Tanto Celso Furtado quanto Joseph Schumpeter foram importantes pensadores que ofereceram críticas
ao modelo capitalista e propuseram perspectivas alternativas para o desenvolvimento econômico.
Embora suas abordagens sejam distintas, há pontos de interligação entre suas ideias. No livro "Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico", Furtado introduz o conceito de "desenvolvimento dependente", uma ideia que descreve a relação muitas vezes desigual entre países em desenvolvimento e as economias dos países desenvolvidos. Ele destaca como as economias desses países em desenvolvimento estão interconectadas de forma intensa e, frequentemente, em uma posição subordinada. Isso, por sua vez, pode afetar significativamente o processo de desenvolvimento dessas nações, tornando-as vulneráveis a choques externos e desafios estruturais. Furtado, em sua análise do desenvolvimento econômico, enfatizou a importância de considerar as especificidades dos países em desenvolvimento. Ele argumentava que o modelo capitalista, em sua forma pura, tendia a perpetuar desigualdades sociais e a concentrar riqueza nas mãos de poucos. Furtado defendeu a necessidade de uma intervenção estatal ativa para promover um desenvolvimento mais equitativo e inclusivo, por meio do planejamento econômico e da distribuição justa dos recursos. Além disso, ele ressalta que o subdesenvolvimento não é apenas uma questão econômica, mas também um processo histórico complexo que envolve fatores sociais, políticos e culturais. Ele argumenta que a história de um país desempenha um papel fundamental em determinar seu curso de desenvolvimento e que uma compreensão aprofundada desses fatores é essencial para a formulação de políticas eficazes. Enquanto isso em "A Teoria do Desenvolvimento Econômico" (1921), Joseph Schumpeter argumenta que o desenvolvimento econômico é impulsionado principalmente pela inovação, enfatizando o papel fundamental do empreendedorismo e da criatividade na economia. O autor introduz o conceito de "destruição criativa", no qual novas inovações substituem antigas formas de negócios, resultando em mudanças estruturais na economia. Ele considera os empreendedores como agentes-chave nesse processo, à medida que introduzem novas tecnologias, produtos e métodos de produção, desencadeando perturbações nos mercados existentes. No que diz respeito aos ciclos econômicos, Schumpeter argumenta que eles são uma característica inerente da economia capitalista. Ele acredita que o processo de inovação e destruição criativa gera flutuações na atividade econômica. As fases de expansão são impulsionadas por ondas de inovação, criando oportunidades de negócios e empregos, enquanto as fases de contração ocorrem quando as inovações perdem força ou se tornam obsoletas. Essas flutuações são conhecidas como ciclos econômicos. Schumpeter dentre algumas teorias também discute o socialismo no livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1942), prevendo que o capitalismo seria substituído pelo socialismo, não devido a suas deficiências econômicas, mas por razões políticas. Ele argumenta que a ascensão do socialismo é resultado de uma mudança nas atitudes das elites intelectuais e políticas, que favorecem sistemas mais centralizados de planejamento econômico. Ambos os autores compartilhavam a visão de que o modelo capitalista, em sua forma desregulada, poderia gerar desigualdades e desequilíbrios sociais. Ambos acreditavam na necessidade de intervenção estatal para corrigir essas falhas e promover um desenvolvimento mais equilibrado. Enquanto Furtado enfatizava a importância do planejamento econômico e da distribuição justa de recursos, Schumpeter destacava a necessidade de incentivar a inovação e o empreendedorismo dentro de um quadro regulatório adequado. Em suma, Furtado e Schumpeter foram críticos do modelo capitalista em sua forma pura, destacando suas limitações e as desigualdades que ele poderia gerar. Ambos defenderam a necessidade de uma abordagem mais equitativa e inclusiva para o desenvolvimento econômico, embora com ênfases e abordagens diferentes.