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FACULDADE

PERNAMBUCANA DE OFICINA
SAÚDE DE REINSERÇÃO SOCIAL
2023.1

""a arte como forma de reinserção social de povos


minorizados""

PORT-

FOLIO

LUÍZA BARBALHO DA MOTTA GEZISKI


DECONTO
ÍNDICE
-Capa........................................................01
-Índice......................................................02
-Sobre mim...........................................03
-Apresentação.....................................04
-Implicações das problemáticas da exclusão
social no acesso ao cuidado de saúde da
população............................................................05
-Qual o papel do psicólogo na garantia da
reinserção social?.............................................07
-Quais habilidades profissionais são
importantes para a reinserção social?...09
-A arte como facilitador da reinserção
social.............................................................................10
-Quais marcas as experiências e mudanças
deixaram em mim?.............................................11
-Conclusão e agradecimentos...................13
-Fontes...........................................................................14
S O B R E

LUÍZA
DECONTO
Atualmente, com 18 anos, curso o 3ª período
da faculdade de psicologia. Posso,
felizmente, me descrever como uma
apaixonada pelas causas sociais, que
encontrou seu meio de mudança no mundo.
Sempre carreguei comigo uma inquietação
acerca de como cuidaria do outro e de que
forma seria ferramenta de transformação
nos espaços que ocupasse durante minha
caminhada. Mesmo muito nova, tenho a
certeza que o lugar que tanto procurei,
encontro na minha futura profissão. Que, em
constante aprendizado, sonho participar da
construção de histórias felizes, de forma a
auxiliar indivíduos pertencentes à grupos
minoritários na reedição de uma
autoconfiança e autoestima, perdidas em
razão de uma sociedade de mentalidade
preconceituosa.
É claro para mim, também, que a partir da
busca pelo conhecimento e de sua
disseminação, posso contribuir como membro
ativo na sociedade engajada na melhora de
um cenário que segrega o que se apresenta
fora do ideal esperado. Para dessa forma,
assumir meu papel como estudante e futura
psicóloga, em comprometimento com a luta
contra o preconceito e apoiadora de causas
minorizadas.
APRESENTAÇÃO
DO PORTFÓLIO:
Trago nesse portifólio, uma
coletânea de experiências
vividas por mim durante a
oficina de reinserção social.
Conto sob minha percepção
crítica, e atravessado pelo viés
artístico o que entendo sobre a
temática, minhas pretenções
como membro ativo na
sociedade e na psicologia,
quais ferramentas podem ser
utilizadas em favor dos grupos
minorizados, e impactos da
exclusão e preconceito na
saúde. Tudo isso, associado à
relatos das minhas
experiências de troca em sala
de aula e da noção da arte
como ferramenta de inclusão
no movimento de reinserção
social de grupos minorizados.
“QUAIS AS IMPLICAÇÕES DAS PROBLEMÁTICAS QUE A
EXCLUSÃO SOCIAL DOS GRUPOS MINORIZADOS NO
ACESSO AO CUIDADO DE SAÚDE DESSA POPULAÇÃO?”:

A exclusão social de grupos minorizados


pode ter implicações significativas no acesso
ao cuidado de saúde dessa população.
Quando esses grupos são excluídos da
sociedade, eles podem ter dificuldades em
acessar serviços de saúde, seja por falta de
informação, falta de recursos financeiros, ou
mesmo por serem discriminados e excluídos
pelos profissionais de saúde.

A exclusão social também pode fazer com


que esses grupos sejam vítimas de
preconceitos e discriminação por parte de
profissionais de saúde, o que pode afetar
negativamente a qualidade do atendimento
recebido. Por exemplo, como pudemos
observar no seminário sobre povos indígenas,
muitos são discriminados no próprio sistema
de saúde, sentindo-se constrangidos e não
buscando mais atendimento, o que pode
levar a problemas de saúde não
diagnosticados ou tratadosJosefin Sans
inadequadamente. Regular Edgar Kanaykõ, Derruba o Toco II
“um meio de registrar aspecto da cultura – a
vida de um povo”. Edgar, utiliza a fotografia
como ferramenta de luta, revelando ao mundo a
realidade sobre os povos indígenas.
Além disso, exclusão pode, por exemplo, fazer
com que esses grupos minorizados tenham
menor acesso a informações sobre saúde, o que
pode resultar em maiores índices de doenças e
problemas de saúde. Assim como, a falta de
acesso a recursos financeiros e a serviços de
saúde de qualidade pode impedir que esses
grupos recebam o tratamento adequado para
suas condições de saúde.
É certo que, a população indígena também se
faz vítima dessa mácula, uma vez que ainda é
deficitário o acesso e a viabilização na
transmissão de informações de forma adequada
a seu contexto de vida. Outrossim, vale ressaltar
também, que seu ideário de saúde e cuidado
deve ser respeitado dentro de sua diversidade
cultural, para que a aceitação dos cuidados e
tratamentos seja fomentada.

Por fim, a exclusão social também pode afetar a


saúde mental desses grupos, já que a
discriminação e o preconceito podem levar a
altos níveis de estresse, ansiedade e depressão.
Esses problemas de saúde mental podem, por
sua vez, afetar a capacidade desses grupos de
buscar e receber cuidados de saúde adequados.
Uma vez que, quando não se é falado sobre o
problema na saúde e as formas de tratamentos
e prevenções, é entendido pelo indivíduo que a
questão pertence a ele como ser, e que não
existe saída.

Para garantir o acesso à saúde por parte dos


Josefin Sans Ailton Krenak- Filósofo, poeta e escritor
povos indígenas e demais comunidades
Ativista do movimento socioambiental e
minorizadas, é importante que os profissionais Regular defensor dos direitos dos povos indígenas.
de saúde estejam cientes dessas questões, sejam Autor de livros famosos como: “A vida não é útil”,
capacitados pela melhor forma de manejo, e “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” e “O
trabalhem para assegurar o acesso igualitário amanhã não está à venda”.
Particularmente, conheci o trabalho de Krenak,
aos cuidados de saúde para todos.
assistindo à um documentário na Netflix,
"Guerras do Brasil", em que o mesmo conta
grande parte da luta de seu povo na época
colonial.
QUAL O PAPEL DO PSICÓLOGO EM RELAÇÃO Josefi
A GARANTIA DA REINSERÇÃO SOCIAL DOS
DIVERSOS GRUPOS POPULACIONAIS?
O papel do psicólogo em relação à garantia
da reintegração social dos grupos
populacionais é fundamental. Como
profissional de saúde mental, o psicólogo pode
contribuir para a reintegração social desses
grupos por meio de diversas estratégias.
Uma das principais formas de atuação é a
identificação das necessidades específicas
desses grupos populacionais. Cada grupo
pode ter necessidades e demandas específicas,
como questões relacionadas à cultura, gênero,
raça, orientação sexual, entre outras. O
psicólogo pode ajudar a delinear essas
necessidades e desenvolver procedimentos
específicos para atender essas demandas.
Outra estratégia importante é a promoção da
autoestima e autoconfiança desses grupos
populacionais. Muitas vezes, a exclusão social
pode afetar negativamente a autoestima e a
autoconfiança desses grupos, o que pode
prejudicar a sua capacidade de se reintegrar
na sociedade. Como psicólogo, posso DJONGA- "Maior que seu mundo"
trabalhar com esses grupos para promover a Negro e vindo da periferia, Djonga é um dos
autoestima e autoconfiança, mostrando o maiores nomes do Rap brasileiro. Em suas
valor e a importância dessas pessoas na músicas, sempre está presente a marca da
sociedade. luta contra o racismo e pela construção de
Pudemos perceber com clareza essa forma de uma identidade negra vencedora

atividade do psicólogo na produção do


seminário sobre população negra. Que, por
pertencer à uma sociedade estruturalmente
desafiadora para a construção da sua
autoestima, carece de profissionais
qualificados que possam ajudar a lidar com
essas questões e favorecer o desenvolvimento
pessoal, desenvolvendo ferramentas para lidar
com o preconceito e a discriminação
Além disso, o psicólogo pode trabalhar com
esses grupos populacionais para desenvolver
habilidades socioemocionais importantes para a
reintegração social, como comunicação,
resolução de conflitos e empatia. Essas
habilidades podem ajudar esses grupos a se
relacionarem melhor com a sociedade e a
superar as dificuldades que impedem a sua
reintegração.

Por fim, o psicólogo também pode trabalhar com


a família e a sociedade para promover a
inclusão e a igualdade. Isso pode incluir o
DFIDELIZ-"AXÉ"
trabalho com a família e a sociedade para
Vítima de recentes ataques na internet,
promover igualdade racial, bem como a criação
Dfideliz, assim como Djonga, encontrou seu
de políticas públicas que promovam a inclusão. espaço na música. Fideliz saiu do anonimato
e do crime para ocupar o lugar de um dos
maiores nomes do rap nacional.
"família de aluguel, filho pra ajudar, sem
emprego, ex presidiário, preto, pobre… tinha 2
soluções, ou era o microfone, ou era um oitão
na cintura…"
QUAIS HABILIDADES E ATITUDES
PROFISSIONAIS SÃO IMPORTANTES PARA A
(RE)INSERÇÃO SOCIAL NAS RELAÇÕES DE
CUIDADO?
De início, vale destacar que é fundamental que o
psicólogo tenha a capacidade de se colocar no
lugar do outro, compreendendo as dificuldades e
desafios que o indivíduo enfrenta no processo de
reinserção social.
Nesse passo, o psicólogo deve ser capaz de ouvir
com atenção e sem julgamentos as demandas e
necessidades do indivíduo, de forma a identificar
as principais barreiras que impedem a reinserção
social do sujeito em provável vulnerabilidade
psíquica.
É importante, também, que o psicólogo domine
a habilidade da comunicação de forma clara e
assertiva, de modo a estabelecer uma relação de
confiança e respeito com o indivíduo. Tendo em
vista que nossa língua carrega diversas marcas
do preconceito, faz-se de extrema necessidade
que os profissionais se atentem às que podem de
alguma forma violar o outro.
Vale ressaltar que, o processo de reinserção social
pode ser complexo e desafiador, portanto, é
importante que o psicólogo tenha flexibilidade para
adaptar suas estratégias e metodologias de acordo
com as necessidades do indivíduo, que por possuir
particularidades e carregar uma história com
significados únicos, demandará um cuidado especial FRIDA KAHLO-"AUTORRETRATO COM
e individualizado. CABELO CORTADO"
Por fim, o processo de reinserção social pode ser Além de um ícone do feminismo, Frida
longo e desafiador, por isso é importante que o também assume papel de destaque na
representatividade da comunidade
psicólogo tenha resiliência para lidar com as
LGBTQIAP+. Assumidamente bissexual, Frida,
dificuldades e adversidades do processo, uma vez
costumava usar em diversas ocasiões roupas
que se trata de um grupo com diversas demandas, consideradas "masculinas". Na fase em que
que muitas vezes não conseguirão ser colocadas um pintou essa obra, Frida tinha seu lado
ponto final, mas sim ensinada a melhor forma de feminista mais aflorado, fazendo forte
lidar com elas, tudo isso sem perder de vista os repressão a qualquer tipo de violência contra
objetivos finais. a mulher .
(PLUS/CONTINUAÇÃO): A ARTE COMO MEIO
FACILITADOR DA REINSERÇÃO SOCIAL DOS
GRUPOS MINORIZADOS
Decerto, a arte pode se utilizar como ferramenta de
ampliação de voz às pessoas que muitas vezes são
marginalizadas e não têm suas histórias e
experiências ouvidas. Que, criar e compartilhar sua
arte, os indivíduos podem sentir-se mais
empoderados e confiantes expressando suas ideias e
perspectivas.
Por consequência, a arte em suas múltiplas formas
de expressão individual, pode ajudar a construir e
reforçar a identidade cultural e pessoal de grupos
minorizados. Por meio da arte, os indivíduos podem
explorar suas raízes culturais e históricas, ajudando a
reforçar sua autoestima e senso de pertencimento.
E quanto aos não pertencentes dos grupos
minorizados, a divulgação de arte criada por
minorias ajuda a informar a população de lutas
vigentes no corpo social, favorecendo a sensibilização
e mudança social. A arte pode ser uma forma
poderosa de sensibilizar e envolver o público em
questões sociais e políticas. Por meio da arte, os
indivíduos podem expressar suas preocupações e
perspectivas sobre questões como discriminação,
racismo, homofobia e sexismo, ajudando a educar e
conscientizar o público sobre essas questões e, CLARICE LISPECTOR-
potencialmente, promover mudanças sociais. Clarice Lispector acabou se tornando uma
Assim, a arte pode, também, ajudar a desenvolver uma lenda da literatura, uma das escritoras
habilidades sociais e emocionais. O engajamento mais notáveis e importantes da literatura
com atividades artísticas pode ajudar a desenvolver brasileira. O olhar de Clarice registra com
aversão os padrões de comportamento de
habilidades de comunicação, trabalho em equipe,
uma sociedade machista e patriarcal, lutando
resolução de problemas e autoexpressão. Esse
pelo senso de liberdade merecido pelas
benefício do fazer artístico pode beneficiar em mulheres.
especial a atuação em psicologia, quando o manejo
de determinada situação for complexo, os
sentimentos podem tentar ser exprimidos e
interpretados por meio da arte, facilitando assim,
tanto o acesso das informações por parte do
terapeuta, quanto a fluidez e ludicidade necessária
para aceitação do processo por parte do paciente.
QUAIS MARCAS ESSAS
DISCUSSÕES/EXPERIÊNCIAS DEIXARAM EM MIM
E QUAIS MUDANÇAS EU, ESTUDANTE DE
PSICOLOGIA, PERCEBO TER FEITO QUANTO A
MINHA FORMA DE PENSAR E AGIR NO MUNDO
ACERCA DOS GRUPOS MINORIZADOS?

Uma experiência muito positiva que tive


durante o meu curso, foi na oficina de
reinserção social. Durante as aulas, tive a
oportunidade de participar de discussões e
atividades que me fizeram perceber a
importância da reinserção social de grupos
minorizados e como a psicologia pode
contribuir para esse processo.
Do estilo de atividade que mais me marcou
foi a realização de debates em grupo na
qual cada aluno dispunha sempre de
espaço para compartilhar o que sabia
sobre discriminação, exclusão que tenha
vivenciado ou presenciado, como achava
que isso impactava no meio, e o que
poderia ser feito. Esses momentos foram
muito construtivos, pois, permitiram que
cada um de nós pudesse se colocar no lugar
do outro e compreender a dor e as
dificuldades que essas experiências podem
causar, conhecendo um pouco mais do
universo de realidades que existem e de
como as pessoas em toda sua
vulnerabilidade lidam com suas questões.
Durante as discussões em sala de aula,
também tive a oportunidade de aprender
mais sobre as diversas formas de
discriminação e exclusão social que grupos
minorizados enfrentam em nossa sociedade,
compartilhando diferentes óticas sobre a
situação. Além disso, pudemos discutir sobre
as políticas públicas e ações afirmativas
que visam promover a inclusão social desses
grupos.
FACULDADE PERNAMBUCANA DE SAÚDE - FPS
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

LUÍZA BARBALHO DA MOTTA GEZISKI DECONTO


MARINA TIMES ALVES
MANUELA MONTEIRO STEPPLE DE AQUINO

Tutora: Nathaly Novais

VISITAS A ORGANIZAÇÃO DE AUXÍLIO FRATERNO (OAF):


UMA PROPOSTA INTERVENTIVA

Recife- 2023
1. INTRODUÇÃO
A Organização de Auxílio Fraterno (OAF) do Recife, fundada em 07 de agosto
de 1960, é uma instituição, não governamental e sem fins lucrativos, que acolhe e
ajuda famílias em situação de vulnerabilidade social, com intuito de auxiliar no
desenvolvimento e inclusão das crianças. A OAF auxilia 351 jovens (que a
frequentam no contra turno escolar) transformando a realidade social, educativa,
artística e cultural destes e de suas respectivas famílias. Tudo isso, com a
perspectiva de assegurar seus direitos básicos, inseri-los na sociedade e incluí-los no
Programa de Aprendizagem, diminuindo os riscos à marginalidade e às drogas.
O Programa Jovem Aprendiz tem um papel importantíssimo na OAF do
Recife e volta-se para a preparação e inclusão de jovens no mundo do trabalho.
Além disso, o programa que se apoia na Lei da Aprendizagem (10.097/2000), atua
desde 1960 na capital pernambucana selecionando e acompanhando estudantes,
preferencialmente de escolas públicas, que encontram uma oportunidade para iniciar
sua trajetória profissional em empresas dos setores público e privado.
Perante as visitas à instituição, conseguiu-se observar, tendo em análise o
comportamento das crianças que frequentam a OAF, que diversas delas sofrem com
baixa autoestima. Mediante tal afirmação, e destacando que a construção do
autovalor, dentro desse período infantil, é totalmente consequente da atmosfera da
família e da escola do infante, achou-se necessário um projeto onde a autoimagem
desses meninos e meninas fosse trabalhada dentro do ambiente da OAF, já que ele
se assemelha ao de uma escola.
Perante o exposto, a socialização (seja ela em ambiente escolar ou não) e a
autoestima desempenham papéis vitais no bem-estar e no desenvolvimento de uma
criança. A percepção de uma criança sobre si mesma e como ela interage com a
sociedade pode afetar muito sua capacidade de adaptação a situações sociais, como
no desempenho acadêmico e padrão de vida geral. Esse fenômeno tende a se agravar
mais em crianças que se encontram em circunstâncias de vulnerabilidade social,
tanto por desafios socioeconômicos, emocionais ou culturais, onde o quadro de
baixo autovalor pode ser mais agravado e prejudicar significativamente esses
aspectos críticos.
A negligência, privação, abuso e discriminação estão entre as situações de
vulnerabilidade social que mais assombram as crianças que lutam contra a sua baixa
autoimagem e autoestima. Essas experiências afetam a maneira como as crianças se
veem e o valor que atribuem a si mesmas, fazendo com que duvidem de suas
habilidades e capacidades.
Tendo em vista a problemática articulada no texto, criou-se a proposta de
intervenção com objetivo de articular o autoconhecimento e a autovalorização
elevando a autoestima das crianças da OAF, já que ela é moldada na infância.

2. METODOLOGIA

A presente intervenção foi idealizada em duas etapas com o fito de gerar


identificação pessoal e investir na autoestima e socialização dos indivíduos. Em
um primeiro momento, esta consistiu na apresentação de imagens lúdicas de
personagens infantis comuns ao cotidiano das crianças, em que estas foram
incentivadas a observar e refletir acerca das características positivas tanto no
aspecto físico, quanto em relação a habilidades dos protagonistas. A escolha das
imagens para apresentação foi feita com a intenção de explicitar a diversidade
das características singulares ao sujeito, como forma de promover a
representatividade e ajudar na construção da autoimagem e de uma autoestima
que em muitos momentos se mostrou deficitária.
Em um segundo momento, foi proposta uma dinâmica de grupo para
aplicação aos colegas dos adjetivos positivos que foram anteriormente
identificados nos personagens. Esta se deu por meio da reflexão acerca das
qualidades e na escolha do colega que receberia estes adjetivos de forma escrita
em um papel colado em suas costas, para que todos pudessem dar e receber os
elogios que achassem pertinentes. Pelo fato das relações interpessoais exercerem
influência na forma como o indivíduo constrói seu autoconceito e crenças
pessoais, a atividade objetivou o emprego de palavras como reforçadores
positivos que amplificam a construção de uma autoimagem e autoconfiança
plenas, no passo que, ao aprovar uma característica/comportamento, são geradas
condições corporais agradáveis que dão base para a autoconfiança e
autodescrição do sujeito, reforçando-as.
O público-alvo da presente proposta são crianças (entre 7 e 10 anos) em
vulnerabilidade social que frequentam a Organização de Auxílio Fraterno (OAF)
em horário de contra turno escolar, e que em momentos de conversa
apresentaram crenças de caráter autodepreciativo. Neste foram engajadas as
estudantes do curso de psicologia e a preceptora responsável pela mediação da
Faculdade Pernambucana de Saúde- FPS.
A análise envolvida no presente estudo se configura de forma qualitativa
por meio da união de relatos de experiência e coleta de informações feitas pelas
estudantes observadoras. Estes foram elaborados com o intuito geral de
identificar questões que se mostraram deficitárias quanto aos aspectos
interpessoais e principalmente, quanto à relação dos indivíduos com sua
autoimagem, assim como, de estimular a socialização e as competências
comunicativas entre as crianças.

3. RESULTADOS

Durante a aplicação da intervenção na Organização de Auxílio Fraterno,


foi observada e relatada pelas estudantes a ampla participação dos convidados,
sendo 11 crianças engajadas nas duas etapas. Segundo a preceptora que acolheu
as visitantes, pela notória aceitação da prática, esta será repetida em momentos
futuros quando notar-se a necessidade de atividades neste sentido.
Além disso, mesmo que a proposta tenha atingido sucesso, vale ressaltar
algumas crenças disfuncionais que corroboram comportamentos desadaptativos
nos desdobramentos do processo, em que estas constituem o núcleo do
autoconceito e da visão de mundo ser (Mendes, 2007, p. 2). Observando-se por
meio de falas como: “sou muito ruim nisso”, “não consigo sozinho”, “as
crianças preferem brincar com crianças mais bonitas que eu”. Tal fato chama a
atenção, uma vez que a construção de uma autoestima infantil sólida mostra-se
fundamental no desenvolvimento de habilidades sociais e de enfrentamento das
questões advindas do crescimento do indivíduo. Pois, segundo
Lenz e Dametto (2016, p. 9), “Favorecer a construção de autoestima
saudável para os alunos é contribuir diretamente no processo de ensino-
aprendizagem dos mesmos, pois tal fator influencia sua relação com o
conhecimento”.
Contudo, por entender que a autoestima se fundamenta também, na visão
do outro sobre o indivíduo, pelo fato da criança colocar em destaque na
construção de seu autoconceito pessoas que representam alguma significância
para ela, a opinião e elogios de outrem assumem papeis importantes. Com base
nisso, notou-se a ampliação da autoconfiança por parte das crianças ao findar da
intervenção, pois, ao serem convidadas a avaliar e adjetivar uns aos outros com
palavras positivas, são mutuamente reforçados comportamentos e qualidades
individuais do grupo, que com a repetição, construirá autoconceitos positivos.
Por fim, levando em conta as ideias previamente objetivadas, podem-se
considerar favoráveis os resultados do presente estudo.

4. ANÁLISE DE DADOS

Diante dos resultados da atividade elaborada e aplicada na OAF, tornou-


se nítido que as crianças após o decorrer da proposta interventiva ficaram
contentes e mais confiantes de si. Partindo deste pressuposto, se evidenciou que
crianças firmes em si mesmas demonstram mais resiliência, comprometimento e
autonomia perante os desafios e deveres do dia-a-dia. Destacou-se, também, a
participação ativa das 11 crianças na atividade proposta, indicando que esta foi
capaz de engajar e despertar o interesse de cada criança presente, gerando um
impacto positivo não só nelas mas no ambiente no qual foi aplicada. Visto a
pretensão, por parte da preceptora de psicologia da OAF, em realizar novamente
a prática quando for necessário.
Além do objetivo principal, a dinâmica interventiva, também ajudou as
crianças a progressivamente criar representações de si mesmos com
personagens, tendo uma re-afirmação de suas qualidades, culturas, costumes e
aparência.
Por tal motivo, é imprescindível, a importância da existência de
personagens e brinquedos que criem e incentivem a inclusão das diversas
diferenças e singularidades de cada criança no intuito de promover, a estas, bem
estar e inclusão.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, a cooperação entre as estudantes de psicologia e a preceptora


responsável, foi crucial para o enriquecimento da proposta de intervenção,
proporcionando diversos conhecimentos teóricos e uma visão ampliada
durante a aplicação da atividade. Ademais, as experiências vividas durante as
quatro visitas (três delas à OAF e uma visita técnica ao CRAS- Centro de
Referência de Assistência Social ) foram bastante significativas e ricas para dar
continuidade na graduação em psicologia à medida em que promoveram uma
compreensão maior da problemática de vulnerabilidade social nas crianças bem
como sua associação com as questões de autoestima e socialização destas.

REFERÊNCIAS:

• CALDAS, Claudia de Francesco de Ângelo. Autoestima e timidez infantil: uma visão


comportamental. 2005.
• RENTZ-FERNANDES, Aline R. et al. Autoestima, imagem corporal e depressão de
adolescentes em diferentes estados nutricionais. Revista de salud pública, v. 19, p.
66-72, 2017.
• PESSANHA, Manuela. Vulnerabilidade e resiliência no desenvolvimento dos
indivíduos: influência da qualidade dos contextos de socialização no
desenvolvimento das crianças. Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.
• CARVALHO, Caio Henrique Almagro; CORDEIRO, Beatriz Azem Corrêa. O desenvolvimento da
autoestima na infância: a relação da baixa autoestima com a dificuldade escolar. Revista Terra
& Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, [S.l.], v. 37, n. 73, p. 148-163, dez. 2021. ISSN
2596-2809.
Acredito que nesse espaço pudemos sonhar
um pouco, sabe? como essas temáticas sociais
me são muito entusiasmantes, gosto sempre
de imaginar qual o meu ideal de atuação
profissional frente à essas problemáticas.
Para mim, diálogos como os formados em
sala, criam espaço para ter esperança no
mundo e nas pessoas.

Essas experiências em sala de aula me


fizeram perceber a importância de pensar em
uma reinserção social de forma integral
grupos minorizados, e como a psicologia
pode contribuir para esse processo, seja por
meio de atendimentos terapêuticos, seja por
meio de ações de conscientização e
sensibilização da sociedade., como meio de
mitigar os danos de anos de história de
preconceito que nos causam vergonha. Além
disso, me fizeram perceber a importância de
estar atento e engajado na luta contra a
discriminação e exclusão social, não só como
profissional de psicologia, mas como membro
político atuante em uma sociedade, e que
deseja influenciar positivamente os ambientes
que ocupa.
CONCLUSÃO E AGRADECIMENTOS:

É chegado quase o fim dessa etapa neste novo


ciclo na minha vida que foi o terceiro período.
Mesmo tão cedo já consigo perceber o quão
acertada foi a minha escolha de seguir o sonho da
psicologia aqui na FPS.
As aulas da oficina de reinserção social tornaram
essa jornada mais especial ainda, pude não só
aprender sobre povos minorizados, mas também,
me sentir membro ativo na construção de uma
sociedade mais justa, empática e acolhedora.
Gostaria de agradecer primeiramente a Nathaly,
nossa querida tutora, que pela segunda vez
acolheu nossa turma da melhor forma. Obrigada
por ser tão aberta à escutas e por nos ensinar
além do conteúdo acadêmico.
Agradeço também às monitoras, que tiveram uma
atenção toda especial, se mostrando sempre
disponíveis.
Da minha parte, encerro esse trabalho com o
coração feliz e ciente que dei o meu máximo em
todas as atividades, cumprindo com meu papel de
estudante e com a perspectiva de profissional que
almejo ser.
FONTES:

NEVES, J. C. de S.; DE SOUZA, L. B. R.; REQUENA, P. C. O


FEMINISMO NA LITERATURA: A IMPORTÂNCIA DA
VISIBILIDADE DA MULHER NO ENSINO DE LITERATURA
NA EDUCAÇÃO BÁSICA ATRAVÉS DO TEXTO
COMPANHEIRAS DE ENEIDA DE MORAES.

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo


Horizonte: Letramento, 2018.

BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude


no Brasil. In. Psicologia Social do Racismo. Yray Carone e Maria
Aparecida Silva Bento (Orgs.). 6. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

ETNOCENTRISMO; DE OLIVEIRA, Carmen Lourdes. POLÍTICA


E PROMOÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL NAS ESCOLAS.
Aprendizagem Significativa, p. 51, 2020. PRECONCEITO;
AKERT, Robin M.; ARONSON, Elliot; WILSON

GOMES, Laurentino. Escravidão: Do primeiro leilão de cativos em


Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares. 4a edição. Rio de
Janeiro: Globo livros, 2019.

https://portalrapmais.com/dfideliz-emociona-fas-contando-
situacoes-que-passou-durante-o-ano/

https://institutoaurora.org/identidade-e-visibilidade-quantos-
artistas-indigenas-voce-conhece/

https://clickmuseus.com.br/as-12-escritoras-feministas-que-voce-
precisa-conhecer/

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