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Análise microbiológica de águas

Aluno: Luna Serra


N.º de aluno: 13582
Curso: Produção Alimentar em Restauração
Unidade Curricular: Microbiologia Alimentar II
Docente: Prof.ª Doutora Tânia Gonçalves Albuquerque
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS

Resumo

O seguinte relatório, elaborado no âmbito da cadeira de Microbiologia Alimentar II, tem como tema
central a análise microbiológica de águas destinadas ao consumo humano. Esta é de extrema
importância, a fim de garantir a qualidade da água e a segurança da população que a consome
diariamente. Uma vez que a água é um meio propício para o crescimento de diversos micro-
organismos, incluindo bactérias e protozoários, que podem causar doenças e infeções de alta
gravidade, é fundamental manter a frequência destas análises e respeitar essa periodicidade.

A análise envolve a identificação e contagem de micro-organismos presentes na água, utilizando


técnicas de cultivo e identificação de espécies específicas. Essa análise pode ser realizada em
diferentes pontos do sistema de distribuição de água, desde a captação até à chegada às residências
dos consumidores.

Entre os principais parâmetros microbiológicos analisados, estão a presença de coliformes totais,


que são indicadores de higiene, bem como bactérias patogénicas como Escherichia coli, que pode
causar doenças gastrointestinais graves.

Neste relatório de microbiologia, serão apresentados os resultados da análise microbiológica de


águas destinadas ao consumo humano, bem como a sua interpretação e medidas necessárias para
garantir a qualidade da água e a segurança da população.

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1. Introdução

Entre os principais parâmetros microbiológicos analisados em águas para consumo humano estão
as contagens totais a 2 temperaturas distintas: 22ºc e 37ºC, os coliformes totais, coliformes fecais,
Escherichia coli, Enterococcus, Clostridium perfringens e Pseudomonas Aeruginosa. Esses
parâmetros são utilizados como indicadores de contaminação fecal, uma vez que sua presença na
água pode indicar a existência de outros organismos patogénicos, pondo em risco a saúde pública.
Para fins de parametrização, segundo o decreto-lei nº 306/2007, de 27 de agosto, estão
estabelecidos valores sob os quais estes microorganismos não podem ultrapassar nas águas
disponibilizadas para consumo. Parâmetros estes, que estão fixados nas tabelas seguinte:

F IGURA 1 TABELA DE LIMITES LEGISLADOS FIGURA 2: TABELA DE LIMITES RELATIVOS AOS PARÂMETROS
F ONTE : POWERPOINT FORNECIDO PELA DOCENTE INTITULADO POR “ ÁGUAS ”

Posto isto, é evidente que todos os espaços que fornecem este tipo de águas estão sujeitos a uma
rotina de análise microbiológica obrigatória ou mesmo a um controlo de inspeção, de modo a prevenir
possíveis surtos.

Os coliformes totais são um grupo de bactérias que inclui diversas espécies, e são utilizados como
um indicador geral da qualidade microbiológica da água. Já os coliformes fecais são um subgrupo
dessas bactérias, e sua presença indica a contaminação da água com fezes humanas ou animais,
segundo LAIST (s.d.) “existem nos intestinos dos animais de sangue quente e em humanos, e são
encontrados nos excrementos de animais e humanos, e naturalmente em solos.”. A mesma fonte
refere também que “Os Coliformes Totais nem sempre são indicadores de contaminação fecal
recente em água; no entanto, a presença ou ausência deste grupo de bactérias é muitas vezes
utilizada para atestar do bom funcionamento de um sistema de desinfecção de água.”, daí serem
considerados um indicador de higiene. “As bactérias de origem fecal fazem parte da flora intestinal

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do Homem e de outros animais de sangue quente, enquanto as de origem ambiental estão


naturalmente presentes no solo e na água” (WHO, 2006) citado por (Quintela, S. 2016).

O principal reservatório da bactéria Escherichia coli é o intestino humano e de animais de sangue


quente, ou seja, sua presença na água indica a contaminação fecal recente. Faz parte do subgrupo
dos coliformes fecais, sendo encontrada maioritariamente em águas residuais, alimentos mal lavados
e matéria fecal. O Enterococcus também é uma bactéria presente no intestino humano e de animais,
e sua presença na água “fornece evidências de contaminação fecal recente” (APDA, 2012).

O Clostridium perfringens é uma bactéria anaeróbia que está presente no solo e no trato intestinal
de animais e humanos, e sua presença na água pode também indicar contaminação fecal. Já a
Pseudomonas Aeruginosa é uma bactéria amplamente distribuída no meio ambiente, e pode indicar
a presença de contaminação ambiental, como água de chuva, lagoas e rios. Sendo uma bactéria
pouco exigente a nível nutricional, o seu crescimento em vários tipos de sistema de água é propício
e bastante comum, desde jacuzzis, piscinas e superfícies húmidas.

No seguinte relatório de microbiologia serão apresentados os resultados da análise microbiológica


de águas destinadas ao consumo humano, com foco nos parâmetros de contagens totais a 22ºC e
37ºC, coliformes totais, coliformes fecais, Escherichia coli, Enterococcus, Clostridium perfringens e
Pseudomonas Aeruginosa. Serão discutidas as implicações dos resultados e as medidas
necessárias para garantir a qualidade da água e a segurança da população.

Os meios utilizados para medir cada um dos diferentes parâmetros estudados são, meio PCA em
banho-maria para as contagens totais (este é o único parâmetro para o qual se procede com a técnica
de incorporação, sendo nos restantes parâmetros realizado espalhamento), meio VRBL para
coliformes totais e coliformes fecais, meio TBX para E. Coli, meio K para Enterococcus, meio TSC
para C. Perfringens, e meio CN Pseudomonas para P. Aeruginosa.

2. Objetivos

Os objetivos deste relatório passam por:

1) identificar a presença e quantidade dos diversos parâmetros numa fonte de água;


2) tirar conclusões através dos resultados obtidos e verificar a segurança da água analisada;
3) sugerir medidas a tomar com base nos resultados;

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3. Materiais e métodos

Os materiais utilizados na contagem de B. Cereus e C. Perfringens foram:

•kitasato;

•6 filtros;

•6 provetas;

•placa porosa;;

•copo de filtração;

•pinça;

•fonte de água para análise;

•2 placas vazias;

•meio PCA em banho-maria;

•2 placas com meio VRBL, 1 placa com meio TBX, 1 placa com meio K, 1 placa com meio TSC, 1
placa com meio CN pseudomonas;

•Estufa;

•Jarra de anaerobiose;

A primeira etapa deste procedimento tratou-se


da montagem do sistema de filtração, que
consiste na junção do kitasato, no qual se
coloca uma placa porosa na parte de cima, e,
posteriormente, o copo de filtração (figuras 3 e
4).

Começou-se por realizar as duas


incorporações, sendo elas referentes aos
parâmetros das contagens totais, a 22ºC e a
F IGURA 4 SISTEMA DE F IGURA 3 SISTEMA DE 37ºC. Assim, pipetou-se 1 ml da água da
FILTRAÇÃO FECHADO
FILTRAÇÃO ABERTO amostra escolhida para cada uma das duas
placas vazias, devidamente identificadas, cobrindo cada uma delas com meio PCA em banho-maria,

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e executando os movimentos da incorporação. Uma das placas foi a incubar a 22ºC durante 72 horas
e a outra placa a 37ºc durante 48 horas.

Como referido anteriormente, para os restantes parâmetros desta análise, foi realizada a técnica de
espalhamento. Deste modo, em cada um dos meios referidos para o respetivo parâmetro, foi disposto
um filtro para cada um, pelo qual foram filtrados exatamente 100ml da água previamente medida na
proveta. Este filtro foi colocado no sistema de filtração, no qual se inseriu uma proveta com o volume
de água descrito, filtrando-o, retirando o filtro do sistema com a pinça e dispondo imediatamente na
placa com o respetivo meio. Este processo foi repetido para todos os parâmetros, ou seja, foram
utilizados 100ml de água e 1 filtro para cada um dos parâmetros. Note que o filtro deve ser colocado,
tanto no sistema de filtração, como na placa, com os quadradinhos para cima, salvo no parâmetro c.
Perfringens, no qual se colocam virados para cima apenas no sistema de filtração, e virados para
baixo quando se dispõe o filtro na placa. Depois de concluído o processo, e executado o
espalhamento, as placas foram a incubar às seguintes temperaturas:

- meio VRBL, 2 placas para coliformes totais 30ºC/48h e fecais 44ºC/48h;

- meio TBX, para E.Coli 44ºC/24h;

- meio K, para Enterococcus 37ºC/48h;

- meio TSC, para C. Perfringens na jarra de anaerobiose a 37ºC/24h;

- meio CN Pseudomonas, para P. Aeruginosa a 37ºC/48h;

4. Resultados e Discussão

Após os períodos de incubação, foram observadas as placas dos vários parâmetros. Para os
parâmetros de coliformes totais e fecais e Enterococcus, seriam espectadas colónias de cor preta.
Já para E. Coli as colónias esperadas, no caso da presença da bactéria seriam de cor azul ou azul
esverdeado. Para P. Aeruginosa as colónias indicadoras da sua presença teriam um pigmento azul-
esverdeado, à semelhança das colónias de E.Coli. Por último, no caso do C. Perfringens, as suas
colónias seriam de cor negra, com ou sem alo ao seu redor.

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Os resultados obtidos, após os períodos de incubação indicados acima, constam nas seguintes
imagens:

FIGURAS 5, 6, 7 E 8: RESULTADOS OBTIDOS

No entanto, com base nos resultados observados, não foram encontradas nenhuma das bactérias
descritas nos parâmetros pesquisados, o que revela que a amostra de água analisada se encontra
apta para consumo e, portanto, segura face ao que é a saúde pública. Caso contrário, teriam de ser
implementadas medidas de tratamento de águas ou mesmo recorrer a limpezas ao longo de todas
as etapas do sistema de distribuição de água, a fim de eliminar a bactéria presente.

Um fator que pode ter contribuído para a ausência de colônias é a eficácia do tratamento de água
aplicado. Devido ao facto de a amostra ter sido obtida através de uma fonte de água tratada, é
possível que os processos de desinfeção tais como a cloração, tenham sido efetivos na eliminação
da maioria dos microrganismos presentes. Essa situação é desejável em sistemas de abastecimento
de água, pois indica a eficiência do tratamento, garantindo a segurança microbiológica.

Por outro lado, se fosse analisada uma amostra proveniente de uma fonte de água naturalmente
isenta de colónias microbianas como nascentes ou reservatórios montanhosos, onde a ausência de
colónias pode ser resultado de condições ambientais desfavoráveis para o crescimento microbiano,
como baixa temperatura, baixa concentração de nutrientes ou pH desfavorável, o resultado seria
muito provavelmente idêntico ao resultado obtido por nós, em laboratório. É devido a este fenómeno,
que se preservam e são donas de grande nome, as grandes fontes de água de montanha.

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5. Conclusão

Com base nos resultados obtidos, pode concluir-se que a amostra de água analisada apresenta
ausência de colónias microbianas. Essa ausência pode ser atribuída a diferentes fatores, como a
eficácia do tratamento de água aplicado, a natureza da fonte de água ou condições ambientais
desfavoráveis para o crescimento microbiano. No entanto, é importante ressaltar que a ausência de
colónias num único momento de amostragem não garante a ausência de microrganismos ao longo
do tempo, tornando necessário a monitorização periódica da qualidade microbiológica da água. Uma
vez que esta tem tendência a variar ao longo do tempo devido a flutuações sazonais, influências
climáticas, atividades humanas e contaminação microbiológica de fontes externas, é fundamental
realizar análises microbiológicas periódicas de forma a garantir uma segurança contínua e prevenir
possíveis surtos.

Dadas as fontes de contaminação de águas estudadas ao longo da cadeira, torna-se evidente a


facilidade com a qual pode surgir um surto ou contaminação, bem como a sua rápida disseminação
para um elevado número de pessoas consumidoras da rede de distribuição.

É, portanto, de especial importância, dar a devida atenção a este parâmetro, para além do que trata
a segurança alimentar e contaminação de alimentos, para além do facto de a água que muitas vezes
é usada na lavagem dos alimentos na cozinha constitui, muitas vezes, um vetor de contaminação
dos mesmos.

6. Bibliografia

APDA. (2012). Enterococos intestinais.

ASAE. (8 de maio de 2023). Escherichia coli. Obtido de https://www.asae.gov.pt/seguranca-


alimentar/riscos-biologicos/escherichia-coli.aspx

LAIST. (8 de maio de 2023). Coliformes totais e coliformes fecais. Obtido de laboratório de análises
do IST: https://la.tecnico.ulisboa.pt/Coliformes_Totais_Fecais.html

Quintela, S. I. (setembro de 2016). Qualidade da água para consumo humano: riscos associados à
presença de biofilmes em torneiras de espaços escolares. Porto, Portugal: Instituto
Politécnico do Porto.

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Soares, C. I. (20018). Identificação e Diferenciação de Pseudomonas aeruginosa na Água,


Superfícies e Equipamentos de Piscinas. Lisboa: UNIVERSIDADE DE LISBOA: faculdade de
ciências.

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