Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO - O presente trabalho teve por objetivo elaborar um modelo para implementação de técnicas
estatísticas voltadas ao controle de qualidade, que pudesse ser utilizado pelos diversos profissionais
envolvidos com o controle de qualidade e de processos na indústria química e petroquímica, incluindo
alguns aspectos de implementação do gerenciamento da qualidade total (GQT). A proposta deste
trabalho foi apresentar as ferramentas estatísticas utilizadas no Controle Estatístico de Processo (CEP)
de forma que mesmo profissionais com pouca vivência com as técnicas estatísticas pudessem entender
e aplicar tais técnicas de maneira correta, sem que para isso fosse necessário abdicar do devido rigor
científico que a estatística necessita. Todos os exemplos de aplicação de técnicas estatísticas de
controle de qualidade e de processos são voltados para a área química e petroquímica, o que facilita a
compreensão e a utilização dessas técnicas nas situações que o dia-a-dia de uma indústria química e
petroquímica apresenta aos seus responsáveis.
1.INTRODUÇÃO
O Controle Estatístico de Processo I. Histograma
(CEP) vem sendo implantado em um II. Check-sheet
número cada vez maior de indústrias no III. Diagrama de Pareto
Brasil, seja por imposição de algum cliente, IV. Diagrama de Causa e Efeito
seja por iniciativa da própria empresa, V. Diagrama de Concentração de
visando a obtenção de ganhos de Defeitos
produtividade e qualidade de seus produtos, VI. Diagrama de Dispersão
num cenário de mercado aberto á VII. Carta de Controle
concorrência externa, em virtude da Embora essas ferramentas,
crescente globalização. O CEP mais que um freqüentemente denominadas de “as sete
controle total da qualidade, estimula magníficas”, sejam uma parte muito
mudanças culturais da empresa, que passa a importante do CEP, elas compreendem
ter enfoque principal na qualidade, atenção à apenas os seus aspectos técnicos. O CEP
variabilidade e trabalho em equipe. Assim, envolve a formação de um ambiente em que
segundo Bartmann (1986), o CEP surge ele seja realmente o desejo de todos os
como uma ferramenta indispensável para a indivíduos em uma organização para
consolidação da empresa no cenário melhoria contínua em qualidade e
mundial. A empresa passa a almejar não produtividade. Este ambiente é se
somente a obtenção de produtos dentro da desenvolve melhor quando os
especificação exigida pelos clientes, mas administradores ou gerentes também estão
também, a partir de ações corretivas, atingir completamente envolvidos neste processo de
um ponto no qual o seu processo produtivo melhoria da qualidade. Uma vez
forneça produtos com as especificações estabelecido este ambiente, a aplicação das
controladas em torno de um valor central ou sete ferramentas se torna uma parte
médio (Lopes, 1999). integrada do processo produtivo e neste
1.1 - MÉTODOS E FILOSOFIA DO CEP ponto diz-se que a organização está no
Se um produto atende prontamente as caminho certo para atingir os seus objetivos
exigências do consumidor, é bastante de melhoria da qualidade.
razoável supor que ele seja produzido por 1.2 - A NECESSIDADE DAS CARTAS
um processo estável ou repetitivo. Mais DE CONTROLE
precisamente, o processo deve ser capaz de Se a melhoria contínua do processo é
operar numa faixa estreita de variabilidade o foco principal, de que forma este progresso
em torno do alvo ou valor nominal das pode ser medido? A produção de 100% de
características de qualidade do produto. material dentro da especificação é o
Segundo Rodrigues (1998), o Controle parâmetro máximo para comparação, ou
Estatístico de Processo (CEP) é um poderoso seja, é o benchmarking do CEP. Alcançar
e usual conjunto de ferramentas para solução um estado de controle estatístico para o
de problemas de estabilidade do processo e processo é outro. Nenhum dos dois é
melhoria da capacidade através da redução permanente, mas ambos estão sujeitos a
da variabilidade. modificações e passíveis de serem
O CEP pode ser aplicado a qualquer revertidos.
tipo processo. Segundo Montgomery (1997),
são sete as principais ferramentas utilizadas
pelo CEP:
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.
1.3 - CAUSAS COMUNS E ESPECIAIS uma outra causa especial ocorre, resultando
DE VARIAÇÃO DA QUALIDADE em µ = µ0, mas agora o desvio padrão do
Em um processo produtivo, por mais processo é levado para um valor σ1>σ0. No
cuidado que tenha sido tomado na fase do tempo t3 uma outra causa especial está
projeto e, também, na sua manutenção, uma presente, resultando numa variação conjunta
variabilidade natural ou inerente estará da média e desvio padrão para valores fora
sempre presente. Essa variabilidade natural é de controle. A partir do tempo t1, a presença
efeito cumulativo de causas essencialmente de causas especiais resultou em um processo
inevitáveis, intrínsecas do processo. Na ótica fora de controle.
do controle estatístico de qualidade, essa Geralmente os processo produtivos
variabilidade natural é freqüentemente operam em estado de controle, produzindo
chamada de sistema estável de causas produtos aceitáveis por períodos de tempo
comuns. Um processo que opera somente relativamente longos. Eventualmente,
com a ocorrência de causas comuns de entretanto, causas especiais podem ocorrer,
variação é dito estar sob controle estatístico. aparentemente de forma randômica,
Outros tipos de variabilidades podem resultando em uma passagem par o estado
ocasionalmente vir a ocorrer no processo. fora de controle, no qual uma grande
Segundo Montgomery (1997), essa proporção das características de qualidade
variabilidade em características críticas da não satisfaz às exigências de especificação.
qualidade pode ser oriunda de três fontes Por exemplo, ainda de acordo com a figura,
potenciais: máquinas inadequadamente quando o processo está sob controle, a maior
ajustadas, erros de procedimentos parte da produção terá suas características de
operacionais ou problemas com matérias- qualidade entre os limites inferior e superior
primas. Tal variabilidade é freqüentemente de especificação (LIE e LSE,
pronunciada quando comparada com a respectivamente). Quando o processo está
variabilidade natural do processo, e fora de controle, uma maior proporção de
geralmente representa um nível de tais características cairá fora desses limites.
desempenho inaceitável do processo. Essas
fontes de variabilidade que não são parte de
desvios de causas comuns são denominadas µ2 < µ0
de causas especiais. Um processo que opera
na presença de causas especiais é dito estar σ1 > σ0
t3
fora de controle.
A regra histórica é que 15% das t2
t1
variações do sistema resultam de causas
especiais e 85% resultam de causas comuns. µ1 > µ0
N úm e r o d a A m o str a o u T e m p o
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.
efetiva quanto uma busca completa de uma segunda decisão para cartas de atributos é se
causa especial, mas se o processo estiver está sendo computado o número de unidades
realmente fora de controle, com certeza a fora de especificação em uma amostra ou o
probabilidade de detecção desta situação número total de não conformidades em uma
seria bem mais rápida do que se fosse amostra. A terceira decisão é se o tamanho
mantida a freqüência original da da amostra irá permanecer constante ou
amostragem. variar de amostra para amostra.
A utilização simultânea de várias regras de Se os dados coletados são medidos,
decisão exige atenção especial. Suponha que então uma das cartas de controle de variáveis
sejam utilizadas k regras de decisão, cujo deve ser selecionada. A segunda decisão
critério i tenha uma probabilidade αi de para cartas de variáveis para dados medidos
ocorrência de erro tipo I. Então, a depende do tamanho de amostra adequado
probabilidade de erro tipo I ou alarme falso para a situação. A cartas de controle mais
para a decisão baseada em todos os k testes, comumente utilizadas para esses tipos de
considerando que todas as k regras de dados são do tipo X-barra e R (média e
decisão são independentes é: amplitude) ou X-barra e s. Se habilidades
matemáticas da equipe responsável são
limitadas, então cartas de controle X-barra e
k R são a melhor opção, uma vez que é mais
α=1− ∏ (1−αi) (4) fácil encontrar um número médio em uma
i =1 pequena amostra do que calcular a média par
tal amostra. Entretanto, se a equipe
responsável dispõe de calculadoras
estatísticas ou algum software estatístico,
Sinais de Ação Padrão ? 1. Um ou mais pontos fora dos limites de controle. cartas do tipo X-barra e s são mais
2. Dois dentre três pontos consecutivos fora do limite de eficientes. A escolha mais usual, entretanto,
alerta de 2 sigma.
3. Quatro dentre cinco pontos consecutivos além do são as cartas do tipo X-barra e R, que
limite de 1 sigma.
4. Uma corrida de oito pontos consecutivos de um
correspondem ao padrão nas indústrias,
mesmo lado da linha central. sendo mais facilmente entendidas.
5. Seis pontos em uma seqüência, aumentando ou
diminuindo. Existem outras cartas de controle
6. Quinze pontos em seqüência na zona C, ambos para dados medidos aplicadas para situações
abaixo e acima da linha central.
7. Catorze pontos em seqüência alternadamente especiais. Pequenas corridas com dados
aumentando e diminuindo.
8. Oito pontos em seqüência e, ambos os lados da linha
limitados ou corridas curtas com tempo
central, fora da zona C. limitado utilizam variações das cartas do
9. Um desvio incomum nos dados.
10. Um ou mais pontos próximo ao limite de controle de
tipo X-barra e R, denominadas cartas de uso
alerta (2 sigma) especial.
Figura 5: Regras de sensibilidade para As cartas de pré-controle são
cartas de controle utilizadas antes das cartas X-barra e R para
determinar se essas são realmente
1.8 - SELEÇÃO DE CARTAS DE necessárias e, também, após o uso dessas,
CONTROLE para verificar se o processo encontra-se sob
A primeira decisão na escolha do tipo controle.
de carta de controle é determinar o tipo de 1.9 - IMPLEMENTANDO O CEP
dados que são coletados. Se os dados Os métodos de controle estatístico de
consistem de contadores, então uma das processo podem prover um retorno
cartas de atributos deve ser selecionada. A significativo para as empresas, quando bem
implementado. Apesar do CEP demonstrar
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.
ser uma coleção de ferramentas para solução somente o julgamento. As cartas de controle
de problemas com base estatística, o êxito de são uma parte importante dessa mudança
sua utilização exige mais do que o cultural de gerenciamento.
conhecimento e uso dessas ferramentas. O Na implementação de um amplo
envolvimento e comprometimento da programa de controle estatístico de processo,
gerência com o processo de melhoria da alguns elementos devem estar usualmente
qualidade é um componente vital do sucesso presentes em todos os esforços de relatado
potencial do CEP. A gerência serve como sucesso. Esses elementos, segundo Smith
modelo, pois assim as outras pessoas da (1998) são os listados a seguir:
organização a terão como guia e exemplo. A
Elementos se um programa eficiente de CEP
aproximação da equipe é também
importante, pois é usualmente difícil para I. Liderança do gerenciamento.
uma pessoa sozinha introduzir melhorias no II. Aproximação da equipe.
III. Educação em todos os níveis.
processo. Algumas das sete magníficas IV. Ênfase na melhoria contínua.
ferramentas já descritas são bastante úteis V. Avaliação dos resultados e divulgação destes
para a equipe de implementação e melhoria, através de todos os setores da empresa.
incluindo diagramas de causa e efeito,
diagramas de Pareto, e diagramas de A liderança do gerenciamento e a
concentração de defeitos. As ferramentas aproximação da equipe não devem ser
básicas para soluções de problemas demasiadamente enfatizadas. A melhoria da
utilizadas no CEP devem ser amplamente qualidade é uma atividade dirigida de
conhecidas, divulgadas e utilizadas pela gerenciamento “topo-fundo”, ou seja, deve
organização. O treinamento contínuo em atingir todos os níveis da empresa. Torna-se
CEP e melhoria da qualidade torna-se importante também medir o progresso e o
necessário para que todos os envolvidos sucesso e divulgar os resultados obtidos em
atinjam um grau de conhecimento toda a organização. A divulgação dos
satisfatório das ferramentas. resultados obtidos na melhoria da qualidade
O objetivo de um programa de serve como motivação e incentivo para
melhoria da qualidade baseado em controle melhoria de outros processos e torna essa
estatístico de processo é a melhoria contínua melhoria contínua algo bastante normal na
em base semanal, quinzenal e anual. O CEP estrutura da empresa e dos negócios.
não deve ser considerado um programa 2 - MODELO PARA
temporal para ser aplicado somente quando IMPLEMENTAÇÃO DO CEP NA
existam problemas nos negócios e INDÚSTRIA QUÍMICA /
abandonado em seguida. A melhoria da PETROQUÍMICA
qualidade deve ser parte integrante da A implementação do CEP na
cultura da organização. indústria química / petroquímica de processo
A carta de controle é uma ferramenta contínuo pode ser dividida em 2 fases:
importante para a melhoria do processo. Os 1) Análise Preliminar do Processo
processo não operam naturalmente em um 2) Acompanhamento e Controle
estado sob controle, e o uso das cartas de Estatístico do Processo
controle é um importante passo inicial a ser 2.1 - ANÁLISE PRELIMINAR DO
tomado para eliminar causas especiais, PROCESSO
reduzir a variabilidade do processo, e A análise preliminar é muito
estabilizar o desempenho do mesmo. A importante, pois a partir do levantamento
melhoria da qualidade e produtividade exige dos dados históricos do processo, podem-se
o gerenciamento de fatos e dados e não identificar causas potenciais de variabilidade
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.
20
80
software estatístico Minitab, para as
15
especificações críticas identificadas na
Percent
60
Count
cp/cpK
3
2,5
N º PER MANGAN ATO
M ês cpK Id e a l cp 2
Jan02 1 0 ,4 8 1 ,3 3 -
Fev02 2 ,1 0 1 ,3 3 - 1,5
M a r0 2 4 ,1 0 1 ,3 3 -
A b r0 2 1 ,2 6 1 ,3 3 - 1
M a i0 2 2 ,4 1 1 ,3 3 -
Jun02 6 ,7 6 1 ,3 3 - 0,5
J u l0 2 3 ,2 1 1 ,3 3 -
Ago02 6 0 ,6 6 1 ,3 3 - 0
S e t0 2 1 ,8 1 1 ,3 3 - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
O u t0 2 4 ,6 0 1 ,3 3 -
cpK cp MÍN Mes
N ov02 2 ,9 2 1 ,3 3 -
D ez02 8 ,0 0 1 ,3 3 -
Figura 9: Evolução da Capacidade 2002–
Tabela 1: Índices de capacidade – 2002 - Extinção 290 nm
NP 2.2.2 - LEVANTAMENTO DE CARTAS
E x t. 2 9 0 n m DE CONTROLE
M ês cpK M ÍN cp A partir dos dados de especificação
Jan 0 2 1 ,9 6 1 ,3 3 2 ,9 2 do produto, utilizando-se um software
Fev0 2 1 ,6 3 1 ,3 3 2 ,3 5
M a r0 2 1 ,5 7 1 ,3 3 2 ,4 8 estatístico adequado (como por exemplo, o
A b r0 2 1 ,2 7 1 ,3 3 1 ,2 7 Minitab, Statística ou outro similar), são
M a i0 2 1 ,1 1 1 ,3 3 1 ,5 1
Jun 0 2 1 ,4 3 1 ,3 3 2 ,4 8 levantadas as cartas de controle da média e
J u l0 2 1 ,3 5 1 ,3 3 2 ,3 7 da amplitude para cada especificação,
Ag o0 2 0 ,7 8 1 ,3 3 1 ,2 3
S e t0 2 0 ,9 3 1 ,3 3 1 ,1 7 identificando-se nas mesmas as ocorrências
O u t0 2 1 ,5 0 1 ,3 3 2 ,9 0 de causas especiais, isto é, variabilidades
Nov0 2 1 ,5 1 1 ,3 3 2 ,5 3
Dez0 2 0 ,9 9 1 ,3 3 1 ,8 4 anormais dos dados, provenientes de
problemas durante o processamento do
Tabela 2: Índices de capacidade – 2002 – produto. A carta de controle padrão de
Ext. 290 nm Shewhart a seguir (Figura 10) foi obtida a
partir de dados de especificação da
propriedade Extinção a 290 nm, da
cpK
0,013 6
0,012
0,011 X=0,01121
10,00 0,010
0,009
0,00 0,008 5 -3,0SL=0,008092
0,007 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Subgroup 0 10 20 30
cpK Ideal Mes
0,010 3,0SL=0,009755
Sample Range
0,000 -3,0SL=0,00E+00