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Sabrina Université Paris Nanterre

CARNEIRO UFR LCE M1 étude romane portugais


n. 40009360 Recherches langue littérature et civilisation

Resumo do vídeo Peut-on tout traduire ?

Neste vídeo intitulado Peut-on tout traduire ?, vemos que se trata de um tipo de reportagem no
canal Arte France & upian em francês, com uma jornalista, Laura Raim e um convidado que
se chama Souleyman Bachir Diagne, um filósofo senegalês que leciona na Universidade de
Columbia, em Nova Iorque. No seu último livro, De langue à langue (Albin Michel, 2022),
explora as questões políticas e filosóficas da tradução. Ele rejeita a ideia de que certos termos
ou textos não podem ser traduzidos, ou que não podem ser traduzidos por ninguém, e parte da
experiência da tradução para refletir concretamente sobre o universal. Nesta reportagem
perguntamo-nos sobre como é que a tradução reflete as relações de desigualdade que existem
entre as línguas? Pode ser um ato de traição ou de apropriação? Podemos traduzir tudo?
No início do vídeo, a jornalista introduza com a historio bíblica da Torre de Babel. Ela explica
que os primeiros humanos falavam uma língua sô, a língua adâmica, à de Adão e Eva. Mas
mostraram a sua vaidade ao construírem uma torre gigante que chegava até ao céu. Como
castigo, Deus destruiu a torre e, sobretudo, introduziu uma multiplicidade de línguas para
semear a confusão entre eles, uma confusão conhecida como "Babel" em hebraico. Desde
então, para nos entendermos uns aos outros, temos de traduzir. Segue com a apresentação do
filosofo Souleyman Bachir Diagne que domina 7 línguas sujas duas mortes.
Numa primeira parte intitulada “les idées larges”, a jornalista explica que a tradução é longe
de ser um gesto técnico neutro porque existe dominação entre as línguas. Na sociologia da
tradução, como explica Souleyman, é que se vê a desigualdade entre as línguas, e argumenta
com qual é a língua mais traduzida, é obviamente o inglês, que reflete também a dominação
económica. O inglês é a nossa língua universal, o que chamamos até de “globish” ou seja
Global English, que é feita mais para a comunicação que para pensar. Ele cita Pascale
Casanova uma critica literária, para falar do termo de “diglossie” que se confunde com o
bilinguismo, ao contrário de falar duas línguas, a “diglossie” é segundo Souleyman, uma
relação feliz com duas línguas, cuja uma tínhamos a obrigação de falar como por exemplo pela
colonização, que é também língua da escola. Segundo Pascale Casanova, a “diglossie” é o
signo de uma dominação e de uma violência colonial.
Souleyman explica que tem uma visão otimista da tradução, mas diz que temos de compreender
que a tradução foi utilizada de maneira violente, no objetivo de humilhar uma pessoa. No seu
livro, Souleyman dá um exemplo da maneiro cuja tradução pode participar a um
relacionamento de dominação, que é a primeira tradução em latim do Corão no século XII.
Ele interessa-se pela hierarquia da oposição das línguas, mas é principalmente interpelado pelo
facto de saber que a tradução também pode criar reciprocidade e para tratar desse sujeito vai se
focalizar sobre a tradução em francês dos contos orais africanos e constata que os autores que
traduzam, absorveram a língua, uma espécie de hibridação e são os autores africanos que
fizeram do francês hoje uma língua da Africa. Um exemplo também utilizado mais ao fim do
vídeo, onde ouvimos um poema de Amanda Gorman que devia ter sido traduzido em
neerlandês, mas a tradutora recusou porque não tinha ligação com o tema, ou seja, com a
mulher negra, com a experiência negra.
Vem depois o sujeito do uso da palavra “língua”, que em várias línguas, a palavra “língua”
pode significar também o órgão, e diz de facto que a tradução e se beijar tem algo em comum
deste ponto de vista. A jornalista pesquizou do seu lado, e efetivamente em turco e russo é a
mesma palavra, em inglês usamos “mother tongue” para falar da língua materna, e em hebraico
há 2 palavras: “ lachon” que significa a lignua, o órgão; e “safa” que significa os lábios, o que
se refere também a algo de sensual.
Vemos depois que se trata da tradução de uma língua para a outra, de algumas palavras. As
vezes há palavras que não podem ser traduzidas. Vemos aqui um exemplo com o discurso de
Nelson Mandela com a palavra “Ubuntu”. Souleyman se refere a Desmond Tutu diz que esta
palavra é muita complicada a traduzir que pode ter vários sentidos como: humanidade,
compaixão, fraternidade. Em francês temos também palavras intraduzíveis como por exemplo
o verbo “être”, que para algumas línguas não vai ter tradução. Souleyman defina que os
intraduzíveis são importantes na tradução e a filosofa Barbara Cassin diz que os intraduzíveis
não são aqueles que não podemos traduzir, mas aqueles que nos não paramos de tentar de
traduzir. A jornalista partilha uma expressão italiana que é “traduttore, traditore” que significa
tradutor, traidor, o que afirma o filosofo Paul Ricoeur que diz que a tradução é um exercício de
luto, mas também defina a tradução como algo de impossível e magnifico porque duas línguas
têm filosofia gramatical diferentes e, portanto, o tradutor acaba sempre por traduzir.
Para Souleyman, a tradução participa a formação universal. De facto, para ele a tradução é a
maneira de combater contra a maldição da Torre de Babel, e diz que vamos recriar a
humanidade graças a tradução, é graças a tradução que os povos vão se conhecerem e temos
que tudo traduzir porque, é o que preserva a pupilaridade e o encontro das línguas.

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