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Trabalho Decente e

Crescimento Econômico
Há quem acredite e defenda que “o
trabalho dignifica o homem”. A frase é do
filósofo Max Weber, mas para que ela e
suas implicações possam ser discutidas a
fundo, é preciso que o trabalho também
seja digno. Foi pensando na importância
do trabalho para o desenvolvimento
sustentável, que os países signatários
das Nações Unidas definiram como o
oitavo dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, a ser alcançado até 2030:
Trabalho decente e crescimento
econômico.
O ODS 8 da ONU, define, como seu
principal objetivo: “Promover o
crescimento econômico sustentado,
inclusivo e sustentável, emprego
pleno e produtivo e trabalho decente
para todas e todos”. Para entender
melhor o que isso significa, vamos
começar compreendendo como as
Nações Unidas entendem o trabalho!
O Que é Trabalho Descente e Crescimento
Econômico?
Formalizado pela OIT em 1999, o conceito de trabalho decente sintetiza a sua
missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres
obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade,
equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado condição
fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais,
a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.

O elemento central do conceito de trabalho decente é a igualdade de


oportunidades e de tratamento entre homens e mulheres e o combate a todas
as formas de discriminação. Com o acesso a oportunidades de trabalho digno, as
pessoas mais vulneráveis podem ter a chance de romperem um ciclo vicioso de
desigualdades, o que é essencial para criar melhores condições para a
estabilidade e a sustentabilidade dos países, além do crescimento econômico da
sociedade como um todo.
Nos últimos 25 anos, o número de trabalhadores vivendo em extrema
pobreza caiu drasticamente, apesar do impacto da crise econômica de
2008 e a recessão global. Em países em desenvolvimento, a classe
média representa 34 por cento da força de trabalho empregada – um
número que praticamente triplicou entre 1991 e 2015, segundo dados
das Nações Unidas. Além disso, há um outro problema sério que precisa
ser erradicado globalmente, com urgência: o trabalho forçado e formas
análogas ao do trabalho escravo, bem como o tráfico de seres
humanos, de modo a garantir a todos e todas o alcance pleno de seu
potencial e capacidades.
Entretanto, como a economia global continua a se recuperar
com pequenos avanços econômicos, ampliando as
desigualdades, não há trabalho suficiente para todas e todos,
com o aumento da população. A pandemia de Covid-19 piorou a
situação: em 2020, por conta da crise sanitária, o número de
desempregados aumentou em cerca de 2,5 milhões de pessoas,
segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho
(OIT). Assim, após permanecer relativamente estável nos
últimos nove anos, o número de pessoas desempregadas
chegou, no ano de 2020, a 190,5 milhões de pessoas.

Já no Brasil, foram praticamente dez anos de


queda nos números do desemprego, de 2004 até
2014, quando atingiu um dos menores
patamares da história econômica do país,
segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Após 2015, a economia
brasileira e o mercado de trabalho desandaram.
O desemprego praticamente dobrou entre 2014 e 2017. Se entre
2002 e 2014 foram criados cerca de 21 milhões de empregos formais,
uma porcentagem dessa trajetória foi revertida, com a eliminação
de três milhões de empregos formais entre 2015 e 2019.
A pandemia, claro, piorou ainda mais a situação. Em 2020, a taxa
média anual de desemprego no Brasil foi de 13,5%, a maior já
registrada desde o início da série histórica em 2012, de acordo com
dados do IBGE. A taxa corresponde a cerca de 13,4 milhões de
pessoas na fila por um trabalho no país.
O trabalho decente é o ponto de convergência
dos quatro objetivos estratégicos da OIT:

1. o respeito aos direitos no trabalho, especialmente aqueles definidos como


fundamentais (liberdade sindical, direito de negociação coletiva, eliminação
de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação e
erradicação de todas as formas de trabalho forçado e trabalho infantil);

2. a promoção do emprego produtivo e de qualidade;

3. a ampliação da proteção social;

4. e o fortalecimento do diálogo social.

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