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Problema 4 - Gestação Aramiz Elias Haddad Neto
Periodicidade
A frequência e o conteúdo das atividades de puericultura derivam da prática e pesquisa
baseadas em evidências. Além disso, as agências federais e as organizações pro ssionais,
como a American Academy of Pediatrics (AAP), desenvolveram diretrizes informadas de
consenso entre os especialistas para o cuidado. As Recomendações para Cuidados de
Saúde Pediátricos Preventivos ou Programa de Periodicidade (Recommendations for
Preventive Pediatric Health Care ou Periodicity Schedule) (Fig. 5-1) consistem em uma
compilação de recomendações listadas por consultas com base na idade. Destina-se a
orientar os pro ssionais de atenção primária pediátrica a executar determinadas condutas,
fazer observações em consultas especí cas para a idade e designar o padrão para serviços
de prevenção para crianças e jovens, de acordo com a legislação de reforma de saúde dos
Estados Unidos, o Affordable Care Act de 2010.
Tarefas dos cuidados de puericultura
A consulta de puericultura destina-se a promover o bem-estar físico e emocional das
crianças e jovens. Os pro ssionais de saúde da criança, tais como pediatras, médicos da
medicina da família, enfermeiros e assistentes do médico, aproveitam a oportunidade que
essas consultas fornecem para levantar questões e preocupações dos pais, reunir
informações de saúde da família e individuais relevantes e dar início a exames de triagem.
As tarefas de cada consulta de puericultura incluem:
◆ Detecção de doenças
◆ Prevenção de doenças
◆ Promoção da saúde
◆Orientação antecipatória
Para alcançar esses desfechos, os pro ssionais de saúde empregam técnicas para triagem
de doença e de risco de doença e fornecimento de conselhos sobre comportamentos
saudáveis. Essas atitudes levam à formulação de orientação antecipatória adequada e
conselhos de saúde.
A detecção clínica da doença no encontro de puericultura é realizada tanto por meio de
vigilância como de triagem. Em puericultura, a vigilância ocorre em cada encontro e é
reforçada por consultas repetidas e observações com estágios de desenvolvimento
progressivos. Ela baseia-se na experiência de um médico competente ao longo do tempo. A
triagem é um processo mais formal que utiliza alguma forma de ferramenta que foi
validada e tem sensibilidade e especi cidade conhecidas. Por exemplo, a vigilância para
anemia é realizada por meio do levantamento da história dietética e busca por sinais de
anemia no exame físico. A triagem para anemia é realizada por exames de hematócrito ou
hemoglobina. A vigilância do desenvolvimento baseia-se nas observações dos pais e nos
olhos vigilantes dos prestadores de cuidados pediátricos de saúde experientes em
desenvolvimento infantil. A triagem para o desenvolvimento utiliza uma ferramenta de
triagem de desenvolvimento estruturada por equipe treinada em seu uso ou na pontuação
e interpretação de questionários de relatório para o progenitor.
A segunda ação essencial do encontro de puericultura, a prevenção de doenças, pode incluir
tanto atividades de prevenção primária aplicadas a toda uma população quanto atividades
de prevenção secundária destinadas a pacientes com fatores de risco especí cos. Por
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Problema 4 - Gestação Aramiz Elias Haddad Neto
necessidades especiais de saúde fornece suportes a parcerias entre medical homes e famílias
e jovens, por meio do estabelecimento de metas e negociação dos próximos passos. Nesse
processo, o manejo da doença crônica e a vigilância da saúde (incluindo envolvimento do
adolescente e planejamento para a transição para atendimento de adultos) ocorrem dentro
de uma relação efetiva de assistência ao paciente, com uma parceria para melhorar os
desfechos de saúde e de ciências de prestação de cuidados.
Lactentes e pré-escolares
Nutrição, atividade física, sono, segurança e crescimento emocional, social e físico,
juntamente com o bem-estar dos pais, são fundamentais para todas as crianças. Para cada
consulta de puericultura, há temas que são especí cos para crianças com base na sua
idade, situação familiar e problema de saúde crônico, ou são uma preocupação dos pais,
por exemplo, ambiente de sono para evitar a síndrome da morte súbita infantil, atividades
para perder peso e cercas em torno de piscinas. A atenção também deve ser concentrada
no meio familiar, incluindo a triagem para depressão parental (especialmente depressão
pós-parto materna) e outras doenças mentais, violência familiar, uso abusivo de
substâncias psicoativas, inadequação nutricional ou a falta de habitação. Essas questões
são essenciais para o cuidado das crianças.
Responder as perguntas dos pais é a prioridade mais importante da consulta de
puericultura. A promoção de cuidados centrados na família e da parceria com os pais
aumenta a capacidade de suscitar preocupações nos pais, especialmente sobre o
desenvolvimento de seu lho, aprendizagem e comportamento. É importante identi car as
crianças com transtornos de desenvolvimento o mais cedo possível. A vigilância do
desenvolvimento em cada consulta combinada com uma triagem de desenvolvimento
estruturada, triagem neuromuscular e triagem para autismo em algumas consultas é uma
maneira de melhorar o diagnóstico, especialmente para alguns dos atrasos mais sutis ou
distúrbios do espectro do autismo em que se acredita que a intervenção precoce esteja
associada a uma morbidade reduzida.
Escolares e adolescentes
À medida que a criança entra em idade escolar, surgem considerações adicionais. A
atenção ao desenvolvimento da autonomia exige a promoção de uma relação médico-
paciente separada da relação médico-criança- família com o aumento da necessidade de
privacidade e con dencialidade à medida que a criança cresce.
Os seis comportamentos de saúde mais importantes na morbidade e mortalidade de
adolescentes e adultos são: atividade física inadequada, má nutrição, comportamentos
relacionados com a sexualidade, uso de tabaco, álcool e outras drogas e comportamentos
que contribuem com lesões intencionais ou não. O bem-estar emocional, o diagnóstico
precoce e o tratamento de problemas de saúde mental são igualmente importantes, dando
atenção para os desa os que acompanham o desenvolvimento da adolescência
(competência na escola e em outras atividades, ligação com amigos e familiares,
autonomia, empatia e senso de autoestima).
2. Apontar as características funcionais / siológicas do neonato
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O Início da Respiração
O efeito mais óbvio do nascimento no bebê é a perda da conexão placentária com a mãe e,
portanto, a perda de seu meio de suporte metabólico. Um dos ajustes imediatos mais
importantes necessários ao bebê é começar a respirar.
A Causa da Respiração ao Nascimento. Depois do parto normal de uma mãe não
deprimida por anestésicos, a criança começa a respirar dentro de segundos e atinge ritmo
respiratório normal em menos de 1 minuto após o nascimento. A prontidão com que o feto
começa a respirar indica que a respiração é iniciada pela repentina exposição ao mundo
exterior, provavelmente resultante de estado levemente as xiado, incidente ao processo do
nascimentoe de impulsos sensoriais que se originam na pele subitamente resfriada. Em
bebê que não respira imediatamente, o corpo ca progressivamente mais hipóxico e
hipercápnico, o que representa estímulo adicional ao centro respiratório e, geralmente,
provoca a respiração dentro de mais 1 minuto depois do nascimento.
Retardo em Respirar ou Respiração Anormal ao Nascer — Risco de Hipoxia. Se a mãe
tiver sido deprimida por anestésico geral durante a expulsão no trabalho de parto, o que
parcialmente anestesia também o feto, o surgimento da respiração pode demorar alguns
minutos, demonstrando, assim, a importância de usar o mínimo de anestesia possível.
Além disso, muitos bebês que tiveram trauma cefálico durante a expulsão ou que foram
submetidos a trabalho de parto muito prolongado custam a respirar e às vezes até não
respiram. Tal fato pode resultar de dois possíveis efeitos: primeiro, em alguns bebês,
hemorragia intracraniana ou contusão cerebral causa síndrome de concussão, com grande
depressão do centro respiratório. Em segundo lugar, e provavelmente muito mais
importante, a hipoxia fetal prolongada durante a expulsão pode causar séria depressão do
centro respiratório.
A hipoxia, com frequência, ocorre durante o parto devido a: (1) compressão do cordão
umbilical; (2) separação prematura da placenta; (3) contração excessiva do útero, que pode
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cortar o uxo de sangue da mãe para a placenta; ou (4) anestesia excessiva da mãe, o que
deprime a oxigenação de seu próprio sangue.
Grau de Hipoxia que o Bebê Pode Tolerar. O adulto que não consegue respirar por
apenas 4 minutos em geral falece, mas um recém-nascido, muitas vezes, sobrevive por até
10 minutos sem respirar depois de nascer. O comprometimento cerebral permanente e
grave, em geral, ocorre se a respiração demorar mais de 8 a 10 minutos. Na verdade, lesões
reais se desenvolvem principalmente no tálamo, nos colículos inferiores e em outras áreas
do tronco encefálico, afetando, permanentemente, muitas das funções motoras corporais.
Expansão dos Pulmões ao Nascimento. Quando o bebê nasce, as paredes dos alvéolos,
primeiramente, estão colapsadas devido à tensão super cial do líquido viscoso em seu
interior. Normalmente, é preciso mais de 25 mmHg de pressão inspiratória negativa nos
pulmões para se opor aos efeitos dessa tensão super cial e abrir os alvéolos pela primeira
vez. Mas, quando os alvéolos se abrem, a respiração pode ser realizada com movimentos
respiratórios relativamente fracos. Felizmente, as primeiras inspirações do recém-nascido
normal são muito potentes, geralmente capazes de criar até 60 mmHg de pressão negativa
no espaço intrapleural.
A Figura 84-3 mostra as pressões intrapleurais muito negativas, necessárias para abrir os
pulmões no início da respiração. Na parte superior da gura, é exibida a curva de pressão-
volume (curva de “complacência”) da primeira respiração após o nascimento. Observe,
primeiramente, a parte inferior da curva, começando no ponto de pressão zero e
movendo-se para a direita. A curva mostra que o volume de ar nos pulmões permanece
quase exatamente zero, até ser atingida a pressão negativa de −40 centímetros de água
(−30 mmHg). Em seguida, à medida que a pressão negativa aumenta para −60 centímetros
de água, cerca de 40 mililitros de ar entram nos pulmões. Para desin ar os pulmões, é
preciso que ocorra pressão positiva considerável, cerca de +40 centímetros de água, devido
à resistência viscosa, oferecida pelo líquido nos bronquíolos.
Observe que a segunda respiração é bem mais fácil, com demanda bem menor de pressões
negativas e positivas. A respiração não se normaliza totalmente até cerca de 40 minutos
após o nascimento, como mostrado pela terceira curva de complacência, cujo formato é
comparável à curva de um adulto normal, como mostrado no Capítulo 39.
Síndrome da Angústia Respiratória Causada pela De ciência de Secreção de
Surfactantes. Um pequeno número de bebês, especialmente os prematuros e os nascidos
de mães diabéticas, desenvolve a síndrome da angústia respiratória grave nas primeiras
horas até os primeiros dias após o nascimento, e alguns falecem no primeiro dia ou logo
depois. Os alvéolos desses bebês no óbito contêm grande quantidade de líquido
proteináceo, quase como se o líquido do plasma tivesse vazado dos capilares para os
alvéolos. O líquido contém ainda células epiteliais alveolares descamadas. Essa condição é
denominada doença da membrana hialina, porque o exame histológico pulmonar mostra
que o material que preenche os alvéolos se assemelha a uma membrana hialina.
Um achado característico na síndrome da angústia respiratória é a falha do epitélio
respiratório de secretar quantidades adequadas de surfactante, substância normalmente
secretada nos alvéolos que diminui a tensão super cial do líquido alveolar, permitindo
assim que os alvéolos se expandam facilmente durante a inspiração. As células secretoras
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de surfactante (células epiteliais alveolares tipo 2) não começam a secretar surfactante até
os últimos 1 a 3 meses de gestação. Assim, muitos bebês prematuros e alguns bebês
nascidos a termo nascem sem a capacidade de secretar surfactante su ciente, o que causa
tanto tendência a colapso dos alvéolos como desenvolvimento de edema pulmonar. O
papel do surfactante em evitar esses efeitos é discutido no Capítulo 38.
Reajustes Circulatórios ao Nascimento
Igualmente tão essencial quanto o início da respiração ao nascer são os ajustes circulatórios
imediatos que permitem o uxo sanguíneo adequado aos pulmões. Além disso, ajustes
circulatórios durante as primeiras horas de vida fazem com que cada vez mais sangue ua
pelo fígado do bebê, que até esse ponto tinha pouco uxo sanguíneo. Para descrever esses
ajustes, devemos,
primeiro, considerar a
estrutura anatômica da
circulação fetal.
Estrutura Anatômica
Especí ca da Circulação
Fetal
Uma vez que os pulmões
são basicamente não
funcionantes, durante a
vida fetal, e o fígado é
apenas parcialmente
funcional, não é preciso
que o coração do feto
bombeie muito sangue
pelos pulmões ou fígado.
Entretanto, o coração do
feto precisa bombear
grande quantidade de
sangue pela placenta.
Portanto, disposições
anatômicas especiais
fazem com que o sistema
circulatório fetal opere de
modo bem diferente do
de um recém-nascido.
Primeiro, como mostrado
na Figura 84-4, o sangue
que retorna da placenta pela veia umbilical atravessa o ducto venoso, basicamente
deixando o fígado fora do circuito. Em seguida, grande parte do sangue que entra no átrio
direito proveniente da veia cava inferior é direcionada de forma direta para a parte
posterior do átrio direito e através do forame oval diretamente para o átrio esquerdo.
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forame oval, no lado esquerdo do septo atrial, se fecha sobre essa abertura, evitando assim
o uxo de sangue através do forame oval.
Em dois terços de todas as pessoas, a válvula adere-se ao forame oval, dentro de alguns
meses a anos, produzindo um fechamento permanente. Mas, mesmo se não ocorrer o
fechamento permanente, um estado patológico denominado forame oval patente, a
pressão atrial esquerda durante toda a vida permanecerá, normalmente, entre 2 e 4 mmHg
maior que a pressão atrial direita, e a pressão retrógrada manterá a válvula fechada.
Fechamento do Ducto Arterioso. O ducto arterioso também se fecha, mas por razões
diferentes. Em primeiro lugar, a resistência sistêmica elevada aumenta a pressão aórtica,
enquanto a menor resistência pulmonar diminui a pressão arterial pulmonar.
Consequentemente, depois do nascimento, o sangue começa a uir de volta da aorta para
a artéria pulmonar, através do ducto arterioso, em vez de na outra direção, como era na
vida fetal. Entretanto, depois de algumas horas, a parede muscular do ducto arterioso se
contrai de modo acentuado e, em 1 a 8 dias, a constrição é normalmente su ciente para
interromper o uxo sanguíneo. É o fechamento funcional do ducto arterioso. Então,
durante o próximo período de 1 a 4 meses, o ducto arterioso em geral é anatomicamente
ocluído pelo crescimento de tecido broso em seu lúmen.
A causa do fechamento do ducto arterioso está relacionada com a maior oxigenação do
sangue que ui pelo ducto, bem como a perda dos efeitos relaxantes vasculares da
prostaglandina E2 (PGE2). Na vida fetal, a pressão parcial de oxigênio (PO2) do sangue no
ducto é de apenas 15 a 20 mmHg, mas aumenta para cerca de 100 mmHg poucas horas
após o nascimento. Ademais, muitos experimentos mostraram que o grau de contração do
músculo liso, na parede do ducto, está altamente relacionado com a sua disponibilidade de
oxigênio.
Em um entre milhares de bebês, o ducto não se fecha, resultando em ducto arterioso
patente, cujas consequências são discutidas no Capítulo 23. Já se postulou que o não
fechamento se deve à dilatação excessiva do ducto, causada por prostaglandinas
vasodilatadoras, especialmente a PGE2, na parede do ducto. Na verdade, a administração
do fármaco indometacina, que bloqueia a síntese de prostaglandinas, muitas vezes leva ao
fechamento.
Fechamento do Ducto Venoso. Na vida fetal, o sangue portal do abdome do feto junta-se
ao sangue da veia umbilical, e, juntos, passam através do ducto venoso de modo direto
para a veia cava, imediatamente acima do coração, mas abaixo do fígado, desviando-se,
assim, do fígado.
Imediatamente após o nascimento, o uxo de sangue pela veia umbilical cessa, mas
grande parte do sangue portal continua a uir pelo ducto venoso, com pequena
quantidade passando pelos canais do fígado. Entretanto, em 1 a 3 horas, a parede
muscular do ducto venoso se contrai fortemente e fecha essa via de uxo.
Consequentemente, a pressão venosa portal aumenta de quase 0 a 6 para 10 mmHg, o que
é su ciente para forçar o uxo sanguíneo da veia porta pelos sinusoides hepáticos.
Embora o ducto venoso raramente não se feche, não sabemos quase nada a respeito do que
causa seu fechamento.
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Nutrição do Recém-nascido
Antes de nascer, o feto obtém toda a sua energia da glicose do sangue materno. Depois do
nascimento, a quantidade de glicose armazenada no corpo do bebê, sob a forma de
glicogênio no fígado e nos músculos, é su ciente para suprir as necessidades dele por
apenas algumas horas. O fígado do recém-nascido ainda está longe de funcionar
adequadamente, o que impede a gliconeogênese em intensidade signi cativa. Portanto, a
concentração de glicose no sangue do bebê com frequência cai, no primeiro dia, para até 30
a 40 mg/dL no plasma, menos da metade do valor normal. Felizmente, no entanto,
existem mecanismos disponíveis apropriados que permitem ao bebê usar suas reservas de
gorduras e proteínas para seu metabolismo até receber o leite materno 2 a 3 dias depois.
Problemas especiais também estão, muitas vezes, associados ao estabelecimento de aporte
adequado de líquido ao recém-nascido, porque a intensidade da renovação do líquido
corporal do bebê é, em média, sete vezes a do adulto, e o suprimento de leite materno leva
vários dias para se desenvolver. Em geral, o peso do bebê tem redução de 5% a 10% e,
algumas vezes, de até 20% nos primeiros 2 a 3 dias de vida. Grande parte dessa perda de
peso representa perda de líquido, em vez de sólidos corporais.
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momento vivido pela família quando a criança foi gerada; se a ges- tação foi ou não
planejada; quais as fantasias da mãe e de outros familiares sobre a criança durante a
gestação; quem é o responsável pelos seus cuidados; como é sua rotina de vida; e quais
foram as mudanças ocorridas nas relações familiares após o seu nascimento.
Além disso, é importante a obtenção dos dados rela- cionados a possíveis fatores de risco
para distúrbios do desenvolvimento, como a presença de baixo peso de nas- cimento,
prematuridade, intercorrências neonatais, uso de drogas ou álcool e infecções durante a
gestação. Tam- bém devem ser obtidos dados da história pregressa ou atual de moléstias
importantes e os dados relacionados às aquisições de todas as habilidades da criança,
assim como o que a criança faz no momento da avaliação. É funda- mental, ainda, a
indagação sobre a opinião da mãe em re- lação ao processo de desenvolvimento de sua
criança.
A avaliação do desenvolvimento inicia-se no mo- mento em que a família entra no
consultório e prolonga- -se durante toda a anamnese e o exame físico da criança, sendo
muitas vezes necessária a avaliação da criança em outras consultas, antes do diagnóstico
de nitivo. À entra- da, observa-se quem traz a criança, a maneira como é car- regada, sua
postura, interesse pelas coisas do ambiente e interação com as outras pessoas do local.
Durante a anamnese, além de observar o vínculo entre a mãe e a criança, o examinador
pode avaliar al- guns dados do desenvolvimento da criança, como o controle das
musculaturas do pescoço, tronco e mem- bros inferiores. Ao se oferecer um brinquedo ou
até
mesmo o abaixador de línguas à criança, pode-se obser- var sua forma de preensão, sua
coordenação mão-boca e as inúmeras experimentações que faz ao morder, bater e jogar o
objeto oferecido.
A avaliação do sistema sensorial, principalmente da audição e da visão, deve ser feita
desde as primeiras con- sultas. Durante a anamnese, indaga-se aos familiares se a criança é
ou não capaz de enxergar e escutar, se se as- susta com ruídos diferentes, se é capaz de
reconhecer e se acalmar com a voz materna, se prefere o rosto mater- no, se focaliza objetos
e os segue com o olhar. Desde as primeiras horas de vida, o recém-nascido é capaz de fo-
calizar um objeto colocado a poucos centímetros de seu campo visual, tendo nítida
preferência pelo rosto huma- no. Por volta dos 3 meses de idade, a criança apresenta
melhor xação do olhar, o que lhe permite seguir obje- tos por 180o .
No exame dos olhos, o examinador deve estar aten- to ao tamanho das pupilas e pesquisar
o re exo fotomo- tor bilateralmente. Incidindo-se um foco de luz sobre a pupila,
normalmente observa-se a diminuição do seu diâmetro. Utilizando-se o oftalmoscópio,
faz-se a pes- quisa do re exo vermelho bilateralmente. Focalizando- -se a pupila, observa-
se um re exo avermelhado. A pre- sença de re exo branco parcial ou total supõe
opacidade nos meios oculares, indicando a necessidade da realiza- ção de exame
oftalmológico completo.
A audição acontece a partir do quinto mês de gesta- ção. Assim, ao nascimento, a criança já
está familiariza- da com os ruídos provenientes do organismo materno e com as vozes de
seus familiares. A avaliação objetiva da audição pode ser feita com estímulos sonoros de
várias frequências.
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Quanto à interação social do bebê, o olhar e o sorri- so são formas de comunicação. Entre a
quarta e a sexta semana de vida, aparece o sorriso como resposta ao ros- to humano. Antes
dessa idade, a partir da segunda se- mana de vida, o sorriso já pode ser desencadeado por
al- guns estímulos, principalmente pela face humana.
No segundo semestre de vida, a criança já não res- ponde mais com sorriso a qualquer
adulto. Ela passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, frente ao adul- to, a criança
pode ter um amplo espectro de comporta- mentos, desde abaixar os olhos ou esconder o
rosto, até chorar e gritar inconsolavelmente, passando por uma gama de atitudes que
expressam o medo do estranho e a recusa em entrar em contato com ele.
Ao nascimento, o padrão motor da criança é muito imaturo. A presença do re exo tônico
cervical assimé- trico (RTCA) confere-lhe uma postura assimétrica com predomínio do
tônus exor dos membros e intensa hi- potonia da musculatura paravertebral. Apesar de
fami- liarizado com a in nidade de movimentos da vida in- trauterina, seus movimentos
são, geralmente, re exos controlados por partes primitivas do cérebro. Alguns desses
re exos, como os de sucção, preensão palmar, plantar e o da marcha, serão substituídos
por atividades voluntárias; outros, como o de Moro e o re exo tônico- -cervical
assimétrico, simplesmente desaparecerão nos
próximos meses. Nos primeiros meses de vida, a presen- ça, a intensidade e a simetria
desses re exos podem ser usadas para avaliar a integridade do sistema nervoso central e
para detectar anormalidades periféricas, como alterações musculoesqueléticas congênitas
ou lesões de plexos nervosos. Por outro lado, a persistência da maio- ria desses re exos no
segundo semestre de vida também indica anormalidades do desenvolvimento.
Durante os primeiros meses, há uma diminuição progressiva do tônus exor, com
predomínio do padrão extensor. Essa extensão acontece na direção céfalo-cau- dal, sendo o
quadril e os membros inferiores os últimos a adquiri-la. A partir do segundo semestre, não
ocorre mais predomínio do padrão exor ou extensor, e a crian- ça, por meio da
alternância entre exão e extensão, con- segue, inicialmente, rolar e, posteriormente, com a
total dissociação entre os movimentos da cintura escapular e pélvica, mudar da posição
deitada para a sentada.
O desenvolvimento motor dá-se, portanto, no senti- do crânio-caudal e próximo-distal, por
meio de aquisi- ções mais simples até mais complexas. A primeira mus- culatura a ser
controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da musculatura contra a in uência
da gravidade (reações de reti cação e de equilíbrio), ocorrendo inicialmente, a sustentação
da cabeça e, pos- teriormente, do tronco. Finalmente, durante o quarto trimestre, a criança
adquire a posição ortostática. O controle progressivo da musculatura dos braços permi- te
o apoio nos antebraços e as primeiras tentativas de en- gatinhar. No entanto, entre 15 e
20% das crianças andam sem ter engatinhado, sem que isso indique algum tipo de
anormalidade.
Percebe-se, portanto, que as aquisições motoras não acontecem aos saltos, mas são
conquistadas depois de muitas tentativas e erros e são motivadas pela necessida- de de
exploração e interação com o meio sociocultural da criança. Assim, na avaliação do
conjunto das habili- dades motoras, não se deve somente indagar as idades em que as
mesmas aconteceram. É preciso avaliar a qua- lidade desses movimentos, sendo, da
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mesma forma, fundamental a observação da criança não apenas em de- cúbito dorsal, mas
também em prono, quando puxada para sentar, sentada e em pé.
A aquisição do movimento de pinça foi fundamen- tal para que o ser humano pudesse
utilizar ferramentas. Ao nascimento, a criança mantém-se com as mãos fe- chadas a maior
parte do tempo. À estimulação da região palmar, ocorre o re exo de preensão. Por volta
do ter- ceiro mês, em decorrência da diminuição do tônus e- xor, as mãos cam abertas
por um período maior de tempo, e as crianças conseguem agarrar os objetos, em- bora
ainda sejam incapazes de soltá-los. Entre o quinto e o sexto mês, a criança consegue
apreender um objeto voluntariamente, iniciando o movimento de pinça, que será
inicialmente cubital, em seguida radial e depois, en- tre o nono e o décimo mês, a pinça
completa, realizada com a porção distal do polegar e dos demais dedos.
Durante os primeiros meses de vida, o bebê expres- sa-se por meio de sua mímica facial,
variações de tônus
e, principalmente, pelo choro. Entre o segundo e o ter- ceiro mês, a criança inicia a emissão
de arrulhos e, por volta dos 6 meses de idade, de balbucio ou sons bilabiais, cujas
repetições são realizadas pelo simples prazer. En- tre 9 e 12 meses, emite balbucios com
padrões de ento- nação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A primeira palavra
corresponde ao encontro silábico reco- nhecido pelo adulto como uma primeira palavra.
Coin- cidentemente, na maioria das línguas, “mamãe” começa com m ou n e “papai”
começa com p, b, d ou t.
A linguagem gestual também aparece no segundo semestre de vida e é fruto da
signi cação dada pelos adultos do seu meio. Nessa fase, é comum a criança apontar e
obedecer comandos verbais como bater pal- mas, acenar e jogar beijinhos. Por volta dos 12
meses de idade, surgem as primeiras palavras denominadas pala- vras-frase. Aos 18
meses, a criança inicia frases simples e há grande aumento de seu repertório de palavras.
Nessa fase, começa o diálogo com troca de turnos, ou seja, fala e aguarda a resposta do
outro para nova interferência.
Finalizando, é preciso, mais uma vez, ressaltar que compreender a importância do
desenvolvimento signi- ca tentar entender o próprio papel que a criança assu- me na
sociedade. Ao longo da História, o conceito de criança está intimamente relacionado ao
papel que ela ocupa dentro da sociedade. Não existe, portanto, uma criança única,
universal, descontextualizada do seu mo- mento histórico e de seu papel social, sendo
diferentes os papéis desempenhados pelas crianças, assim como são diferentes os valores
atribuídos à infância e às rela- ções que se estabelecem entre crianças e adulto.
Se o sentimento de infância não é universal e natu- ral, como pensar as crianças? É
impossível pensá-las iguais. De comum, trazem o traço da espécie: são crianças humanas.
Todavia, desde as primeiras horas, são sujeitos. Sujeitos-crianças humanas. No seu fazer,
na sua pesquisa, na sua ação, a criança desnaturaliza o estabelecido, dá novos signi cados
ao mundo, relem- bra aos adultos signi cados esquecidos. Com seu par- ceiro, adulto ou
criança, ela constrói cultura, faz e refaz a História. É sujeito do seu tempo. Se dependentes,
é porque são humanas, e humanos são dependentes de relações com os outros.
A rmar, portanto, que a criança é um sujeito de direitos signi ca assegurar-lhe não apenas
o direito às suas particularidades de criança, mas o direito à sua participação no coletivo e
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