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Crise de identidade na adolescência

A construção da identidade pessoal é considerada a tarefa mais importante da adolescência, o passo


crucial da transformação do adolescente em adulto produtivo e maduro. Construir uma identidade, para
Erikson (1972), implica em definir quem a pessoa é, quais são seus valores e quais as direções que
deseja seguir pela vida. O autor entende que identidade é uma concepção de si mesmo, composta de
valores, crenças e metas com os quais o indivíduo está solidamente comprometido.

Só com um funcionamento cognitivo adulto é que o indivíduo pode tratar questões abstratas como
escolha profissional, filosofia de vida, relacionamentos amorosos e estilos de vida. “O adolescente torna-
se progressivamente consciente da irreversibilidade de um bom número de escolhas com as quais ele é
confrontado” (p. 292). Zacarés (1997) entende que a identidade desenvolve-se durante todo o ciclo vital,
mas é no período da adolescência que ocorrem as transformações mais significantes.

Para Erikson (1972), o senso de identidade é desenvolvido durante todo o ciclo vital, onde cada
indivíduo passa por uma série de períodos desenvolvimentais distintos, havendo tarefas específicas para
se enfrentar. A tarefa central de cada período é o desenvolvimento de uma qualidade específica do ego.
Para esse autor, dos 13 aos 18 anos a qualidade do ego a ser desenvolvida é a identidade, sendo a
principal tarefa adaptar o sentido do eu às mudanças físicas da puberdade, além de desenvolver uma
identidade sexual madura, buscar novos valores e fazer uma escolha ocupacional.

Segundo Erikson (1972) Em termos psicológicos, a formação da identidade emprega um processo de


reflexão e observação simultâneas, um processo que ocorre em todos os níveis do funcionamento
mental, pelo qual o indivíduo se julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como os
outros o julgam, em comparação com eles próprios e com uma tipologia que é significativa para eles;
enquanto que ele julga maneira como eles o julgam, à luz do modo como se percebe a si próprio em
comparação com os demais e com os tipos que se tornaram importantes para ele.

Portanto, a construção da identidade é pessoal e social, acontecendo de forma interativa, através de


trocas entre o indivíduo e o meio em que está inserido. Esse autor enfatiza, ainda, que a identidade não
deve ser vista como algo estático e imutável, como se fosse uma armadura para a personalidade, mas
como algo em constante desenvolvimento.

Desta forma, o grande conflito a ser solucionado na adolescência é a chamada crise de identidade e
essa fase só estará terminada quando a identidade tiver encontrado uma forma que determinará,
decisivamente, a vida ulterior.
Segundo Papalia (2006), a construção do indivíduo está completamente imbricada ao ambiente no qual
ela se desenvolve. Assim, falar sobre o ser humano, e mais particularmente sobre o adolescente, implica
perceber o ambiente e as relações que o circundam, o amparam e falam sobre ele mesmo.

Ao contrário, trata-se de uma constante possibilidade de se colocar no mundo, significando e


resignificando sua compreensão sobre si mesmo. Entretanto, este olhar reflexivo sobre a identidade
recebe influências, de caráter interpessoal, que tentam conceituá-la, atribuindo a mesma uma nomeação
específica.

A representação social para Jacques (2008) trata dos saberes produzidos em sociedade e que, a nosso
ver, são capazes de produzir marcas, positivas ou não, sobre um indivíduo ou grupo de pessoas e afetam
a forma como as mesmas percebem a si próprias.

Teóricos desenvolvimentistas, como Papalia e Erikson, apontam a fase da adolescência como o


período de maior conturbação dentro do desenvolvimento humano, no que diz respeito à construção da
identidade. Isto se dá uma vez que a adolescência é um momento de transição na vida do indivíduo, em
que este deixa de ser criança, e precisa vivenciar as perdas dos privilégios da infância, mas também
ainda não é um adulto que pode responder completamente por si mesmo de forma autônoma.

Erikson (1987) ao propor sua Teoria do Desenvolvimento Psicossocial apontou a fase da adolescência
como sendo a quinta crise vivenciada pelo ser humano em seu desenvolvimento. Neste estágio específico
a crise em questão confronta a identidade versus a confusão de papéis. Para o referido autor a
construção da identidade adolescente é um processo que se dá a partir da observação e da releitura de
identificações anteriores, ou seja, o adolescente não copia um modelo de conduta de alguém, mas
modifica, questiona, descarta, acrescenta e reconstrói para se constituir como sujeito.

Na atualidade, a mídia, por exemplo, torna-se símbolo forte, enquanto um fator cultural influenciador,
na construção da identidade dos jovens. A mídia invade o cotidiano das pessoas – através do rádio,
televisão, jornais, etc. – e acaba comprometendo-se com o ditame de certos valores que,
consequentemente, passam a ser consumidos pelos jovens e contribuem inegavelmente para um
aprendizado sobre modos ao qual devem comportar-se, ou mesmo, se constituir enquanto sujeito.

A mídia produz verdades de modos de existência e de vida, organiza formas dramáticas e


sensacionalistas, produz identidades, simpatias, prós e contras. É controlada por poucos e organiza os
múltiplos fluxos de acontecimentos, de maneira que elenca os conhecimentos que podem ser do
conhecimento público e, portanto, discutidos, debatidos, pensados (Coimbra, 2001).
A televisão, em particular, é colocada por Fischer (2002) enquanto "dispositivo pedagógico da mídia",
considerando-a, enquanto o principal meio de comunicação, responsável pela construção das
subjetividades do indivíduo na sociedade contemporânea, visto a sua forte produção de imagens,
significações, ou mesmo saberes, que de alguma maneira se dirigem à "educação" dos sujeitos,
estimulando, sugerindo e delineando maneiras de existência coletiva ou de relações consigo e com o
outro.

Considerando um estudo realizado por Conti; Toral & Peres (2008), com 121 estudantes adolescentes
sobre a percepção do jovem quanto à relação entre a televisão e a revista sobre a forma como o jovem
cuida do corpo, observou-se que houve uma inferência de 95% quanto a percepção da mídia enquanto
influente no cotidiano dos jovens, sendo a televisão percebida como mais influente. Além de que, os
jovens ressaltaram que existe à cobrança de um ideal físico de magreza (25%), tanto para meninos como
para meninas.

REFERENCIAS: https://dspace.doctum.edu.br/bitstream/123456789/3577/1/REDES%20SOCIAIS
%20INFLU%C3%8ANCIAS%20NA%20CONSTRU%C3%87%C3%83O%20DA%20IDENTIDADE%20DOS
%20ADOLESCENTES.pdf

https://www.scielosp.org/article/physis/2013.v23n3/863-878/

https://www.efdeportes.com/efd191/a-midia-na-formacao-dos-grupos-sociais.htm

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2019/abril/criancas-adolescentes-e-jovens-estao-
entre-os-grupos-mais-suscetiveis-ao-suicidio-e-automutilacao-apontam-especialistas

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