanto
Pata-de-cereja e Pata-pardal comiam ao lado da pilha de caça fresca. Sharpclaw e
Patchfoot estavam lutando juntos no sopé do penhasco em uma luta prática.
Sandstorm ficou observando-os por perto, oferecendo alguns comentários sobre
sua técnica.
O coração de Estrela de Fogo estava pesado com a notícia que ele tinha para lhes contar.
“Deixe todos os gatos com idade suficiente para capturar suas próprias presas
se juntarem aqui abaixo do Rockpile para uma reunião do Clã!” ele gritou.
Sharpclaw e Patchfoot se separaram e sentaram com as orelhas em pé. Os

dois aprendizes engoliram a presa fresca e ergueram os olhos, os olhos brilhando
de curiosidade. Leafdapple começou a descer do topo do penhasco, juntando-se a
Bigode Curto quando ele saiu da toca dos guerreiros.
“Tenho más notícias para lhe contar”, miou Estrela de Fogo quando todo o Clã
se reuniu. “O Observador do Céu está morto.”
Por um momento houve silêncio, exceto pelo feliz

gritando os filhotes de Clovertail enquanto brincavam ao lado da mãe.

Clovertail puxou-os para mais perto dela com o rabo.
“Calma”, ela miou. “Firestar está nos contando algo muito triste.”
“São más notícias”, concordou Garra Afiada, flexionando as garras

contra a rocha. “O Clã ficará mais fraco sem a experiência dele para nos guiar.”
A cauda de Firestar se contraiu; a tristeza pelo velho gato tomou conta dele
novamente quando ele viu que a maioria dos gatos do Clã estava trocando
olhares vazios. Ele podia ver que poucos deles sentiam qualquer sensação
real de perda.
Tempestade de areia veio ao seu encontro enquanto ele descia o

Rockpile novamente e enfiou o nariz no pelo do ombro dele.
“Você não pode culpá-los”, ela murmurou. “Eles mal conheciam Skywatcher
e só agora perceberam que ele não era um velho incômodo.”
"Eu sei." Estrela de Fogo suspirou. “Mas eles precisam entender o

quanto ele fez por este Clã.”
Ele pediu a Patchfoot que ajudasse ele e Sandstorm a trazer o corpo do

velho gato de volta ao acampamento para seu enterro. O resto do Clã se
reuniu enquanto o colocavam suavemente ao pé da Pilha de Pedras.
“Agora lembre-se, você tem que ficar acordado a noite toda esta noite,”
Clovertail contou a seus filhotes, mantendo as criaturinhas curiosas afastadas
com seu rabo. “Você não deve dormir, aconteça o que acontecer.”
“Não, está tudo bem,” Estrela de Fogo miou, surpresa que o ex-solitário
tivesse ouvido falar do costume de manter vigília.
“Os kits não precisam ficar acordados.”
Clovertail olhou para ele, os olhos arregalados de alarme e o pelo do pescoço

eriçado. “Você quer que meus kits morram?” ela gritou.
"O que?" Estrela de Fogo ficou perplexa. “Seus kits não estão em perigo.”
Bigode Curto estremeceu. “Não, Clovertail está certo. Você tem que ficar
acordado na noite em que um gato morre; caso contrário você morre também.
Minha mãe me contou isso.”
“É verdade,” Sharpclaw miou. “Lembra da Foxy? Ele foi dormir na noite

em que seu irmão morreu, e alguns dias depois um monstro o pegou.”
“Sim, eu me lembro disso”, acrescentou Leafdapple.
"Mas não é verdade." Estrela de Fogo falou com firmeza, vendo que os ex-
gatinhos trocavam olhares ansiosos.
Ele conversaria com os ladinos mais tarde sobre essa superstição intrigante que
devia ter surgido das tradições do Clã, embora o próprio Clã tivesse sido
esquecido. “Ficamos acordados, sim, mas apenas para homenagear o gato caído
em sua jornada para o StarClan. Não tem nada a ver com acreditar que
morreremos se não o fizermos.”
“Nem todo gato fica em vigília a noite toda”, continuou Sandstorm. “Apenas aqueles
que estavam mais próximos do gato morto.
Mas esta noite acho que todo o Clã deveria fazer isso, porque não somos
muitos.
“Somos parentes dele, não somos?” Pardal Pata perguntou. “Aqueles de nós
com sangue SkyClan.”
Estrela de Fogo baixou a cabeça. "Sim você é. Todos nós vamos manter
vigie e pela manhã o enterraremos. Geralmente são os mais velhos que

fazem isso, mas Sandstorm e eu faremos isso pelo
Skywatcher.”
“Eu gostaria de ajudar”, miou Cherrypaw; a jovem carapaça de tartaruga

parecia estranhamente subjugada. “Nunca dissemos a ele que
lamento por xingá-lo.”
“Eu gostaria que tivéssemos”, acrescentou Sparrowpaw miseravelmente.
Sandstorm tocou sua orelha com o nariz. “Acho que ele sabia.
Ele viu vocês se tornarem aprendizes do Clã e era isso que ele mais
queria. ver seu Clã se fortalecendo
.. novamente.”
À medida que o sol se punha e as sombras enchiam o desfiladeiro,

o Clã se reuniu para a vigília do Skywatcher. Estrela de Fogo e
Tempestade de Areia agacharam-se perto dele, enfiando o nariz em
seu pelo cinza e frio. Cherrypaw e Sparrowpaw sentaram-se um pouco
afastados, com o resto do Clã. Clovertail hesitou, mas se acomodou
ao pé do penhasco com seus filhotes aconchegados em seu pelo,
como se fossem dormir como sempre. Bigode Curto parecia muito
ansioso, e Estrela de Fogo se perguntou se ele havia se sentado
deliberadamente em uma pedra pontiaguda para evitar que
cochilasse.
A última luz do dia desapareceu do céu; as nuvens se

dissiparam e os guerreiros do StarClan começaram a aparecer no
alto. Depois de um tempo, Firestar percebeu que o Clã estava ficando
inquieto. Ele podia ouvir mudanças e murmúrios atrás dele.
Cherrypaw soltou um enorme bocejo e fechou os olhos; ela acordou
de novo quando Sparrowpaw a cutucou na lateral do corpo.
Então Firestar ouviu a voz de Clovertail sussurrando em seu

orelha. “Sinto muito, Firestar, está esfriando e se você tem certeza de que está
seguro dormir, gostaria de levar meus kits de volta para a caverna.”
“Tudo bem,” ele murmurou.
Quando ela se retirou, ele ouviu outro gato levantar-se e segui-la pela
trilha pedregosa; olhando ao redor, ele viu que era Garra Afiada.
Bigode Curto e Pé Retalhado miavam baixinho um para o outro; depois de
alguns batimentos cardíacos, Bigode Curto afastou-se, mas apenas
para sentar-se sozinho numa pedra, a alguns metros de distância de uma
raposa, rio abaixo. Cherrypaw e Sparrowpaw, apesar de todas as suas
boas intenções, adormeceram. Apenas Leafdapple permaneceu, com
o olhar fixo nas estrelas.
Estrela de Fogo suprimiu um suspiro. Esses gatos não entendiam

direito o que significava viver a vida de um guerreiro e seguir o código do
guerreiro. Eles precisariam aprender a importância da vigília – entre
tantas outras coisas – antes de
seria verdadeiramente um clã. Mas pelo menos eles pareciam confiar
nele quando ele disse que não morreriam se adormecessem esta noite.
Talvez tivesse sido mais fácil permanecer acordados quando levavam
vidas menos ordenadas, sem patrulhas matinais, patrulhas de caça e
tarefas nas cavernas para cansá-los.
Esticando os membros rígidos, ele olhou para o fogo gelado de Pele de

Prata e se perguntou qual daqueles pontos brilhantes de luz seria o
espírito do Observador do Céu. Você encontrou o caminho para os ancestrais guerreiros
do SkyClan? Ele esperava que sim; se algum gato merecia andar entre
as estrelas, esse gato era o Skywatcher.
O luar brilhando através da entrada da caverna acordou

Firestar, e olhando ao redor da sala ele percebeu que
Bigode Curto não estava lá. Preocupado, ele enfiou a cabeça para fora e
avistou o gato malhado sentado na rocha perto do rio, onde
havia ido três noites antes, quando o Clã mantinha vigília pelo
Skywatcher.
Estrela de Fogo desceu para se juntar a ele; ao se aproximar,

Bigode Curto pulou e um olhar defensivo brilhou em seus olhos.
"Você me queria?" ele começou.
“Não, não por nada em particular.” Estrela de Fogo saltou para

a rocha ao lado dele. “Mas tenho a sensação de que você não está
feliz. Se houver algo errado, você pode me dizer.
Bigode Curto se afastou para o lado para dar espaço para ele.
“Não há nada de errado”, ele miou. "Está tudo bem. Estou aprendendo
coisas que nunca imaginei antes. É apenas . . . bem, existem tantos
gatos. Especialmente quando estamos todos dormindo juntos na sala.
Estou acostumada a viver sozinha com meus moradores.”
“Eu também era um gatinho, você sabe, e senti o mesmo quando

entrei para o meu Clã. Mas você vai se acostumar”, disse Firestar a ele.
“Em breve você se perguntará como conseguiu dormir sem seus
companheiros de clã por perto.”
“Talvez,” Bigode Curto miou, embora não parecesse convencido.
O gato malhado olhou para o rio e Estrela de Fogo teve a

sensação de que queria ficar sozinho. Ele pulou da rocha e voltou
para a toca, imaginando o que poderia fazer para que Bigode Curto se
sentisse mais confortável com a vida do Clã.
Talvez o orgulho por suas conquistas na caça resolvesse o
problema.
Alguns dias depois de sua conversa com Bigode Curto, Estrela de Fogo
retornou de uma patrulha de caça com Pata de Pardal e Maçã de
Folha e encontrou o acampamento quase deserto. A caverna dos guerreiros
estava vazia e, quando a patrulha desceu até a margem do rio, os únicos
gatos que encontraram foram Clovertail e seus filhotes.
“Volte, Bouncekit!” Clovertail gritou, enrolando o rabo em volta do

aventureiro ruivo e puxando-o para trás da beira da água. Olhando para
Firestar, ela acrescentou: “Eles estão ficando muito fortes e ativos. E se eles
tiverem problemas, você pode ter certeza de que o Bouncekit está por trás
disso!
“Eles estão indo muito bem”, disse Firestar a ela. “Em breve eles estarão
prontos para serem mentores. E estamos com tanta falta de guerreiros”,
continuou ele, “que talvez você mesmo tenha que ser o mentor de um deles.
Não é ideal que os aprendizes tenham a mãe como mentora, mas...
Os olhos de Clovertail se arregalaram de consternação. “Não tenho ideia

de como orientar um aprendiz.”
“Talvez seja hora de você começar a se juntar às patrulhas”, sugeriu
Firestar. “Tenho certeza que você aprenderá rapidamente.”
“Oh, eu não poderia!” Exclamou Clovertail. “Meus kits ainda precisam de

mim. Quem ficaria de olho neles se eu não estivesse aqui? Rockkit, desça
aí! ela acrescentou, levantando a voz para o kit preto que começou a escalar
o Rockpile. “Você vai cair na água!”
Olhando para os três kits travessos, Firestar supôs que ela tinha razão.
“Onde está cada gato?” ele perguntou. “Todo o desfiladeiro parece deserto.”
“Eles foram com Sandstorm”, respondeu Clovertail, apontando para o

desfiladeiro com o rabo. “Ela disse que os estava levando para uma sessão
de treinamento.” Dando uma olhada em seus kits para ter certeza de
que não estavam se comportando mal, ela foi até a pilha recém-
abastecida de animais mortos e escolheu um rato para si.
Estrela de Fogo a deixou com Pata de Pardal e Maçã de Folha e

subiu o desfiladeiro. Alguns metros adiante, o penhasco curvava-se para
dentro, deixando um espaço amplo e plano com piso arenoso.
Firestar chegou a tempo de ver Cherrypaw atacar Sandstorm; as
duas gatas rolavam sem parar, formando um emaranhado feroz de patas
e rabos. Garra Afiada, Bigode Curto e Pé Retalhado estavam
observando.
Por fim, Tempestade de Areia libertou-se e levantou-se, sacudindo a

areia da sua pele. “Muito bem”, ela miou. “Você acertou aquela ação de
salto e garra. Se eu fosse uma raposa, não gostaria de conhecer você.”
Os olhos de Pata de Cereja brilharam.
“Shortwhisker, você pode tentar”, continuou Sandstorm.

“Finja que sou uma raposa que está tentando entrar no berçário do Clã.”
Bigode Curta hesitou, olhando para os outros gatos, enquanto

Tempestade de Areia se agachava, balançando a ponta da cauda com impaciência.
“Vamos,” ela insistiu. “Já tive tempo de comer alguns kits.”
Bigode Curto se lançou através do espaço arenoso, com as garras

estendidas, mas calculou mal o salto. Ele ficou aquém, bem na frente de
Tempestade de Areia, que lhe deu um tapa nas orelhas com as duas patas
dianteiras. Shortwhisker soltou um grunhido de frustração, balançando o rabo.
“Não se preocupe,” Sandstorm miou. "Tente novamente."
"Não, já estou farto por enquanto." Bigode Curto recuou.

“Vou praticar sozinho um pouco.”
Por um instante, Sandstorm lançou-lhe um olhar interrogativo e

depois assentiu. "OK. Teremos outra sessão amanhã.”
Shortwhisker contornou uma curva no desfiladeiro e desapareceu

de vista. Firestar trocou um olhar com Sandstorm e foi atrás dele.
Antes de alcançar Shortwhisker, o gato malhado percebeu que algum
gato o estava seguindo e parou para esperar.
“Sinto muito”, ele miou, não dando a Firestar a chance de falar

primeiro. “Eu sei que errei.” Ele piscou miseravelmente. “Eu nunca vou
acertar. Eu me sinto tão estranho tentando treinar com todos aqueles
outros gatos assistindo.”
Estrela de Fogo suprimiu um suspiro. Era o mesmo problema de

que Bigode Curto havia falado antes, na rocha à beira do rio. Ele
estava achando difícil se adaptar à vida entre um grande número de
gatos.
“Bem, é o mesmo para todos os gatos”, ele começou. Bigode Curto

tentou interromper, mas Estrela de Fogo balançou o rabo pedindo
silêncio. “Eu posso entender como você se sente, mas pelo bem do
StarClan, por que você não contou isso ao Sandstorm? Ela não é
irracional. Ela lhe daria uma sessão individual se você pedisse.
As patas dianteiras de Bigode Curto se arrastaram no chão arenoso.

“Eu não gosto de causar problemas a ela. Ela já trabalha tanto.
“Eu sei, mas não é problema, honestamente. Eu te direi uma coisa,"

Estrela de Fogo continuou. “Você gostaria de praticar comigo agora?
Nenhum gato está nos observando.”
Os olhos de Bigode Curto brilharam. "Você realmente faria isso?"
"Claro. Que movimento Sandstorm estava tentando ensinar

você?"
“Ela nos mostrou como saltar sobre nossos inimigos. Dessa forma, ela
disse, é mais difícil para eles chegarem até você.”
"Verdadeiro." Firestar chicoteou seu rabo. “Ok, venha me pegar.”
Mal tinha terminado de falar quando Bigode Curto saltou sobre

ele, rosnando. Estrela de Fogo se esquivou; Bigode Curto caiu no chão
ao lado dele, mas conseguiu enfiar as patas na lateral de Estrela de
Fogo antes que ele pudesse sair do alcance.
"Bom!" exclamou Estrela de Fogo.
“Mas senti sua falta,” Bigode Miou com tristeza.
Estrela de Fogo cerrou os dentes. Este gato estava determinado a

ver o lado ruim de tudo? “Mas você ainda levou um golpe”, ele ressaltou.
“Tente novamente e desta vez continue lutando até que eu diga para
você parar.”
Ele se agachou, esperando o salto de Bigode Curto. Para

momento ele relaxou quando o olhar do gato malhado desviou-se para
uma borboleta passando voando; o salto quando veio o pegou de surpresa.
"Sorrateiro!" Ele grunhiu quando Shortwhisker pousou em cima dele, tirando
o fôlego de seu corpo. Ele ouviu um grunhido de satisfação quando Bigode Curto
agarrou seus ombros com as patas.
e mordeu o pelo do pescoço. Rolando de costas, Estrela de Fogo torceu
as patas traseiras, tentando acertar um golpe na barriga de Bigode
Curto com as patas traseiras. Bigode Curto perdeu o controle, agitando as
quatro patas descontroladamente enquanto tentava agarrar Estrela
de Fogo novamente.
“Ok, isso basta,” Firestar ofegou.

Bigode Curto levantou-se com dificuldade. "Eu não machuquei você,

machuquei?"
O flanco de Estrela de Fogo doía, mas ele balançou a cabeça. "Isso foi ótimo.
Você tem tudo para ser um lutador realmente perigoso.”
Os olhos de Shorthisker brilharam com o elogio. "Realmente?"
"Realmente. Não há necessidade de você sentir vergonha na frente de outros

gatos.”
O gato malhado encolheu os ombros. “Vou me acostumar com isso mais cedo ou
mais tarde, eu acho.” Ele baixou a cabeça para Firestar. “Vou praticar os movimentos
sozinho um pouco, se estiver tudo bem.”
"Isso é bom."
Estrela de Fogo desceu o desfiladeiro e descobriu que a sessão de

treinamento estava terminando, com os outros gatos indo em direção ao
acampamento. Sandstorm estava sentada no meio do espaço de treinamento,
tirando areia de seu pelo.
“Tive uma conversa com Shortwhisker”, começou Firestar, contando a ela o que
havia acontecido.
“Vou garantir que ele tenha a chance de treinar sozinho,”

Tempestade de areia prometida. Ela terminou sua preparação e se levantou.
“Estou menos preocupado com ele do que com Clovertail. Ela ainda não participou
de uma única sessão de treinamento.”
“Ela ainda está cuidando de seus kits.”
Os bigodes da Tempestade de Areia se contraíram. “Seus kits têm idade

suficiente para serem deixados por um curto período de tempo. Eles poderiam vir e
assistir, pelo bem do StarClan!
"Não se preocupe." Estrela de Fogo roçou o rabo no ombro dela.

“Os kits serão aprendizes em breve, e então Clovertail
verá que ela terá que participar. Lembre-se, ela não é uma gata do Clã há
muito tempo.
Tempestade de areia cheirou. “Quando ela se tornou guerreira, ela

prometeu proteger e defender o Clã. Como ela espera cumprir sua
promessa se nunca aprender a lutar?
“Dê-lhe tempo”, pediu Firestar. “Ela ainda não entende o que a

promessa significa. Um dia ela o fará.
“E quanto mais cedo melhor”, murmurou Sandstorm.
Juntos, os dois gatos voltaram para o acampamento. Sem decisão consciente,

suas patas os levaram ao topo da Pilha de Pedras.
Sandstorm deitou-se de lado, fechando os olhos enquanto o sol batia
sobre ela. Estrela de Fogo sentou-se ao lado dela, olhando para onde o
rio desaguava. Patchfoot estava sentado em uma pedra à beira da água,
esticando-se para colo. A alguns metros de distância, Cherrypaw e
Sparrowpaw estavam brincando de briga, enquanto seus mentores
observavam e ofereciam conselhos. Clovertail e seus filhotes
haviam atravessado o rio e estavam explorando as rochas perto da água
daquele lado.
“Sabe, isso me lembra Sunningrocks”, Sandstorm

murmurou. “A rocha quente, o som do rio. o que os outros estão . . Eu me pergunto
fazendo em casa?”
“Graystripe manterá o Clã seguro”, miou Estrela de Fogo. “Eu confio

nele mais do que em qualquer gato.”
A saudade de casa o inundou. Mesmo acreditando na promessa do

Skywatcher de que o ThunderClan estava seguro, ele queria ver seu
representante do Clã e seu melhor amigo mais do que qualquer coisa.
Sandstorm acariciou seu ombro suavemente com a ponta da cauda.

“Eu me pergunto como Sorrelpaw está se saindo com Dustpelt.” Ela
soltou um suspiro suave de diversão. “Eu adoraria assistir a um de seus
treinos!”
Firestar repetiu seu sonho. “Vamos torcer para que Dustpelt sobreviva...”
Ele parou ao som de um grito aterrorizado vindo de baixo.

Levantando-se, ele viu Clovertail parado na beira do rio, com o pelo
arrepiado de modo que ela parecia ter o dobro do seu tamanho.
Por um instante ele não conseguiu localizar os kits. Então ele avistou
Bouncekit, lutando freneticamente enquanto era carregado pela
onda de água que fluía para fora da caverna. Ele rastejou com as patas
dianteiras, soltando um gemido de terror que foi interrompido
quando sua cabeça afundou.
A essa altura Estrela de Fogo estava saltando pelas rochas

com Tempestade de Areia nas patas. Mas Clovertail foi mais rápido.
Antes de chegarem ao caminho do outro lado da caverna, ela mergulhou
no rio; ela nadou fortemente até onde seu kit havia desaparecido e
mergulhou na água.
Terror esfaqueou Firestar. Ele teria que salvar a mãe e também

seu kit? Então Clovertail reapareceu, segurando Bouncekit firmemente
pela nuca. Arrastando-o com ela, ela chegou à beira da piscina, onde
Estrela de Fogo e Tempestade de Areia se inclinaram para pegar
o kit enquanto Rabo de Clover se arrastava para terra seca.
“Kit de salto!” ela exclamou. “Bouncekit, você está bem?”
Tremendo, Bouncekit soltou um grito fraco e vomitou um bocado de

água. Sua mãe o empurrou para um raio de sol, onde ele caiu como
uma folha úmida. Trevo
agachou-se ao lado dele e começou a lambê-lo ferozmente, bagunçando

seu pelo do jeito errado para secá-lo e aquecê-lo novamente.
Estrela de Fogo procurou pelos outros dois filhotes e os viu

avançando nervosamente pelo caminho que levava por baixo das
rochas até a caverna onde crescia o musgo.
Emergindo da caverna, eles caminharam ao longo da margem do rio
e pararam na frente da mãe, com os olhos arregalados de medo.
“O Bouncekit ficará bem?” Tinykit perguntou em voz baixa.
Clovertail ergueu os olhos de sua lambida. O pelo do Bouncekit já

estava quase seco e ele tentava se sentar.
“Não sei no que vocês três estavam pensando!” ela sibilou. “Você sabe
muito bem que não deveria ter entrado naquela caverna sem mim.”
“Mas sabíamos que você não nos deixaria...” Rockkit começou.
“É claro que eu não deixaria! E agora você pode ver por quê.”
Ela deu mais algumas lambidas ásperas no Bouncekit; Estrela de Fogo
percebeu que ela estava com raiva apenas porque estava muito
apavorada. “É perigoso lá embaixo e vocês são pequenos demais para nadar direito.
E se eu não estivesse aqui?
Bouncekit conseguiu se levantar e ficou grogue nas quatro patas. “A

culpa é minha”, ele miou. “Foi ideia minha.”
“Eu não me importo de quem foi a culpa.” Clovertail levantou-se e

sacudiu-se; gotas de água saíram de sua pele, salpicando Estrela de
Fogo e Tempestade de Areia. “Vocês todos devem voltar direto para o
berçário. Não há mais brincadeira para nenhum de vocês hoje.
Rockkit soltou um gemido indignado e depois parou quando sua

mãe olhou para ele. "Prossiga. Agora,” ela ordenou.
Desanimados, os kits se afastaram; então Tinykit olhou

voltar. “Há uma caverna lá, cheia de musgo brilhante”, ela
miou. “E havia vozes falando conosco.”
Assustada, Firestar deu um passo à frente. "O que eles disseram?"
“Eles estavam tão quietos que não podíamos ouvir”, respondeu

Bouncekit.
“Vozes, de fato!” Clovertail repreendeu. “Você não foi travesso o

suficiente sem inventar histórias?”
“Mas não estamos inventando!” Tinykit protestou, sua cauda branca

tremendo. “Ouvimos vozes – muitas delas.”
“Não quero ouvir mais nada sobre isso”, miou a mãe. “Você
nunca mais entrará naquela caverna e ponto final.” Bufando de
aborrecimento, ela começou a conduzir seus filhotes de volta ao Rockpile.
Firestar trocou um olhar com Sandstorm. Skywatcher disse a eles

que os gatos curandeiros do SkyClan compartilharam a língua com
seus ancestrais na caverna onde o rio corria. Será que os kits
poderiam ter ouvido as vozes dos guerreiros do SkyClan há tanto tempo?
Ele e Sandstorm ajudaram os três filhotes a escalar o Rockpile, mas

quando começaram a subir a trilha para o berçário, ele segurou
Clovertail com o rabo no ombro dela.
“Onde você aprendeu a nadar assim?”
Clovertail encolheu os ombros. “Nem sempre morei no desfiladeiro”,

explicou ela. “Nasci rio abaixo, perto de um ninho abandonado de Duas
Pernas. Minha mãe me ensinou a nadar para pegar peixes.”
Estrela de Fogo se perguntou se o ninho das Duas Pernas era aquele por onde ele
e Tempestade de Areia haviam passado em sua jornada.
“Um dos Clãs da floresta onde moro se chama

RiverClan”, disse ele a Clovertail. “Eles nadam e pescam o tempo todo.

Nunca ouvi falar de nenhum outro gato que gostasse de nadar, até agora. Eu
me pergunto se você tem ascendência do RiverClan.
Os olhos de Clovertail se arregalaram. “Isso significa que não pertenço

ao SkyClan?”
A consternação em seu tom encorajou Firestar. Mostrou que

pelo menos Clovertail queria ser membro do SkyClan e tinha as sementes
da lealdade aos seus companheiros de clã e ao código guerreiro.
“Não,” Sandstorm miou, encostando o nariz na orelha de

Clovertail. “Você é um gato SkyClan por completo, porque foi onde você
escolheu viver.”
“Gatos podem mudar de clã”, acrescentou Estrela de Fogo,

lembrando como Tawnypelt, irmã de Garra de Amora Doce, seguiu
seu pai, Estrela Tigre, até o Clã das Sombras. “Isso não acontece com
frequência e nem sempre funciona. Mas ser membro de um Clã envolve
mais do que apenas sangue.”
“Ainda mais,” Sandstorm continuou, “você provou que tem sangue de

guerreiro em você. Você deve aos seus ancestrais aprender suas
habilidades de caça e luta para que o código guerreiro possa viver
em você.
Clovertail piscou. “Eu prometi isso, não foi, quando me tornei um

guerreiro? Estou começando a entender agora o que as palavras
significam. Mas ainda não acho que serei muito útil, não como você e
Garra Afiada.
“Você foi muito corajosa hoje”, Firestar assegurou a ela. “Você

salvou o Bouncekit. Você não precisava de nenhum outro gato.
Clovertail parecia pensativo. Por fim ela assentiu. "Eu nunca

pensei nisso assim”, ela miou. “Ok, vou participar do treinamento a partir de
agora.”
"Bom." Estrela de Fogo apoiou a ponta da cauda em seu ombro. “Você

sentirá que realmente pertence ao Clã quando retribuir algo a ele. Pense nos
seus kits: um dia eles se tornarão guerreiros e você poderá ser um grande
exemplo para eles.”
“Entendemos que não é fácil”, Sandstorm disse à gata, dando-lhe uma

lambida amigável. “Mas eu prometo a você, vale a pena.”
“E você não precisa se preocupar com seus kits”, acrescentou Firestar.

“Eles serão aprendizes em breve, e até então garantiremos que algum gato
fique de olho neles enquanto você treina. Chega de expedições àquela
caverna!”
Na manhã seguinte, Firestar levou Sharpclaw, Cherrypaw e

Patchfoot na patrulha matinal. Quando voltaram, ele viu Pata-de-Pardal,
Bigode-curto e Pintafolha amontoados no sopé da Pilha de Pedras, miando
urgentemente um para o outro. Tempestade de areia estava sentada
à distância de um rabo, com uma expressão de desgosto no rosto.
Estrela de Fogo olhou para Garra Afiada. “O que é isso?”
O ruivo encolheu os ombros. "Não faço ideia."
Estrela de Fogo avançou até chegar ao pequeno grupo. “Oi, está

tudo bem?”
Todos os gatos viraram rostos preocupados para ele.
“Estávamos conversando sobre a Caverna dos Sussurros”, disse-lhe

Bigode Curto.
Estrela de Fogo olhou. "O quê?"
“A caverna sob as rochas.” Tempestade de areia se levantou, seus olhos

estreitado. “É assim que eles estão chamando agora. Esses kits idiotas
espalharam a história das vozes e...
“Deve haver algo lá embaixo”, interrompeu Sparrowpaw. “Rockkit

disse que viu gatos grandes e brilhantes com garras enormes. Seus
olhos brilhavam como a lua e seus dentes eram maiores que os de uma
raposa.”
Patchfoot parecia horrorizado. "Realmente?"
“Kits serão kits, eu sei.” Leafdapple mexeu o rabo. “Mas eles pareciam
aterrorizados! Eles realmente inventariam tudo isso?
"Hum . . .” Estrela de Fogo percebeu que a história dos kits havia

melhorado desde a visita à caverna no dia anterior.
“Suponha que esses grandes felinos apareçam?” Bigode Curto miou.
Tempestade de areia revirou os olhos. “Suponha que os ouriços voem!”
“Se há algo aí, devemos lidar com isso.”

Garra Afiada flexionou suas garras. “Devíamos entrar e atacar antes
que eles tenham a chance de nos atacar.”
Estrela de Fogo ergueu uma pata para detê-lo. “Entraremos lá, mas só
mais tarde. E não acredito que haja algo a temer. É hora das patrulhas de
caça”, continuou ele.
“Sharpclaw, você pode liderar um e Leafdapple o outro.”
Os gatos do SkyClan ainda lhe lançaram olhares duvidosos enquanto

se afastavam. Sandstorm ficou para trás, aproximando-se dele.
“O que você acha que está aí embaixo?” ela murmurou.

“Skywatcher disse que os gatos curandeiros do SkyClan costumavam
compartilhar línguas com seus ancestrais guerreiros naquela caverna.”
Estrela de Fogo assentiu. “É isso que espero. Cada Clã precisa de

um lugar especial, como a Pedra da Lua, e esta caverna poderia
ser do SkyClan. Me preocupa que o novo Clã ainda não tenha um curandeiro.
Talvez se entrarmos na caverna esta noite, os ancestrais guerreiros do SkyClan
nos mostrarão qual gato escolher.”
Os olhos de Tempestade de Areia brilharam. "Boa ideia. Não podemos

ficar aqui para sempre, esperando que um curandeiro apareça.”
Estrela de Fogo afastou a sensação de saudade que ameaçava

turvar seus pensamentos. Este não era o seu Clã, mas ele não poderia partir
até ter certeza de que eles poderiam sobreviver sem ele, e encontrar um
gato medicinal era uma grande parte disso.
“Os ancestrais guerreiros do SkyClan devem estar por aí em algum lugar,” ele
miou, arranhando o chão arenoso.
Quando a noite caiu, Estrela de Fogo conduziu seu Clã para a caverna
sob as rochas. A lua era um arranhão fino no céu, e a luz das estrelas
salpicava a superfície do rio.
Todos os membros do Clã o seguiram enquanto ele avançava pelo caminho

estreito ao lado da água — todos, exceto Clovertail. Ela ficou para
cuidar de seus filhotes; ela ainda se recusava a acreditar que houvesse
alguma coisa na caverna e dera uma boa bronca em Rockkit,
Bouncekit e Tinykit por assustarem todos os gatos.
"Tome cuidado!" Firestar chamou, olhando por cima do ombro.

“Cherrypaw, sem brincadeira! Você poderia facilmente escorregar
nessas pedras molhadas, e não temos Clovertail para tirá-lo!”
“Há algo brilhando à frente.” Uma voz trêmula veio de algum lugar atrás
de Firestar; parecia Bigode Curto.
Ele estava certo. Estrela de Fogo pôde ver uma luz pálida fluindo da
caverna, refletindo na superfície da água. “Está tudo bem”, ele respondeu.
“Não são gatos grandes e assustadores, eu prometo.”
Abaixando as patas com cuidado, ele alcançou o caminho plano que

levava ao longo da margem do rio subterrâneo e recuou para deixar o
resto do Clã entrar.
A tempestade de areia veio pela retaguarda. "Ver?" ela miou. “É apenas

musgo.”
“E é lindo”, acrescentou Firestar. “Veja como a luz ondula no telhado.”
Os gatos do SkyClan olharam ao redor, seus olhos refletindo a luz

misteriosa.
"Ei!" Garra Afiada miou. “Somos gatos assustadores cujos olhos brilham
como a lua.”
Leafdapple soltou uma risada divertida; Cherrypaw e Sparrowpaw

trocaram olhares, parecendo envergonhados por acreditarem na história dos
kits.
“Skywatcher nos disse que seus ancestrais do SkyClan chamavam

isso de Caverna Brilhante”, Firestar disse a eles. “Teria sido um lugar
especial para eles.”
Mas Caverna dos Sussurros talvez fosse um nome melhor, pensou ele. Ele se
esforçou para ouvir qualquer mensagem dos ancestrais guerreiros do SkyClan,
mas tudo o que conseguia ouvir era o barulho da água negra e veloz e
os estábulos de seus companheiros de clã.
“O que havia de especial nisso?” Garra Afiada perguntou.
Firestar deu a cada um dos gatos do SkyClan um olhar penetrante antes

de responder. Skywatcher havia dito a eles que esta caverna era um
lugar especial para gatos medicinais, mas Firestar não queria
destruir sua confiança, dizendo aos novos companheiros de clã que eles ainda
precisavam de um membro de vital importância do clã antes que pudessem ser um
verdadeiro clã. Em vez disso, ele observou para ver se algum gato conseguia ouvir
vozes; para sua decepção, eles olhavam ao redor com cautela, respeitosos,
mas não demonstravam nenhum sinal de compreender o significado mais
profundo da caverna – nem mesmo Leafdapple, que parecia sensível o
suficiente para ser um potencial gato curandeiro.
“Encontraremos um uso para a caverna quando for necessário”, disse ele a

Sharpclaw, abafando um suspiro. "Tudo em bom tempo."
O gato ruivo lançou a Estrela de Fogo um olhar com os olhos semicerrados,

mas não disse mais nada, apenas virando-se para liderar o caminho ao longo da
borda e sair para o espaço aberto novamente.
Estrela de Fogo esperou até que todos os outros gatos tivessem ido embora
antes de ouvir pela última vez as vozes que os filhotes ouviram. Os pelos
de sua pele começaram a se arrepiar; talvez, muito fraco e distante, houvesse

alguma coisa, mas ele não tinha certeza. Como ele poderia colocar o novo Clã
em contato com os espíritos do antigo SkyClan quando ele também não
conseguia ouvi-los?
"Você está aí?" ele miou alto, esperando que os ancestrais guerreiros do
SkyClan pudessem ouvi-lo. “Se você estiver, mostre-se para nós. E pelo bem do
novo Clã, por favor, envie-nos um curandeiro.”
CAPÍTULO 27
Firestar sentou-se na beira da área de treinamento arenosa, observando

Sandstorm trabalhando com Clovertail. Vários dias se passaram desde
que a gata marrom-clara concordou em participar das sessões.
Ela ainda estava ansiosa, ainda insegura sobre seu lugar dentro do Clã,
mas estava tentando o seu melhor.
Ela se agachou com o rabo balançando para frente e para trás, o olhar
fixo em Sandstorm. Quando a gata ruiva saltou,
Clovertail agarrou-a e virou-a para segurá-la na areia. Seus três filhotes,
observando ao lado de Estrela de Fogo, saltavam para cima e
para baixo, soltando miados alegres.
"Sim!" Rockkit uivou. “Vá, Clovertail!”
"Morda a garganta dela!" Bouncekit pediu.
Sandstorm empurrou Clovertail e olhou para os três filhotes

enquanto cuspia um bocado de areia. "Você se importa?" ela miou.
“Você apenas espere até se tornar um aprendiz. Vou te ensinar sobre
morder a garganta.”
Todos os três filhotes caíram em gargalhadas, suas pequenas caudas

balançando no ar.
"Não adianta." Firestar mexeu as orelhas para seu companheiro. “Eles

sabem que você não é tão feroz quanto parece.”
370
Tempestade de areia o ignorou. “Você está indo muito bem”, ela disse
a Clovertail. “Você pode querer tomar cuidado com—”
Ela parou ao ouvir um uivo vindo do fundo do desfiladeiro. Estrela de

Fogo saltou sobre as patas. Ele sacudiu o rabo para Sandstorm.
"Vamos. Clovertail, guarde os kits aqui.”
Sem esperar para ver se Clovertail obedeceu, ele desceu correndo o

desfiladeiro. Tempestade de areia saltou em seus calcanhares. Um
segundo antes de chegarem ao Rockpile, o uivo parou. O silêncio era
quase tão assustador quanto o som.
Deslizando pelas rochas mais baixas do Rockpile, Firestar parou

escorregadiamente. Um pouco mais à frente dele estava Rainfur, o
ladino cinza que se recusou a se juntar ao Clã. Seus flancos se agitaram
enquanto ele lutava para respirar.
Patchfoot estava de frente para ele, com a pele eriçada e os

lábios contraídos em um rosnado. Leafdapple e Sharpclaw estavam por
perto com seus aprendizes, parecendo prontos para lutar contra o
intruso se fosse necessário.
“Saia,” Patchfoot murmurou. “Você teve a chance de ficar e recusou.

Agora vá, a menos que queira arrancar seu pelo.
“Espere,” Estrela de Fogo miou, avançando para se colocar entre Pé

Malhado e Pele de Chuva. "Qual é o problema?"
“Rainfur sabe que não deveria vir aqui agora,”

Patchfoot começou.
Estrela de Fogo tocou o ombro do gato preto e branco com o rabo.

“Deixe Rainfur falar por si mesmo.”
A essa altura, o ladino cinza já havia recuperado o fôlego. “Preciso

da sua ajuda”, ele miou. “Por favor, Estrela de Fogo. Não é para mim;
é para minha companheira e seus kits.”
Até então Firestar nem sabia que Rainfur tinha uma companheira. “Qual é
o problema com eles?”
“Petal é um gatinho”, explicou Rainfur. “Ela mora rio abaixo” — ele balançou o rabo
em direção ao lado oposto do desfiladeiro — “com um velho
Duas-Pernas que quase nunca a alimenta. Ela costumava fugir para me
encontrar, e eu costumava pegar presas para ela. Tentei convencê-la a vir
morar comigo, mas ela ficou com medo, principalmente quando descobriu que
vinham kits.
Ela pensou que o Duas-Pernas iria cuidar deles.
"Quando ele não se importava com ela?" Tempestade de areia perguntou, chocada.
Rainfur balançou a cabeça desamparadamente. “Eu não consegui persuadi-la.

Mas agora que os kits nasceram, o Twoleg é tão ruim quanto, se não pior. Petal
está ficando cada vez mais fraca e não tem leite suficiente para manter os
filhotes vivos. Você tem que nos ajudar!
Leafdapple olhou para Estrela de Fogo. “Acho que deveríamos ir.”
"Um momento." Sem esperar a resposta de Estrela de Fogo, Garra Afiada

deu um passo à frente, lançando a Rainfur um olhar desconfiado.
“Se sua companheira pôde sair para ver você, por que ela não pode sair agora e
trazer os kits com ela?” Para Firestar, ele acrescentou: “Acho que ele pode
estar preparando uma armadilha para nós”.
O pelo do pescoço de Rainfur começou a se arrepiar. “Por que eu iria querer

fazer isso?” ele miou. “Ela não pode sair porque o Duas-Pernas bloqueou a
lacuna que ela usou.” Um arrepio percorreu-o e ele arranhou o chão em
frustração. “Todos vão morrer e eu não sei o que fazer!”
“Nós iremos”, decidiu Firestar. “Quantos kits?”
“Dois”, respondeu Rainfur, piscando em choque e alívio.

“Tudo bem”, miou Estrela de Fogo. “Sharpclaw, Leafdapple, Patch-foot, vocês

vêm comigo. Isso será o suficiente para distrair o Duas-Pernas e levar os kits
para fora. Tempestade de areia, você está no comando até eu voltar.”
"Multar." A cauda da Tempestade de Areia se enrolou. “Boa sorte”, acrescentou ela.
Rainfur liderou a patrulha do SkyClan rio abaixo e atravessou o rio perto do

tronco da árvore. Eles escalaram o penhasco e cruzaram as marcas de cheiro da
fronteira do SkyClan, ainda seguindo rio abaixo.
Este era um território novo para a Firestar; ele apurou os ouvidos, todos os seus
sentidos alertas, mas nada perturbava o silêncio da floresta.
Eventualmente Rainfur parou, levantando o rabo em alerta. “O ninho Duas-Pernas

fica logo depois daqui”, explicou ele, apontando com a cabeça em direção a
um arbusto de arbustos. “Precisamos ter cuidado para que o Duas-Pernas não
nos veja. Ele já jogou coisas em mim antes.
Firestar assumiu a liderança, rastejando em torno do arbusto

matagal com o pelo da barriga roçando a grama. Ele fez uma pausa quando o ninho
Duas-Pernas apareceu, examinando-o cuidadosamente. Uma cerca de
madeira a cercava, mas estava parcialmente destruída, com arbustos aglomerados
em ambos os lados. Além dele, o ninho estava escuro e silencioso. Estrela de Fogo
conseguia sentir cheiros fortes de Duas Pernas e de gato, mas não conseguia
ver nenhum movimento.
“Ok, vamos lá,” ele murmurou por cima do ombro. “Mas fique quieto.”
Ele avançou novamente, seguindo a cerca de Duas Pernas até chegar a uma
abertura no fundo, onde deslizou para dentro do jardim.
Ele se viu entre arbustos densos, tão crescidos que quase nenhuma luz solar
penetrava em seus galhos. Além deles havia um trecho de grama longa e irregular
que levava ao ninho
em si. Flores de Duas Pernas margeavam a grama, mas estavam espalhadas e

crescidas demais, não arrumadas como na maioria dos jardins de Duas Pernas.
As trepadeiras cresciam nas paredes do ninho e

Firestar avistou um buraco no telhado. Parecia quase tão abandonado quanto o
ninho abandonado, onde ele e Sandstorm haviam ficado enquanto subiam o rio.
“Duas Pernas moram aqui?” Leafdapple sussurrou ao lado do ombro de

Firestar.
“É onde Petal está.” Rainfur apontou com o rabo para uma abertura na
parede do ninho.
Estrela de Fogo ouviu um miado fraco e distinguiu um borrão pálido por

trás da matéria dura e transparente que preenchia a lacuna.
"Lá está ela!" Rainfur miou. Ele passou por Estrela de Fogo e saltou para a
saliência do lado de fora do buraco na parede.
“Idiota,” Sharpclaw murmurou. “Ele vai fazer com que todos nós sejamos pegos.”
Mas quase imediatamente Rainfur saltou novamente e voltou para se juntar

ao grupo, quase invisível na grama alta. “Ela quer vir conosco”, relatou ele. “Mas
temos que tirá-la primeiro.”
Mantendo-se alerta a qualquer ruído de Duas Pernas, Estrela de Fogo voltou-se

para o resto de sua patrulha. "Alguma ideia?"
Garra Afiada examinou o ninho com os olhos semicerrados. “Talvez

devêssemos dar uma olhada no outro lado. Precisamos de uma maneira de entrar.
“Mas Rainfur disse que o Duas-Pernas mantém Petal calado,”

Leafdapple apontou. “Isso sugere que não haverá lugar para entrar ou sair.”
“Então temos que fazer o Duas-Pernas abrir a porta.”

Estrela de Fogo olhou para cada um de seus guerreiros: Pé

Retalhado parecia inexpressivo e Garra Afiada estava rasgando
impacientemente a terra sob suas patas. Rainfur continuou lançando
olhares ansiosos para o ninho, enquanto os olhos de Leafdapple estavam pensativos.
“Algum gato terá que entrar lá”, ela miou. “Se Petal estiver tão fraca
quanto Rainfur diz, ela não será capaz de levar os kits.”
Firestar conseguiu pensar em algumas ideias, mas queria que os

gatos do SkyClan apresentassem suas próprias soluções. Eles
nunca se tornariam independentes se dependessem dele para tudo.
“O que levaria o Duas-Pernas lá fora?” ele solicitou.
“Lutando contra gatos!” Exclamou Garra Afiada. “Rainfur, você disse

que o Duas-Pernas joga coisas em você se ele te vê lá fora. Ele terá
que abrir uma porta para fazer isso.”
"Brilhante!" Os olhos de Rainfur estavam brilhando. “Então o resto

de nós pode entrar para ajudar Petal.”
Estrela de Fogo assentiu. "Certo. Sharpclaw e Patchfoot, vocês

lutam. Faça o barulho que quiser, mas espere pelo meu sinal. Leafdapple
e Rainfur, venham comigo.”
Com o ladino e a gata malhada logo atrás dele, Estrela de Fogo

deslizou pela grama alta até ficar abaixo de Petal. Ela estava olhando
para fora com o nariz pressionado contra a janela brilhante.
Rainfur pulou ao lado dela novamente e acenou para Estrela de Fogo

com o rabo. “Vamos”, ele miou. “Diga a ela o que ela tem que fazer.”
Fazendo sinal para Leafdapple ficar onde estava, Firestar

saltou para a borda ao lado do ladino. Cada pelo de sua pele arrepiou-
se de pena quando ele deu uma boa olhada em Petal pela primeira vez.
Sua pele era de um cinza tão claro que era quase branco, e ela estava
tão magra de fome que Estrela de Fogo podia ver cada uma de suas
costelas. Seus olhos azuis estavam arregalados e suplicantes.
Um pedaço da parte transparente se rompeu, deixando um espaço

grande o suficiente para um gato passar, mas foi bloqueado por
um pedaço de madeira, prendendo Petal e os filhotes dentro.
“Rainfur diz que você vai ajudar meus filhotes,” Petal miou,
colocando a boca perto da borda da floresta.
Estrela de Fogo rapidamente contou a ela o que ele e os outros

guerreiros haviam decidido fazer. “Assim que a porta estiver aberta, nós
três poderemos entrar”, disse ele. “Vamos trazer você e os kits e nos
juntar aos outros. Apenas esteja pronto para correr quando eu disser.
Pétala assentiu. "Estou pronto agora."
“Ok, vamos lá.” Estrela de Fogo pulou na grama novamente ao

lado de Leafdapple. Assim que Rainfur se juntou a eles, ele acenou com
o rabo para onde pudesse ver Garra Afiada e Pé Malhado agachados na
beira dos arbustos.
Imediatamente Sharpclaw soltou um grito assustador.

Patchfoot juntou-se a eles com um grito misterioso. Os dois machos
saltaram um sobre o outro e rolaram juntos na grama, seus uivos e
assobios ficando cada vez mais altos.
Um momento depois, Estrela de Fogo ouviu uma voz de Duas Pernas vindo
do ninho, gritando de raiva.
"Está funcionando!" Leafdapple sussurrou.
A porta do ninho se abriu. Um Duas-Pernas emergiu, com a pele

esfarrapada e os olhos arregalados de fúria. Ele tinha algum
Coisas de duas pernas agarradas em cada mão. Ainda berrando, ele atirou uma
delas nos gatos que lutavam; voou sobre suas cabeças e caiu nos arbustos.
"Agora!" Estrela de Fogo uivou.
Ele conduziu os outros dois gatos ao longo da parede do ninho até

chegarem à porta e entrarem. Estrela de Fogo reconheceu uma cozinha Duas-
Pernas e encolheu os lábios ao sentir o fedor de comida podre de Duas-Pernas que
rolava em direção a eles.
Rainfur balançou o rabo em direção a uma porta interna que estava

entreaberta. "Por aqui."
Enquanto Estrela de Fogo o seguia, ele ouviu outro baque vindo de fora
e um grito ainda mais alto. StarClan nos ajude! ele rezou, torcendo para que o Duas-
Pernas não tivesse conseguido acertar um dos guerreiros.
Além da porta havia um pequeno e escuro esconderijo. Petal estava agachada

sobre um ninho de madeira ao lado da parede. Uma pele imunda de Duas
Pernas cobria o fundo; sobre ele estava um filhote cinza e um gato malhado
cinza-claro, contorcendo-se e chorando impotentemente. Ao lado do ninho
havia uma tigela vazia, com restos de comida de gatinho incrustados dentro
e algumas moscas zumbindo ao redor.
“Pobres restos!” Leafdapple exclamou, curvando-se para cheirar os dois kits

suavemente.
“Tem certeza de que é seguro?” Petal perguntou, com os olhos arregalados

de medo. “Meu Duas-Pernas nos verá!”
“Seu Duas-Pernas tem outras coisas em que pensar”, disse Rainfur a

ela. "Vamos."
Petal agarrou um dos kits pela nuca, depois se levantou e se dirigiu para a
porta, cambaleando ligeiramente.
“Dê-me o kit”, instruiu Firestar. “Leafdapple, você pega o outro.

Rainfur, ajude Petal.”
Quando segurou o kit com firmeza, sinalizou com o rabo para que
os outros o seguissem para fora. Mas quando saíram do ninho, uma
sombra bloqueou a luz que vinha da porta externa.
O Duas-Pernas ficou ali, uivando e agitando as patas dianteiras.
Estrela de Fogo lançou um olhar para Leafdapple e os dois se

separaram, desviando do Duas-Pernas de cada lado. Uma enorme
pata rosada e sem pêlos desceu sobre Estrela de Fogo, mas antes que
pudesse agarrá-lo, Pele de Chuva se lançou contra o Duas-Pernas,
cortando a pata com suas garras. O Duas-Pernas soltou um
grito de dor. Olhando por cima do ombro, Estrela de Fogo teve
um vislumbre de Petal cravando suas garras na perna traseira do Duas-Pernas.
Firestar disparou pela porta externa para o jardim.

Largando o kit, ele sinalizou para Leafdapple se juntar aos outros
guerreiros nos arbustos. Então ele se virou para se juntar à luta,
mas Rainfur e Petal já estavam fugindo do ninho atrás dele.
Pegando o kit novamente, ele correu para a cerca, onde Garra
Afiada estava esperando ao lado da abertura. Ele empurrou Petal e
Rainfur até Leafdapple. A essa altura, o Duas-Pernas atravessava
pesadamente o jardim em direção a eles.
“Mexa-se!” Garra Afiada sibilou.
Firestar passou pela abertura; o guerreiro ruivo o seguiu, e toda a

patrulha disparou pela floresta com os uivos do Duas-
Pernas morrendo atrás deles. Eles não pararam até cruzarem os
marcadores de cheiro do SkyClan perto do topo do penhasco.
Por alguns instantes, tudo o que os gatos conseguiram fazer foi pegar seus
respiração. Petal estava apoiada pesadamente no ombro de Rainfur, mas ela

cambaleou em direção aos seus kits assim que Estrela de Fogo e
Dama de Folha os colocaram no chão.
“E se meu Duas-Pernas vier atrás de nós?” ela miou ansiosamente.

“E se ele tentar roubar meus kits de volta?”
“Nós vamos detê-lo,” Rainfur prometeu, pressionando o focinho no ombro

dela.
Nós? Firestar pensou, embora não dissesse nada. Rainfur estava começando
a apreciar o apoio que poderia esperar de um Clã?
Petal afundou ao lado de seus filhotes e os cobriu com lambidas

reconfortantes. Os filhotes se enterraram em seu pelo claro da barriga, ainda
miando de angústia enquanto tentavam mamar.
“Não tenho leite suficiente para eles.” Os olhos de Petal estavam cheios de
tristeza enquanto ela olhava para Firestar. “Eles vão morrer.”
“Não, eles não são,” Firestar assegurou a ela. “Vamos levá-los de volta ao
nosso acampamento e cuidar deles lá.” Clovertail ainda tinha leite, e ela não
se recusaria a ajudar essas sobras lamentáveis.
A esperança brilhou nos olhos cinzentos da gata. “Você vai mesmo?

Ah, obrigado!
Leafdapple roçou suavemente sua pele. “Você não precisa mais se

preocupar.”
Quando chegaram ao acampamento, Sandstorm e os outros estavam

voltando da sessão de treinamento. Cherrypaw e Sparrowpaw saltaram
ansiosos para ver os filhotes, com os filhotes de Clovertail bem presos em
suas patas.
"Você fez isso!" exclamou Pata de Cereja. “Eu gostaria que estivéssemos
lá para ajudar.”
“Não foi difícil.” Sharpclaw contraiu os bigodes de satisfação.

“Você deveria ter visto aquele estúpido erro do Duas-Pernas
sobre."
Sandstorm se aproximou dos kits e cheirou suavemente cada um

deles. Sua cauda chicoteou furiosamente. “Por que o Duas-Pernas
queria gatinhos se os tratava assim?”
“Não era tão ruim antes dos kits chegarem,” Petal miou. “Eu
poderia sair do ninho para pegar ratos. Mas assim que nasceram, o
Duas-Pernas bloqueou a janela. . . .”
“Você não precisa explicar.” Clovertail avançou e tocou o nariz com

Petal. “Traga-os para o berçário e eu os alimentarei.” Ela se virou para
seus próprios kits e lançou-lhes um olhar duro. “Vocês três fiquem
aqui e deixem esses kits dormirem em paz um pouco. E não faça
travessuras.
“O quê, nós?” Rockkit arregalou os olhos.
“Não se preocupe”, Cherrypaw assegurou à mãe. “Sparrowpaw e eu

ficaremos de olho neles. Vamos, pessoal.
Ela acenou com o rabo para chamar os filhotes. “Nós lhe ensinaremos o
agachamento do caçador.”
Com os olhos brilhando de alegria, os três filhotes de Clovertail

marcharam atrás do aprendiz, subindo o desfiladeiro em direção à
área de treinamento.
“Não somos mais os menores!” Tinykit miou alegremente.
Depois que eles partiram, Clovertail foi na frente até o berçário

e se acomodou em seu ninho coberto de musgo. A caverna estava
escura e fresca, a pedra na entrada bloqueava a maior parte da luz
solar direta.
Firestar e Leafdapple colocaram os dois kits ao lado

Barriga de trevo; num piscar de olhos, ambos estavam amamentando

ansiosamente, pressionados contra seu pelo macio.
Petal olhou para eles como se não pudesse acreditar no que estava
vendo. “Não posso agradecer o suficiente”, ela sussurrou. Ela cambaleou como
se suas pernas não pudessem mais sustentá-la, e
Leafdapple ajudou-a a deitar-se no musgo macio ao lado de Clovertail e
seus filhotes.
— São kits lindos — murmurou Clovertail. "Quais são os nomes deles?"
“Esse é o Mint”, respondeu Petal, apontando com as orelhas para o kit

cinza. “E esse aqui é Sage”, acrescentou ela, indicando o gato malhado cinza
claro. “Eu costumava olhar pela janela as ervas do jardim Duas-Pernas.”
Mintkit e Sagekit, Firestar pensou, imaginando se Petal gostaria que

seus kits crescessem no Clã.
“Vou buscar alguma caça fresca para você”, prometeu Leafdapple, e

passou pela pedra na entrada.
Firestar disse adeus às duas gatas e seguiu Leafdapple para fora.

Tempestade de areia estava esperando por ele a alguns passos da trilha
pedregosa.
“Petal precisará de algo para ajudá-la a recuperar as forças”,

ela murmurou quando Estrela de Fogo se juntou a ela. “Ela parece
tão fraca e doente.”
“Você sabe o que fazer por ela?” — perguntou Estrela de Fogo.
“Bagas de zimbro para dar força, disse Pele de Cinza”, respondeu a

gata ruiva. “Mas não sei onde encontrá-los.” A ponta da cauda dela se
contraiu. “Eles precisam de um curandeiro, não é?”
Estrela de Fogo balançou a cabeça. “Não cabe a nós decidir”, ele

miou. “Os gatos medicinais são escolhidos pelo StarClan. E não tive
nenhum sinal.”
“Bem, eu gostaria que o StarClan seguisse em frente”, Sandstorm

respondeu asperamente. “Enquanto isso, farei o que puder por Petal. Vou
perguntar a Garra Afiada se ele sabe onde cresce o zimbro. Ela foi se juntar ao
ladino ruivo, que estava agachado ao lado da pilha de animais recém-
mortos.
Estrela de Fogo avistou Pele de Chuva a alguns metros de distância de

uma raposa acima do penhasco, fora da toca dos guerreiros. Quando Estrela
de Fogo subiu para se juntar a ele, ele ficou de pé. “Eles ficarão bem?”
“Eles vão ficar bem,” Firestar miou, esperando que isso fosse verdade.
“Por que você não vai ver?”
“Eu irei, se nenhum gato se importar.” Rainfur deu algumas lambidas

envergonhadas no pelo do peito.
Firestar adivinhou que ele se sentiu estranho ao entrar no

Antros SkyClan. “Você pode ficar aqui o tempo que quiser”, ele miou.
Rainfur encontrou seu olhar com firmeza. “Obrigado, Estrela de Fogo. EU-"
“Teríamos feito o mesmo com qualquer gato.”
“Eu queria pedir desculpas pelo que disse na reunião,”

Rainfur miou. “E eu gostaria de ficar com você, pelo menos por um
tempo. Petal ainda não está forte o suficiente para ir a lugar nenhum, e os
filhotes precisam de Clovertail para alimentá-los. Mas só se estiver tudo
bem”, acrescentou.
"Claro. Ficaremos felizes em receber você.”
Mesmo enquanto recebia Rainfur no desfiladeiro, Estrela de Fogo se sentia

desconfortável. O ladino cinza o tratava como se ele fosse o líder do SkyClan. Ele
não estava e não queria estar. O
quanto antes ele conseguisse encontrar um verdadeiro líder, melhor.

Garra Afiada parecia a escolha óbvia: ele era forte e corajoso, e suas
habilidades de luta eram melhores do que as de qualquer outro gato.
Mas ele parecia muito interessado na reunião quando Firestar explicou que
um líder do Clã recebia nove vidas. Essa era a razão errada para
procurar a liderança do Clã, porque poderia deixar um gato imprudente ao
se arriscar em perigo – essas vidas seriam facilmente perdidas se não
fossem tratadas com respeito.
Esta não é sua escolha, ele lembrou a si mesmo. Um verdadeiro líder de clã
deve ser aprovado pelo StarClan. Ele olhou para onde o céu estava inundado de
escarlate do sol poente. Ainda era muito cedo para as estrelas aparecerem.
Você anda por esses céus? ele perguntou silenciosamente aos ancestrais
guerreiros do SkyClan. Se você estiver aí, por favor me mostre qual é o gato certo para liderar
este Clã.
CAPÍTULO 28
Cherrypaw estava agachada na beira da área de treinamento, com a cauda balançando

de um lado para o outro e os olhos brilhando. Seu pelo de tartaruga se
arrepiou quando ela saltou para frente, suas garras atacando os ombros de seu
mentor. Garra Afiada esquivou-se para o lado, tentando arrancar as
patas da jovem gata; ela se chocou contra ele, e os dois gatos lutaram
juntos na areia.
"Bom trabalho!" Estrela de Fogo miou. “Cherrypaw, você aprendeu

esse movimento muito bem.”
Os dois gatos sentaram-se, ofegantes e sacudindo a areia da pele.

Cherrypaw lançou um olhar triunfante para seu mentor. “Um dia vou vencer
você”, ela disse a ele.
“Espero que sim”, respondeu Sharpclaw calmamente. “Meu trabalho estará

feito então.”
“Acho que isso é treinamento de batalha suficiente por hoje.” Estrela de

Fogo levantou-se. “Sharpclaw, quando Sparrowpaw voltar da patrulha de
caça, pensei que você e Leafdapple poderiam dar uma avaliação aos dois
aprendizes.”
"O que é isso?" Cherrypaw perguntou curiosamente.
“Seu mentor lhe dá uma tarefa”, explicou Firestar.

“Normalmente para ir caçar em um determinado lugar. Então eles seguiram
384
abaixe você e veja como você se sai, mas você não os verá. No
ThunderClan, todo aprendiz—”
Ele parou ao ouvir passos de patas correndo ao longo do desfiladeiro

e um gato uivando seu nome. Virando-se, ele avistou Pata de
Pardal, seu pelo malhado eriçado e seus olhos âmbar arregalados de
medo.
“Fomos atacados!” Ele ofegou. “Patchfoot está machucado.”
“Mostre-me,” Firestar retrucou.
Sparrowpaw virou-se e correu de volta ao desfiladeiro; Estrela

de Fogo o seguiu, com Garra Afiada e Pata Cerejeira em suas patas.
Quando ele fez a curva e passou pelo Rockpile, Estrela de Fogo

viu Shortwhisker e Sandstorm arrastando Patch-foot pela parte mais
baixa da trilha para colocá-lo na sombra do penhasco. Sua cabeça
pendia mole e seu rabo arrastava-se na areia; sangue escorria de um
ferimento em seu ombro. A barriga de Estrela de Fogo balançou.
Quando ele se aproximou de Patchfoot, viu que seu peito arfava

com respirações rápidas e superficiais. Seus olhos estavam abertos,
cheios de dor e medo.
"O que aconteceu?" Firestar perguntou, virando-se para Sandstorm.
Sandstorm apoiou o rabo de forma tranquilizadora no ombro

ileso de Patchfoot. “Não se preocupe,” ela miou. “Nós vamos consertar
você como novo.” Dando sua atenção a Estrela de Fogo, ela continuou:
— Fomos atacados por ratos do lado de fora do celeiro abandonado do
Twoleg.
“Mais ratos do que você já viu na vida!” Bigode Curto engasgou.

Seu pelo ainda estava arrepiado de choque.
Garras geladas picaram a espinha de Firestar. “Eu sabia que havia algo errado
com aquele lugar”, ele miou.
“Nós lutamos contra eles”, continuou Sandstorm, “mas dois deles

pularam em Patchfoot”.
“Você também está ferido,” Firestar apontou, notando um pedaço de

pelo manchado de sangue em seu lado.
Tempestade de areia mexeu as orelhas. "Isso não é nada. Cuidarei

disso quando tiver feito o que puder por Patchfoot.”
A essa altura, mais gatos haviam aparecido: Leafdapple desceu da

toca dos guerreiros, enquanto Petal e Rainfur, que estavam brincando
com seus filhotes um pouco rio abaixo, se aproximaram e olharam
ansiosamente para o guerreiro ferido.
"Ele vai morrer?" A voz de Petal tremeu.
“Não se eu puder evitar”, respondeu Sandstorm. “Cherrypaw, vá até a

Caverna dos Sussurros e traga um pouco de musgo para mim. Sparrowpaw,
entre em algumas das cavernas não utilizadas e me traga todas as teias
de aranha que puder encontrar.
Os bigodes de Sparrowpaw estremeceram de surpresa. “Teias de aranha?”
“Para estancar o sangramento.” Sandstorm sacudiu o rabo para ele.

"Pressa!"
Depois que os dois aprendizes saíram correndo, Estrela de Fogo e

Leafdapple pegaram Patchfoot e o carregaram para a caverna mais baixa,
que Skywatcher havia dito a eles que pertencia ao gato medicinal do
Clã. Havia uma grande caverna externa com alguns arranhões no chão,
e uma caverna menor e mais profunda além dela, que teria sido a toca do
curandeiro. Em um nicho na rocha, Tempestade de Areia descobriu
algumas folhas antigas e esfareladas, e o aroma de ervas doces parecia
pairar no ar.
Patchfoot soltou um gemido quando seus companheiros de clã o moveram,

e no momento em que o colocaram na caverna do curandeiro ele havia perdido
a consciência.
“Você acha que pode ajudá-lo?” — perguntou Estrela de Fogo.
Os olhos verdes de Sandstorm estavam ansiosos. "Não sei. Posso estancar

o sangramento com teias de aranha, mas temo que as feridas infeccionem.
Cinderpelt usaria calêndula ou rabo de cavalo, mas não sei onde eles crescem
por aqui.
"Eu faço." A voz era de Petal; o gato cinza claro os seguiu e estava olhando
pela entrada da caverna. “Tem calêndula no jardim do meu Duas-Pernas.”
Tempestade de areia girou, esperança brilhando em seus olhos verdes.

"Você pode pegar um pouco?"
Petal achatou as orelhas; Firestar podia ver que ela estava... quão
tremendo. "Como . . importante é isso?”
“Muito”, respondeu Tempestade de Areia.
Petal endireitou os ombros. “Então vou buscar alguns.”
“Ah, não, você não vai.” Rainfur apareceu ao lado de Petal. "Eu irei.
Eu sei onde cresce o calêndula. Ele deu uma lambida na orelha de Petal.
“Você cuida dos kits e eu voltarei antes que você perceba.”
“Isso seria ótimo”, Firestar miou.
Rainfur disparou e Firestar foi até Petal.

“Obrigado pela oferta, mas você não deveria ter que voltar para aquele
ninho de Duas Pernas novamente.”
Petal olhou para ele, os olhos arregalados de culpa.

“Às vezes acho que deveria ter ficado com meu Duas-Pernas”, ela murmurou.
“Mas não suporto nem pensar nele.”
“Você não precisa fazer isso”, Firestar disse a ela. “Você está seguro aqui.”
Petal baixou a cabeça e saiu, chamando seus kits.
Tempestade de Areia se agachou ao lado de Patchfoot e começou a limpar

o sangue do ferimento no ombro com fortes raspagens de sua língua. Estrela de
Fogo a observou por alguns instantes, depois voltou para fora, passando por
Pata de Cereja quando ela entrou com um enorme feixe de musgo.
O resto do Clã estava reunido em torno de Bigode Curto, ouvindo seu

relato sobre o ataque dos ratos. “E então eles saíram do celeiro tão
densos quanto um rio!” ele miou. “Você não conseguia ver o chão para os ratos.”
"É o bastante." Estrela de Fogo deu um passo à frente e silenciou o

guerreiro malhado com um movimento de cauda. O Clã ficou bastante
chocado com os ferimentos de Patchfoot sem ouvir histórias exageradas de como ele os
conseguiu. “Já lidei com ratos antes”, ele continuou. “Eles são
criaturas desagradáveis, mas uma forte patrulha de gatos pode vencê-los.
Garra Afiada, você pode vir comigo. E Pata de Cereja. . .” Ele acenou para a
aprendiz quando ela reapareceu da caverna do curandeiro. “Vamos verificar isso
por nós mesmos.”
“Você não está feliz por ter praticado esses movimentos de luta?”
Sharpclaw murmurou para seu aprendiz.
A única resposta de Cherrypaw foi um aceno entusiasmado de sua cauda;

seus olhos brilhavam de excitação.
“Leafdapple, você está no comando do acampamento enquanto estivermos fora.

Se eu fosse você, colocaria todos os kits dentro do berçário com Clovertail e
depois guardaria a entrada. Apenas no caso de."
A gata malhada baixou a cabeça. “Não se preocupe, Estrela de Fogo.

Nós ficaremos bem." Ela saiu correndo para reunir os kits.
Estrela de Fogo deu uma última olhada no acampamento e depois

seguiu pela trilha pedregosa até o topo do penhasco. Não havia cheiro de
ratos aqui, apenas o cheiro quente do sangue de Patchfoot, mas ele
ordenou que a patrulha permanecesse em silêncio e se esgueirou tão
furtivamente quanto pôde através da vegetação rasteira e através do
cerrado em direção ao celeiro Duas-Pernas.
Muito antes de chegar lá, ele começou a sentir um forte cheiro de rato e,
à medida que ele e sua patrulha se aproximavam, a sensação de uma força malévola,
de olhos frios observando-o das sombras, tomou conta dele novamente.
Estrela de Fogo estremeceu até a raiz da pele.
Ratos!
Foi isso que ele sentiu na vegetação rasteira rio abaixo.

Ratos cujo ódio pelos gatos se espalhava como um rio escuro e venenoso.
Ele ficou surpreso com a força desse ódio e com o quão
concentrado ele era. Os ratos que ele conheceu antes eram cruéis, mas não
assim, propositais e astutos.
Tudo ficou quieto quando a patrulha do SkyClan se aproximou da

cerca brilhante que cercava o celeiro. Os buracos irregulares nas paredes
pareciam encará-los, mas, exceto pelo cheiro, não havia sinal de rato.
“Estrela de Fogo, aqui!” Garra Afiada farejava um pouco mais ao longo da

cerca, acenando para seu líder com o rabo.
Quando ele se juntou ao gato ruivo, Estrela de Fogo viu o chão rasgado
por garras e pedaços de terra ainda escurecidos por coágulos de sangue.
“Deve ser aqui que o ataque aconteceu”, Sharpclaw

miou.
Estrela de Fogo assentiu. Logo além da área arranhada havia uma

abertura na parte inferior da cerca brilhante, grande o suficiente
para um gato passar. Por um instante, suas patas congelaram
no chão; então ele sacudiu a pele. Era apenas uma gangue de ratos,
nada que ele não pudesse enfrentar, desde que tivesse guerreiros
fortes para apoiá-lo.
“Ok,” ele murmurou. “Estamos entrando. Cherrypaw, siga-me. Garra

Afiada, fique de olho atrás.”
Com as orelhas em pé e os bigodes se contraindo, ele deslizou

pela abertura e caminhou suavemente pela superfície de pedra branca
em direção ao celeiro. Ainda não havia sinal de movimento. Estrela de
Fogo teria gostado de pensar que a patrulha da Tempestade de
Areia tinha assustado os ratos, se não fosse pela sensação avassaladora
de estar sendo observado.
“Vamos entrar?” Garra Afiada perguntou.
“Não se não for necessário”, respondeu Firestar. “Eles podem fazer

o que quiserem em seu próprio território. Vamos dar uma olhada lá
fora e depois...
Ele parou, todos os pelos de sua pele se arrepiando de horror. Com

um tamborilar de patas minúsculas, ratos começaram a sair de um dos
buracos nas paredes do celeiro, mais ratos do que ele já tinha visto na
vida, mais do que ele poderia imaginar vivendo em um celeiro.
Virando-se, ele viu ainda mais emergindo de outro buraco. Os dois
riachos corriam em torno dos três gatos, uma torrente sussurrante de corpos
marrons e caudas longas e finas. Nenhum deles guinchou;
havia apenas o som baixo e terrível de seus pés correndo enquanto
se moviam de forma constante e proposital para se posicionarem.
Firestar e sua patrulha foram cercados; um
uma massa ininterrupta de ratos estava a uma distância de um rabo deles,

bloqueando o caminho para a abertura na cerca. Seus pequenos olhos brilhantes
estavam cheios de malícia.
Shorthisker não exagerou! Estrela de Fogo pensou horrorizada. Você realmente não
consegue ver o chão para os ratos.
Garra Afiada agachou-se, pronto para saltar, os dentes puxados para trás em
um rosnado. Firestar estava ao lado dele, lançando um olhar para Cherrypaw. Os
olhos da jovem tartaruga estavam vidrados de terror, mas ela enfrentava
seus inimigos e tentava se manter firme, embora suas pernas tremessem.
“Ok,” Firestar murmurou. “Quando eu levantar o rabo, vá em direção à cerca.”
Sharpclaw reconheceu a ordem com uma chicotada de cauda.

Estrela de Fogo ficou tensa, pronta para dar o sinal, e desejou poder ter se despedido
de Tempestade de Areia. Mas antes que ele pudesse se mover, a massa de ratos
se separou e um único rato apareceu no espaço entre eles e os gatos. Era maior
que a maioria dos outros, com um corpo musculoso e musculoso e dentes
amarelos e curvos.
“Tudo bem,” Sharpclaw rosnou. "Você quer morrer primeiro, não é?"
A cabeça em forma de cunha do rato balançou para frente e para trás enquanto
seu olhar maligno passava de gato para gato, e ele começou a falar.
Para espanto de Estrela de Fogo, ele entendeu o que dizia, embora as palavras
fossem tão distorcidas que era difícil decifrá-las.
“Os ratos não morrem.” Sua voz rangia como uma garra arrastada sobre uma
pedra. “Gatos morrem.”
Sharpclaw deslizou suas garras. “Você tem certeza disso, não é?”
“Vá embora”, continuou o rato. “Todos os gatos vão embora. Nós matamos
você antes; agora vamos matar você de novo.”
"Você nos matou antes?" exclamou Estrela de Fogo.
“Desta vez deixamos o gato preto e branco viver.” Os olhos do rato brilharam
de ódio. “Mas só desta vez. Se você ficar perto do rio, você morre.”
Ele torceu o rabo nas costas e, como se estivessem esperando o sinal, os outros
ratos se separaram novamente em dois riachos e voltaram para o
celeiro. O rato que havia falado deslizou entre eles e desapareceu de vista.
Estrela de Fogo balançou o rabo em direção à abertura. "Ir!"
Enquanto Cherrypaw e Sharpclaw se espremiam no

cerrado, Estrela de Fogo virou-se para o celeiro. Seu coração batia forte o
suficiente para sair do peito. “O desfiladeiro é o nosso lugar”, ele gritou atrás
do rio de corpos em retirada.
“Não iremos embora.”
Então ele se virou, deslizou pela abertura e correu pelo terreno aberto
com Pata de Cereja e Garra Afiada ao seu lado. Não pararam até chegarem
ao abrigo dos arbustos no topo da falésia.
“Nunca vi tantos ratos!” Cherrypaw ofegou, com os olhos arregalados.
“Nem eu”, admitiu Firestar. “E nunca encontrei um rato que pudesse

falar com gatos antes.”
Sharpclaw estava se arrumando rapidamente, como se estivesse tentando

esconder o quão perturbado estava. “Nunca conheci nenhum, mas já ouvi falar
de ratos assim — ratos que podiam pensar, planejar e odiar. Minha mãe
costumava me contar histórias e eu
pensei que isso fosse tudo: apenas histórias.”
“Eu gostaria que fossem.” O alarme da Firestar estava aumentando. “Ele disse:
'Nós matamos você antes.' Tenho uma sensação horrível de que sei o que ele quis
dizer.
"O que?" Perguntou Pata de Cereja.
Firestar não estava pronta para responder; havia algo que ele precisava
verificar. Agitando o rabo para que os outros o seguissem, ele avançou por entre
os arbustos até o topo do penhasco e desceu a trilha até o covil dos guerreiros.
“Olha só”, ele miou, apontando com o rabo para os arranhões na coluna
de pedra perto da entrada.
“Sim, as marcas das garras dos nossos ancestrais.” Garra Afiada assentiu.
“Observe as marcas de garras menores na parte inferior, aquelas que

atravessam em vez de subir e descer. Sempre imaginei que fossem feitos por kits,
mas agora acho que são marcas de ratos.
Observando as marcas mais de perto, Estrela de Fogo as comparou em sua
memória com as minúsculas garras de ratos. Nenhum kit teria garras tão afiadas.
Os olhos de Cherrypaw se arregalaram. “Os ratos vieram aqui?”
Estrela de Fogo assentiu. “Sempre soubemos que algo

expulsou os primeiros gatos do SkyClan daqui e os espalhou para que o Clã
fosse destruído. Agora acho que sabemos o que era esse ‘algo’.”
“Ratos!” Garra Afiada rosnou.
“Ratos”, concordou Firestar.
Olhando para as marcas de garras finas, marcadas entre aquelas feitas por
gatos, Estrela de Fogo descobriu que era fácil imaginar hordas de ratos
invadindo o desfiladeiro e dominando o
Guerreiros do SkyClan. Eles deixaram suas marcas nesta caverna

para proclamar sua vitória. Firestar não tinha dúvidas de que
estava diante de um registro da derrota do SkyClan.
Este era o segredo que Skywatcher se recusara a contar-lhe, o

segredo de como o primeiro SkyClan fora expulso do desfiladeiro.
O ódio dos ratos havia sido transmitido e agora estava sendo nutrido
pelo líder Estrela de Fogo e sua patrulha se encontrara fora do
celeiro – o rato que falava gato, que deve ter aprendido a falar a língua
de seus inimigos para que eles soubessem exatamente o que era. ele
faria com eles. Ele não iria parar diante de nada para livrar seu território
dos gatos, assim como seus ancestrais fizeram há muito tempo.
Estrela de Fogo cravou as garras no chão arenoso. Estaria

o SkyClan condenado a ser expulso de suas casas novamente, assim
como seus ancestrais?
Ele saiu da toca e olhou através do desfiladeiro.

Nuvens cobriam o céu, embora houvesse um brilho pálido de luz
onde o sol tentava passar. Lentamente, as nuvens mudaram para um
padrão de luz e escuridão, até que o rosto do ancestral do
SkyClan estava olhando para ele com olhos cheios de sabedoria. As
patas de Estrela de Fogo pareceram congelar na rocha e todos os
pelos de sua pele arrepiaram. Por que o ancestral do SkyClan deveria
aparecer agora, quando Firestar não o via há tanto tempo? De alguma
forma, Estrela de Fogo estava convencida de que devia ser porque
havia uma maneira de derrotar os ratos e salvar o Clã.
As nuvens mudaram novamente e o rosto do ancestral desapareceu.

Mas o incentivo que ele deu a Firestar fluiu por seu
corpo, das orelhas até a ponta da cauda. “Vamos,” ele
miou, olhando por cima do ombro para Garra Afiada. “Vou convocar uma
reunião do Clã.”
“Gatos do SkyClan.” Estrela de Fogo estava no topo da Pilha de Pedras,

sua pele cor de fogo brilhando sob um raio de sol. “Você ouviu o que
aconteceu hoje, primeiro com a patrulha de Sandstorm e depois quando
voltei com Sharpclaw e Cherrypaw. Agora temos que decidir o que vamos
fazer.”
Fazendo uma pausa, ele deixou seu olhar viajar pelo Clã abaixo. Todos os
gatos estavam sentados próximos uns dos outros, como se precisassem
do apoio físico dos seus companheiros de clã. Petal estava desaparecido,
cuidando dos filhotes na caverna do berçário, mas Rainfur estava
aqui, mesmo não sendo um guerreiro do Clã. Sandstorm estava sentada na
entrada da toca do curandeiro, onde ela poderia ficar de olho em Patchfoot e
ainda ouvir o que estava sendo dito na reunião.
“Podemos fazer alguma coisa?” Leafdapple perguntou. “Se há tantos

ratos quanto você diz, como podemos vencê-los?” Seus olhos encontraram
os de Firestar enquanto ela falava; ela não estava assustada ou
desesperada, mas Estrela de Fogo sabia que ela não via sentido em enfrentar
uma batalha que eles não poderiam vencer.
Ele sabia que tinha que ser honesto com ela. “Vai ser difícil. Nunca
encontrei ratos como esses antes. Mas não precisamos matar todos eles.
Apenas o suficiente para fazê-los permanecer em seu próprio território.”
“Eles expulsaram o primeiro SkyClan”, Sparrowpaw miou nervosamente.

“Por que deveríamos ser diferentes?” Bigode Curto murmurou concordando,
seus bigodes se contraindo.
“Pelo menos sabemos o que temos que enfrentar”, respondeu Firestar.

Ele raspou as garras na rocha, desesperado para transformar aquele
amontoado de gatos abalados em um Clã de guerreiros leais e determinados.
“Seus ancestrais guerreiros estão observando vocês agora”, disse ele,
esperando que fosse verdade. “Você deveria lutar pelo bem deles, não apenas pelo
seu. Esta é a sua chance de se vingar!”
"Por que?" Cherrypaw exigiu. “Nunca conhecemos nossos ancestrais

guerreiros. Ok, estamos vivendo no acampamento deles, mas isso não significa
que temos que travar suas batalhas.”
Clovertail assentiu, dando um passo que a trouxe para o lado da jovem

tartaruga. “Cherrypaw está certo. Temos que decidir o que é certo para nós, não
para alguns gatos mortos que já perderam a batalha.”
Estrela de Fogo estremeceu; As palavras de Clovertail foram duras, mas ela

tinha razão.
“E os kits?” Bigode Curto ficou preocupado. “Eles não podem lutar. Mas os
ratos vão matá-los se vierem para cá.”
Rainfur mostrou os dentes. "Sobre o meu cadáver."
Estrela de Fogo olhou frustrada para eles. Bigode Curto obviamente não
entendia o código do guerreiro que protegeria os membros mais fracos do
Clã acima de tudo. E Rainfur não parecia perceber que poderia contar com a
ajuda do Clã.
Antes que ele pudesse falar novamente, Garra Afiada deu um passo à frente.
“O que são vocês, guerreiros ou ratos? Você vai deixar a presa bater em você?
Lutarei até a morte se necessário — e quantas vezes for preciso — acrescentou,
com um olhar sombrio para Estrela de Fogo.
Estrela de Fogo ficou tensa. Sharpclaw não poderia ter dado mais
sugestão óbvia de que ele esperava ser escolhido como líder do Clã.
Mas pelo menos ele parecia ter se livrado de um pouco do
desânimo que se apoderara do Clã como uma névoa pegajosa.
“Não faz sentido todo guerreiro lutar até a morte”,

Firestar apontou calmamente. “Então não haveria mais nenhum Clã
pelo qual lutar. Mas pense nisso”, continuou ele. “Se vocês não
querem lutar por seus ancestrais guerreiros, que tal lutar por si
mesmos? Você conseguiu muito: construir um lar aqui, resgatar Petal
e seus filhotes. Não vale a pena lutar por isso?”
Seu batimento cardíaco acelerou quando ele viu que finalmente estava
alcançando-os. “Este é um bom lar para você”, ele miou, balançando
o rabo para observar o rio e as cavernas do acampamento.
“Todos vocês trabalharam duro para isso e merecem estar aqui.
Você vai deixar os ratos te expulsarem?
"Não! Nós vamos ficar — sibilou Garra Afiada. “E arrancaremos a

garganta de qualquer rato que tentar nos impedir.”
"Sim!" Cherrypaw gritou, saltando para frente.
“Nós vamos lutar!” Sparrowpaw pulou para ficar ao lado

eles, e o resto do Clã gritou de acordo. “Nós vamos lutar!”
Estrela de Fogo olhou por cima de suas cabeças para onde Sandstorm ainda
estava sentado do lado de fora da toca do curandeiro. Seus olhos se encontraram.
Oh, StarClan, Firestar pensou, espero não estar levando-os à morte.

CAPÍTULO 29
“Como está Patchfoot?” Firestar perguntou enquanto entrava na caverna do

curandeiro. A noite havia caído e a meia-lua lançava uma luz prateada no
desfiladeiro. De volta à floresta, os gatos curandeiros viajariam para
Highstones para o encontro das duas luas. Estrela de Fogo desejou
ter o benefício da sabedoria de Pele de Cinzas agora.
Sandstorm ergueu os olhos quando Estrela de Fogo entrou, com os

olhos cheios de tristeza. “Ele está piorando,” ela miou. “A ferida dele está
infectada, exatamente o que eu temia.”
“Você já experimentou calêndula?” Firestar perguntou, avançando para

olhar para Patchfoot. O guerreiro preto e branco mexeu-se inquieto
durante o sono e soltou um gemido de dor.
Tempestade de areia assentiu. “Petal e Rainfur me trouxeram bastante,

mas não está adiantando nada. Eu gostaria que houvesse algo mais
forte para usar em mordidas de ratos, mas se houver, Pele de Cinzas não
me contou.” Ela chicoteou o rabo em frustração.
“Você não poderia aprender tudo no tempo que tinha antes de partirmos”,
Firestar a consolou. “Eu sei que você está fazendo o seu melhor.”
“É uma péssima melhor opção se Patchfoot morrer.”
398
Estrela de Fogo queria tranquilizá-la, mas sabia que as palavras

soariam vazias. Ele podia sentir o calor da febre subindo pelo corpo de
Patchfoot. Suas pernas se contraíram enquanto Estrela de Fogo observava;
ele abriu os olhos vidrados de dor e soltou outro gemido.
Sandstorm apoiou a ponta da cauda suavemente na cabeça dele; os

olhos do gato preto e branco se fecharam novamente e ele pareceu afundar
novamente em um sono mais tranquilo.
“Ele não pode continuar assim”, murmurou Sandstorm. “Nenhum gato tem
força.”
Estrela de Fogo passou a língua sobre sua orelha, mas antes que pudesse
dizer qualquer coisa para confortá-la, ouviu passos suaves atrás dele. Um
aroma doce flutuou ao seu redor e todos os pelos de sua pele começaram a
formigar. Folha manchada!
Girando, ele viu o contorno pálido de um gato de tartaruga com o brilho

gelado do StarClan ao seu redor. Ela colocou um bocado de ervas na mesa
e se acomodou perto de Patchfoot, entre Estrela de Fogo e Tempestade
de Areia.
Estou sonhando? Estrela de Fogo se perguntou. Quando eu adormeci?

Então as orelhas de Sandstorm se aguçaram; ela se virou e seus olhos
se arregalaram de espanto. “Folha manchada!”
Estrela de Fogo abriu a boca para falar, mas a princípio não saiu o
menor miado. Como Sandstorm poderia ver Spottedleaf se ela estava dentro de
seu sonho? “Folha manchada, como. . . ?”
Spottedleaf o silenciou tocando o nariz dele. “Eu vim porque vocês dois
precisam de mim.” Ela se virou para as ervas que havia colocado na mesa e as
passou para Tempestade de Areia. “A raiz de bardana é melhor para picadas
de rato.”
Tempestade de areia estava olhando para o curandeiro do StarClan como se

ela não podia acreditar no que estava vendo. Enquanto as folhas verdes
brilhantes farfalhavam em torno de suas patas, ela piscou e olhou para baixo,
farejando as raízes. “Isso vai ajudar Patchfoot?”
Folha Manchada assentiu. “Vou mastigar a raiz. Você limpa a calêndula

do ferimento dele.
Como se ela tivesse decidido não pensar muito no que estava

acontecendo, Sandstorm começou a lamber a unha mastigada do ombro
de Patchfoot. Estrela de Fogo observou entorpecida enquanto Folha
Manchada se agachava ao lado da bardana, enfiava as patas debaixo do
peito e começava a mastigar uma das raízes. Quando a polpa ficou pronta, ela
mostrou a Sandstorm como usá-la, aplicando-a bem na ferida.
Patchfoot mexeu-se inquieto; Folha Manchada inclinou-se sobre ele.

“Durma agora,” ela sussurrou em seu ouvido. "Tudo ficará bem; Eu prometo."
Como se pudesse ouvi-la, Patchfoot suspirou e pareceu se acalmar mais

silenciosamente.
Tempestade de areia piscou ansiosamente. “Ele realmente vai melhorar

agora?”
Folha Manchada assentiu. “Continue colocando a raiz no ombro dele.

Você encontrará mais na floresta perto do riacho que marca a fronteira.
Mostre as folhas aos seus guerreiros; então eles saberão o que procurar.”
“Obrigado, Folha Manchada,” Estrela de Fogo miou. Roçando sua pele na

do curandeiro, ele acrescentou: “Eu não sabia que você poderia vir tão longe
para nos ajudar. Não te vejo desde que saímos da floresta.”
Tarde demais, ele percebeu que Sandstorm estava eriçado ao lado

ele. “Você quer dizer que já viu Spottedleaf antes?”
Firestar a encarou para ver raiva e mágoa em seus olhos verdes.

“Spottedleaf me visita em sonhos. Ela me ajuda-"
"Você nunca me contou!"
A barriga de Firestar se agitou de culpa. Ele sabia o quão insegura

Sandstorm se sentia quando ela pensava em Spottedleaf, sabendo da
conexão que ela havia compartilhado com Firestar quando ela era a
curandeira do ThunderClan. Mas ele nunca sentiu que a estava traindo ao
conhecer Folha Manchada em seus sonhos.
Antes que ele pudesse responder, Folha Manchada deslizou entre os

dois e colocou a ponta da cauda suavemente no ombro de Tempestade de Areia.
“Paz, querido,” ela murmurou. “Estrela de Fogo ama você.”
"Ele te ama mais." A voz de Sandstorm estava embargada.
Folha Malhada hesitou, seus olhos âmbar calorosos enquanto ela olhava
para a gata ruiva. "Isso não é verdade. Estrela de Fogo e eu nunca descobrimos o
que poderíamos ter significado um para o outro — ela
miou finalmente. “Eu estive vivo na floresta por tão pouco tempo depois que
ele veio para o ThunderClan. Mas tenho certeza” – sua voz ficou mais
intensa – “que ele e eu nunca poderíamos ter sido amigos. Eu fui e
sempre serei um gato remédio. Isso vem em primeiro lugar, mais do que
qualquer gato que anda pela floresta, mais até do que Estrela de Fogo.”
Tempestade de areia procurou o rosto do gato tartaruga. “Isso é

realmente verdade?”
“Claro”, ronronou Spottedleaf. “Mesmo agora sou um gato curandeiro, não

para meus companheiros de clã no StarClan, mas para todos os
gatos da floresta abaixo.”
“Eu te amo, Tempestade de Areia”, disse Firestar. “Você nunca será

segundo melhor para mim. Meu amor por você pertence aqui e agora, na vida que
compartilhamos – e durará por todas as luas que virão, eu prometo.”
Sandstorm olhou de Spottedleaf para Firestar e vice-versa. Por fim ela

respirou fundo. “Obrigado, Folha Manchada.
Nunca parei de pensar em como você e Estrela de Fogo pareciam
pertencer um ao outro quando ele chegou à floresta.
Mas agora entendo melhor.”
“Achei que você sempre soubesse o que eu sentia por você,” Estrela de Fogo
miou, desnorteada.
Tempestade de areia piscou para ele. Mesmo que seus olhos estivessem
cheios de amor, havia um traço de exasperação ali também. “Firestar, você pode
ser tão denso.”
Folha Manchada baixou a cabeça. “Devo ir, mas nos encontraremos

novamente, eu prometo. Até então, que o StarClan ilumine seu caminho.”
“Adeus e obrigada, não apenas pela raiz de bardana”, miou Estrela

de Fogo.
A gata tartaruga caminhou em direção à entrada da caverna e parou por um

instante, sua pele roçando a dele. Muito baixo para Sandstorm ouvir, ela
murmurou: “Às vezes eu daria qualquer coisa para que as coisas fossem
diferentes”.
Ela não esperou por uma resposta. O luar havia desaparecido; por um
instante, sua forma esbelta foi delineada contra a primeira luz pálida do
amanhecer vinda do céu acima do outro lado do desfiladeiro; então ela se
foi.
Tempestade de areia balançou a cabeça. “Eu estive sonhando ou isso

realmente aconteceu?”
Estrela de Fogo deu um passo para o lado dela e pressionou o focinho contra
o ombro dela. “Isso realmente aconteceu.”
“Não acredito que ela veio nos ajudar.”
“Nunca haverá outro gato na floresta como ela. Mas ela não é você,
Tempestade de Areia.”
Sandstorm se virou para olhar para ele. “Chega de segredos,

Estrela de Fogo. Prometo tentar entender o quão importante o
Spottedleaf é para você, mas preciso poder confiar em você.”
“Você pode”, prometeu Firestar.
Patchfoot soltou um suspiro, distraindo Estrela de Fogo das

profundezas dos olhos verdes de Sandstorm. O guerreiro preto e branco estava
mais quieto agora, com a respiração mais fácil. Ele parecia estar
dormindo mais profundamente.
“Ele vai ficar bem”, miou Estrela de Fogo. “E acho que o resto do Clã
também estará.”
“Começaremos o treinamento extra de batalha imediatamente.” Firestar

estava no fundo do Rockpile, com os gatos do SkyClan agrupados ao seu
redor. O sol havia nascido no topo do penhasco, lançando longas
sombras no desfiladeiro. “Precisamos ser tão
o mais forte possível quando sairmos para lutar contra os ratos.”
Tempestade de areia estava ao lado dele. Desde a visita de Folha Manchada

naquela manhã, Patchfoot havia melhorado tanto que ela disse a
Estrela de Fogo que poderia deixá-lo por um tempo para vir àquela reunião.
“Não espere muito”, ela aconselhou, com um movimento de orelhas. “Caso
contrário, os ratos virão e não estaremos preparados para eles.”
Estrela de Fogo sabia que ela estava certa. “Quero uma vigilância
permanente no Skyrock.”
“Devíamos enviar patrulhas extras para o celeiro Twoleg também”,

sugeriu Leafdapple.
Estrela de Fogo assentiu. “Certo, mas não muito perto. Não quero brigar
até que estejamos prontos.”
“Vou resolver as patrulhas”, miou Sandstorm. “E os horários de

treinamento.”
“Vigilâncias, patrulhas extras e treinamento de batalha?”

Os olhos de Cherrypaw estavam arregalados de consternação. “Parece
um trabalho muito difícil.”
“Você prefere ter sua garganta arrancada por um rato?”

Garra Afiada passou o rabo por cima da orelha da jovem tartaruga, e ela
saltou para trás com um silvo indignado. “Minha aprendiz fará o que ela
disser e sem reclamar.”
Cherrypaw abriu a boca para protestar, mas Firestar a silenciou

com um movimento de orelhas. “Podemos começar”, ele miou, “a menos que
você tenha alguma outra sugestão?”
Rainfur levantou-se sobre as patas. “Petal e eu também queremos ser

treinados.”
"Isso mesmo." Petal parecia nervoso por falar na frente de todo o Clã. “Os
kits ainda são pequenos demais para sairmos e queremos estar prontos para
nos defender.”
"Obrigado." Estrela de Fogo baixou a cabeça. “Estamos felizes em ter você.

Sandstorm irá adicionar você ao cronograma de treinamento.”
“Ou Clovertail ou eu devemos ficar com os kits”, observou Petal.
“Não se preocupe”, respondeu Tempestade de Areia. “Vou contornar isso.

Há mais perguntas? Certo”, ela continuou quando nenhum gato respondeu,
“Leafdapple e Sharpclaw, vocês podem ser o
primeira patrulha. Cherrypaw, você pode vigiar o Skyrock?

Dê-me alguns minutos para verificar Patchfoot, e então conduzirei uma sessão
de treinamento com Sparrowpaw e Rainfur, e Petal, você pode se juntar a
nós, já que Clovertail está com os kits agora.”
"Quanto a mim?" Bigode Curto perguntou.
“Você pode vir comigo em uma patrulha de caça”, respondeu Firestar.

“Precisaremos de toda a caça fresca que pudermos conseguir para manter
nossas forças. Mais uma coisa”, acrescentou antes que os gatos se separassem
para cumprir suas tarefas. “Nenhum gato sai do acampamento sozinho de agora
em diante. E todo gato deve ficar alerta. Se os ratos vierem, nos encontrarão
prontos e esperando.”
Ele encerrou a reunião com um aceno de rabo.

Sharpclaw e Leafdapple saltaram pelas rochas em direção ao topo do
penhasco, e Cherrypaw os seguiram, tomando a trilha que levava ao Skyrock.
Petal, Rainfur e Sparrowpaw subiram o desfiladeiro em direção à área de
treinamento.
Pedindo a Shortwhisker que esperasse por ele, Estrela de Fogo

caminhou ao lado de Sandstorm enquanto se dirigia para a caverna do curandeiro.
“Sabe, Cherrypaw estava certo”, ele miou. “Será um trabalho árduo. Não temos gatos
suficientes para nos prepararmos para um ataque de ratos, bem como para
todas as tarefas normais.” Ele suspirou. “Eu daria minha pele para ter uma patrulha
de guerreiros do Clã do Trovão aqui agora.”
“Bem, você não pode.” Sandstorm roçou a língua em sua orelha. “Mas não
se preocupe. Você encontrará um caminho. Você derrotou Scourge e derrotará esses
ratos.”
Firestar desejou que ele compartilhasse sua confiança. "Pelo menos
Spottedleaf nos disse o que fazer por Patchfoot.”
“É verdade”, respondeu Sandstorm, “mas isso só serve para mostrar como

precisamos muito de um gato medicinal.
“Os gatos medicinais nascem, não são feitos. E ainda não vi nenhum gato
do SkyClan mostrar qualquer conexão com seus ancestrais guerreiros.
Nenhum deles ouviu nada quando entraram no
Caverna Sussurrante.”
“Devíamos ter um gato que entendesse de ervas e pudesse

tratar ferimentos, pelo menos”, apontou Tempestade de Areia, com um movimento
impaciente de sua cauda. “Eu poderia ensinar a um deles o que
sei. Seria um começo.”
Estrela de Fogo parou na trilha logo abaixo da entrada da toca do

curandeiro. “Sharpclaw não serviria”, ele meditou. “Ele é. A respeito
um guerreiro muito bom. Clovertail tem kits. . .
Bigode Curto?
Tempestade de areia balançou a cabeça. “Ele congelou ao ver sangue

quando Patchfoot foi ferido.”
“Leafdapple, então?”
"Talvez . . .” Tempestade de areia refletiu. “Ela se preocupa com os mais fracos

gatos."
“Eu sei”, decidiu Firestar. “Se Spottedleaf me visitar, posso perguntar a ela.”
Sandstorm desviou o olhar por um momento e depois o encarou

de novo. “Sim, é uma boa ideia”, ela murmurou.
Estrela de Fogo se enrolou na toca dos guerreiros, com as pernas doendo

e a cabeça girando de cansaço. Três dias se passaram desde que ele organizou
o novo cronograma de patrulhas e treinamento, e todos os gatos estiveram
em suas patas desde o amanhecer até o pôr do sol.
Naquela manhã ele liderou uma patrulha até o celeiro Duas Pernas, depois
passou o resto do dia caçando. A lua já estava subindo no céu antes

que ele tivesse a chance de dormir, e ele teria que acordar mais tarde
para vigiar o Skyrock.
Por quanto tempo podemos continuar assim?
Assim que Firestar fechou os olhos, ele se viu em pé no Skyrock. A lua

flutuava bem acima de sua cabeça e Silverpelt brilhava no céu. A
noite estava silenciosa, exceto pela correnteza do rio lá embaixo.
Ainda não é hora do meu relógio! Estrela de Fogo pensou confusamente.
"Saudações." Uma voz falou atrás dele, e Estrela de Fogo se virou para
ver um gato parado na beira do Skyrock.
Seu pelo grosso e cinza ficou prateado ao luar e seus olhos brilhavam
como chamas pálidas. A luz gelada das estrelas brilhava em torno de
suas patas.
Algo no gato era familiar; O primeiro pensamento de Firestar foi

que ele era o ancestral do SkyClan que o assombrava. Então ele recuperou
o fôlego ao sentir um cheiro familiar. “Observador do Céu!”
O gato StarClan baixou a cabeça. “É bom ver você de novo, Estrela

de Fogo. Vamos lá”, continuou Skywatcher, provando que não havia
perdido nada de sua língua afiada. “Não fique aí com a boca aberta. Não
temos a noite toda.
Firestar fez um esforço para se recompor. “Por que você veio?”
“SkyClan está em uma bifurcação no caminho”, respondeu Skywatcher.

“O perigo está muito próximo.”
“Você quer dizer os ratos? Foram eles que destruíram o primeiro

SkyClan, não são? Por que você não me contou sobre eles?
Skywatcher sentou-se e encontrou firmemente o olhar de Firestar.

“Que bem isso teria feito? Teria sido
errado te dizer se isso te fez desistir. E como isso teria ajudado você a
saber sobre os antigos inimigos do SkyClan antes de eles atacarem? Agora
você tem um Clã de guerreiros fortes para enfrentá-los.”
“Mas eles são fortes o suficiente?” Estrela de Fogo murmurou.
“Eles devem estar prontos para se defender”, respondeu Skywatcher.

“Talvez você devesse ver esses ratos como o primeiro desafio a ser superado
pelo Clã. Eles ficarão ainda mais fortes depois.”
Estrela de Fogo assentiu; o gato do StarClan estava certo, mas ainda

assim se perguntava como o Clã poderia ser mais forte se todos os seus
guerreiros estivessem mortos. Pensar na morte o lembrou de que até
agora o Clã não tinha como fazer contato com seu guerreiro.
ancestrais.
“Você pode me dizer se o SkyClan já tem um remédio para gatos?” ele

perguntou. “Nenhum clã pode sobreviver por muito tempo sem um. E
quanto a Leafdapple?”
Skywatcher contraiu as orelhas. “Não, esse não é o destino de Leafdapple.”
“Mas precisamos de um gato curandeiro!”
“Mesmo agora, as patas do seu gato curandeiro estão no caminho que

o levará até você”, disse Skywatcher a ele. “Mas você deve olhar além dos
gatos do SkyClan. Há uma gata que sonha com seus ancestrais
guerreiros, mas ela nunca ouviu falar do novo Clã.”
“Então eu tenho que ir procurá-la?” Estrela de Fogo sentiu um

arrepio de excitação nas patas. "Onde ela está?"
Mas Skywatcher não respondeu. Levantando-se sobre as patas, ele

balançou o rabo em um gesto de despedida e saltou da borda da rocha
para o céu. Estrela de Fogo reprimiu um grito de alarme; qualquer gato vivo
que tentasse isso teria caído nas rochas abaixo. Em vez disso, o corpo
de Skywatcher se dissolveu no meio do salto, deixando para trás
uma leve poeira brilhante que desapareceu enquanto Estrela de Fogo
observava. Um segundo depois, ele abriu os olhos dentro do covil dos
guerreiros, com Bigode Curto o incitando a acordar e ir para Skyrock.
“Sparrowpaw, você pode ser dispensado do treinamento de batalha

esta manhã”, anunciou Firestar. “Eu quero você para uma missão especial.”
Os olhos do jovem gato malhado brilharam de excitação.

“Que missão?”
“Tenho que ir ao Twolegplace e preciso de um gato que conheça

o lugar.” Rapidamente ele explicou a Pata de Pardal o que Observador do
Céu lhe contara em seu sonho.
Embora Skywatcher não tivesse dito que o novo gato medicinal vivia
entre Duas Pernas, Estrela de Fogo achou que era mais provável.
Sharpclaw e Leafdapple não lhe contaram sobre nenhum outro bandido
vivendo na floresta, e ele não podia olhar mais longe porque isso significaria
deixar o SkyClan enfrentar os ratos sem ele.
Não muito tempo atrás, eles teriam atravessado correndo o cerrado

em direção ao Lugar das Duas Pernas; agora eles se arrastavam, escapando
um pedaço de cobertura para o outro, todos os seus sentidos alertas para

qualquer vestígio de ratos. Estrela de Fogo lembrou-se de como se sentiu
quando a matilha de cães vagou pela floresta; isso ia contra tudo no código
guerreiro quando os gatos eram forçados a se comportar como presas.
Nuvens corriam pelo céu, impulsionadas por um vento frio.

As folhas giravam no ar; o calor da folha verde em breve não passaria
de uma lembrança. Como o Clã lidaria com a situação, perguntou-se Estrela
de Fogo, durante os dias difíceis de folhas nuas se ainda tivessem que se
proteger contra a invasão dos ratos?
“Eu odeio isso”, sibilou Pata de Pardal enquanto eles se agachavam

atrás de um arbusto de tojo, espiando a próxima etapa de sua jornada. “Essa
espera. . . isso me assusta. Por que os ratos simplesmente não atacam e
acabar com isso? O que eles estão esperando?"
“Não posso ter certeza.” Firestar flexionou suas garras. “Mas eu acho
que os ratos sabem exatamente o quanto ficamos inquietos ao esperar. Eles
acham que vão vencer sempre que atacam, então não têm nada a perder
nos fazendo sofrer.”
Ele não acrescentou que quanto mais esperassem, mais cansado o

Clã ficaria. Qualquer gato poderia ver isso. Os ratos provavelmente
também sabiam disso; eles eram mais espertos do que qualquer rato que
ele já conhecera. O respeito de Estrela de Fogo por eles crescia a cada
dia, mas isso só fazia com que ele os odiasse ainda mais. Ele teria liderado
uma patrulha para lutar contra os ratos em seu próprio território, para atacá-
los primeiro e ganhar a vantagem da surpresa, mas por um lado: o
SkyClan não tinha um remédio para curar suas feridas ou ler os sinais do
StarClan.
“Vamos continuar,” ele murmurou.
Ao pararem no abrigo da cerca que cercava

Nos primeiros jardins Duas Pernas, Pata de Pardal espiou por uma abertura
com um traço de tristeza nos olhos. “É onde Cherrypaw e eu morávamos,” ele
murmurou. Defensivamente, ele acrescentou: “Não é que eu queira voltar...”
“Eu sei”, Firestar o tranquilizou. “Duas Pernas não são nossos inimigos, mesmo
que não entendam o modo de vida do guerreiro.
De vez em quando sinto falta dos meus velhos Duas-Pernas.
"Você faz?" Os olhos de Pardalpaw se arregalaram.
Estrela de Fogo assentiu. “Eles foram bons para mim. Mas nasci para a
vida de um guerreiro.”
Sparrowpaw endireitou-se; o orgulho substituiu a tristeza em seus olhos. "Eu

também."
“Meus Duas-Pernas agora têm um novo gato”, continuou Firestar. “O nome

dela é Hattie. Ela parece legal, muito mais adequada para viver com pessoas
da casa do que eu.
Por um instante, Pardalpaw pareceu alarmado com a ideia de

outro gato tomar seu lugar. Então ele deu algumas lambidas rápidas no
pelo do peito. “Espero que meus moradores também tenham outro gato”,
ele miou corajosamente. “Então eles não ficariam mais tristes por perder a mim
e a Cherrypaw.”
Estrela de Fogo apoiou a ponta do rabo no ombro do jovem gato.

"Vamos. Temos um gato para encontrar.
Ele sentiu sua pele eriçada relaxar um pouco enquanto ele e

Sparrowpaw desceu o primeiro beco que levava ao coração do Lugar das
Duas Pernas. Ele já havia lidado com duas-pernas e cães antes, e aqui, entre os
ninhos de duas-pernas, era menos provável que encontrassem ratos espertos e
de coração frio.
Pata de Pardal, no entanto, parecia muito menos à vontade do que

tinha quando ele e Estrela de Fogo visitaram pela última vez o Lugar das Duas Pernas.
Sua pele se arrepiou ao ouvir o latido distante de um cachorro, e quando eles
emergiram do beco na beira de um pequeno Caminho do Trovão, ele
saltou no ar enquanto um monstro brilhante passava rosnando. “Acho que
esqueci como é por aqui”, ele miou, dando uma lambida envergonhada no
ombro.
Depois de verificar cuidadosamente que não havia mais monstros

ao redor, Estrela de Fogo liderou o caminho por outro beco, para ser imediatamente
recebida por um poderoso cheiro de gato.
“Bem, olha quem está aqui,” uma voz falou lentamente.
Sparrowpaw pulou, sua pele eriçada novamente. Firestar olhou para

cima e viu o gatinho preto, Oscar, esticado no topo da parede. Suas mandíbulas
se abriram em um bocejo, mostrando dentes afiados.
“Se não for o ladino maluco,” ele zombou, com uma contração desdenhosa
de seus bigodes para Estrela de Fogo. “E o pequeno Boris! Na verdade, eu estava
esperando por você — acrescentou. “Mas pensei que você viria um pouco
mais cedo.”
Estrela de Fogo congelou. Certamente Oscar não poderia ser o curandeiro

de que Skywatcher lhe falara?
O gato preto saltou levemente da parede e os confrontou. “Você está

rastejando de volta para sua casa, agora que o tempo está esfriando?”
"Não, não estou!" Sparrowpaw olhou para o gato preto. “Vou ser um guerreiro.
E não me chame de Boris. Agora sou Pata de Pardal.”
Oscar soltou um suspiro de diversão. “Pata de Pardal! Que tipo de nome é

esse?
"É meu nome." Sparrowpaw deslizou suas garras. “Você quer fazer
alguma coisa com isso?”
Apressadamente, Estrela de Fogo se enfiou entre os dois machos

eriçados. “Não estamos aqui para lutar”, ele miou, embora em particular
ele teria gostado de ver o aprendiz do SkyClan treinado em
batalha mostrar a Oscar o quanto ele havia aprendido na lua passada.
“Estamos procurando um gato especial”, ele prosseguiu para Oscar.
“Aquele que tem sonhos estranhos. Você já ouviu falar de um gato assim?
Por favor, Skywatcher, acrescentou silenciosamente, não deixe Oscar me dizer que
sonha com você!
Os olhos verdes de Oscar se arregalaram, brilhando de desprezo.

“Não”, ele respondeu. “E também não ouvi falar de nenhum gato que voe.”
“Você acha que sabe tudo, você...” Sparrowpaw começou

calorosamente.
“Acho que você está me procurando”, outra voz o interrompeu por trás,
clara e jovem. “Meu nome é Eco.
Sonho com gatos com estrelas no pelo.”
CAPÍTULO 30
Um arrepio percorreu Firestar das orelhas até a ponta da cauda. Alguns

batimentos cardíacos se passaram antes que ele pudesse forçar suas patas a
se moverem e deixá-lo virar-se para encarar o recém-chegado. Ele viu uma gata
malhada cinza-prateada com olhos verdes profundos, pequena e de constituição
graciosa, com minúsculas patas cinza-escuras. Para Estrela de Fogo ela parecia
quase frágil, e ele se perguntou se ela seria adequada para a vida difícil de um Clã.
“Saudações”, ele miou. “Você já sonhou com. . . de um gato cinza e

branco?”
"Sim, muitas vezes. E outros gatos também. Um novo acabou de

se juntar a eles: um grande gato com pelo cinza gelado.” Ela piscou
para Firestar com excitação crescente. “Você pode me dizer quem são
os gatos estrelados?”
“Sim”, respondeu Estrela de Fogo. “Eles são os espíritos de seus ancestrais

guerreiros.”
“Espíritos!” Oscar zombou. “Espero que você não esteja ouvindo

esse lixo?” ele sibilou para Eco.
Para alívio de Firestar, Echo o ignorou. “Você sabe por que eles vêm até
mim?” ela perguntou a Estrela de Fogo.
“Você já ouviu falar do Clã dos gatos que se instalou no desfiladeiro?”

Eco balançou a cabeça. “O gato cinza e branco
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veio até mim e pediu minha ajuda”, explicou Firestar. “Muitas temporadas
atrás, ele era o líder do SkyClan, mas seus gatos já se foram. Skywatcher
– o novo gato cinza que você viu – me desafiou a reconstruir o Clã. Mas eles
não podem ser um clã de verdade até que encontrem um
curandeiro — ele continuou, respirando fundo. "E você-"
“Ontem à noite o gato cinza falou comigo em um sonho”, interrompeu

Echo, com os olhos brilhando. “Ele me disse para vir aqui hoje e
procurar dois gatos estranhos. Sim, vou me juntar a você.
"O que?" Oscar interrompeu antes que Firestar pudesse responder.

“Sair com essas duas bolas de pêlo malucas? Você deve estar tão louco
quanto eles.
“Talvez eu esteja,” Echo respondeu calmamente. “Mas nenhum outro

gato foi capaz de me explicar meus sonhos. Eu vou vir."
“E o seu Duas-Pernas?” Pardal Pata perguntou.
Uma pitada de tristeza apareceu nos olhos verdes de Echo. “Nestas

últimas luas tenho me sentido tão inquieto que tenho vagado cada vez mais
longe do ninho de meus familiares. Senti que se soubesse ouvir, as
estrelas me dariam uma resposta. Agora que estou partindo para sempre,
meus moradores vão presumir que encontrei um novo ninho para ficar. Eles
sentirão minha falta, mas não terão medo por mim.
“Então vamos,” miou Estrela de Fogo.
"Espere." Oscar passou por ele para enfrentar Echo. “Você não vai mesmo,
vai? Só por causa de alguns sonhos?
“Isso não é para você entender”, Echo murmurou gentilmente.

Ela se voltou para Estrela de Fogo, que percebeu uma pitada de
nervosismo em seus olhos.
“Você está dando um grande passo”, ele ressaltou, sentindo que

precisava dar a ela uma chance de mudar de ideia.
"Eu sei. Mas tenho certeza de que é isso que devo fazer.”
Estrela de Fogo assentiu. Se ela estivesse disposta a confiar em

seus sonhos, isso seria o suficiente para ele. “Vamos,” ele miou.
Oscar ficou olhando para eles, estupefato, enquanto eles voltavam

pelo beco e saíam do Lugar das Duas Pernas.
“Como é viver em um clã?” Echo perguntou enquanto eles voltavam para

o desfiladeiro.
“Você tem que ser um aprendiz primeiro”, disse Pata de Pardal a ela.
“Você aprende a caçar e lutar e coisas assim. E-"
“Espere aí,” Firestar interrompeu. “Eco pode. . . bem, ela pode

desempenhar um papel diferente, que envolva ervas curativas... e mais
sonhos com gatos estrelados.
“Como vou aprender a fazer tudo isso?” ela perguntou, com os olhos arregalados.
Eles estavam se abrigando sob o arbusto de tojo, onde Estrela de Fogo

e Pata de Pardal haviam parado na saída. Sparrowpaw se afastou até a
cauda para verificar se havia algum sinal de ratos saqueadores.
“Não sei”, admitiu Firestar. “Meu companheiro, Sandstorm, pode lhe

ensinar algumas coisas sobre ervas. Quanto ao resto, se os ancestrais
guerreiros do SkyClan realmente quiserem que você se junte a nós, eles lhe
mostrarão o caminho.”
Para seu alívio, sua resposta pareceu satisfazer Echo. “Vou esperar pela
orientação deles”, ela miou.
Quando os três gatos chegaram ao desfiladeiro, Garra Afiada estava

vigiando o Skyrock. Ele saltou para encontrá-los no topo do penhasco.
“Ainda não há sinal de ratos”, ele relatou, e deu uma fungada curiosa para Echo.
"Quem é?"
“Aqui é Echo”, respondeu Firestar. “Eu serei . . . Eu acho que ela está indo
seu curandeiro.”
O pelo de Garra Afiada começou a se arrepiar e seus olhos se estreitaram. "Um
estranho? Achei que você nomearia um de nós para ser o curandeiro.
Estrela de Fogo respirou fundo. “Não cabe a mim nomear um remédio para
gatos”, explicou ele. “Eles precisam ter uma conexão especial com seus ancestrais guerreiros.
Acho que a Echo tem isso.
Todos vocês são grandes guerreiros”, acrescentou ele, “mas para defender
totalmente o seu Clã, vocês precisam do apoio de um gato que possa curar e
compartilhar línguas com seus ancestrais”.
O pelo de Garra Afiada começou a ficar liso, mas ele ainda parecia inquieto.
"De onde ela veio?" ele perguntou. “Podemos confiar nela para nos dar as ervas e
remédios certos?”
“Eu morava com pessoas da casa.” O olhar claro de Echo pousou calmamente
em Garra Afiada, embora sua voz contivesse um traço de incerteza. “E eu prometo
que você pode confiar em mim. Depois de aprender tudo sobre as ervas, farei
o meu melhor por cada gato.”
Sharpclaw deu-lhe um aceno brusco. “Vamos ver como você se sai”, ele miou.
“Boa sorte, de qualquer maneira.”
Firestar apoiou a ponta da cauda no ombro de Echo. "Vamos.

Vamos apresentar mais alguns gatos. Sparrowpaw, vá e diga aos outros que
eles têm um novo companheiro de clã.”
Sparrowpaw decolou imediatamente, saltando pelas pedras.

Caminhando mais devagar pela trilha pedregosa, Estrela de Fogo olhou para
o covil dos guerreiros, mas àquela hora do dia ele estava vazio.
Quando chegaram ao berçário, ele enfiou a cabeça pela pedra na entrada
e encontrou Clovertail vigiando os filhotes. Seus três estavam brincando de
briga perto da entrada, enquanto Mint e Sage dormiam enroscadas no
musgo.
“Entre, Estrela de Fogo.” Clovertail ergueu-se sobre as patas. "O que

posso fazer para você?"
“Quero apresentar a você um novo membro do SkyClan.”

Estrela de Fogo passou pela pedra e acenou para Echo com o rabo. “Esta
é a Eco. Eco, este é Clovertail.”
“Eu sou o Rockkit!” O kit preto saltou para Echo e

cheirou-a; seus dois irmãos de ninhada juntaram-se a ele e ficaram olhando
com curiosidade para o recém-chegado.
Clovertail baixou a cabeça, mas Firestar percebeu que ela parecia um

pouco cautelosa.
“Acho que Echo pode se tornar o remédio do SkyClan”, ele miou.
"São seus?" Echo perguntou, mexendo as orelhas para os três filhotes

que a cercavam. “Que kits lindos e fortes! Você deve estar muito orgulhoso deles.
— Estou — ronronou Clovertail; Firestar percebeu que Echo havia dito

exatamente a coisa certa. “Mas eles podem ser travessos às vezes.”
Echo deu uma risada suave de diversão. Caminhando até o ninho coberto de
musgo onde Mint e Sage dormiam, ela miou: "Estes não podem ser seus
também?"
“Não, eles são meus.” A luz da entrada foi bloqueada quando Petal
entrou, resmungando em torno de um rato em suas mandíbulas.
Colocando-o na frente de Clovertail, ela acrescentou com mais clareza:
— Sparrowpaw me disse que podemos ter um novo gato medicinal.
Ela acenou com a cabeça para Echo. "Você é muito bem-vindo."
"Obrigado." Os olhos de Echo ficaram quentes enquanto ela olhava

para os kits. “Eles são lindos - e tão pequenos!”
“Você deveria tê-los visto quando viemos aqui”, respondeu Petal.

“Eles estão muito mais fortes agora. Firestar nos resgatou do meu
Twoleg. Acho que meus kits teriam morrido se não fosse Clovertail. Ela
os alimentou e cuidou deles quando eu estava muito doente.”
"Isso é maravilhoso!" Eco exclamou.
Clovertail ronronou, e Estrela de Fogo percebeu que ela poderia

decidir ficar satisfeita em ter Echo se juntando ao Clã. Depois de
passar algum tempo conversando com as duas gatas, Estrela de Fogo
conduziu-a novamente para fora do berçário e mais abaixo no
penhasco. “Vou lhe mostrar a antiga toca dos curandeiros”, ele disse a ela.
Tempestade de Areia ainda estava cuidando de Patchfoot na caverna

externa, embora a essa altura o guerreiro preto e branco estivesse ficando mais forte,
a infecção em seu ferimento quase desaparecesse. Quando Estrela de
Fogo e Eco entraram, ele estava agachado sobre um pedaço de carne recém-
morta, enquanto Tempestade de Areia estava sentado por perto.
Ela se levantou e caminhou até Echo para tocar

nariz com ela. “Bem-vindo ao SkyClan”, ela miou.
Echo olhou para Patchfoot, arregalando os olhos ao ver o ferimento
feio em seu ombro. "Como você se machucou?" ela perguntou.
Patchfoot acenou com o rabo em saudação e engoliu o
último bocado de melro. “Mordida de rato”, ele respondeu quando

conseguiu falar. “A tempestade de areia me consertou, no entanto.”
Tempestade de areia balançou a cabeça. “Não sei tanto quanto um

verdadeiro curandeiro – apenas alguns remédios úteis.”
Echo foi até Patchfoot e perguntou educadamente: “Posso?” e então deu

uma boa cheirada em seu ferimento. “O que é isso que posso cheirar?”
“Raiz de bardana”, respondeu Sandstorm. “Isso é melhor para mordidas

de ratos, especialmente se eles ficarem infectados. Para feridas comuns
costumamos usar calêndula. E teias de aranha antes de tudo, para
estancar o sangramento.”
Echo piscou com admiração. “Você sabe tanto!”
“Tive ótimos professores.” Tempestade de Areia chamou a atenção de

Estrela de Fogo enquanto ela falava, e ele sabia que ela se referia a
Folha Manchada e também a Pele de Cinzas. Seu coração se aqueceu com o
brilho nos olhos dela, e ele sabia que finalmente ela entendia
sua ligação com Folha Manchada, sem sentir que o gato tartaruga era uma
ameaça.
Um por um, os gatos pularam a fenda na rocha e pousaram na superfície

plana do Skyrock. Uma lua cheia flutuava num céu sem nuvens para esconder o
brilho de Silverpelt. De volta à floresta, Estrela de Fogo pensou com uma
pontada de saudade de casa, os Clãs estariam se reunindo em Quatro
Árvores. Aqui havia apenas um Clã, mas o SkyClan ainda se reuniria para
homenagear seu guerreiro.
ancestrais.
Rainfur e Petal ficaram para trás para cuidar dos filhotes, mas quase todos
os gatos do Clã estavam reunidos quando Estrela de Fogo avistou um
grupo de três subindo a trilha:
Tempestade de Areia e Eco – e Patchfoot! Será que o guerreiro preto e branco

conseguiria dar o salto?
Ele deu um passo à frente, abrindo caminho entre Garra Afiada e Pele
de Chuva, mas antes que pudesse gritar Tempestade de Areia
saltou levemente através da abertura e se virou em direção a Pé Malhado.
“Tudo bem”, ela miou. "Estou pronto."
Patchfoot acelerou o passo, embora Estrela de Fogo pudesse ver que

ele estava mancando, e estremeceu de dor quando colocou a perna
machucada no chão. Ele se lançou no ar e pousou com as quatro
patas na rocha, mas tão perto da borda que cambaleou, prestes a cair para
trás. Tempestade de areia cravou os dentes no pelo solto de seu ombro
ileso e o puxou para um local seguro. Por último, Eco pulou a abertura e
cheirou cuidadosamente o ferimento no ombro de Patchfoot.
“Você tem cérebro de rato?” Firestar sibilou, aproximando-se deles.

“E se você tivesse caído?”
“Sou membro deste clã.” Patchfoot o encarou com determinação.

“Eu queria estar no nosso primeiro Encontro.”
Olhando para a coragem ardente em seus olhos, Estrela de Fogo

não conseguia continuar com raiva. “Tudo bem”, ele miou, balançando o rabo.
“Você está aqui agora. Mas, pelo bem do StarClan, tome cuidado ao
voltar. Você é um guerreiro bom demais para perder.
Ele pulou em uma das pedras caídas onde o Skyrock encontrava o

penhasco. Quando o resto do Clã se virou para encará-lo, o brilho
pálido de seus olhos fez com que todos os pelos de sua pele se
arrepiassem. Garra Afiada raspava a rocha como se mal pudesse esperar
para cravar as garras na pele de um rato. Cherrypaw se agachou ao
lado dele, tão pronta para a batalha quanto seu mentor. Trevo e
Bigode Curto sentou-se lado a lado, com as orelhas em pé. Leafdapple acenou
para Sparrowpaw com um movimento de cauda, e os dois gatos se
acomodaram para ouvir ao pé da rocha de Estrela de Fogo.
Estrela de Fogo sabia que estava vendo o quanto eles eram leais ao seu
Clã, o quão determinados a lutar pelo seu direito de viver no desfiladeiro.
Naquele momento ele não acreditava que alguma coisa, nem mesmo os
ratos, pudesse vencê-los.
“Cats of SkyClan”, ele começou, “quando vários Clãs se reúnem, eles

trocam notícias sobre o que aconteceu na lua anterior. Não podemos fazer
isso, mas podemos compartilhar nossas novidades uns com os outros. Algum
gato tem algo a relatar?”
Leafdapple levantou o rabo. “Eu gostaria de dizer como as

habilidades de caça do Sparrowpaw estão indo bem. Ele trouxe mais presas
do que qualquer gato ontem.”
"Excelente!" Estrela de Fogo miou, enquanto Pata de Pardal lambia o pelo

do peito para disfarçar seu constrangimento.
“Meu aprendiz também está indo bem.” Sharpclaw obviamente não

pretendia ficar atrás. "Eu prometo a você, ela teria arrancado minha
orelha esta manhã se a Tempestade de Areia não a tivesse impedido."
"Você apenas espere!" Cherrypaw murmurou, meio brincando.

“Um dia, quando Sandstorm não estiver por perto. . .”
Sharpclaw deu-lhe um golpe afetuoso no

ancas com a cauda.
“Muito bem”, Firestar disse a ela. “Mas, por favor, deixe seu mentor inteiro.
Precisamos dele.
Tempestade de areia deu um passo à frente. “Eu gostaria de dizer algo

sobre Petal, mesmo sabendo que ela não é membro do SkyClan. Ela
se ofereceu para ficar com os kits esta noite, para que Clovertail pudesse
vir aqui. E ela tem sido muito prestativa coletando ervas na floresta. Não
sei o que Echo e eu teríamos feito sem ela.”
“Vou mencionar isso a ela”, prometeu Firestar.
“Há mais uma coisa que quero dizer”, miou Sharpclaw. “Não
vimos sequer um pelo de rato desde que o líder deles falou conosco perto
do celeiro Duas-Pernas. O que vamos fazer com eles?
“Você sabe o que estamos fazendo”, respondeu Firestar. "O

patrulhas, o treinamento de batalha...
Garra Afiada chicoteou o rabo. “Mas nada disso vai acabar com os
ratos. Por que não vamos lá e resolvemos isso de uma vez por todas?
“Ainda não é o momento certo.”
“Nesse ritmo, nunca será o momento certo.” Garra Afiada mostrou os

dentes. “Quanto tempo você espera que vivamos com a ameaça pairando
sobre nós?”
“Não muito mais, espero”, respondeu Firestar. “Eu odeio esperar tanto
quanto você. Se você estiver disposto, acho que devemos atacar
assim que Patchfoot estiver apto.
“Não vai demorar muito,” Patchfoot acrescentou. “Eu poderia lutar agora se fosse
necessário.”
“Você lutará quando Sandstorm disser que pode”, disse Firestar a ele.
“Sharpclaw, isso responde à sua pergunta?”
Sharpclaw hesitou antes de acenar brevemente para ele. Firestar achou
que ele ainda não parecia feliz com a decisão, mas como
Por mais importante que fosse saber quando atacar, era igualmente
importante saber quando se conter.
Quando nenhum outro gato falou, Estrela de Fogo acenou para Echo.
“Cats of SkyClan”, ele chamou, “esta noite, sob esta lua, daremos as boas-
vindas a uma nova companheira de clã e a tornaremos membro do
Clã diante dos espíritos de nossos ancestrais. Eu, Firestar, líder do ThunderClan
e mentor do SkyClan, convoco seus ancestrais guerreiros para desprezarem
este gato”, ele continuou. “Ela caminhou com você em sonhos, e eu a
recomendo como membro do SkyClan.” Saltando da pedra para ficar na frente
de Echo, ele continuou. “Echo, você promete defender o código guerreiro e
proteger e servir este Clã, mesmo ao custo de sua vida?”
Eco levantou a cabeça. "Eu faço."
“Então, diante dos espíritos de seus ancestrais, eu lhe dou seu nome. A
partir deste momento você será conhecido como Echosong.
StarClan honra sua sabedoria e fé, e nós recebemos você no SkyClan.”
Ele apoiou o focinho na cabeça de Echosong e ela lambeu seu ombro em

troca.
“Echosong. . . Ecosong. . .” O nome varreu Skyrock como uma

brisa, enquanto os guerreiros do StarClan desciam em chamas.
Obrigado, Skywatcher, pensou Firestar.
Alguns amanheceres após a Reunião, Estrela de Fogo desceu a trilha até

o rio para encontrar Tempestade de Areia resolvendo as tarefas do dia. O sol
estava brilhando, mas havia um cheiro forte no
ar que prometia geada. A queda das folhas estava a caminho, trazendo dias
mais escuros e menos cobertura para as presas se esconderem.
“Mas estou farto da patrulha de ratos!” Cherrypaw estava protestando.

“Por que não posso ir caçar?”
“Porque Sandstorm colocou você em patrulha de ratos.” Garra

Afiada deu um tapinha forte na orelha dela com o rabo. “Não discuta.”
Cherrypaw lançou-lhe um olhar de raiva latente. “Os ratos estúpidos não

virão de qualquer maneira,” ela murmurou, alto o suficiente para ser
ouvida.
Firestar fez uma pausa, estreitando os olhos. Se o Clã estivesse

começando a pensar assim, eles rapidamente perderiam a
vantagem na batalha. Quanto mais cedo eles pudessem atacar, melhor.
“Leafdapple, é a sua vez de ficar de guarda”, continuou Sandstorm.

“Sparrowpaw está lá agora, então você pode mandá-lo para treinamento de
batalha.”
A gata malhada balançou o rabo em reconhecimento e partiu pela

trilha em direção ao Skyrock. Sharpclaw a seguiu na patrulha de ratos
com Cherrypaw e Shortwhisker.
Depois que eles partiram, Estrela de Fogo caminhou até Sandstorm.

“Como está Patchfoot?”
"Muito melhor." Tempestade de Areia virou as orelhas para onde o

guerreiro preto e branco estava parado um pouco rio abaixo com Pele de
Chuva e Rabo de Trevo. “Ele vai caçar
patrulha esta manhã, só para ver como o ombro dele se comporta.
"Bom. Vou conversar com ele quando ele voltar.
Enquanto ele falava, Echosong apareceu de sua toca,

desceu levemente pelas rochas e subiu até Patchfoot.
Ela deu uma fungada cuidadosa no ombro dele e depois recuou quando o
a patrulha de caça acenou com o rabo em despedida e partiu rio abaixo.

Patchfoot parecia andar tão bem quanto qualquer gato.
“Echosong fez um trabalho maravilhoso até agora”, murmurou Sandstorm.

“Ela simplesmente parece saber o que é certo. E ela aprende tão rápido! Em
breve não haverá mais nada que eu possa ensinar a ela.”
Mas suas palavras deram à Firestar outro motivo para preocupação.

Sem outro curandeiro, como Echosong poderia aprender tudo o que
precisava para servir seu Clã adequadamente? Tempestade de areia poderia
lhe ensinar algumas coisas sobre ervas e tratamentos, mas o treinamento
de um verdadeiro curandeiro levava muitas luas,
e incluía mistérios que nenhum outro gato do Clã conhecia.
Quando a patrulha de caça terminou, Echosong subiu o rio e juntou-

se a Firestar e Sandstorm na base do Rockpile. “Estou pronta”, ela miou
para Sandstorm.
Firestar sacudiu as orelhas interrogativamente.
“Vou dar a Echosong algum treinamento de batalha,”

Tempestade de areia explicada.
Ecosong assentiu. “Sandstorm diz que os gatos curandeiros geralmente

não lutam, mas precisam ser capazes de defender a si mesmos e a seus
companheiros de clã.”
“Talvez você precise fazer isso em breve”, Firestar miou.
Eles partiram em direção à área de treinamento,

acompanhados por Sparrowpaw, que desceu a trilha vindo de Skyrock. No
topo da Pilha de Pedras, Estrela de Fogo ouviu um grito animado e avistou Petal
pastoreando todos os cinco filhotes do berçário. Ele esperou que eles o
alcançassem, enquanto Sandstorm e os outros continuavam.
“Queremos assistir ao treinamento.” Bouncekit subiu ao lado de Firestar.

“Petal diz que podemos.”
“Espero que esteja tudo bem”, acrescentou Petal. “Isso me dará a chance
de fazer algum treinamento sozinho. Você sabe, no caso de os ratos atacarem.
Ela baixou a voz e lançou um olhar nervoso para Mint e Sage, tropeçando
atrás dos kits mais velhos.
“Sim, tudo bem”, respondeu Firestar. Chamando os kits, ele acrescentou:

“Fique longe dos combates. Haverá garras desembainhadas e não
quero que nenhum de vocês se machuque.”
“Quando podemos aprender a lutar?” — perguntou Tinykit enquanto

subiam o desfiladeiro.
“Em breve,” Petal miou. “Quando vocês são aprendizes.”
"E nós?" Menta perguntou. “Podemos ser aprendizes

também?"
“Não”, sua mãe lhe disse. “Nós não pertencemos ao SkyClan.”
“Mas isso não é justo!” Sage lamentou. “Por que não fazemos?”
Petal deu-lhe um tapinha suave com o rabo. “Você é muito pequeno

para entender.”
“É por isso que eles não têm ‘kit’ em seus nomes, como nós?”
Rockkit perguntou.
Estrela de Fogo assentiu. “Se Rainfur e Petal decidirem se juntar ao

Clã, então Mint e Sage terão novos nomes.”
As orelhas de Mint se aguçaram. “Você tem que ficar”, ele miou para a
mãe. "Por favor!"
Pétala balançou a cabeça. “Não é tão fácil assim.”
Eles chegaram à área de treinamento, onde Sandstorm e Sparrowpaw

já estavam treinando. Firestar ficou impressionada com a velocidade do gato
malhado, passando rapidamente por Sandstorm para atacar
golpe em seu ombro antes que ela tivesse tempo de se esquivar.
“Agora você, Echosong,” Sandstorm miou. “Você já viu Pata de Pardal

fazer esse movimento muitas vezes – veja se consegue copiá-lo.”
A jovem gata deu um passo à frente, mas antes que pudesse enfrentar
Sandstorm eles foram interrompidos por um grito alto de medo de Sage.
A cabeça de Firestar girou. O minúsculo kit havia subido em uma rocha e
oscilava bem no topo.
Antes que qualquer gato pudesse alcançá-la, ela perdeu o equilíbrio e rolou para
o fundo em uma agitação de pernas e cauda.
Petal saltou até ela. Ela se sentou, estendendo uma pata.

“Dói”, ela choramingou.
Instantaneamente Echosong estava ao lado dela, farejando a pata

machucada. “Você pegou uma garra,” ela murmurou, dando algumas lambidas
suaves. “Eu sei o quão doloroso isso pode ser, mas logo ficará tudo bem.”
Enquanto ela continuava lambendo, os gemidos de Sage cessaram.

“Você está fazendo isso se sentir melhor,” ela miou.
“Você é muito corajoso”, disse Echosong ao pequeno kit. “Assim como um

guerreiro. Tente ficar na sua pata agora.”
Sage levantou-se e colocou cuidadosamente a pata machucada no chão.

chão. “Parece bom. Obrigada”, acrescentou ela enquanto corria para se juntar
ao seu companheiro de ninhada e aos outros filhotes. “Eu sou uma guerreira”,
ela se vangloriou. “Echosong disse isso.”
Echosong cuidou do kit, seus olhos brilhando de diversão.
“Muito bem”, Firestar murmurou em seu ouvido.
O jovem gato virou-se para ele. “Uma garra presa é fácil.” Mas
Estrela de Fogo percebeu que seus olhos brilhavam com uma nova confiança.
À medida que o ombro de Patchfoot melhorou ainda mais, Sandstorm

concordou que ele poderia retornar ao treinamento de batalha limitado.
“Ele está se esforçando, mas ainda é lento”, relatou ela à Firestar. “E
ele se cansa facilmente.”
“Ele não está pronto para enfrentar os ratos?” — perguntou Estrela de Fogo.
“Ainda não”, respondeu Sandstorm.
Firestar começou a se perguntar se deveriam atacar

sem Patchfoot. Ele poderia ficar para trás com Echosong e uma das rainhas
enfermeiras para defender o acampamento. A tensão entre os outros
gatos estava aumentando. Garra Afiada e Pele de Chuva, normalmente
melhores amigos, quase brigaram por causa de um pedaço de caça recém-
morto, enquanto Bigode Curto parecia perpetuamente nervoso, olhando por cima
do ombro como se esperasse ver um rato se aproximando sorrateiramente dele.
Até os filhotes foram afetados, brincando corajosamente contra ataques de ratos
durante o dia, mas voltando correndo para o berçário a qualquer barulho
inesperado.
Mas onde eles estão? Estrela de Fogo se perguntou. Embora tentasse agir
normalmente perto dos gatos, o medo o perseguia dia e noite.
Eles ameaçaram nos matar. Por que eles não vieram?
Ele já sabia a resposta, a mesma resposta que dera a Pata de Pardal no dia em
que viajaram para o Lugar das Duas Pernas e encontraram Ecosong. Os ratos
esperavam enfraquecer o Clã, mantendo-os em suspense. Eles atacariam
quando estivessem prontos.
***
Estrela de Fogo retornou da última patrulha de caça do dia e encontrou

Echosong esperando por ele ao lado do rio onde ele fluía das rochas.
O desfiladeiro estava na sombra, os últimos raios escarlates do pôr do sol
desaparecendo do céu.
Depositando sua caça fresca na pilha, Estrela de Fogo caminhou até ela.
“Firestar, preciso falar com você”, ela miou. Seus olhos estavam enormes e
preocupados. Ela desviou o olhar para contemplar a curva suave da água
onde ela saía da caverna. “Quando nos conhecemos no Twolegplace”, ela
começou, “eu lhe disse que sonhava com gatos estrelados”.
“Sim, foi assim que eu soube que os ancestrais guerreiros do SkyClan

enviaram você para ser o remédio do SkyClan,” Firestar a lembrou.
Echosong soltou um suspiro profundo. “Mas e se você estivesse

errado?” Antes que Estrela de Fogo tivesse chance de responder, ela
continuou, suas palavras forçadas como se fosse doloroso dizê-las em voz
alta. “Não sonhei com esses gatos desde que cheguei aqui. Nem uma vez.”
Estrela de Fogo engoliu em seco. “Você sonhou com eles antes”, ele
assegurou, tentando não deixar transparecer o alarme em sua voz.
“Você vai sonhar com eles novamente. Eles sabem onde encontrar você.
“Então por que meus sonhos pararam?”
Estrela de Fogo balançou a cabeça. "Não sei. Talvez ajudasse se

você fosse dormir no Skyrock — sugeriu ele.
“Esse sempre foi o lugar onde o SkyClan estava mais próximo de seus
ancestrais guerreiros.”
Os olhos de Echosong brilharam e suas garras flexionaram no chão.

“Vou dormir lá esta noite!” ela exclamou.
Estrela de Fogo pressionou o focinho encorajadoramente contra seu

ombro. “Eu irei com você.”
A noite havia caído quando os dois gatos saltaram a fenda para pousar
no Skyrock. Silverpelt brilhava geladamente acima, e a lua havia diminuído
até se tornar um arranhão de garra mais fino. Estrela de Fogo afofou o pelo
contra o vento cortante. “Onde está o gato de guarda?”
Toda a extensão plana da rocha estava vazia, brilhando fracamente à

luz das estrelas. As patas de Estrela de Fogo formigaram e ele respirou fundo,
sentindo o gosto do ar.
“Você consegue sentir o cheiro de ratos?” Echosong perguntou com olhos cautelosos.
"Não. Tudo que consigo sentir é cheiro de gato. Estrela de Fogo

caminhou até as pedras caídas perto da face do penhasco e espiou nas
sombras mais profundas. Quando seus olhos se ajustaram à escuridão,
ele distinguiu uma forma enrolada de um gato malhado. Bigode Curto.
Estrela de Fogo sentiu um grunhido subindo pela garganta. Ele

cutucou Bigode Curto com uma pata. "Acordar."
Bigode Curto se mexeu, suas orelhas tremendo. "Uh . . . Wha . . . ?”
Firestar o cutucou novamente, com mais força. Dessa vez

Bigode Curto saltou sobre as patas, com o pelo eriçado. “Os ratos estão
aqui?”
“Não”, respondeu Estrela de Fogo. “Mas não, graças a você. O que você
pensa que está fazendo, dormindo quando deveria estar de guarda?
Bigode Curto olhou ao redor descontroladamente; era óbvio que ele não
tinha ideia de onde estava ou o que fazia ali. Então a compreensão
chocada inundou seus olhos e ele baixou a cabeça.
“Sinto muito, Estrela de Fogo.”

“'Desculpe' não pega nenhuma presa,” Firestar retrucou. “E se os ratos tivessem

atacado? Todos nós poderíamos ter morrido.”
"Eu sei. Eu realmente sinto muito." Bigode Curto rabiscou a rocha com as patas
dianteiras. “Estou tão cansado.”
“Estamos todos cansados”, respondeu Firestar, embora sua raiva estivesse

diminuindo. Ele estava esperando muito dos guerreiros do SkyClan, para se
prepararem para o ataque dos ratos com toda a força que tinham? “Tudo bem”, ele
continuou com um suspiro. “Eu tenho que estar aqui agora, para que você possa ir
dormir na toca dos guerreiros. Quem tem o próximo relógio?
“Pele de chuva.”
"Ok, vou acordá-lo quando chegar a hora."
Bigode Curto baixou a cabeça e começou a andar pela rocha em direção à fenda.
Então ele parou e olhou para trás, com os olhos cheios de vergonha. “Eu realmente
sinto muito”, ele repetiu. “Isso não vai acontecer de novo.”
Estrela de Fogo apenas assentiu e observou-o caminhar em silêncio, com a

cabeça baixa e o rabo arrastando na rocha. Ele saltou a fenda e desapareceu na
trilha.
Quando ele partiu, Echosong se juntou a Firestar; ela parecia pensativa.

“Existem ervas para fortalecer?” ela perguntou. “Ou para ajudar os gatos a
ficarem acordados?”
"Força . . . bagas de zimbro, eu acho”, respondeu Firestar.

“A tempestade de areia pode saber. Mas nunca ouvi falar de ervas para manter os
gatos acordados.”
“Um verdadeiro curandeiro saberia.” Havia um traço de amargura na voz de
Echosong.
Firestar não pôde deixar de se lembrar da última vez que ela

ficou no Skyrock à luz da lua cheia, transbordando de confiança ao receber o

nome do seu Clã. Sua confiança havia diminuído com a lua, até que não passava de
uma minúscula garra curva que brilhava acima de suas cabeças.
“Tente dormir”, ele sugeriu. “Veja se o StarClan falará com você aqui.”
Obedientemente, o gato malhado cinza-prateado enrolou-se no abrigo

de uma das pedras. Logo sua respiração leve e regular disse a Firestar que
ela estava dormindo. Ele sentou-se ao lado dela, observando as estrelas,
enquanto suas orelhas estavam em pé e ele continuava saboreando o ar em
busca dos primeiros sinais de ratos se aproximando.
A lua rastejou pelo céu. Não havia sons

exceto pela ondulação distante do rio e pelo suave assobio do vento.
Finalmente Echosong se mexeu, piscando e olhando para Firestar. Ele não
precisou perguntar quais tinham sido os sonhos dela; a desolação nos olhos
dela lhe dizia o suficiente.
“Acho que os gatos estrelados me deixaram para sempre”, ela miou.
Estrela de Fogo se abaixou para dar uma lambida reconfortante no topo de sua
cabeça. "Você sonhou?"
“Sim, pensei que estava em um trecho de charneca.

Havia névoa ao meu redor. Não consegui ver nada, mas senti gatos por perto
e sabia que eles estavam terrivelmente assustados.
E eu sabia que um gato estava me chamando, mas não conseguia ouvir
o que ele queria dizer. Ele estava sempre fora de alcance.”
Estrela de Fogo sentiu o pelo do pescoço arrepiar-se. “Acho que você

sonhou com o primeiro SkyClan fugindo da floresta”, explicou ele. “Eu também
tive sonhos assim. O gato que estava tentando ligar para você pode ter sido
o líder deles.”
Echosong iluminou-se momentaneamente, mas então a esperança

desapareceu de seus olhos. “Então não foi um sonho de curandeiro
propriamente dito.”
“Todos os sonhos podem ser sonhos de remédios”, disse Firestar a ela.
“Não tenho mais certeza se devo ser um curandeiro.” Echosong

balançou a cabeça, suspirando. “Talvez seja porque nasci gatinho.”
“Eu também nasci gatinho.” Echosong olhou para ele com espanto e
ele continuou. “Mas o StarClan ainda me escolheu para salvar meu Clã e
me tornar seu líder. Além disso, todos os gatos já foram selvagens, até mesmo
os ancestrais dos gatinhos.”
"Verdadeiramente?"
“Era uma vez três clãs de gatos gigantes.” Firestar lembrou-se das
lendas que aprendeu quando se tornou aprendiz no ThunderClan.
“LionClan, TigerClan e LeopardClan. Eles vagavam livremente
pela floresta e nunca foram propriedade de Duas Pernas. E um pouco da sua
selvageria vive no coração de cada gato.”
“Mesmo em gatinhos?”
“Em cada gato”, repetiu Firestar. “Echosong, não desista.

Você sonhou com os ancestrais guerreiros do SkyClan antes e sonhará
com eles novamente. Os sonhos não podem ser convocados.
Eles são enviados e você só precisa ser paciente. Os ancestrais do
SkyClan virão até você quando tiverem algo a dizer.”
Echosong murmurou concordando, mas Firestar não tinha certeza se a

havia convencido. Dando-lhe uma última lambida tranquilizadora, ele se levantou
e foi acordar Rainfur para a próxima vigília.
***
Na noite seguinte, apesar de todo o cansaço, Estrela de Fogo teve

dificuldade para dormir. Depois de se movimentar em seu ninho pelo que
pareceram ser várias luas, ele saiu da caverna dos guerreiros para se sentar
na borda do lado de fora e observar a pálida luz do amanhecer crescendo
sobre o desfiladeiro.
Depois de um tempo, ele sentiu o cheiro doce de Sandstorm e sentiu a

língua dela raspando calorosamente em sua orelha. “Eu também não
consegui dormir,” ela murmurou.
Firestar virou a cabeça para olhar nos olhos dela. “Se vamos atacar
os ratos, tem que ser logo”, ele miou. “Mas isso é a coisa certa a fazer? Eu
estava certo em dizer ao SkyClan que esta é a casa deles e que eles
deveriam lutar por ela?
Os bigodes de Sandstorm se contraíram de surpresa. “O que mais eles

vão fazer? Espalhem-se e vivam como ladinos e gatinhos de novo?
“Existe outra alternativa.” Estrela de Fogo respirou fundo.

“Poderíamos levá-los de volta para a floresta.”
“O quê, depois de tudo que fizemos para ajudá-los a construir um lar

aqui?”
"Por que não? Os ancestrais dos Clãs da floresta os expulsaram e

sabemos o quanto isso foi errado. Talvez agora devêssemos trazê-los de volta.”
Sandstorm virou a cabeça para alisar um pedaço de pelo em seu ombro.

“Suponho que poderia funcionar”, ela miou. “Eles teriam que se
separar e se juntar aos outros quatro Clãs, no entanto. Agora que o
Lugar das Duas Pernas foi construído, não há espaço na floresta para um
quinto Clã – foi isso que causou todos os problemas, em primeiro lugar.
“Eles não vão querer se separar agora”, alertou Firestar.

“De alguma forma, teríamos que encontrar uma forma de dividir o território
ao longo de novas fronteiras.”
A cauda da Tempestade de Areia atacou. “Não há como. Você viu isso

quando Scourge tentou morar com o BloodClan.
O território do SkyClan foi perdido quando os Twolegs construíram
seu Twolegplace. A floresta não suportará mais um Clã agora.”
Estrela de Fogo sabia que ela estava certa, mas a culpa o encheu
como a chuva enche uma folha virada. Ele estava concordando só
porque em seu coração não queria desistir de nenhum território de seu Clã?
Isso o tornou tão ruim quanto os Clãs originais que levaram o
SkyClan ao exílio?
Sandstorm pressionou o focinho contra o dele. “Não faz sentido

se esforçar”, ela miou. “SkyClan não quer voltar para a floresta. É aqui
que eles se sentem em casa. Você sabe”, ela acrescentou, balançando
o rabo, “você só está dizendo isso porque tem medo de levá-los à morte.
Você precisa confiar no ancestral guerreiro que lhe disse para vir aqui e
reconstruir o Clã. Ele não vai deixar os ratos acabarem com o
SkyClan.”
“Eu suponho...” Estrela de Fogo parou de falar, distraída pelo

movimento no desfiladeiro sombrio abaixo. Olhando para baixo, ele
avistou Echosong subindo até o topo do Rockpile e atravessando
para o outro lado do rio.
"Onde ela está indo?" ele se perguntou em voz alta.
Ele partiu atrás dela, mas quando chegou ao fundo do desfiladeiro,

Echosong havia desaparecido. Ele a seguiu pelo cheiro através do
Rockpile até o caminho que levava
sob as rochas até a Caverna dos Sussurros. Silenciosamente,

ele entrou atrás dela, ao longo da borda estreita com a água
deslizando logo abaixo de suas patas. A luz do amanhecer brilhou na
superfície, desaparecendo atrás dele à medida que ele avançava no subsolo.
Ele encontrou Echosong sentada à beira da água na Caverna

dos Sussurros, com as patas debaixo dela e o olhar fixo no rio
enquanto ele deslizava silenciosamente, verde-escuro na misteriosa
meia-luz. Ao som de sua aproximação, ela olhou para cima. A luz
pálida do musgo brilhava em sua pele e se refletia em seus
lindos olhos.
“Echosong. . . ”, começou Estrela de Fogo.
“Tinykit acabou de me contar sobre ouvir as vozes”, explicou

ela. Seus olhos brilharam. “E é verdade, Estrela de Fogo! Posso ouvi-
los, quietos demais para entender o que estão falando, mas eles estão
ao meu redor, me acolhendo. Nossos ancestrais guerreiros estão aqui,
fora de alcance. Quando estiverem prontos, eles virão até mim.”
CAPÍTULO 31
“Ratos! Ratos!”
Estrela de Fogo lutou para acordar enquanto o uivo

aterrorizado dividia o silêncio da noite. A escuridão encheu o covil
dos guerreiros, e por alguns instantes ele não conseguiu
descobrir onde ficava a entrada. Guiado pelo movimento do ar contra
seus bigodes, ele saiu, apenas para tropeçar em outro guerreiro.
“Esterco de raposa!” o outro gato cuspiu; Estrela de Fogo identificada

O cheiro de Garra Afiada. "Saia do caminho."
Ele passou por Firestar e saiu da caverna. Estrela de Fogo o

seguiu; na entrada, ele roçou na pele de outro gato, e o cheiro
de Tempestade de Areia envolveu-o. O uivo estava se aproximando e
agora Estrela de Fogo conseguia reconhecer a voz de Pata
Cerejeira.
Foi na noite seguinte à descoberta de Echosong na Caverna

dos Sussurros. A chuva caiu durante toda a noite e as nuvens
ainda cobriam o céu, ocultando as estrelas e a fina fatia de lua. As
patas de Estrela de Fogo escorregaram na rocha molhada e ele
se viu caindo na garganta abaixo. Por um instante, suas patas
congelaram na borda; então, à medida que seus olhos se
acostumaram com a escuridão, ele conseguiu distinguir a trilha que levava para cima,
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e um gato correndo em sua direção.
“São os ratos!” Cherrypaw ofegou. “Tantos ratos! Eles vieram do

topo do penhasco. . . .”
Estrela de Fogo olhou para cima. Onde a trilha encontrava a borda

do desfiladeiro, uma massa escura fluía em sua direção como água.
Ele não conseguia distinguir criaturas individuais, mas um forte fedor
passava à frente deles, e ele sabia que Pata de Cereja estava certo. Os
ratos estavam finalmente atacando.
Sua barriga se contraiu, mas sua voz era surpreendentemente firme

quando ele falou. “Tempestade de areia, vá e certifique-se de que
as rainhas do berçário saibam o que está acontecendo. Então avise
Echosong e Patchfoot. Fique aí e ajude-os.
"Estou a caminho." Ele sentiu a ponta da cauda de Sandstorm roçar sua

orelha; então ela se foi.
“Cereja Pata.” Estrela de Fogo apoiou o rabo no ombro ofegante do casco de

tartaruga. “Sparrowpaw estará em sua caverna. Vá e avise-
o. Então lute onde você puder fazer o melhor.”
"Certo." O aprendiz passou por ele e desapareceu na trilha.
“Sharpclaw, você ainda está aí?”
Um rosnado surgiu da escuridão logo à frente. "Estou aqui. O que

estamos esperando?"
A essa altura os outros guerreiros estavam emergindo da caverna.

Estrela de Fogo sentiu o cheiro de Rainfur e de Leafdapple, e um forte
cheiro de medo de Shortwhisker.
“Vamos,” ele miou. “Fique ao ar livre, se puder. Não deixe que eles o
prendam em nenhuma caverna – sua vantagem está em poder correr e
pular para longe deles.”
Ele correu pela trilha em direção à massa de ratos que se aproximava.

Garra Afiada saltou ao lado dele, e os outros foram duros com suas patas.
Estrela de Fogo só teve tempo de pensar: Era isso que eles estavam esperando:
uma noite sem lua! Então os ratos estavam sobre ele.
Garras minúsculas agarraram sua pele e afundaram em seus ombros

enquanto os corpos marrons e elegantes surgiam ao seu redor. O fedor
quente encheu sua garganta, sufocando sua respiração. Ele sentiu
dentes cravados na lateral do pescoço e golpeou o rato com uma pata dianteira.
Ele desapareceu com um grito agudo. Mais dois tomaram seu lugar
instantaneamente, e Estrela de Fogo lutou para permanecer em pé. Se
ele caísse, mais ratos estariam sobre ele e ele não teria chance.
Estrela de Fogo ouviu um grito prolongado vindo do fundo do desfiladeiro,

mas não conseguiu dizer qual gato era. Por favor, não o berçário! Ele podia
distinguir agora os olhos brilhantes de seus inimigos e seus dentes brancos e
afiados. Olhando entre eles, ele procurou pelo líder dos ratos, mas não
conseguiu localizá-lo. Ou ele estava escondido pela escuridão ou ficou
para trás.
Estrela de Fogo teve um vislumbre de Garra Afiada jogando ratos das

pedras para cair no desfiladeiro com lamentos estridentes de medo. Ali perto,
Leafdapple estava rolando no chão com dois ratos agarrados à sua pele.
Estrela de Fogo tentou abrir caminho entre os corpos para ajudá-la, mas
nesse momento ela mordeu com força a garganta de um deles, que ficou
mole. O outro rato soltou um grito de medo e saltou para longe.
Estrela de Fogo cambaleou quando outro rato pulou em suas costas; ele
raspou uma pedra na tentativa de jogá-la fora, mas ela ainda estava presa
ali. Seus dentes afundaram em seu ombro e ele sentiu o sangue começar a
fluir. Ele se contorceu, tentando em vão agarrá-lo
com dentes ou garras. Uma pata traseira escorregou; não havia nada embaixo
dele, e Estrela de Fogo cambaleou na beira da trilha, desequilibrado pelo
peso do rato nos ombros.
Então o rato soltou um grito, interrompido abruptamente. Seus dentes

perderam o controle e seu peso desapareceu. Garras de gato se prenderam
no pelo do ombro de Estrela de Fogo e o puxaram para longe da queda
aterrorizante.
"Você está bem?" A voz de Rainfur miou em seu ouvido.
“Tudo bem, obrigado,” Firestar ofegou.
E os ratos continuavam a aparecer, cada vez mais, saltando do

penhasco e descendo pelas rochas. Não importa quantos guerreiros do
SkyClan mataram, ainda havia mais. Estrela de Fogo percebeu que eles
estavam sendo empurrados para trás, passando pela abertura da
caverna dos guerreiros, em direção ao berçário.
Então, outro surto de gritos e gritos irrompeu lá embaixo. Estrela de

Fogo enrijeceu com os dentes cravados na garganta de um rato e ficou
olhando para baixo por alguns instantes.
Ele não conseguia ver nada, mas o terror fluía por seus membros.
Deve haver ratos perto do rio! Um segundo grupo deve ter vindo ao longo do
desfiladeiro para atacar o acampamento do SkyClan por baixo.
Jogando seu inimigo morto de lado, Estrela de Fogo lutou contra o

enxame de ratos que se contorcia. O medo pelos aprendizes, por
Echosong, pelos kits quase o dominou. Suas garras cortaram e os ratos em
seu caminho choramingaram e fugiram.
De repente, a luta parou. Os ratos se viraram em uníssono,

escalando as rochas em direção ao topo do penhasco. Garra Afiada
saltou atrás deles com um grito de triunfo.
"Não!" Estrela de Fogo uivou. "Espere!"
Sharpclaw se virou e olhou para ele com furiosa descrença.

“Eles estão fugindo! Deveríamos ir atrás deles.”
“Não”, repetiu Firestar. “Poderia ser uma armadilha.”
“Mas poderíamos acabar com eles de uma vez por todas!”
Estrela de Fogo subiu para bloquear Garra Afiada, enquanto o barulho das
patas dos ratos nas rochas desaparecia. “Eles podem estar
esperando no topo do penhasco para nos emboscar”, insistiu. “Pense,
Garra Afiada! Por que eles deveriam continuar lutando até a morte? Tudo o
que eles precisam fazer é nos assustar. Talvez eles pensem que já fizeram
isso.”
"Nunca!" Garra Afiada soltou um rosnado, mas permaneceu onde

estava, olhando para a escuridão onde o último dos ratos havia
desaparecido. O barulho da luta no desfiladeiro também havia diminuído.
Estrela de Fogo olhou ao redor. Assim como Garra Afiada, ele

conseguiu distinguir o borrão pálido da pele de Maçã-Folha e o volume
mais escuro de Pele de Chuva. Não havia sinal de Bigode Curto, e a
barriga de Estrela de Fogo se contraiu ao pensar no corpo do gato
malhado quebrado no desfiladeiro, ou caído em algum lugar entre as
rochas, sangrando.
“Vamos descer”, ele miou. “Vamos verificar primeiro o berçário, depois a

caverna de Echosong.”
Os outros gatos se amontoaram atrás dele enquanto ele mancava pela

trilha. Quando ele fez uma curva na rocha, um silvo furioso emergiu da
escuridão. Clovertail estava agachado na entrada estreita entre a rocha
e a face do penhasco.
Firestar mal reconheceu o gato que se juntou ao Clã
para proteção e abrigo fácil. Seus olhos estavam estreitados de raiva e

seus dentes arreganhados em um rosnado.
Um segundo depois ela relaxou. “Oh, é você, Estrela de Fogo.

Achei que vocês fossem mais daqueles ratos.
“Os kits?” Firestar perguntou ansiosamente.
“Os kits estão bem.” Foi Petal quem respondeu, surgindo da escuridão
do berçário. Rainfur avançou para encontrá-la e os dois gatos tocaram o
nariz. “Clovertail bloqueou a entrada e não deixou nenhum deles entrar”,
acrescentou Petal.
Estrela de Fogo apoiou o rabo no ombro de Clovertail. "Bom

trabalho."
A gata ergueu-se dolorosamente sobre as patas, revelando marcas de

mordidas de rato no peito e nos ombros.
“Você deveria ir ver Echosong”, Petalnose disse a ela. “Eu posso

cuidar dos kits.”
Clovertail murmurou algo em concordância; ela era

obviamente exausta, e cambaleou ao se juntar a Estrela de Fogo e aos
outros no caminho pela trilha. Estrela de Fogo deixou que ela se apoiasse
em seu ombro até chegarem à toca do curandeiro.
Para seu alívio, Sandstorm estava com Echosong na caverna

externa; Echosong já estava retirando seu estoque de ervas.
“Vamos precisar de muita raiz de bardana”, ela miou. “Que bom que
Petal e eu encontramos um bom suprimento outro dia.”
“E teias de aranha”, acrescentou Sandstorm. Seu olhar percorreu os

gatos que tinham acabado de chegar e travou por um instante os olhos
de Estrela de Fogo antes de perguntar: — Qual de vocês está mais ferido?
Firestar empurrou Clovertail para frente. “Onde está Patchfoot?”
“Ele saiu para lutar”, respondeu Sandstorm. "Nós percebemos

só havia ratos subindo o rio quando alguns deles tentaram entrar aqui.
Patchfoot e eu os atacamos, mas havia enxames deles lá fora. Nós
nos separamos na escuridão e não o vi desde então.”
Estrela de Fogo tentou não deixar o alarme transparecer em seus olhos.

Patchfoot estaria em maior perigo do que os outros guerreiros porque
ele ainda não tinha força total. E os dois aprendizes?
Preparando-se contra o cansaço entorpecedor, ele saiu da caverna

para procurá-los. Mas quando chegou à entrada, percebeu movimento entre
as rochas, e um momento depois apareceram os três gatos, Patchfoot e
Sparrowpaw apoiando Cherrypaw entre eles. Sangue

estava fluindo de um ferimento em seu pescoço.
"O que aconteceu?" — perguntou Estrela de Fogo.
“Os ratos nos prenderam em nossa toca”, explicou Sparrowpaw.

“Não tínhamos espaço para usar nossos movimentos de luta
adequadamente. Acho que estaríamos em sérios apuros se Patchfoot não
tivesse vindo ajudar.”
“Mas matamos muitos deles”, disse Cherrypaw com voz rouca, erguendo
a cabeça.
Seus companheiros de clã a ajudaram a entrar na caverna de

Echosong, onde ela caiu no chão e fechou os olhos. Sandstorm correu
e começou a lamber a ferida para limpar. Depois de um momento,
olhando para Estrela de Fogo, ela miou: “Não acho que seja tão ruim. Ela
viverá.
“Claro que vou sobreviver,” Cherrypaw murmurou sem abrir os olhos.

“Vou matar mais ratos.”
“Isso deixa apenas Bigode Curto desaparecido,” Estrela de Fogo miou.

“Algum gato o viu?”
“Não depois do início da batalha”, respondeu Sharpclaw.
“Eu vou dar uma olhada, se você quiser”, ofereceu Leafdapple. “Embora seja
melhor esperar até o amanhecer. Não pode estar longe.
“Acho que você está certo”, começou Firestar, relutante em deixar

qualquer gato vagando pela escuridão. Eles não podiam ter certeza de
que o perigo dos ratos havia passado. “Nós dois iremos quando—”
Ele foi interrompido por um grito queixoso vindo de fora. "Oi! Tem algum
gato aí?
“Bigode Curto!” Tempestade de areia exclamou.
Cheia de alívio, Estrela de Fogo foi novamente até a entrada da caverna.

O primeiro traço pálido do amanhecer começou a aparecer no céu. À luz da
luz, ele pôde ver Bigode Curto subindo do rio, parecendo estar quase exausto
demais para colocar uma pata na frente da outra.
"Por aqui!" Estrela de Fogo ligou.
Bigode Curto ergueu a cabeça e acelerou um pouco o passo.

Firestar o estudou enquanto ele se aproximava. Ele tinha tufos de pelos
arrancados de ambos os ombros e marcas de garras de ratos
espalhadas por um dos flancos, mas fora isso ele parecia bem.
"É bom te ver." Estrela de Fogo tocou o nariz dele quando chegou à
caverna. “Isso é todo gato. E nenhum de nós está gravemente ferido, graças ao
StarClan.”
“Eu pensei que era comida de corvo, com certeza.” Os olhos de Bigode
Curto estavam arregalados de medo. “Três deles me levaram a um pequeno
caverna. Tudo o que pude fazer foi tentar mantê-los afastados. Então, de repente,
eles se viraram e desapareceram.”
Estrela de Fogo assentiu. Prender os gatos em espaços confinados onde não

pudessem defender-se obviamente fazia parte da estratégia dos ratos. Mesmo
que o líder dos ratos não tivesse se juntado ao ataque, sua mente inteligente e
controladora estava por trás dele.
Gesticulando com o rabo para que Shortwhisker entrasse na caverna à sua

frente, Estrela de Fogo olhou ao redor para o Clã. Echosong havia terminado
com Clovertail e estava examinando o antigo ferimento de Patchfoot, enquanto
Sandstorm cuidava de Cherrypaw. Os demais gatos estavam deitados juntos,
lambendo os arranhões uns dos outros. Todos eles pareciam exaustos.
Pardal Pata ergueu a cabeça. “Nós não vencemos, não é? Os ratos optaram
por parar de lutar.”
“Isso é verdade”, respondeu Firestar. “Mas também não perdemos.

E a batalha ainda não acabou. Não estamos mais esperando por eles. Devemos
levar a luta até eles.”
Garra Afiada apurou as orelhas. “Isso é sensato?”
Estrela de Fogo percebeu que a luta ensinou cautela a Garra Afiada.

“Não queremos que os ratos tenham a vantagem de planejar o próximo
ataque. Não haverá tantos lugares para prender gatos fora do celeiro. A
hora é certa.”
Um murmúrio de concordância veio do resto do Clã.
“Eu vou com você,” Patchfoot anunciou. “Eu lutei esta noite. Nenhum gato
pode dizer que não estou em boa forma.”
"E eu." Clovertail chicoteou seu rabo. “Petal pode cuidar dos kits.”
Firestar sentiu-se humilhada pela coragem deles: Patchfoot, cujo

o ferimento teria lhe dado a desculpa para ficar em segurança; Clovertail,

que estava pronta para lutar não apenas por seus kits, mas também por seu clã;
Bigode Curto, que estava aterrorizado, mas determinado a superar seu medo. Todos
eles desistiram de suas antigas vidas para tornar o sonho do
SkyClan uma realidade – e eles conseguiram. O código guerreiro sobreviveu
no desfiladeiro.
Garra Afiada ergueu-se sobre as patas. “Então iremos amanhã

noite, assim que os Duas-Pernas estiverem de volta aos seus ninhos”, ele miou.
“E esperemos que haja lua. Gosto de um inimigo que posso ver.
O Clã gritou em aprovação às suas palavras. Garra Afiada seria um bom líder,
pensou Estrela de Fogo. Ele encontrou o olhar do ruivo; havia um desafio ali,
quase como se o mesmo pensamento também estivesse passando pela
mente de Garra Afiada.
Mas algo impediu a Firestar de lhe oferecer a liderança. Ele ainda sentia
que não era sua escolha. E embora Garra Afiada fosse excelente em
liderar seus guerreiros na batalha, Estrela de Fogo não tinha certeza se
apreciava tudo o que significava ser líder do Clã.
Está nas patas de seus ancestrais guerreiros, disse a si mesmo. E depois de amanhã,
quem sabe se restará um Clã para liderar?
O Clã descansou durante a manhã, mas acordou ao sol alto, reunindo-se

na área de treinamento para uma última sessão para aprimorar suas habilidades
de batalha. Estrela de Fogo sentiu uma energia renovada percorrendo
seus membros enquanto praticava movimentos de luta com Rainfur:
era para isso que ele havia sido treinado, mesmo que dessa vez ele não
estivesse lutando por seu próprio Clã. Olhando para os rostos determinados
ao seu redor, observando o uso especializado de
dentes e garras, ele sabia que o SkyClan não seria expulso do desfiladeiro
uma segunda vez. Os descendentes do primeiro Clã haviam retornado e
lutariam até o último suspiro pelo direito de viver aqui.
Sandstorm estava encerrando a sessão de treinamento quando

Echosong e Petal subiram o desfiladeiro, com os olhos brilhando de satisfação.
“Coletamos uma pilha inteira de raiz de bardana”, anunciou Petal com

orgulho.
“E semente de papoula”, acrescentou Echosong. “Tempestade de areia, você

disse que faz bem para a dor, mas eu não sabia onde encontrá-lo antes.”
“Meu velho Twoleg tem papoulas em seu jardim”, explicou Petal.
“Espero que você não tenha tido nenhum problema com o Duas-Pernas,”
Petal balançou o rabo com desdém. “Ele saiu do ninho e uivou um pouco, mas
não conseguiu nos alcançar.”
Firestar não teve coragem de alertá-la sobre correr riscos. Haveria

guerreiros feridos após a batalha que ficariam felizes com o alívio que as
sementes de papoula lhes proporcionariam.
Os olhos de Echosong estavam cheios de diversão.

“Clovertail enviou kits para procurar teias de aranha”, relatou ela.
“Você nunca viu tantos – em todos os kits! Eles trabalharam muito duro.”
“É hora de eles serem aprendizes”, miou Sandstorm.
“Em breve,” Firestar concordou. Seu coração foi aquecido pela ideia de
um futuro para o Clã. SkyClan tinha muito a perder – mas também muito a
ganhar!
Petal foi até Rainfur e murmurou algo.

em seu ouvido. O ladino cinza assentiu; então os dois gatos
aproximou-se de Estrela de Fogo.
“Conversamos sobre isso esta manhã”, começou Rainfur, parecendo

estranhamente hesitante. “Decidimos que queremos nos tornar membros
do SkyClan – isto é, se você nos aceitar.”
"Essas são ótimas notícias!" exclamou Estrela de Fogo.
Rainfur encontrou seu olhar, seus olhos arregalados e sérios. “Vimos

por nós mesmos como funciona o código do guerreiro.”
“Sim”, Petal concordou. “E não há outra vida que queiramos para nós e
nossos kits.”
Sharpclaw deu um passo à frente para ficar ao lado de Firestar.

“Você é bem-vindo para se juntar a nós”, ele miou, e o resto do Clã murmurou
concordando. “Você sabe o quanto precisamos
guerreiros fortes. Nós o recebemos humildemente e lhe damos nossos
agradecimentos”.
À medida que o sol se punha, Estrela de Fogo chamou Rainfur e Petal ao

pé do Rockpile para sua cerimônia guerreira. O resto do Clã formou um
círculo, com os olhos brilhantes e os pelos já arrepiados em antecipação
à batalha.

convoco seus ancestrais guerreiros para desprezarem esses gatos”,
ele começou. “Eles se dedicaram ao seu código guerreiro, e eu os recomendo
a você como guerreiros, por sua vez.” Caminhando até Rainfur, ele continuou.
“Rainfur, você promete defender o código guerreiro e proteger e defender
este Clã, mesmo ao custo de sua vida?”
Rainfur manteve a cabeça erguida; não havia dúvida em sua voz

quando ele miou: "Sim."
“Então pelos poderes do StarClan eu confirmo seu nome de

guerreiro. Rainfur, StarClan confia que você servirá seu novo Clã com
honra e coragem.”
Ele apoiou o focinho na cabeça de Rainfur e o guerreiro cinza lambeu seu

ombro.
— Petal — continuou Estrela de Fogo, virando-se para a gata cinza-

clara —, você promete defender o código guerreiro e proteger e
defender este Clã, mesmo ao custo de sua vida?
"Eu faço." Petal parecia tão certa quanto seu companheiro.
“Então, pelos poderes do StarClan, eu lhe dou seu nome de guerreiro.

Petal, a partir de agora você será conhecido como Petalnose.
StarClan honra sua resistência e força, e SkyClan lhe dá as
boas-vindas.”
Ao completar a cerimônia, os gatos do SkyClan gritaram os nomes dos

novos guerreiros, uivando-os como um desafio para o céu que escurecia.
Firestar brilhava de orgulho por todos os gatos do SkyClan; graças
a eles, o Clã ganhou dois guerreiros fortes e dois kits saudáveis. Ele
podia ver um grande futuro no Clã para Petalnose e Rainfur.
Os uivos cessaram enquanto o sol se punha atrás dos penhascos e

a noite cobria o desfiladeiro. A lua crescente emitia uma luz intermitente
ao aparecer por trás das nuvens que corriam pelo céu. Havia uma
brisa forte com um toque de gelo.
Estrela de Fogo enviou seus guerreiros ao topo do penhasco enquanto

ele fazia uma visita final ao berçário. Echosong e Petalnose voltaram para
lá com os cinco filhotes, que se agacharam em seus ninhos
entre o musgo e as samambaias, olhando para Estrela de Fogo com uma

mistura de medo e excitação.
“Vocês estarão tão seguros aqui quanto em qualquer outro lugar”, disse Estrela de Fogo a eles.
“A entrada é estreita.”
Pétalanose assentiu. "Nós ficaremos bem. Não se preocupe conosco,
Estrela de Fogo. E cuidaremos dos kits ou morreremos tentando.”
“Se o pior acontecer”, prometeu Firestar, “todos os guerreiros que
sobreviverem voltarão aqui e ajudarão vocês a defendê-los”.
“O pior não vai acontecer.” A voz de Echosong era clara e certa enquanto
ela se aproximava de Firestar. "Vá agora, vejo você quando você voltar."
Estrela de Fogo pensou na batalha brutal que estava por vir.

Embora ele ainda tivesse seis vidas, todas elas poderiam ser arrancadas
dele de uma só vez se seus ferimentos fossem graves o suficiente. Ele
se lembrou de como Estrela Tigre morreu, dilacerado pelo Flagelo, e estremeceu.
Embora não tenha dito nada, ele sabia que Echosong havia
adivinhado para onde seus pensamentos estavam levando. “Vejo você
de novo”, ela miou, e suas palavras tiveram a convicção de uma profecia.
CAPÍTULO 32
Estrela de Fogo içou-se pela beira do penhasco e entrou na vegetação rasteira.

Por um instante, até que seus olhos se acostumassem com a
escuridão espessa sob os arbustos, ele não conseguiu ver nenhum gato,
embora o cheiro do SkyClan estivesse ao seu redor.
Cherrypaw sibilou em seu ouvido. "Por aqui."
Seguindo-a, ele chegou à beira da vegetação rasteira e encontrou

os guerreiros do Clã do Céu agachados sob os galhos mais externos do
matagal, olhando através do matagal em direção ao celeiro
Duas-Pernas. Ele se lembrou de seus medos na floresta, antes da
batalha com o BloodClan. Ele lutou então com a ideia de liderar seu Clã em
uma batalha da qual alguns deles poderiam não retornar. Seu
vice, Whitestorm, disse-lhe que não invejava sua posição.
Bluestar lhe garantiu em um sonho que ele tinha o

força que ele precisava. No final, ele entendeu que tomar tais decisões
fazia parte do fardo de ser um líder.
Agora ele olhou para os guerreiros do SkyClan, para a ansiedade em

seus olhos enquanto olhavam para o ninho de seus inimigos, e se encolheu
diante da ordem que tinha que dar. Esta batalha foi iniciada – e
perdida – há muito tempo. Firestar não era seu
452
líder. Que direito ele tinha de pedir-lhes que lutassem agora? Eram tão
poucos e tiveram tão pouco tempo para aprender as habilidades de um
guerreiro.
Ele estava ciente de Leafdapple se levantando e caminhando ao

longo da linha de arbustos até ficar na frente dele. “Você teme por nós”,
ela miou.
Estrela de Fogo assentiu, as palavras presas em sua garganta como um

pedaço duro de caça fresca.
“Tememos por nós mesmos”, continuou Leafdapple calmamente. “Mas

esta é a nossa batalha, não a sua. Devemos isso aos gatos do SkyClan
que caminharam aqui antes para tentar mais uma vez derrotar esses ratos.
Você não precisa vir. O ThunderClan deveria arriscar perder seu líder
pelo bem de outro Clã?
Firestar olhou para ela com uma mistura de admiração e descrença.

De onde veio sua coragem e seu comprometimento
ao código do guerreiro? Mas o que mais o impressionou foi que ela
percebeu que sua primeira lealdade não estava com este Clã, mas com
os companheiros de Clã que ele havia deixado para trás na floresta.
Ele baixou a cabeça para ela. “Eu trouxe você até aqui”, ele murmurou.
“Acompanho você até o final da sua jornada.”
Tocando o nariz de Leafdapple, ele saltou sobre as patas. "Está na hora."
Estrela de Fogo se esparramou no chão atrás de um arbusto de tojo, a

alguns metros da cerca que cercava o celeiro Duas-Pernas. Tudo estava
quieto. O celeiro parecia deserto, a luz pálida da lua refletida
em sua superfície brilhante, os buracos nas laterais escancarados como
mandíbulas. A única
O sinal de que era habitado era o cheiro forte de comida de rato e corvo.
“Eu gostaria de saber onde os ratos têm seus ninhos”, murmurou

Estrela de Fogo.
“Dentro, eu acho,” Garra Afiada deslizou até ele e miou em seu ouvido.
“Eles ficam sempre bem escondidos durante o dia. Nossas patrulhas nunca os
avistaram.”
Firestar cravou suas garras no chão. “Eu esperava que não

tivéssemos que brigar lá dentro.”
“Não é como uma caverna”, destacou Sparrowpaw. "É enorme.

Há muito espaço para fugir.”
Estrela de Fogo sabia que estava certo, mas a ideia de tentar lutar com
paredes ao seu redor e um telhado bloqueando o céu o fazia se sentir preso
e indefeso. Os antigos gatinhos poderiam ver as coisas de forma diferente,
ele supôs. Eles estavam acostumados a ficar dentro de casa. Mas seus
dias de gatinho estavam tão atrás dele que era difícil imaginar se sentindo
assim.
“Vou liderar metade da patrulha para dentro”, ofereceu Sharpclaw. “O resto

de vocês pode ficar aqui e, com alguma sorte, conseguiremos atrair os ratos
para fora e lutar em campo aberto.”
Estrela de Fogo assentiu. "Boa ideia. Eu vou com você. Ele sabia que
não poderia permitir que o ruivo fosse a algum lugar onde ele próprio não
ousasse ir.
“Nós também queremos ir”, sussurrou Cherrypaw.
"OK. E Bigode Curto”, acrescentou Firestar. “O resto de vocês fica do

lado de fora. Tempestade de areia, você está no comando.”
Seu companheiro deu-lhe um breve aceno de cabeça. Mantendo-se abaixado, o

pelo da barriga roçando a grama, Estrela de Fogo liderou o caminho até a cerca e
rastejou ao longo dele até encontrar a abertura por onde haviam entrado
na visita anterior. Ele deslizou com o resto da patrulha logo atrás.
A pele de Estrela de Fogo se arrepiou enquanto ele examinava o celeiro

de perto. Ele pairava sobre sua cabeça, uma coisa brilhante e antinatural de
Duas Pernas, com a morte em seu coração. Os ratos estavam cientes de
que seus inimigos estavam a apenas alguns passos de distância? Ele não
conseguia sentir a força malévola que fora seu primeiro pressentimento
da presença dos ratos, mas achou difícil acreditar que nenhum olho,
brilhante e maligno, os estivesse observando agora.
"O que estamos esperando?" Garra Afiada sibilou.
Estrela de Fogo olhou para trás para verificar se Sandstorm e sua

patrulha — Leafdapple, Patchfoot, Clovertail e Rainfur — estavam todos
dentro da cerca. Ele reuniu sua própria patrulha com um aceno de cauda e
rastejou até a abertura mais próxima na parede do celeiro. Saltando
através dele, ele avançou um ou dois passos para permitir que os outros o
seguissem e olhou em volta.
O fedor de comida de rato e corvo era muito mais forte ali.

Suas garras arranharam o chão duro, feito da mesma pedra branca que
cercava o celeiro por fora, e o som ecoou assustadoramente no vasto
espaço. Estrela de Fogo lembrou-se do celeiro de Cevada e Pata de Corvo,
aconchegante com pilhas de feno e cheio de farfalhar e guinchos de ratos. O
vazio nu e frio deste celeiro provocava arrepios em seu pelo.
De ambos os lados, o celeiro ficava na sombra, mas a luz da lua, filtrada

através de buracos irregulares no telhado, mostrava-lhe uma
enorme pilha de lixo Duas-Pernas encostada na parede, na extremidade
do celeiro.
“O ninho de ratos provavelmente está lá”, sussurrou Estrela de Fogo para

Garra Afiada.
Garra Afiada assentiu. “Esperemos que o fedor esconda nosso cheiro.”
Estrela de Fogo acenou para o resto da patrulha com o rabo.

Cherrypaw e Sparrowpaw olhavam ao redor com mais curiosidade do
que medo. Bigode Curto parecia aterrorizado, seu pelo eriçado até ficar
com o dobro do seu tamanho, mas ele se acomodou com determinação ao
chamado de Estrela de Fogo.
“Vamos para o ninho”, disse Estrela de Fogo.

“Quando os ratos aparecerem, corra para as brechas e saia.
Com alguma sorte, os ratos irão segui-lo.”
A patrulha se espalhou em uma linha irregular pelo celeiro e começou

a caminhar até a pilha de lixo. Estrela de Fogo sentiu-se horrivelmente exposta,
com o coração batendo tão rápido que mal conseguia respirar. Nada
se movia entre os montes apodrecidos de coisas de Duas Pernas.
Eles estavam a menos de uma raposa da pilha quando

Estrela de Fogo ouviu um barulho de algo arranhando atrás dele, seguido
por um suspiro de terror de Bigode Curto. Por um instante, ele congelou
e depois se virou para enfrentar fileiras e mais fileiras de ratos.
Mais ratos do que ele já tinha visto haviam saído das sombras, cobrindo o
chão entre a patrulha e a abertura por onde haviam entrado.
O olhar de Estrela de Fogo passou por eles, tentando identificar o

líder, mas todos os corpos elegantes e marrons escuros pareciam iguais para
ele. Então uma voz falou, mas o som ecoou pelas paredes nuas do celeiro, de
modo que ele não sabia qual rato estava falando.
“Nós matamos você antes. Nós vamos matar você de novo. Você é poucos.
Somos mais.”
Garra Afiada soltou um grunhido de raiva e saltou sobre a primeira fileira
de ratos.
"Parar!" Estrela de Fogo uivou.
O ruivo parou, olhando para ele. "E agora?"
“Precisamos ficar juntos”, explicou Estrela de Fogo, atraindo o resto da

patrulha para um grupo ao seu redor com um gesto do rabo. “Se eles nos
separarem, estaremos acabados. Temos que sair, onde não ficaremos
presos.”
Mal tinha terminado de falar quando a primeira onda de ratos caiu sobre
eles. Olhando para fora, atacando com garras e dentes, a patrulha
começou a abrir caminho através deles, de volta à abertura por onde haviam
entrado. Havia uma segunda brecha, mas ficava do outro lado do celeiro,
e ainda mais ratos bloqueavam o caminho até ela. Estrela de Fogo lembrou
a si mesmo que tinha seis vidas a perder, enquanto os gatos ao seu redor
tinham apenas uma; ele teria que lutar mais para igualar a coragem deles.
Ratos enxameavam ao redor deles, subindo uns em cima dos

outros na ânsia de afundar garras e dentes. Mas havia muitos deles;
eles não tinham espaço para lutar de forma eficaz. Estrela de Fogo deu
uma mordida em uma pata dianteira e alguns arranhões feios em volta da
cabeça, mas com a patrulha bem agrupada, os ratos não podiam atacar por
trás, não podiam atacar de jeito nenhum sem ficarem ao alcance da
furiosa defesa dos guerreiros.
A lacuna estava a apenas alguns centímetros de distância; Firestar

começou a ter esperança de que eles conseguiriam sair ao ar livre.
Então ele ouviu um grito assustador vindo de fora. Rainfur saltou pela
abertura, com o resto da patrulha correndo atrás dele, e caiu sobre os
ratos por trás.
Firestar soltou um grito de frustração. "Não! Voltam!"
A patrulha externa obviamente pensou que precisava vir em seu

socorro; em vez disso, eles estavam colocando todos os gatos em perigo ainda maior.
Grupos barulhentos de gatos e ratos se contorciam no chão em frente
à abertura, dificultando a saída. A patrulha externa já estava separada,
cada uma lutando sozinha contra um enxame de ratos.
Antes que Estrela de Fogo pudesse gritar uma ordem, sua própria
patrulha se separou, saltando para ajudar seus companheiros de
clã. O celeiro inteiro explodiu em sangue e raiva. Os gritos furiosos dos
guerreiros misturaram-se com os gritos moribundos dos ratos, mas onde um
caiu, mais dois tomaram o seu lugar. Firestar avistou Clovertail afastando
ratos com ambas as patas dianteiras; Sharpclaw e Cherrypaw lutaram
lado a lado, abrindo caminho através de onda após onda de ratos atacantes.
"Fora! Todos os gatos saiam! Estrela de Fogo gritou.
Tempestade de areia saltou sobre um grupo de ratos rosnantes e

pousou ao seu lado. "Desculpe!" Ela ofegou. “Eu não consegui impedi-los de
entrar.” Ela mostrou os dentes para um rato que corria em sua direção;
ele se encolheu e girou, direto nas patas estendidas de Estrela de Fogo.
Uma satisfação feroz tomou conta de Estrela de Fogo enquanto
ele arrancava sua vida; seja qual for o fim, foi bom lutar lado a lado com
Sandstorm novamente.
Gradualmente, os gatos do SkyClan conseguiram voltar à brecha.

Leafdapple empurrou Sparrowpaw e o seguiu.
Patchfoot saiu atrás dela, depois Bigode Curto. Clovertail sacudiu um rato com
as presas em seu ombro, bateu em outro na lateral da cabeça com
uma pata e saltou para o espaço aberto. Pela primeira vez, Firestar permitiu-
se esperar que todos saíssem.
Ele avistou Garra Afiada e Pata de Cerejeira lado a lado, a alguns metros de
distância de uma raposa, no meio de um círculo de ratos mortos ou
moribundos. "Fora!" ele uivou, balançando o rabo na abertura.
Sharpclaw disparou algo contra Cherrypaw; ela abriu a boca para

argumentar e, enquanto estava distraída, um rato pulou em suas costas. Ela
cambaleou, suas garras deslizando no chão encharcado de sangue, depois caiu
de lado. Garra Afiada saltou sobre ela, arrancando o rato de suas costas e
sacudindo-o com força antes de jogá-lo de lado. Puxando seu atordoado
aprendiz pelas patas, ele abriu caminho através da horda de ratos,
empurrando-os para trás como folhas ao vento. Com alívio, Firestar viu o
mentor e o aprendiz desaparecerem pela abertura.
Por um instante ele pensou que só ele e Sandstorm restavam no

celeiro. Então ele avistou Rainfur ainda a duas ou três distâncias de uma
raposa da abertura, em um círculo de ratos que gradualmente se
aproximava dele. Rainfur olhou para trás para ver onde estava a lacuna e,
naquele momento, um rato enorme saltou sobre ele e prendeu as presas em
sua garganta. O guerreiro SkyClan desapareceu sob uma pilha de corpos se
contorcendo.
"Sair!" Estrela de Fogo ordenou Tempestade de Areia. “Vou ajudar Rainfur.”
“Não vou embora sem você”, respondeu Sandstorm.
Não houve tempo para discutir. Estrela de Fogo saltou para frente, saltando
sobre um rato e tirando outro de seu caminho, para
lançou-se sobre as criaturas que atacavam Rainfur.

O guerreiro cinzento mal era visível sob a massa de ratos.
Eles se separaram ao som do uivo furioso de Estrela de Fogo, e Rainfur
ficou de pé, apenas para ser puxado para baixo novamente.
Estrela de Fogo pousou entre eles, arranhando e cuspindo. Ele mordeu

o pescoço de um rato e ele caiu no chão.
Outro caiu para trás, contorcendo-se e gritando, o sangue jorrando enquanto
ele passava as garras pelos olhos e focinho. Ele estava quase
alcançando Rainfur quando mais ratos surgiram ao seu redor e um peso
pousou em suas costas, derrubando-o das patas.
Sua cabeça bateu no chão duro do celeiro, atordoando-o.

Por alguns instantes ele mexeu com as patas, tentando se levantar. Então
garras afiadas cravaram-se em sua garganta e todo o seu corpo sofreu
espasmos de dor.
Olhos de rato malvados encararam os dele, brilhando com malícia. Uma

voz rouca: “Morra, gato!”
Estrela de Fogo lutou para cravar suas garras no corpo que o prendia.
Este deve ser o líder dos ratos! Mate-o e a batalha terminará.
Mas não havia força nos membros de Estrela de Fogo, e o luar

parecia estar desaparecendo, deixando-o em uma caverna de escuridão ecoante.
Por mais alguns instantes ele teve consciência daqueles olhos, pontos
gêmeos de ódio. Então a noite caiu sobre ele e ele não sabia de mais nada.
CAPÍTULO 33
Firestar abriu os olhos para ver uma luz pálida brilhando ao seu redor. A princípio
ele pensou que ainda estava no celeiro. Mas ele não conseguia entender
o silêncio e a falta de qualquer cheiro de rato.
Depois de um momento de luta, ele conseguiu se sentar e percebeu que

estava na Caverna dos Sussurros, os musgos brilhando
assustadoramente ao seu redor e o rio subterrâneo deslizando em
direção à abertura.
Como eu cheguei aqui? ele se perguntou.
Então ele viu que não estava sozinho. O antigo líder do SkyClan
estava sentado do outro lado da caverna. “Saudações”, ele miou.
Firestar começou a entender. “Perdi outra vida?” ele murmurou.
O líder do SkyClan inclinou a cabeça. Agora Estrela de Fogo

conseguia distinguir o contorno de um gato cor de fogo bem atrás dele,
nas sombras. Sua pele e seus olhos verdes brilhavam; Estrela de Fogo
se reconheceu quando a forma baixou ligeiramente a cabeça.
Estrela de Fogo cambaleou sobre as patas. “Deixe-me voltar”, ele implorou

ao gato SkyClan. “Eu tenho que ajudar Rainfur. Eu tenho que salvar
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SkyClan – não é isso que você quer?”
O ancestral do SkyClan levantou-se e atravessou a caverna até Firestar.

Seu cheiro era uma mistura de gelo, vento e céu noturno. Respirando, Estrela
de Fogo sentiu a energia começar a fluir de volta para seus membros doloridos
e exaustos.
“Vá agora,” o gato SkyClan murmurou. “E que minha força vá com

você.”
A luz pálida dos musgos desapareceu e, por um instante, Estrela de

Fogo ficou suspensa em um vazio escuro. Então ele sentiu uma pata
balançando seu ombro e ouviu a voz de Sandstorm. "Estrela de Fogo! Estrela de Fogo!"
Ele piscou acordado para ver seu companheiro agachado sobre ele,
angústia em seus olhos verdes. "Estrela de Fogo!" ela repetiu. “Levante-se – os
ratos estão chegando.”
Firestar levantou a cabeça e se viu deitado no chão do lado de fora do

celeiro. Seu peito estava coberto de sangue que escorria do ferimento em
sua garganta.
Os ratos já estavam enxameando pela abertura na parede do celeiro.

Tempestade de areia colocou Estrela de Fogo de pé e, com
Leafdapple apoiando-o do outro lado, ele conseguiu cambalear até uma árvore
atrofiada, a vários comprimentos de cauda da cerca. O resto dos gatos já
havia subido nos galhos, todos exceto Pata-de-cereja e Pata-de-pardal,
que esperavam no fundo.
"Escalar!" Cherrypaw insistiu enquanto Estrela de Fogo e as outras gatas

chegavam mancando. “Não espere por nós. Podemos pular depois.
"Não . . .” Estrela de Fogo tentou se conter. “Ficaremos presos. Temos que

sair pela cerca.
Sparrowpaw acenou com o rabo. “Você viu?”

O coração de Estrela de Fogo afundou. Ao longo de toda a linha da cerca,

aglomerando-se em torno da abertura por onde os gatos costumavam
entrar, havia hordas de ratos. Seus olhos pareciam brilhar de triunfo.
Eles tinham os gatos presos agora, com todo o tempo do mundo
para acabar com eles. A única segurança possível, por um breve período,
foi esta árvore.
Estrela de Fogo subiu pelo tronco e encontrou um espaço para se

agachar em um galho largo. Olhando em volta, ele avistou Bigode
Curto, Garra Afiada e Rabo de Trevo. . ..
“Pele de chuva?” Ele ofegou. “Onde está Rainfur?”
"Desculpe." Tempestade de areia agarrou-se ao galho ao lado dele.

“Rainfur não sobreviveu.”
O olhar de Estrela de Fogo voou para o celeiro e ele tensionou os

músculos, meio preparado para saltar e lutar para voltar para dentro para
ajudar o guerreiro.
“Não adianta, Estrela de Fogo.” Sandstorm apoiou a ponta da cauda

suavemente em seu ombro. “Pele de chuva está morta.” A dor pulsou em sua
voz quando ela acrescentou: — Eu só poderia salvar um de vocês, Estrela de
Fogo, e tive que escolher você.
Estrela de Fogo se lembrou de como ele e Rainfur resgataram

Petalnose e como Rainfur o salvou de cair no desfiladeiro quando os ratos
atacaram o acampamento na noite anterior.
Ele se lembrou do grande futuro que previu para o guerreiro cinza. Agora
ele estava morto, e os restos do SkyClan estavam amontoados nesta
árvore enquanto os ratos enxameavam no chão abaixo, apenas esperando
para acabar com eles. Firestar falhou: falhou com o Clã, com Skywatcher
e com o ancestral do SkyClan que o enviou para cá. O quinto clã da
floresta seria
destruído tudo de novo. Suspirando, Estrela de Fogo apoiou a cabeça no

flanco de Tempestade de Areia, cansado demais para se mover.
“Não podemos desistir!” Era Leafdapple, falando de um galho logo acima

da cabeça de Firestar. “Vamos deixar Rainfur morrer por nada?” Quando
nenhum gato lhe respondeu, ela continuou. “Os ratos não têm mais direito
de viver aqui do que nós. Não vamos lutar pelo que é nosso?”
Estrela de Fogo olhou para cima e viu a gata malhada parada imponentemente em seu
galho. Seus olhos brilhavam de coragem.
Ao seu redor, os outros gatos se agitavam, parecendo captar algo do fogo
que ardia dentro dela.
“Eu lutarei com você,” Garra Afiada rosnou. “Eles vão nos matar de
qualquer maneira, mas vou levar alguns deles comigo.”
Um coro de vozes surgiu em torno de Firestar, prometendo continuar lutando,

aconteça o que acontecer. Até Bigode Curto concordou, embora seu pelo
estivesse eriçado e seus olhos estivessem vazios de terror.
“Somos um Clã agora”, declarou Clovertail, “e é aqui que pertencemos. Temos

que lutar por isso.”
Estrela de Fogo se levantou, cravando as garras no galho. Sua cabeça

estava clareando agora, e a força de sua próxima vida fluiu para seus membros
– a força do ancestral do SkyClan que o trouxe aqui acreditando que ele
não iria falhar.
“Eu honro sua coragem”, ele miou. “E eu vou lutar com você. Você pode ter
todas as minhas vidas e todas as minhas forças se isso ajudar você a vencer
esses ratos.
Ele estava ciente das orelhas de Sandstorm empertigadas de surpresa, mas

ele quis dizer cada palavra. Esta foi a coisa certa a fazer pelo
código do guerreiro. Pois esta noite, ele não era o líder do

ThunderClan, mas membro do SkyClan.
“Mas o que vamos fazer?” Patchfoot perguntou em voz baixa.
Estrela de Fogo olhou para baixo. A árvore estava cercada por corpos
sinuosos de ratos, seus olhos penetrantes fixos nos guerreiros que se
refugiavam nos galhos. Cherrypaw e Sparrowpaw ainda estavam aos
seus pés, prontos para se juntar aos seus companheiros de
clã se os ratos atacassem.
Mas os ratos pareciam não ter pressa. Estrela de Fogo percebeu

que eles achavam que a batalha havia acabado e poderiam exterminar os
gatos restantes tão lentamente quanto desejassem.
“Os ratos estão agindo juntos”, pensou em voz alta. “Como um

enxame de abelhas ou uma matilha de cães. Ontem à noite eles
pararam de nos atacar e todos viraram as costas ao mesmo tempo. Algo os
está controlando. Eles devem estar recebendo ordens do rato líder.”
“Então mate-o”, sibilou Garra Afiada, flexionando as garras, “e o resto

deles fugirá”.
“Espero que sim”, respondeu Firestar severamente.
“Está tudo muito bem,” Patchfoot miou. “Mas como sabemos qual deles
é o líder? Todos parecem iguais para mim.”
Estrela de Fogo lembrou-se dos últimos batimentos cardíacos de sua

vida anterior, quando enfrentou o líder dos ratos dentro do celeiro. O
pêlo do seu pescoço se arrepiou com a lembrança dos olhos malignos e
da voz rouca dizendo-lhe para morrer.
“Só o líder pode falar a língua dos gatos”, ele miou. “Se
conseguirmos fazê-lo falar conosco, saberemos quem ele é.”
"E então . . .” Garra Afiada cortou uma pata, com as garras estendidas, no
ar.
Estrela de Fogo olhou ao redor. Os guerreiros do SkyClan estavam prontos

para a ação agora, com os olhos ansiosos, as feridas e o cansaço esquecidos.
Até o Bigode Curto parecia ter recuado do limiar do pânico.
“Teremos que descer”, ele começou. “Os ratos ficarão ali para sempre se
ficarmos nesta árvore.”
Assumindo a liderança, ele desceu até o chão frio e duro, aterrissando

ao lado dos dois aprendizes. O resto do Clã seguiu-o em silêncio e ficou
olhando para a massa de ratos. Estrela de Fogo notou que os descendentes do
Clã Celeste – Pata de Cereja e Pata de Pardal, Bigode Curto e Garra Afiada – se
posicionaram do lado de fora do pequeno grupo, como se quisessem proteger
seus companheiros de clã que não conseguiam escapar subindo na árvore
tão facilmente.
À medida que desciam, uma onda passou pela multidão de ratos e eles se
aproximaram um pouco mais. Firestar levantou a cabeça e os encarou.
“Vocês são corajosos o suficiente quando estão todos juntos”, ele zombou
deles. “Mas aposto que você não seria tão corajoso sozinho. Suponho que
nem mesmo o seu líder inteligente sairia e me enfrentaria.”
Nenhum rato se mexeu.
“Covardes!” Garra Afiada zombou. “Verme comedor de comida de

corvo e verme escondido!”
“Venha e lute!” Firestar lançou o desafio contra uma parede de silêncio. O

pânico começou a arrepiar seu pelo. A liderança
rato era obviamente inteligente o suficiente para não aparecer.
Os gatos encostaram as costas na árvore enquanto os ratos se aproximavam

um pouco mais. Mais alguns batimentos cardíacos, pensou Estrela de Fogo, e
eles avançariam. Os gatos do SkyClan continuariam lutando por um tempo, mas
mais cedo ou mais tarde seriam derrotados.
Mais uma vez o SkyClan se tornaria nada mais que uma memória.
O que posso fazer? ele se perguntou, angustiado.
Então um cheiro familiar flutuou ao seu redor e suas patas formigaram.

Folha manchada? Ele olhou de um lado para o outro, mas não havia sinal da gata
tartaruga. Apenas uma voz suave que murmurou em seu ouvido: Não muitos, mas
um.
Então a sensação de sua presença desapareceu. Espere! Firestar

protestou em sua cabeça. Eu não entendo! Como poderia Spottedleaf dizer que não havia
muitos ratos aqui?
Ele olhou para seus inimigos, a luz da lua banhando-os de modo que seus
corpos se fundiram como ondulações em um lago. E enquanto observava a
maré vazando e fluindo, ele começou a perceber o que Spottedleaf queria dizer.
Ele pensava nos ratos como um enxame de abelhas ou uma matilha de cães,
que recebia ordens do líder, mas Folha Manchada mostrara-lhe que era mais do que
isso. Essas criaturas eram como um único inimigo; os ratos individuais não tinham
opinião própria. Eles recebiam ordens de um único rato, transmitidos de corpo em
corpo em sinais visíveis, um movimento de pêlo ou um movimento de cauda, o
roçar de um flanco contra o outro. Se ele observasse as ondulações, elas deveriam
levá-lo ao rato que procurava.
Os ratos se aproximaram um pouco mais. Estrela de Fogo estava ciente de

Tempestade de Areia ao lado dele, sua pele roçando a dele, suas garras cavando
na raiz da árvore onde ela estava pronta para saltar. Mal ousando
respirar, ele olhou para os ratos, sabendo que eles poderiam atacar a
qualquer momento. Ele se forçou a parar de olhar para um par de olhos
aqui, uma cauda de cobra ali, e os estudou como a superfície de um
único lago.
Garras geladas picaram sua espinha. Com certeza, ele conseguia

distinguir pequenos movimentos circulando em torno de um ponto
central, o lugar de onde os comandos silenciosos do líder se espalhavam.
E naquele ponto central, um único rato olhou para os gatos
sitiados.
Estrela de Fogo estreitou os olhos. Não houve tempo para explicar

o que ele estava fazendo ao resto da patrulha. Ele tinha apenas uma
chance, uma chance de garantir que não tivesse viajado até aqui em
vão e que o SkyClan continuaria vivo. Desembainhando as garras, ele
saltou, com as pernas estendidas, no meio da massa de ratos.
Lamentos horrorizados surgiram dos gatos atrás dele. Ele ouviu

Sandstorm gritar: “Firestar!”
A voz dela foi abafada pelo grito único que saía das gargantas de
cada rato, e eles avançaram sobre ele como uma onda espessa e
marrom. Mas as garras da Estrela de Fogo atingiram o alvo, rasgando
a garganta do rato no centro da maré. Ele olhou dentro dos
pequenos olhos cheios de ódio e viu o ódio deles se transformar em
terror antes que a luz deles desaparecesse. A cabeça do rato caiu
para trás e seu corpo ficou mole.
Por um instante, Estrela de Fogo ficou imóvel, as patas pegajosas

de sangue. Ratos circulavam ao seu redor, guinchando e assobiando confusos.
Com seu líder morto, eles não sabiam o que fazer
próximo.
"Me siga! Ataque!" O uivo veio de Garra Afiada e, de repente, os

companheiros de clã de Estrela de Fogo estavam ao seu redor, com
garras atacando seus inimigos. Balbuciando de terror, os ratos fugiram
de volta para o celeiro, arranhando as paredes brilhantes em seus esforços
para entrar e se esconder. Os gatos do SkyClan passaram correndo
por Firestar, desferindo um golpe mortal em qualquer rato lento demais para
sair de seu caminho.
“Fique longe de nós!” Garra Afiada gritou atrás deles.

“O desfiladeiro é nosso. Mataremos qualquer rato que colocar a pata lá!”
Leafdapple parou na abertura, impedindo o resto dos gatos do

SkyClan de seguir os ratos para dentro. “Deixe-os ir”, ela miou. “Eles não
são mais perigosos. Agora não."
Ela caminhou de volta até Estrela de Fogo, que ainda estava sobre o
corpo de seu inimigo morto, e inclinou a cabeça em profunda gratidão.
“A batalha está vencida. Graças a você, SkyClan está seguro.”
Quando os ratos fugiram, Estrela de Fogo se aventurou no celeiro

com Garra Afiada e Maçã Folhada. Dois ou três ratos ainda estavam
visíveis, farejando os corpos de seus companheiros mortos, mas quando
avistaram os gatos soltaram gritos de alarme e correram para o abrigo do
lixo Duas-Pernas, no outro extremo do celeiro.
O corpo de Rainfur estava esticado no chão. Ratos mortos jaziam ao seu

redor, e suas garras ainda estavam presas na garganta de um deles. Seu
pelo cinza estava rasgado e cheio de feridas.
“Ele morreu como um guerreiro”, murmurou Leafdapple.

“Vamos carregá-lo de volta ao desfiladeiro e ficar de vigília por ele,”
Em silêncio, pegaram no seu corpo e manobraram-no através da

abertura na parede do celeiro. O resto do Clã se reuniu ao redor deles para
ajudar a transportar Rainfur através da cerca e de volta através
do matagal até o desfiladeiro, sob a luz da lua fria. Seu corpo estava caído, as
patas e a cauda arrastando-se na poeira, e seu pelo estava manchado de
sangue.
Enquanto Sharpclaw e Leafdapple carregavam seu companheiro de clã

morto pela trilha pedregosa, Echosong apareceu na entrada do berçário.
"Você voltou!" ela exclamou. Ela parou ao ver o corpo quebrado de Rainfur e
tristeza brotou em seus olhos.
“Vou contar a Petalnose”, ela sussurrou.
Ela contornou a pedra e, um momento depois, Estrela de Fogo

ouviu um lamento de angústia.
“Continue”, ele murmurou para Garra Afiada e Maçã-Folha. “Deite seu corpo
ao lado do Rockpile. Eu me juntarei a você em alguns momentos.”
Respirando fundo, ele entrou no berçário. Petalnose estava agachada sobre

seus filhotes, os olhos arregalados e olhando para o nada.
Echosong pressionou-se confortavelmente contra o lado dela, mas
Estrela de Fogo não achava que a gata cinzenta estivesse ciente dela.
“Sinto muito”, ele miou. “Ele morreu como um guerreiro.”
Petalnose estremeceu e focou os olhos nele. “Ele morreu protegendo o

que mais amava”, ela sussurrou. “Eu, seus kits e seu novo clã.”
Firestar tentou encontrar palavras que a confortassem. “Ele caça

com seus ancestrais agora.”
Os olhos de Petalnose estavam sombrios e ela não respondeu. Estrela de

Fogo não ousou dizer mais nada. Este jovem clã ainda não tinha experiência com
seus ancestrais, então como poderia Petalnose ter fé?
que Rainfur encontrou alguma coisa após sua morte?
“Ele era um gato corajoso”, ele miou em vez disso. “Estou honrado
por tê-lo conhecido.”
À medida que a noite avançava, o Clã se reuniu em torno do corpo

de Rainfur para vigiá-lo. Echosong guiou Petalnose e seus dois filhotes
para fora do berçário, e a gata se agachou ao lado de seu
companheiro, enfiando o focinho em seu pelo cinza e frio. Sagekit e
Mintkit se amontoaram de cada lado dela, enquanto Echosong sentou-
se na cabeça de Rainfur, seu olhar fixo no distante
estrelas.
Lembrando-se da vigília inquieta e supersticiosa do Skywatcher, Estrela

de Fogo percebeu o quão longe o Clã havia avançado. Agora havia
um sentimento genuíno de perda e respeito pelo guerreiro caído.
Mas seu coração doeu quando ele lembrou a si mesmo que a
reconstrução do Clã levou diretamente à morte de Rainfur. Se
ele tivesse decidido permanecer um bandido, ainda estaria vivo.
A inquietação picou as patas de Estrela de Fogo e, quando o

céu ficou cinza com a primeira luz do amanhecer, ele subiu a trilha
até Skyrock e sentou-se sozinho, olhando para o desfiladeiro. Eu
fiz a coisa certa? Desde que chegou aqui, ele aprendeu muito sobre
si mesmo e o que significava ser um líder do Clã, mas não foi por
isso que veio. Seria justo pedir a esses gatos que entregassem suas
vidas pelo código guerreiro, quando antes eles viviam felizes e em paz?
Um aroma doce flutuou ao seu redor, o único aroma que

poderia confortá-lo agora. Uma pele roçou a sua e uma voz
murmurou em seu ouvido.
“Não sofra”, sussurrou Sandstorm. “Você salvou o SkyClan.”
“Mas Rainfur está morto.”
"Eu sei. Mas os gatos do SkyClan tomaram sua própria decisão de lutar
pelo desfiladeiro e pelo código guerreiro – e por seu Clã. A batalha os uniu como
nada mais poderia ter feito.”
Estrela de Fogo se mexeu inquieto, querendo acreditar no que seu

companheiro disse, querendo acreditar que o que havia sido conquistado
valia a pena a morte de Rainfur.
“A vida não pode continuar sem a morte”, prosseguiu Sandstorm.

“Rainfur morreu como o maior guerreiro, lutando por seu Clã.
Onde quer que seus ancestrais guerreiros estejam, eles estarão
observando e estarão esperando por ele agora.”
"Eu sei." As palavras de Tempestade de Areia aliviaram um pouco a dor

em seu coração, mas Estrela de Fogo sabia que muitas luas se passariam
antes que ele pudesse esquecer a visão do corpo de Rainfur cercado por seus
inimigos mortos, sabendo que ele havia levado o gato cinza até
lá para morrer.
CAPÍTULO 34
O sol estava brilhando acima dos penhascos quando Estrela de Fogo e

Tempestade de Areia desceram novamente para o desfiladeiro. O corpo de
Rainfur ainda estava ao pé da Pilha de Pedras, mas o Clã estava
relaxando de sua vigília; apenas Petalnose permaneceu perto dele, seus
dois filhotes dormindo ao lado dela. Echosong estava sentada na entrada
de sua caverna, com pilhas de ervas ao seu redor enquanto examinava
as feridas recentes de Patchfoot.
Estrela de Fogo sabia que deveria tratar seus próprios ferimentos,

mas antes que pudesse ir para a toca do curandeiro, Leafdapple saltou
até ele. Estrela de Fogo viu que seus olhos estavam perturbados e uma
pontada de alarme percorreu-o. Certamente não poderia haver
mais perigo?
"Qual é o problema?" ele perguntou.
“É Bigode Curto.” Leafdapple olhou para onde o gato malhado estava

parado ao lado de Sharpclaw, Cherrypaw e Sparrowpaw. “Ele diz que
quer deixar o Clã. Ele quer voltar para sua casa.
"O que?" Estrela de Fogo passou por ela e se dirigiu ao pequeno grupo
de gatos.
“Você é completamente estúpido?” Garra Afiada era
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discutindo enquanto ele subia. “Você ficou conosco durante todo o perigo
dos ratos, e agora que mostramos a eles que esta é a nossa casa, você quer
ir embora? Você tem abelhas no seu cérebro!”
Bigode Curto se encolheu e virou-se para Estrela de Fogo com uma

expressão de alívio. “Sinto muito”, ele começou. “Mas o ataque do rato apenas
me mostrou que não fui feito para viver em um Clã.”
“Você cumpriu seu dever como um guerreiro”, miou Estrela de Fogo.
“Mas eu estava com medo”, protestou Shorthisker. “Assustado até a raiz

da minha pele.”
“E você acha que o resto de nós não estava?” Garra Afiada rosnou.
Leafdapple se aproximou e tocou o ombro de Sharpclaw com a ponta da

cauda. “Não fique com raiva,” ela miou. “Não podemos forçá-lo a entender.”
Voltando-se para Bigode Curto, ela acrescentou: “Respeitaremos sua
decisão. Mas, mesmo assim, gostaríamos que você ficasse.”
“Sentiremos sua falta”, disse Cherrypaw a ele.
Bigode Curto ainda enfrentou Estrela de Fogo e dirigiu-lhe suas palavras.

“Eu estava com medo”, ele repetiu. “E eu sabia que não queria desistir da
minha vida pelo bem do meu Clã.” Ele baixou a cabeça. “Sou um covarde e
egoísta”, ele murmurou. “Mas não posso mudar o que sinto.”
“Você não é egoísta ou covarde”, disse Firestar a ele. “O código do

guerreiro não é adequado para todos os gatos.” Ele se lembrou de seu
amigo Ravenpaw, forçado a deixar o ThunderClan por medo de Tigerstar,
e agora vivendo feliz com Barley na fazenda Twoleg perto de Highstones.
“Você deve escolher o caminho que melhor lhe convier.”
“Então esse é o caminho de um gatinho.” Bigode Curto olhou

ao redor do círculo de seus amigos e, embora seus olhos estivessem

arrependidos, sua voz era segura.
“Ainda somos seus amigos, Bigode-curto...” começou Pardalpaw.
“Esse não é mais meu nome,” Bigode o interrompeu. “Acho que é

melhor você me chamar de Hutch de novo.”
Pela última vez subiu a trilha até o topo da falésia; Firestar, Leafdapple
e Sharpclaw o seguiram. Hutch abriu caminho através do cinturão de
vegetação rasteira e parou na beira do matagal.
“Adeus”, ele miou. “Tenho orgulho de ter sido um gato SkyClan; Eu

realmente sou."
"Adeus." Cherrypaw cutucou-o com o ombro.

“Certifique-se de manter aquele Oscar no lugar dele.”
“E conte aos outros gatinhos sobre o SkyClan”, acrescentou

Sparrowpaw.
Leafdapple baixou a cabeça. “Adeus, Hutch. Não se esqueça de vir nos

visitar. Você ajudou a salvar o SkyClan e sempre será bem-vindo aqui.”
Hutch animou-se um pouco. “Não esquecerei nenhum de vocês,

especialmente você, Estrela de Fogo”, acrescentou ele, olhando
para o gato cor de fogo. “Você me ensinou muito.”
“Eu também aprendi com você”, respondeu Firestar, falando sério.

“Que o StarClan ilumine seu caminho.”
Os dois machos tocaram os narizes; então Hutch se virou e

começou a caminhar em direção às paredes distantes do Lugar
das Duas Pernas. Sua cabeça e cauda estavam erguidas e ele não olhou
para trás.
“Então esse é o fim”, murmurou Sharpclaw, olhando para ele. “O

último eco da nossa batalha contra os ratos.”
“Não”, Leafdapple miou. “Há mais uma coisa a fazer.”
Estrela de Fogo e Garra Afiada trocaram olhares perplexos e a

seguiram pela trilha até a caverna dos guerreiros. Leafdapple estava de
frente para o tronco de pedra com suas antigas marcas de garras: as
marcas de muitos gatos e as minúsculas marcas de garras dos ratos
marcadas neles como um sinal de sua antiga vitória.
“Isso,” Leafdapple miou. Estendendo suas garras, ela

varreu-os na pedra, depois novamente e uma terceira vez, até que os
arranhões dos ratos fossem obliterados sob profundas cicatrizes verticais.
O recorde da primeira derrota se foi.
“Agora o desfiladeiro pertence ao SkyClan novamente”, anunciou a

gata malhada.
Os dias que se seguiram à batalha foram cinzentos de nuvens.

Brisas fortes sopravam com um cheiro forte de chuva e, certa
manhã, Estrela de Fogo emergiu do covil dos guerreiros e encontrou
as rochas cobertas de gelo. Ele ficou farejando o ar frio até
que Tempestade de Areia apareceu, afofando sua pele contra as garras
do vento.
“Devemos partir logo”, ela murmurou, com um olhar

atrás para ter certeza de que ela não estava despertando os guerreiros adormecidos.
“Não podemos viajar sem folhas. Estará frio demais para dormir fora e
haverá poucas presas preciosas.
“Ainda falta um tempo para que as folhas fiquem nuas”, argumentou Estrela de Fogo.
Sandstorm fixou nele um olhar verde brilhante. “Você não confia

no SkyClan para sobreviver sem você?”
“Não é isso”, protestou Firestar.

“Os ratos não são mais uma ameaça”, lembrou Sandstorm.
“Eu sei, mas os ratos não são o único problema. Os guerreiros do

SkyClan conseguirão se dar bem sem nós para ajudá-los nas patrulhas e tarefas?
E os gatinhos no Twolegplace. eles. E será mais difícil para eles
encontrarem presas à medida que o . . pode haver problemas com
tempo esfria.”
Tempestade de areia raspou suas garras na rocha. “Firestar, você vai ouvir
a si mesmo? Todo clã tem problemas como esses.
Cada gato tem que trabalhar junto para seguir o código do guerreiro e, se
fizer isso, estará seguro e bem alimentado. Os gatos do SkyClan sabem disso
agora. Você fez sua parte; você encontrou um remédio para eles - agora é
com eles.
Firestar sabia que ela estava certa. Se ele esperasse até ter certeza
de uma paz ininterrupta e de uma vida fácil para o SkyClan, ele nunca iria
embora. No entanto, ele também sabia que ainda tinha mais uma tarefa a
cumprir.
“Não podemos sair ainda”, ele miou. “Não até termos certeza de que o SkyClan
pode alcançar seus ancestrais guerreiros. E parte disso é descobrir qual gato
o StarClan escolheu para ser o líder.”
Sandstorm soltou um longo suspiro, mexendo os bigodes. “Suponho que

você esteja certo. Mas espero que seja em breve; isso é tudo."
Tempestade de areia despertou Leafdapple; os dois gatos coletaram

Sparrowpaw e partiu para a patrulha da madrugada. Estrela de fogo acolchoada
de volta ao covil dos guerreiros e encontrou Patchfoot se mexendo.
“Patrulha de caça?” ele sugeriu.
Patchfoot sentou-se ansiosamente. "Claro. Já vou com você.
"Eu vou acompanhá-lo." Garra Afiada ergueu a cabeça do ninho coberto de

musgo do outro lado da caverna. “Se estiver tudo bem.”
“Prefiro que você lidere uma patrulha separada”, disse Estrela de Fogo
a ele. “Eu quero pegar Cherrypaw e assistir sua ação de caça, sem seu
mentor respirando em seu pescoço. Já é hora de ela e Pata de
Pardal se tornarem guerreiros.”
"Multar." Os olhos de Sharpclaw brilharam com aprovação. “Acho que

eles também estão prontos. Vou levar Clovertail e Rain . . .” Sua voz
sumiu. “Apenas Clovertail, eu acho.”
Estrela de Fogo conduziu sua patrulha rio abaixo, através do esporão

rochoso e em direção às árvores. As folhas giravam no ar; apenas os últimos
restos quebradiços permaneceram nos galhos. O tempo frio
estava aqui, e as presas seriam muito mais escassas nas longas luas
sem folhas. Mesmo assim, o SkyClan ainda era pequeno; se fossem
cuidadosos, deveriam ser capazes de se alimentar sozinhos.
Ele observou Cherrypaw perseguir um esquilo por um trecho de terreno

aberto e derrubá-lo com um salto poderoso enquanto tentava escapar
subindo em uma árvore. Ela estava facilmente pronta para se tornar uma
guerreira, mas Firestar evitou dizer isso a ela. Ele queria que o novo
líder do SkyClan desse a ela e a Sparrowpaw seus nomes de
guerreiros - assim que houvesse um sinal dos ancestrais guerreiros do
SkyClan sobre qual gato seria.
Os três gatos caçaram até conseguirem toda a caça fresca que

pudessem carregar. Não havia agora nenhuma sensação de olhos hostis
entre a vegetação rasteira, nenhum cheiro ou som que sugerisse que os ratos
ainda estavam aqui. SkyClan tornou este lugar seu.
Estrela de Fogo havia retornado ao acampamento e estava

depositando sua presa na pilha quando Echosong se aproximou dele.
“Estrela de Fogo, preciso falar com você.” Seus olhos verdes estavam confusos.
“Você poderia vir até minha sala por um momento?”
Enquanto ela falava, Firestar se lembrou irresistivelmente de

Folha Manchada e Pele de Cinza. Echosong se encaixava exatamente
no papel de um gato curandeiro agora, embora soubesse que sua
aceitação formal era outra cerimônia que repousava nas patas dos ancestrais
guerreiros do SkyClan.
Ela não falou novamente até que eles estavam sentados na caverna
externa, com aromas de ervas doces ao redor deles. “Eu estava separando
ervas aqui”, ela começou, “e tive uma . . . Acho que
você chamaria isso de visão.” Parecendo quase envergonhada, ela
lambeu uma pequena pata cinzenta e colocou-a sobre a orelha.
As patas de Estrela de Fogo formigaram, mas ele manteve a calma.

"O que foi isso?"
“Pensei que estava colhendo ervas na floresta acima do desfiladeiro.

Eu estava sozinho e ainda assim me sentia tão seguro e protegido! Era como
se olhos gentis estivessem ao meu redor, cuidando de mim. . . .”
“Continue,” Firestar encorajou.
“O sol brilhava, como se fosse um dia quente de folhas verdes.

E as sombras das folhas salpicavam o chão ao meu redor, tão
perfeitamente, como seixos no leito do rio. Notei-os principalmente
porque as folhas estão morrendo agora.
O padrão de luz e sombra girava ao meu redor, embora as folhas acima
da minha cabeça estivessem imóveis. E então eu estava de volta aqui. Não
foi um sonho, Estrela de Fogo”, ela insistiu. "Eu era
acordado o tempo todo. Você acha que isso significa alguma coisa ou
estou fazendo barulho por nada?
“StarClan enviou seus sinais por um motivo”, respondeu Firestar.

“Tudo o que precisamos fazer é descobrir o que é isso.” Ele ficou em
silêncio por um momento, com os olhos semicerrados, imaginando
o pequeno gato malhado na floresta ensolarada. "Sol quente. Agora está
sem folhas, mas havia folhas salpicadas no chão. . .” ele murmurou.
“Folinha!” Echosong explodiu. “Meus ancestrais guerreiros estavam

me contando algo sobre Leafdapple.”
Todos os pelos da pele de Firestar se arrepiaram. Este deve ser o

sinal que o SkyClan estava esperando! A visão de Echosong mostrou que
os ancestrais guerreiros do Clã realmente estavam cuidando deles.
Ainda mais importante, eles enviaram o sinal para Echosong e não
para ele. Ela era uma verdadeira curandeira agora, com uma conexão com os
espíritos estrelados que a ajudariam a guiá-la.
Clã nas próximas luas.
O olhar perplexo desapareceu gradualmente dos olhos de Echosong.

“O que este Clã precisa mais do que tudo é de um líder,” ela murmurou.
“Você acha que eles estavam me mostrando qual gato deveria ser?”
Estrela de Fogo foi até ela e deu uma lambida afetuosa no topo de
sua cabeça. Ele ronronava tanto que mal conseguia falar. “Sim, acho
que sim”, ele murmurou. “Leafdapple será o líder do SkyClan.”
Leafdapple fez uma pausa com um pedaço de carne morta ainda

entre as mandíbulas, os olhos arregalados de choque. "Meu?" Ela engoliu rap
à toa. “Líder do SkyClan? Echosong, acho que você tem abelhas no cérebro!”
Assim que a patrulha da madrugada voltou para descansar e comer,

Estrela de Fogo chamou Tempestade de Areia para contar a ela sobre o sinal.
Então ele e Echosong encontraram Leafdapple comendo perto da pilha de
caça fresca para dar a notícia a ela.
“Não tem nada a ver com Echosong”, ele assegurou à atônita gata.
“Seus ancestrais guerreiros escolheram você.”
“Mas... mas pensei que seria Garra Afiada!”
Eu também, pensou Firestar. No entanto, foi Leafdapple quem demonstrou

maior sensibilidade a tudo o que o código do guerreiro significava. Ela
reuniu o Clã na batalha contra os ratos e entendeu por que Hutch queria
deixar o Clã para voltar a ser um gatinho.
Leafdapple deu um passo para trás, balançando a cabeça enfaticamente.

“Oh, não, Estrela de Fogo. Eu não posso fazer isso. Realmente, não posso.”
“Também nunca me senti bom o suficiente para ser líder do Clã”,

confessou Estrela de Fogo. “Eu era deputado do Clã, então é claro que
pensei em ser líder um dia, mas quando Estrela Azul morreu e tive que ocupar
o lugar dela, não senti que estava pronto. Mas meu Clã precisava de mim. E
agora o SkyClan precisa de você.”
Leafdapple parecia pesar o que ele lhe dizia. Então ela se virou para
Echosong. "O que você acha?"
Echosong assentiu encorajadoramente. “Nossos ancestrais guerreiros

me enviaram uma visão. Eu sei que isso é certo para você, Leafdapple.”
“Mas eu não entendo sobre nossos ancestrais guerreiros,”

Leafdapple protestou. “Eu nem sei que eles existem.
E mesmo que o façam” – ela antecipou o protesto de Echosong – “por

que eles me escolheriam? Não sou nada especial.”
“Acho que você não sabe o quanto é especial”, disse Firestar a ela.
“Acredite em mim, Leafdapple, você pode fazer isso.”
O olhar âmbar de Leafdapple pousou nele por vários segundos.

Então ela inclinou a cabeça. "O que eu tenho que fazer?" ela
perguntou. “Eu tenho que me chamar de Leafstar agora? E eu tenho
nove vidas?
“Você ainda não é uma líder”, Firestar a avisou. “StarClan lhe dará
suas nove vidas e seu nome.”
"Quando? Como?" Leafdapple olhou em volta como se

esperasse ver guerreiros estrelados aproximando-se dela em plena
luz do dia.
“Esta noite,” Firestar miou. “Seus ancestrais guerreiros estão

cuidando de você e nos encontraremos com eles esta noite.”
Sob a luz gelada de uma meia-lua, Estrela de Fogo seguiu pela trilha
até Skyrock. Leafdapple seguiu atrás dele e Echosong ficou na
retaguarda.
Firestar não tinha certeza se estava fazendo a coisa certa. Ele não
tinha dúvidas sobre Leafdapple como o líder destinado do SkyClan
- a visão de Echosong parecia clara demais para isso - mas ele se
perguntou se deveria ter levado Leafdapple à Caverna dos
Sussurros para sua cerimônia. Esse foi o mais próximo que os
gatos do SkyClan tiveram da Pedra da Lua, onde os líderes dos Clãs
da floresta receberam suas nove vidas e seu nome. No entanto, esta
noite as estrelas pareciam particularmente brilhantes e, quando ele
olhou para cima, pareceram mudar por um momento para a forma do céu.
O rosto do líder do SkyClan, como se ele estivesse dizendo: “Venha”.
Firestar saltou a fenda e caminhou até o meio da Skyrock. A luz das

estrelas brilhava em sua superfície e o vento batia em seu pelo. Leafdapple
inclinou a cabeça enquanto caminhava para se juntar a ele.
"O que acontece agora?" ela perguntou.
“Esperamos”, respondeu Firestar. “Seus ancestrais guerreiros virão até

nós.”
Ele esperava estar certo. Ele conhecia apenas o ancestral do SkyClan

que caminhava por estes céus, junto com o Skywatcher. Mas Leafdapple
precisava de nove gatos, cada um dos quais lhe daria uma vida.
Ele se lembrou da dor, do terror e da admiração de sua própria cerimônia de
liderança, quando a clareira em Fourtrees estava repleta de espíritos
estrelados. Mesmo que eles viessem até ela, Leafdapple teria força suficiente
para lidar com isso? Só havia uma maneira de descobrir.
“Tem certeza que eles virão? Não deveríamos dizer a eles que estamos
aqui? A voz de Echosong estava ansiosa, seu pelo prateado arrepiado de excitação.
“Eles saberão”, respondeu Firestar. “Deite-se comigo”, ele dirigiu a

Leafdapple, acomodando-se na rocha com as patas enfiadas sob o peito.
Hesitantemente, Leafdapple o obedeceu; Estrela de Fogo podia sentir

um tremor reprimido percorrendo todo o seu corpo. Echo-song agachou-
se do outro lado, pressionando-se de forma tranquilizadora contra seu
pelo.
“Não tenha medo”, sussurrou o curandeiro. “Eu sei que nossos ancestrais
guerreiros não significam nada além de bom para você.”
Leafdapple ainda parecia inquieto.

“Você deve confiar em seus ancestrais guerreiros”, disse Firestar a ela.
Leafdapple virou a cabeça e olhou para ele com olhos
que brilhava prateado ao luar. “Não”, ela miou. "Eu confio em você."
CAPÍTULO 35
Os três gatos esperaram em silêncio sob o luar. O vento varreu a superfície do

Skyrock, pressionando seus pelos perto de suas peles. “Feche os olhos”,
sussurrou Estrela de Fogo.
A princípio havia apenas escuridão, e ele estava consciente de Leafdapple

movendo-se incansavelmente ao seu lado. Gradualmente ela ficou imóvel; Os
batimentos cardíacos de Estrela de Fogo aceleraram quando ele sentiu o
frio rastejando sobre ela, até que ela poderia ter sido um gato feito de
gelo. O som do vento morreu.
Estrela de Fogo abriu os olhos. O Skyrock havia desaparecido;

em vez disso, uma charneca desolada se estendia ao seu redor,
desaparecendo na névoa por todos os lados. Nenhuma estrela conseguia
penetrar na nuvem, mas ela brilhava com um brilho pálido, como se em algum
lugar acima a lua ainda brilhasse.
Do outro lado de Leafdapple, Echosong piscou e levantou a cabeça,

depois se levantou e arqueou as costas.
Seu olhar, cheio de admiração, encontrou o de Estrela de Fogo. "Onde
estamos? É como o lugar com que sonhei na noite em que dormi no Skyrock.”
“Esta é a charneca onde vi os gatos do SkyClan em fuga.”

Estrela de Fogo se levantou, enfiando as garras na grama dura.
Echosong virou-se para olhar para Leafdapple, colocando um
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pata suavemente em seu ombro. A gata não se mexeu.
“Ela está com tanto frio”, sussurrou Echosong. Curvando-se, ela respirou
suavemente no ouvido de Leafdapple; nem sequer se mexeu. “Firestar,
ela não está morta, está?”
“Não”, Firestar a tranquilizou. “Algo assim aconteceu comigo. Acho que sua
antiga vida está sendo destruída para que ela possa receber suas
nove novas.”
Echosong ainda parecia preocupado. Estrela de Fogo imaginou que

suas patas estavam ansiosas para ajudar Folhadapple, mas não havia nada
que ela pudesse fazer.
Podem ter se passado temporadas ou apenas batimentos cardíacos

antes que Leafdapple espirrou e abriu os olhos. Suas mandíbulas se esticaram
em um enorme bocejo. Então ela pareceu tomar consciência do estranho
ambiente; ela saltou sobre as patas, cambaleando um pouco.
“Estrela de Fogo, o que está acontecendo?”
"Tudo bem." Estrela de Fogo apoiou a ponta da cauda em seu ombro. “É aqui
que você se encontrará com o StarClan.”
Como se suas palavras fossem um sinal, as névoas giraram à sua frente e

o ancestral cinza e branco do SkyClan apareceu. Gotas de água brilhavam
como estrelas em seu pelo.
“Saudações”, ele miou. “Eu sei por que você veio.”
“Saudações”, respondeu Echosong, com os olhos brilhantes ao ficar

cara a cara com um guerreiro do StarClan pela primeira vez.
Firestar avançou para encontrá-lo. “Estou feliz em ver você de novo”, ele
miou. “Eu trouxe Leafdapple. Ela é a gata que você queria, não é?
"Sim." O ex-líder do SkyClan baixou a cabeça.

“Obrigado, Estrela de Fogo. Você fez tudo que podia para reconstruir e
proteger o SkyClan mais uma vez. Agora cabe aos novos gatos
SkyClan.”
Estrela de Fogo respirou fundo. “Mas como Leafdapple pode

receber nove vidas se você é o único gato aqui?”
O gato cinza e branco ergueu o rabo de forma imponente e Estrela de

Fogo ficou em silêncio. Ele observou o ancestral do SkyClan pisar
levemente sobre a grama da charneca para enfrentar Leafdapple.
“Você acredita no que está prestes a acontecer?” Ele perguntou a ela.
O olhar em pânico de Leafdapple voou para Firestar e de volta para o

. . .sim”, ela gaguejou. “Pelo menos, Firestar
gato StarClan. “E-eu acho que
diz que você vai me dar nove vidas, e eu acredito nele.”
Um lampejo de tristeza passou pelo rosto pálido do guerreiro.

“Isso terá que ser suficiente”, ele miou. “Venha, e eu lhe darei sua primeira
vida.”
Leafdapple deu um passo à frente para ficar bem na frente do

ancestral SkyClan. Ele abaixou a cabeça e tocou o nariz no dela.
Leafdapple enrijeceu e se encolheu, depois recuou deliberadamente para
que o gato SkyClan pudesse tocá-la novamente.
“Eu lhe dou uma vida pela resistência”, ele miou. “Use-o bem para
fortalecer seu Clã em tempos de dificuldade.”
Quando o ancestral do SkyClan terminou de falar, Estrela de Fogo viu

todos os membros de Leafdapple sofrerem espasmos e suas mandíbulas
se abriram em um gemido silencioso de agonia. Sua barriga se contraiu em
simpatia; ele se lembrou da dor terrível que sentiu quando recebeu
a própria vida.
"Isso doi?" Echosong sussurrou, com os olhos arregalados de choque.

“Não podemos ajudá-la?”
Estrela de Fogo balançou a cabeça. “Isso é para Leafdapple suportar

sozinho.”
Leafdapple tremeu enquanto a dor diminuía, mas ela

ficou em suas patas. “Firestar” – ela ofegou – “tenho que fazer isso mais oito
vezes?”
“Está tudo bem,” Firestar a confortou. “Nem todas as vidas serão iguais.”
A gata tinha uma expressão atordoada nos olhos e um toque de

ressentimento na voz enquanto miava: "Você nunca disse que seria
assim." Ela balançou a cabeça num misto de espanto e admiração. Estrela de
Fogo adivinhou que nenhum gato poderia passar pelo que
acabara de suportar e ainda duvidar que a experiência fosse real. “Eu
gostaria que pudéssemos acabar logo com isso.”
“Não demorará muito”, prometeu Firestar.
"Olhar!" Echosong exclamou, girando. “Leafdapple, você consegue ver?”
“E-eu acho que sim”, miou a gata malhada.
Uma fileira de gatos aparecia vagamente em meio à névoa. Eles cercaram

os três gatos vivos e o ancestral do SkyClan, seus contornos indistintos nas
nuvens flutuantes. Então um deles avançou: Skywatcher. Não o ancião
esquelético que morreu no desfiladeiro, mas como Estrela de Fogo o vira
pela última vez em sonho, um guerreiro forte e poderoso.
Os olhos de Leafdapple se arregalaram. “Observador do Céu,” ela sussurrou.

"Isso é você?"
Skywatcher tocou o nariz dela. “Bem-vindo, Leafdapple.

Eu lhe dou uma vida de esperança”, ele miou. “Use-o bem para guiar
seu Clã nos dias mais sombrios.”
Mais uma vez Leafdapple ficou tenso enquanto a vida passava

por ela. Estrela de Fogo percebeu que a dor não era tão grande dessa
vez, ou talvez ela soubesse o que esperar e tivesse se preparado
para isso. Ela se recuperou mais rapidamente, baixando a cabeça
para Skywatcher. “Obrigada,” ela murmurou. “Obrigado por tudo que
você fez pelo meu clã.”
Skywatcher recuou silenciosamente para ficar junto às fileiras

de guerreiros enevoados.
Leafdapple olhou com expectativa para o círculo de gatos cujas

formas estavam gradualmente se tornando mais distintas. “Estou
pronta”, ela miou.
O terceiro gato a aparecer era uma gata malhada tão parecida

com a Maçã Folha que Estrela de Fogo mal conseguia
distingui-los. Ela avançou e tocou o nariz de Leafdapple: um gesto de puro
afeto, não de doação de uma vida.
"Minha mãe!" Leafdapple exclamou. “Mas você morreu. pensei . . EU
que nunca mais veria você.”
“Nada está perdido para sempre, querido”, respondeu sua mãe.

Mais uma vez ela tocou o nariz da filha. “Com esta vida eu te dou
amor. Use-o bem para todos os gatos que procuram proteção em você.
Leafdapple se esticou ansiosamente para receber esta vida, e

Estrela de Fogo percebeu que ela não estava preparada para a agonia
lancinante que veio com ela. Seus membros ficaram rígidos e ela
cravou as garras no chão, cerrando os dentes em um grito de dor. Ele
havia experimentado a mesma angústia quando Brindleface
lhe dera uma vida; ele não tinha percebido quão feroz era o amor de uma
mãe por seus filhotes, quão disposta uma gata estava a morrer para proteger
seus filhos.
À medida que a dor de Leafdapple diminuía, sua mãe cobria o rosto e as

orelhas com lambidas amorosas.
“Não vá”, sussurrou Leafdapple.
“Não tenha medo, querida”, sua mãe a tranquilizou. “Vou caminhar com
você muitas vezes em sonhos, eu prometo.”
Quando ela recuou, um quarto gato já avançava.

Estrela de Fogo prendeu a respiração ao sentir um cheiro familiar, mas
que ele nunca esperara sentir ali. O formato da cabeça do gato lembrava-lhe o
ancestral do SkyClan. Então, quando ela emergiu completamente da névoa, ele
reconheceu a esbelta carapaça de tartaruga.
“Folha manchada!”
Ela saltou para frente e tocou o nariz dele.

“Obrigada, Estrela de Fogo,” ela miou. "Estou tão orgulhoso de você! Sky-Clan
deve tudo a você. Eu nunca lhe disse o quanto significa para mim ver o Clã
restaurado.”
Firestar respirou seu doce perfume. “Eu não teria conseguido sem você,
Spottedleaf.”
A gata curandeira baixou a cabeça para ele. “Recebi o privilégio de

caminhar por estes céus para dar a Leafdapple sua quarta vida.” Aproximando-
se da gata malhada, ela continuou. “Eu te dou uma vida para curar feridas
causadas por palavras e rivalidade.
Use-o bem para todos os gatos com problemas de espírito.”
Desta vez, Estrela de Fogo pôde ver que não havia dor enquanto a vida
fluía para Leafdapple. A gata soltou um ronronar de felicidade, estreitando
os olhos; por alguns instantes ela parecia
um kit no berçário, seguro dentro da curva das patas e da barriga da mãe.
“Obrigada, Spottedleaf”, ela miou quando acabou.

“Firestar me contou muito sobre você. Estou honrado em finalmente
conhecê-lo.
A gata curandeira roçou suavemente o rabo ao longo da pele de

Leafdapple e depois retirou-se mais uma vez para a borda do círculo.
Estrela de Fogo percebeu que a névoa estava ficando mais fina. Mais
áreas da charneca se abriam e o luar ficava mais forte, embora a
própria lua permanecesse oculta. Mais e mais gatos foram revelados,
estendendo-se ao longe. Um arrepio percorreu Estrela de Fogo,
como se suas patas tivessem espirrado
água.
Como se ela também sentisse isso, Echosong pressionou-se contra

ele por um momento. “Eles estão voltando para casa,” ela sussurrou.
“Todos os ancestrais do SkyClan. Eu posso ouvi-los.
Antes que Estrela de Fogo pudesse responder, os gatos da

primeira fila se separaram para permitir que quatro novos gatos entrassem
no centro do círculo. Ele olhou para eles, intrigado. Eles pareciam
vagamente familiares, mas não o lembravam do SkyClan. Eles não se
pareciam em nada com nenhum dos outros gatos que deram vidas. Eles
andavam com a cabeça e o rabo erguidos, com toda autoridade de líderes,
mas ele nunca os tinha visto antes, e não entendia por que deveriam
vir agora dar uma vida a Leafdapple.
Em vez de se aproximar da gata, os recém-chegados foram

até o ancestral do SkyClan, que estava olhando para eles com os
olhos arregalados. Quando o primeiro gato, um gato musculoso cor de
samambaia, se aproximou, ele engasgou. "Estrela Vermelha!"
Para espanto de Estrela de Fogo, o gato cor de samambaia ficou na

frente do ancestral do SkyClan com a cabeça baixa. “Eu estava errado há
todas aquelas luas”, ele miou. “Todos do Thunder-Clan se juntam a mim
para pedir desculpas pelo que fizemos.”
Firestar olhou: este gato deve ter sido o líder do ThunderClan quando
o SkyClan foi expulso da floresta.
O próximo gato, uma gata malhada marrom, estava agachado ao

lado de Estrela Vermelha. Ela lembrava Firestar do guerreiro do
RiverClan, Heavystep, e ela também tinha a aparência de Clovertail.
“Estrela de Bétula?” A voz do ancestral SkyClan foi cautelosa.
“RiverClan diz o mesmo. Nunca deveríamos ter expulsado você. Senti

compaixão por você, mas não fiz nada – e isso piorou minhas ações.
Sinto muito."
O terceiro gato, um gato mais velho, com pelagem preta acinzentada

e uma cauda longa e contorcida, permaneceu em suas patas, mas abaixou
a cabeça enquanto miava: “Eu sou Estrela Veloz do Clã do Vento, e quando
andei pela floresta nunca contei qualquer gato, eu estava arrependido. Mas
eu lhe digo agora: o que fizemos foi errado.”
O pelo marrom cremoso do quarto gato brilhava ao luar quando ela se

aproximou de Swiftstar e fixou olhos verdes brilhantes no líder do
SkyClan. “ShadowClan também sente muito,” ela miou. “Tínhamos boas
razões para o que fizemos, mas lamento que tenhamos causado tanto
sofrimento a você e aos seus companheiros de clã.”
“Obrigado, Dawnstar”, respondeu o gato SkyClan. "Obrigado, todos

vocês."
“Nada pode compensar o que fizemos”, continuou Redstar.

“Mas cada um de nós veio aqui para dar uma vida ao novo líder do SkyClan,
se pudermos.”
O gato cinza e branco baixou a cabeça, dando permissão.
Redstar deu um passo à frente para tocar o nariz de Leafdapple.

“Com esta vida eu te dou sabedoria. Use-o bem quando tiver que tomar
as decisões mais difíceis de todas.”
Leafdapple estremeceu quando a quinta vida fluiu para ela.

Estrela de Fogo lembrou-se de como se sentiu à medida que o
número de suas vidas aumentava: como se ele fosse uma rocha
escavada, enchendo-se de água da chuva que logo transbordaria e se
perderia.
O próximo gato a se aproximar de Leafdapple foi Birchstar, o

líder do RiverClan. “Eu lhe dou uma vida por simpatia e compreensão”, ela
murmurou. “Use-o bem para os mais fracos do seu Clã e
para todos os outros que precisam de sua ajuda e proteção.”
Swiftstar mal deu tempo a Leafdapple para receber aquela vida

antes de se aproximar e tocar o nariz dela. “Eu lhe dou uma vida de
altruísmo”, anunciou o ex-líder do WindClan. “Use-o bem
a serviço do seu Clã.”
O último dos quatro veio Dawnstar; Estrela de Fogo olhou para

ela, surpresa que uma gata tão graciosa fosse a líder do Clã das
Sombras, que sempre parecia estar no fundo dos problemas na
floresta. Mas então, talvez o Clã das Sombras daquela época
tivesse sido diferente – e talvez eles pudessem mudar novamente.
“Eu lhe dou uma vida pela determinação”, ela miou, esticando a cabeça
para frente para encostar delicadamente o nariz no de
Leafdapple. “Use-o bem para colocar as patas no caminho do que você
sabe ser certo.”
As pernas de Leafdapple tremeram quando ela recebeu a oitava vida. Ela

respirava com dificuldade e rapidez, como se estivesse correndo.
Estrela de Fogo percebeu que o esforço havia esgotado suas forças até
que ela ficou quase exausta demais para ficar de pé.
Quando a vida entrou nela, ela olhou para os quatro líderes rivais do
Clã. “Obrigada”, ela miou. “O novo SkyClan manterá seus Clãs em
honra. O quinto Clã retornou.”
Os quatro líderes inclinaram a cabeça em resposta. Então, para

espanto de Estrela de Fogo, eles se afastaram de Leafdapple e foram até ele.
“Você corrigiu o erro que cometemos”, Redstar miou. “Por isso nós
agradecemos.”
“Pensamos que tínhamos que afastar o SkyClan pelo bem de nossos

próprios clãs”, acrescentou Dawnstar. “Mas isso foi um erro.”
Swiftstar contraiu as orelhas. “Nós pagamos por isso. Nenhum de nós

poderia descansar facilmente depois que o SkyClan se foi. A culpa nos
agarrou pelo resto de nossas vidas.”
“Sempre deveria ter havido cinco Clãs na floresta,”

Birchstar miou.
Firestar lutou para encontrar palavras para responder. Quando ele

soube da dor e da perda do ancestral do SkyClan, ele culpou os líderes dos
outros Clãs pelo que haviam feito. Mas talvez eles fossem apenas líderes
como ele, fazendo o melhor que podiam para tomar as decisões certas para
o seu Clã. “Eu nunca vou te esquecer”, ele murmurou.
Redstar permaneceu na frente de Firestar enquanto os outros líderes

se afastavam. “Seus companheiros de clã estão seguros e esperando por você,”
ele miou. “Seu trabalho aqui acabou. Você pode ir para casa agora."
Os quatro líderes do Clã recuaram para a borda do círculo para

ficarem perto de Skywatcher, Spottedleaf e da mãe de Leafdapple. O
ancestral do SkyClan se juntou a eles, e todos os oito gatos estrelados
pareceram ficar tensos e aguçar as orelhas, como se estivessem esperando.
Nenhum outro gato apareceu em meio à névoa.
A barriga de Estrela de Fogo se contraiu. Onde estava o nono gato a dar

a Leafdapple sua última vida?
Uma brisa aumentou, rasgando a névoa em fios irregulares.

Os gatos brilhavam mais claramente, com olhos brilhantes e peles
polvilhadas com o brilho das estrelas. Além deles, Estrela de Fogo
vislumbrou uma vasta extensão de charneca que se estendia na escuridão.
Acima de sua cabeça, a lua brilhava intermitentemente e as estrelas
cintilavam aqui e ali antes que a névoa voltasse a cobri-las.
Todos os pelos de sua pele se arrepiaram.
Ao lado dele, Echosong murmurou: “Oh, venha, venha rápido!”
Então Estrela de Fogo viu os gatos se separarem e deixarem um

caminho reto que conduzia para além da charneca. No final ele pôde ver um
único ponto de luz; a princípio ele pensou que fosse uma estrela baixa
no horizonte. Ele se aproximava cada vez mais, e agora Estrela de Fogo
podia ver que era um gato, correndo com o pelo da barriga roçando a
grama áspera da charneca. Estrelas fluíam de seu pelo e brilhavam
em suas patas, e seus olhos eram um brilho de luz estelar.
O ancestral do SkyClan deu um único passo à frente, com os olhos fixos

no gato que se aproximava com uma fome que falava de luas de fome.
O gato brilhante alcançou o círculo, e Estrela de Fogo a viu claramente

pela primeira vez: um lindo gato malhado marrom, de pêlo longo e olhos verdes
fixos intensamente no ancestral do SkyClan. Ela caminhou até ele e tocou
levemente o nariz no dele.
“Vôo de pássaros!” sussurrou o líder do SkyClan.
“Cloudstar,” ela ronronou, entrelaçando o rabo com o dele. “Eu disse que
um dia te encontraria.”
“E eu disse que esperaria”, respondeu Cloudstar. Ele fechou os olhos.

“Não acredito que você está aqui!”
“Estarei sempre aqui”, murmurou Birdflight. “Caminharemos pelos céus

juntos para sempre.”
Durante um batimento cardíaco que pareceu se estender pelas
estações, os dois gatos ficaram próximos um do outro, absorvendo o cheiro um do outro.

Então Birdflight recuou um passo e acenou com o rabo para dois outros gatos
que se aproximaram sem serem vistos. Eles entraram no círculo e baixaram a
cabeça para Cloudstar.
“Estes são seus filhos”, explicou Birdflight. “Embora eles fossem muito
pequenos para fazer a jornada com o SkyClan e, em vez disso, tenham crescido
no ThunderClan, Spottedpelt e Gorseclaw escolheram caminhar pelos céus
comigo em homenagem a seus ancestrais do SkyClan.”
Estrela de Fogo olhou com espanto. Spottedpelt era uma carapaça de

tartaruga esbelta, tão parecida com Spottedleaf como se os dois gatos fossem
irmãos de ninhada. Gorseclaw era um gato malhado de ombros largos e
olhos âmbar brilhantes; A barriga de Firestar se agitou com sua semelhança com seu
antigo inimigo, Tigerstar. Birdflight disse que os dois gatos cresceram no
próprio clã de Firestar. Isso significava que o sangue do SkyClan corria no
ThunderClan? Foram manchadas
e Tigerstar descendem de Cloudstar?
Ele chamou a atenção de Folha Manchada e a viu olhando encantada

para os gatos no centro do círculo. Deve ser verdade! Não admira
que ele tenha se lembrado da líder do SkyClan quando ela apareceu.
Não admira que ela se sentisse tão envolvida no destino do novo Clã.
Cloudstar deu um único passo em direção aos filhos, as pernas

rígidas de choque. “Quando deixei a floresta”, ele miou com voz rouca,
“jurei que meu Clã nunca mais olharia para as estrelas. Alguns dos
meus guerreiros ainda seguiam os velhos hábitos, mas com o passar
do tempo e o SkyClan foi disperso, o StarClan foi esquecido e nossos
ancestrais guerreiros foram incapazes de caminhar por estes céus.
Até agora." Seu olhar brilhante viajou de Birdflight e seus filhos até pousar
em Firestar e Leafdapple. "Até agora."
Birdflight atravessou o círculo até onde Leafdapple ainda esperava,

com os olhos cheios de admiração, e tocou o nariz dela.
“Com esta vida eu te dou fidelidade”, ela miou. “Use-o bem para se
manter firme no Clã e nos parentes.”
Quando a nona vida surgiu em Leafdapple, mais um gato

apareceu das fileiras estreladas, um pequeno gato malhado com
frente e patas brancas. Ela caminhou pelo círculo até ficar cara a cara
com Echosong.
“Meu nome é Fawnstep”, ela anunciou. “Eu era o remédio do SkyClan

quando eles fugiram da floresta. Você tem minha caverna no
desfiladeiro e encontra ervas nos mesmos lugares que eu encontrei
antes. Seus ancestrais guerreiros escolheram você para ser o
remédio do SkyClan a partir deste momento.”
“Obrigado,” Echosong sussurrou. "EU-"

Fawnstep a silenciou colocando a ponta do rabo suavemente sobre

a boca de Echosong. “Paz, querido amigo. De agora em diante,
caminharei em seus sonhos e cuidarei de você até que você aprenda a
ser um verdadeiro curandeiro. Seus olhos brilharam.
“Iremos viajar muito juntos, você e eu.”
Echosong levantou a cabeça e olhou profundamente nos olhos de

seu colega gato curandeiro. “Estarei pronta para nossa próxima reunião”,
ela prometeu.
Leafdapple ficou no meio do círculo, um pouco instável nas

pernas, e olhou em volta. "O que acontece agora?" ela perguntou a
Firestar em um sussurro rouco.
Firestar não precisou responder. Enquanto o novo líder do Clã

falava, os últimos fragmentos de névoa se dissolveram, revelando um céu
onde uma lua cheia flutuava serenamente. As estrelas brilharam
quando os ancestrais guerreiros do SkyClan retornaram para cuidar de
seus descendentes que estavam perdidos há tanto tempo.
Sua pele se arrepiou com o reconhecimento quando ele avistou um

forte guerreiro cinza entre eles, com estrelas no pelo e o brilho da luz das
estrelas nos olhos. O olhar de Rainfur encontrou o seu e ele
baixou a cabeça.
Com a barriga agitada de tristeza e culpa, Estrela de Fogo

caminhou até ele. “Sinto muito, Rainfur,” ele murmurou. “Se você não tivesse
se juntado ao SkyClan, você ainda estaria vivo.”
“Foi minha decisão.” Rainfur olhou para ele com olhos claros.
“Agora sempre farei parte de um Clã e terei um lugar entre as estrelas.
Vale a pena morrer pelo código do guerreiro.” Ele hesitou brevemente e
depois acrescentou: “Como estão Petalnose e os kits?”
“Eles sofrem por você”, respondeu Firestar. “Mas eles sempre

ter o apoio do seu Clã.”
"Eu sei. Confio no SkyClan para cuidar deles.” Rainfur baixou a

cabeça novamente e Estrela de Fogo sentiu como se tivesse sido perdoado.
As fileiras de gatos levantaram-se e saltaram para o céu, fazendo com

que cada estrela brilhasse mais intensamente. Suas vozes elevavam-se
altas e vibrantes até a faixa brilhante de Pele Prateada. “Estrela
Folha! Estrela Folha!”
“Estrela Folha!” Firestar e Echosong juntaram-se para dar as boas-

vindas ao novo líder do SkyClan. “Estrela Folha!”
A luz ao seu redor ficou tão ofuscante que Estrela de Fogo teve que
fechar os olhos com força. As vozes morreram e, quando ele abriu os
olhos, estava agachado na superfície da Skyrock, com Leafstar e
Echosong ao lado dele. A meia-lua ainda brilhava num céu gelado.
Leafstar levantou-se, cambaleou para encontrar o equilíbrio e soltou

um longo suspiro. “Obrigada, Estrela de Fogo”, ela miou.
“Eu nunca imaginei. . .” Ela piscou rapidamente, enquanto Echosong
roçava a pele em seu flanco e pressionava o focinho no ombro do novo
líder.
“Você sabe que não deve falar sobre isso com nenhum gato?” Estrela de
Fogo a avisou.
Leafstar olhou para ele. "Como eu poderia? Não há palavras. .

. .” Balançando a cabeça, ela continuou. "Eu entendo agora.
E prometo que serei um líder forte e leal ao meu Clã, até chegar a minha vez
de caminhar entre as estrelas com meus ancestrais.”
Ela parou por um momento e depois sacudiu a pele. "Vamos descer. Meu
clã estará esperando por mim.”
CAPÍTULO 36
“Deixe todos os gatos com idade suficiente para capturar suas próprias presas se juntarem
aqui abaixo do Rockpile para uma reunião do Clã!”
A voz de Leafstar ecoou pelo acampamento quando ela convocou

seus companheiros de clã pela primeira vez. Seu corpo estava
delineado contra um céu azul claro; o dia seguinte à cerimônia de
liderança amanheceu claro e frio, mas agora o sol tirava o frio das
rochas e brilhava na superfície do rio.
Leafstar esperou pacientemente enquanto seu Clã se reunia ao
pé do Rockpile.
Firestar havia discutido esse encontro com ela, certificando-se de

que ela soubesse o que deveria fazer, mas não lhe contara todas as
decisões que tomaria. Fossem quais fossem, ele esperava que ela
tivesse o apoio de seu Clã.
A essa altura todos sabiam que Leafstar era seu novo líder;
Estrela de Fogo podia ver excitação em suas orelhas em pé e em seus
olhos brilhantes. Os filhotes de Clovertail estavam quicando
por todo lado, ficando sob as patas de todos os gatos, até que
Bouncekit escorregou em uma pedra úmida; Garra Afiada o agarrou
pela nuca bem a tempo de salvá-lo de um mergulho no rio.
“Agora fique com sua mãe,” o ruivo miou
500
severamente. “É assim que um aprendiz se comporta?”
Instantaneamente, todos os três filhotes se alinharam ao lado de Clovertail,

sentando-se eretos enquanto a mãe os arrumava rapidamente.
Petalnose e seus dois filhotes vieram se juntar a eles; Sagekit e Mintkit olharam
com inveja para a ninhada mais velha.
“Queremos ser aprendizes”, miou Mintkit para sua mãe.
“Sim, por que não podemos?” Sagekit perguntou.
“Você não tem idade suficiente”, retrucou Rockkit em um tom tão elevado que
Estrela de Fogo trocou um olhar com Sandstorm, sentado ao lado dele, e viu diversão
brilhando em seus olhos verdes. “Você terá que esperar pelas luas antes que
isso aconteça.”
Cherrypaw e Sparrowpaw saíram de sua toca e

desceram a trilha para se sentarem juntos perto da pilha de animais recém-mortos.
Patchfoot se juntou a eles e, por último, Echosong apareceu da Caverna dos
Sussurros, saltou levemente sobre a Pilha de Pedras atrás de Estrela da Folha e veio
sentar-se com Estrela de Fogo.
“Cats of SkyClan”, Leafstar começou quando todos os gatos estavam acomodados e

olhando para ela com expectativa, “meu primeiro dever como líder é nomear
um deputado”. Ela respirou fundo. “Digo estas palavras diante dos espíritos dos meus
antepassados, para que possam ouvir e aprovar a minha escolha. Sharpclaw será
o novo deputado do SkyClan.”
Estrela de Fogo viu uma expressão de orgulho espalhada pelo rosto do ruivo,
junto com um toque de incerteza que era bem diferente dele. O guerreiro levantou-
se e baixou a cabeça para Leafstar. “Obrigado”, ele miou. “Ficarei honrado
em servir você e nosso Clã.”
Estrela de Fogo lançou outro olhar para Tempestade de Areia, sentindo-se muito
aliviado. Garra Afiada havia pressionado pelo posto de líder quando

não entendia completamente o significado completo do código do guerreiro.
Ele poderia ter dificultado a vida de Leafstar se tivesse se recusado a
aceitar sua autoridade. Mas sua coragem impetuosa e habilidades de
luta se equilibrariam bem com a personalidade mais atenciosa de
Leafstar. E um dia, quando ele tivesse vivido luas suficientes de acordo com
o código guerreiro, ele seria um bom líder.
“Echosong.” Leafstar acenou com o rabo, e a gata malhada levantou-

se de seu lugar ao lado de Firestar e avançou até ficar ao pé da Pilha de
Pedras. “Nossos ancestrais guerreiros escolheram você
para ser nosso curandeiro. Agora eu coloco os cuidados do SkyClan sob
sua responsabilidade. Confiamos em você para usar suas habilidades
de cura e para interpretar os sinais que os espíritos de nossos ancestrais
nos enviarão.”
Um olhar secreto foi trocado entre as duas gatas. Estrela de Fogo

imaginou que eles estavam se lembrando das experiências extraordinárias
da noite anterior.
Echosong inclinou a cabeça. “Prometo que farei o meu melhor,

Leafstar.”
“Echosong! Ecosong!” O Clã a acolheu gritando seu nome; a jovem gata

curandeira abaixou a cabeça
constrangimento e voltou a sentar-se ao lado de Firestar.
“Minha próxima tarefa é uma das mais importantes que um líder

pode realizar”, continuou Leafstar. “A formação de novos guerreiros.”
Ela acenou para Pata de Cereja e Pata de Pardal com o rabo;
os dois jovens gatos levantaram-se e ficaram lado a lado no fundo do
Rockpile, com os olhos brilhando. "Garra afiada,"
Leafstar perguntou: “seu aprendiz Cherrypaw aprendeu o
habilidades de um guerreiro? E ela entende o que o código do guerreiro

significa para cada gato?
“Ela fez e faz”, respondeu Sharpclaw solenemente. “Ela lutou como uma
guerreira experiente contra os ratos.”
“E posso dizer o mesmo do meu aprendiz, Sparrowpaw,”

Leafstar miou. Ela saltou do Rockpile e ficou na frente dos dois gatos
jovens. “Eu, Leafstar, líder do SkyClan, apelo aos meus ancestrais
guerreiros para desprezarem esses dois aprendizes. Eles treinaram
muito para entender os costumes de seu nobre código, e eu os recomendo
a você como guerreiros.
Um arrepio percorreu Firestar ao ouvir as palavras familiares. Só

hoje um gato do SkyClan poderia ter falado com certeza, pois nenhum gato
sabia o que havia acontecido com seus ancestrais guerreiros. Mas agora
ele sabia – e mais importante, Leafstar sabia – que eles caminhavam
pelos céus onde estavam.
pertencia, e o faria por todas as estações que viriam.
Leafstar continuou. “Cherrypaw, Sparrowpaw, vocês prometem defender o

código guerreiro e proteger e defender este Clã, mesmo ao custo de
suas vidas?”
O pelo de Cherrypaw se arrepiou e ela flexionou as garras enquanto

respondia: "Sim."
Pardalpaw parecia mais calmo, mas nenhum gato poderia duvidar
da sinceridade em sua voz, pois ele também prometeu: “Sim”.
“Então, pelos poderes do StarClan, eu lhe dou seus nomes de

guerreiros. Cherrypaw, a partir de agora você será conhecido como
Cherrytail. StarClan honra sua bravura e entusiasmo, e damos as boas-vindas
a você como membro pleno do SkyClan.”
Leafstar apoiou o focinho no topo da cabeça de Cherrytail; Cherrytail

lambeu o ombro e se afastou para se juntar aos outros guerreiros.
Leafstar virou-se para Sparrowpaw e repetiu o mesmo

palavras consagradas pelo tempo. “Sparrowpaw, a partir deste momento
você será conhecido como Sparrowpelt. StarClan honra sua coragem e
força, e damos as boas-vindas a você como membro pleno do SkyClan.”
Ela apoiou o focinho na cabeça dele e ele também se curvou

respeitosamente para lamber seu ombro.
“Cereja! Pele de Pardal! Cereja! Pele de Pardal!” o resto do Clã ligou

para dar as boas-vindas aos dois novos guerreiros.
Cherrytail deu um salto enorme e jubiloso no ar.
Em seguida, Leafstar acenou com o rabo para os três kits de Clovertail.

Tentando não se contorcer de excitação, eles se aproximaram do líder do
Clã. Clovertail os observou, parecendo prestes a explodir de orgulho.
“Patchfoot, você mostrou coragem e resistência,”

Leafstar miou. “Você será o mentor do Bouncepaw.”
Bouncepaw soltou um grito, parou quase imediatamente e foi até

Patchfoot para tocar o nariz dele.
Patchfoot olhou para ele, os olhos brilhando de orgulho por ter sido
escolhido como mentor.
“Cherrytail, você é um novo guerreiro”, continuou Leafstar, “mas todo

o SkyClan viu sua dedicação. Você será o mentor de Rockpaw.”
O aprendiz negro saltou e foi tocar o nariz de seu novo mentor;

Cherrytail parecia emocionada.
Leafstar olhou para o último dos três kits, que mal conseguia ficar parado.
“Sparrowpelt, você também é jovem,”
Leafstar finalmente miou. “Mas você tem excelentes habilidades de luta e caça.
Espero que você os passe para Pata Minúscula.”
A aprendiz branca levantou-se de um salto e, obviamente tentando ser

mais digna do que seus irmãos, aproximou-se de Pele de Pardal
e esticou-se para encostar o nariz nele.
“Por enquanto”, disse Leafstar, “todos os guerreiros trabalharão juntos

para treinar os novos aprendizes. Somos um novo Clã e devemos aprender
a depender uns dos outros. Tenho mais uma coisa para fazer”,
acrescentou ela. “Antes de Firestar e Sandstorm chegarem ao
desfiladeiro, vivíamos vidas separadas. Éramos bandidos e gatinhos. Não
sabíamos nada sobre a vida de um Clã ou sobre o código dos guerreiros.
Agora pertencemos um ao outro e apoiamos uns aos outros. Firestar, Sandstorm,
agradecemos por tudo que vocês fizeram por nós. Seus nomes serão
homenageados para sempre pelos gatos do SkyClan.”
"Estrela de Fogo! Tempestade de areia!"
Estrela de Fogo sentiu-se inchar de orgulho. Ele se lembrou de suas

preocupações em deixar seu Clã e dos perigos da viagem rio acima. Cada
pontada de ansiedade, cada passo cansado valia a pena agora que ele via os
corpos fortes e os olhos brilhantes dos novos membros do Clã.
Ele sentiu o focinho de Sandstorm roçando sua orelha enquanto seu

companheiro murmurava: “É hora de partirmos. Reconstruímos o SkyClan, tal
como prometemos. Nosso próprio futuro está esperando por nós na floresta.”
Estrela de Fogo sabia que ela estava certa, mas uma pontada o agarrou no
pensou em deixar esses gatos que se tornaram seus amigos.

Era improvável que eles se encontrassem novamente até que
caminhassem com o StarClan – e mesmo assim, eles compartilhariam os mesmos céus?
Ele se levantou para encontrar Leafstar enquanto ela se aproximava dele.

“Tudo bem, Estrela de Fogo?” ela perguntou ansiosamente. “Tive medo de não
me lembrar das palavras adequadas.”
“Foi perfeito”, Firestar disse a ela. “SkyClan é seu agora.

Você não precisa mais de nós.
Uma sombra de tristeza cruzou o rosto de Leafstar, mas ela não tentou
persuadi-lo a ficar. “Seu próprio clã precisa de você”, ela miou. “Mas o SkyClan
nunca esquecerá você.”
Quando o resto do SkyClan percebeu que Firestar e Sandstorm estavam

prestes a partir, eles se reuniram, desejando-lhes adeus e boa
sorte.
“Lembra da primeira vez que nos conhecemos?” Cherrytail miou.

“Você nos repreendeu por zombar do Skywatcher. Achei que nunca tinha visto
um gato tão perigoso!” Seus olhos brilharam com malícia. “Agora eu
também sou perigoso!”
Sandstorm deu-lhe uma cutucada afetuosa. “Eu não seria um rato por aqui
por nada.”
“Sim, você terá que ficar de olho nos ratos”, lembrou Firestar a Leafstar. “E
os gatinhos em Twolegplace... Oscar pode colocar na cabeça a ideia de
causar problemas. E-"
Sandstorm o interrompeu cutucando-o com uma pata. “Leafstar sabe

de tudo isso”, ela miou. “Eles vão ficar bem.
Vamos."
Gritando mais despedidas, Estrela de Fogo e Tempestade de Areia

começaram a subir as trilhas pedregosas até o topo do penhasco. Canção Ecológica
caminhou com eles até sua própria toca. Quando ela chegou lá, ela tocou
o nariz de Estrela de Fogo, com os olhos cheios de arrependimento.
“Talvez nos encontremos novamente nos caminhos do sonho”, ela
miou. “Mas meu coração me diz que isso é uma despedida. Obrigado,
Estrela de Fogo. Você me ajudou a encontrar meu destino.
Estrela de Fogo inclinou a cabeça. “SkyClan tem sorte de ter você como
seu remédio, Echosong.”
Foi difícil olhar para trás e ver a pequena figura gata parada do
lado de fora de sua toca, observando-os partir. Echosong estava
realmente pronto para assumir o papel de um gato curandeiro?
Será que Sharpclaw entenderia como um deputado tinha que apoiar o
líder do seu Clã? Os mentores inexperientes seriam capazes de lidar com
seus aprendizes?
Então, quando pararam na beira do penhasco, Estrela de Fogo avistou

uma patrulha do SkyClan entre a vegetação rasteira bem abaixo.
Leafstar estava na liderança, com Patchfoot e seu aprendiz, Bouncepaw
e Clovertail na retaguarda. Enquanto Estrela de Fogo observava, Clovertail
atacou e levantou-se com uma pequena criatura pendurada em suas
mandíbulas.
"Ver?" Sandstorm ronronou enquanto lambia a orelha de Firestar.

"Não há nada com que se preocupar. Vamos para casa.
Estrela de Fogo soltou um longo suspiro. Sua busca terminou; ele

caminhou com o SkyClan até o fim da jornada - e um novo começo -
e agora ele poderia ir aonde seu coração realmente
pertencia. Ele pressionou o focinho contra o ombro de Sandstorm e eles
começaram a se dirigir para a floresta.
EPÍLOGO
A geada brilhava nos galhos sem folhas enquanto Estrela de Fogo descia a
ravina. Ele se sentiu cheio de energia, completamente recuperado da
longa jornada de volta do SkyClan três luas antes.
Garra de Amora Doce e Pelo de Rato o seguiram: a patrulha da
madrugada estava retornando ao acampamento do Clã do Trovão,
com frio e fome, mas com o pelo intacto. As fronteiras eram pacíficas e
as folhas nuas logo dariam lugar ao novo crescimento de folhas novas.
Estrela de Fogo abriu caminho pelo túnel de tojo e se virou para

esperar por seus companheiros de clã. “É melhor comer alguma coisa
e depois descansar”, ele miou. “Quero que vocês dois venham comigo
para a Reunião hoje à noite.”
"Ótimo!" O pelo de Garra de Amora Doce se arrepiou de excitação, enquanto

Pelo de Rato simplesmente sacudiu as orelhas e se dirigiu para a pilha de
caça fresca.
Estrela de Fogo atravessou a clareira em direção ao berçário,

avistando Pata de Sorrel, Pata de Fuligem e Pata de Chuva
lutando juntos ao lado da toca do aprendiz entre as samambaias.
Enquanto observava, Thornclaw emergiu da cova dos guerreiros e chamou
Pata de Fuligem; mentor e aprendiz desapareceram pelo túnel de
tojo.
508
Ao se aproximar do berçário, Cinderpelt emergiu; Estrela de

Fogo saltou até ela. "Está tudo bem?" Ele demandou.
Os olhos azuis de Cinderpelt brilharam de compreensão.

“Está tudo bem, Estrela de Fogo. Acabei de levar um pouco de borragem
para ajudar o leite a sair.”
Firestar soltou um longo suspiro de alívio. “Ainda não consigo acreditar

como eles são lindos”, confessou.
Cinderpelt deu um tapinha suave em sua orelha com a cauda. "Entre,

então, e dê outra olhada."
Estrela de Fogo abriu caminho entre os arbustos e entrou no berçário,

os aromas quentes e leitosos fluindo sobre ele. A tempestade de areia jazia
num ninho profundo de musgo e samambaias; aconchegadas perto de sua
barriga estavam duas pequenas crias, com os olhos ainda fechados. Um
era malhado com peito e patas brancas, o outro era ruivo escuro como
o próprio Estrela de Fogo.
Whitekit, filha de Brightheart e Cloudtail, olhava para os dois kits com tanto
orgulho como se fossem seus. Ela já tinha quase idade suficiente
para ser aprendiz, e Estrela de Fogo sabia o quanto ela se sentia protetora
em relação aos recém-chegados.
Brightheart despertou de seu ninho e estendeu uma pata.

“Tenha cuidado”, ela avisou seu kit. “Não chegue muito perto. Eles ainda
não estarão prontos para jogar por um tempo.”
Quando Firestar entrou, Sandstorm levantou a cabeça sonolenta.

“Pensei em alguns nomes”, ela murmurou. “O que você acha do Squirrelkit
e do Leafkit?”
“Acho que são nomes maravilhosos”, respondeu Firestar. O Squirrelkit

ruivo escuro para sua cauda fofa, é claro, e malhado
Leafkit em memória de Leafstar - e talvez de Spottedleaf

também.
O orgulho tomou conta dele enquanto olhava para os pequenos

pedaços de pelo. Ele tinha tantas esperanças para eles: boa caça,
felicidade, talvez até liderança do seu Clã. Embora ele fosse
um gatinho, suas filhas eram nascidas do clã por completo. Seu
sangue correria pelo ThunderClan por muitas temporadas,
mesmo quando ele não andasse mais pela floresta.
A ideia de sangue e parentesco fez a profecia de Skywatcher

ecoar em seus ouvidos mais uma vez: Haverá três, parentes de seus
parentes, que detêm o poder das estrelas em suas patas.
Seriam esses gatos poderosos descendentes das duas preciosas

filhas de Firestar? A profecia foi um aviso de um grande bem ou de um
grande mal? Um calafrio percorreu seu corpo e ele estremeceu ao se
perguntar aonde o caminho de seu sangue o levaria.
Agradecimentos
Agradecimentos especiais para
Cherith Baldry
Sobre o autor
Erin Hunter é inspirada pelo amor pelos gatos e pelo fascínio pela
ferocidade do mundo natural. Além de ter um grande respeito pela natureza
em todas as suas formas, Erin gosta de criar ricas explicações
míticas para o comportamento animal, moldadas pelo seu interesse
pela astrologia e pelas pedras monolíticas.
Visite www.AuthorTracker.com para obter

informações exclusivas sobre seu autor favorito da HarperCollins.
GUERREIROS
Livro Um: Na Natureza Selvagem

Livro Dois: Fogo e Gelo
Livro Três: Floresta dos Segredos
Livro Quatro: Tempestade Crescente
Livro Cinco: Um Caminho Perigoso
Livro Seis: A Hora Mais Sombria
GUERREIROS:
A NOVA PROFECIA
Livro Um: Meia-Noite

Livro Dois: Nascer da Lua
Livro Três: Amanhecer
Livro Quatro: Luz Estelar
Livro Cinco: Crepúsculo
Livro Seis: Pôr do Sol
GUERREIROS:
PODER DE TRÊS
Livro Um: A Visão
GUIA DE CAMPO DOS GUERREIROS: Segredos dos Clãs
GUERREIROS (Mangá):
Livro Um: O Guerreiro Perdido
Créditos
Tipografia de Rob Hult

Arte da capa © 2007 por Wayne McLoughlin
direito autoral
SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST. Copyright © 2007 da Working Partners

Limited. Série criada por Working Partners Limited. Todos os direitos reservados pelas
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Um gato musculoso e cor de samambaia emergiu do

“Temos bastante, obrigado, Birchstar”, respondeu o líder do

Antes que Birchstar pudesse responder, um dos outros líderes

“Não podemos começar ainda, Swiftstar”, miou o quarto gato. Dela

SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST

A pele marrom cremosa continha o brilho gelado da luz das estrelas.

Swiftstar soltou um bufo impaciente. “WindClan tem coisas melhores para

"Olhar!" Redstar apontou com a cauda para o topo do buraco. A forma de um

"Lá!" Dawnstar miou. “SkyClan finalmente chegou.”

SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST

“Grande StarClan!” Swiftstar exclamou. “Cloudstar, qualquer gato pensaria

Cloudstar encontrou constantemente o olhar perplexo do líder do

“Por que, em nome do StarClan, você fez isso?” perguntou Birchstar.

“Porque não podemos mais viver em nosso território”, disse o líder

"O que?" Redstar deu um passo à frente. “Minhas patrulhas relataram

Uivos de protesto surgiram dos gatos abaixo da rocha. Na beira da clareira,

Redstar mexeu as patas, inquieto. “A presa está correndo

SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST

“Nem ShadowClan,” Dawnstar miou, levantando-se de

“Eu gostaria de ajudar”, miou o líder do RiverClan. “Eu realmente gostaria.

“Exatamente”, acrescentou Swiftstar. “E apenas os gatos do WindClan são

“Então o que meu clã deve fazer?” Cloudstar miou baixinho.

O silêncio se espalhou pela clareira como se todos os gatos estivessem

"Isso mesmo." Houve uma sugestão de rosnado no miado de Swiftstar.

Uma jovem gata preta e prateada levantou-se na clareira abaixo.

SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST

expulsar o SkyClan. Sempre existiram cinco Clãs na floresta.”

Larkwing balançou a cabeça, incapaz de responder à pergunta de seu líder.

Os olhos de Cloudstar se arregalaram de descrença. “Cinco Clãs vivem nesta

“As coisas mudam”, respondeu Redstar. “É possível que a vontade do

Um gato magro com pelo preto amarrotado ergueu-se de onde estava

haver apenas quatro Clãs.”

“O SkyClan não pertence a este lugar,” sibilou um gato malhado prateado ao

Os guerreiros do SkyClan se eriçaram como um só, desembainhando

SUPER EDIÇÃO DE GUERREIROS: FIRESTAR'S QUEST

"Parar!" Cloudstar ligou. “Guerreiros do SkyClan, não somos covardes,

Ele saltou da Grande Rocha e colocou no ombro uma

“Cloudstar.” A voz da gata era um murmúrio de angústia.

Kestrelwing, o gato medicinal do ThunderClan, abriu caminho entre

"Tem certeza?" Cloudstar o desafiou. “Depois do que seu líder nos

“Acredito que meu líder estava errado”, miou Kestrelwing.

A gata marrom clara baixou a cabeça. "Obrigado." Ela se virou para

“Vôo de pássaros, não.” O líder do SkyClan parecia horrorizado.

"Você deve." A voz de Birdflight tremeu. “Nosso Clã precisa de você,

Cloudstar inclinou a cabeça. “Vou esperar por você”, ele sussurra

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Kestrelwing assentiu. "Claro."

Com um último olhar angustiado para seu companheiro, Cloudstar sinalizou

Ele liderou o caminho em direção à encosta, mas antes que pudesse

Com um último movimento da cauda, ele desapareceu nos arbustos, e o

Estrela de Fogo deslizou pela beira de um matagal de aveleiras e parou para

O gato cor de fogo permitiu-se um suave ronronar de satisfação. Ele

Mas Firestar sabia que em algum lugar naquela noite tranquila um

Ele levantou a cabeça, trazendo a brisa sobre seu cheiro

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glândulas. No mesmo instante, um grupo de samambaias balançou

Reunindo todas as suas forças, Estrela de Fogo rolou de costas e

De repente, o peso que o prendia desapareceu quando o gato

Estrela de Fogo cambaleou, sacudindo sementes de grama e restos

“Então eu faria.” Estrela de Fogo tocou o ombro de seu aprendiz

“Rolei em uma moita de samambaias úmidas assim que saí do acampamento”,

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