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A principal forma pela qual o sistema imune inato bloqueia as infecções virais é a indução da expressão
de interferons do tipo I, cuja ação mais importante é inibir a replicação viral. No início do capítulo,
discutimos como vários receptores de reconhecimento de padrão, incluindo alguns TLRs, NLRs, RLRs e
CDSs, geram sinais que estimulam a expressão dos genes de IFN-α e IFN-β em muitos tipos celulares
diferentes. Esses interferons do tipo I secretados pelas células atuam em outras células prevenindo a
disseminação da infecção viral. Nesta seção, descreveremos as principais propriedades dos interferons
do tipo I e as ações antivirais destas citocinas.
Os interferons do tipo I constituem uma ampla família de citocinas estruturalmente relacionadas que
medeiam a resposta imune inata inicial às infecções virais. O termo “interferon” deriva da habilidade
destas citocinas de interferir na infecção viral. Existem numerosos tipos de interferons do tipo I, os quais
são estruturalmente homólogos e codificados por genes em um único grupamento localizado no
cromossomo 9. Dentre os interferons do tipo I, os mais importantes na defesa antiviral são o IFN-α (que,
na verdade, engloba 13 proteínas diferentes estreitamente relacionadas) e o IFN-β, que é uma proteína
única. As DCs plasmacitoides são as principais fontes de IFN-α que, todavia, também pode ser
produzido por fagócitos mononucleares. O IFN-β é produzido por muitos tipos celulares em resposta à
infecção viral. Os estímulos mais potentes para a síntese de interferon do tipo I são os ácidos nucleicos
virais. Lembre que os receptores do tipo RIG e os sensores de DNA presentes no citosol, bem como os
TLRs 3, 7, 8 e 9 presentes nas vesículas endossômicas, reconhecem ácidos nucleicos virais e iniciam as
vias de sinalização que ativam a família IRF de fatores de transcrição, os quais induzem expressão do
gene de interferon do tipo I (Fig. 4.3).
O receptor para interferons do tipo I, que se liga ao IFN-α e ao IFN-β, é um heterodímero composto
por dois polipeptídeos estruturalmente relacionados, IFNAR1 e IFNAR2, expressos em todas as células
nucleadas. Esse receptor sinaliza para ativar os fatores de transcrição STAT1, STAT2 e IRF9, que
induzem expressão de vários genes diferentes cujos produtos proteicos contribuem para a defesa
antiviral de vários modos:
Assim, as principais atividades do interferon do tipo I atuam em conjunto para combater as infecções
virais. Camundongos knockout que não expressam receptor para interferons do tipo I são suscetíveis a
infecções virais. O IFN-α está em uso na clínica como agente antiviral para certas formas de hepatite
viral. O IFN-α também é usado no tratamento de alguns tumores, talvez por reforçar a atividade do
CTL ou inibir a proliferação celular. O IFN-β é usado como terapia para esclerose múltipla, porém o
mecanismo de seu efeito benéfico nessa doença é desconhecido.
A proteção contra vírus é devido, em parte, à ativação de vias de morte apoptótica intrínsecas nas
células infectadas e à sensibilidade aumentada aos indutores extrínsecos de apoptose. As proteínas
virais sintetizadas nas células infectadas podem ser dobradas de forma incorreta, e seu acúmulo
deflagra uma resposta a proteínas não dobradas que pode culminar na apoptose das células infectadas,
caso o acúmulo de proteína incorretamente dobrada não possa ser corrigido. Além disso, células
viralmente infectadas são hipersensíveis à apoptose induzida por TNF. O TNF é produzido em
abundância pelas DCs plasmacitoides e macrófagos em reposta às infecções virais, em adição aos
interferons do tipo I. O receptor de TNF do tipo I engaja vias pró-inflamatórias e também vias pró-
apoptóticas de morte. A via dominante ativada pela ligação do TNF depende do estado de síntese
proteica nas células que respondem, sendo que a infecção viral pode desviar este equilíbrio na direção
da apoptose.