Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e do Adolescente
e normas correlatas
2a edição
Atualizada até maio de 2023
SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2023 – 2024
Senador Weverton
SEGUNDO-SECRETÁRIO
SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senadora Mara Gabrilli
Senadora Ivete da Silveira
Senador Dr. Hiran
Senador Mecias de Jesus
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas
Estatuto da Criança
e do Adolescente
e normas correlatas
2a edição
Brasília – 2023
Edição do Senado Federal
Diretora-Geral: Ilana Trombka
Secretário-Geral da Mesa: Gustavo A. Sabóia Vieira
CDDir 342.17
9 Apresentação
18 Lei no 8.069/1990
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências.
Normas correlatas
76 Lei no 14.344/2022
Cria mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente, nos termos do § 8o do art. 226 e do § 4o do art. 227 da Constituição […]
83 Lei no 13.431/2017
Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de
violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
89 Lei no 13.257/2016
Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 […]
94 Lei no 12.852/2013
Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das
políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE.
Apresentação
9
Dispositivos constitucionais
pertinentes
Constituição
da República Federativa do Brasil
coletivos, com a eliminação de obstáculos arqui- esferas do poder público para a execução de
tetônicos e de todas as formas de discriminação. políticas públicas.
�������������������������������������������������������������������������������
§ 3o O direito a proteção especial abrangerá Art. 228. São penalmente inimputáveis os
os seguintes aspectos: menores de dezoito anos, sujeitos às normas
I – idade mínima de quatorze anos para da legislação especial.
admissão ao trabalho, observado o disposto
no art. 7o, XXXIII; Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e
������������������������������������������������������������������������������� educar os filhos menores, e os filhos maiores têm
III – garantia de acesso do trabalhador ado- o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
lescente e jovem à escola; carência ou enfermidade.
������������������������������������������������������������������������������� �������������������������������������������������������������������������������
14
Estatuto da Criança
e do Adolescente
Índice sistemático da
Lei no 8.069/1990
vimento infantil, bem como sobre formas de intensiva neonatal deverão dispor de banco
favorecer a criação de vínculos afetivos e de esti- de leite humano ou unidade de coleta de leite
mular o desenvolvimento integral da criança. humano.
§ 8o A gestante tem direito a acompanha-
mento saudável durante toda a gestação e a Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimen-
parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a tos de atenção à saúde de gestantes, públicos e
aplicação de cesariana e outras intervenções particulares, são obrigados a:
cirúrgicas por motivos médicos. I – manter registro das atividades desenvol-
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca vidas, através de prontuários individuais, pelo
ativa da gestante que não iniciar ou que aban- prazo de dezoito anos;
donar as consultas de pré-natal, bem como II – identificar o recém-nascido mediante
o registro de sua impressão plantar e digital e 19
da impressão digital da mãe, sem prejuízo de com maior prevalência no País, com proto-
outras formas normatizadas pela autoridade colo de tratamento aprovado e com tratamento
administrativa competente; incorporado no Sistema Único de Saúde.
III – proceder a exames visando ao diagnós- § 3o O rol de doenças constante do § 1o deste
tico e terapêutica de anormalidades no meta- artigo poderá ser expandido pelo poder público
bolismo do recém-nascido, bem como prestar com base nos critérios estabelecidos no § 2o
orientação aos pais; deste artigo.
IV – fornecer declaração de nascimento onde § 4o Durante os atendimentos de pré-natal e
constem necessariamente as intercorrências do de puerpério imediato, os profissionais de saúde
parto e do desenvolvimento do neonato; devem informar a gestante e os acompanhan-
V – manter alojamento conjunto, possibili- tes sobre a importância do teste do pezinho e
tando ao neonato a permanência junto à mãe; sobre as eventuais diferenças existentes entre
VI – acompanhar a prática do processo de as modalidades oferecidas no Sistema Único
amamentação, prestando orientações quanto à de Saúde e na rede privada de saúde.
técnica adequada, enquanto a mãe permane-
cer na unidade hospitalar, utilizando o corpo Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas
técnico já existente. de cuidado voltadas à saúde da criança e do
§ 1o Os testes para o rastreamento de doen- adolescente, por intermédio do Sistema Único
ças no recém-nascido serão disponibilizados de Saúde, observado o princípio da equidade
pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito do Pro- no acesso a ações e serviços para promoção,
grama Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), proteção e recuperação da saúde.
na forma da regulamentação elaborada pelo § 1o A criança e o adolescente com defi-
Ministério da Saúde, com implementação de ciência serão atendidos, sem discriminação
forma escalonada, de acordo com a seguinte ou segregação, em suas necessidades gerais de
ordem de progressão: saúde e específicas de habilitação e reabilitação.
I – etapa 1: § 2o Incumbe ao poder público fornecer
a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalani- gratuitamente, àqueles que necessitarem, medi-
nemias; camentos, órteses, próteses e outras tecnologias
b) hipotireoidismo congênito; assistivas relativas ao tratamento, habilitação
c) doença falciforme e outras hemoglobi- ou reabilitação para crianças e adolescentes,
nopatias; de acordo com as linhas de cuidado voltadas
d) fibrose cística; às suas necessidades específicas.
e) hiperplasia adrenal congênita; § 3o Os profissionais que atuam no cuidado
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
pessoa em melhores condições de assumi-la. seis anos mais velho do que o adotando.
§ 4o Os divorciados, os judicialmente sepa-
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o rados e os ex-companheiros podem adotar
disposto no art. 24. conjuntamente, contanto que acordem sobre
a guarda e o regime de visitas e desde que o
estágio de convivência tenha sido iniciado na
SUBSEÇÃO IV – Da Adoção constância do período de convivência e que
seja comprovada a existência de vínculos de
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente afinidade e afetividade com aquele não detentor
reger-se-á segundo o disposto nesta Lei. da guarda, que justifiquem a excepcionalidade
§ 1o A adoção é medida excepcional e irre- da concessão.
vogável, à qual se deve recorrer apenas quando § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde
esgotados os recursos de manutenção da criança que demonstrado efetivo benefício ao adotando,
ou adolescente na família natural ou extensa, na será assegurada a guarda compartilhada, con-
forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. forme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406,
§ 2o É vedada a adoção por procuração. de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil.
26
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao ado- fundamentado pela equipe mencionada no
tante que, após inequívoca manifestação de § 4o deste artigo, que recomendará ou não o
vontade, vier a falecer no curso do procedi- deferimento da adoção à autoridade judiciária.
mento, antes de prolatada a sentença. § 4o O estágio de convivência será acompa-
nhado pela equipe interprofissional a serviço
Art. 43. A adoção será deferida quando apre- da Justiça da Infância e da Juventude, preferen-
sentar reais vantagens para o adotando e fun- cialmente com apoio dos técnicos responsáveis
dar-se em motivos legítimos. pela execução da política de garantia do direito
à convivência familiar, que apresentarão rela-
Art. 44. Enquanto não der conta de sua admi- tório minucioso acerca da conveniência do
nistração e saldar o seu alcance, não pode o deferimento da medida.
tutor ou o curador adotar o pupilo ou o cura- § 5o O estágio de convivência será cumprido
telado. no território nacional, preferencialmente na
comarca de residência da criança ou adoles-
Art. 45. A adoção depende do consentimento cente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe,
dos pais ou do representante legal do adotando. respeitada, em qualquer hipótese, a compe-
§ 1o O consentimento será dispensado em tência do juízo da comarca de residência da
relação à criança ou adolescente cujos pais criança.
sejam desconhecidos ou tenham sido desti-
tuídos do poder familiar. Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por
§ 2o Em se tratando de adotando maior de sentença judicial, que será inscrita no registro
doze anos de idade, será também necessário o civil mediante mandado do qual não se forne-
seu consentimento. cerá certidão.
§ 1o A inscrição consignará o nome dos
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de adotantes como pais, bem como o nome de
convivência com a criança ou adolescente, pelo seus ascendentes.
prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas § 2o O mandado judicial, que será arqui-
a idade da criança ou adolescente e as peculia- vado, cancelará o registro original do adotado.
ridades do caso. § 3o A pedido do adotante, o novo registro
§ 1o O estágio de convivência poderá ser poderá ser lavrado no Cartório do Registro
dispensado se o adotando já estiver sob a tutela Civil do Município de sua residência.
ou guarda legal do adotante durante tempo § 4o Nenhuma observação sobre a origem
suficiente para que seja possível avaliar a con- do ato poderá constar nas certidões do registro.
veniência da constituição do vínculo. § 5o A sentença conferirá ao adotado o
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, nome do adotante e, a pedido de qualquer deles,
por si só, a dispensa da realização do estágio poderá determinar a modificação do prenome.
de convivência. § 6o Caso a modificação de prenome seja
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva
Estatuto da Criança e do Adolescente
caput deste artigo pode ser prorrogado por até do adotando, observado o disposto nos §§ 1o
igual período, mediante decisão fundamentada e 2o do art. 28 desta Lei.
da autoridade judiciária. § 7o A adoção produz seus efeitos a partir
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal do trânsito em julgado da sentença constitutiva,
residente ou domiciliado fora do País, o estágio exceto na hipótese prevista no § 6o do art. 42
de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) desta Lei, caso em que terá força retroativa à
dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, data do óbito.
prorrogável por até igual período, uma única § 8o O processo relativo à adoção assim
vez, mediante decisão fundamentada da auto- como outros a ele relacionados serão mantidos
ridade judiciária. em arquivo, admitindo-se seu armazenamento
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o em microfilme ou por outros meios, garantida
deste artigo, deverá ser apresentado laudo 27
a sua conservação para consulta a qualquer orientação, supervisão e avaliação da equipe
tempo. técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 9o Terão prioridade de tramitação os com apoio dos técnicos responsáveis pelo
processos de adoção em que o adotando for programa de acolhimento e pela execução da
criança ou adolescente com deficiência ou com política municipal de garantia do direito à con-
doença crônica. vivência familiar.
§ 10. O prazo máximo para conclusão da § 5o Serão criados e implementados cadas-
ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, tros estaduais e nacional de crianças e adoles-
prorrogável uma única vez por igual período, centes em condições de serem adotados e de
mediante decisão fundamentada da autoridade pessoas ou casais habilitados à adoção.
judiciária. § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas
ou casais residentes fora do País, que somente
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer serão consultados na inexistência de postulantes
sua origem biológica, bem como de obter acesso nacionais habilitados nos cadastros menciona-
irrestrito ao processo no qual a medida foi apli- dos no § 5o deste artigo.
cada e seus eventuais incidentes, após completar § 7o As autoridades estaduais e federais em
18 (dezoito) anos. matéria de adoção terão acesso integral aos
Parágrafo único. O acesso ao processo de cadastros, incumbindo-lhes a troca de infor-
adoção poderá ser também deferido ao ado- mações e a cooperação mútua, para melhoria
tado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, do sistema.
assegurada orientação e assistência jurídica e § 8o A autoridade judiciária providenciará,
psicológica. no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscri-
ção das crianças e adolescentes em condições
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece de serem adotados que não tiveram colocação
o poder familiar dos pais naturais. familiar na comarca de origem, e das pessoas
ou casais que tiveram deferida sua habilitação
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em à adoção nos cadastros estadual e nacional
cada comarca ou foro regional, um registro de referidos no § 5o deste artigo, sob pena de res-
crianças e adolescentes em condições de serem ponsabilidade.
adotados e outro de pessoas interessadas na § 9o Compete à Autoridade Central Estadual
adoção. zelar pela manutenção e correta alimentação
§ 1o O deferimento da inscrição dar-se-á dos cadastros, com posterior comunicação à
após prévia consulta aos órgãos técnicos do Autoridade Central Federal Brasileira.
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
onde estiverem sediados e no país de acolhida ridade Central Federal Brasileira cópia da cer-
do adotando para atuar em adoção interna- tidão de registro de nascimento estrangeira e
cional no Brasil; do certificado de nacionalidade tão logo lhes
II – satisfizerem as condições de integridade sejam concedidos.
moral, competência profissional, experiência e § 5o A não apresentação dos relatórios
responsabilidade exigidas pelos países respecti- referidos no § 4o deste artigo pelo organismo
vos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; credenciado poderá acarretar a suspensão de
III – forem qualificados por seus padrões seu credenciamento.
éticos e sua formação e experiência para atuar § 6o O credenciamento de organismo nacio-
na área de adoção internacional; nal ou estrangeiro encarregado de intermediar
IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo pedidos de adoção internacional terá validade
ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas de 2 (dois) anos.
estabelecidas pela Autoridade Central Federal § 7o A renovação do credenciamento poderá
Brasileira. ser concedida mediante requerimento protoco-
§ 4o Os organismos credenciados deverão lado na Autoridade Central Federal Brasileira
ainda: nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do
30 respectivo prazo de validade.
§ 8o Antes de transitada em julgado a deci- Parágrafo único. Eventuais repasses somente
são que concedeu a adoção internacional, não poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da
será permitida a saída do adotando do território Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às
nacional. deliberações do respectivo Conselho de Direitos
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a auto- da Criança e do Adolescente.
ridade judiciária determinará a expedição de
alvará com autorização de viagem, bem como Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente
para obtenção de passaporte, constando, obri- no exterior em país ratificante da Convenção
gatoriamente, as características da criança ou de Haia, cujo processo de adoção tenha sido
adolescente adotado, como idade, cor, sexo, processado em conformidade com a legisla-
eventuais sinais ou traços peculiares, assim ção vigente no país de residência e atendido o
como foto recente e a aposição da impressão disposto na alínea “c” do Artigo 17 da referida
digital do seu polegar direito, instruindo o Convenção, será automaticamente recepcio-
documento com cópia autenticada da decisão nada com o reingresso no Brasil.
e certidão de trânsito em julgado. § 1o Caso não tenha sido atendido o dis-
§ 10. A Autoridade Central Federal Bra- posto na alínea “c” do Artigo 17 da Convenção
sileira poderá, a qualquer momento, solicitar de Haia, deverá a sentença ser homologada pelo
informações sobre a situação das crianças e Superior Tribunal de Justiça.
adolescentes adotados. § 2o O pretendente brasileiro residente no
§ 11. A cobrança de valores por parte dos exterior em país não ratificante da Convenção
organismos credenciados, que sejam conside- de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá
rados abusivos pela Autoridade Central Federal requerer a homologação da sentença estrangeira
Brasileira e que não estejam devidamente com- pelo Superior Tribunal de Justiça.
provados, é causa de seu descredenciamento.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge Art. 52-C. Nas adoções internacionais,
não podem ser representados por mais de uma quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão
entidade credenciada para atuar na cooperação da autoridade competente do país de origem
em adoção internacional. da criança ou do adolescente será conhecida
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro pela Autoridade Central Estadual que tiver
ou domiciliado fora do Brasil terá validade processado o pedido de habilitação dos pais
máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. adotivos, que comunicará o fato à Autoridade
§ 14. É vedado o contato direto de repre- Central Federal e determinará as providên-
sentantes de organismos de adoção, nacionais cias necessárias à expedição do Certificado de
ou estrangeiros, com dirigentes de programas Naturalização Provisório.
de acolhimento institucional ou familiar, assim § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido
como com crianças e adolescentes em condições o Ministério Público, somente deixará de reco-
de serem adotados, sem a devida autorização nhecer os efeitos daquela decisão se restar
judicial. demonstrado que a adoção é manifestamente
Estatuto da Criança e do Adolescente
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasi- contrária à ordem pública ou não atende ao
leira poderá limitar ou suspender a concessão interesse superior da criança ou do adolescente.
de novos credenciamentos sempre que julgar § 2o Na hipótese de não reconhecimento da
necessário, mediante ato administrativo fun- adoção, prevista no § 1o deste artigo, o Minis-
damentado. tério Público deverá imediatamente requerer o
que for de direito para resguardar os interesses
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsa- da criança ou do adolescente, comunicando-se
bilidade e descredenciamento, o repasse de as providências à Autoridade Central Estadual,
recursos provenientes de organismos estran- que fará a comunicação à Autoridade Central
geiros encarregados de intermediar pedidos de Federal Brasileira e à Autoridade Central do
adoção internacional a organismos nacionais país de origem.
ou a pessoas físicas. 31
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando II – progressiva extensão da obrigatoriedade
o Brasil for o país de acolhida e a adoção não e gratuidade ao ensino médio;
tenha sido deferida no país de origem porque III – atendimento educacional especializado
a sua legislação a delega ao país de acolhida, aos portadores de deficiência, preferencial-
ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, mente na rede regular de ensino;
a criança ou o adolescente ser oriundo de país IV – atendimento em creche e pré-escola às
que não tenha aderido à Convenção referida, o crianças de zero a cinco anos de idade;
processo de adoção seguirá as regras da adoção V – acesso aos níveis mais elevados do
nacional. ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, ade-
CAPÍTULO IV – Do Direito à Educação, à quado às condições do adolescente trabalhador;
Cultura, ao Esporte e ao Lazer VII – atendimento no ensino fundamental,
através de programas suplementares de mate-
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito rial didático-escolar, transporte, alimentação
à educação, visando ao pleno desenvolvimento e assistência à saúde.
de sua pessoa, preparo para o exercício da cida- § 1o O acesso ao ensino obrigatório e gra-
dania e qualificação para o trabalho, assegu- tuito é direito público subjetivo.
rando-se-lhes: § 2o O não oferecimento do ensino obri-
I – igualdade de condições para o acesso e gatório pelo poder público ou sua oferta irre-
permanência na escola; gular importa responsabilidade da autoridade
II – direito de ser respeitado por seus edu- competente.
cadores; § 3o Compete ao poder público recensear os
III – direito de contestar critérios avaliati- educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
vos, podendo recorrer às instâncias escolares chamada e zelar, junto aos pais ou responsável,
superiores; pela frequência à escola.
IV – direito de organização e participação
em entidades estudantis; Art. 55. Os pais ou responsável têm a obri-
V – acesso à escola pública e gratuita, pró- gação de matricular seus filhos ou pupilos na
xima de sua residência, garantindo-se vagas rede regular de ensino.
no mesmo estabelecimento a irmãos que fre-
quentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de
educação básica. ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Art. 63. A formação técnico-profissional obe- Art. 69. O adolescente tem direito à profissio-
decerá aos seguintes princípios: nalização e à proteção no trabalho, observados
I – garantia de acesso e frequência obriga- os seguintes aspectos, entre outros:
tória ao ensino regular; I – respeito à condição peculiar de pessoa
II – atividade compatível com o desenvol- em desenvolvimento;
vimento do adolescente; II – capacitação profissional adequada ao
III – horário especial para o exercício das mercado de trabalho.
atividades.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência
quatorze anos, são assegurados os direitos tra- de ameaça ou violação dos direitos da criança
balhistas e previdenciários. e do adolescente.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiên- Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito
cia é assegurado trabalho protegido. Federal e os Municípios deverão atuar de forma
articulada na elaboração de políticas públicas
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, e na execução de ações destinadas a coibir o
em regime familiar de trabalho, aluno de escola uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
técnica, assistido em entidade governamental degradante e difundir formas não violentas de
ou não governamental, é vedado trabalho: educação de crianças e de adolescentes, tendo
como principais ações: 33
I – a promoção de campanhas educativas o tratamento cruel ou degradante e as formas
permanentes para a divulgação do direito da violentas de educação, correção ou disciplina;
criança e do adolescente de serem educados e IX – a promoção e a realização de campanhas
cuidados sem o uso de castigo físico ou de trata- educativas direcionadas ao público escolar e à
mento cruel ou degradante e dos instrumentos sociedade em geral e a difusão desta Lei e dos
de proteção aos direitos humanos; instrumentos de proteção aos direitos humanos
II – a integração com os órgãos do Poder das crianças e dos adolescentes, incluídos os
Judiciário, do Ministério Público e da Defen- canais de denúncia existentes;
soria Pública, com o Conselho Tutelar, com os X – a celebração de convênios, de protoco-
Conselhos de Direitos da Criança e do Adoles- los, de ajustes, de termos e de outros instru-
cente e com as entidades não governamentais mentos de promoção de parceria entre órgãos
que atuam na promoção, proteção e defesa dos governamentais ou entre estes e entidades não
direitos da criança e do adolescente; governamentais, com o objetivo de implemen-
III – a formação continuada e a capacitação tar programas de erradicação da violência, de
dos profissionais de saúde, educação e assis- tratamento cruel ou degradante e de formas
tência social e dos demais agentes que atuam violentas de educação, correção ou disciplina;
na promoção, proteção e defesa dos direitos XI – a capacitação permanente das Polícias
da criança e do adolescente para o desenvol- Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo
vimento das competências necessárias à pre- de Bombeiros, dos profissionais nas escolas,
venção, à identificação de evidências, ao diag- dos Conselhos Tutelares e dos profissionais
nóstico e ao enfrentamento de todas as formas pertencentes aos órgãos e às áreas referidos
de violência contra a criança e o adolescente; no inciso II deste caput, para que identifiquem
IV – o apoio e o incentivo às práticas de situações em que crianças e adolescentes viven-
resolução pacífica de conflitos que envolvam ciam violência e agressões no âmbito familiar
violência contra a criança e o adolescente; ou institucional;
V – a inclusão, nas políticas públicas, de XII – a promoção de programas educacionais
ações que visem a garantir os direitos da criança que disseminem valores éticos de irrestrito res-
e do adolescente, desde a atenção pré-natal, e de peito à dignidade da pessoa humana, bem como
atividades junto aos pais e responsáveis com o de programas de fortalecimento da parentali-
objetivo de promover a informação, a reflexão, dade positiva, da educação sem castigos físicos
o debate e a orientação sobre alternativas ao e de ações de prevenção e enfrentamento da
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou violência doméstica e familiar contra a criança
degradante no processo educativo; e o adolescente;
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
a natureza do espetáculo e a faixa etária espe- Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos
cificada no certificado de classificação. que explorem comercialmente bilhar, sinuca
ou congênere ou por casas de jogos, assim
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá entendidas as que realizem apostas, ainda que
acesso às diversões e espetáculos públicos clas- eventualmente, cuidarão para que não seja per-
sificados como adequados à sua faixa etária. mitida a entrada e a permanência de crianças
Parágrafo único. As crianças menores de dez e adolescentes no local, afixando aviso para
anos somente poderão ingressar e permanecer orientação do público.
nos locais de apresentação ou exibição quando
acompanhadas dos pais ou responsável.
35
SEÇÃO II – Dos Produtos e Serviços I – estiver acompanhado de ambos os pais
ou responsável;
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao II – viajar na companhia de um dos pais,
adolescente de: autorizado expressamente pelo outro através
I – armas, munições e explosivos; de documento com firma reconhecida.
II – bebidas alcoólicas;
III – produtos cujos componentes possam Art. 85. Sem prévia e expressa autorização
causar dependência física ou psíquica ainda judicial, nenhuma criança ou adolescente
que por utilização indevida; nascido em território nacional poderá sair do
IV – fogos de estampido e de artifício, exceto País em companhia de estrangeiro residente
aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam ou domiciliado no exterior.
incapazes de provocar qualquer dano físico em
caso de utilização indevida;
V – revistas e publicações a que alude o LIVRO II – Parte Especial
art. 78; TÍTULO I – Da Política de Atendimento
VI – bilhetes lotéricos e equivalentes. CAPÍTULO I – Disposições Gerais
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança Art. 86. A política de atendimento dos direitos
ou adolescente em hotel, motel, pensão ou esta- da criança e do adolescente far-se-á através
belecimento congênere, salvo se autorizado ou de um conjunto articulado de ações governa-
acompanhado pelos pais ou responsável. mentais e não governamentais, da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
SEÇÃO III – Da Autorização para Viajar Art. 87. São linhas de ação da política de
atendimento:
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente I – políticas sociais básicas;
menor de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para II – serviços, programas, projetos e benefí-
fora da comarca onde reside desacompanhado cios de assistência social de garantia de proteção
dos pais ou dos responsáveis sem expressa auto- social e de prevenção e redução de violações de
rização judicial. direitos, seus agravamentos ou reincidências;
§ 1o A autorização não será exigida quando: III – serviços especiais de prevenção e aten-
a) tratar-se de comarca contígua à da resi- dimento médico e psicossocial às vítimas de
dência da criança ou do adolescente menor negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
ou familiar elaborará um plano individual de ção, subscrita pelos técnicos da entidade ou res-
atendimento, visando à reintegração familiar, ponsáveis pela execução da política municipal
ressalvada a existência de ordem escrita e fun- de garantia do direito à convivência familiar,
damentada em contrário de autoridade judiciá- para a destituição do poder familiar, ou desti-
ria competente, caso em que também deverá tuição de tutela ou guarda.
contemplar sua colocação em família substituta, § 10. Recebido o relatório, o Ministério
observadas as regras e princípios desta Lei. Público terá o prazo de 15 (quinze) dias para
§ 5o O plano individual será elaborado sob o ingresso com a ação de destituição do poder
a responsabilidade da equipe técnica do res- familiar, salvo se entender necessária a realiza-
pectivo programa de atendimento e levará em ção de estudos complementares ou de outras
consideração a opinião da criança ou do ado- providências indispensáveis ao ajuizamento
lescente e a oitiva dos pais ou do responsável. da demanda.
§ 6o Constarão do plano individual, dentre § 11. A autoridade judiciária manterá, em
outros: cada comarca ou foro regional, um cadastro
I – os resultados da avaliação interdiscipli- contendo informações atualizadas sobre as
nar; crianças e adolescentes em regime de aco-
42 lhimento familiar e institucional sob sua
responsabilidade, com informações porme- TÍTULO III – Da Prática de Ato Infracional
norizadas sobre a situação jurídica de cada um, CAPÍTULO I – Disposições Gerais
bem como as providências tomadas para sua
reintegração familiar ou colocação em família Art. 103. Considera-se ato infracional a con-
substituta, em qualquer das modalidades pre- duta descrita como crime ou contravenção
vistas no art. 28 desta Lei. penal.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério
Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Art. 104. São penalmente inimputáveis os
Assistência Social e os Conselhos Municipais menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
dos Direitos da Criança e do Adolescente e da previstas nesta Lei.
Assistência Social, aos quais incumbe deliberar Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei,
sobre a implementação de políticas públicas deve ser considerada a idade do adolescente
que permitam reduzir o número de crianças à data do fato.
e adolescentes afastados do convívio familiar
e abreviar o período de permanência em pro- Art. 105. Ao ato infracional praticado por
grama de acolhimento. criança corresponderão as medidas previstas
no art. 101.
Art. 102. As medidas de proteção de que trata
este Capítulo serão acompanhadas da regula-
rização do registro civil. CAPÍTULO II – Dos Direitos Individuais
§ 1o Verificada a inexistência de registro
anterior, o assento de nascimento da criança Art. 106. Nenhum adolescente será privado de
ou adolescente será feito à vista dos elementos sua liberdade senão em flagrante de ato infra-
disponíveis, mediante requisição da autoridade cional ou por ordem escrita e fundamentada
judiciária. da autoridade judiciária competente.
§ 2o Os registros e certidões necessárias à Parágrafo único. O adolescente tem direito à
regularização de que trata este artigo são isentos identificação dos responsáveis pela sua apreen-
de multas, custas e emolumentos, gozando de são, devendo ser informado acerca de seus
absoluta prioridade. direitos.
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade,
será deflagrado procedimento específico des- Art. 107. A apreensão de qualquer adoles-
tinado à sua averiguação, conforme previsto cente e o local onde se encontra recolhido serão
pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. incontinenti comunicados à autoridade judiciá-
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste ria competente e à família do apreendido ou à
artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de pessoa por ele indicada.
investigação de paternidade pelo Ministério Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo
Público se, após o não comparecimento ou a e sob pena de responsabilidade, a possibilidade
recusa do suposto pai em assumir a paternidade de liberação imediata.
Estatuto da Criança e do Adolescente
XII – realizar atividades culturais, esportivas Art. 128. A medida aplicada por força da
e de lazer; remissão poderá ser revista judicialmente, a
XIII – ter acesso aos meios de comunicação qualquer tempo, mediante pedido expresso do
social; adolescente ou de seu representante legal, ou
XIV – receber assistência religiosa, segundo do Ministério Público.
a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV – manter a posse de seus objetos pes-
soais e dispor de local seguro para guardá-los, TÍTULO IV – Das Medidas Pertinentes aos
recebendo comprovante daqueles porventura Pais ou Responsável
depositados em poder da entidade;
XVI – receber, quando de sua desinternação, Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou
os documentos pessoais indispensáveis à vida responsável:
em sociedade. I – encaminhamento a serviços e programas
§ 1o Em nenhum caso haverá incomuni- oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
cabilidade. promoção da família;
§ 2o A autoridade judiciária poderá suspen-
46 der temporariamente a visita, inclusive de pais
II – inclusão em programa oficial ou comu- Art. 133. Para a candidatura a membro do
nitário de auxílio, orientação e tratamento a Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes
alcoólatras e toxicômanos; requisitos:
III – encaminhamento a tratamento psico- I – reconhecida idoneidade moral;
lógico ou psiquiátrico; II – idade superior a vinte e um anos;
IV – encaminhamento a cursos ou progra- III – residir no Município.
mas de orientação;
V – obrigação de matricular o filho ou pupilo Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá
e acompanhar sua frequência e aproveitamento sobre o local, dia e horário de funcionamento
escolar; do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remu-
VI – obrigação de encaminhar a criança ou neração dos respectivos membros, aos quais é
adolescente a tratamento especializado; assegurado o direito a:
VII – advertência; I – cobertura previdenciária;
VIII – perda da guarda; II – gozo de férias anuais remuneradas, acres-
IX – destituição da tutela; cidas de 1/3 (um terço) do valor da remune-
X – suspensão ou destituição do poder ração mensal;
familiar. III – licença-maternidade;
Parágrafo único. Na aplicação das medidas IV – licença-paternidade;
previstas nos incisos IX e X deste artigo, obser- V – gratificação natalina.
var-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. Parágrafo único. Constará da lei orçamentá-
ria municipal e da do Distrito Federal previsão
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tra- dos recursos necessários ao funcionamento do
tos, opressão ou abuso sexual impostos pelos Conselho Tutelar e à remuneração e formação
pais ou responsável, a autoridade judiciária continuada dos conselheiros tutelares.
poderá determinar, como medida cautelar, o
afastamento do agressor da moradia comum. Art. 135. O exercício efetivo da função de con-
Parágrafo único. Da medida cautelar cons- selheiro constituirá serviço público relevante e
tará, ainda, a fixação provisória dos alimentos estabelecerá presunção de idoneidade moral.
de que necessitem a criança ou o adolescente
dependentes do agressor.
CAPÍTULO II – Das Atribuições do
Conselho
TÍTULO V – Do Conselho Tutelar
CAPÍTULO I – Disposições Gerais Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I – atender as crianças e adolescentes nas
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão perma- hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando
nente e autônomo, não jurisdicional, encarre- as medidas previstas no art. 101, I a VII;
gado pela sociedade de zelar pelo cumprimento II – atender e aconselhar os pais ou res-
Estatuto da Criança e do Adolescente
48
CAPÍTULO IV – Da Escolha dos § 1o A assistência judiciária gratuita será
Conselheiros prestada aos que dela necessitarem, através de
defensor público ou advogado nomeado.
Art. 139. O processo para a escolha dos mem- § 2o As ações judiciais da competência da
bros do Conselho Tutelar será estabelecido em Justiça da Infância e da Juventude são isentas
lei municipal e realizado sob a responsabilidade de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese
do Conselho Municipal dos Direitos da Criança de litigância de má-fé.
e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério
Público. Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão
§ 1o O processo de escolha dos membros do representados e os maiores de dezesseis e meno-
Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada res de vinte e um anos assistidos por seus pais,
em todo o território nacional a cada 4 (quatro) tutores ou curadores, na forma da legislação
anos, no primeiro domingo do mês de outubro civil ou processual.
do ano subsequente ao da eleição presidencial. Parágrafo único. A autoridade judiciária
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocor- dará curador especial à criança ou adolescente,
rerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente sempre que os interesses destes colidirem com
ao processo de escolha. os de seus pais ou responsável, ou quando care-
§ 3o No processo de escolha dos membros cer de representação ou assistência legal ainda
do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato que eventual.
doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor
bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, Art. 143. É vedada a divulgação de atos judi-
inclusive brindes de pequeno valor. ciais, policiais e administrativos que digam res-
peito a crianças e adolescentes a que se atribua
autoria de ato infracional.
CAPÍTULO V – Dos Impedimentos Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito
do fato não poderá identificar a criança ou
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo adolescente, vedando-se fotografia, referência
Conselho marido e mulher, ascendentes e a nome, apelido, filiação, parentesco, residência
descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho,
padrasto ou madrasta e enteado. Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de
Parágrafo único. Estende-se o impedimento atos a que se refere o artigo anterior somente
do conselheiro, na forma deste artigo, em rela- será deferida pela autoridade judiciária compe-
ção à autoridade judiciária e ao representante tente, se demonstrado o interesse e justificada
do Ministério Público com atuação na Justiça a finalidade.
da Infância e da Juventude, em exercício na
Comarca, Foro Regional ou Distrital.
CAPÍTULO II – Da Justiça da Infância e da
Estatuto da Criança e do Adolescente
Juventude
TÍTULO VI – Do Acesso à Justiça SEÇÃO I – Disposições Gerais
CAPÍTULO I – Disposições Gerais
Art. 145. Os Estados e o Distrito Federal
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança poderão criar varas especializadas e exclusivas
ou adolescente à Defensoria Pública, ao Minis- da infância e da juventude, cabendo ao Poder
tério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer Judiciário estabelecer sua proporcionalidade
de seus órgãos. por número de habitantes, dotá-las de infraes-
trutura e dispor sobre o atendimento, inclusive
em plantões.
49
SEÇÃO II – Do Juiz VII – conhecer de casos encaminhados
pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas
Art. 146. A autoridade a que se refere esta cabíveis.
Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o Parágrafo único. Quando se tratar de criança
Juiz que exerce essa função, na forma da Lei de ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é tam-
Organização Judiciária local. bém competente a Justiça da Infância e da
Juventude para o fim de:
Art. 147. A competência será determinada: a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
I – pelo domicílio dos pais ou responsável; b) conhecer de ações de destituição do
II – pelo lugar onde se encontre a criança poder familiar, perda ou modificação da tutela
ou adolescente, à falta dos pais ou responsável. ou guarda;
§ 1o Nos casos de ato infracional, será c) suprir a capacidade ou o consentimento
competente a autoridade do lugar da ação ou para o casamento;
omissão, observadas as regras de conexão, con- d) conhecer de pedidos baseados em dis-
tinência e prevenção. cordância paterna ou materna, em relação ao
§ 2o A execução das medidas poderá ser exercício do poder familiar;
delegada à autoridade competente da residên- e) conceder a emancipação, nos termos da
cia dos pais ou responsável, ou do local onde lei civil, quando faltarem os pais;
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou f) designar curador especial em casos de
adolescente. apresentação de queixa ou representação, ou
§ 3o Em caso de infração cometida através de outros procedimentos judiciais ou extra-
de transmissão simultânea de rádio ou tele- judiciais em que haja interesses de criança ou
visão, que atinja mais de uma comarca, será adolescente;
competente, para aplicação da penalidade, a g) conhecer de ações de alimentos;
autoridade judiciária do local da sede estadual h) determinar o cancelamento, a retificação
da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia e o suprimento dos registros de nascimento e
para todas as transmissoras ou retransmissoras óbito.
do respectivo Estado.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude disciplinar, através de portaria, ou autorizar,
é competente para: mediante alvará:
I – conhecer de representações promovidas I – a entrada e permanência de criança ou
pelo Ministério Público, para apuração de ato adolescente, desacompanhado dos pais ou res-
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
vel, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo
dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de único, e 107, deverá:
cinco dias, decidindo a autoridade judiciária I – lavrar auto de apreensão, ouvidos as tes-
em igual prazo. temunhas e o adolescente;
II – apreender o produto e os instrumentos
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da infração;
da tutela, a perda ou a suspensão do poder fami- III – requisitar os exames ou perícias neces-
liar constituir pressuposto lógico da medida sários à comprovação da materialidade e autoria
principal de colocação em família substituta, da infração.
será observado o procedimento contraditório Parágrafo único. Nas demais hipóteses de
previsto nas seções II e III deste Capítulo. flagrante, a lavratura do auto poderá ser subs-
Parágrafo único. A perda ou a modificação tituída por boletim de ocorrência circunstan-
da guarda poderá ser decretada nos mesmos ciada.
autos do procedimento, observado o disposto
no art. 35. Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais
ou responsável, o adolescente será prontamente
54 liberado pela autoridade policial, sob termo
de compromisso e responsabilidade de sua e à vista do auto de apreensão, boletim de ocor-
apresentação ao representante do Ministério rência ou relatório policial, devidamente autua-
Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, dos pelo cartório judicial e com informação
no primeiro dia útil imediato, exceto quando, sobre os antecedentes do adolescente, procederá
pela gravidade do ato infracional e sua reper- imediata e informalmente à sua oitiva e, em
cussão social, deva o adolescente permanecer sendo possível, de seus pais ou responsável,
sob internação para garantia de sua segurança vítima e testemunhas.
pessoal ou manutenção da ordem pública. Parágrafo único. Em caso de não apresen-
tação, o representante do Ministério Público
Art. 175. Em caso de não liberação, a autori- notificará os pais ou responsável para apre-
dade policial encaminhará, desde logo, o ado- sentação do adolescente, podendo requisitar
lescente ao representante do Ministério Público, o concurso das Polícias Civil e Militar.
juntamente com cópia do auto de apreensão ou
boletim de ocorrência. Art. 180. Adotadas as providências a que alude
§ 1o Sendo impossível a apresentação ime- o artigo anterior, o representante do Ministério
diata, a autoridade policial encaminhará o ado- Público poderá:
lescente a entidade de atendimento, que fará a I – promover o arquivamento dos autos;
apresentação ao representante do Ministério II – conceder a remissão;
Público no prazo de vinte e quatro horas. III – representar à autoridade judiciária para
§ 2o Nas localidades onde não houver enti- aplicação de medida socioeducativa.
dade de atendimento, a apresentação far-se-á
pela autoridade policial. À falta de repartição Art. 181. Promovido o arquivamento dos
policial especializada, o adolescente aguardará autos ou concedida a remissão pelo represen-
a apresentação em dependência separada da tante do Ministério Público, mediante termo
destinada a maiores, não podendo, em qualquer fundamentado, que conterá o resumo dos fatos,
hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo os autos serão conclusos à autoridade judiciária
anterior. para homologação.
§ 1o Homologado o arquivamento ou a
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a auto- remissão, a autoridade judiciária determinará,
ridade policial encaminhará imediatamente ao conforme o caso, o cumprimento da medida.
representante do Ministério Público cópia do § 2o Discordando, a autoridade judiciária
auto de apreensão ou boletim de ocorrência. fará remessa dos autos ao Procurador-Geral
de Justiça, mediante despacho fundamentado,
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, e este oferecerá representação, designará outro
houver indícios de participação de adolescente membro do Ministério Público para apresen-
na prática de ato infracional, a autoridade poli- tá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remis-
cial encaminhará ao representante do Ministé- são, que só então estará a autoridade judiciária
rio Público relatório das investigações e demais obrigada a homologar.
Estatuto da Criança e do Adolescente
documentos.
Art. 182. Se, por qualquer razão, o represen-
Art. 178. O adolescente a quem se atribua tante do Ministério Público não promover o
autoria de ato infracional não poderá ser con- arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá
duzido ou transportado em compartimento representação à autoridade judiciária, propondo
fechado de veículo policial, em condições aten- a instauração de procedimento para aplicação
tatórias à sua dignidade, ou que impliquem da medida socioeducativa que se afigurar a
risco à sua integridade física ou mental, sob mais adequada.
pena de responsabilidade. § 1o A representação será oferecida por
petição, que conterá o breve resumo dos fatos
Art. 179. Apresentado o adolescente, o repre- e a classificação do ato infracional e, quando
sentante do Ministério Público, no mesmo dia necessário, o rol de testemunhas, podendo ser 55
deduzida oralmente, em sessão diária instalada § 1o Se a autoridade judiciária entender
pela autoridade judiciária. adequada a remissão, ouvirá o representante
§ 2o A representação independe de prova do Ministério Público, proferindo decisão.
pré-constituída da autoria e materialidade. § 2o Sendo o fato grave, passível de aplica-
ção de medida de internação ou colocação em
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável regime de semiliberdade, a autoridade judiciá-
para a conclusão do procedimento, estando o ria, verificando que o adolescente não possui
adolescente internado provisoriamente, será advogado constituído, nomeará defensor, desig-
de quarenta e cinco dias. nando, desde logo, audiência em continuação,
podendo determinar a realização de diligências
Art. 184. Oferecida a representação, a auto- e estudo do caso.
ridade judiciária designará audiência de apre- § 3o O advogado constituído ou o defensor
sentação do adolescente, decidindo, desde nomeado, no prazo de três dias contado da
logo, sobre a decretação ou manutenção da audiência de apresentação, oferecerá defesa
internação, observado o disposto no art. 108 prévia e rol de testemunhas.
e parágrafo. § 4o Na audiência em continuação, ouvidas
§ 1o O adolescente e seus pais ou responsável as testemunhas arroladas na representação e na
serão cientificados do teor da representação, e defesa prévia, cumpridas as diligências e jun-
notificados a comparecer à audiência, acom- tado o relatório da equipe interprofissional, será
panhados de advogado. dada a palavra ao representante do Ministério
§ 2o Se os pais ou responsável não forem Público e ao defensor, sucessivamente, pelo
localizados, a autoridade judiciária dará curador tempo de vinte minutos para cada um, pror-
especial ao adolescente. rogável por mais dez, a critério da autoridade
§ 3o Não sendo localizado o adolescente, judiciária, que em seguida proferirá decisão.
a autoridade judiciária expedirá mandado de
busca e apreensão, determinando o sobresta- Art. 187. Se o adolescente, devidamente noti-
mento do feito, até a efetiva apresentação. ficado, não comparecer, injustificadamente à
§ 4o Estando o adolescente internado, será audiência de apresentação, a autoridade judi-
requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da ciária designará nova data, determinando sua
notificação dos pais ou responsável. condução coercitiva.
Art. 185. A internação, decretada ou mantida Art. 188. A remissão, como forma de extinção
pela autoridade judiciária, não poderá ser cum- ou suspensão do processo, poderá ser aplicada
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
pessoas;
III – não poderá exceder o prazo de 90 Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro
(noventa) dias, sem prejuízo de eventuais público poderão incluir nos bancos de dados
renovações, desde que o total não exceda a próprios, mediante procedimento sigiloso e
720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada requisição da autoridade judicial, as informa-
sua efetiva necessidade, a critério da autoridade ções necessárias à efetividade da identidade
judicial. fictícia criada.
§ 1o A autoridade judicial e o Ministério Parágrafo único. O procedimento sigiloso de
Público poderão requisitar relatórios parciais que trata esta Seção será numerado e tombado
da operação de infiltração antes do término do em livro específico.
prazo de que trata o inciso II do § 1o deste artigo.
57
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os para a remoção das irregularidades verificadas.
atos eletrônicos praticados durante a operação Satisfeitas as exigências, o processo será extinto,
deverão ser registrados, gravados, armazenados sem julgamento de mérito.
e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, § 4o A multa e a advertência serão impos-
juntamente com relatório circunstanciado. tas ao dirigente da entidade ou programa de
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registra- atendimento.
dos citados no caput deste artigo serão reunidos
em autos apartados e apensados ao processo
criminal juntamente com o inquérito policial, SEÇÃO VII – Da Apuração de Infração
assegurando-se a preservação da identidade Administrativa às Normas de Proteção à
do agente policial infiltrado e a intimidade das Criança e ao Adolescente
crianças e dos adolescentes envolvidos.
Art. 194. O procedimento para imposição de
penalidade administrativa por infração às nor-
SEÇÃO VI – Da Apuração de mas de proteção à criança e ao adolescente terá
Irregularidades em Entidade de Atendimento início por representação do Ministério Público,
ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração
Art. 191. O procedimento de apuração de elaborado por servidor efetivo ou voluntário
irregularidades em entidade governamental e credenciado, e assinado por duas testemunhas,
não governamental terá início mediante por- se possível.
taria da autoridade judiciária ou representação § 1o No procedimento iniciado com o
do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, auto de infração, poderão ser usadas fórmu-
onde conste, necessariamente, resumo dos fatos. las impressas, especificando-se a natureza e as
Parágrafo único. Havendo motivo grave, circunstâncias da infração.
poderá a autoridade judiciária, ouvido o Minis- § 2o Sempre que possível, à verificação da
tério Público, decretar liminarmente o afas- infração seguir-se-á a lavratura do auto, certi-
tamento provisório do dirigente da entidade, ficando-se, em caso contrário, dos motivos do
mediante decisão fundamentada. retardamento.
Art. 192. O dirigente da entidade será citado Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias
para, no prazo de dez dias, oferecer resposta para apresentação de defesa, contado da data
escrita, podendo juntar documentos e indicar da intimação, que será feita:
as provas a produzir. I – pelo autuante, no próprio auto, quando
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da Art. 199-B. A sentença que destituir ambos
habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) ou qualquer dos genitores do poder familiar
dias, prorrogável por igual período, mediante fica sujeita a apelação, que deverá ser recebida
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
pública para a proteção dos interesses indivi- lência doméstica e familiar contra a criança e
duais, difusos ou coletivos relativos à infân- o adolescente.
cia e à adolescência, inclusive os definidos no § 1o A legitimação do Ministério Público
art. 220, § 3o, inciso II, da Constituição Federal; para as ações cíveis previstas neste artigo não
VI – instaurar procedimentos administra- impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
tivos e, para instruí-los: segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
a) expedir notificações para colher depoi- § 2o As atribuições constantes deste artigo
mentos ou esclarecimentos e, em caso de não não excluem outras, desde que compatíveis com
comparecimento injustificado, requisitar con- a finalidade do Ministério Público.
dução coercitiva, inclusive pela polícia civil § 3o O representante do Ministério Público,
ou militar; no exercício de suas funções, terá livre acesso
61
a todo local onde se encontre criança ou ado- Parágrafo único. Será prestada assistência
lescente. judiciária integral e gratuita àqueles que dela
§ 4o O representante do Ministério Público necessitarem.
será responsável pelo uso indevido das informa-
ções e documentos que requisitar, nas hipóteses Art. 207. Nenhum adolescente a quem se
legais de sigilo. atribua a prática de ato infracional, ainda
§ 5o Para o exercício da atribuição de que que ausente ou foragido, será processado sem
trata o inciso VIII deste artigo, poderá o repre- defensor.
sentante do Ministério Público: § 1o Se o adolescente não tiver defensor,
a) reduzir a termo as declarações do recla- ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o
mante, instaurando o competente procedi- direito de, a todo tempo, constituir outro de
mento, sob sua presidência; sua preferência.
b) entender-se diretamente com a pessoa ou § 2o A ausência do defensor não determi-
autoridade reclamada, em dia, local e horário nará o adiamento de nenhum ato do processo,
previamente notificados ou acertados; devendo o juiz nomear substituto, ainda que
c) efetuar recomendações visando à melho- provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
ria dos serviços públicos e de relevância pública § 3o Será dispensada a outorga de mandato,
afetos à criança e ao adolescente, fixando prazo quando se tratar de defensor nomeado ou, sido
razoável para sua perfeita adequação. constituído, tiver sido indicado por ocasião
de ato formal com a presença da autoridade
Art. 202. Nos processos e procedimentos em judiciária.
que não for parte, atuará obrigatoriamente o
Ministério Público na defesa dos direitos e inte-
resses de que cuida esta Lei, hipótese em que CAPÍTULO VII – Da Proteção Judicial dos
terá vista dos autos depois das partes, podendo Interesses Individuais, Difusos e Coletivos
juntar documentos e requerer diligências,
usando os recursos cabíveis. Art. 208. Regem-se pelas disposições desta
Lei as ações de responsabilidade por ofensa
Art. 203. A intimação do Ministério Público, aos direitos assegurados à criança e ao ado-
em qualquer caso, será feita pessoalmente. lescente, referentes ao não oferecimento ou
oferta irregular:
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério I – do ensino obrigatório;
Público acarreta a nulidade do feito, que será II – de atendimento educacional especiali-
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que Art. 223. O Ministério Público poderá ins-
impuser condenação ao poder público, o juiz taurar, sob sua presidência, inquérito civil,
determinará a remessa de peças à autoridade ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
competente, para apuração da responsabilidade público ou particular, certidões, informações,
civil e administrativa do agente a que se atribua exames ou perícias, no prazo que assinalar, o
a ação ou omissão. qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgo-
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito tadas todas as diligências, se convencer da ine-
em julgado da sentença condenatória sem que xistência de fundamento para a propositura da
a associação autora lhe promova a execução, ação cível, promoverá o arquivamento dos autos
deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada do inquérito civil ou das peças informativas,
igual iniciativa aos demais legitimados. fazendo-o fundamentadamente.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças
Art. 218. O juiz condenará a associação autora de informação arquivados serão remetidos, sob
a pagar ao réu os honorários advocatícios arbi- pena de se incorrer em falta grave, no prazo de
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou cons- como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei,
tranger, por qualquer meio de comunicação, à prostituição ou à exploração sexual:
criança, com o fim de com ela praticar ato Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa,
libidinoso: além da perda de bens e valores utilizados na
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, prática criminosa em favor do Fundo dos Direi-
e multa. tos da Criança e do Adolescente da unidade da
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre Federação (Estado ou Distrito Federal) em que
quem: foi cometido o crime, ressalvado o direito de
I – facilita ou induz o acesso à criança de terceiro de boa-fé.
material contendo cena de sexo explícito ou § 1o Incorrem nas mesmas penas o pro-
pornográfica com o fim de com ela praticar prietário, o gerente ou o responsável pelo local
ato libidinoso; em que se verifique a submissão de criança 67
ou adolescente às práticas referidas no caput Pena – multa de três a vinte salários de
deste artigo. referência, aplicando-se o dobro em caso de
§ 2o Constitui efeito obrigatório da conde- reincidência.
nação a cassação da licença de localização e de § 1o Incorre na mesma pena quem exibe,
funcionamento do estabelecimento. total ou parcialmente, fotografia de criança
ou adolescente envolvido em ato infracional,
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrup- ou qualquer ilustração que lhe diga respeito
ção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de
praticando infração penal ou induzindo-o a forma a permitir sua identificação, direta ou
praticá-la: indiretamente.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 2o Se o fato for praticado por órgão de
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput imprensa ou emissora de rádio ou televisão,
deste artigo quem pratica as condutas ali tipifi- além da pena prevista neste artigo, a autoridade
cadas utilizando-se de quaisquer meios eletrô- judiciária poderá determinar a apreensão da
nicos, inclusive salas de bate-papo da internet. publicação ou a suspensão da programação
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo da emissora até por dois dias, bem como da
são aumentadas de um terço no caso de a infra- publicação do periódico até por dois números.2
ção cometida ou induzida estar incluída no rol
do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. Art. 248. (Revogado)
reincidência. congênere:
Pena – multa.
Art. 246. Impedir o responsável ou funcio- § 1o Em caso de reincidência, sem prejuízo
nário de entidade de atendimento o exercício da pena de multa, a autoridade judiciária poderá
dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, determinar o fechamento do estabelecimento
VIII e XI do art. 124 desta Lei: por até 15 (quinze) dias.
Pena – multa de três a vinte salários de § 2o Se comprovada a reincidência em
referência, aplicando-se o dobro em caso de período inferior a 30 (trinta) dias, o estabe-
reincidência. lecimento será definitivamente fechado e terá
sua licença cassada.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente,
sem autorização devida, por qualquer meio Art. 251. Transportar criança ou adolescente,
de comunicação, nome, ato ou documento de por qualquer meio, com inobservância do dis-
procedimento policial, administrativo ou judi- posto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
cial relativo a criança ou adolescente a que se
atribua ato infracional:
68 2
NE: ver ADI no 869.
Pena – multa de três a vinte salários de judiciária poderá determinar o fechamento do
referência, aplicando-se o dobro em caso de estabelecimento por até quinze dias.
reincidência.
Art. 257. Descumprir obrigação constante
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou dos arts. 78 e 79 desta Lei:
espetáculo público de afixar, em lugar visível e Pena – multa de três a vinte salários de
de fácil acesso, à entrada do local de exibição, referência, duplicando-se a pena em caso de
informação destacada sobre a natureza da diver- reincidência, sem prejuízo de apreensão da
são ou espetáculo e a faixa etária especificada revista ou publicação.
no certificado de classificação:
Pena – multa de três a vinte salários de Art. 258. Deixar o responsável pelo estabe-
referência, aplicando-se o dobro em caso de lecimento ou o empresário de observar o que
reincidência. dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou
adolescente aos locais de diversão, ou sobre
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou sua participação no espetáculo:
quaisquer representações ou espetáculos, sem Pena – multa de três a vinte salários de refe-
indicar os limites de idade a que não se reco- rência; em caso de reincidência, a autoridade
mendem: judiciária poderá determinar o fechamento do
Pena – multa de três a vinte salários de refe- estabelecimento por até quinze dias.
rência, duplicada em caso de reincidência, apli-
cável, separadamente, à casa de espetáculo e aos Art. 258-A. Deixar a autoridade competente
órgãos de divulgação ou publicidade. de providenciar a instalação e operacionalização
dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou art. 101 desta Lei:
televisão, espetáculo em horário diverso do Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a
autorizado ou sem aviso de sua classificação:3 R$ 3.000,00 (três mil reais).
Pena – multa de vinte a cem salários de Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas
referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade que deixa de efetuar o cadastra-
a autoridade judiciária poderá determinar a mento de crianças e de adolescentes em con-
suspensão da programação da emissora por dições de serem adotadas, de pessoas ou casais
até dois dias. habilitados à adoção e de crianças e adolescentes
em regime de acolhimento institucional ou
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou familiar.
congênere classificado pelo órgão competente
como inadequado às crianças ou adolescentes Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro
admitidos ao espetáculo: ou dirigente de estabelecimento de atenção à
Pena – multa de vinte a cem salários de refe- saúde de gestante de efetuar imediato encami-
rência; na reincidência, a autoridade poderá nhamento à autoridade judiciária de caso de
Estatuto da Criança e do Adolescente
no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro III – 3% (três por cento) a partir do exercício
de 1997. de 2012.
§ 1o (Revogado) § 2o A dedução de que trata o caput:
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem I – está sujeita ao limite de 6% (seis por
atendidas com os recursos captados pelos fun- cento) do imposto sobre a renda apurado na
dos nacional, estaduais e municipais dos direitos declaração de que trata o inciso II do caput
da criança e do adolescente, serão consideradas do art. 260;
as disposições do Plano Nacional de Promoção, II – não se aplica à pessoa física que:
Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Ado- a) utilizar o desconto simplificado;
lescentes à Convivência Familiar e Comunitária b) apresentar declaração em formulário; ou
e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. c) entregar a declaração fora do prazo;
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e III – só se aplica às doações em espécie; e
municipais dos direitos da criança e do ado- IV – não exclui ou reduz outros benefícios
lescente fixarão critérios de utilização, por meio ou deduções em vigor.
de planos de aplicação, das dotações subsidiadas § 3o O pagamento da doação deve ser efe-
e demais receitas, aplicando necessariamente tuado até a data de vencimento da primeira
70 percentual para incentivo ao acolhimento, sob quota ou quota única do imposto, observadas
instruções específicas da Secretaria da Receita III – nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas
Federal do Brasil. Físicas (CPF) do doador;
§ 4o O não pagamento da doação no prazo IV – data da doação e valor efetivamente
estabelecido no § 3o implica a glosa definitiva recebido; e
desta parcela de dedução, ficando a pessoa V – ano-calendário a que se refere a doação.
física obrigada ao recolhimento da diferença § 1o O comprovante de que trata o caput
de imposto devido apurado na Declaração de deste artigo pode ser emitido anualmente, desde
Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos que discrimine os valores doados mês a mês.
na legislação. § 2o No caso de doação em bens, o com-
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do provante deve conter a identificação dos bens,
imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual mediante descrição em campo próprio ou em
as doações feitas, no respectivo ano-calendário, relação anexa ao comprovante, informando
aos fundos controlados pelos Conselhos dos também se houve avaliação, o nome, CPF ou
Direitos da Criança e do Adolescente muni- CNPJ e endereço dos avaliadores.
cipais, distrital, estaduais e nacional concomi-
tantemente com a opção de que trata o caput, Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens,
respeitado o limite previsto no inciso II do o doador deverá:
art. 260. I – comprovar a propriedade dos bens,
mediante documentação hábil;
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I II – baixar os bens doados na declaração de
do art. 260 poderá ser deduzida: bens e direitos, quando se tratar de pessoa física,
I – do imposto devido no trimestre, para as e na escrituração, no caso de pessoa jurídica; e
pessoas jurídicas que apuram o imposto tri- III – considerar como valor dos bens doados:
mestralmente; e a) para as pessoas físicas, o valor constante
II – do imposto devido mensalmente e no da última declaração do imposto de renda,
ajuste anual, para as pessoas jurídicas que apu- desde que não exceda o valor de mercado;
ram o imposto anualmente. b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil
Parágrafo único. A doação deverá ser efe- dos bens.
tuada dentro do período a que se refere a apu- Parágrafo único. O preço obtido em caso de
ração do imposto. leilão não será considerado na determinação
do valor dos bens doados, exceto se o leilão for
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 determinado por autoridade judiciária.
desta Lei podem ser efetuadas em espécie ou
em bens. Art. 260-F. Os documentos a que se referem
Parágrafo único. As doações efetuadas os arts. 260‑D e 260‑E devem ser mantidos pelo
em espécie devem ser depositadas em conta contribuinte por um prazo de 5 (cinco) anos
específica, em instituição financeira pública, para fins de comprovação da dedução perante
vinculadas aos respectivos fundos de que trata a Receita Federal do Brasil.
Estatuto da Criança e do Adolescente
o art. 260.
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela admi-
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela admi- nistração das contas dos Fundos dos Direitos da
nistração das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
distrital e municipais devem emitir recibo em I – manter conta bancária específica des-
favor do doador, assinado por pessoa compe- tinada exclusivamente a gerir os recursos do
tente e pelo presidente do Conselho correspon- Fundo;
dente, especificando: II – manter controle das doações recebidas; e
I – número de ordem; III – informar anualmente à Secretaria da
II – nome, Cadastro Nacional da Pessoa Receita Federal do Brasil as doações recebidas
Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente; 71
mês a mês, identificando os seguintes dados Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Huma-
por doador: nos da Presidência da República (SDH/PR)
a) nome, CNPJ ou CPF; encaminhará à Secretaria da Receita Federal do
b) valor doado, especificando se a doação Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo
foi em espécie ou em bens. eletrônico contendo a relação atualizada dos
Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das cente nacional, distrital, estaduais e municipais,
obrigações previstas no art. 260‑G, a Secretaria com a indicação dos respectivos números de
da Receita Federal do Brasil dará conhecimento inscrição no CNPJ e das contas bancárias espe-
do fato ao Ministério Público. cíficas mantidas em instituições financeiras
públicas, destinadas exclusivamente a gerir os
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da recursos dos Fundos.
Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
distrital e municipais divulgarão amplamente Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal
à comunidade: do Brasil expedirá as instruções necessárias
I – o calendário de suas reuniões; à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260‑K.
II – as ações prioritárias para aplicação das
políticas de atendimento à criança e ao ado- Art. 261. À falta dos Conselhos Municipais
lescente; dos Direitos da Criança e do Adolescente, os
III – os requisitos para a apresentação de registros, inscrições e alterações a que se refe-
projetos a serem beneficiados com recursos rem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei
dos Fundos dos Direitos da Criança e do serão efetuados perante a autoridade judiciária
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou da comarca a que pertencer a entidade.
municipais; Parágrafo único. A União fica autorizada a
IV – a relação dos projetos aprovados em repassar aos Estados e Municípios, e os Esta-
cada ano-calendário e o valor dos recursos dos aos Municípios, os recursos referentes aos
previstos para implementação das ações, por programas e atividades previstos nesta Lei, tão
projeto; logo estejam criados os Conselhos dos Direitos
V – o total dos recursos recebidos e a res- da Criança e do Adolescente nos seus respec-
pectiva destinação, por projeto atendido, inclu- tivos níveis.
sive com cadastramento na base de dados do
Sistema de Informações sobre a Infância e a Art. 262. Enquanto não instalados os Conse-
Adolescência; e lhos Tutelares, as atribuições a eles conferidas
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
VI – a avaliação dos resultados dos projetos serão exercidas pela autoridade judiciária.
beneficiados com recursos dos Fundos dos
Direitos da Criança e do Adolescente nacional, Art. 263. O Decreto-lei no 2.848, de 7 de
estaduais, distrital e municipais. dezembro de 1940, Código Penal, passa a vigo-
rar com as seguintes alterações:
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, ������������������������������������������������������������������������������
em cada Comarca, a forma de fiscalização da
aplicação dos incentivos fiscais referidos no Art. 264. O art. 102 da Lei no 6.015, de 31 de
art. 260 desta Lei. dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte
Parágrafo único. O descumprimento do item:
disposto nos arts. 260‑G e 260‑I sujeitará os ������������������������������������������������������������������������������
infratores a responder por ação judicial pro-
posta pelo Ministério Público, que poderá atuar Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráfi-
de ofício, a requerimento ou representação de cas da União, da administração direta ou indi-
qualquer cidadão. reta, inclusive fundações instituídas e mantidas
pelo poder público federal, promoverão edição
72 popular do texto integral deste Estatuto, que
será posto à disposição das escolas e das enti- Parágrafo único. Durante o período de
dades de atendimento e de defesa dos direitos vacância deverão ser promovidas atividades
da criança e do adolescente. e campanhas de divulgação e esclarecimentos
acerca do disposto nesta Lei.
Art. 265-A. O poder público fará periodica-
mente ampla divulgação dos direitos da criança Art. 267. Revogam-se as Leis nos 4.513, de
e do adolescente nos meios de comunicação 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código
social. de Menores), e as demais disposições em con-
Parágrafo único. A divulgação a que se trário.
refere o caput será veiculada em linguagem
clara, compreensível e adequada a crianças e Brasília, 13 de julho de 1990; 169o da Indepen-
adolescentes, especialmente às crianças com dência e 102o da República.
idade inferior a 6 (seis) anos.
FERNANDO COLLOR
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias
após sua publicação. Promulgada em 13/7/1990, publicada no DOU de
16/7/1990 e retificada no DOU de 27/9/1990.
73
Normas correlatas
Lei no 14.344/2022
Cria mecanismos para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente, nos termos do § 8o do art. 226 e do § 4o do art. 227 da Constituição Federal
e das disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o
Brasil seja parte; altera o Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e as Leis
nos 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente), 8.072, de 25 de julho de 1990 (Lei de Crimes Hediondos), e 13.431,
de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente
vítima ou testemunha de violência; e dá outras providências.
Art. 21. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de
prejuízo de outras medidas, determinar: violência doméstica e familiar contra a criança
I – a proibição do contato, por qualquer meio, e o adolescente, quando necessário:
entre a criança ou o adolescente vítima ou tes- I – registrar em seu sistema de dados os
temunha de violência e o agressor; casos de violência doméstica e familiar contra
II – o afastamento do agressor da residência a criança e o adolescente;
ou do local de convivência ou de coabitação; II – requisitar força policial e serviços públi-
III – a prisão preventiva do agressor, quando cos de saúde, de educação, de assistência social
houver suficientes indícios de ameaça à criança e de segurança, entre outros;
ou ao adolescente vítima ou testemunha de III – fiscalizar os estabelecimentos públicos
violência; e particulares de atendimento à criança e ao
IV – a inclusão da vítima e de sua família adolescente em situação de violência doméstica
natural, ampliada ou substituta nos atendimen- e familiar e adotar, de imediato, as medidas
tos a que têm direito nos órgãos de assistência administrativas ou judiciais cabíveis no tocante
social; a quaisquer irregularidades constatadas.
80
CAPÍTULO VI – Da Proteção ao Noticiante tenha conhecimento, ou após tê-lo feito, ou que,
ou Denunciante de Violência Doméstica e no curso de investigação, de procedimento ou
Familiar de processo instaurado a partir de revelação rea-
lizada, seja coagido ou exposto a grave ameaça,
Art. 23. Qualquer pessoa que tenha conheci- poderá requerer a execução das medidas de
mento ou presencie ação ou omissão, praticada proteção previstas na Lei no 9.807, de 13 de julho
em local público ou privado, que constitua vio- de 1999, que lhe sejam aplicáveis.
lência doméstica e familiar contra a criança e § 6o O Ministério Público manifestar-se-á
o adolescente tem o dever de comunicar o fato sobre a necessidade e a utilidade das medidas
imediatamente ao serviço de recebimento e de proteção formuladas pelo noticiante ou
monitoramento de denúncias, ao Disque 100 da denunciante e requererá ao juiz competente
Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do o deferimento das que entender apropriadas.
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos § 7o Para a adoção das medidas de proteção,
Humanos, ao Conselho Tutelar ou à autoridade considerar-se-á, entre outros aspectos, a gra-
policial, os quais, por sua vez, tomarão as pro- vidade da coação ou da ameaça à integridade
vidências cabíveis. física ou psicológica, a dificuldade de preveni-las
ou de reprimi-las pelos meios convencionais e
Art. 24. O poder público garantirá meios e a sua importância para a produção de provas.
estabelecerá medidas e ações para a proteção § 8o Em caso de urgência e levando em con-
e a compensação da pessoa que noticiar infor- sideração a procedência, a gravidade e a iminên-
mações ou denunciar a prática de violência, de cia da coação ou ameaça, o juiz competente, de
tratamento cruel ou degradante ou de formas ofício ou a requerimento do Ministério Público,
violentas de educação, correção ou disciplina determinará que o noticiante ou denunciante
contra a criança e o adolescente. seja colocado provisoriamente sob a proteção
§ 1o A União, os Estados, o Distrito Federal de órgão de segurança pública, até que o con-
e os Municípios poderão estabelecer programas selho deliberativo decida sobre sua inclusão no
de proteção e compensação das vítimas, das programa de proteção.
testemunhas e dos noticiantes ou denunciantes § 9o Quando entender necessário, o juiz
das condutas previstas no caput deste artigo. competente, de ofício, a requerimento do
§ 2o O noticiante ou denunciante poderá Ministério Público, da autoridade policial, do
requerer que a revelação das informações de que Conselho Tutelar ou por solicitação do órgão
tenha conhecimento seja feita perante a autori- deliberativo concederá as medidas cautelares
dade policial, o Conselho Tutelar, o Ministério direta ou indiretamente relacionadas à eficácia
Público ou o juiz, caso em que a autoridade da proteção.
competente solicitará sua presença, designando
data e hora para audiência especial com esse fim.
§ 3o O noticiante ou denunciante poderá CAPÍTULO VII – Dos Crimes
condicionar a revelação de informações de que
tenha conhecimento à execução das medidas de Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere
proteção necessárias para assegurar sua integri- medida protetiva de urgência prevista nesta Lei:
dade física e psicológica, e caberá à autoridade Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
competente requerer e deferir a adoção das anos.
medidas necessárias. § 1o A configuração do crime independe
§ 4o Ninguém será submetido a retaliação, da competência civil ou criminal do juiz que
Normas correlatas
Art. 28. O caput do art. 4o da Lei no 13.431, de Art. 34. Esta Lei entra em vigor após decorri-
4 de abril de 2017, passa a vigorar acrescido do dos 45 (quarenta e cinco) dias de sua publicação
seguinte inciso V: oficial.
�������������������������������������������������������������������������������
Brasília, 24 de maio de 2022; 201o da Indepen-
Art. 29. Os arts. 18‑B, 70‑A, 70‑B, 136, 201 dência e 134o da República.
e 226 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), passam JAIR MESSIAS BOLSONARO
a vigorar com as seguintes alterações:
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
82
Lei no 13.431/2017
Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de
violência e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
niada, inclusive quando gerar revitimização; V – receber informação adequada à sua etapa
V – violência patrimonial, entendida como de desenvolvimento sobre direitos, inclusive
qualquer conduta que configure retenção, sociais, serviços disponíveis, representação jurí-
subtração, destruição parcial ou total de seus dica, medidas de proteção, reparação de danos
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou e qualquer procedimento a que seja submetido;
recursos econômicos, incluídos os destinados a VI – ser ouvido e expressar seus desejos e
satisfazer suas necessidades, desde que a medida opiniões, assim como permanecer em silêncio;
não se enquadre como educacional. VII – receber assistência qualificada jurídica
§ 1o Para os efeitos desta Lei, a criança e o e psicossocial especializada, que facilite a sua
adolescente serão ouvidos sobre a situação de participação e o resguarde contra comporta-
violência por meio de escuta especializada e mento inadequado adotado pelos demais órgãos
depoimento especial. atuantes no processo;
§ 2o Os órgãos de saúde, assistência social, VIII – ser resguardado e protegido de sofri-
educação, segurança pública e justiça adotarão mento, com direito a apoio, planejamento de
os procedimentos necessários por ocasião da sua participação, prioridade na tramitação do
revelação espontânea da violência. processo, celeridade processual, idoneidade
84 do atendimento e limitação das intervenções;
IX – ser ouvido em horário que lhe for mais testemunha de violência perante autoridade
adequado e conveniente, sempre que possível; policial ou judiciária.
X – ter segurança, com avaliação contínua
sobre possibilidades de intimidação, ameaça e Art. 9o A criança ou o adolescente será res-
outras formas de violência; guardado de qualquer contato, ainda que visual,
XI – ser assistido por profissional capacitado com o suposto autor ou acusado, ou com outra
e conhecer os profissionais que participam dos pessoa que represente ameaça, coação ou cons-
procedimentos de escuta especializada e depoi- trangimento.
mento especial;
XII – ser reparado quando seus direitos forem Art. 10. A escuta especializada e o depoimento
violados; especial serão realizados em local apropriado
XIII – conviver em família e em comunidade; e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico
XIV – ter as informações prestadas tratadas que garantam a privacidade da criança ou do
confidencialmente, sendo vedada a utilização ou adolescente vítima ou testemunha de violência.
o repasse a terceiro das declarações feitas pela
criança e pelo adolescente vítima, salvo para os Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por
fins de assistência à saúde e de persecução penal; protocolos e, sempre que possível, será realizado
XV – prestar declarações em formato adap- uma única vez, em sede de produção antecipada
tado à criança e ao adolescente com deficiência de prova judicial, garantida a ampla defesa do
ou em idioma diverso do português. investigado.
Parágrafo único. O planejamento referido § 1o O depoimento especial seguirá o rito
no inciso VIII, no caso de depoimento especial, cautelar de antecipação de prova:
será realizado entre os profissionais especiali- I – quando a criança ou o adolescente tiver
zados e o juízo. menos de 7 (sete) anos;
II – em caso de violência sexual.
Art. 6o A criança e o adolescente vítima ou § 2o Não será admitida a tomada de novo
testemunha de violência têm direito a pleitear, depoimento especial, salvo quando justificada
por meio de seu representante legal, medidas a sua imprescindibilidade pela autoridade com-
protetivas contra o autor da violência. petente e houver a concordância da vítima ou
Parágrafo único. Os casos omissos nesta Lei da testemunha, ou de seu representante legal.
serão interpretados à luz do disposto na Lei
no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Art. 12. O depoimento especial será colhido
Criança e do Adolescente), na Lei no 11.340, de conforme o seguinte procedimento:
7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e em I – os profissionais especializados esclarece-
normas conexas. rão a criança ou o adolescente sobre a tomada
do depoimento especial, informando-lhe os seus
direitos e os procedimentos a serem adotados e
TÍTULO III – Da Escuta Especializada e do planejando sua participação, sendo vedada a lei-
Depoimento Especial tura da denúncia ou de outras peças processuais;
II – é assegurada à criança ou ao adolescente
Art. 7o Escuta especializada é o procedimento a livre narrativa sobre a situação de violência,
de entrevista sobre situação de violência com podendo o profissional especializado intervir
criança ou adolescente perante órgão da rede quando necessário, utilizando técnicas que per-
de proteção, limitado o relato estritamente ao mitam a elucidação dos fatos;
Normas correlatas
necessário para o cumprimento de sua fina- III – no curso do processo judicial, o depoi-
lidade. mento especial será transmitido em tempo real
para a sala de audiência, preservado o sigilo;
Art. 8o Depoimento especial é o procedimento IV – findo o procedimento previsto no inciso
de oitiva de criança ou adolescente vítima ou II deste artigo, o juiz, após consultar o Ministério
Público, o defensor e os assistentes técnicos, 85
avaliará a pertinência de perguntas comple- periodicamente, campanhas de conscientização
mentares, organizadas em bloco; da sociedade, promovendo a identificação das
V – o profissional especializado poderá violações de direitos e garantias de crianças
adaptar as perguntas à linguagem de melhor e adolescentes e a divulgação dos serviços de
compreensão da criança ou do adolescente; proteção e dos fluxos de atendimento, como
VI – o depoimento especial será gravado em forma de evitar a violência institucional.
áudio e vídeo.
§ 1o À vítima ou testemunha de violência Art. 14. As políticas implementadas nos sis-
é garantido o direito de prestar depoimento temas de justiça, segurança pública, assistência
diretamente ao juiz, se assim o entender. social, educação e saúde deverão adotar ações
§ 2o O juiz tomará todas as medidas apro- articuladas, coordenadas e efetivas voltadas
priadas para a preservação da intimidade e da ao acolhimento e ao atendimento integral às
privacidade da vítima ou testemunha. vítimas de violência.
§ 3o O profissional especializado comunicará § 1o As ações de que trata o caput observarão
ao juiz se verificar que a presença, na sala de as seguintes diretrizes:
audiência, do autor da violência pode prejudicar I – abrangência e integralidade, devendo
o depoimento especial ou colocar o depoente em comportar avaliação e atenção de todas as neces-
situação de risco, caso em que, fazendo constar sidades da vítima decorrentes da ofensa sofrida;
em termo, será autorizado o afastamento do II – capacitação interdisciplinar continuada,
imputado. preferencialmente conjunta, dos profissionais;
§ 4o Nas hipóteses em que houver risco à III – estabelecimento de mecanismos de
vida ou à integridade física da vítima ou teste- informação, referência, contrarreferência e
munha, o juiz tomará as medidas de proteção monitoramento;
cabíveis, inclusive a restrição do disposto nos IV – planejamento coordenado do atendi-
incisos III e VI deste artigo. mento e do acompanhamento, respeitadas as
§ 5o As condições de preservação e de especificidades da vítima ou testemunha e de
segurança da mídia relativa ao depoimento suas famílias;
da criança ou do adolescente serão objeto de V – celeridade do atendimento, que deve ser
regulamentação, de forma a garantir o direito realizado imediatamente – ou tão logo quanto
à intimidade e à privacidade da vítima ou tes- possível – após a revelação da violência;
temunha. VI – priorização do atendimento em razão
§ 6o O depoimento especial tramitará em da idade ou de eventual prejuízo ao desenvol-
segredo de justiça. vimento psicossocial, garantida a intervenção
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
preventiva;
VII – mínima intervenção dos profissionais
TÍTULO IV – Da Integração das Políticas de envolvidos; e
Atendimento VIII – monitoramento e avaliação periódica
CAPÍTULO I – Disposições Gerais das políticas de atendimento.
§ 2o Nos casos de violência sexual, cabe
Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conheci- ao responsável da rede de proteção garantir a
mento ou presencie ação ou omissão, praticada urgência e a celeridade necessárias ao atendi-
em local público ou privado, que constitua vio- mento de saúde e à produção probatória, pre-
lência contra criança ou adolescente tem o dever servada a confidencialidade.
de comunicar o fato imediatamente ao serviço
de recebimento e monitoramento de denúncias, Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Fede-
ao conselho tutelar ou à autoridade policial, os ral e os Municípios poderão criar serviços de
quais, por sua vez, cientificarão imediatamente atendimento, de ouvidoria ou de resposta, pelos
o Ministério Público. meios de comunicação disponíveis, integrados
Parágrafo único. A União, os Estados, o Dis- às redes de proteção, para receber denúncias de
86 trito Federal e os Municípios poderão promover, violações de direitos de crianças e adolescentes.
Parágrafo único. As denúncias recebidas I – elaboração de plano individual e familiar
serão encaminhadas: de atendimento, valorizando a participação da
I – à autoridade policial do local dos fatos, criança e do adolescente e, sempre que possível,
para apuração; a preservação dos vínculos familiares;
II – ao conselho tutelar, para aplicação de II – atenção à vulnerabilidade indireta dos
medidas de proteção; e demais membros da família decorrente da situa-
III – ao Ministério Público, nos casos que ção de violência, e solicitação, quando neces-
forem de sua atribuição específica. sário, aos órgãos competentes, de inclusão da
vítima ou testemunha e de suas famílias nas
Art. 16. O poder público poderá criar pro- políticas, programas e serviços existentes;
gramas, serviços ou equipamentos que pro- III – avaliação e atenção às situações de inti-
porcionem atenção e atendimento integral e midação, ameaça, constrangimento ou discri-
interinstitucional às crianças e adolescentes minação decorrentes da vitimização, inclusive
vítimas ou testemunhas de violência, compostos durante o trâmite do processo judicial, as quais
por equipes multidisciplinares especializadas. deverão ser comunicadas imediatamente à auto-
Parágrafo único. Os programas, serviços ou ridade judicial para tomada de providências; e
equipamentos públicos poderão contar com IV – representação ao Ministério Público, nos
delegacias especializadas, serviços de saúde, casos de falta de responsável legal com capaci-
perícia médico-legal, serviços socioassisten- dade protetiva em razão da situação de violência,
ciais, varas especializadas, Ministério Público para colocação da criança ou do adolescente
e Defensoria Pública, entre outros possíveis sob os cuidados da família extensa, de família
de integração, e deverão estabelecer parcerias substituta ou de serviço de acolhimento familiar
em caso de indisponibilidade de serviços de ou, em sua falta, institucional.
atendimento.
CAPÍTULO III – Da Assistência Social Art. 21. Constatado que a criança ou o ado-
lescente está em risco, a autoridade policial
Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal requisitará à autoridade judicial responsável,
e os Municípios poderão estabelecer, no âmbito em qualquer momento dos procedimentos de
do Sistema Único de Assistência Social (Suas), investigação e responsabilização dos suspeitos,
os seguintes procedimentos: 87
as medidas de proteção pertinentes, entre as TÍTULO V – Dos Crimes
quais:
I – evitar o contato direto da criança ou do Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo
adolescente vítima ou testemunha de violência que depoimento de criança ou adolescente seja
com o suposto autor da violência; assistido por pessoa estranha ao processo, sem
II – solicitar o afastamento cautelar do inves- autorização judicial e sem o consentimento do
tigado da residência ou local de convivência, em depoente ou de seu representante legal.
se tratando de pessoa que tenha contato com a Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos,
criança ou o adolescente; e multa.
III – requerer a prisão preventiva do inves-
tigado, quando houver suficientes indícios de
ameaça à criança ou adolescente vítima ou tes- TÍTULO VI – Disposições Finais e
temunha de violência; Transitórias
IV – solicitar aos órgãos socioassistenciais a
inclusão da vítima e de sua família nos atendi- Art. 25. O art. 208 da Lei no 8.069, de 13 de
mentos a que têm direito; julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
V – requerer a inclusão da criança ou do lescente), passa a vigorar acrescido do seguinte
adolescente em programa de proteção a vítimas inciso XI:
ou testemunhas ameaçadas; e �������������������������������������������������������������������������������
VI – representar ao Ministério Público para
que proponha ação cautelar de antecipação de Art. 26. Cabe ao poder público, no prazo
prova, resguardados os pressupostos legais e as máximo de 60 (sessenta) dias contado da
garantias previstas no art. 5o desta Lei, sempre entrada em vigor desta Lei, emanar atos nor-
que a demora possa causar prejuízo ao desen- mativos necessários à sua efetividade.
volvimento da criança ou do adolescente.
Art. 27. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e
Art. 22. Os órgãos policiais envolvidos envi- aos Municípios, no prazo máximo de 180 (cento
darão esforços investigativos para que o depoi- e oitenta) dias contado da entrada em vigor
mento especial não seja o único meio de prova desta Lei, estabelecer normas sobre o sistema de
para o julgamento do réu. garantia de direitos da criança e do adolescente
vítima ou testemunha de violência, no âmbito
das respectivas competências.
CAPÍTULO V – Da Justiça
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
88
Lei no 13.257/2016
Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o Decreto-lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943, a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei no 12.662, de 5
de junho de 2012.
âmbitos, comitê intersetorial de políticas públi- entre outros temas, a especificidade da primeira
cas para a primeira infância com a finalidade infância, a estratégia da intersetorialidade na
de assegurar a articulação das ações voltadas à promoção do desenvolvimento integral e a
proteção e à promoção dos direitos da criança, prevenção e a proteção contra toda forma de
garantida a participação social por meio dos violência contra a criança.
conselhos de direitos.
§ 1o Caberá ao Poder Executivo no âmbito Art. 11. As políticas públicas terão, necessaria-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos mente, componentes de monitoramento e coleta
Municípios indicar o órgão responsável pela sistemática de dados, avaliação periódica dos
coordenação do comitê intersetorial previsto elementos que constituem a oferta dos serviços
no caput deste artigo. à criança e divulgação dos seus resultados.
§ 2o O órgão indicado pela União nos termos § 1o A União manterá instrumento indivi-
do § 1o deste artigo manterá permanente arti- dual de registro unificado de dados do cres-
culação com as instâncias de coordenação das cimento e desenvolvimento da criança, assim
ações estaduais, distrital e municipais de atenção como sistema informatizado, que inclua as redes
à criança na primeira infância, visando à com- pública e privada de saúde, para atendimento
90 plementaridade das ações e ao cumprimento ao disposto neste artigo.
§ 2o A União informará à sociedade a soma entre outras, com vistas ao desenvolvimento
dos recursos aplicados anualmente no conjunto integral da criança.
dos programas e serviços para a primeira infân- § 1o Os programas que se destinam ao
cia e o percentual que os valores representam fortalecimento da família no exercício de sua
em relação ao respectivo orçamento realizado, função de cuidado e educação de seus filhos na
bem como colherá informações sobre os valores primeira infância promoverão atividades cen-
aplicados pelos demais entes da Federação. tradas na criança, focadas na família e baseadas
na comunidade.
Art. 12. A sociedade participa solidariamente § 2o As famílias identificadas nas redes de
com a família e o Estado da proteção e da pro- saúde, educação e assistência social e nos órgãos
moção da criança na primeira infância, nos do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança
termos do caput e do § 7o do art. 227, combi- e do Adolescente que se encontrem em situação
nado com o inciso II do art. 204 da Constituição de vulnerabilidade e de risco ou com direitos
Federal, entre outras formas: violados para exercer seu papel protetivo de cui-
I – formulando políticas e controlando ações, dado e educação da criança na primeira infância,
por meio de organizações representativas; bem como as que têm crianças com indicadores
II – integrando conselhos, de forma paritá- de risco ou deficiência, terão prioridade nas
ria com representantes governamentais, com políticas sociais públicas.
funções de planejamento, acompanhamento, § 3o As gestantes e as famílias com crianças
controle social e avaliação; na primeira infância deverão receber orientação
III – executando ações diretamente ou em e formação sobre maternidade e paternidade
parceria com o poder público; responsáveis, aleitamento materno, alimen-
IV – desenvolvendo programas, projetos e tação complementar saudável, crescimento e
ações compreendidos no conceito de responsa- desenvolvimento infantil integral, prevenção de
bilidade social e de investimento social privado; acidentes e educação sem uso de castigos físicos,
V – criando, apoiando e participando de nos termos da Lei no 13.010, de 26 de junho de
redes de proteção e cuidado à criança nas comu- 2014, com o intuito de favorecer a formação e a
nidades; consolidação de vínculos afetivos e estimular o
VI – promovendo ou participando de cam- desenvolvimento integral na primeira infância.
panhas e ações que visem a aprofundar a cons- § 4o A oferta de programas e de ações de
ciência social sobre o significado da primeira visita domiciliar e de outras modalidades que
infância no desenvolvimento do ser humano. estimulem o desenvolvimento integral na pri-
meira infância será considerada estratégia de
Art. 13. A União, os Estados, o Distrito Fede- atuação sempre que respaldada pelas políticas
ral e os Municípios apoiarão a participação públicas sociais e avaliada pela equipe profis-
das famílias em redes de proteção e cuidado sional responsável.
da criança em seus contextos sociofamiliar e § 5o Os programas de visita domiciliar volta-
comunitário visando, entre outros objetivos, dos ao cuidado e educação na primeira infância
à formação e ao fortalecimento dos vínculos deverão contar com profissionais qualificados,
familiares e comunitários, com prioridade aos apoiados por medidas que assegurem sua per-
contextos que apresentem riscos ao desenvol- manência e formação continuada.
vimento da criança.
Art. 15. As políticas públicas criarão condições
Art. 14. As políticas e programas governamen- e meios para que, desde a primeira infância, a
Normas correlatas
tais de apoio às famílias, incluindo as visitas criança tenha acesso à produção cultural e seja
domiciliares e os programas de promoção da reconhecida como produtora de cultura.
paternidade e maternidade responsáveis, bus-
carão a articulação das áreas de saúde, nutrição, Art. 16. A expansão da educação infantil
educação, assistência social, cultura, trabalho, deverá ser feita de maneira a assegurar a qua-
habitação, meio ambiente e direitos humanos, lidade da oferta, com instalações e equipamentos 91
que obedeçam a padrões de infraestrutura esta- § 2o, numerando-se o atual parágrafo único
belecidos pelo Ministério da Educação, com como § 1o:
profissionais qualificados conforme dispõe a �������������������������������������������������������������������������������
Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), e com Art. 24. O art. 14 da Lei no 8.069, de 13 de julho
currículo e materiais pedagógicos adequados à de 1990, passa a vigorar acrescido dos seguintes
proposta pedagógica. §§ 2o, 3o e 4o, numerando-se o atual parágrafo
Parágrafo único. A expansão da educação único como § 1o:
infantil das crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos �������������������������������������������������������������������������������
de idade, no cumprimento da meta do Plano
Nacional de Educação, atenderá aos critérios Art. 25. O art. 19 da Lei no 8.069, de 13 de julho
definidos no território nacional pelo competente de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
sistema de ensino, em articulação com as demais �������������������������������������������������������������������������������
políticas sociais.
Art. 26. O art. 22 da Lei no 8.069, de 13 de julho
Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte
e os Municípios deverão organizar e estimular a parágrafo único:
criação de espaços lúdicos que propiciem o bem- �������������������������������������������������������������������������������
-estar, o brincar e o exercício da criatividade em
locais públicos e privados onde haja circulação Art. 27. O § 1o do art. 23 da Lei no 8.069, de 13
de crianças, bem como a fruição de ambientes de julho de 1990, passa a vigorar com a seguinte
livres e seguros em suas comunidades. redação:
�������������������������������������������������������������������������������
Art. 18. O art. 3o da Lei no 8.069, de 13 de julho
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Art. 28. O art. 34 da Lei no 8.069, de 13 de
passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo julho de 1990, passa a vigorar acrescido dos
único: seguintes §§ 3o e 4o:
������������������������������������������������������������������������������� �������������������������������������������������������������������������������
Art. 19. O art. 8o da Lei no 8.069, de 13 de julho Art. 29. O inciso II do art. 87 da Lei no 8.069,
de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: de 13 de julho de 1990, passa a vigorar com a
������������������������������������������������������������������������������� seguinte redação:
�������������������������������������������������������������������������������
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
92
Art. 33. O art. 102 da Lei no 8.069, de 13 de o montante da renúncia fiscal decorrente do
julho de 1990, passa a vigorar acrescido dos disposto no art. 38 desta Lei e o incluirá no
seguintes §§ 5o e 6o: demonstrativo a que se refere o § 6o do art. 165
������������������������������������������������������������������������������� da Constituição Federal, que acompanhará o
projeto de lei orçamentária cuja apresentação
Art. 34. O inciso I do art. 129 da Lei no 8.069, se der após decorridos 60 (sessenta) dias da
de 13 de julho de 1990, passa a vigorar com a publicação desta Lei.
seguinte redação:
������������������������������������������������������������������������������� Art. 40. Os arts. 38 e 39 desta Lei produzem
efeitos a partir do primeiro dia do exercício
Art. 35. Os §§ 1o‑A e 2o do art. 260 da Lei subsequente àquele em que for implementado
no 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a o disposto no art. 39.
vigorar com a seguinte redação:
������������������������������������������������������������������������������� Art. 41. Os arts. 6o, 185, 304 e 318 do Decreto-
-lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
Art. 36. A Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, de Processo Penal), passam a vigorar com as
passa a vigorar acrescida do seguinte art. 265‑A: seguintes alterações:
������������������������������������������������������������������������������� �������������������������������������������������������������������������������
Art. 37. O art. 473 da Consolidação das Leis Art. 42. O art. 5o da Lei no 12.662, de 5 de junho
do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-lei de 2012, passa a vigorar acrescido dos seguintes
no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar §§ 3o e 4o:
acrescido dos seguintes incisos X e XI: �������������������������������������������������������������������������������
�������������������������������������������������������������������������������
Art. 43. Esta Lei entra em vigor na data de
Art. 38. Os arts. 1o, 3o, 4o e 5o da Lei no 11.770, sua publicação.
de 9 de setembro de 2008, passam a vigorar com
as seguintes alterações: Brasília, 8 de março de 2016; 195o da Indepen-
������������������������������������������������������������������������������� dência e 128o da República.
Normas correlatas
93
Lei no 12.852/2013
Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das
políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE.
jovem em ações que contemplem a defesa dos o uso e o ensino da Língua Brasileira de Sinais
direitos da juventude ou de temas afetos aos – LIBRAS, em todas as etapas e modalidades
jovens; e educacionais.
IV – a efetiva inclusão dos jovens nos espaços § 4o É assegurada aos jovens com deficiên-
públicos de decisão com direito a voz e voto. cia a inclusão no ensino regular em todos os
níveis e modalidades educacionais, incluindo o 95
atendimento educacional especializado, obser- organização, nos conselhos e instâncias deli-
vada a acessibilidade a edificações, transportes, berativas de gestão democrática das escolas e
espaços, mobiliários, equipamentos, sistemas e universidades.
meios de comunicação e assegurados os recursos
de tecnologia assistiva e adaptações necessárias Art. 13. As escolas e as universidades deverão
a cada pessoa. formular e implantar medidas de democratiza-
§ 5o A Política Nacional de Educação no ção do acesso e permanência, inclusive progra-
Campo contemplará a ampliação da oferta de mas de assistência estudantil, ação afirmativa e
educação para os jovens do campo, em todos inclusão social para os jovens estudantes.
os níveis e modalidades educacionais.
Art. 8o O jovem tem direito à educação supe- SEÇÃO III – Do Direito à Profissionalização,
rior, em instituições públicas ou privadas, com ao Trabalho e à Renda
variados graus de abrangência do saber ou
especialização do conhecimento, observadas Art. 14. O jovem tem direito à profissiona-
as regras de acesso de cada instituição. lização, ao trabalho e à renda, exercido em
§ 1o É assegurado aos jovens negros, indíge- condições de liberdade, equidade e segurança,
nas e alunos oriundos da escola pública o acesso adequadamente remunerado e com proteção
ao ensino superior nas instituições públicas por social.
meio de políticas afirmativas, nos termos da lei.
§ 2o O poder público promoverá programas Art. 15. A ação do poder público na efetiva-
de expansão da oferta de educação superior nas ção do direito do jovem à profissionalização,
instituições públicas, de financiamento estu- ao trabalho e à renda contempla a adoção das
dantil e de bolsas de estudos nas instituições seguintes medidas:
privadas, em especial para jovens com defi- I – promoção de formas coletivas de orga-
ciência, negros, indígenas e alunos oriundos nização para o trabalho, de redes de economia
da escola pública. solidária e da livre associação;
II – oferta de condições especiais de jornada
Art. 9o O jovem tem direito à educação profis- de trabalho por meio de:
sional e tecnológica, articulada com os diferentes a) compatibilização entre os horários de
níveis e modalidades de educação, ao trabalho, trabalho e de estudo;
à ciência e à tecnologia, observada a legislação b) oferta dos níveis, formas e modalidades
vigente. de ensino em horários que permitam a compa-
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
contendo qualquer teor alcoólico com a parti- III e VIII do caput deve observar a legislação
cipação de pessoa com menos de 18 (dezoito) específica sobre o direito à profissionalização e
anos de idade; à proteção no trabalho dos adolescentes.
X – veiculação de campanhas educativas
relativas ao álcool, ao tabaco e a outras drogas Art. 23. É assegurado aos jovens de até 29
como causadores de dependência; e (vinte e nove) anos pertencentes a famílias
XI – articulação das instâncias de saúde e de baixa renda e aos estudantes, na forma do
justiça na prevenção do uso e abuso de álcool, regulamento, o acesso a salas de cinema, cine-
tabaco e outras drogas, inclusive esteroides ana- clubes, teatros, espetáculos musicais e circenses,
bolizantes e, especialmente, crack. eventos educativos, esportivos, de lazer e entre-
tenimento, em todo o território nacional, pro-
movidos por quaisquer entidades e realizados
SEÇÃO VI – Do Direito à Cultura em estabelecimentos públicos ou particulares,
mediante pagamento da metade do preço do
Art. 21. O jovem tem direito à cultura, ingresso cobrado do público em geral.
incluindo a livre criação, o acesso aos bens e § 1o Terão direito ao benefício previsto no
98 serviços culturais e a participação nas decisões caput os estudantes regularmente matriculados
nos níveis e modalidades de educação e ensino (quarenta por cento) do total de ingressos dis-
previstos no Título V da Lei no 9.394, de 20 de poníveis para cada evento.
dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, que comprovem sua Art. 24. O poder público destinará, no âmbito
condição de discente, mediante apresentação, no dos respectivos orçamentos, recursos finan-
momento da aquisição do ingresso e na portaria ceiros para o fomento dos projetos culturais
do local de realização do evento, da Carteira de destinados aos jovens e por eles produzidos.
Identificação Estudantil – CIE.
§ 2o A CIE será expedida preferencialmente Art. 25. Na destinação dos recursos do Fundo
pela Associação Nacional de Pós-Graduandos, Nacional da Cultura – FNC, de que trata a Lei
pela União Nacional dos Estudantes, pela União no 8.313, de 23 de dezembro de 1991, serão con-
Brasileira dos Estudantes Secundaristas e por sideradas as necessidades específicas dos jovens
entidades estudantis estaduais e municipais a em relação à ampliação do acesso à cultura e
elas filiadas. à melhoria das condições para o exercício do
§ 3o É garantida a gratuidade na expedição protagonismo no campo da produção cultural.
da CIE para estudantes pertencentes a famílias Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurí-
de baixa renda, nos termos do regulamento. dicas poderão optar pela aplicação de parcelas
§ 4o As entidades mencionadas no § 2o deste do imposto sobre a renda a título de doações ou
artigo deverão tornar disponível, para eventuais patrocínios, de que trata a Lei no 8.313, de 23 de
consultas pelo poder público e pelos estabeleci- dezembro de 1991, no apoio a projetos culturais
mentos referidos no caput, banco de dados com apresentados por entidades juvenis legalmente
o nome e o número de registro dos estudantes constituídas há, pelo menos, 1 (um) ano.
portadores da Carteira de Identificação Estu-
dantil, expedida nos termos do § 3o deste artigo.
§ 5o A CIE terá validade até o dia 31 de SEÇÃO VII – Do Direito à Comunicação e à
março do ano subsequente à data de sua expe- Liberdade de Expressão
dição.
§ 6o As entidades mencionadas no § 2o deste Art. 26. O jovem tem direito à comunicação e
artigo são obrigadas a manter o documento à livre expressão, à produção de conteúdo, indi-
comprobatório do vínculo do aluno com o vidual e colaborativo, e ao acesso às tecnologias
estabelecimento escolar, pelo mesmo prazo de de informação e comunicação.
validade da respectiva Carteira de Identificação
Estudantil. Art. 27. A ação do poder público na efetivação
§ 7o Caberá aos órgãos públicos competentes do direito do jovem à comunicação e à liberdade
federais, estaduais, municipais e do Distrito de expressão contempla a adoção das seguintes
Federal a fiscalização do cumprimento do dis- medidas:
posto neste artigo e a aplicação das sanções I – incentivar programas educativos e cul-
cabíveis, nos termos do regulamento. turais voltados para os jovens nas emissoras de
§ 8o Os benefícios previstos neste artigo não rádio e televisão e nos demais meios de comu-
incidirão sobre os eventos esportivos de que nicação de massa;
tratam as Leis nos 12.663, de 5 de junho de 2012, II – promover a inclusão digital dos jovens,
e 12.780, de 9 de janeiro de 2013. por meio do acesso às novas tecnologias de
§ 9o Considera-se de baixa renda, para os informação e comunicação;
fins do disposto no caput, a família inscrita III – promover as redes e plataformas de
Normas correlatas
no Cadastro Único para Programas Sociais do comunicação dos jovens, considerando a aces-
Governo Federal – CadÚnico cuja renda mensal sibilidade para os jovens com deficiência;
seja de até 2 (dois) salários mínimos. IV – incentivar a criação e manutenção de
§ 10. A concessão do benefício da meia- equipamentos públicos voltados para a pro-
-entrada de que trata o caput é limitada a 40% moção do direito do jovem à comunicação; e
99
V – garantir a acessibilidade à comunicação II – a reserva de 2 (duas) vagas por veículo
por meio de tecnologias assistivas e adaptações com desconto de 50% (cinquenta por cento),
razoáveis para os jovens com deficiência. no mínimo, no valor das passagens, para os
jovens de baixa renda, a serem utilizadas após
esgotadas as vagas previstas no inciso I.
SEÇÃO VIII – Do Direito ao Desporto e ao Parágrafo único. Os procedimentos e os cri-
Lazer térios para o exercício dos direitos previstos nos
incisos I e II serão definidos em regulamento.
Art. 28. O jovem tem direito à prática despor-
tiva destinada a seu pleno desenvolvimento, Art. 33. A União envidará esforços, em arti-
com prioridade para o desporto de participação. culação com os Estados, o Distrito Federal
Parágrafo único. O direito à prática despor- e os Municípios, para promover a oferta de
tiva dos adolescentes deverá considerar sua con- transporte público subsidiado para os jovens,
dição peculiar de pessoa em desenvolvimento. com prioridade para os jovens em situação de
pobreza e vulnerabilidade, na forma do regu-
Art. 29. A política pública de desporto e lazer lamento.
destinada ao jovem deverá considerar:
I – a realização de diagnóstico e estudos esta-
tísticos oficiais acerca da educação física e dos SEÇÃO X – Do Direito à Sustentabilidade e
desportos e dos equipamentos de lazer no Brasil; ao Meio Ambiente
II – a adoção de lei de incentivo fiscal para o
esporte, com critérios que priorizem a juventude Art. 34. O jovem tem direito à sustentabilidade
e promovam a equidade; e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
III – a valorização do desporto e do para- bem de uso comum do povo, essencial à sadia
desporto educacional; qualidade de vida, e o dever de defendê-lo e
IV – a oferta de equipamentos comunitários preservá-lo para a presente e as futuras gerações.
que permitam a prática desportiva, cultural e
de lazer. Art. 35. O Estado promoverá, em todos os
níveis de ensino, a educação ambiental voltada
Art. 30. Todas as escolas deverão buscar pelo para a preservação do meio ambiente e a susten-
menos um local apropriado para a prática de tabilidade, de acordo com a Política Nacional
atividades poliesportivas. do Meio Ambiente.
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Normas correlatas
103
Lei no 12.685/2012
Institui o Dia Nacional do Compromisso com a Criança, o Adolescente e a Educação.
104
Lei no 12.594/2012
Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das
medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis nos 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986,
7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de
1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621,
de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943.
Art. 10. Os Municípios inscreverão seus pro- Art. 12. A composição da equipe técnica do
gramas e alterações, bem como as entidades de programa de atendimento deverá ser interdisci-
atendimento executoras, no Conselho Municipal plinar, compreendendo, no mínimo, profissio-
dos Direitos da Criança e do Adolescente. nais das áreas de saúde, educação e assistência
social, de acordo com as normas de referência.
Art. 11. Além da especificação do regime, são § 1o Outros profissionais podem ser acres-
requisitos obrigatórios para a inscrição de pro- centados às equipes para atender necessidades
grama de atendimento: específicas do programa.
I – a exposição das linhas gerais dos métodos § 2o Regimento interno deve discriminar as
e técnicas pedagógicas, com a especificação das atribuições de cada profissional, sendo proibida
atividades de natureza coletiva; a sobreposição dessas atribuições na entidade
II – a indicação da estrutura material, dos de atendimento.
recursos humanos e das estratégias de segurança § 3o O não cumprimento do previsto neste
compatíveis com as necessidades da respectiva artigo sujeita as entidades de atendimento, seus
unidade; dirigentes ou prepostos à aplicação das medidas
III – regimento interno que regule o funcio- previstas no art. 97 da Lei no 8.069, de 13 de julho
namento da entidade, no qual deverá constar, de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
no mínimo:
a) o detalhamento das atribuições e res-
ponsabilidades do dirigente, de seus prepostos, SEÇÃO II – Dos Programas de Meio Aberto
dos membros da equipe técnica e dos demais
educadores; Art. 13. Compete à direção do programa de
b) a previsão das condições do exercício da prestação de serviços à comunidade ou de liber-
disciplina e concessão de benefícios e o respec- dade assistida:
tivo procedimento de aplicação; e I – selecionar e credenciar orientadores,
c) a previsão da concessão de benefícios designando-os, caso a caso, para acompanhar
extraordinários e enaltecimento, tendo em vista e avaliar o cumprimento da medida;
tornar público o reconhecimento ao adolescente II – receber o adolescente e seus pais ou
pelo esforço realizado na consecução dos obje- responsável e orientá-los sobre a finalidade da
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
sobre o desempenho dessas ações por meio do nalidade, classe social, orientação religiosa, polí-
Sistema de Informações sobre Atendimento tica ou sexual, ou associação ou pertencimento
Socioeducativo. a qualquer minoria ou status; e
IX – fortalecimento dos vínculos familiares
Art. 32. A Lei no 7.560, de 19 de dezembro e comunitários no processo socioeducativo.
de 1986, passa a vigorar com as seguintes alte-
rações:
������������������������������������������������������������������������������� CAPÍTULO II – Dos Procedimentos
Art. 33. A Lei no 7.998, de 11 de janeiro de Art. 36. A competência para jurisdicionar a
1990, passa a vigorar acrescida do seguinte execução das medidas socioeducativas segue
art. 19‑A: o determinado pelo art. 146 da Lei no 8.069,
������������������������������������������������������������������������������� de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente).
na unidade de internação, vedando o acesso aos ao socioeducando que tenha praticado a falta:
seus portadores. I – por coação irresistível ou por motivo de
força maior;
II – em legítima defesa, própria ou de outrem.
CAPÍTULO VII – Dos Regimes
Disciplinares
CAPÍTULO VIII – Da Capacitação para o
Art. 71. Todas as entidades de atendimento Trabalho
socioeducativo deverão, em seus respectivos
regimentos, realizar a previsão de regime dis- Art. 76. O art. 2o do Decreto-lei no 4.048, de 22
ciplinar que obedeça aos seguintes princípios: de janeiro de 1942, passa a vigorar acrescido do
I – tipificação explícita das infrações como seguinte § 1o, renumerando-se o atual parágrafo
leves, médias e graves e determinação das cor- único para § 2o:
respondentes sanções; �������������������������������������������������������������������������������
II – exigência da instauração formal de pro-
cesso disciplinar para a aplicação de qualquer Art. 77. O art. 3o do Decreto-lei no 8.621, de 10
118 de janeiro de 1946, passa a vigorar acrescido do
seguinte § 1o, renumerando-se o atual parágrafo Art. 84. Os programas de internação e semili-
único para § 2o: berdade sob a responsabilidade dos Municípios
������������������������������������������������������������������������������� serão, obrigatoriamente, transferidos para o
Poder Executivo do respectivo Estado no prazo
Art. 78. O art. 1o da Lei no 8.315, de 23 de máximo de 1 (um) ano a partir da publicação
dezembro de 1991, passa a vigorar acrescido desta Lei e de acordo com a política de oferta
do seguinte parágrafo único: dos programas aqui definidos.
�������������������������������������������������������������������������������
Art. 85. A não transferência de programas de
Art. 79. O art. 3o da Lei no 8.706, de 14 de atendimento para os devidos entes responsá-
setembro de 1993, passa a vigorar acrescido veis, no prazo determinado nesta Lei, importará
do seguinte parágrafo único: na interdição do programa e caracterizará ato
������������������������������������������������������������������������������� de improbidade administrativa do agente res-
ponsável, vedada, ademais, ao Poder Judiciário
Art. 80. O art. 429 do Decreto-lei no 5.452, de e ao Poder Executivo municipal, ao final do
1o de maio de 1943, passa a vigorar acrescido referido prazo, a realização de despesas para a
do seguinte § 2o: sua manutenção.
�������������������������������������������������������������������������������
Art. 86. Os arts. 90, 97, 121, 122, 198 e 208 da
TÍTULO III – Disposições Finais e Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
Transitórias da Criança e do Adolescente), passam a vigorar
com a seguinte redação:
Art. 81. As entidades que mantenham pro- �������������������������������������������������������������������������������
gramas de atendimento têm o prazo de até 6
(seis) meses após a publicação desta Lei para Art. 87. A Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
encaminhar ao respectivo Conselho Estadual ou (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a
Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles- vigorar com as seguintes alterações:
cente proposta de adequação da sua inscrição, �������������������������������������������������������������������������������
sob pena de interdição.
Art. 88. O parágrafo único do art. 3o da Lei
Art. 82. Os Conselhos dos Direitos da Criança no 12.213, de 20 de janeiro de 2010, passa a
e do Adolescente, em todos os níveis federa- vigorar com a seguinte redação:
dos, com os órgãos responsáveis pelo sistema �������������������������������������������������������������������������������
de educação pública e as entidades de atendi-
mento, deverão, no prazo de 1 (um) ano a par- Art. 89. (Vetado)
tir da publicação desta Lei, garantir a inserção
de adolescentes em cumprimento de medida Art. 90. Esta Lei entra em vigor após decorri-
socioeducativa na rede pública de educação, em dos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial.
qualquer fase do período letivo, contemplando
as diversas faixas etárias e níveis de instrução. Brasília, 18 de janeiro de 2012; 191o da Inde-
pendência e 124o da República.
Art. 83. Os programas de atendimento socioe-
ducativo sob a responsabilidade do Poder Judi- DILMA ROUSSEFF
ciário serão, obrigatoriamente, transferidos ao
Normas correlatas
119
Lei no 12.393/2011
Institui a Semana de Mobilização Nacional para Busca e Defesa da Criança Desaparecida.
120
Lei no 12.318/2010
Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990.
122
Lei no 12.127/2009
Cria o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos.
Art. 2o A União manterá, no âmbito do órgão Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua
competente do Poder Executivo, a base de dados publicação.
do Cadastro Nacional de Crianças e Adoles-
centes Desaparecidos, a qual conterá as carac- Brasília, 17 de dezembro de 2009; 188o da Inde-
terísticas físicas e dados pessoais de crianças e pendência e 121o da República.
adolescentes cujo desaparecimento tenha sido
registrado em órgão de segurança pública fede- JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
ral ou estadual.
Promulgada em 17/12/2009 e publicada no DOU
Art. 3o Nos termos de convênio a ser firmado de 18/12/2009.
entre a União e os Estados e o Distrito Federal,
serão definidos:
Normas correlatas
123
Lei no 12.010/2009
Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do
Adolescente, 8.560, de 29 de dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei no 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 – Código Civil, e da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio de 1943; e dá outras providências.
na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, e na contado da entrada em vigor desta Lei, a pre-
Constituição Federal. paração psicossocial e jurídica a que se referem
os §§ 3o e 4o do art. 50 da Lei no 8.069, de 13
Art. 2o A Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, de julho de 1990, acrescidos pelo art. 2o desta
Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a Lei, sob pena de cassação de sua inscrição no
vigorar com as seguintes alterações: cadastro.
����������������������������������������������������������������������������
Art. 7o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa)
Art. 3 A expressão “pátrio poder” contida
o
dias após a sua publicação.
nos arts. 21, 23, 24, no parágrafo único do
art. 36, no § 1o do art. 45, no art. 49, no inciso Art. 8o Revogam-se o § 4o do art. 51 e os
X do caput do art. 129, nas alíneas “b” e “d” incisos IV, V e VI do caput do art. 198 da Lei
no 8.069, de 13 de julho de 1990, bem como
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram o parágrafo único do art. 1.618, o inciso III
normas, suprimiram-se as alterações determinadas do caput do art. 10 e os arts. 1.620 a 1.629
uma vez que já foram incorporadas às normas às da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 –
124 quais se destinam. Código Civil, e os §§ 1o a 3o do art. 392‑A da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
pelo Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio de
1943. Promulgada em 3/8/2009, publicada no DOU de
4/8/2009 e retificada no DOU de 2/9/2009.
Brasília, 3 de agosto de 2009; 188o da Inde-
pendência e 121o da República.
Normas correlatas
125
Lei no 11.692/2008
Dispõe sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – Projovem, instituído pela Lei no 11.129,
de 30 de junho de 2005; altera a Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004; revoga dispositivos das Leis
nos 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, 10.748, de 22 de outubro de 2003, 10.940, de 27 de agosto de
2004, 11.129, de 30 de junho de 2005, e 11.180, de 23 de setembro de 2005; e dá outras providências.
dar-se-ão por meio da conjugação de esforços mento congênere, mediante depósito em con-
da Secretaria-Geral da Presidência da República ta-corrente específica, sem prejuízo da devida
e dos Ministérios da Educação, do Trabalho e prestação de contas da aplicação dos recursos.
Emprego e do Desenvolvimento Social e Com- § 1o O montante dos recursos financeiros a
bate à Fome, observada a intersetorialidade, que se refere esta Lei será repassado em parcelas
sem prejuízo da participação de outros órgãos e calculado com base no número de jovens aten-
e entidades da administração pública federal. didos, conforme disposto em regulamentação,
§ 1o Fica instituído o Conselho Gestor do e destina-se à promoção de ações de elevação
Projovem, coordenado pela Secretaria Nacional da escolaridade e qualificação profissional dos
de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência jovens, bem como à contratação, remuneração
da República e composto pelos Secretários- e formação de profissionais.
-Executivos dos Ministérios referidos no caput § 2o Os profissionais de que trata o § 1o deste
artigo deverão ser contratados em âmbito local.
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram § 3o Os órgãos responsáveis pela coordena-
normas, suprimiram-se as alterações determinadas ção das modalidades do Projovem definirão,
uma vez que já foram incorporadas às normas às a cada exercício financeiro, a forma de cál-
126 quais se destinam. culo, o número e o valor das parcelas a serem
repassadas aos Estados, ao Distrito Federal e § 2o Na modalidade Projovem Campo –
aos Municípios, bem como as orientações e Saberes da Terra, poderão ser pagos até 12 (doze)
instruções necessárias à sua execução, obser- auxílios financeiros.
vado o montante de recursos disponíveis para § 3o Na modalidade Projovem Trabalhador,
este fim, constante da Lei Orçamentária Anual. poderão ser pagos até 6 (seis) auxílios finan-
§ 4o Nas modalidades previstas nos incisos ceiros.
II e III do caput do art. 2o desta Lei, a transfe- § 4o É vedada a cumulatividade da percepção
rência de recursos financeiros será executada do auxílio financeiro a que se refere o caput deste
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da artigo com benefícios de natureza semelhante
Educação – FNDE, vinculado ao Ministério da recebidos em decorrência de outros programas
Educação, observada a necessária descentrali- federais, permitida a opção por um deles.
zação dos recursos orçamentários pelos órgãos
de que trata o caput do art. 3o desta Lei. Art. 7o O órgão responsável pelas modalidades
§ 5o A modalidade de que trata o inciso I do Projovem definirá o agente pagador entre
do caput do art. 2o desta Lei será ofertada pelo uma instituição financeira oficial.
Município que a ela aderir, nos termos do regu-
lamento, e cofinanciada pela União, Estados, Art. 8o As despesas com a execução do Projo-
Distrito Federal e Municípios por intermédio vem observarão os limites de movimentação,
dos respectivos Fundos de Assistência Social, de empenho e de pagamento da programação
respeitado o limite orçamentário da União e os orçamentária e financeira anual.
critérios de partilha estabelecidos pelo Conselho Parágrafo único. O Poder Executivo deverá
Nacional de Assistência Social, de acordo com compatibilizar a quantidade de beneficiários de
o inciso IX do caput do art. 18 da Lei no 8.742, cada modalidade do Projovem com as dotações
de 7 de dezembro de 1993. orçamentárias existentes.
§ 6o Os saldos dos recursos financeiros rece-
bidos pelos órgãos e entidades da administração Art. 9o O Projovem Adolescente – Serviço
pública federal, estadual, municipal e do Dis- Socioeducativo, compreendido entre os ser-
trito Federal à conta do Projovem, existentes viços de que trata o art. 23 da Lei no 8.742, de
na conta-corrente específica a que se refere o 7 de dezembro de 1993, tem como objetivos:
caput deste artigo em 31 de dezembro de cada I – complementar a proteção social básica
ano deverão ser aplicados no exercício subse- à família, criando mecanismos para garantir a
quente, com estrita observância ao objeto de sua convivência familiar e comunitária; e
transferência, nos termos da legislação vigente. II – criar condições para a inserção, rein-
serção e permanência do jovem no sistema
Art. 5o Os Estados, o Distrito Federal, os educacional.
Municípios e as entidades de direito público
e privado sem fins lucrativos prestarão conta Art. 10. O Projovem Adolescente – Serviço
dos recursos recebidos do Projovem, na forma Socioeducativo destina-se aos jovens de 15
e prazo definidos em regulamento e nas demais (quinze) a 17 (dezessete) anos:
disposições aplicáveis. I – pertencentes a família beneficiária do
Programa Bolsa Família – PBF;
Art. 6o Fica a União autorizada a conceder II – egressos de medida socioeducativa de
auxílio financeiro, no valor de R$ 100,00 (cem internação ou em cumprimento de outras medi-
reais) mensais, aos beneficiários do Projovem, das socioeducativas em meio aberto, conforme
Normas correlatas
nas modalidades previstas nos incisos II, III disposto na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
e IV do caput do art. 2o desta Lei, a partir do – Estatuto da Criança e do Adolescente;
exercício de 2008. III – em cumprimento ou egressos de medida
§ 1o Na modalidade Projovem Urbano, de proteção, conforme disposto na Lei no 8.069,
poderão ser pagos até 20 (vinte) auxílios finan- de 13 de julho de 1990;
ceiros. 127
IV – egressos do Programa de Erradicação Art. 14. O Projovem Campo – Saberes da
do Trabalho Infantil – PETI; ou Terra tem como objetivo elevar a escolaridade
V – egressos ou vinculados a programas de dos jovens da agricultura familiar, integrando
combate ao abuso e à exploração sexual. a qualificação social e formação profissional,
Parágrafo único. Os jovens a que se referem na forma do art. 81 da Lei no 9.394, de 20 de
os incisos II a V do caput deste artigo devem dezembro de 1996, estimulando a conclusão
ser encaminhados ao Projovem Adolescente do ensino fundamental e proporcionando a
– Serviço Socioeducativo pelos programas e formação integral do jovem, na modalidade
serviços especializados de assistência social do educação de jovens e adultos, em regime de
Município ou do Distrito Federal ou pelo gestor alternância, nos termos do regulamento.
de assistência social, quando demandado oficial-
mente pelo Conselho Tutelar, pela Defensoria Art. 15. O Projovem Campo – Saberes da Terra
Pública, pelo Ministério Público ou pelo Poder atenderá a jovens com idade entre 18 (dezoito)
Judiciário. e 29 (vinte e nove) anos, residentes no campo,
que saibam ler e escrever, que não tenham con-
Art. 11. O Projovem Urbano tem como obje- cluído o ensino fundamental e que cumpram os
tivo elevar a escolaridade visando à conclusão do requisitos previstos no art. 3o da Lei no 11.326,
ensino fundamental, à qualificação profissional de 24 de julho de 2006.
e ao desenvolvimento de ações comunitárias
com exercício da cidadania, na forma de curso, Art. 16. O Projovem Trabalhador tem como
conforme previsto no art. 81 da Lei no 9.394, de objetivo preparar o jovem para o mercado de
20 de dezembro de 1996. trabalho e ocupações alternativas geradoras de
renda, por meio da qualificação social e profis-
Art. 12. O Projovem Urbano atenderá a jovens sional e do estímulo à sua inserção.
com idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte e nove)
anos, que saibam ler e escrever e não tenham Art. 17. O Projovem Trabalhador atenderá a
concluído o ensino fundamental. jovens com idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte
e nove) anos, em situação de desemprego e que
Art. 13. Poderão ser realizadas parcerias com o sejam membros de famílias com renda mensal
Ministério da Justiça e com a Secretaria Especial per capita de até 1 (um) salário mínimo, nos
dos Direitos Humanos da Presidência da Repú- termos do regulamento.
blica para implantação do Projovem Urbano nas
unidades prisionais e nas unidades socioeduca- Art. 18. Nas unidades da Federação e nos
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
129
Lei no 11.577/2007
Torna obrigatória a divulgação pelos meios que especifica de mensagem relativa à exploração sexual
e tráfico de crianças e adolescentes apontando formas para efetuar denúncias.
130
Lei no 11.129/2005
Institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem; cria o Conselho Nacional da
Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional de Juventude; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de
2003, e 10.429, de 24 de abril de 2002; e dá outras providências.
financiamento integral, pelo Estado, de servi- das de assistência social, poderão ser aplicados
ços, programas, projetos e ações de assistência no pagamento dos profissionais que integra-
social, nos limites da capacidade instalada, aos rem as equipes de referência, responsáveis pela
beneficiários abrangidos por esta Lei, obser- organização e oferta daquelas ações, conforme
vando-se as disponibilidades orçamentárias. percentual apresentado pelo Ministério do
135
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Art. 8o A União, os Estados, o Distrito Federal
aprovado pelo CNAS. e os Municípios, observados os princípios e
Parágrafo único. A formação das equipes diretrizes estabelecidos nesta Lei, fixarão suas
de referência deverá considerar o número de respectivas Políticas de Assistência Social.
famílias e indivíduos referenciados, os tipos e
modalidades de atendimento e as aquisições que Art. 9o O funcionamento das entidades e orga-
devem ser garantidas aos usuários, conforme nizações de assistência social depende de prévia
deliberações do CNAS. inscrição no respectivo Conselho Municipal de
Assistência Social, ou no Conselho de Assistên-
Art. 6o-F. Fica instituído o Cadastro Único cia Social do Distrito Federal, conforme o caso.
para Programas Sociais do Governo Federal § 1o A regulamentação desta Lei definirá os
– CadÚnico, registro público eletrônico com a critérios de inscrição e funcionamento das enti-
finalidade de coletar, processar, sistematizar e dades com atuação em mais de um município
disseminar informações para a identificação e no mesmo Estado, ou em mais de um Estado
a caracterização socioeconômica das famílias ou Distrito Federal.
de baixa renda ou vulneráveis à pobreza, nos § 2o Cabe ao Conselho Municipal de Assis-
termos do regulamento. tência Social e ao Conselho de Assistência Social
§ 1o As famílias de baixa renda poderão ins- do Distrito Federal a fiscalização das entidades
crever-se no CadÚnico nas unidades públicas referidas no caput, na forma prevista em lei ou
de que tratam os §§ 1o e 2o do art. 6o‑C desta regulamento.
Lei ou, nos termos do regulamento, por meio § 3o (Revogado)
eletrônico. § 4o As entidades e organizações de assis-
§ 2o A inscrição no CadÚnico poderá ser tência social podem, para defesa de seus direi-
obrigatória para acesso a programas sociais tos referentes à inscrição e ao funcionamento,
do Governo federal, na forma estabelecida em recorrer aos Conselhos Nacional, Estaduais,
regulamento. Municipais e do Distrito Federal.
§ 3o Para fins de cumprimento do disposto
no art. 12 da Emenda à Constituição no 103, Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o
de 12 de novembro de 2019, e de ampliação Distrito Federal podem celebrar convênios com
da fidedignidade das informações cadastrais, entidades e organizações de assistência social,
será garantida a interoperabilidade de dados do em conformidade com os Planos aprovados
CadÚnico com os dados constantes do Cadastro pelos respectivos Conselhos.
Nacional de Informações Sociais – CNIS, de
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
que trata a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. Art. 11. As ações das três esferas de governo na
§ 4o Os dados do CNIS incluídos no CadÚ- área de assistência social realizam-se de forma
nico poderão ser acessados pelos órgãos gesto- articulada, cabendo a coordenação e as nor-
res do CadÚnico, nos três níveis da federação, mas gerais à esfera federal e a coordenação e
conforme termo de adesão do ente federativo execução dos programas, em suas respectivas
ao CadÚnico, do qual constará cláusula de com- esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
promisso com o sigilo de dados. Municípios.
§ 5o A sociedade civil poderá cooperar com
a identificação de pessoas que precisem ser ins- Art. 12. Compete à União:
critas no CadÚnico, nos termos do regulamento. I – responder pela concessão e manutenção
dos benefícios de prestação continuada defini-
Art. 7o As ações de assistência social, no dos no art. 203 da Constituição Federal;
âmbito das entidades e organizações de assis- II – cofinanciar, por meio de transferência
tência social, observarão as normas expedidas automática, o aprimoramento da gestão, os ser-
pelo Conselho Nacional de Assistência Social viços, os programas e os projetos de assistência
– CNAS, de que trata o art. 17 desta Lei. social em âmbito nacional;
136
III – atender, em conjunto com os Estados, a utilização dos recursos para pagamento de
o Distrito Federal e os Municípios, às ações pessoal efetivo e de gratificações de qualquer
assistenciais de caráter de emergência; natureza a servidor público estadual, municipal
IV – realizar o monitoramento e a avaliação ou do Distrito Federal.
da política de assistência social e assessorar
Estados, Distrito Federal e Municípios para seu Art. 13. Compete aos Estados:
desenvolvimento. I – destinar recursos financeiros aos Muni-
cípios, a título de participação no custeio do
Art. 12-A. A União apoiará financeiramente pagamento dos benefícios eventuais de que trata
o aprimoramento à gestão descentralizada dos o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos
serviços, programas, projetos e benefícios de Conselhos Estaduais de Assistência Social;
assistência social, por meio do Índice de Gestão II – cofinanciar, por meio de transferência
Descentralizada (IGD) do Sistema Único de automática, o aprimoramento da gestão, os ser-
Assistência Social (Suas), para a utilização no viços, os programas e os projetos de assistência
âmbito dos Estados, dos Municípios e do Dis- social em âmbito regional ou local;
trito Federal, destinado, sem prejuízo de outras III – atender, em conjunto com os Municí-
ações a serem definidas em regulamento, a: pios, às ações assistenciais de caráter de emer-
I – medir os resultados da gestão descentra- gência;
lizada do Suas, com base na atuação do gestor IV – estimular e apoiar técnica e financeira-
estadual, municipal e do Distrito Federal na mente as associações e consórcios municipais
implementação, execução e monitoramento na prestação de serviços de assistência social;
dos serviços, programas, projetos e benefícios V – prestar os serviços assistenciais cujos
de assistência social, bem como na articulação custos ou ausência de demanda municipal jus-
intersetorial; tifiquem uma rede regional de serviços, des-
II – incentivar a obtenção de resultados concentrada, no âmbito do respectivo Estado;
qualitativos na gestão estadual, municipal e VI – realizar o monitoramento e a avaliação
do Distrito Federal do Suas; e da política de assistência social e assessorar os
III – calcular o montante de recursos a serem Municípios para seu desenvolvimento.
repassados aos entes federados a título de apoio
financeiro à gestão do Suas. Art. 14. Compete ao Distrito Federal:
§ 1o Os resultados alcançados pelo ente fede- I – destinar recursos financeiros para custeio
rado na gestão do Suas, aferidos na forma de do pagamento dos benefícios eventuais de que
regulamento, serão considerados como presta- trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos
ção de contas dos recursos a serem transferidos pelos Conselhos de Assistência Social do Dis-
a título de apoio financeiro. trito Federal;
§ 2o As transferências para apoio à gestão II – efetuar o pagamento dos auxílios nata-
descentralizada do Suas adotarão a sistemá- lidade e funeral;
tica do Índice de Gestão Descentralizada do III – executar os projetos de enfrentamento
Programa Bolsa Família, previsto no art. 8o da da pobreza, incluindo a parceria com organi-
Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e serão zações da sociedade civil;
efetivadas por meio de procedimento integrado IV – atender às ações assistenciais de caráter
àquele índice. de emergência;
§ 3o (Vetado) V – prestar os serviços assistenciais de que
§ 4o Para fins de fortalecimento dos Conse- trata o art. 23 desta Lei;
Normas correlatas
assistência social, que deve prover a infraestru- mente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e
tura necessária ao seu funcionamento, garan- pelos Municípios, mediante lei específica.
tindo recursos materiais, humanos e financeiros,
inclusive com despesas referentes a passagens Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de
e diárias de conselheiros representantes do Assistência Social:
governo ou da sociedade civil, quando estive- I – aprovar a Política Nacional de Assistência
rem no exercício de suas atribuições. Social;
II – normatizar as ações e regular a prestação
Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de serviços de natureza pública e privada no
de Assistência Social – CNAS, órgão superior campo da assistência social;
de deliberação colegiada, vinculado à estrutura III – acompanhar e fiscalizar o processo de
do órgão da Administração Pública Federal res- certificação das entidades e organizações de
ponsável pela coordenação da Política Nacional assistência social no Ministério do Desenvol-
de Assistência Social, cujos membros, nomeados vimento Social e Combate à Fome;
pelo Presidente da República, têm mandato de IV – apreciar relatório anual que conterá a
2 (dois) anos, permitida uma única recondução relação de entidades e organizações de assis-
138 por igual período. tência social certificadas como beneficentes e
encaminhá-lo para conhecimento dos Conse- II – propor ao Conselho Nacional de Assis-
lhos de Assistência Social dos Estados, Muni- tência Social – CNAS a Política Nacional de
cípios e do Distrito Federal; Assistência Social, suas normas gerais, bem
V – zelar pela efetivação do sistema descen- como os critérios de prioridade e de elegibili-
tralizado e participativo de assistência social; dade, além de padrões de qualidade na prestação
VI – a partir da realização da II Conferên- de benefícios, serviços, programas e projetos;
cia Nacional de Assistência Social em 1997, III – prover recursos para o pagamento dos
convocar ordinariamente a cada quatro anos benefícios de prestação continuada definidos
a Conferência Nacional de Assistência Social, nesta Lei;
que terá a atribuição de avaliar a situação da IV – elaborar e encaminhar a proposta orça-
assistência social e propor diretrizes para o mentária da assistência social, em conjunto com
aperfeiçoamento do sistema; as demais áreas da Seguridade Social;
VII – (Vetado); V – propor os critérios de transferência dos
VIII – apreciar e aprovar a proposta orçamen- recursos de que trata esta Lei;
tária da Assistência Social a ser encaminhada VI – proceder à transferência dos recursos
pelo órgão da Administração Pública Federal destinados à assistência social, na forma prevista
responsável pela coordenação da Política Nacio- nesta Lei;
nal de Assistência Social; VII – encaminhar à apreciação do Conselho
IX – aprovar critérios de transferência de Nacional de Assistência Social – CNAS rela-
recursos para os Estados, Municípios e Distrito tórios trimestrais e anuais de atividades e de
Federal, considerando, para tanto, indicadores realização financeira dos recursos;
que informem sua regionalização mais equi- VIII – prestar assessoramento técnico aos
tativa, tais como: população, renda per capita, Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e
mortalidade infantil e concentração de renda, às entidades e organizações de assistência social;
além de disciplinar os procedimentos de repasse IX – formular política para a qualificação
de recursos para as entidades e organizações de sistemática e continuada de recursos humanos
assistência social, sem prejuízo das disposições no campo da assistência social;
da Lei de Diretrizes Orçamentárias; X – desenvolver estudos e pesquisas para
X – acompanhar e avaliar a gestão dos recur- fundamentar as análises de necessidades e for-
sos, bem como os ganhos sociais e o desempe- mulação de proposições para a área;
nho dos programas e projetos aprovados; XI – coordenar e manter atualizado o sistema
XI – estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar de cadastro de entidades e organizações de assis-
os programas anuais e plurianuais do Fundo tência social, em articulação com os Estados,
Nacional de Assistência Social – FNAS; os Municípios e o Distrito Federal;
XII – indicar o representante do Conselho XII – articular-se com os órgãos responsáveis
Nacional de Assistência Social – CNAS junto pelas políticas de saúde e previdência social,
ao Conselho Nacional da Seguridade Social; bem como com os demais responsáveis pelas
XIII – elaborar e aprovar seu regimento políticas socioeconômicas setoriais, visando à
interno; elevação do patamar mínimo de atendimento
XIV – divulgar, no Diário Oficial da União, às necessidades básicas;
todas as suas decisões, bem como as contas do XIII – expedir os atos normativos necessários
Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS à gestão do Fundo Nacional de Assistência Social
e os respectivos pareceres emitidos. – FNAS, de acordo com as diretrizes estabele-
Parágrafo único. (Revogado) cidas pelo Conselho Nacional de Assistência
Normas correlatas
Social – CNAS;
Art. 19. Compete ao órgão da Administração XIV – elaborar e submeter ao Conselho
Pública Federal responsável pela coordenação Nacional de Assistência Social – CNAS os
da Política Nacional de Assistência Social: programas anuais e plurianuais de aplicação
I – coordenar e articular as ações no campo dos recursos do Fundo Nacional de Assistência
da assistência social; Social – FNAS. 139
Parágrafo único. A atenção integral à saúde, § 4o O benefício de que trata este artigo não
inclusive a dispensação de medicamentos e pode ser acumulado pelo beneficiário com qual-
produtos de interesse para a saúde, às famílias quer outro no âmbito da seguridade social ou
e indivíduos em situações de vulnerabilidade de outro regime, salvo os da assistência médica
ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, e da pensão especial de natureza indenizatória.
dar-se-á independentemente da apresentação § 5o A condição de acolhimento em insti-
de documentos que comprovem domicílio ou tuições de longa permanência não prejudica o
inscrição no cadastro no Sistema Único de Saúde direito do idoso ou da pessoa com deficiência
(SUS), em consonância com a diretriz de articu- ao benefício de prestação continuada.
lação das ações de assistência social e de saúde § 6o A concessão do benefício ficará sujeita
a que se refere o inciso XII deste artigo. à avaliação da deficiência e do grau de impe-
dimento de que trata o § 2o, composta por
avaliação médica e avaliação social realizadas
CAPÍTULO IV – Dos Benefícios, dos por médicos peritos e por assistentes sociais
Serviços, dos Programas e dos Projetos de do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.
Assistência Social § 6o-A. O INSS poderá celebrar parcerias
SEÇÃO I – Do Benefício de Prestação para a realização da avaliação social, sob a super-
Continuada visão do serviço social da autarquia.
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços
Art. 20. O benefício de prestação continuada no município de residência do beneficiário, fica
é a garantia de um salário mínimo mensal à assegurado, na forma prevista em regulamento,
pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (ses- o seu encaminhamento ao município mais pró-
senta e cinco) anos ou mais que comprovem não ximo que contar com tal estrutura.
possuir meios de prover a própria manutenção § 8o A renda familiar mensal a que se refere
nem de tê-la provida por sua família. o § 3o deverá ser declarada pelo requerente ou
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a seu representante legal, sujeitando-se aos demais
família é composta pelo requerente, o cônjuge procedimentos previstos no regulamento para
ou companheiro, os pais e, na ausência de um o deferimento do pedido.
deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos sol- § 9o Os rendimentos decorrentes de estágio
teiros, os filhos e enteados solteiros e os menores supervisionado e de aprendizagem não serão
tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. computados para os fins de cálculo da renda
§ 2o Para efeito de concessão do benefício familiar per capita a que se refere o § 3o deste
de prestação continuada, considera-se pessoa artigo.
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
com deficiência aquela que tem impedimento de § 10. Considera-se impedimento de longo
longo prazo de natureza física, mental, intelec- prazo, para os fins do § 2o deste artigo, aquele
tual ou sensorial, o qual, em interação com uma que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2
ou mais barreiras, pode obstruir sua participa- (dois) anos.
ção plena e efetiva na sociedade em igualdade § 11. Para concessão do benefício de que
de condições com as demais pessoas. trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados
I – (Revogado); outros elementos probatórios da condição de
II – (Revogado). miserabilidade do grupo familiar e da situação
§ 3o Observados os demais critérios de ele- de vulnerabilidade, conforme regulamento.
gibilidade definidos nesta Lei, terão direito ao § 11-A. O regulamento de que trata o § 11
benefício financeiro de que trata o caput deste deste artigo poderá ampliar o limite de renda
artigo a pessoa com deficiência ou a pessoa idosa mensal familiar per capita previsto no § 3o deste
com renda familiar mensal per capita igual ou artigo para até 1/2 (meio) salário mínimo, obser-
inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. vado o disposto no art. 20‑B desta Lei.
I – (Revogado); § 12. São requisitos para a concessão, a
II – (Vetado). manutenção e a revisão do benefício as inscri-
140 ções no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e
no Cadastro Único para Programas Sociais do deste artigo, e à pessoa idosa os constantes dos
Governo Federal – Cadastro Único, conforme incisos II e III do caput deste artigo.
previsto em regulamento. § 3o O grau da deficiência de que trata o
§ 14. O benefício de prestação continuada inciso I do caput deste artigo será aferido por
ou o benefício previdenciário no valor de até 1 meio de instrumento de avaliação biopsicos-
(um) salário mínimo concedido a idoso acima social, observados os termos dos §§ 1o e 2o do
de 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou pessoa art. 2o da Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015
com deficiência não será computado, para fins (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e do § 6o
de concessão do benefício de prestação conti- do art. 20 e do art. 40‑B desta Lei.
nuada a outro idoso ou pessoa com deficiência § 4o O valor referente ao comprometimento
da mesma família, no cálculo da renda a que se do orçamento do núcleo familiar com gastos
refere o § 3o deste artigo.1 de que trata o inciso III do caput deste artigo
§ 15. O benefício de prestação continuada será definido em ato conjunto do Ministério
será devido a mais de um membro da mesma da Cidadania, da Secretaria Especial de Previ-
família enquanto atendidos os requisitos exi- dência e Trabalho do Ministério da Economia
gidos nesta Lei. e do INSS, a partir de valores médios dos gastos
realizados pelas famílias exclusivamente com
Art. 20-A. (Revogado) essas finalidades, facultada ao interessado a
possibilidade de comprovação, conforme crité-
Art. 20-B. Na avaliação de outros elementos rios definidos em regulamento, de que os gastos
probatórios da condição de miserabilidade e efetivos ultrapassam os valores médios.
da situação de vulnerabilidade de que trata o
§ 11 do art. 20 desta Lei, serão considerados os Art. 21. O benefício de prestação continuada
seguintes aspectos para ampliação do critério de deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para ava-
aferição da renda familiar mensal per capita de liação da continuidade das condições que lhe
que trata o § 11‑A do referido artigo: deram origem.
I – o grau da deficiência; § 1o O pagamento do benefício cessa no
II – a dependência de terceiros para o desem- momento em que forem superadas as condi-
penho de atividades básicas da vida diária; e ções referidas no caput, ou em caso de morte
III – o comprometimento do orçamento do do beneficiário.
núcleo familiar de que trata o § 3o do art. 20 § 2o O benefício será cancelado quando se
desta Lei exclusivamente com gastos médicos, constatar irregularidade na sua concessão ou
com tratamentos de saúde, com fraldas, com utilização.
alimentos especiais e com medicamentos do § 3o O desenvolvimento das capacidades
idoso ou da pessoa com deficiência não dis- cognitivas, motoras ou educacionais e a realiza-
ponibilizados gratuitamente pelo SUS, ou com ção de atividades não remuneradas de habilita-
serviços não prestados pelo Suas, desde que ção e reabilitação, entre outras, não constituem
comprovadamente necessários à preservação motivo de suspensão ou cessação do benefício
da saúde e da vida. da pessoa com deficiência.
§ 1o A ampliação de que trata o caput deste § 4o A cessação do benefício de prestação
artigo ocorrerá na forma de escalas graduais, continuada concedido à pessoa com deficiên-
definidas em regulamento. cia não impede nova concessão do benefício,
§ 2o Aplicam-se à pessoa com deficiência os desde que atendidos os requisitos definidos
elementos constantes dos incisos I e III do caput em regulamento.
Normas correlatas
Art. 26-B. O auxílio-inclusão será devido a Art. 26-F. Compete ao Ministério da Cidadania
partir da data do requerimento, e o seu valor a gestão do auxílio-inclusão, e ao INSS a sua
corresponderá a 50% (cinquenta por cento) operacionalização e pagamento.
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Art. 30. É condição para os repasses, aos Muni-
Comunitária – FUNAC, instituído pelo Decreto cípios, aos Estados e ao Distrito Federal, dos
no 91.970, de 22 de novembro de 1985, ratificado recursos de que trata esta Lei, a efetiva insti-
pelo Decreto Legislativo no 66, de 18 de dezem- tuição e funcionamento de:
bro de 1990, transformado no Fundo Nacional I – Conselho de Assistência Social, de com-
de Assistência Social – FNAS. posição paritária entre governo e sociedade civil;
II – Fundo de Assistência Social, com orien-
Art. 28. O financiamento dos benefícios, tação e controle dos respectivos Conselhos de
serviços, programas e projetos estabelecidos Assistência Social;
nesta Lei far-se-á com os recursos da União, dos III – Plano de Assistência Social.
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, Parágrafo único. É, ainda, condição para
das demais contribuições sociais previstas no transferência de recursos do FNAS aos Estados,
art. 195 da Constituição Federal, além daqueles ao Distrito Federal e aos Municípios a com-
que compõem o Fundo Nacional de Assistência provação orçamentária dos recursos próprios
Social – FNAS. destinados à Assistência Social, alocados em
§ 1 o Cabe ao órgão da Administração seus respectivos Fundos de Assistência Social,
Pública responsável pela coordenação da Polí- a partir do exercício de 1999.
tica de Assistência Social nas 3 (três) esferas de
governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços,
orientação e controle dos respectivos Conselhos programas, projetos e benefícios eventuais, no
de Assistência Social. que couber, e o aprimoramento da gestão da
§ 2o O Poder Executivo disporá, no prazo política de assistência social no Suas se efetuam
de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data por meio de transferências automáticas entre os
de publicação desta Lei, sobre o regulamento fundos de assistência social e mediante alocação
e funcionamento do Fundo Nacional de Assis- de recursos próprios nesses fundos nas 3 (três)
tência Social – FNAS. esferas de governo.
§ 3o O financiamento da assistência social Parágrafo único. As transferências automá-
no Suas deve ser efetuado mediante cofinan- ticas de recursos entre os fundos de assistência
ciamento dos 3 (três) entes federados, devendo social efetuadas à conta do orçamento da seguri-
os recursos alocados nos fundos de assistência dade social, conforme o art. 204 da Constituição
social ser voltados à operacionalização, presta- Federal, caracterizam-se como despesa pública
ção, aprimoramento e viabilização dos serviços, com a seguridade social, na forma do art. 24 da
programas, projetos e benefícios desta política. Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.
Normas correlatas
§ 1o O projeto de que trata este artigo defi- o caput definirá as formas de comprovação do
nirá formas de transferências de benefícios, direito ao benefício, as condições de sua sus-
serviços, programas, projetos, pessoal, bens pensão, os procedimentos em casos de curatela
móveis e imóveis para a esfera municipal. e tutela e o órgão de credenciamento, de paga-
§ 2o O Ministro de Estado do Bem-Estar mento e de fiscalização, dentre outros aspectos.
Social indicará Comissão encarregada de elabo-
rar o projeto de lei de que trata este artigo, que Art. 36. As entidades e organizações de assis-
contará com a participação das organizações tência social que incorrerem em irregularida-
dos usuários, de trabalhadores do setor e de des na aplicação dos recursos que lhes foram
entidades e organizações de assistência social. repassados pelos poderes públicos terão a sua
vinculação ao Suas cancelada, sem prejuízo de
Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e responsabilidade civil e penal.
vinte) dias da promulgação desta Lei, fica extinto
o Conselho Nacional de Serviço Social – CNSS, Art. 37. O benefício de prestação continuada
revogando-se, em consequência, os Decretos- será devido após o cumprimento, pelo reque-
-leis nos 525, de 1o de julho de 1938, e 657, de rente, de todos os requisitos legais e regulamen-
146 22 de julho de 1943. tares exigidos para a sua concessão, inclusive
apresentação da documentação necessária, Art. 40-A. Os benefícios monetários decor-
devendo o seu pagamento ser efetuado em até rentes do disposto nos arts. 22, 24‑C e 25 desta
quarenta e cinco dias após cumpridas as exi- Lei serão pagos preferencialmente à mulher res-
gências de que trata este artigo. ponsável pela unidade familiar, quando cabível.
Parágrafo único. No caso de o primeiro
pagamento ser feito após o prazo previsto no Art. 40-B. Enquanto não estiver regulamen-
caput, aplicar-se-á na sua atualização o mesmo tado o instrumento de avaliação de que tratam
critério adotado pelo INSS na atualização do os §§ 1o e 2o do art. 2o da Lei no 13.146, de 6 de
primeiro pagamento de benefício previdenciário julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Defi-
em atraso. ciência), a concessão do benefício de presta-
ção continuada à pessoa com deficiência ficará
Art. 38. (Revogado) sujeita à avaliação do grau da deficiência e do
impedimento de que trata o § 2o do art. 20 desta
Art. 39. O Conselho Nacional de Assistência Lei, composta por avaliação médica e avaliação
Social – CNAS, por decisão da maioria absoluta social realizadas, respectivamente, pela Perícia
de seus membros, respeitados o orçamento da Médica Federal e pelo serviço social do INSS,
seguridade social e a disponibilidade do Fundo com a utilização de instrumentos desenvolvidos
Nacional de Assistência Social – FNAS, poderá especificamente para esse fim.
propor ao Poder Executivo a alteração dos limi- Parágrafo único. O INSS poderá celebrar
tes de renda mensal per capita definidos no § 3o parcerias para a realização da avaliação social,
do art. 20 e caput do art. 22. sob a supervisão do serviço social da autarquia.
Art. 40. Com a implantação dos benefícios pre- Art. 40-C. Os eventuais débitos do benefi-
vistos nos arts. 20 e 22 desta Lei, extinguem-se ciário decorrentes de recebimento irregular
a renda mensal vitalícia, o auxílio-natalidade e do benefício de prestação continuada ou do
o auxílio-funeral existentes no âmbito da Pre- auxílio-inclusão poderão ser consignados no
vidência Social, conforme o disposto na Lei valor mensal desses benefícios, nos termos do
no 8.213, de 24 de julho de 1991. regulamento.
§ 1o A transferência dos beneficiários do
sistema previdenciário para a assistência social Art. 41. Esta Lei entra em vigor na data da
deve ser estabelecida de forma que o atendi- sua publicação.
mento à população não sofra solução de con-
tinuidade. Art. 42. Revogam-se as disposições em con-
§ 2o É assegurado ao maior de setenta anos e trário.
ao inválido o direito de requerer a renda mensal
vitalícia junto ao INSS até 31 de dezembro de Brasília, 7 de dezembro de 1993; 172o da Inde-
1995, desde que atenda, alternativamente, aos pendência e 105o da República.
requisitos estabelecidos nos incisos I, II ou III
do § 1o do art. 139 da Lei no 8.213, de 24 de ITAMAR FRANCO
julho de 1991.
Promulgada em 7/12/1993 e publicada no DOU de
8/12/1993.
Normas correlatas
147
Lei no 8.560/1992
Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.
dente de seu estado civil, para que se manifeste com o contexto probatório.
sobre a paternidade que lhe é atribuída.
§ 2o O juiz, quando entender necessário, Art. 3o É vedado legitimar e reconhecer filho
determinará que a diligência seja realizada em na ata do casamento.
segredo de justiça. Parágrafo único. É ressalvado o direito de
§ 3o No caso do suposto pai confirmar averbar alteração do patronímico materno, em
expressamente a paternidade, será lavrado decorrência do casamento, no termo de nasci-
termo de reconhecimento e remetida certidão mento do filho.
ao oficial do registro, para a devida averbação.
§ 4o Se o suposto pai não atender no prazo Art. 4o O filho maior não pode ser reconhecido
de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a sem o seu consentimento.
alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao
representante do Ministério Público para que Art. 5o No registro de nascimento não se fará
intente, havendo elementos suficientes, a ação qualquer referência à natureza da filiação, à sua
de investigação de paternidade. ordem em relação a outros irmãos do mesmo
§ 5o Nas hipóteses previstas no § 4o deste prenome, exceto gêmeos, ao lugar e cartório
148 artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de do casamento dos pais e ao estado civil destes.
Art. 6o Das certidões de nascimento não cons- Art. 8o Os registros de nascimento, anteriores à
tarão indícios de a concepção haver sido decor- data da presente Lei, poderão ser retificados por
rente de relação extraconjugal. decisão judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 1o Não deverá constar, em qualquer caso,
o estado civil dos pais e a natureza da filiação, Art. 9o Esta Lei entra em vigor na data de sua
bem como o lugar e cartório do casamento, publicação.
proibida referência à presente Lei.
§ 2o São ressalvadas autorizações ou requi- Art. 10. São revogados os arts. 332, 337 e 347
sições judiciais de certidões de inteiro teor, do Código Civil e demais disposições em con-
mediante decisão fundamentada, assegurados trário.
os direitos, as garantias e interesses relevantes
do registrado. Brasília, 29 de dezembro de 1992; 171o da Inde-
pendência e 104o da República.
Art. 7o Sempre que na sentença de primeiro
grau se reconhecer a paternidade, nela se fixa- ITAMAR FRANCO
rão os alimentos provisionais ou definitivos do
reconhecido que deles necessite. Promulgada em 29/12/1992 e publicada no DOU
de 30/12/1992.
Normas correlatas
149
Lei no 8.242/1991
Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA e dá outras
providências.
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram Art. 4o (Vetado)
normas, suprimiram-se as alterações determinadas Parágrafo único. As funções dos membros do
uma vez que já foram incorporadas às normas às CONANDA não são remuneradas e seu exer-
150 quais se destinam. cício é considerado serviço público relevante.
Art. 5o O Presidente da República nomeará e Art. 9o O CONANDA aprovará o seu regi-
destituirá o presidente do CONANDA dentre mento interno no prazo de trinta dias, a contar
os seus respectivos membros. da sua instalação.
Art. 6o Fica instituído o Fundo Nacional para Art. 10. Os arts. 132, 139 e 260 da Lei no 8.069,
a criança e o adolescente. de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com
Parágrafo único. O fundo de que trata este a seguinte redação:
artigo tem como receita: �������������������������������������������������������������������������������
a) contribuições ao Fundo Nacional referi-
das no art. 260 da Lei no 8.069, de 13 de julho Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de
de 1990; sua publicação.
b) recursos destinados ao Fundo Nacional,
consignados no orçamento da União; Art. 12. Revogam-se as disposições em con-
c) contribuições dos governos e organismos trário.
estrangeiros e internacionais;
d) o resultado de aplicações do governo e Brasília, 12 de outubro de 1991; 170o da Inde-
organismos estrangeiros e internacionais; pendência e 103o da República.
e) o resultado de aplicações no mercado
financeiro, observada a legislação pertinente; FERNANDO COLLOR
f) outros recursos que lhe forem destinados.
Promulgada em 12/10/1991 e publicada no DOU
Art. 7o (Vetado) de 16/10/1991.
Normas correlatas
151
Lei no 5.478/1968
Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências.
Art. 6o Na audiência de conciliação e julga- Art. 13. O disposto nesta Lei aplica-se igual-
mento, deverão estar presentes autor e réu, mente, no que couber, às ações ordinárias de
independentemente de intimação e de com- desquite, nulidade e anulação de casamento, à
parecimento de seus representantes. revisão de sentenças proferidas em pedidos de
alimentos e respectivas execuções.
Normas correlatas
Art. 27. Aplicam-se supletivamente nos pro- Brasília, 25 de julho de 1968; 147o da Indepen-
cessos regulados por esta Lei as disposições do dência e 80o da República.
Código de Processo Civil.
A. COSTA E SILVA
Art. 28. Esta Lei entrará em vigor 30 (trinta)
dias depois de sua publicação. Promulgada em 25/7/1968, publicada no DOU
de 26/7/1968, retificada no DOU de 14/8/1968 e
republicada no DOU de 8/4/1974 – Suplemento.
Normas correlatas
155
Atos internacionais
Convenção sobre os Direitos da Criança
Tendo em conta que os povos das Nações Unidas Tendo em conta que a necessidade de pro-
reafirmaram na carta sua fé nos direitos funda- porcionar à criança uma proteção especial foi
mentais do homem e na dignidade e no valor enunciada na Declaração de Genebra de 1924
da pessoa humana e que decidiram promover sobre os Direitos da Criança e na Declaração
o progresso social e a elevação do nível de vida dos Direitos da Criança adotada pela Assem-
com mais liberdade; bleia Geral em 20 de novembro de 1959, e reco-
nhecida na Declaração Universal dos Direitos
Reconhecendo que as Nações Unidas proclama- Humanos, no Pacto Internacional de Direitos
ram e acordaram na Declaração Universal dos Civis e Políticos (em particular nos Artigos
Direitos Humanos e nos Pactos Internacionais 23 e 24), no Pacto Internacional de Direitos
de Direitos Humanos que toda pessoa possui Econômicos, Sociais e Culturais (em particular
todos os direitos e liberdades neles enunciados, no Artigo 10) e nos estatutos e instrumentos
sem distinção de qualquer natureza, seja de pertinentes das Agências Especializadas e das
raça, cor, sexo, idioma, crença, opinião política organizações internacionais que se interessam
ou de outra índole, origem nacional ou social, pelo bem-estar da criança;
posição econômica, nascimento ou qualquer
outra condição; Tendo em conta que, conforme assinalado na
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
lazer, de maneira que a criança atinja a mais e) assegurar que todos os setores da sociedade,
completa integração social possível e o maior e em especial os pais e as crianças, conheçam
desenvolvimento individual factível, inclusive os princípios básicos de saúde e nutrição das
seu desenvolvimento cultural e espiritual. crianças, as vantagens da amamentação, da
higiene e do saneamento ambiental e das medi-
4. Os Estados Partes promoverão, com espí- das de prevenção de acidentes, e tenham acesso
rito de cooperação internacional, um intercâm- à educação pertinente e recebam apoio para a
bio adequado de informações nos campos da aplicação desses conhecimentos;
assistência médica preventiva e do tratamento
médico, psicológico e funcional das crianças f) desenvolver a assistência médica preventiva,
deficientes, inclusive a divulgação de informa- a orientação aos pais e a educação e serviços de
ções a respeito dos métodos de reabilitação e planejamento familiar.
dos serviços de ensino e formação profissional,
bem como o acesso a essa informação, a fim de 3. Os Estados Partes adotarão todas as medidas
que os Estados Partes possam aprimorar sua eficazes e adequadas para abolir práticas tradi-
capacidade e seus conhecimentos e ampliar sua cionais que sejam prejudicais à saúde da criança.
164 experiência nesses campos. Nesse sentido, serão
4. Os Estados Partes se comprometem a pro- adotarão medidas apropriadas a fim de ajudar os
mover e incentivar a cooperação internacional pais e outras pessoas responsáveis pela criança
com vistas a lograr, progressivamente, a plena a tornar efetivo esse direito e, caso necessário,
efetivação do direito reconhecido no presente proporcionarão assistência material e programas
Artigo. Nesse sentido, será dada atenção especial de apoio, especialmente no que diz respeito à
às necessidades dos países em desenvolvimento. nutrição, ao vestuário e à habitação.
2. Cabe aos pais, ou a outras pessoas encarre- d) tornar a informação e a orientação educa-
gadas, a responsabilidade primordial de propi- cionais e profissionais disponíveis e accessíveis
Atos internacionais
2. Os Estados Partes adotarão todas as medidas 2. Nesse sentido, e de acordo com as disposições
possíveis a fim de assegurar que todas as pes- pertinentes dos instrumentos internacionais,
soas que ainda não tenham completado quinze os Estados Partes assegurarão, em particular:
anos de idade não participem diretamente de
hostilidades. a) que não se alegue que nenhuma criança
tenha infringido as leis penais, nem se acuse
3. Os Estados Partes abster-se-ão de recrutar ou declare culpada nenhuma criança de ter
pessoas que não tenham completado quinze infringido essas leis, por atos ou omissões que
anos de idade para servir em suas forças arma- não eram proibidos pela legislação nacional ou
das. Caso recrutem pessoas que tenham com- pelo direito internacional no momento em que
pletado quinze anos mas que tenham menos de foram cometidos;
dezoito anos, deverão procurar dar prioridade
aos de mais idade. b) que toda criança de quem se alegue ter
infringido as leis penais ou a quem se acuse de
4. Em conformidade com suas obrigações de ter infringido essas leis goze, pelo menos, das
acordo com o direito humanitário internacional seguintes garantias:
para proteção da população civil durante os
conflitos armados, os Estados Partes adotarão i) ser considerada inocente enquanto não for
todas as medidas necessárias a fim de assegurar comprovada sua culpabilidade conforme a lei;
a proteção e o cuidado das crianças afetadas por
um conflito armado. ii) ser informada sem demora e diretamente ou,
quando for o caso, por intermédio de seus pais
ARTIGO 39 ou de seus representantes legais, das acusações
que pesam contra ela, e dispor de assistência
Os Estados Partes adotarão todas as medidas jurídica ou outro tipo de assistência apropriada
apropriadas para estimular a recuperação física para a preparação e apresentação de sua defesa;
e psicológica e a reintegração social de toda
criança vítima de qualquer forma de abandono, iii) ter a causa decidida sem demora por auto-
exploração ou abuso; tortura ou outros trata- ridade ou órgão judicial competente, indepen-
mentos ou penas cruéis, desumanos ou degra- dente e imparcial, em audiência justa conforme a
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
dantes; ou conflitos armados. Essa recuperação lei, com assistência jurídica ou outra assistência
e reintegração serão efetuadas em ambiente e, a não ser que seja considerado contrário aos
que estimule a saúde, o respeito próprio e a melhores interesses da criança, levando em con-
dignidade da criança. sideração especialmente sua idade ou situação e
a de seus pais ou representantes legais;
ARTIGO 40
iv) não ser obrigada a testemunhar ou a se
1. Os Estados Partes reconhecem o direito de declarar culpada, e poder interrogar ou fazer
toda criança a quem se alegue ter infringido com que sejam interrogadas as testemunhas de
as leis penais ou a quem se acuse ou declare acusação bem como poder obter a participação
culpada de ter infringido as leis penais de ser e o interrogatório de testemunhas em sua defesa,
tratada de modo a promover e estimular seu em igualdade de condições;
sentido de dignidade e de valor e a fortalecer
o respeito da criança pelos direitos humanos v) se for decidido que infringiu as leis penais,
e pelas liberdades fundamentais de terceiros, ter essa decisão e qualquer medida imposta
levando em consideração a idade da criança e em decorrência da mesma submetidas a revi-
168 são por autoridade ou órgão judicial superior
competente, independente e imparcial, de PARTE II
acordo com a lei;
ARTIGO 42
vi) contar com a assistência gratuita de um
intérprete caso a criança não compreenda ou Os Estados Partes se comprometem a dar aos
fale o idioma utilizado; adultos e às crianças amplo conhecimento
dos princípios e disposições da Convenção,
vii) ter plenamente respeitada sua vida privada mediante a utilização de meios apropriados
durante todas as fases do processo. e eficazes.
170
6. Os Estados Partes tornarão seus relatórios Estados Partes e encaminhadas à Assembleia
amplamente disponíveis ao público em seus Geral, juntamente com os comentários even-
respectivos países. tualmente apresentados pelos Estados Partes.
ARTIGO 45
PARTE III
A fim de incentivar a efetiva implementação da
Convenção e estimular a cooperação internacio- ARTIGO 46
nal nas esferas regulamentadas pela Convenção:
A presente Convenção está aberta à assinatura
a) os organismos especializados, o Fundo das de todos os Estados.
Nações Unidas para a Infância e outros órgãos
das Nações Unidas terão o direito de estar repre- ARTIGO 47
sentados quando for analisada a implementa-
ção das disposições da presente Convenção A presente Convenção está sujeita à ratificação.
que estejam compreendidas no âmbito de seus Os instrumentos de ratificação serão deposi-
mandatos. O Comitê poderá convidar as agên- tados junto ao Secretário-Geral das Nações
cias especializadas, o Fundo das Nações Unidas Unidas.
para a Infância e outros órgãos competentes
que considere apropriados a fornecer assesso- ARTIGO 48
ramento especializado sobre a implementação
da Convenção em matérias correspondentes a A presente Convenção permanecerá aberta à
seus respectivos mandatos. O Comitê poderá adesão de qualquer Estado. Os instrumentos
convidar as agências especializadas, o Fundo das de adesão serão depositados junto ao Secretá-
Nações Unidas para Infância e outros órgãos das rio-Geral das Nações Unidas.
Nações Unidas a apresentarem relatórios sobre
a implementação das disposições da presente ARTIGO 49
Convenção compreendidas no âmbito de suas
atividades; 1. A presente Convenção entrará em vigor no
trigésimo dia após a data em que tenha sido
b) conforme julgar conveniente, o Comitê depositado o vigésimo instrumento de ratifi-
transmitirá às agências especializadas, ao Fundo cação ou de adesão junto ao Secretário-Geral
das Nações Unidas para a Infância e a outros das Nações Unidas.
órgãos competentes quaisquer relatórios dos
Estados Partes que contenham um pedido de 2. Para cada Estado que venha a ratificar a Con-
assessoramento ou de assistência técnica, ou nos venção ou a aderir a ela após ter sido depositado
quais se indique essa necessidade, juntamente o vigésimo instrumento de ratificação ou de
com as observações e sugestões do Comitê, se adesão, a Convenção entrará em vigor no trigé-
as houver, sobre esses pedidos ou indicações; simo dia após o depósito, por parte do Estado,
de seu instrumento de ratificação ou de adesão.
c) o Comitê poderá recomendar à Assembleia
Geral que solicite ao Secretário-Geral que efetue, ARTIGO 50
em seu nome, estudos sobre questões concretas
relativas aos direitos da criança; 1. Qualquer Estado Parte poderá propor uma
Atos internacionais
3. Quando uma emenda entrar em vigor, ela Designa-se para depositário da presente Con-
será obrigatória para os Estados Partes que as venção o Secretário-Geral das Nações Unidas.
tenham aceito, enquanto os demais Estados
Partes permanecerão obrigados pelas disposi- ARTIGO 54
ções da presente Convenção e pelas emendas
anteriormente aceitas por eles. O original da presente Convenção, cujos textos
em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e
ARTIGO 51 russo são igualmente autênticos, será deposi-
tado em poder do Secretário-Geral das Nações
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas rece- Unidas.
berá e comunicará a todos os Estados Partes
o texto das reservas feitas pelos Estados no Em fé do que, os Plenipotenciários abaixo
momento da ratificação ou da adesão. assinados, devidamente autorizados por seus
respectivos Governos, assinaram a presente
2. Não será permitida nenhuma reserva incom- Convenção.
patível com o objetivo e o propósito da presente
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
172
Protocolo Facultativo à Convenção sobre
os Direitos da Criança Referente à Venda
de Crianças, à Prostituição Infantil e à
Pornografia Infantil
Reconhecendo que uma série de grupos par- parceria global entre todos os atores, bem como
ticularmente vulneráveis, inclusive meninas, da melhoria do cumprimento da lei no nível
estão mais expostos ao risco de exploração nacional,
sexual, e que as meninas estão representadas
de forma desproporcional entre os sexualmente Tomando nota das disposições de instrumen-
explorados, tos jurídicos internacionais relevantes para a 173
proteção de crianças, inclusive a Convenção de remuneração ou qualquer outra forma de
da Haia sobre a Proteção de Crianças e Coo- compensação;
peração no que se Refere à Adoção Internacio-
nal; a Convenção da Haia sobre os Aspectos b) prostituição infantil significa o uso de
Civis do Sequestro Internacional de Crianças; uma criança em atividades sexuais em troca
a Convenção da Haia sobre Jurisdição, Direito de remuneração ou qualquer outra forma de
Aplicável, Reconhecimento, Execução e Coo- compensação;
peração Referente à Responsabilidade dos Pais;
e a Convenção no 182 da Organização Interna- c) pornografia infantil significa qualquer repre-
cional do Trabalho sobre a Proibição das Piores sentação, por qualquer meio, de uma criança
Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata envolvida em atividades sexuais explícitas reais
para sua Eliminação, ou simuladas, ou qualquer representação dos
órgãos sexuais de uma criança para fins pri-
Encorajados pelo imenso apoio à Convenção mordialmente sexuais.
sobre os Direitos da Criança, que demonstra o
amplo compromisso existente com a promoção ARTIGO 3o
e proteção dos direitos da criança,
1. Os Estados Partes assegurarão que, no
Reconhecendo a importância da implementação mínimo, os seguintes atos e atividades sejam
das disposições do Programa de Ação para a integralmente cobertos por suas legislações cri-
Prevenção da Venda de Crianças, da Prostituição minal ou penal, quer os delitos sejam cometi-
Infantil e da Pornografia Infantil e a Declaração dos dentro ou fora de suas fronteiras, de forma
e Agenda de Ação adotada no Congresso Mun- individual ou organizada:
dial contra a Exploração Comercial Sexual de
Crianças, realizada em Estocolmo, de 27 a 31 a) no contexto da venda de crianças, conforme
de agosto de 1996, bem como outras decisões e definido no Artigo 2o:
recomendações relevantes emanadas de órgãos
internacionais pertinentes, (i) a oferta, entrega ou aceitação, por qualquer
meio, de uma criança para fins de:
Tendo na devida conta a importância das tradi-
ções e dos valores culturais de cada povo para a. exploração sexual de crianças;
a proteção e o desenvolvimento harmonioso
da criança, b. transplante de órgãos da criança com fins
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
lucrativos;
Acordaram o que segue:
c. envolvimento da criança em trabalho for-
ARTIGO 1o çado;
5. Os Estados Partes adotarão todas as medidas 2. Se um Estado Parte que condiciona a extra-
legais e administrativas apropriadas para asse- dição à existência de um tratado receber soli-
gurar que todas as pessoas envolvidas na adoção citação de extradição de outro Estado Parte
de uma criança ajam em conformidade com os com o qual não mantém tratado de extradição,
instrumentos jurídicos internacionais aplicáveis. poderá adotar o presente Protocolo como base
jurídica para a extradição no que se refere a tais
ARTIGO 4o delitos. A extradição estará sujeita às condições
previstas na legislação do Estado demandado.
1. Cada Estado Parte adotará as medidas neces-
sárias para estabelecer sua jurisdição sobre os 3. Os Estados Partes que não condicionam a
delitos a que se refere o Artigo 3o, parágrafo extradição à existência de um tratado reconhe-
1, quando os delitos forem cometidos em seu cerão os referidos delitos como delitos passíveis
território ou a bordo de embarcação ou aeronave de extradição entre si, em conformidade com as
registrada naquele Estado. condições estabelecidas na legislação do Estado
demandado.
2. Cada Estado Parte poderá adotar as medidas
necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre 4. Para fins de extradição entre Estados Partes,
os delitos a que se refere o Artigo 3o, parágrafo os referidos delitos serão considerados como se
1, nos seguintes casos: cometidos não apenas no local onde ocorre-
ram, mas também nos territórios dos Estados
a) quando o criminoso presumido for um cida- obrigados a estabelecer sua jurisdição em con-
Atos internacionais
dão daquele Estado ou uma pessoa que mantém formidade com o Artigo 4o.
residência habitual em seu território;
5. Se um pedido de extradição for feito com
b) quando a vítima for um cidadão daquele referência a um dos delitos descritos no Artigo
Estado. 3o, parágrafo 1, e se o Estado Parte demandado
não conceder a extradição ou recusar-se a 175
conceder a extradição com base na naciona- ARTIGO 8o
lidade do autor do delito, este Estado adotará
as medidas apropriadas para submeter o caso 1. Os Estados Partes adotarão as medidas apro-
às suas autoridades competentes, com vistas à priadas para proteger os direitos e interesses
instauração de processo penal. de crianças vítimas das práticas proibidas pelo
presente Protocolo em todos os estágios do pro-
ARTIGO 6o cesso judicial criminal, em particular:
(i) bens tais como materiais, ativos e outros inadequada de informações que possam levar à
meios utilizados para cometer ou facilitar o identificação das crianças vitimadas;
cometimento dos delitos definidos no presente
Protocolo; f) assegurando, nos casos apropriados, a segu-
rança das crianças vitimadas, bem como de suas
(ii) rendas decorrentes do cometimento desses famílias e testemunhas, contra intimidação e
delitos; retaliação;
6. Nenhuma disposição do presente Artigo será 1. Os Estados Partes adotarão todas as medi-
interpretada como prejudicial aos direitos do das necessárias para intensificar a cooperação
acusado a um julgamento justo e imparcial, ou internacional por meio de acordos multilaterais,
como incompatível com esses direitos. regionais e bilaterais para prevenir, detectar,
investigar, julgar e punir os responsáveis por
ARTIGO 9o atos envolvendo a venda de crianças, a prosti-
tuição infantil, a pornografia infantil e o turismo
1. Os Estados Partes adotarão ou reforçarão, sexual infantil. Os Estados Partes promoverão,
implementarão e disseminarão leis, medidas também, a cooperação e coordenação interna-
administrativas, políticas e programas sociais cionais entre suas autoridades, organizações
para evitar os delitos a que se refere o presente não governamentais nacionais e internacionais
Protocolo. Especial atenção será dada à proteção e organizações internacionais.
de crianças especialmente vulneráveis a essas
práticas. 2. Os Estados Partes promoverão a cooperação
internacional com vistas a prestar assistência às
2. Os Estados Partes promoverão a conscienti- crianças vitimadas em sua recuperação física
zação do público em geral, inclusive das crian- e psicológica, sua reintegração social e repa-
ças, por meio de informações disseminadas triação.
por todos os meios apropriados, educação e
treinamento, sobre as medidas preventivas e os 3. Os Estados Partes promoverão o fortaleci-
efeitos prejudiciais dos delitos a que se refere mento da cooperação internacional, a fim de
o presente Protocolo. No cumprimento das lutar contra as causas básicas, tais como pobreza
obrigações assumidas em conformidade com e subdesenvolvimento, que contribuem para a
o presente Artigo, os Estados Partes incentivarão vulnerabilidade das crianças à venda de crianças,
a participação da comunidade e, em particular, à prostituição infantil, à pornografia infantil e
de crianças vitimadas, nas referidas informações ao turismo sexual infantil.
Atos internacionais
ARTIGO 12 ARTIGO 15
1. Cada Estado Parte submeterá ao Comitê 1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar o
sobre os Direitos da Criança, no prazo de dois presente Protocolo a qualquer tempo por meio
anos a contar da data da entrada em vigor do de notificação escrita ao Secretário Geral das
Protocolo para aquele Estado Parte, um relatório Nações Unidas, o qual subsequentemente infor-
contendo informações abrangentes sobre as mará os demais Estados Partes da Convenção e
medidas adotadas para implementar as dispo- todos os Estados signatários da Convenção. A
sições do Protocolo. denúncia produzirá efeitos um ano após a data
de recebimento da notificação pelo Secretário
2. Após a apresentação do relatório abran- Geral das Nações Unidas.
gente, cada Estado Parte incluirá nos relatórios
que submeter ao Comitê sobre os Direitos da 2. A referida denúncia não isentará o Estado
Criança quaisquer informações adicionais sobre Parte das obrigações assumidas por força do
a implementação do Protocolo, em conformi- presente Protocolo no que se refere a qualquer
dade com o Artigo 44 da Convenção. Os demais delito ocorrido anteriormente à data na qual a
Estados Partes do Protocolo submeterão um denúncia passar a produzir efeitos. A denúncia
relatório a cada cinco anos. tampouco impedirá, de qualquer forma, que se
dê continuidade ao exame de qualquer matéria
3. O Comitê sobre os Direitos da Criança que já esteja sendo examinada pelo Comitê antes
poderá solicitar aos Estados Partes informações da data na qual a denúncia se tornar efetiva.
Estatuto da Criança e do Adolescente e normas correlatas
Atos internacionais
179
Conheça outras obras publicadas
pelo Senado Federal
livraria.senado.leg.br
Central nesta obra é a Lei no 8.069/1990, mais conhecida como Estatuto da Criança e do
Adolescente. Ela assegura a toda criança e a todo adolescente os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, além das oportunidades e facilidades que lhes facultem o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
de dignidade.