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XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

Proposta De Modelo Simplificado Para Implementação Do Controle


Estatístico De Processo (Cep) Na Indústria Química / Petroquímica De
Processo Contínuo.

Herbert Pereira de Oliveira (UFBA / ÁREA 1) herbert@ufba.br


Maria de Fátima dos Santos Lopes (UFBA) mfsl@ufba.br
Anselmo Alves Bandeira (ÁREA 1) anselmo@area1.br

RESUMO - O presente trabalho teve por objetivo elaborar um modelo para implementação de técnicas
estatísticas voltadas ao controle de qualidade, que pudesse ser utilizado pelos diversos profissionais
envolvidos com o controle de qualidade e de processos na indústria química e petroquímica, incluindo
alguns aspectos de implementação do gerenciamento da qualidade total (GQT). A proposta deste
trabalho foi apresentar as ferramentas estatísticas utilizadas no Controle Estatístico de Processo (CEP)
de forma que mesmo profissionais com pouca vivência com as técnicas estatísticas pudessem entender
e aplicar tais técnicas de maneira correta, sem que para isso fosse necessário abdicar do devido rigor
científico que a estatística necessita. Todos os exemplos de aplicação de técnicas estatísticas de
controle de qualidade e de processos são voltados para a área química e petroquímica, o que facilita a
compreensão e a utilização dessas técnicas nas situações que o dia-a-dia de uma indústria química e
petroquímica apresenta aos seus responsáveis.

Palavras-chave: Controle De Qualidade E De Processos, Técnicas Estatísticas, Controle Estatístico De


Processo (CEP) E Indústria Química E Petroquímica.
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

1.INTRODUÇÃO
O Controle Estatístico de Processo I. Histograma
(CEP) vem sendo implantado em um II. Check-sheet
número cada vez maior de indústrias no III. Diagrama de Pareto
Brasil, seja por imposição de algum cliente, IV. Diagrama de Causa e Efeito
seja por iniciativa da própria empresa, V. Diagrama de Concentração de
visando a obtenção de ganhos de Defeitos
produtividade e qualidade de seus produtos, VI. Diagrama de Dispersão
num cenário de mercado aberto á VII. Carta de Controle
concorrência externa, em virtude da Embora essas ferramentas,
crescente globalização. O CEP mais que um freqüentemente denominadas de “as sete
controle total da qualidade, estimula magníficas”, sejam uma parte muito
mudanças culturais da empresa, que passa a importante do CEP, elas compreendem
ter enfoque principal na qualidade, atenção à apenas os seus aspectos técnicos. O CEP
variabilidade e trabalho em equipe. Assim, envolve a formação de um ambiente em que
segundo Bartmann (1986), o CEP surge ele seja realmente o desejo de todos os
como uma ferramenta indispensável para a indivíduos em uma organização para
consolidação da empresa no cenário melhoria contínua em qualidade e
mundial. A empresa passa a almejar não produtividade. Este ambiente é se
somente a obtenção de produtos dentro da desenvolve melhor quando os
especificação exigida pelos clientes, mas administradores ou gerentes também estão
também, a partir de ações corretivas, atingir completamente envolvidos neste processo de
um ponto no qual o seu processo produtivo melhoria da qualidade. Uma vez
forneça produtos com as especificações estabelecido este ambiente, a aplicação das
controladas em torno de um valor central ou sete ferramentas se torna uma parte
médio (Lopes, 1999). integrada do processo produtivo e neste
1.1 - MÉTODOS E FILOSOFIA DO CEP ponto diz-se que a organização está no
Se um produto atende prontamente as caminho certo para atingir os seus objetivos
exigências do consumidor, é bastante de melhoria da qualidade.
razoável supor que ele seja produzido por 1.2 - A NECESSIDADE DAS CARTAS
um processo estável ou repetitivo. Mais DE CONTROLE
precisamente, o processo deve ser capaz de Se a melhoria contínua do processo é
operar numa faixa estreita de variabilidade o foco principal, de que forma este progresso
em torno do alvo ou valor nominal das pode ser medido? A produção de 100% de
características de qualidade do produto. material dentro da especificação é o
Segundo Rodrigues (1998), o Controle parâmetro máximo para comparação, ou
Estatístico de Processo (CEP) é um poderoso seja, é o benchmarking do CEP. Alcançar
e usual conjunto de ferramentas para solução um estado de controle estatístico para o
de problemas de estabilidade do processo e processo é outro. Nenhum dos dois é
melhoria da capacidade através da redução permanente, mas ambos estão sujeitos a
da variabilidade. modificações e passíveis de serem
O CEP pode ser aplicado a qualquer revertidos.
tipo processo. Segundo Montgomery (1997),
são sete as principais ferramentas utilizadas
pelo CEP:
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1.3 - CAUSAS COMUNS E ESPECIAIS uma outra causa especial ocorre, resultando
DE VARIAÇÃO DA QUALIDADE em µ = µ0, mas agora o desvio padrão do
Em um processo produtivo, por mais processo é levado para um valor σ1>σ0. No
cuidado que tenha sido tomado na fase do tempo t3 uma outra causa especial está
projeto e, também, na sua manutenção, uma presente, resultando numa variação conjunta
variabilidade natural ou inerente estará da média e desvio padrão para valores fora
sempre presente. Essa variabilidade natural é de controle. A partir do tempo t1, a presença
efeito cumulativo de causas essencialmente de causas especiais resultou em um processo
inevitáveis, intrínsecas do processo. Na ótica fora de controle.
do controle estatístico de qualidade, essa Geralmente os processo produtivos
variabilidade natural é freqüentemente operam em estado de controle, produzindo
chamada de sistema estável de causas produtos aceitáveis por períodos de tempo
comuns. Um processo que opera somente relativamente longos. Eventualmente,
com a ocorrência de causas comuns de entretanto, causas especiais podem ocorrer,
variação é dito estar sob controle estatístico. aparentemente de forma randômica,
Outros tipos de variabilidades podem resultando em uma passagem par o estado
ocasionalmente vir a ocorrer no processo. fora de controle, no qual uma grande
Segundo Montgomery (1997), essa proporção das características de qualidade
variabilidade em características críticas da não satisfaz às exigências de especificação.
qualidade pode ser oriunda de três fontes Por exemplo, ainda de acordo com a figura,
potenciais: máquinas inadequadamente quando o processo está sob controle, a maior
ajustadas, erros de procedimentos parte da produção terá suas características de
operacionais ou problemas com matérias- qualidade entre os limites inferior e superior
primas. Tal variabilidade é freqüentemente de especificação (LIE e LSE,
pronunciada quando comparada com a respectivamente). Quando o processo está
variabilidade natural do processo, e fora de controle, uma maior proporção de
geralmente representa um nível de tais características cairá fora desses limites.
desempenho inaceitável do processo. Essas
fontes de variabilidade que não são parte de
desvios de causas comuns são denominadas µ2 < µ0
de causas especiais. Um processo que opera
na presença de causas especiais é dito estar σ1 > σ0
t3
fora de controle.
A regra histórica é que 15% das t2
t1
variações do sistema resultam de causas
especiais e 85% resultam de causas comuns. µ1 > µ0

Essas causas especiais e comuns de


variação são ilustradas na figura abaixo.
Antes do tempo t1 o processo mostrado na LIE µ0 LSE
figura está sob controle; ou seja, somente Figura 1: Causas comuns e especiais de variação
causas comuns de variação estão presentes.
Como resultado, a média e desvio padrão do Um dos objetivos principais do controle
processo têm seus valores controlados. No estatístico de processo é justamente detectar
tempo t1 uma causa especial ocorre. a ocorrência de causas especiais no processo
Conforme mostrado na figura, o efeito desta para que a investigação e ações corretivas
causa especial é levar a média do processo possam ser tomadas antes que uma
para um novo valor µ1 > µ0. No tempo t2
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quantidade maior de produto não conforme Figura 2: Carta de Controle Típica


seja produzido. A carta de controle é uma Um modelo geral para uma carta de
técnica on-line de controle do processo controle considera uma amostra estatística w
largamente usada para esse propósito. Cartas que mede alguma característica de qualidade
de controle também podem ser usadas para de interesse, com uma média µw e desvio
estimar os parâmetros de um processo padrão σw. Então, nesse caso, a linha central,
produtivo, e, a partir dessa informação, o limite superior de controle e o limite
determinar a capacidade do processo. inferior de controle assumem a forma:
Finalmente, devemos lembrar que o eventual
objetivo do controle estatístico de processo é LSC = µw + L. σw (1)
a eliminação da variabilidade do processo.
Pode não ser possível eliminar Linha Central = µw (2)
completamente a variabilidade do processo, LSC = µw - L. σw (3)
mas a carta de controle é uma ferramenta
efetiva para reduzir variabilidade ao seu
nível mínimo. Onde L é a “distância” dos limites de
1.4 - BASE ESTATÍSTICA DAS controle à linha central, expressa em
CARTAS DE CONTROLE unidades de desvio padrão. Essa teoria geral
Uma carta de controle típica é de cartas de controle foi inicialmente
mostrada na figura 2, que é um levantamento proposta pelo Dr. Walter S. Shewhart, e as
gráfico de uma característica de qualidade cartas de controle desenvolvidas de acordo
medida ou computada de uma amostra com esses princípios são freqüentemente
versus o número da amostra ou tempo. A chamadas de Cartas de Controle de
carta contém uma linha central que Shewhart (Montgomery, 1997).
representa o valor médio da característica de A carta de controle padrão de
qualidade correspondente ao estado sob Shewhart para dados de variáveis utiliza o
controle (isto é, somente causas comuns limite de controle µ0 ± 3σ. O risco para a
estão presentes). Duas outras linhas empresa com a utilização desse limite é de
horizontais, chamadas de limite superior de apenas 0,27%, que corresponde à
controle (LSC) e limite inferior de controle probabilidade de ocorrência de alarme falso
(LIC), também mostrados na carta. Esses quanto à detecção de causas especiais, ou
limites de controle são tais que, se o seja, o limite de controle da carta padrão de
processo estiver sob controle, Shewhart compreende 99,73% da variação
aproximadamente todos os pontos da em torno da média.
amostra irão cair entre eles. Quanto mais A carta de controle é um dispositivo
distantes dos limites de controle os pontos para a descrição bastante precisa do controle
estiverem, o processo é dito sob controle e estatístico, podendo ser usado de diversas
nenhuma ação é necessária. formas. Em algumas aplicações, é usada
para monitoramento on-line do processo. Ou
seja, dados são coletados e usados para o
L im ite Su p erior d e C o ntr ole
levantamento das cartas de controle e se os
valores se encontram dentro dos limites de
L in ha C e ntra l controle e não demonstram comportamento
de variação sistemático, considera-se que o
L im ite I n ferior d e C o ntr ole mesmo está sob controle no nível indicado
pela carta.

N úm e r o d a A m o str a o u T e m p o
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O uso mais importante da carta de variabilidade são denominadas cartas de


controle é na melhoria do processo. Segundo controle de variáveis. Algumas
Levinson (1990), já está provado que: características de qualidade não podem ser
I. A grande maioria dos processos não medidas numa escala contínua ou numa
opera em estado de controle escala quantitativa. Nesses casos, costuma-
estatístico. se julgar a característica como conforme ou
II. Conseqüentemente, o uso rotineiro e não conforme. Cartas de controle para tais
atento de cartas de controle servirá características são denominadas cartas de
para identificar as causas especiais e controle de atributos.
se essas causas puderem ser Um importante fator no uso das
eliminadas do processo, a cartas de controle é o projeto da carta de
variabilidade será reduzida e o controle, que envolve a seleção do tamanho
processo melhorado. da amostra, limites de controle e freqüência
Essa atividade de melhoria contínua do de amostragem. Na maioria dos problemas
processo, usando cartas de controle, é de controle de qualidade, é bastante comum
mostrada na figura 3. projetar a carta de controle usando
considerações meramente estatísticas.
Entrada
Processo
Saída Recentemente, entretanto, costuma-se
analisar a carta de controle sob o ponto de
vista econômico, considerando
Sistema de Medição explicitamente o custo da amostragem e
Detecção de Causas
custos de investigação de sinais de saída de
Verificação e Especiais controle do processo que funcionam como
Folow-up
“falsos alarmes”.
Implementação das Identificação da Causa As cartas de controle têm tido uma
Ações Corretivas Raiz do problema longa história de uso nas indústrias em todo
o mundo. Montgomery (1997) cita cinco
razões principais para a sua popularidade:
Figura 3: Melhoria do processo I. A sua utilização é uma técnica
usando cartas de controle comprovada para melhoria da
produtividade.
III. A carta de controle irá detectar II. São efetivamente eficientes na
somente causas especiais. Uma ação prevenção de defeitos ou não
conjunta da gerência, da operação e conformidades.
da engenharia será necessária para III. Evitam ajustes desnecessários no
eliminar essas causas especiais. processo.
IV. Fornecem informação diagnóstica.
As cartas de controle podem ser V. Fornece informação sobre a
classificadas em dois tipos gerais. Se a capacidade do processo.
característica de qualidade pode ser medida 1.5 - ESCOLHA DOS LIMITES DE
e expressada como um número numa escala CONTROLE
contínua de medida, ela é geralmente A especificação dos limites de
chamada de variável. Nesse caso, é controle é uma decisão crítica a ser tomada
conveniente descrever a característica de no projeto de uma carta de controle. O
qualidade com uma medida da tendência afastamento dos limites de controle da linha
central e uma medida da variabilidade. central diminui o risco de ocorrência do erro
Cartas de controle para tendência central e tipo I – um ponto fora dos limites de
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controle, mesmo quando causas especiais


estão ausentes. Entretanto, a ampliação dos
LSC
limites de controle aumenta o risco de um
erro tipo II – um ponto dentro dos limites de
controle com o processo estando realmente Linha
Central
fora de controle.
Na maioria das aplicações do
controle estatístico de processo, com a LIC

utilização de cartas de controle, são


utilizados os limites de controle do tipo 3-
sigma, que fornece uma probabilidade de Número da Amostra ou Tempo
ocorrência de erro tipo I da ordem de 0,27%,
ou seja, um sinal equivocado de saída de
controle ou um alarme falso poderá ocorrer Figura 4: Carta de Controle X-barra
somente em 27 pontos a cada 10.000 pontos.
A justificativa típica para o uso dos limites 1.7 - DISCUSSÃO DE REGRAS PARA
de controle 3-sigma são os seus resultados LEVANTAMENTO DE CARTAS DE
práticos. CONTROLE
1.6 - ANÁLISE DE DESVIOS EM Vários critérios podem ser aplicados
CARTAS DE CONTROLE simultaneamente para uma carta de controle
Uma carta de controle pode indicar a fim de determinar condições de saída de
uma condição de saída de controle sempre controle do processo. Critérios
que um ou mais pontos caem fora dos suplementares são muitas vezes utilizados
limites de controle ou quando a seqüência de para aumentar a sensitividade das cartas de
pontos apresenta um comportamento não controle para pequenas variações do
randômico. Por exemplo, considere a carta processo, para que o mesmo possa responder
de controle X-barra mostrada na figura 4. mais rapidamente às causas especiais. As
Embora todos os 25 pontos estejam dentro principais regras de sensibilidade
dos limites de controle, não indicam um comumente utilizadas na prática foram
controle estatístico porque o seu propostas por Nelson (1984), sendo
comportamento é completamente não mostradas na figura 5. Freqüentemente
randômico. Especificamente, pode-se notar avaliam-se as cartas de controle e conclui-se
que 19 dos 25 pontos encontram-se abaixo que o processo está fora de controle se um
da linha central, enquanto somente seis ou mais desses critérios são violados.
pontos encontram-se acima desta. Se a
seqüência de pontos é verdadeiramente Quando várias dessas regras de
randômica, é de se esperar que estejam sensibilidade são aplicadas simultaneamente,
uniformemente distribuídos acima e baixo da geralmente utiliza-se uma resposta graduada
linha central. Pode-se observar também, a par sinais de saída de controle. Por exemplo,
partir do quarto ponto, uma seqüência se um ponto excede um limite de controle,
crescente em magnitude de cinco pontos. deve-se iniciar imediatamente a
Essa disposição de pontos é comumente identificação da fonte potencial dessa causa
chamada de corrida. especial, mas se um ou mais pontos
consecutivos excedem o limite de alerta de 2
sigma, o procedimento indicado é aumentar
a freqüência de amostragem. Essa resposta
por amostragem adaptativa pode não ser tão
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efetiva quanto uma busca completa de uma segunda decisão para cartas de atributos é se
causa especial, mas se o processo estiver está sendo computado o número de unidades
realmente fora de controle, com certeza a fora de especificação em uma amostra ou o
probabilidade de detecção desta situação número total de não conformidades em uma
seria bem mais rápida do que se fosse amostra. A terceira decisão é se o tamanho
mantida a freqüência original da da amostra irá permanecer constante ou
amostragem. variar de amostra para amostra.
A utilização simultânea de várias regras de Se os dados coletados são medidos,
decisão exige atenção especial. Suponha que então uma das cartas de controle de variáveis
sejam utilizadas k regras de decisão, cujo deve ser selecionada. A segunda decisão
critério i tenha uma probabilidade αi de para cartas de variáveis para dados medidos
ocorrência de erro tipo I. Então, a depende do tamanho de amostra adequado
probabilidade de erro tipo I ou alarme falso para a situação. A cartas de controle mais
para a decisão baseada em todos os k testes, comumente utilizadas para esses tipos de
considerando que todas as k regras de dados são do tipo X-barra e R (média e
decisão são independentes é: amplitude) ou X-barra e s. Se habilidades
matemáticas da equipe responsável são
limitadas, então cartas de controle X-barra e
k R são a melhor opção, uma vez que é mais
α=1− ∏ (1−αi) (4) fácil encontrar um número médio em uma
i =1 pequena amostra do que calcular a média par
tal amostra. Entretanto, se a equipe
responsável dispõe de calculadoras
estatísticas ou algum software estatístico,
Sinais de Ação Padrão ? 1. Um ou mais pontos fora dos limites de controle. cartas do tipo X-barra e s são mais
2. Dois dentre três pontos consecutivos fora do limite de eficientes. A escolha mais usual, entretanto,
alerta de 2 sigma.
3. Quatro dentre cinco pontos consecutivos além do são as cartas do tipo X-barra e R, que
limite de 1 sigma.
4. Uma corrida de oito pontos consecutivos de um
correspondem ao padrão nas indústrias,
mesmo lado da linha central. sendo mais facilmente entendidas.
5. Seis pontos em uma seqüência, aumentando ou
diminuindo. Existem outras cartas de controle
6. Quinze pontos em seqüência na zona C, ambos para dados medidos aplicadas para situações
abaixo e acima da linha central.
7. Catorze pontos em seqüência alternadamente especiais. Pequenas corridas com dados
aumentando e diminuindo.
8. Oito pontos em seqüência e, ambos os lados da linha
limitados ou corridas curtas com tempo
central, fora da zona C. limitado utilizam variações das cartas do
9. Um desvio incomum nos dados.
10. Um ou mais pontos próximo ao limite de controle de
tipo X-barra e R, denominadas cartas de uso
alerta (2 sigma) especial.
Figura 5: Regras de sensibilidade para As cartas de pré-controle são
cartas de controle utilizadas antes das cartas X-barra e R para
determinar se essas são realmente
1.8 - SELEÇÃO DE CARTAS DE necessárias e, também, após o uso dessas,
CONTROLE para verificar se o processo encontra-se sob
A primeira decisão na escolha do tipo controle.
de carta de controle é determinar o tipo de 1.9 - IMPLEMENTANDO O CEP
dados que são coletados. Se os dados Os métodos de controle estatístico de
consistem de contadores, então uma das processo podem prover um retorno
cartas de atributos deve ser selecionada. A significativo para as empresas, quando bem
implementado. Apesar do CEP demonstrar
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ser uma coleção de ferramentas para solução somente o julgamento. As cartas de controle
de problemas com base estatística, o êxito de são uma parte importante dessa mudança
sua utilização exige mais do que o cultural de gerenciamento.
conhecimento e uso dessas ferramentas. O Na implementação de um amplo
envolvimento e comprometimento da programa de controle estatístico de processo,
gerência com o processo de melhoria da alguns elementos devem estar usualmente
qualidade é um componente vital do sucesso presentes em todos os esforços de relatado
potencial do CEP. A gerência serve como sucesso. Esses elementos, segundo Smith
modelo, pois assim as outras pessoas da (1998) são os listados a seguir:
organização a terão como guia e exemplo. A
Elementos se um programa eficiente de CEP
aproximação da equipe é também
importante, pois é usualmente difícil para I. Liderança do gerenciamento.
uma pessoa sozinha introduzir melhorias no II. Aproximação da equipe.
III. Educação em todos os níveis.
processo. Algumas das sete magníficas IV. Ênfase na melhoria contínua.
ferramentas já descritas são bastante úteis V. Avaliação dos resultados e divulgação destes
para a equipe de implementação e melhoria, através de todos os setores da empresa.
incluindo diagramas de causa e efeito,
diagramas de Pareto, e diagramas de A liderança do gerenciamento e a
concentração de defeitos. As ferramentas aproximação da equipe não devem ser
básicas para soluções de problemas demasiadamente enfatizadas. A melhoria da
utilizadas no CEP devem ser amplamente qualidade é uma atividade dirigida de
conhecidas, divulgadas e utilizadas pela gerenciamento “topo-fundo”, ou seja, deve
organização. O treinamento contínuo em atingir todos os níveis da empresa. Torna-se
CEP e melhoria da qualidade torna-se importante também medir o progresso e o
necessário para que todos os envolvidos sucesso e divulgar os resultados obtidos em
atinjam um grau de conhecimento toda a organização. A divulgação dos
satisfatório das ferramentas. resultados obtidos na melhoria da qualidade
O objetivo de um programa de serve como motivação e incentivo para
melhoria da qualidade baseado em controle melhoria de outros processos e torna essa
estatístico de processo é a melhoria contínua melhoria contínua algo bastante normal na
em base semanal, quinzenal e anual. O CEP estrutura da empresa e dos negócios.
não deve ser considerado um programa 2 - MODELO PARA
temporal para ser aplicado somente quando IMPLEMENTAÇÃO DO CEP NA
existam problemas nos negócios e INDÚSTRIA QUÍMICA /
abandonado em seguida. A melhoria da PETROQUÍMICA
qualidade deve ser parte integrante da A implementação do CEP na
cultura da organização. indústria química / petroquímica de processo
A carta de controle é uma ferramenta contínuo pode ser dividida em 2 fases:
importante para a melhoria do processo. Os 1) Análise Preliminar do Processo
processo não operam naturalmente em um 2) Acompanhamento e Controle
estado sob controle, e o uso das cartas de Estatístico do Processo
controle é um importante passo inicial a ser 2.1 - ANÁLISE PRELIMINAR DO
tomado para eliminar causas especiais, PROCESSO
reduzir a variabilidade do processo, e A análise preliminar é muito
estabilizar o desempenho do mesmo. A importante, pois a partir do levantamento
melhoria da qualidade e produtividade exige dos dados históricos do processo, podem-se
o gerenciamento de fatos e dados e não identificar causas potenciais de variabilidade
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e, também, quais especificações ou A análise do diagrama mostra que


propriedades mais contribuem para a dentre as especificações da caprolactama, as
ocorrência de variabilidade anormal no responsáveis pelos maiores índices de
mesmo. Assim, a análise preliminar reprovações são a Extinção 290nm (50,0%)
identifica as especificações críticas do e o Número de Permanganato (25,0%),
processo, indicando qual ou quais devendo, pois serem os principais alvos do
especificações devem consideradas, quando CEP.
da implementação do CEP, de forma mais A partir do levantamento de
criteriosa. informações sobre o processo junto ao
Dentro da análise preliminar do pessoal da operação, foi obtido o diagrama
processo, 2 ferramentas estatísticas tornam- de causa e efeito para a propriedade crítica
se indispensáveis: o “Diagrama de Pareto” identificada pelo diagrama de Pareto, com o
e o “Diagrama de Causa e Efeito” .O intuito de relacioná-la às suas respectivas
diagrama de Pareto de Reprovações permite causas potenciais.
a visualização da amplitude das 2.2 - ACOMPANHAMENTO E
especificações na reprovação do produto, ou CONTROLE ESTATÍSTICO DO
seja, qual ou quais especificações têm sido PROCESSO
potencialmente responsáveis pela reprovação A etapa seguinte à análise preliminar
do produto. A figura 6 a seguir mostra o compreende o Controle Estatístico do
diagrama de Pareto obtido a partir de dados Processo propriamente dito, que envolve a
de um processo contínuo de Caprolactama, análise da capacidade, o levantamento e
matéria-prima par a fabricação do Nylon. análise de cartas de controle, o estudo da
A partir dos dados de resultados variabilidade do processo e as ações
analíticos das especificações da corretivas, visando tornar o processo
caprolactama de 01/01/2002 a 31/12/2002, controlado estatisticamente, ou seja, gerando
num total de 1388 resultados analíticos para dados de especificação com distribuição
cada especificação, obteve-se o Diagrama de regular em torno de um valor central ou
Pareto de reprovações a fim de se determinar médio.
quais propriedades são responsáveis pelos 2.2.1 - AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE
maiores índices de reprovação do produto no DO PROCESSO
período considerado. Os índices de capacidade do processo
CEP - CPL DIAGRAMA DE PARETO DE REPROVAÇÕES 2002 (cp e cpk) foram obtidos para o ano de 2002
25
(Tabelas 1 e 2), a partir do levantamento dos
gráficos de capacidade, utilizando-se o
100

20
80
software estatístico Minitab, para as
15
especificações críticas identificadas na
Percent

60
Count

10 40 análise preliminar, ou seja, o Número de


5 20 Permanganato e a Extinção 290nm. Em
0 0
geral, um valor deste parâmetro superior a
Defect EX
T. 2
90
NP UM
ID.
AL
CA
L IN
.
1,33 demonstra ser o processo capaz.
Count
Percent
12
50,0
6
25,0
4
16,7
2
8,3
A partir destes resultados, foram obtidos os
Cum % 50,0 75,0 91,7 100,0 gráficos de Acompanhamento da
Capacidade para estas especificações
Figura 6: Diagrama de Pareto - Processo críticas, que fornecem os índices mensais de
de Caprolactama capacidade do processo, permitindo assim a
visualização da evolução da capacidade do
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processo em cada uma das especificações ao


longo do referido ano. CEP-CPL Acompanhamento da Capacidade Ext. 290/ 2002

cp/cpK
3

2,5
N º PER MANGAN ATO
M ês cpK Id e a l cp 2
Jan02 1 0 ,4 8 1 ,3 3 -
Fev02 2 ,1 0 1 ,3 3 - 1,5
M a r0 2 4 ,1 0 1 ,3 3 -
A b r0 2 1 ,2 6 1 ,3 3 - 1
M a i0 2 2 ,4 1 1 ,3 3 -
Jun02 6 ,7 6 1 ,3 3 - 0,5
J u l0 2 3 ,2 1 1 ,3 3 -
Ago02 6 0 ,6 6 1 ,3 3 - 0
S e t0 2 1 ,8 1 1 ,3 3 - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
O u t0 2 4 ,6 0 1 ,3 3 -
cpK cp MÍN Mes
N ov02 2 ,9 2 1 ,3 3 -
D ez02 8 ,0 0 1 ,3 3 -
Figura 9: Evolução da Capacidade 2002–
Tabela 1: Índices de capacidade – 2002 - Extinção 290 nm
NP 2.2.2 - LEVANTAMENTO DE CARTAS
E x t. 2 9 0 n m DE CONTROLE
M ês cpK M ÍN cp A partir dos dados de especificação
Jan 0 2 1 ,9 6 1 ,3 3 2 ,9 2 do produto, utilizando-se um software
Fev0 2 1 ,6 3 1 ,3 3 2 ,3 5
M a r0 2 1 ,5 7 1 ,3 3 2 ,4 8 estatístico adequado (como por exemplo, o
A b r0 2 1 ,2 7 1 ,3 3 1 ,2 7 Minitab, Statística ou outro similar), são
M a i0 2 1 ,1 1 1 ,3 3 1 ,5 1
Jun 0 2 1 ,4 3 1 ,3 3 2 ,4 8 levantadas as cartas de controle da média e
J u l0 2 1 ,3 5 1 ,3 3 2 ,3 7 da amplitude para cada especificação,
Ag o0 2 0 ,7 8 1 ,3 3 1 ,2 3
S e t0 2 0 ,9 3 1 ,3 3 1 ,1 7 identificando-se nas mesmas as ocorrências
O u t0 2 1 ,5 0 1 ,3 3 2 ,9 0 de causas especiais, isto é, variabilidades
Nov0 2 1 ,5 1 1 ,3 3 2 ,5 3
Dez0 2 0 ,9 9 1 ,3 3 1 ,8 4 anormais dos dados, provenientes de
problemas durante o processamento do
Tabela 2: Índices de capacidade – 2002 – produto. A carta de controle padrão de
Ext. 290 nm Shewhart a seguir (Figura 10) foi obtida a
partir de dados de especificação da
propriedade Extinção a 290 nm, da
cpK

CEP CPL - Acompanhamento da Capacidade NP/2002


70,00
caprolactama, referente ao mês de julho de
60,00 2001. Neste caso, verifica-se a ocorrência de
50,00 causas especiais durante cinco dias.
40,00
CART AS DE CONT ROLE EXT . 290 JUL/01
30,00
0,015
0,014 5 3,0SL=0,01432
6
20,00
Sam ple Mean

0,013 6
0,012
0,011 X=0,01121
10,00 0,010
0,009
0,00 0,008 5 -3,0SL=0,008092
0,007 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Subgroup 0 10 20 30
cpK Ideal Mes
0,010 3,0SL=0,009755
Sample Range

Figura 8: Evolução da Capacidade 2002 –


0,005
Número de Permanganato R=0,004276

0,000 -3,0SL=0,00E+00

Figura 10: Carta de Controle Padrão


de Shewhart
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

2.2.3 - ESTUDO DE produção no qual o processo resulte sempre


RASTREABILIDADE DO PROCESSO na obtenção de produto especificado e com a
menor variabilidade possível em torno de
Tendo sido identificadas as causas um valor médio de especificação, com a
especiais e as respectivas datas de suas conseqüente redução de custos, devido a re-
ocorrências, a partir da análise das cartas de processo, parada da Unidade Produtiva,
controle obtidas, procede-se o estudo de dentre outros. Um indicativo comumente
rastreabilidade destas causas, ou seja, a usado para classificar o processo como
análise dos dados operacionais, visando a capaz de gerar tais resultados pode ser
verificação de ocorrências anormais durante obtido a partir da avaliação da capacidade de
o processo, como falhas de equipamentos, controle estatístico do mesmo.
deficiência de suprimentos (pressão de
vapor, vazão de água de processo, etc), 3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
perda de controle de alguma das variáveis de
processo (temperatura, pressão, vazão, etc), BARTMANN, F.C. Idéias básicas sobre
falha nos procedimentos operacionais, etc. É Controle Estatístico da Qualidade. VII
aconselhável para tal, um estudo detalhado Simpósio Nacional de Probabilidade e
do processo com a identificação de todas as Estatística, Campinas, SP, 1986.
variáveis que de uma maneira ou de outra
possa influenciar nos resultados e a LEVINSON, W. Understand the Basis of
formação de um grupo de discussão com Statistical Process Control, IBM Corp.,
representantes de todos os setores 1990.
envolvidos no processo, ou seja, da área
técnica, da operação, engenharia de LOPES, M. F. S. Controle Estatístico de
processo, qualidade e gerência, dentre Processo. Tese apresentada no concurso
outros. público para o provimento do cargo de
2.2.4 - CONTROLE DO PROCESSO: Professor Titular da UFBA, na área de
AÇÕES CORRETIVAS Processos Químicos, 1999.
O estudo de rastreabilidade, quando
realizado de forma correta, através da análise MONTGOMERY, D. C. Introduction to
de dados operacionais (livros de ocorrência, Statistical Quality Control, John Wiley &
folhas de dados do processo, relatórios de Sons, Inc., New York, 1997.
não conformidades, aliadas a reuniões e
discussões constantes da equipe, permite a NELSON, L. S. The Shewhart Control Chart
correlação entre as causas especiais – Testes for Special Causes, Journal of
observadas nas cartas de controle e Quality Technology, Vol. 16, 1984.
problemas ocorridos durante o processo.
Assim, para eliminar a ocorrência de tais RODRIGUES, G. P. Controle Estatístico de
causas especiais e tornar o processo Qualidade e de Processos na Indústria de
estatisticamente controlado, torna-se Alimentos. Tese de Mestrado da
necessário a tomada de ações corretivas Universidade Federal de Viçosa, do Curso
visando minimizar ou sanar os problemas de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 1998.
operacionais identificados como principais
responsáveis pela variabilidade das SMITH, G. M. Statistical Process Control
especificações, atingindo os objetivos do and Quality Improvement, Prentice Hall
CEP, que é garantir a qualidade do produto, Inc., New Jersey, 1998.
o que significa chegar a um estágio de

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