Você está na página 1de 3

Mudanças nas Vestimentas Tradicionais Indianas ao longo da história:

A Índia é um país em que seu começo foi marcado por roupas não costuradas e um estilo
muito liberal. Isso esteve presente desde o início da civilização indiana no vale do rio Indo a
5 mil anos. O período em que podemos encontrar um maior número de registros é em 1400,
onde existem várias pinturas e estátuas de mulheres usando jóias, tangas, véus e lenços,
assim como estátuas de homens usando apenas xales e lenços drapeados. Essa parte da
cultura tem ligação com a religião, na qual diz que a energia flui pela terra, passa por todo o
corpo e volta para a terra novamente.
Até os dias atuais, roupas não costuradas ainda estão muito presentes, sendo a base da
tradição dos trajes indianos. Jóias e essas poucas peças eram muito populares até o século
11, quando muitos invasores começaram a chegar à Índia pela Ásia Central, o que misturou
e fundiu a cultura e tradições indianas, assim a influência da Ásia Central desenvolveu um
estilo de vestimenta muito popular em 1400.
A nudez ou o mínimo uso de roupas é sempre algo associado com culturas primitivas ou
não desenvolvidas, mas na Índia eram presentes em ambientes urbanos sofisticados, sendo
a forma de se vestir preferida aristocraticamente na história da cultura indiana.
O vestuário não é menos refinado apenas por não ser costurado. Roupas enroladas ou
drapeadas são estruturadas por seus drapeados definidos, como os que são costurados
seguindo formas comuns dentro das normas culturais e sociais. O papel das roupas na
cultura indiana não é esconder ou vestir o corpo, mas sim adorná-lo como jóias.
O islamismo, ao entrar na cutura indiana, apresentou a obrigação das mulheres se
cobrirem, principalmente a cabeça e, em algumas regiões, o busto. Para os homens
começou o uso de roupas ajustadas ao corpo, como calças, túnicas, camisas, casacos, etc.
Essa prática foi adotada por muitos hindus de classe alta, mas juntando a sua própria
tradição, com as mulheres ainda usando o Sari.
O Sari é a peça mais antiga e presente até os dias atuais entre as mulheres indianas,
existindo até mais de cem modos diferentes de se utilizar.
Os invasores - principalmente aqueles que vinham do Paquistão - usavam vestimentas
muito diferentes dos indianos, tendo túnicas, calças, e botas de montaria, pois eram um clã
guerreiro. Suas práticas de tecelagem eram completamente diferentes, costumavam usar
roupas de seda e lã, já que a temperatura de onde vinham era muito baixa. Essa parte
pertence ao começo do Império Mughal.
Os Mughals vieram para a Índia e se encontraram com um clima quente, diferente do que
estavam acostumados e encontraram os indianos vestindo algodão. Foi quando os estilos
começaram a se fundir. Eles uniram melhor as tradições indumentárias de cada grupo, tanto
a costurada quanto a drapejada.
As pinturas em miniaturas Jain descrevem o estilo de vida e o que as pessoas estavam
vestindo. Sendo Saris ricamente bordados e blusas, pois a ideia de moralidade começou a
aparecer na história da Índia. Nos Jains, vemos a diferença entre as pinturas antigas, onde
as roupas eram para adornar.
No período entre 1500 e 1600, os trajes da Ásia Central encontraram os trajes indianos,
mas não houve muitas mudanças no modo em que as roupas eram vestidas. Os trajes dos
homens não mudaram muito até o século 19, e o que as mulheres vestem era
constantemente o mesmo, sendo usados até hoje.
Com as Jains, é possível ver um estilo completo, formado por inspirações dos trajes da
Ásia Central. Calças foram introduzidas na moda indiana, corpetes e coletes, e véus se
tornaram mais longos, para cobrir a cabeça. Os tecidos começam a ser mais transparentes,
pois a indústria de algodão e de seda Banaras (atual Varanasi), aumenta.
Os Mughals combinavam estilos regionais e criaram um estilo particular, contendo o
Angrakha, Pataka, calças, e um adorno para a cabeça.
Na época, até a classe trabalhadora usava trajes muito bem feitos, com algodão, finamente
tecidos, como a seda, mas como os registros eram feitos pela visão da família real, perdem
algumas informações, mas existe uma menção em Baburnama, escrito pelo fundador do
império Mughal, em que ele vê um senso de prosperidade, a classe trabalhadora está
aproveitando luxúrias, porém não se tem registros do que estavam vestindo.
Nesse mesmo período, a Índia começou a ter relações diretas com países europeus do
atlântico. No final do século 15, os portugueses fundaram colônias na costa oeste,
conseguindo ambas as costas apenas no século 16.
Após cem anos, chegaram os holandeses e britânicos, que se estabeleceram na região de
Surat Ahmedabad, costa oeste, e em Masulipatam, costa leste. No século 17, com a
chegada de outros invasores europeus, eles expandiram seus portos e tomaram alguns dos
portugueses. Apesar de serem importantes, esses acontecimentos não definiram o final do
império Mughal.
A época de luxúria em excesso aconteceu entre 1700 até 1800, e nesse tempo, apenas
usavam ouro, não a liga. As pessoas eram mostradas em pinturas vestindo trajes ricamente
bordados e ornados. Existia uma grande diferença entre os trajes femininos das senhoras
Mughals e outras partes da Índia. Na ocidental, eram saias, choli, e véus, com os homens
vestindo o Angrakha. As mulheres com os olhos no formato de lótus eram o ápice da beleza
indiana na época, como é representado na famosa pintura Bani Thani. Nela podemos ver
um odni transparente e iluminado, o véu, e uma blusa curta. Já na parte oriental, a saia, o
véu e um corpete.
Com a falta de fotos, é difícil afirmar as variações utilizadas em toda a Índia, mas existem
duas variações reconhecidas oficialmente: o Rajputi e o estilo Mughal, com o estilo
mascuino sendo sempre muito similar entre as regiões. Essa também foi uma época de
grande refinamento dos trajes.
O império Moghul não conseguiu se manter por mais tempo, por conta da diferença de
regiões e sua realeza, explorando seus súditos, logo após, a Índia iria sofrer com muitas
invasões europeias.
Os comerciantes europeus foram atraídos para o subcontinente por suas especiarias, mas
principalmente o algodão. As musselinas de algodão e mulmuls receberam vários nomes
dos europeus para enfatizar o quão finas e sofisticadas eram. O comércio têxtil leste-oeste
também incluia tecidos tingidos, estampados e pintados, como ikats.
O país dominava e estava à frente em todos os processos de estampagem e tintura,
utilizando diversas tintas e corantes naturais, como o vermelho garança e o azul índigo,
populares dentro da Índia e nos países para quem exportavam.
O comércio com a europa e américa do norte começou a crescer, com matérias primas
sendo enviadas para as fábricas na Inglaterra, tecidos vindo de Paris e os “panos de
manchester”, tecidos de algodão ingleses, sendo exportados para a Índia.
Isso causou o enfraquecimento do comércio indiano e o empobrecimento dos comerciantes
e artesãos, junto das cidades e vilas.
Os ingleses não conseguiram se unificar e misturar culturas como os primeiros invasores, o
que trouxe muitos problemas para todo o subcontinente. Então, com a infelicidade da
população, começou uma revolta militar em 1857, que logo ganhou o apoio dos civis.
Quando a disputa acabou, os territórios indianos começaram a fazer oficialmente parte do
império britânico, tendo como autoridade um vice-rei.
Com a tentativa de se tornar parte da hierarquia britânica, as castas criaram um estilo
próprio de amarrar o Sari, e aquelas que eram de classes mais altas, usavam também
blusas do estilo vitoriano.
Depois de ser colonizada, a Índia ainda era a maior consumidora de luxúrias, como visto
com os Maharajas. Muitos deles, junto às princesas, demonstraram luxúria e riqueza. As
princesas usavam um estilo de Sari mais comum e popular, pois os diferentes estilos de
amarrar um Sari se fundiram para se tornar um drapeado, com a cabeça coberta e o
Palla/Pallu preso pelo lado esquerdo. Os homens da realeza começaram a adotar os
uniformes da cavalaria britânica, e seus trajes tradicionais ficaram com mais características
inglesas, em vez dos ricos Achkans.
Mesmo que tenham adotado essas características, os ricos, governantes, ou realeza
aderiram a tradição. Quando voltavam para a Índia ou para seus estados respectivos,
usavam seus trajes do modo tradicional. O Angrakha volumoso se tornou parte da história,
se tornando mais estruturado. As duas formas e estilos populares eram o Angrakha e o
Achkan, um casaco sob medida sem nenhum volume e com uma gola. As mulheres da
família real usavam trajes de seus estados ou apenas os Saris.
Em 1920, com a luta pela liberdade liderada por Gandhi, durante uma cruzada de
resistência, o líder demonstrou preocupação com a pobreza e dificuldades das cidades,
vestiu a mesma roupa dos camponeses, e fortaleceu o khadi. Também surgiu uma
vestimenta inspirada em Gandhi, um traje indiano moderno, que não vinha de nenhuma das
culturas já estabelecidas. O controle britânico chegou ao fim em 1947 e, ao assumir o cargo
de primeiro-ministro, outro estilo de vestuário, a jaqueta Nehra, foi criado por Jawaharlau
Nehru.

Você também pode gostar