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DIETÉTICA II
Introdução
Desde a sua introdução, no século XVI, a cana-de-açúcar é um empreen-
dimento agroindustrial, que articula a agricultura com o processamento
fabril de um dos produtos mencionados neste capítulo — o açúcar. Na
sua trajetória, que foi dos engenhos às usinas, os processos de plantio
e transformação da cana-de-açúcar passaram por alterações até chegar
às configurações atuais, com tecnologia de produção, e à especialidade
das unidades produtoras. O processamento artesanal da cana-de-açúcar
— práticas similares às do período colonial, como a produção de rapa-
dura, melado e açúcar mascavo — coexiste em algumas regiões com
a agroindústria de ponta, com processos automatizados, como a mais
recente produção de açúcar e etanol (BRASIL, 2017). Para a obtenção de
diversos tipos de açúcar, de acordo com o grau de refinação (refinado,
primeira e segunda qualidade), dentre outros produtos, basicamente
estes passam pelos métodos de purificação, decantação, evaporação e
cristalização, concentração e cozimento, para finalizar com a centrifuga-
ção e a secagem. Quanto às propriedades físico-químicas e sensoriais
desses monossacarídeos, serão descritos a higroscopicidade (solubili-
dade, capacidade de retenção de umidade), mutarrotação, estado vítreo
(aumento da viscosidade), cristalização, inversão dos açúcares, poder
edulcorante (doçura relativa), aumento da velocidade de fermentação e
pressão osmótica e atividade de água (Aw). Já as aplicações tecnológicas
dos açúcares demonstram que servem não apenas para adoçar, mas
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fato de ele não ter recebido o tratamento químico que os cristais brancos rece-
beram já é motivo suficiente para investir na substituição; 5 g tem 20 calorias.
Açúcar orgânico: muito parecido com o mascavo, o açúcar orgânico não utiliza
produtos agrotóxicos em seu plantio e cultivo, nem componentes químicos
artificiais no processo de industrialização. Além disso, o açúcar orgânico não é
refinado, o que lhe confere grãos mais grossos e cor mais escura. Portanto, seus
benefícios estão relacionados à ausência de aditivos químicos e à preservação
dos sais minerais e não aos valores calórico e nutricional.
Açúcar light: é uma mistura de açúcar refinado com adoçantes artificiais, como
o aspartame, que adoça quatro vezes mais que as versões naturais. Portanto,
embora não seja isento de gorduras e calorias, o açúcar light adoça mais e é
utilizado em menor quantidade, ação que resulta em ingestão de menos calorias.
Açúcar de coco: é um alimento de baixa caloria, e uma das suas principais ca-
racterísticas é a sua origem 100% natural, ou seja, ele não contém conservantes
nem qualquer desses componentes que prejudicam a saúde. É muito nutritivo,
sendo fonte de minerais como zinco, potássio, magnésio, ferro e vitaminas
do complexo B. Deve-se apenas observar que ele não deve ser consumido em
excesso; mesmo um produto natural, se consumido em excesso pode trazer
prejuízos ao organismo; contudo, em 5 g tem 20 calorias.
Cana-de-açúcar
Carregamento/transporte
Descarregamento
Moagem Bagaço
Filtração e decantação
Concentração e cozimento
Ponto para melado Ponto para açúcar mascavo Ponto para rapadura
Estocagem Estocagem
https://goo.gl/uDyHUF
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açúcar no pão (até 22%) pode retardar a fermentação por efeito de osmose.
Aí, é necessário adicionar mais fermento.
Pressão osmótica (PO) e Aw: essa propriedade está relacionada com o açúcar
em solução. Se adicionarmos açúcar em grande quantidade, podemos aumen-
tar o tempo de conservação de um alimento porque há aumento da pressão
osmótica (PO) e não sobrará água disponível para crescimento microbiano. O
açúcar tem ação desidratante, para que a pectina das geleias possa coalescer
(aglutinar) e geleificar. Neste exemplo, o açúcar em solução tem uma PO
intrínseca. PO é a pressão que pode ser aplicada a um sistema para prevenir a
difusão de água. Quanto maior a PO, menor a Aw e menor água disponível ao
microrganismo. Para uso como agente desidratante em frutas, pode-se verificar
qual tipo de açúcar deve ser utilizado. O açúcar, atuando como preservativo,
pode aumentar a PO a um nível de não reprodução microbiana por efeito de
plasmólise das células. Nas concentrações de 1 a 10% já influi no crescimento
de microrganismos. A 50%, inibe o crescimento da maioria das leveduras.
A 65 e 80%, inibe bactérias e fungos, respectivamente. O efeito bactericida
para Staphylococcus, por exemplo, ocorre ao se utilizar 35 a 45% de dextrose
ou 50 a 60% de sacarose. Essas concentrações levam a obtenção de diferentes
Aw. Os microrganismos crescem em Aw diferentes. Assim Clostridium e
Escherichia coli precisam alta Aw, 0,95. Staphylococcus, 0,86. Leveduras
osmofílicas ou açúcar tolerantes, 0,62 a 0,65, portanto podem crescer mesmo
em alta concentração de açúcar, como no mel, por exemplo. Microrganismos
do gênero Leuconostoc são tolerantes a açúcar. Na indústria de bebidas car-
bonatadas, refrescos e refrigerantes, o uso de solução de sacarose deve ser
feito após filtração, para diminuir o grau de contaminantes. Deve-se evitar
as leveduras e as bactérias (Bacillus) que poderão levar à formação do rope
(goma) dos refrigerantes. A armazenagem é feita a 66,5 — 68,00 Brix e com
ajuste de pH para acidez. Se mais concentrada, a armazenagem tem menos
perigo, mas pode supersaturar e cristalizar (limite). O açúcar mascavo deve
ser evitado, não só porque escurece, mas porque as películas de xarope não
filtradas aderidas aos cristais contém contaminantes.
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Para saber mais, assista alguns vídeos sobre os processos de fabricação do açúcar de
coco, do açúcar mascavo e da rapadura. Leia também um artigo científico sobre a
colheita da cana-de-açúcar.
Vídeo sobre o processo artesanal do açúcar de coco:
https://goo.gl/7MibdY
Video sobre o processo do açúcar mascavo e da rapadura:
https://goo.gl/uMm1BJ
Artigo científico:
https://goo.gl/XqBUwY
https://goo.gl/YmC26D
https://goo.gl/dPfAFg
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Leitura recomendada
ZACURA FILHO, G. Z.; PICCIRILLI, J. P. O processo de fabricação do açúcar e álcool: desde
a lavoura da cana até o produto acabado. São Paulo: Viena, 2012.
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