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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação

PLANO DE ENSINO

1.IDENTIFICAÇÃO

Curso: Licenciatura Plena em Matemática – Turma Noite - Campus I – Belém.

Componente Curricular: Didática Geral e Especial


Docente: Fernando Almeida
Carga horária: 80 horas. Ano Letivo : 2023.

Discente: Edcarlos Coelho, José Ricardo, Mauricio Alan

Graduando 2 ano Turno noite

Data de Entrega: 11/09/2023.

Pesquisa sobre dramatização


A partir da segunda metade do século XX, com a intensificação da educação pela arte, o teatro
e seus aspectos pedagógicos passaram a ser considerados na educação geral para superar as
limitações do uso exclusivo de instrumentos musicais, ou seja, como “instrumento
tecnológico”, “ferramentas” ou “métodos” para ensinar conteúdo fora do palco. Esta nova
abordagem do ensino do teatro, essencialista ou estética, baseia-se na especificidade da
linguagem teatral, ao mesmo tempo que procura compreender os seus princípios psicológicos
pedagógicos. Ela enfatizou a importância da linguagem artística para o desenvolvimento
cultural humano e o desenvolvimento pessoal.
Existem dezenas de teorias, métodos e estratégias educacionais, todos com boas intenções, mas
nem todos eficazes. Dentre as inúmeras estratégias podemos destacar uma que contribui não só
para o sentimento de aprendizagem mas também para a integração social dos alunos, citamos a
dramatização.
Quando incluída nas atividades teatrais, a matemática torna-se mais contextual, o que facilita a
aprendizagem dos alunos. A matemática pode aparecer nas palavras dos personagens, na trama
e até no cenário. Graças a isso, os alunos conseguem absorver melhor o conteúdo. os alunos
gostaram do trabalho e pareceram entender o conteúdo. O teatro e a matemática desenvolvem-
se, em níveis crescentes de abstração, entre a realidade e a fantasia. O teatro é a concretização
desse imaginário em uma história, e quando a matemática entra nessa trama, ela também se
materializa, tornando-se mais compreensível para os alunos. Nem todo mundo acredita que seja
possível unir matemática e teatro”, um dos problemas que existe no ensino da matemática
clássica é que as disciplinas são ensinadas de forma muito isolada e sem sentido.
A dramatização tem como objetivo nas escolas busca a participação, o estímulo, a interação
social, ao lado do desenvolvimento cultural e da linguagem corporal e da fala. Esse tipo de
atividade pode ser utilizada em todas as etapas do ensino e das disciplinas escolares. Na maioria
dos casos, produzem resultados bons e satisfatórios, desde que haja uma boa supervisão.
Para a aplicação desse tipo de trabalho é necessário percorrer algumas etapas, dessa forma, as
principais são:

1- Escolha do tema e sua viabilidade de inserção na modalidade de trabalho.


2- Composição dos grupos.
3- Estabelecer um objetivo a ser alcançado com a apresentação da dramatização.
4- Formação e elaboração do roteiro de acordo com cada grupo, tais como definição do tipo da
peça, produção de textos, fala dos personagens, diálogos entre outros componentes
relacionados.
5- Confecção do cenário, das roupas, instalação de som, luz dentre outros recursos audiovisuais
que se julgam necessários.
6- Ensaio/Apresentação.
7- Apresentação do teatro com a participação de todos os alunos e preferencialmente com a
presença de pessoas de outras salas e professores.

RELATO DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA COM OS ALUNOS

Visando a um projeto voltado aos alunos (de 5ªs e/ou 6ªs séries) que apresentassem maiores
dificuldades de comunicação e/ou integração no ambiente escolar, solicitei aos demais
professores que observassem mais cautelosamente seus alunos para que me indicassem
aproximadamente 20 alunos para serem convidados a participar do projeto. Para isso, foi
elaborada uma ficha de sondagem a qual apresentava indagações a respeito de atitudes, tais
como insegurança para ler em voz alta, resistência em apresentar trabalhos orais, indiferença
no relacionamento com os demais colegas, dificuldades para manifestar opiniões ou até mesmo
isolamento.
Após esta indicação, fui até eles, expliquei a finalidade do projeto, o Possível número de
participantes (aproximadamente 10 alunos), o horário (que seria em contra turno), com duas
horas/aula semanais, às sextas-feiras, em uma das salas do Colégio. Enfatizei que não se tratava
de um “trabalho” escolar pelo qual teriam direito à nota; era uma atividade diferente, a
participação era livre, e, que, com certeza, iriam gostar. Alguns disseram que precisariam pedir
aos pais, outros já recusaram, alegando que moravam muito longe ou tinham o compromisso
de cuidar de irmãos menores, ou ainda ajudar nos serviços de casa. E um número menor mostrou
interesse imediato, se prontificando a participar. Disse-lhes que voltaria dois dias depois para
saber da decisão final e recolher a autorização assinada pelos pais (que foi entregue no momento
do convite).
Alguns dias depois o projeto iniciou-se com um grupo de 12 alunos. Como era esperado, no
primeiro encontro, apresentaram-se bastante tímidos e pouco à vontade. Fizemos um círculo
para nossas apresentações pessoais e explicação mais detalhada de como seriam os nossos
encontros ou sessões. Em seguida, realizei uma atividade denominada “exposição” (retirada do
livro Improvisação para o Teatro, de Viola Spolin), a qual consiste em dividir o grupo em duas
equipes, solicitando a uma delas que fosse à frente e ficasse em pé, um ao lado do outro,
olhando-nos, sem fazer nada, enquanto a outra equipe permanecia na “plateia”. Então, eu,
olhando fixamente para eles, proferia a instrução: “Vocês olham para nós. Nós olhamos para
vocês”, por repetidas vezes. Após alguns minutos, observando o desconforto e tensão muscular
destes alunos, pedi que começassem a contar as cadeiras da sala, ou as fitas da cortina, por
alguns minutos. Depois, foi feito um revezamento: A equipe-plateia foi à frente fazer o mesmo
e a equipe atuante veio para a plateia.
Em seguida, realizamos uma auto avaliação: “O que sentiram quando tiveram que ser
observados? E depois, quando começaram a contar as cadeiras?” Admitiram que sentiram
vergonha e muito desconfortáveis no início e depois, mais tranquilos, quando tiveram alguma
coisa para fazer. Então expliquei-lhes que este “algo para fazer” era o ponto de concentração
que tentaríamos buscar em nossas atividades.
Seguindo orientações de Viola Spolin (2000), tomei a cautela de Propiciar um clima de
liberdade e total ausência de julgamento de suas atividades, pois isto contraria um grande
objetivo do jogo: a espontaneidade. É fundamental que o aluno seja libertado do conceito
aprovação/desaprovação para que realmente possa sentir-se livre. Segundo a autora, a
expectativa de julgamento impede um relacionamento livre nos trabalhos de atuação e a
verdadeira liberdade pessoal e a auto expressão só podem acontecer numa atmosfera na qual as
atitudes permitam igualdade entre o aluno e o professor. É importante lembrar que cada aluno
tem o seu ritmo único de interação, além disso, fatores de ordem emocional ou disfunções
biológicas podem interferir na disposição do aluno para o trabalho.
Prosseguindo com as atividades, foram propostos jogos de concentração, relacionamento e
integração, os quais tiveram uma aceitação ainda tímida, mas não resistente. Foi possível
perceber como era difícil para vários deles conseguir liberdade para se expor e se integrar. Após
cada jogo, era realizada uma auto avaliação. A atividade “espelho”, na qual os alunos ficavam
frente a frente, aos pares, proporcionou ótimos momentos para o aluno exercitar sua
concentração e atenção, pois um deles, sendo o “espelho”, tinha de fazer movimentos para que
o outro repetisse. Contribuiu também para iniciar uma aproximação entre eles, visto que tinham
de olhar um nos olhos do outro, o que, a princípio, aparentava ser uma situação constrangedora.
RELATO DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA COM OS ALUNOS NA MATEMATICA

O projeto foi colocado em prática, com a aceitação dos alunos, que escolheram trabalhar com
o livro Tudo depende de como você vê as coisas, de Norton Juster (1999). O trecho escolhido
pelos alunos para o trabalho apresenta o conceito de média aritmética simples, ilustrando-o com
uma criança, o 0,58, que representa o número decimal 0,58 dos 2,58 filhos que uma família
possui em média. A partir desse contexto, foi desenvolvido um trabalho de estudo do conceito
de média e de como os alunos compreendem a representação decimal, partindo da interpretação
do significado de uma criança que é apenas 0,58. Quem é essa criança? O que ela representa?
Esse é o tipo de conceito interessante para discutir a partir do Teatro, pois se pode concretizar
algo que parecia impossível: a metade de uma criança. Isso só se torna viável com a imaginação
e a ludicidade advindas da arte. Para complementar o texto, os alunos realizaram uma pesquisa
a respeito da média de filhos no Brasil atualmente, e também sobre a média do número de carros
por pessoa. E, após um trabalho de criação coletiva, o texto foi escrito, a peça foi ensaiada e
apresentada como conclusão da atividade dos alunos e como resultado final do Projeto de
Docência. O público do espetáculo foi composto pelos alunos e pela professora da turma de
Prática de Docência II. Diante desse cenário, houve a possibilidade da utilização da técnica
teatral para a construção de um conhecimento matemático. A partir de um texto de literatura
infanto-juvenil, o objetivo era chegar a um texto teatral, que englobasse os conceitos
matemáticos estudados. Depois, os alunos foram inseridos no universo dramático, sendo XI
Encontro Nacional de levados a compreender o Teatro não apenas como uma atividade
prazerosa para ver e fazer, mas também como algo que gera Educação, que nos move, inquieta
e esclarece. Antes do trabalho propriamente dito, foi preciso que os alunos entrassem em
contato com essa linguagem, que pode não ser natural a muitos. Foi preciso então, “ir ao Teatro,
falar de Teatro, brincar de Teatro” (FERREIRA, 2006, p. 7) como também ler. Quanto ao
Teatro, são inúmeras as possibilidades de introduzi-lo em uma sala de aula. Pode-se trabalhar
com atividades de expressão corporal e vocal, atividades lúdicas e jogos dramáticos, entre
outras. A estratégia escolhida neste processo foi começar as atividades sempre com um
aquecimento, que tinha por objetivo buscar a concentração da turma, para que todos se
colocassem de corpo e alma presentes no mesmo trabalho
RELATO DA EXPERIÊNCIA PRÁTICA COM OS ALUNOS NA MATEMÁTICA

Na escola, as peças acontecem por meio do Tema, um grupo teatral de matemática, formado
por estudantes de ensino fundamental. No roteiro adaptado da história da Branca de Neve, por
exemplo, estão incluídos estudos de potenciação, de árvore de possibilidades (uma espécie de
raciocínio combinatório) e de lógica da dedução. Ao fugir do palácio da madrasta, a jovem se
depara com o caçador, que ao invés de capturá-la, questiona o porquê de sua fuga. A bela espera
o príncipe encantado chegar em uma Pajero branca de 200 cavalos. A partir daí, a Branca de
Neve começa a explicar os conceitos da potenciação ao caçador
Enquanto, na história original, a bela fica perdida na floresta, na versão adaptada é o príncipe
quem se perde. Para encontrá-lo, os anões, que não são sete, mas oito – pois estão agrupados
segundo a potência de base dois – vão atrás de pistas do paradeiro do príncipe. “Tudo em cena
ganha vida: as falas escritas do texto ganham a voz do ator; os movimentos e sentimentos
descritos na história ganham a representação do ator; a argumentação e os conflitos ganham o
envolvimento e a ênfase na dramatização; os conceitos, conteúdos e raciocínios obtêm oralidade
na voz do ator”, descreve a professora em sua tese.
REFERÊNCIAS

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1842-8.pdf acesso em: 09/09/2023


https://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/dramatizacao-como-instrumento-
ensino.htm acesso em: 09/09/2023
http://www1.rc.unesp.br/gpimem/downloads/artigos/autores/lacerda_enem_2013.pdf acesso
em: 09/09/2023

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