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TEORIAS DA APRENDIZAGEM WALLON

PROFESSOR: Juliana Célia de Oliveira

Fichamento realizado pela Prof.ª Juliana Célia de e contagioso; é o recurso de ligação entre o orgânico e
Oliveira o social: estabelece os primeiros laços com o mundo 1
humano e, através deste, com o mundo físico e
cultural.” (p. 17).
MAHONEY, Abigail Alvarenga; ALMEIDA,
Laurinda Ramalho de. Afetividade e aprendizagem: “(...) A emoção é uma forma de participação mútua,
contribuições de Henri Wallon. São Paulo: Edições que funde as relações interindividuais. Ela estimula o
Loyola, 2007. desenvolvimento cognitivo e, assim, propicia
mudanças que tendem a diminuí-la. Estabelece-se um
Cap. 1 antagonismo entre emoção e atividade intelectual:
A dimensão afetiva e o processo ensino- sempre que dominam atitudes afetivas as imagens
aprendizagem mentais se confundem; quando o predomínio é
cognitivo, as imagens são mais claras.” (p. 18).
“Tínhamos clareza de que, em nossas atividades
educacionais, principalmente em sala de aula, não era Sentimento
só o cognitivo que deveria ser considerado, mas
também o afetivo, e que o investimento nesse aspecto “É a expressão representacional da afetividade. Não
favoreceria as relações interpessoais e, portanto, o implica reações instantâneas e diretas como na
acesso ao conhecimento.” (p. 15). emoção. Tende a reprimir, a impor controles que
quebrem a potência da emoção. Os sentimentos podem
Para análise e discussão de todas as pesquisas ser expressos pela mímica e pela linguagem. O adulto
apresentadas nos capítulos dos livros foram tem maiores recursos de expressão de sentimentos:
priorizados alguns conceitos da teoria do observa, reflete antes de agir, sabe onde e como
desenvolvimento de Henri Wallon, que são expressá-los, traduz intelectualmente seus motivos e
apresentados em sequência. circunstâncias.” (p. 18).

“Por que a seleção desses conceitos? Porque podem Paixão


indicar possíveis direções para um ensino-
aprendizagem mais produtivo e mais satisfatório, “Revela o aparecimento do autocontrole como
atendendo às necessidades, tanto do professor como condição para dominar uma situação. Para tanto,
do aluno, uma vez que esse processo só é configura a situação (cognitivo), o comportamento, de
compreensível quando concebido como uma forma a atender às necessidades afetivas.” (p. 18).
unidade.” (p. 17).
O papel da afetividade nos diferentes estágios
Integração funcional: afetiva-cognitiva-motora-
pessoa ✓ “Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano) —
a criança expressa sua afetividade por meio de
“os domínios funcionais entre os quais vai se distribuir movimentos descoordenados, em resposta a
o estudo das etapas que a criança percorre serão, sensibilidades corporais dos músculos
portanto, os da afetividade, do ato motor, do (proprioceptiva) e das vísceras (interoceptivas) e do
conhecimento e da pessoa”. (p. 17). mundo externo (sensibilidade exteroceptiva), para
satisfazer suas necessidades básicas.
Afetividade ✓ Estágio sensório-motor e projetivo (1 ano a 3
anos) — já dispondo da marcha e da fala, a criança
“Refere-se à capacidade, à disposição do ser humano volta-se para o mundo externo (sensibilidade
de ser afetado pelo mundo externo e interno por meio exteroceptiva), para o contacto e a exploração de
de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou objetos e pessoas de seu contexto.
desagradáveis. A teoria apresenta três momentos ✓ Estágio personalismo (3 anos a 6 anos) — é a
marcantes, sucessivos na evolução da afetividade: fase de se descobrir diferente das outras crianças e do
emoção, sentimento e paixão.” (p. 17). adulto. Compreende três fases: oposição, sedução e
imitação.
Emoção ✓ Estágio categorial (6 anos a 11 anos) — com
a diferenciação mais nítida entre o eu e o outro, há
“É a exteriorização da afetividade, é sua expressão condições para a exploração mental do mundo
corporal, motora. Tem um poder plástico, expressivo externo, mediante atividades cognitivas de
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agrupamento, classificação, categorização em vários conhecimento, às relações interpessoal, valorizando a


níveis de abstração. escola, a professora e os colegas, e estão com muita 2
✓ Estágio puberdade e adolescência (11 anos em vontade de aprender. O ingresso nessa série vem ao
diante) — aparece aqui a exploração de si mesmo, na encontro dessas necessidades e apresenta-se como
busca de uma identidade autônoma, mediante possibilidades concreta de desenvolvimento da pessoa
atividades de confronto, autoafirmação, do(a) aluno(a).” (p. 40).
questionamento. O domínio de categorias cognitivas
de maior nível de abstração, entre as quais a categoria “Os dados coletados evidenciaram ainda a necessidade
dimensão temporal possibilita a discriminação mais de refletir cada vez mais acerca da importância do
clara dos limites de sua autonomia e de sua papel do(a) professor(a) construção do conhecimento
dependência, acrescida de um debate sobre valores. pelo(a) aluno(a), pois suas ações determinam os
✓ Idade adulta – apesar de todas as sentimentos expressos pelos(as) alunos(as) diante da
transformações ocorridas nas anteriores, o adulto se aprendizagem. Os professores precisam lembrar
reconhece como o mesmo e único ser: reconhece suas sempre que são integrantes ou atores privilegiados do
necessidades, possibilidades e limitações, seus meio de seus alunos e alunas e ficar atentos às
sentimentos e valores, assume escolhas em responsabilidades inerentes a esse privilégio.” (pp. 40-
decorrência de seus valores. Há um equilíbrio entre 41).
"estar centrado em si" e "estar centrado no outro".”
(pp. 18-19). “Há ainda que se destacar a necessidade de se atentar
e refletir sobre a afetividade presente no processo
“Em síntese, a identificação de sentimentos e de suas ensino-aprendizagem, bem como a de estarmos
situações indutoras pode ser uma boa base para a sempre muito atentos ao que nossos alunos e nossas
discussão com professores, fornecendo-lhes alunas têm a dizer. Ouvi-los(as) falar sobre suas
indicadores úteis para que iniciem a reflexão sobre sua vivências e seus sentimentos na escola constitui-se
prática, levando em consideração a dimensão afetiva, num diferencial deste estudo, que mostrou que as
lembrando sempre que as situações indutoras crianças têm muito a comunicar e a informar, de forma
desvelam necessidades de professores e alunos a ser autêntica e enriquecedora. A possibilidade de se
satisfeitos.” (p. 23). expressarem de forma tão espontânea e verdadeira,
como ocorreu, permitiu penetrar nesse universo
Cap. 2 Com a palavra, as crianças: os afetivo e perceber o quanto a educação, hoje, precisa
sentimentos de alunos e alunas da 1ª série do aprender ou saber como lidar com ele.” (p. 41).
Ensino Fundamental
Cap. 3 Quem tem medo de matemática?
Saud (2005) realizou uma pesquisa “cujo objetivo foi Sentimentos envolvidos no processo ensino-
conhecer os sentimentos de alunos e alunas da 1ª série aprendizagem de matemática por alunos de
do Ensino Fundamental em relação às experiências Suplência
vividas nesse contexto, bem como identificar suas
situações provocadoras.” (p. 25). “Fernandes (2004), em redações de cinquenta alunos
de 30 anos a 75 anos do Ciclo II do Ensino
“Conhecer os sentimentos desses alunos e alunas, Fundamental do Ensino Supletivo sobre suas
identificando as situações que os provocam, permite- lembranças das aulas e dos professores de matemática,
nos repensar nosso jeito adulto de pensar e praticar buscou compreender quais são os sentimentos
escola, uma vez que se têm indicadores de situações envolvidos no processo ensino-aprendizagem de
que facilitam (ou não) o processo ensino- matemática e como esses sentimentos podem interferir
aprendizagem.” (p. 26). no retorno desses alunos aos bancos escolares.” (p.
20).
“Os resultados revelaram sentimentos positivos
(tranquilidade, entusiasmo, confiança, alegria e “De acordo com Almeida (2004, p. 126),
prazer) em relação a essa série. A maioria dos
sentimentos está relacionada à professora, o que vem Na teoria walloniana, o professor desempenha um
reforçar a sua responsabilidade no início da vida papel ativo na construção da pessoa do aluno. [...] O
escolar das crianças.” (p. 19 e 20). professor deve basear a sua ação fundamentada no
pressuposto de que o que o aluno conquista no plano
afetivo é um lastro para o desenvolvimento cognitivo,
“Os sentimentos revelados em relação à 1ª série e vice-versa.” (p. 49).
mostram que essas crianças encontram-se abertas ao
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aluno, na medida em que as experiências vividas em


sala de aula determinam a natureza afetivida da 3
relação do aluno com o objeto do conhecimento.
“De acordo com Almeida “[...] o professor precisa Descobri também que a qualidade da mediação
criar condições afetivas para o aluno atingir a plena desenvolvida pelo professor pode gerar diferentes
utilização do funcionamento cognitivo, e vice-versa” tipos de sentimentos na relação do aluno com o objeto
(2004, p. 126).” (p. 50). do conhecimento.” (p. 55).

“Sinaliza, assim, para uma característica do professor “E a mesma marca afeta cada um de forma diferente.”
motivador: querer encontrar o prazer no ensinar e no (p. 55).
aprender, tornando a relação do aluno com o objeto do
conhecimento a menos dolorosa possível. Cap. 4 O papel da afetividade no processo ensino-
aprendizagem segundo futuros professores de
Portanto, ao professor compete canalizar a Educação Física
afetividade para produzir conhecimento [...]
reconhecer o clima afetivo e aproveitá-lo na rotina “Loberto (2005) trabalhou com vinte alunos de
diária da sala de aula para provocar interesse do licenciatura de educação física, utilizando-se de
aluno (ALMEIDA, 2004, p. 126)” (p. 50).
incidentes críticos, buscando compreender qual a
percepção que os futuros professores de educação
“(...) De acordo com Almeida (2000, p. 84)
física têm sobre o papel da afetividade no processo
“A aprendizagem ocorre se está adequada aos ensino-aprendizagem. Os resultados permitiram
interesses do aluno, e todo interesse nasce de uma afirmar que esses futuros professores percebem a
necessidade. O professor identificará as importância da afetividade nesse processo, que as
necessidades de seus alunos, criando condições para dimensões afetiva e cognitiva estão imbricadas e que
satisfazê-las”.” (p. 51). eles entendem que os sentimentos de respeito,
aceitação, valorização de si e do outro devem permear
“Em seu exercício de observador sagaz, o professor a relação pedagógica.” (p. 20).
deve atentar para as necessidades e os interesses reais
dos alunos, tendo em vista que O papel da afetividade no processo ensino-
aprendizagem
as atividades escolares devem ser pensadas para
satisfazer tanto a necessidade social (...) como a “Os dados revelaram que os futuros professores de EF
necessidade de diferenciação, dando espaço para que percebem o papel da afetividade como fundamental
as diferenças apareçam e se expressem, marcando e para que a EF consiga atingir seu propósito, o
aprofundando a identidade de cada um. (Mahoney, desenvolvimento integral dos alunos.” (p. 72).
2000a, pp. 13-14). (p. 50)
“As dimensões afetiva e cognitiva aparecem
“Em Wallon, sabemos que "a pessoa é uma totalidade, imbricadas na maioria das respostas. Ora a dimensão
um conjunto resultante da integração dos conjuntos afetiva era lastro para a dimensão cognitiva, ora os
motor, afetivo e cognitivo” (MAHONEY, 2000b, p. resultados mostram o contrário.” (p. 72).
16). Nas atuações relatadas pelos depoentes, vemos a
atuação de professores que desconsideraram a “Relembrando que, segundo Wallon, embora os
influência da afetividade em seu trabalho, tentando conjuntos motor, afetivo e cognitivo tenham
trabalhar somente com a cognição. Eis mais uma identidades estrutural e funcional diferenciadas, estão
característica dos professores bloqueadores de tão integrados que cada um é parte constitutiva dos
aprendizagem: ter a ideia de pessoa fragmentada, de outros. Qualquer atividade motora tem ressonâncias
que o processo cognitivo está desprendido da afetivas e cognitivas; toda disposição afetiva tem
dimensão afetiva. (...) Alerta-nos Mahoney: "É preciso ressonâncias motoras e cognitivas; toda operação
então lembrar que o papel da escola não se restringe mental tem ressonâncias afetivas e motoras; e todas
apenas à instrução, mas ao desenvolvimento de toda a elas têm um impacto no quarto conjunto, que é a
personalidade” (2000a, p. 14). pessoa, a qual, ao mesmo tempo que garante essa
integração, é resultado dela.” (p. 72).
“Entre outras descobertas que considero significativas,
posso concluir que as interações e as relações de O papel da educação física
ensino podem transformar o desenvolvimento do
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“Felizmente, as respostas para as diferentes situações professores. (...). Os resultados revelaram sensível
apontadas nos IC mostram que os futuros professores mudança de sentimentos desagradáveis para 4
compreendem a EF para além das práticas motoras, agradáveis: o estresse, o nervosismo e a impaciência
para além das técnicas e táticas dos movimentos. cederam lugar a tranquilidade, melhora no humor,
Valorizam o papel da EF não apenas no calma e redução na ansiedade, concomitantemente à
desenvolvimento físico, mas também no redução na tensão corporal; revelaram também
desenvolvimento emocional e cognitivo, contribuindo redução na inibição, principalmente no contato de
para a formação integral dos cidadãos. alunos com docentes, e maior tolerância com os
colegas.” (p. 20).
O papel do professor de educação física
“Para a discussão dos dados, além da teoria de
“Os dados reforçam que, na visão dos futuros desenvolvimento de Henri Wallon, utilizaram-se
professores, as relações de mediação feitas pelo também, como referencial teórico, os princípios da
professor de EF durante as atividades pedagógicas bioenergética.” (p. 80).
devem ser de sentimentos de respeito, aceitação,
valorização de si e do outro. Tais sentimentos “A bioenergética é uma terapia de abordagem
favorecem a autonomia, possibilitam o corporal, elaborada por Alexander Lowen. (...). Na
desenvolvimento das aptidões e fortalecem a bioenergética trabalha-se com o processo energético
confiança na capacidade de decisão de professores e do corpo, por meio de exercícios, focando o
alunos.” (p. 73). movimento e a respiração.” (p. 80).

“A análise dos dados oferece algumas indicações de “(...) existem várias congruências entre as propostas de
ação de formação no curso de licenciatura em EF: Wallon e Lowen, especialmente no que tange à visão
de homem como um ser vivo integrado à sociedade,
• Oferecer aos alunos conhecimentos sobre o constituído por um corpo com movimentos,
desenvolvimento não só motor, mas afetivo e sentimentos e pensamentos. E também no fato de que
cognitivo. A ênfase na teoria das emoções, nas ambos ressaltarem a importância da educação na
formação do homem.” (p. 80).
teorias de desenvolvimento e de aprendizagem
vem contribuindo para a mudança de concepção “Há, porém, entre eles, um ponto de divergência e
da EF, de um corpo de conhecimentos complementaridade que foi fundamental no desenho
especificamente biológico para uma educação desta pesquisa. Wallon prioriza a demonstração
mais humanista. teórica da integração funcional entre os conjuntos
• Necessidade de trabalhar mais a afetividade, não funcionais (motor, afetivo, cognitivo e pessoa), em um
meio social, sem pretender abordar ou discutir as
só o conhecimento de diferentes teorias de
possíveis mudanças resultantes do desequilíbrio entre
desenvolvimento, mas o trabalho, em classe, de esses componentes. Lowen considera integração dos
estratégias que ajudem o futuro professor a mesmos componentes, mas enfoca principalmente as
desenvolver habilidades de relacionamento modificações ocorridas quando há alteração em algum
interpessoal. destes elementos, e propõe uma abordagem corporal a
• Utilização da técnica dos incidentes críticos na fim de restabelecer o equilíbrio do indivíduo como um
todo.” (p. 82).
formação, que pode ser uma das estratégias para o
desenvolvimento das habilidades citadas acima.” O relato de professores e alunos
(p. 73).
“A partir das entrevistas, evidencia-se a integração dos
Cap. 5 Sentimentos e emoções: um estudo com aspectos afetivos, cognitivos e motores, assim como
professores e alunos de medicina veterinária suas múltiplas combinações em relação estreita com a
importância do outro na constituição da pessoa e dos
“Silva (2005) investigou professores e alunos de curso grupos.” (p. 82).
de medicina veterinária. Aplicou questionários sobre
sentimentos e emoções e, a partir da devolução de 21 “Existiam então dois grupos, cujos membros
questionários de alunos e 15 de professores, elaborou formavam um par complementar e indissolúvel,
um programa de exercícios de bioenergética que teve professor-aluno, que estavam apresentando,
como participantes voluntários sete alunos e sete inicialmente, sentimentos de mal-estar
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complementares por oposição: medo e raiva. livros somente e que a vivência de situações práticas é
Conforme Lowen (1970), estes dois sentimentos são decisiva para seu desenvolvimento.” (p. 20). 5
de emergência e têm sentidos opostos. Enquanto a
raiva leva para a luta, o medo leva para a retração e a “Wallon (1975ª) afirma que a ação de ensinar também
paralisia. Para Wallon (1995b), um leva para o é psicológica e, portanto, tal formação do professor
hipertônus e o outro para a insegurança postural.” (pp. não pode ficar restrita aos livros, mas precisa ter
84-85). referência constante nas experiências pedagógicas
criadas por ele próprio. Sem desconsiderar que a
“Na situação em que os professores não percebem seu formação do educador precisa estruturar-se pela
corpo, nem as mensagens que transmitem por meio integração de conhecimentos de formação psicológica,
dele, o processo ensino-aprendizagem torna-se pedagógica e específica.” (p. 89).
deficiente, sem, portanto, haver percepção, nem
compreensão dos problemas, dos reais motivos, o que “(...) o reconhecimento por parte de todos os
impossibilita a solução do problema e pode, ainda, envolvidos nesse estudo – professores e alunos – de
agregar novas dificuldades. O mesmo ocorre quando que a formação do professor de natação/educação
os alunos estão voltados para seu mal-estar, porém física compromissado com o desenvolvimento da
sem percebê-lo, nem viabilizar possíveis caminhos autonomia do seu aluno no meio aquático necessitou
para superá-lo.” (p. 85). integrar os conteúdos que envolvem a formação
psicológica, pedagógica e específica subsidiados por
“Ao estabelecer contato com o corpo (tensões, princípios e conceitos wallonianos, cujos
capacidades e possibilidades) e sentimentos, pode conhecimentos precisam estar em constante
haver uma separação, uma diferenciação entre eu e o atualização e ser situados na realidade pedagógica
outro exterior, de forma semelhante ao apontado por vivenciada.” (pp. 99-100).
Wallon (1975). A partir desta separação, cada
indivíduo pode se perceber como uma unidade e ver o Cap. 7 Sentimentos de professores diante da
outro da mesma forma, reconhecendo semelhanças e indisciplina de alunos(as) adolescentes no ensino
apontando diferenças que demonstram as fundamental
singularidades, mas permitem reflexão, relação,
contato e troca com o outro.” (p. 85). “Chaves (2005) procurou identificar os sentimentos de
professores(as) em relação à indisciplina de alunos e
“É importante lembrar que uma proposta de atividade alunas por meio de entrevistas semiestruturadas com
integradora que influencie o professor também reflete dois professores e duas professoras do Ensino
no aluno, e vice-versa, pois esta é uma íntima e Fundamental da rede pública. Todos os entrevistados
complementar, fundamental para a constituição do relataram situações nas quais a temperatura afetivo-
profissional docente e do futuro médico veterinário, emocional foi elevada diante da indisciplina, tanto de
que é o estudante.” (p. 86). aluno quanto de aluna adolescentes. Todos os
entrevistados relataram sentimentos negativos diante
Cap. 6 Formação de professores de natação / da indisciplina, como raiva, antipatia, tristeza.” (p.
educação física: contribuições de princípios e 21).
conceitos wallonianos
“O rompimento desse clima de rispidez depende da
“Limongelli (2006) propôs-se analisar a influência que redução da atmosfera emocional, possibilitada
as vivências e as aprendizagens realizadas na principalmente pelo distanciamento da situação e pela
disciplina de natação na licenciatura de educação reflexão sobre as situações provocadoras desses
física, subsidiada por conceitos e princípios da teoria contextos de elevada temperatura emocional, para que
walloniana, representaram para os alunos e a o(a) professor(a) amplie suas possibilidades de
professora ao término da implantação de um projeto. intervenção no grupo sem ser tragado(a) pelas
Utilizou-se de questionário questões abertas, dinâmicas turbulentas (Galvão, 2004).” (p. 107).
entrevistas e incidentes críticos. Os dados revelaram
que a teoria walloniana forneceu aos futuros “Evidenciou-se, nas quatro entrevistas, a necessidade
professores de educação física subsídios para uma de acolhida institucional aos(as) docentes, fomentando
observação cuidadosa de seus alunos, para a espaços de escuta, reflexão tanto individual como
identificação das necessidades e possibilidades deles. coletiva, na formação continuada, para que estes(as)
Os dados salientam também que a formação percebam os efeitos da emoção e corticalizem a
psicológica dos alunos não pode ficar restrita aos intervenção efetuando os ajustes necessários, criando
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assim um clima afetivo favorável ao ensino- “(...) segundo Wallon, o outro não é só modelo de
aprendizagem. A reflexão escrita e o uso de outras projeção ou identificação, mas ele é o seu 6
linguagens também favoreceriam o distanciamento e a complemento fazendo parte do seu próprio eu. Nesse
elaboração dos sentimentos negativos e hostis na sentido, a formadora, quando estabelece uma boa
relação professor(a)-aluno(a).” (pp. 107-108). relação com os participantes, pode vir a ser
considerada pessoa da família, da localidade onde
“Saber que os sentimentos requerem a capacidade ministra o curso, e reconhecida como contribuinte para
ideativa do sujeito, que ao estar em jogo reduz a o país. Assim é que se torna modelo e passa a ser tanto
manifestação emotiva, é de grande valor para a prática imitada quanto enaltecida por seus formandos.” (p.
docente. Orientar tal prática à ampliação de recursos 129).
para manifestação dos sentimentos discentes,
possibilitar mais canais de comunicação para melhor “Antes de delinear alguns princípios norteadores para
lidar com os conflitos que emergem no cotidiano em aprimorar um processo de formação de professores,
sala de aula são atitudes fundamentais para lidar com desenvolvi alguns pressupostos que considero básicos
os comportamentos considerados indisciplinados. Ao construção do perfil desse profissional. O primeiro
mesmo tempo, fornecem mais recursos para o deles é o compromisso – que é ao mesmo tempo ético
professor observar-se, ficar mais “abrigado da e moral. Ainda que o caminho seja estreito e as pedras
tempestade emocional”, tornando sua intervenção machuquem meus pés e eles sangrem, mesmo assim
mais eficiente...” (p. 108). seguirei rumo ao meu objetivo, pois o nosso caminho
é um só.” (p. 133).
“O referencial de Henri Wallon ofereceu valiosas
contribuições na discussão desta instigante temática, “O segundo pressuposto é o envolvimento – aquele
ampliando as formas de intervenção docente. Entre com o qual me doo e para o qual sou receptiva na
essas intervenções, pode-se salientar: dosagem do mesma intensidade, – e o atrelo à qualidade de deixar
conteúdo, adequando-o à realidade e às necessidades fluir meu potencial de afetividade, sem descartar desse
discentes; ajustes constantes no planejamento, de contexto os possíveis sentimentos que vão se
forma a propor atividades desafiadoras; trabalhos em manifestando — quando se tem um mesmo objetivo.
grupo (enfatizando a iniciativa e a solidariedade na Desse modo, quando me envolvo, sou capaz de me
equipe discente); regulação da rotina em sala de aula doar, quando me doo corro riscos de me emocionar. Se
contemplando também as necessidades motoras: levarmos em conta que as emoções vibram e
alternando períodos de contenção e que possibilitem contagiam (Wallon), podemos afirmar que o
movimentação durante a aula; escuta por parte do(a) professor, quando se emociona, certamente desperta
professor(a), criação de vínculos, respeito, propiciar esse mesmo sentimento em seus coparticipantes, pois
oportunidades para o(a) aluno(a) formular sua opinião o nosso caminho é um só.” (p. 133).
sobre a temática abordada (em forma de debates,
discussão, entre outras) e pensar sobre si e sobre seus “Para levantar meu terceiro pressuposto nessa
valores.” (p. 115). trajetória, busquei duas qualidades pessoais, a
humildade e a dedicação — não antes de ressaltar que
Cap. 8 Cartas de Moçambique: uma experiência humildade aqui é tão somente o oposto de arrogância
de afetividade no processo de formação de e que dedicação é sinônimo de “fazer consciente”.” (p.
professores 133).

“Tamarozzi (2004) trabalhou com dez cursistas de um “O quarto e último dos pressupostos que escolhi para
Programa de Alfabetização Solidária, realizado em fazer este grande-mosaico de possibilidades, para a
Moçambique, utilizando-se de cartas para responder à aprendizagem de mim e do mundo, é a reflexão – já
questão: "É relevante que, no processo de formação de que entendo que esta é a necessidade básica da
professores, se dê lugar à expressão de afetividade trajetória da formação do professor. Assim, estes
(emoções, sentimentos, paixão)?”. As cartas, bem quatro pressupostos são o sustentáculo da competência
como a atuação dos professores, provocaram a profissional do professor. Essa competência para a
expressão de sentimentos de alegria, confiança e reflexão tem em seu alicerce o “saber fazer e o saber
conforto. A partir da análise das cartas dos cursistas, fazer bem”. Porém, para alcançar ser um professor
procurou-se delinear alguns princípios norteadores reflexivo, essa competência para a reflexão deve e
para um processo de formação de professores.” (p. 21). necessita estar amparada em sólidos fundamentos da
autoridade do saber, como postulou Perrenoud (1999):
“[...] saber fazer, saber fazer bem e saber que sabe
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fazer bem”. Assim, a competência para a reflexão é parte constitutiva e no qual, ao mesmo, se constitui.”
passa a ser, portanto, a condição última dos requisitos (pp. 147-148). 7
que proponho para o quase-perfil ainda toscamente
desenhado para este estudo sobre a formação do “Wallon (1985), ao abordar a formação da identidade,
professor ou o que seria reconhecível em um rol de chamada por ele de personalidade, a descreve como
qualidades e princípios para permitir que tal uma percepção de si mesmo adquirida por afirmação
profissional seja identificado, pois o nosso caminho é constante de autonomia em relação aos demais,
um só.” (p. 133). construída por processos de identificação e
diferenciação, mas afirma não ser suficiente para
Cap. 9 Vidas de professoras: sentido do trabalho e compreender a sua constituição olhar apenas as
formação – um estudo a partir da atuação docente relações da pessoa no ambiente.” (p. 148).
mediatizada por novas tecnologias
Wallon (1985) admite que a pessoa constitui sua
“Prandini (2005) investigou três professoras, por meio identidade ao subjetivar de maneira particular os
de entrevistas realizadas no decorrer de três anos, com acontecimentos que fazem sua existência:
o objetivo de compreender como, ao longo do tempo,
algumas professoras inicialmente inexperientes na Segundo as etapas, as circunstâncias e as disposições
atuação mediatizada por NTIC (Novas Tecnologias de profundas de cada um, as relações da pessoa com o
Informação e Comunicação) se desenvolveram no conjunto da vida psíquica são variáveis. Sua fórmula
trabalho, passando a ter segurança e desenvoltura. de modo algum é estereotipada ou uniforme. Pode ser
mais concreta ou mais abstrata, mais extensa ou mais
Procurou também compreender os sentidos do restrita, mais flexível ou mais rígida. Os
trabalho na vida dessas professoras. Os dados obtidos, acontecimentos que fazem uma existência são
no tocante à relação pedagógica, revelam que a falta diversamente integrados por aquele que vive: de forma
de contato face a face com os alunos teve grande flutuante ou rígida, exercendo sua influência na
impacto, mas a diferença de vínculo em relação ao conduta e sofrendo a influência dela, em suma,
aluno presencial foi aceita, e diferentes formas de amalgamando-se a diferentes sistemas de tendências
comunicação foram estabelecidas. Mostrou-se ou de necessidades (p. 235). (p. 148).
essencial o registro sobre a produção dos alunos nas
interações, uma vez que as professoras não tinham a “A pessoa do professor, sua identidade pessoal e
imagem do aluno para ancorar as informações, o que profissional se constituem continuamente em sua
dificultava a memorização. Outro fator que exerceu relação com o meio social, no qual se inserem, do qual
grande impacto na relação professor-aluno foi o fato estão impregnadas. É em sua atividade cotidiana nesse
de que todas as interações ficaram visíveis e meio, e de maneira complementar a ele, que a pessoa
registradas no ambiente, expondo assim tanto do professor se desenvolve, se expressa e se dá a
professores como alunos, o que gera inibição de ambos conhecer. Essa constituição não se dá de maneira
em relação à participação. Aparecem tanto linear e homogênea, mas de forma descontínua e
sentimentos de alegria, confiança e envolvimento contraditória, a partir da subjetivação pela pessoa do
como de ansiedade e nervosismo.” (p. 21). professor da identidade profissional e sua integração à
pessoal, que, por sua vez, constitui a profissional.” (p.
“Wallon considera a pessoa síntese entre um 148).
organismo com potencial genético para se tornar um
representante típico da espécie e o meio Cap. 10 Afetividade e processo ensino-
predominantemente social. Assim, pessoa é um aprendizagem: um estudo com professores do
conceito abstrato, genérico, que se opõe ao conceito de ensino superior
indivíduo, conceito que implica singularidade, no qual
a pessoa se concretiza.” (p. 147). “Almeida e Mahoney (2006) buscaram compreender
os sentimentos e emoções que permeiam o processo
“Assim, as condutas da pessoa são consideradas ensino-aprendizagem no Ensino Superior, trabalhando
complementares às contingências do meio e com dezessete professores de diferentes áreas da
resultantes tanto de suas disposições individuais como graduação, com idades de 28 a 59 anos. Utilizando-se
de suas condições de existência, que incluem papel e de questionários e entrevistas, identificaram os
lugar que ocupa no grupo social, história e sentimentos e as emoções, suas situações indutoras e,
circunstâncias momentâneas. Portanto, a pessoa só a partir delas, as necessidades dos professores. Em
pode ser entendida no meio ao qual pertence, do qual todas as falas aparecem: necessidade da valorização,
de reconhecimento por seu trabalho, de trocar
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experiências, de formar melhores profissionais.” (p. facilitar a divulgação para o público docente,
21). respondendo a questionamentos comuns na área. (p. 8
21).
“O que contribui para tonalidades agradáveis:
• Relacionamentos professor-aluno nos quais os “(...) as relações sociais estão vinculadas a conceitos
alunos respondem ao ensino porque atende às específicos e nas articulações teóricas que deram a
suas necessidades, o professor percebe que ele base de sustentação para a teoria das emoções
ensina e o aluno aprende. walloniana.” (p. 168).
• Relacionamentos flexíveis, professor e aluno
“negociam” acordos. “A ênfase dada aos termos norteadores social, meio e
• Gosto pelo ensinar, vibração pela atividade seus derivados nos documentos analisados
docente. demonstrou que as relações sociais estão diretamente
• As situações que garantem a tonalidade vinculadas a articulações conceituais relevantes e se
agradável têm como apoio o respeito às tornam indispensáveis para a compreensão de
necessidades e às características do aluno e do conceitos muito específicos da teoria walloniana, tais
professor. como: o biológico, social, sociabilidade, socialização,
interações sociais, socius, grupo, emoção,
O que contribui para tonalidades desagradáveis: motricidade, pensamento, inteligência, conhecimento,
• Pouco tempo para se dedicar ao preparo das assim como estão na gênese de sua concepção de
aulas, para atender a todos os alunos. psiquismo, personalidade e do caráter da pessoa.” (p.
• Pouca confiança na própria competência para 169).
dar conta das tarefas.
“A expressão “relações sociais” foi apreendida na obra
• Não participação efetiva dos alunos nas
do autor com significados diversos. São os
atividades propostas.
relacionamentos interpessoais, as relações entre
• Indisciplina.
indivíduos e seus grupos de pertencimento, as relações
• Solidão por não haver espaço para troca de entre os indivíduos e as instituições sociais, as relações
experiências com colegas. entre o indivíduo com a língua-mãe, com os símbolos
• Relacionamentos pouco satisfatórios do ponto e as técnicas de seu tempo – a cultura.” (p. 169).
de vista afetivo por falta de afinidade da turma
com a disciplina ou o professor.” (p. 160). “(...) princípios do sistema explicativo de
desenvolvimento walloniano (...): a) fatores do
“Os sentimentos de tonalidades agradáveis são as
desenvolvimento: o desenvolvimento humano se dá na
expressões de necessidades de: ter o trabalho
exata integração entre fatores sociais e orgânicos; b)
reconhecido, ser respeitado e ter limites
ritmo de desenvolvimento: o meio social imprime
estabelecidos na relação professor-aluno e
ritmo ao desenvolvimento individual; c)
professor-instituição; ter um trabalho que garanta
direcionamento do desenvolvimento: da sociabilidade
formação de bons profissionais, que inclui formação
sincrética para a diferenciação do indivíduo.” (p. 169).
de atitudes e valores; sentir-se progredindo em suas
habilidades de professor; ser compreendido pelo “(...) o indivíduo estabelece um tipo característico de
outro (aluno) não só no conteúdo, mas em sua forma relação com o meio social nas diferentes fases de seu
de ser; trabalhar em ambientes promotores de desenvolvimento. São elas: a) as relações simbióticas
relações interpessoais harmoniosas e produtivas.” (simbiose fisiológica e simbiose afetiva)
(p. 161). características do estágio impulsivoemocional; b) as
relações de reciprocidade alternante e bipolar,
Cap. 11 Relações sociais na teoria de
características do estágio sensório-motor e projetivo;
desenvolvimento walloniana: uma pesquisa
c) as relações de conflito e oposição, características do
teórica
estágio personalismo; d) as relações de reciprocidade
mais igualitárias no estágio categorial; e) as relações
“Cumpre ainda destacar o trabalho teórico de Dourado
de conflito e oposição, características do estágio da
(2005), que procurou responder à questão “Quais as
puberdade-adolescência.
características das relações sociais a partir das
descrições dos estágios de desenvolvimento da teoria
“Considerou-se que os princípios e conceitos
de Henri Wallon?". O objetivo foi sistematizar os
metodológicos, filosóficos e epistemológicos, assim
conhecimentos sobre o tema com a finalidade de
como os princípios e leis da teoria de desenvolvimento
TEORIAS DA APRENDIZAGEM WALLON
PROFESSOR: Juliana Célia de Oliveira

de Henri Wallon, podem auxiliar a área a reinterpretar Por outro lado, as relações de oposição (estágio do
a prática pedagógica objetivando, principalmente, a personalismo e puberdade-adolescência) são aspectos 9
ampliação do campo de atuação docente, pois, entre sobre os quais o meio escolar tem vasto campo de
outros aspectos: a) inviabilizam os determinismos e as possibilidades de reflexão para auxiliar na diminuição
dicotomias ainda persistentes no meio escolar; b) da indisciplina e em situações de confronto entre
eliminam as concepções limitadoras para uma ação professor e aluno, lembrando que o conflito é
educacional transformadora, pois proporcionam um necessário e importante exercício na constituição do
conhecimento amplo dos processos de aprendizagem; indivíduo. Pela oposição, aprende-se a argumentar,
c) auxiliam o professor na compreensão das busca-se a compreensão de pontos de vista
características e necessidades, assim como da forma divergentes, articula-se o raciocínio com coerência e
de pensamento e da configuração mental em cada fase linearidade, justifica-se, coloca-se no lugar do outro,
do desenvolvimento.” (p. 170). conhece-se seus próprios limites. Etapa rica em
desafios para os que com ela lidam, a contrapartida é
“A mediação vista pelo prisma walloniano se reveste poder auxiliar na difusão de sentimentos como os de
também de relevante importância para ação docente, solidariedade, responsabilidade e fraternidade,
pois o professor e o grupo/classe afetam e são afetados sentimentos amplamente apontados pelo autor como
em sua formação intelectual, em sua imagem corporal fundamentais para a construção de uma sociedade que
e de si, na constituição de seu caráter e de sua respeite a diversidade, mais justa e igualitária.” (p.
personalidade. O professor, ao ensinar, cria condições 171).
para o desenvolvimento, é instrumento, recurso e
condição para o aluno aprender. O aluno, por sua vez,
é correspondente por seu processo de
desenvolvimento e aprendizagem. Logo, o foco da
ação docente pode ser estabelecido, entre outros
elementos, no tipo de relacionamento estabelecido
entre professor, aluno e conhecimento.” (p. 171).

“Diante de tal pressuposto, o meio escolar pode refletir


para ressignificar a prática docente ao compreender as
características e qualificações das relações sociais em
cada estágio de desenvolvimento sugeridas pelo autor.
Essas relações, independentemente de sua
diversidade, são sempre relações de
complementaridade para a constituição da identidade
do indivíduo. Nos primeiros meses de vida, são
simbióticas. Depois, ora são de reciprocidade, ora
relações de conflito e oposição. Essa alternância é Finalizamos com palavras de Baruch de Spinoza
fundamental para o desenvolvimento do ser humano, (1622-1677), que dizia: “o conhecimento só produz
pois vai constituí-lo no conhecimento e na maneira de mudanças na medida em que também é conhecimento
ele ser, responder e estar no mundo.” (p. 171). afetivo". (p. 73).

“Nessa linha de raciocínio, a Educação Infantil pode


utilizar, por exemplo, nos primeiros anos de vida da
criança, nas relações simbióticas e baseadas na
reciprocidade alternante e bipolar (estágio impulsivo-
emocional, sensório-motor e projetivo), da
expressividade da emoção como recurso didático, e
com isso utilizar todas as oportunidades voltadas para
os cuidados, tais como alimentação e higiene,
exercitar a discriminação das sensibilidades, para
ampliação cognitiva e diminuição da simbiose e do
sincretismo. Com isso, o olhar, o tom de voz, gestos e
atitudes serão instrumentos que auxiliarão na
constituição da personalidade, do caráter, da
autoimagem e da autoestima da criança.” (p. 171).
TEORIAS DA APRENDIZAGEM WALLON
PROFESSOR: Juliana Célia de Oliveira

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