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AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTA RITA DO SUL – RS

JANAÍNA DA SILVA, brasileira, solteira, doméstica, portadora do RG nº XXXXXXXXXX,


inscrito no CPF XXX.XXX.000-XX, , endereço eletrônico janainadsilva@outlook.com.br, por
si e representando CAROLINA DA SILVA, brasileira, impúbere, nascida em 01/01/2008,
ambas residentes e domiciliadas na Rua Tucanos, nº 156, bairro centro, CEP 92480-000, na
Cidade de Santa Rita do Sul/RS, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por inter-
médio da seus procuradores signatários (doc. 02), cujo escritório está localizado na R. Ramiro
Barcelos, 805 - Independência, Porto Alegre - RS, 90035-001, com o seguinte endereços ele-
trônico: >pamela@martins.com.br<, vem, perante Vossa Excelência, propor, sob o rito co-
mum, a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CUMULADA C/C PENSÃO

contra o MUNICIPIO DE SANTA RITA DO SUL/RS, pessoa jurídica a de direito público


interno, inscrita no CNPJ XX.XXX.XXX/XXXX-XX, som sede administrativa na R. João de
Paula Franco, nº 477, Bairro Jardim, CEP 04775-165, no município de Santa Rita do Sul - SP,
tendo em vista os fatos e os fundamentos jurídicos a seguir expostos:

DOS FATOS
Em 17 de outubro de 2011, aproximadamente às 17:40 horas, a Sra. Janice da Silva sofreu um
episódio de mal-estar e recebeu atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), durante o qual sua condição foi diagnosticada como sudorese excessiva, hipertensão,
agitação e queixa de dores lombares. No primeiro atendimento, a pressão arterial da paciente
foi registrada em 200x100mmHg, resultando na administração de Buscopan e oxigênio. Pos-
teriormente, ela foi encaminhada ao Pronto Atendimento de Santa Rita do Sul, Rio Grande do
Sul.
Os profissionais do SAMU que prestaram o primeiro atendimento informaram que, naquele
momento, as vias aéreas, a respiração, a circulação e o estado neurológico da genitora das de-
mandantes estavam normais. Também foi mencionado que ela havia tomado os medicamentos
Atenolol e Captopril cerca de uma hora antes do atendimento.

No Pronto Atendimento Ambulatorial do Hospital Municipal de Santa Rita do Sul (atendi-


mento pelo Sistema Único de Saúde - SUS), a Sra. Janice foi examinada pelo Dr. Djavam
Augusto da Silva, que confirmou a leitura anterior da pressão arterial, prescrevendo-lhe Ben-
zetacil e Dimorf devido a queixas de dor na garganta e no tórax.

Surpreendentemente, apesar da pressão arterial muito elevada, o médico optou por não interná-
la e não prescreveu medicamentos para controlar a pressão. Além disso, nenhum exame labo-
ratorial ou eletrocardiograma foi solicitado para investigar a razão da pressão arterial alta per-
sistente, mesmo após o uso de Atenolol e Captopril.

Consequentemente, a Sra. Janice foi liberada para retornar para sua residência no mesmo dia,
17 de outubro de 2011. No entanto, devido à persistência dos sintomas que a levaram a procurar
atendimento médico, ela buscou ajuda de um médico particular no dia seguinte, 18 de outubro
de 2011, que a encaminhou novamente ao Pronto Atendimento Municipal, onde chegou às
11:31 horas.

As filhas da Sra. Janice, juntamente com algumas amigas que foram ao pronto atendimento
para visitá-la, solicitaram repetidamente sua internação no Hospital Municipal. Por volta das
16:50 horas, ela finalmente foi admitida para permitir a investigação de seu estado de saúde.

No Hospital Municipal, o Dr. Leoncio de Almeida foi informado da internação da Sra. Janice,
e ele prometeu avaliar a paciente em breve. No entanto, às 17:30 horas, a condição de saúde da
Sra. Janice piorou, e ela não respondia mais verbalmente. O médico responsável, conforme
consta no registro de atendimento ambulatorial, estava indisponível imediatamente, pois, de
acordo com testemunhas, estava se alimentando em um restaurante próximo. A paciente foi
então atendida pelo Dr. Draiton dos Anjos e, após a chegada do Dr. Leoncio de Almeida para
uma nova avaliação, ficou evidente a gravidade da situação. A Sra. Janice foi posteriormente
transferida para o Hospital Universitário de Arroio Encantado em uma ambulância.

Em 19 de outubro de 2011, a Sra. Janice faleceu devido a “Dissecção aórtica e hipertensão


arterial sistêmica”.
DO DIREITO

A responsabilidade do ente municipal está comprovada. O ente municipal, enquanto pessoa


jurídica de direito público interno, está sujeito a uma responsabilidade objetiva no que diz res-
peito ao atendimento médico-hospitalar prestado em instituições sob sua administração, con-
forme estipulado no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal.

É imperativo enfatizar que as filhas da vítima tenham um direito legítimo à reposição por danos
morais, conforme estabelecido pela Constituição Federal nos artigos 5º, incisos V e X, bem
como respaldado pela Lei Civil nos artigos 186 e 927. Ademais, o artigo 948, inciso II, do
Código Civil, garante legalmente o direito à concessão de pensão alimentícia.

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

Em 17 de outubro de 2021, aproximadamente às 17:40 horas, a Sra. Janice da Silva sofreu um


episódio de mal-estar e recebeu atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), durante o qual sua condição foi diagnosticada como sudorese excessiva, hipertensão,
agitação e queixa de dores lombares. No primeiro atendimento, a pressão arterial da paciente
foi registrada em 200x100mmHg, resultando na administração de Buscopan e oxigênio. Pos-
teriormente, ela foi encaminhada ao Pronto Atendimento de Santa Rita do Sul, Rio Grande do
Sul.

Os profissionais do SAMU que prestaram o primeiro atendimento informaram que, naquele


momento, as vias aéreas, a respiração, a circulação e o estado neurológico da genitora das de-
mandantes estavam normais. Também foi mencionado que ela havia tomado os medicamentos
Atenolol e Captopril cerca de uma hora antes do atendimento.

No Pronto Atendimento Ambulatorial do Hospital Municipal de Santa Rita do Sul (atendi-


mento pelo Sistema Único de Saúde - SUS), a Sra. Janice foi examinada pelo Dr. Djavam
Augusto da Silva, que confirmou a leitura anterior da pressão arterial, prescrevendo-lhe Ben-
zetacil e Dimorf devido a queixas de dor na garganta e no tórax.

Surpreendentemente, apesar da pressão arterial muito elevada, o médico optou por não interná-
la e não prescreveu medicamentos para controlar a pressão. Além disso, nenhum exame labo-
ratorial ou eletrocardiograma foi solicitado para investigar a razão da pressão arterial alta per-
sistente, mesmo após o uso de Atenolol e Captopril.
Consequentemente, a Sra. Janice foi liberada para retornar para sua residência no mesmo dia,
17 de outubro de 2021. No entanto, devido à persistência dos sintomas que a levaram a procurar
atendimento médico, ela buscou ajuda de um médico particular no dia seguinte, 18 de outubro
de 2021, que a encaminhou novamente ao Pronto Atendimento Municipal, onde chegou às
11:31 horas.

As filhas da Sra. Janice, juntamente com algumas amigas que foram ao pronto atendimento
para visitá-la, solicitaram repetidamente sua internação no Hospital Municipal. Por volta das
16:50 horas, ela finalmente foi admitida para permitir a investigação de seu estado de saúde.

No Hospital Municipal, o Dr. Leoncio de Almeida foi informado da internação da Sra. Janice,
e ele prometeu avaliar a paciente em breve. No entanto, às 17:30 horas, a condição de saúde da
Sra. Janice piorou, e ela não respondia mais verbalmente. O médico responsável, conforme
consta no registro de atendimento ambulatorial, estava indisponível imediatamente, pois, de
acordo com testemunhas, estava se alimentando em um restaurante próximo. A paciente foi
então atendida pelo Dr. Draiton dos Anjos e, após a chegada do Dr. Leoncio de Almeida para
uma nova avaliação, ficou evidente a gravidade da situação. A Sra. Janice foi posteriormente
transferida para o Hospital Universitário de Arroio Encantado em uma ambulância.

Em 19 de outubro de 2021, a Sra. Janice faleceu devido a “Dissecção aórtica e hipertensão


arterial sistêmica”.

A ação proposta está fundamentada no artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, que estabelece
a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito público por atos de seus agentes no
exercício de suas funções. No caso em apreço, alega-se que o erro médico ocorreu em um
hospital sob a gestão do Município, conforme documentação apresentada, caracterizando, as-
sim, sua responsabilidade.

O Egrégio Tribunal do Rio Grande do Sul já se posicionou reconhecendo a responsabilidade


estatal, pelo que colaciona-se o aresto:

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ILEGITIMIDADE PASSIVA RECONHE-


CIDA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
PÚBLICO DE SAÚDE. ATENDIMENTOS PELO SUS. FRATURA DO ÚMERO DISTAL
DIREITO. NECESSIDADE DE CIRURGIA URGENTE. PROCEDIMENTO NÃO REALI-
ZADO. REDUÇÃO DA CAPACIDADE PARA O TRABALHO. PERDA DA CHANCE DE
CURA. DANOS MORAIS E PENSÃO. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. LUCROS CESSAN-
TES. DESCABIMENTO. O erro médico foi cometido no posto de saúde; o Estado do Rio
Grande do Sul não é responsável solidário. Precedentes do STJ e desta Corte de Justiça.
Ilegitimidade passiva ad causam. A responsabilidade civil do Município é objetiva e está
fundada na teoria do risco administrativo. Os prestadores de serviços públicos que
oferecem atendimento através do Sistema Único de Saúde respondem pelos danos causa-
dos a terceiros (art. 37, § 6º da Constituição Federal). Caso em que o autor procurou aten-
dimento médico junto ao Município em 29/08/2015, quando diagnosticada fratura do
úmero distal direito. Perícia judicial segundo a qual a cirurgia era necessária e urgente,
mas não foi realizada no momento oportuno porque não conferida urgência ao caso. Lesão
que se consolidou provocando limitação funcional no braço do autor. Evidenciada a perda
da chance de cura. A perda de uma chance constitui-se em um prejuízo autônomo, indeni-
zável quando uma conduta ou omissão fizer com que seja aniquilada uma probabilidade
séria e real de se obter um lucro ou de se evitar uma perda. Na perda de uma chance inde-
niza-se a chance perdida e não o prejuízo final, o que justifica a indenização mitigada, em
valor reduzido. Danos morais confirmados em R$10.000,00 (dez mil reais). Pensionamento
definido com base no art. 950 do Código Civil, como deferido em sentença. Lucros cessantes
não evidenciados. APELAÇÕES DESPROVIDAS. (Apelação Cível, Nº
50044694120168210015, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio
de Oliveira Martins, Julgado em: 27-07-2023).

AGRAVO DE INSTRUIMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. FALHA NA PRESTAÇÃO DO


SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÉDICO. ATENDIMENTO POR CONVÊNIO PÚBLICO DE
SAÚDE (IPERGS). ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PROFISSIONAL DA SAÚDE QUE REA-
LIZOU O ATENDIMENTO. TEMA 940 DO STF. SITUAÇÃO DOS AUTOS EM QUE O PRO-
FISSIONAL DA MEDICINA ATUOU NO ATENDIMENTO MÉDICO, POR MEIO DO CON-
VÊNIO PÚBLICO (IPERGS), SENDO DE RIGOR RECONHECER QUE NÃO ESTÁ CARAC-
TERIZADA A SUA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. UMA VEZ QUE SUA ATUA-
ÇÃO É TIDA COMO AÇÃO OU OMISSÃO DE AGENTE PÚBLICO.ENTENDIMENTO SU-
FRAGADO PELO STF. EXEGESE DO ART. 37, § 6º, CF C/C O ART. 485, VI, DO CPC.
PRECEDENTES DO TJRS. RECURSO PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº
50954576120238217000, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em: 13-04-2023)

Nos termos da Constituição Federal, em seu artigo 5º, incisos V e X, os autores têm legítimo
direito à indenização por danos morais decorrentes do ato negligente. A violação do direito à
vida e à integridade física, como alegado no presente caso, constitui clara ofensa a direitos
fundamentais, justificando a reparação.

Além disso, a Lei Civil Brasileira, especificamente nos artigos 186 e 927, consagra a obrigação
de reparar os danos causados a terceiros em decorrência de atos ilícitos. A negligência médica,
que resultou na morte da genitora das autoras, se enquadra nessa categoria de ato ilícito. De-
vendo ser pago a título de danos morais o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reis) para cada
autora. Vejamos:

Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ERRO MÉDICO. NEGLI-


GÊNCIA. DIAGNOSTICO TARDIO. DIVERTICULITE. MORTE. FALHA NA PRESTAÇÃO
DO SERVIÇO. DANO MORAL OCORRENTE. QUANTUM. MAJORAÇÃO. DANO MATE-
RIAL. DESPESAS COM FUNERAL. MANUTENÇÃO. - Caso em que o filho da autora
buscou atendimento médico de emergência e veio a óbito dias depois em função
da evolução de uma diverticulite não diagnosticada ou tardiamente identificada.
Prova pericial que identificou a ausência de exames e procedimentos preliminares.
Condição do paciente que pode ser um dificultador, mas que não afasta a falta de
cautela. Necessidade maior de investigação que foi negligenciada ao paciente. -
No arbitramento da compensação por abalo moral, cumpre atentar-se às condi-
ções das partes, o bem jurídico lesado e aos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade. Necessidade de o valor refletir justa indenização, sem representar
penalidade excessiva. Valor fixado em sentença majorado para R$ 80.000,00 (oi-
tenta mil reais). Considerado o tempo de incidência dos juros de mora. - Danos
materiais. Despesas com funeral que foram devidamente comprovadas mediante
recibos e boletos das empresas prestadoras dos serviços. Desnecessidade, no caso
concreto, de apresentação de outros orçamentos. DERAM PROVIMENTO À APELA-
ÇÃO DA AUTORA E DESPROVERAM O RECURSO DO RÉU. UNÂNIME.(Apelação Cí-
vel, Nº 50045287820158210010, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em: 23-02-2023).

A concessão de pensão alimentícia encontra respaldo no artigo 948, inciso II, do Código Civil,
que estabelece que a pensão é devida em situações de morte da vítima em virtude de ato ilícito.
No contexto específico deste caso, as autoras afirmaram que eram dependentes financeiramente
de sua genitora, cuja renda mensal perfazia o montante de 6 salários mínimos, comprovados
através de documentação anexa. Além disso, é necessário que os pagamentos de pensão retro-
ajam à data do falecimento e prossigam até que a genitora completasse 77 anos, considerada a
última idade estimada como expectativa de vida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), devendo ser pago 2/3 dos salários mínimos recebidos pela genitora, o que equi-
vale a 1/3 para cada filha, a título de pensão alimentícia. Considerando que a genitora das
autoras possuía, à época dos eventos em questão, a idade de 52 anos, conforme documentação
corroborada nos autos, e levando em consideração a estimativa média de expectativa de vida
do cidadão brasileiro, que atualmente se situa em 77 anos, exige-se o pagamento correspon-
dente à 600,000,00 (seiscentos mil reais) para cada uma das autoras.

Vejamos alguns casos recentes que foram julgados pelo respeitável Tribunal de Justiça do Es-
tado do Rio Grande do Sul:

Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR DE EMERGÊNCIA. ÓBITO DO PACIENTE.
PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO E CERCEAMENTO
DE DEFESA AFASTADAS. FUNDAÇÃO DE SAÚDE PÚBLICA DE NOVO HAMBURGO.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO MUNICÍPIO E DO
HOSPITAL PELA CONDUTA DO MÉDICO INTEGRANTE DO CORPO CLÍNICO. DE-
VER DE INDENIZAR CONFIGURADO.QUANTUM INDENIZATÓRIO MAJO-
RADO. PENSIONAMENTO MENSAL E HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS MANTI-
DOS. 1.As inconformidades recursais versam, pelas demandadas, no que se refere às pre-
liminares de ilegitimidade passiva do Município de Novo Hamburgo e cerceamento de de-
fesa e, no mérito, à alegada inexistência de nexo causal entre o atendimento médico reali-
zado e o resultado danoso - óbito do paciente -, minoração do valor indenizatório e dos
honorários sucumbenciais. Pela autora, sobreveio inconformidades relativas ao valor da
indenização fixada a título de danos morais e do percentual fixado para pensiona-
mento mensal. 2.É cabível o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à Fundação
de Saúde Pública de Novo Hamburgo, diante da comprovação das dificuldades financeiras
pelas quais passa, com efeitos ex-nunc, eis que não sobreveio julgamento pelo juízo singu-
lar, não se tratando de inconformidade recursal, mas de mera postulação. 3.É de se desa-
colher a preliminar de ilegitimidade passiva do Município de Novo Hamburgo eis que o
referido ente público, na qualidade de fiscalizador e gestor do Sistema Único de Saúde -
SUS - possui responsabilidade solidária pelos danos decorrentes da prestadora de serviços
públicos. O fato de a demandada Fundação de Saúde Pública ser uma fundação de direito
privado não afasta a responsabilidade do Município, eis que aquela está vinculada à Se-
cretaria Municipal de Saúde e não possui fins lucrativos, prestando exclusivamente serviços
no âmbito do SUS. 4.Resta desnecessária a produção de prova pericial indireta, no caso em
apreciação, eis que as provas documental e testemunhal produzidas são suficientes para
análise das controvérsias suscitadas, além de não ter sido reiterada quando do encerra-
mento da instrução, em audiência, bem como em memoriais, não havendo de se falar em
cerceamento de defesa. 5. A responsabilidade civil do ente público, de regra, é objetiva,
nos termos do parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal, cumprindo verificar se
estão presentes os pressupostos do dever de indenizar, consubstanciados na comprovação
do evento danoso e o nexo causal entre aquele e a conduta do agente estatal, independen-
temente da aferição da culpa. 6.Na hipótese de os danos alegados decorreram de falhas no
atendimento médico hospitalar prestado pelo SUS, para que o Município e hospital sejam
necessário por erro médico - caso dos atos - é necessário que reste demonstrada a conduta
negligente, imprudente ou imperita do corpo clínico que atendeu o paciente, tratando-se de
responsabilidade subjetiva. 7.Caso dos autos em resta demonstrado nos autos a falha na
prestação do serviço médico à vítima, eis que procederam à liberação do paciente de forma
prematura, o qual apresentava quadro de mal estar cardíaco, que o levou ao óbito menos
de 12 horas após a liberação. Nexo de causalidade comprovado. 8.Eventual possibilidade
de a narrativa do paciente sustentando situações de estresse ter influenciado no procedi-
mento médico não tem a faculdade de excluir a responsabilidade dos demandados, que, por
certo, não se pode imputar à vítima o dever de prescrever o próprio diagnóstico, eis que tal
cabe ao profissional de saúde. Inadimissível a justificativa para se eximir da responsabili-
dade a alegação de que os familiares não observaram a determinação de repouso ou de que
não quiseram permanecer nas dependências do hospital, a fim de procurar o médico cardi-
ologista particular, pois que o paciente, de regra, deve aguardar a liberação, o que se efe-
tivou no caso em apreciação, não havendo de se falar em culpa exclusiva da vítima. 9.É de
ser majorado o quantum indenizatório por danos morais para R$ 50.000,00, a fim de igua-
lar ao valor concedido aos demais irmãos na ação anteriormente ajuizada -
019/1.12.0019084-7 - por inexistentes fundamentos plausíveis para diferenciar o trata-
mento concedido à autora, pois que se trata de filha da vítima, com relação parental pró-
xima demonstrada nos autos. 10.O percentual cabível à parte autora por pensão mensal
deve observar as diretrizes estipulados no art. 948, II, do Código Civil no sentido de ser
cabível a prestação de alimentos às pessoas a quem a vítima os devia que, no caso dos
autos, além da própria vítima, deve ser prestada aos três filhos, resultando na proporção
de 1/4 para a parte autora desta ação. 11.É de ser mantido o percentual de honorários
fixados a título de honorários sucumbenciais, eis que está de acordo com o disposto no art.
85, § 2º do CPC, restando observados os critérios dispostos nos incisos I a IV, no que se
refere ao grau de zelo da atuação do profissional da parte autora, lugar de prestação do
serviço, natureza e prestação da causa e o tempo de tramitação. DESACOLHERAM AS
PRELIMINARES RECURSAIS E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AOS RECUR-
SOS DE APELAÇÃO DAS DEMANDADAS E DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RE-
CURSO DA PARTE AUTORA.(Apelação Cível, Nº 50043281020168210019, Sexta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eliziana da Silveira Perez, Julgado em: 31-03-
2022.

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. DEMORA NO ATENDI-


MENTO CONSISTENTE NO FORNECIMENTO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE E TRANS-
FERÊNCIA PARA HOSPITAL COM LEITO EM UTI. MORTE DO FILHO DOS AUTORES
(CRIANÇA DE TENRA IDADE - 02 MESES). OMISSÃO DO ESTADO. RESPONSABILI-
DADE SUBJETIVA. PENSIONAMENTO DEVIDO POR FORÇA DA MORTE DO FILHO ME-
NOR. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO. I -
AGRAVO RETIDO. REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. ART. 130
DO CPC. MANUTENÇÃO DO INDEFERIMENTO. II - MÉRITO. Caso dos autos em que
a parte autora postula ressarcimento pelos danos experimentados em decorrência
do óbito de seu filho Kallvin Gabriel da Silva de Oliveira, devido a injustificada de-
mora do requerido Hospital de Alvorada, representado pela Fundação Universitá-
ria de Cardologia, em realizara transferência da criança para um hospital com UTI
infantil, além de omissão e desídia no atendimento feito pelos demais requeridos.
III - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. Trata-se de responsabilidade subjetiva
do Estado, considerando-se a suposta omissão da Administração Pública, sendo
necessária a prova da culpa (negligência, imprudência ou imperícia). Na hipótese
a omissão (fornecimento de serviço de transferência e internação em hospital com
leito em UTI) influiu diretamente no resultado morte, pois caso houvessem mais
vagas - decorrentes de investimentos públicos - a criança teria sido tempestiva-
mente transferida e teria reais chances de sobrevivência. Também houve-se com
culpa ao não fornecer um serviço de transferência do paciente, no caso sob respon-
sabilidade do SAMU, também administrado pelo Estado do Rio Grande do Sul. Nexo
de causalidade com o evento danoso demonstrado. É dever do Estado fornecer ao
cidadão necessitado os meios para resguardo da sua saúde e vida. Incidência dos
artigos 6º, 23, II, 30, VII e 196 da Constituição Federal c/c o art. 241 da Constituição
Estadual. Não há falar em culpa exclusiva de terceiros, pois competia ao próprio
Estado o credenciamento e a fiscalização dos estabelecimentos destinatários das
verbas do SUS. Provas carreadas aos autos que demonstram cabalmente os danos
suportados pelos autores. IV - DANOS MORAIS. QUANTUM. MANUTENÇÃO. Na fi-
xação da reparação por dano, incumbe ao julgador, atentando, sobretudo, para as
condições do ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado, e aos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, arbitrar quantum que se preste à suficiente re-
composição dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da
vítima. A análise de tais critérios, aliada às demais particularidades do caso con-
creto, bem como aos parâmetros utilizados por esta Câmara, em situações análo-
gas, conduz à manutenção do montante indenizatório no quantum de R$
30.000,00 (trinta mil reais) para cada um dos autores, corrigidos monetariamente
nos termos da douta sentença. V - PENSIONAMENTO MENSAL. DEVIDO. É devido o
pensionamento aos pais, pela morte de filho menor, mesmo que este, ao tempo do
evento, ainda não contribuía para o sustento da família. Precedentes do STJ.
Súmula 491 do STF. Manutenção do pensionamento fixado na sentença no valor
de 1/4 do salário mínimo nacional, a contar da data em que a vítima Kallvin Gabriel
da Silva de Oliveira completaria 14 anos de idade, quando hipoteticamente inicia-
ria atividade laborativa até os 25 anos de idade. VI - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Manutenção da verba honorária arbitrada. Arbitramento dos honorários advoca-
tícios segundo dispõe o art. 20, § 3º do CPC. Remuneração compatível com a com-
plexidade da causa e trabalho desenvolvido pelo advogado. AGRAVO RETIDO DES-
PROVIDO. APELAÇÃO CÍVEL DESPROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70062433008, Dé-
cima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins,
Julgado em: 27-08-2015).

DO BENEFICIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA


A demandante, Janaina, assume exclusiva responsabilidade pela sua irmã mais nova, Carolina.
Na época dos eventos em questão, ambas as autoras eram menores de idade e dependentes
financeiramente da mãe. No presente, Janaina enfrenta desafios significativos ao buscar opor-
tunidades no mercado de trabalho e sustentar sua irmã, atualmente ocupando um cargo como
empregada doméstica em domicílios particulares, com uma remuneração correspondente a um
salário mínimo.

Em decorrência disso, a autora alega que não dispõe de recursos para custear as despesas do
processo e os honorários advocatícios, sem prejudicar sua própria subsistência ou a de seus
familiares, conforme estabelecido no artigo 98 do Código de Processo Civil, conforme atestado
de hipossuficiência anexo.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA


C/C INDENIZATÓRIA. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA FÍSICA. NECESSIDADE
COMPROVADA. DEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. 1. O art. 5º, LXXIV, da Constituição
Federal estabelece que a assistência judiciária é um direito fundamental e que serão be-
neficiados aqueles que comprovem a insuficiência de recursos. A lei processual civil, por
seu turno, não exige um estado de penúria ou de miséria absoluta para ser deferido o bene-
fício da justiça gratuita, conforme disciplina do artigo 98 do Código de Processo Civil. 2.
Caso em que a parte autora/agravante faz jus ao benefício da gratuidade da justiça, pois
aufere renda mensal inferior a cinco salários mínimos, critério adotado para deferimento
da benesse, de acordo com o Enunciado nº 02 da Coordenadoria Cível da AJURIS de
Porto Alegre e a Conclusão nº 49 do Centro de Estudos do TJRS. Gratuidade da jus-
tiça deferida. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº
52977952420238217000, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Thais
Coutinho de Oliveira, Julgado em: 28-09-2023).
DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

I) a concessão do benefício da gratuidade da justiça, nos termos do art. 98 do CPC;

II) a citação da parte ré para, querendo, responder a presente demanda;

III) a fixação de pensão no valor de dois salários mínimos mensais a ser pago pelo réu em
favor de cada filha/autora.

IV) que os pensionamentos retroajam a data da morte e se estendam até quando a vítima com-
pletasse 77 anos, idade ultima como expectativa de vida indicada pelo IBGE;

V) a condenação do Município a indenizar pelos danos morais sofridos pelas autoras com o
pagamento de 600,000,00 (seiscentos mil reais) equivalente aos 25 anos de vida que a vítima
teria entre sua idade na época dos fatos até atingir a idade de 77 anos, acrescido de R$ 80.000,00
(oitenta mil reais) a título de danos morais, para cada uma das autoras.

VI – seja a parte ré condenada em honorários advocatícios sucumbenciais com observância do


que determina o artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil;

VII – protesta-se pela produção de todos os meios probantes em direito admitidos, dentre eles,
a prova documental, testemunhal, oitiva do representante legal da Ré, sob pena de confissão se
não comparecer, ou comparecendo, se negar a depor.

Dá à causa o valor de R$ 1.360.000,00 (um milhão, trezentos e sessenta mil reais),


equivalente ao pensionamento e aos danos morais.

Termos em que pede deferimento.

Santa Rita do Sul, 23 de outubro de 2023.

Pâmela Martins
OAB/RS 02.33521

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