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Capítulo 4

- Direito Penal não pode ser dissociado do conceito de Estado. A compreensão da


Pena e de sua origem encontra-se no surgimento do Estado, mudando conforme o
contexto social

IDADE MÉDIA - Estrutura verticalizada de classes. O poder dos senhores limitava o poder
real, que coexistia com a Igreja, responsável pela arte e ciência, que impunha uma cultura
comum. Poder supremo: monarca e papa, dominantes temporal e espiritualmente.

Monarcas: Controle dos corpos das classes sociais


Igreja: Poder universal, espírito das almas

Controle das almas (Inquisição) vinha antes do controle à má conduta da comunidade.

- Estrutura da Idade média misturava o Direito e a Moral e dava ao crime uma dupla
dimensão: atentado ao monarca e à lei de Deus, sendo visto como pecado.

À medida que a Igreja demandou mais poder, ameaçou os monarcas.

EXPANSÃO DO COMÉRCIO - Deu aos reis maior poder sobre os senhores feudais, com
um sistema que exigia uma organização política de maior escala e mais centralizada.
Tinham apoio do banqueiros e comerciantes.

Conflito: governo das almas coexistir com o governo dos corpos?

- Lutas internas da Igreja fizeram sua resistência debilitar contra as monarquias, que
reclamavam mais autonomia para o governo civil. Estado separado da Igreja é
ilimitado como forma de exercício do poder. Surge o ESTADO-NAÇÃO, inaugurando
a Idade Moderna.

O crime vai deixar de ser pecado para se tornar um atentado ao poder soberano,
iniciando-se o confisco soberano do conflito.

Período de mudanças sociais: grandes navegações, financiamentos, empresas emergentes,


invenções como a imprensa, grandes acontecimentos como o Renascimento, revolução
mercantil e o colonialismo

MERCANTILISMO - racionalização do exercício do poder no poder do soberano, bloqueado


na ideia de obediência às leis/do contrato entre governante e governado, procurando a
riqueza do soberano

A PENA - Transforma-se em aflitiva e vinculada ao mal causado. Exploração da mão de


obra de forma exploratória. Transforma o trabalho em mercancia, regulando o mercado de
trabalho.

A reelaboração da ordem instituída para dar lugar à racionalidade, leva ao surgimento da


ratio status, a razão de estado, que surgem para legitimar uma nova formação social.
“A violência do Estado não é, em certo modo, mais que a manifestação explosiva de sua
própria razão”

Marco do ESTADO ABSOLUTO, em:

a) KANT - ainda que o Estado se dissolvesse, devia antes ser executado até o último
assassino a fim de que sua culpabilidade não ficasse no povo que não insistiu na
sanção.

b) HEGEL - considerava que a pena era a negação do delito, e como o delito era a
negação do direito, a pena era a reafirmação do direito. Retribuição fundamentada
na necessidade de reafirmar o direito.

PENA - Função preventiva geral, mediante a intimidação do cidadão ou sua coação


psicológica (Feuerbach). Homem é um ser racional que pode ser motivado a não realizar
condutas delitivas.

- Expansão colonial = Revolução Industrial = neocolonialismo. Classe burguesa limita


os poderes do monarca em um regime de Estado liberal. Iluminismo e o discurso de
romper com ligaduras pessoais ao monarca e a Deus.

Mudanças se refletem na ideia de PENA:

- Itália: a medida da pena é o mínimo sacrifício necessário da liberdade individual

- Inglaterra: segundo utilitarismo, o delito devia resultar do cálculo entre o grau de


prazer que a ação produzia a seu autor e o grau de dor que causava aos demais.
Pena como prevenção geral e retribuição do mal causado

Burguesia no poder = concentração de riquezas = novas formas de exercício do poder para


controlar os centros urbanos.

- A pena deixa de ser centrada na mera restauração da ordem para ser pautada na
defesa de uma nova ordem

POLÍCIA - Assegurar o disciplinamento urbano, considerando como “doentes perigosos que


deveriam ser separados do corpo social” àqueles que não aceitavam a nova ordem. A pena
seria preventiva para evitar esse “epidemia”, em um primeiro momento visando ao
tratamento do delinquente, e para os reincidentes e eliminação. É a expressão real e direta
do poder do Estado, que tem sua racionalidade na necessidade da ordem.

PÓS 2ª GM - Fundamentação do castigo realizada com as teorias da pena relevadas ou


combinando elas, deixando o estudo da questão criminal nas mãos da criminologia como
disciplina autônoma.

CRIMINOLOGIA DA REAÇÃO SOCIAL: Os vícios do sistema penal levam à mudança de


um estudo voltado para a análise da conduta delituosa (criminalidade) para um estudo de
atuação do poder punitivo, considerando sua função e os efeitos que nos sujeitos e na
sociedade exerce (criminalização), a destaque dos efeitos condicionantes e reprodutores da
criminalidade.

Sistema penal se faz sentir sobre os pobres, extremando suas condições de subsistência.
Dosagem do castigo conforme o mercado.

Criminologia “liberal” norte-americana, interacionismo simbólico, observou que o cárcere era


reprodutor da criminalidade

TEORIA DO ETIQUETAMENTO - exercício do poder punitivo atribuía papéis sociais

- Falta de respostas à criminalidade urbana nos EUA faz surgir estudos que se
inclinam a uma maior dureza na resposta punitiva.

- Realismo criminológico ou realismo de direita: criminalidade aumentou por conta da


redução das possibilidades de impor castigos. Necessidade de reforçar a
intervenção do Estado na repressão ao crime. A pena devia ter uma função
preventivo-geral negativa.

Política da Tolerância Zero - Eram recolhidos à prisão até os mendigos. Houve grande
demanda por abusos policiais e incremento nas penas de morte informais. Haviam penas
privativas de liberdade muito extensas em razão do abastecimento do sistema prisional
privado. A pena passa a ter uma função preventivo-especial negativa.

“Direito Penal do inimigo” (Gunther Jakobs) - Dar resposta às mudanças sociais, que teriam
gerado infrações de elevada gravidade. Seria aplicado sobre aqueles que negam
expressamente ou não garantem que se comportarão como pessoa. Se transforma, logo,
em reação contra um inimigo, não considerado pessoa. (INIMIGO = indivíduo que tem
habitualmente e publicamente abandonado o Direito, sem garantir seguridade cognitiva de
sua conduta).

Adiantamento da punibilidade, supressão de garantias processuais e neutralização


daqueles que não oferecem garantia cognitiva, necessária para serem tratado como
pessoa. A pena para o inimigo teria uma função preventivo-especial negativa.

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