04 – Perguntas do Catecismo: 51 a 56 – As Obras do
Mediador – Parte II
51. Qual é o estado de exaltação de Cristo?
“O estado de exaltação de Cristo compreende a sua ressurreição, ascensão, o estar sentado à destra do Pai, e a sua segunda vinda para julgar o mundo.” Essa primeira pergunta dá inicio a compreensão das obras de Cristo após o estado de humilhação (o estado de sua vinda até a morte tratada na aula passada). A pergunta funciona como uma espécie de tema central da nossa aula de hoje. Por isso, vamos destacar alguns pontos importantes que iremos tratar durante a nossa aula. A exaltação de Cristo: Na ressureição; Na ascensão; Na destra de Deus; E na sua segunda vinda; Fato irmãos, que quando enxergamos toda a obra de Cristo não podemos deixar de lembrar do papel de exaltação que ele exerceu e exerce para nós. Isso é bastante importante para a nossa afirmação de fé. (semelhança entre o catecismo e o credo dos apóstolos) “ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.” Algumas referências bíblicas: 1. 1 Co. 15.4 – “e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” 2. Lucas: 24.51 – “Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu.” 3. Efésios: 4.10 – “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas.” 52. Como foi Cristo exaltado na sua ressurreição? “Cristo foi exaltado na sua ressurreição em não ter visto a corrupção na morte (pela qual não era possível que Ele fosse retido), e o mesmo corpo em que sofrera, com as suas propriedades essenciais (sem a mortalidade e outras enfermidades comuns a esta vida), tendo realmente unido à sua alma, ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, pelo seu próprio poder, e por essa ressurreição declarou-se Filho de Deus, haver satisfeito a justiça divina, ter vencido a morte e aquele que tinha o poder sobre ela, e ser o Senhor dos vivos e dos mortos. Tudo isto fez Ele na sua capacidade representativa, corno Cabeça da sua Igreja, para a justificação e vivificação dela na graça, apoio contra os inimigos, e para lhe assegurar sua ressurreição dos mortos no último dia.” Vemos irmãos a importância que o catecismo aborda a constância de informações. Nessa pergunta, novamente o documento trabalha alguns dos assuntos que anteriormente falamos, como a natureza de Cristo, justiça divina e o papel representativo que ele nos deu. E o que tonar tão importante essa afirmação de exaltação?
1ª Cristo Ressurreto: Quando olhamos para a resposta, constatamos (e
isso utilizamos como afirmação de fé) que através das duas naturezas, Cristo exerceu autoridade sendo ressuscitado no mesmo corpo que sofreu. Através da figura humana que ele apareceu ressuscitado para todos e isso é que acreditamos irmãos. Para os gregos, como vemos no relato de Atos no capítulo 17, influenciados pelo pensamento da época, era inconcebível alguém voltar a vida. E mesmo no tempo de hoje irmãos, os teólogos liberais negam a ressureição de Cristo. Por essa e outras razões, precisamos como uma afirmação de fé, sempre lembrar que Cristo ressuscitou em figura humana. 2º Senhor dos vivos e mortos: A autoridade que Cristo exerce está na capacidade que ele teve para vencer a morte, mostrando como ele exercia poder sobre todas as coisas. A morte era a última evidência que ele demonstrou para todos que de fato era filho de Deus. E isso o tornou Senhor dos vivos e dos mortos. 3ª Capacidade representativa: A resposta ainda com intuito de nos mostrar a importância da ressureição, para finalizar, trata sobre a representação que Cristo exerce sobre a Igreja. Só conseguimos compreender toda a obra da ressurreição, se crermos que Cristo é o nosso cabeça, pois a ressureição como o catecismo trabalha nos garante que somos: Justificados; Vivificados pela graça; Amparo contra os inimigos; Ressuscitados como ele no último dia. Tudo isso ele exerce na sua igreja (como o credo dos apóstolos afirma: Santa Igreja Universal) E isso irmãos nos dá segurança, como afirma o catecismo de perseverar contra os inimigos, pois se estamos aqui, não é porque um dia uma pessoa teve uma visão, ou um anjo apareceu de uma forma em algum lugar, mas sim que o nosso Senhor e salvador está vivo e estamos seguros de que ele lidera a sua igreja, através do seu poder é que estamos aqui. Algumas referências bíblicas: 1. Mateus: 28.19 – “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;” 2. Hebreus: 2.14 – “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo,” 3. Romanos: 4.25 - “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.” 4. Romanos: 14.9 – “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.” 53. Como foi Cristo exaltado na sua ascensão? “Cristo foi exaltado na sua ascensão em ter, depois da sua ressurreição, aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e conversado com eles, falando-lhes das coisas pertencentes ao seu reino, impondo-lhes o dever de pregarem o Evangelho a todos os povos, e em subir aos mais altos céus, no fim de quarenta dias, levando a nossa natureza e, como nosso Cabeça triunfante sobre os inimigos, para ali, à destra de Deus, receber dons para os homens, elevar os nossos afetos e aparelhar-nos um lugar onde Ele está e estará até à sua segunda vinda no fim do mundo.” Depois da ressureição a exaltação de Cristo não se encerrou. Como em um estágio, poderíamos afirmar que esse é o 2º ato. Vimos anteriormente que Cristo ressuscitou, nesse 2º ato Cristo reaparece para os seus, durante o período de 40 dias. O preparo de seu povo não se encerrou, com sua morte e sua ressureição. Cristo ao longo de 40 dias preparou a sua igreja, com palavras que diziam a respeito de seu reino, seus ofícios, a continuidade da sua igreja para os seus discípulos. E mais uma vez utilizando a figura de um estágio, no 3º ato ele sobe aos céus, levando como diz o catecismo, a nossa natureza. E nesse estágio ele reina como cabeça de sua igreja, como nosso representante. Algumas referências bíblicas: 1. Atos: 1.2 – “até ao dia em que, depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi elevado às alturas.” 2. Efésios: 4.8 – “Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.” 3. Salmos: 68.18 “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que o Senhor Deus habite no meio deles.” 4. Colossenses: 3.1 – “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.” 54. Como é Cristo exaltado em sentar-se à destra de Deus? “Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus, em ser Ele, como Deus homem, elevado ao mais alto favor de Deus o Pai, tendo toda a plenitude de gozo, glória e poder sobre todas as coisas no céu e na terra; em reunir e defender a sua Igreja e subjugar os seus inimigos; em fornecer aos seus ministros e ao seu povo dons e graças e em fazer intercessão por eles.” O que conseguimos entender, quando enxergamos que Cristo está à direita de Deus pai? Irmãos, a primeira parte da resposta do catecismo busca nos mostrar que o papel de Cristo não foi encerrado na ressureição e no estágio de ascensão, após isso lhe foi concedido o mais alto favor, sentar á destra de Deus pai. (Tudo isso na figura de Deus homem como o catecismo trabalha) Isso demonstra que ele possui todo o poder sobre as coisas criadas, de forma que o nome dele está acima de todo o nome, tudo isso pela forma que o pai o exaltou: Filipenses 2:9-11 “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” Ilustração: Como vemos na exaltação de Cristo, não podemos deixar de enxergar o ofício de Rei nele. Somente um ser acima de todos (um rei), pode governar sobre todos. Por isso ele é soberano como lemos em Apocalipse 1.5 “O primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra.” Como Horton afirma: “A realeza de Cristo, como os outros papéis que exploramos, envolve tanto um aspecto humano quanto divino. Portanto, o rei messiânico é maior até mesmo do que Davi, não simplesmente porque ele é divino, mas também porque ele cumpre a comissão humana que Adão, Israel e até mesmo Davi não conseguiram cumprir. Como Deus e homem, ele estabelece justiça em toda a terra” Além disso irmãos, precisamos destacar assim como a pergunta a função que ele exerce a destra de Deus. “Defender a sua igreja e subjugar os seus inimigos...” Romanos: 8.31-39 Mais uma vez aqui irmãos, vemos que a exaltação de Cristo nos dá segurança de como igreja a enfrentar todos os obstáculos que teremos ao longo da nossa jornada aqui na terra. Cristo é quem intercede por nós e ele é a nossa testemunha, quem pode nos condenar? Pois só somos justificados pela obra de Cristo e o fato dele está a destra de Deus pai, nos assegura que somos vitoriosos pelo mérito dele e não será pelo nosso. Por essa razão irmãos, o catecismo afirma que ele é que defende da sua igreja, porque antes estávamos sobre a acusação do nosso inimigo e agora com a obra completa de Cristo, somos salvos pela sua graça que é concedida a sua igreja que reconhece os seus méritos. 55. Como faz Cristo a sua intercessão? “Cristo faz a sua intercessão apresentando-se em nossa natureza continuamente perante o Pai no céu, pelo mérito da sua obediência e sacrifício cumpridos na terra, declarando ser a Sua vontade que seja aplicado a todos os crentes respondendo a todas acusações contra eles; adquirindo-lhes paz de consciência, não obstante as faltas diárias, dando-lhes acesso com confiança ao trono da graça e aceitação das suas pessoas e serviços” Irmãos, chegamos na nossa última pergunta de hoje. Lembramos que na última pergunta (a do nº 54), Cristo está sendo exaltado a destra de Deus e que por isso ele realiza a intercessão. E de que forma ele realiza? O catecismo começa a pergunta mais uma vez citando a natureza humana de Cristo, a forma como ele foi apresentada ao pai. Os méritos que ele possuiu. Expiação: Aqui vemos mais uma vez uma característica marcante na obra de Cristo. O conceito de expiação, quando lemos que ele é o cordeiro imolado, santo que tirou o pecado do mundo, nos mostra que através do seu esforço, ele exerceu amplo domínio sobre a natureza humana. Somente o sacrifício de um justo poderia quitar uma dívida impagável. Hebreus: 9.24 “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;” Intercessor: E isso faz de Cristo, como afirmamos a pessoa que nos leva para diretamente para Deus, sem a necessidade de nada além do seu mérito. Ilustração: Como falamos na última pergunta, percebemos muitas semelhanças nos três ofícios (Profeta, Sacerdote e Rei) e aqui nessa pergunta irmãos, quando falamos do intercessor lembremos da figura do sacerdote. Aquele que deveria levar os sacrifícios do seu povo, só que Cristo não é um sacerdote comum na antiga aliança, ele é um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Finalizando a resposta, a intercessão, assim como a exaltação nas últimas perguntas nos garante uma paz, mas não a paz que o mundo propõe (assim como o Reverendo Joel citou no último domingo no culto de Páscoa), mas sim uma de consciência. Onde não precisamos mais nos atormentar se as nossas falhas diárias serão motivos para nos afastar de Deus, pois a confiança não está nas nossas ações, mas sim ofício inteiramente de Cristo que intercede por nós. E isso é motivo de não vivermos por medo, mas pela segurança/paz de que a obra de Cristo foi completa. Hebreus: 4.16 “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” Aplicação Prática:
Algumas aplicações, o que podemos tirar de lição para o nosso dia a
dia? 1. O papel da exaltação: A forma que vivemos demonstra quem é nosso Senhor de fato. A sociedade vive de forma que desenfreada porque sabe que a sua natureza é finita, que em algum dia tudo acabará (só se vive uma vez é uma frase que escutamos várias vezes), só que irmãos, será que como Cristãos cultuamos a um Deus vivo, que venceu a morte e que nos prometeu como herança (de filhos adotivos) a vida junto com ele. Será que o reconhecemos que o Senhor está acima da morte e da vida e que em breve estaremos com ele? Ou será que apenas ouvimos, balançamos a cabeça (na hora que falamos como Cristo foi e está exaltado) e no dia seguinte nas nossas ações do dia a dia esquecemos que ele é o nosso Senhor? Conclusão: Concluímos o nosso estudo de hoje irmãos, que possamos meditar a exaltação de Cristo, não é apenas uma forma de expressar a teoria a obra dele, mas sim também a garantia ou a confirmação que não estamos aqui cultuando um deus criado por seres humanos e sim um Deus vivo, que exerceu poder sobre todas as coisas criadas e que hoje é responsável pela nossa salvação.